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ANA – Nem acredito que estamos na última semana de aulas… Aliás, na última semana nesta
escola.
RITA – Podes crer, estes anos passaram a correr…
LEONOR – Ainda me lembro do primeiro dia de aulas aqui na escola, acreditam? Estava cheia
de medo, não conhecia ninguém.
ANA – Eu também estava cheia de medo, só queria fugir. Os meus amigos tinham todos ficado
na escola antiga…
MARTA – Eu quando cá cheguei só conhecia a Leonor. Nos primeiros dias tinha tanta
vergonha, que não falava com ninguém sem ser ela.
ANA – É incrível ver a maneira como crescemos nestes anos e nos tornámos tão amigos.
LEONOR – Acham que vamos ser amigos para o resto da vida?
RITA – Para o resto da vida?! Ei, não sei se aguento, vocês às vezes são cá umas chatas…
LEONOR – Oh, não sejas parva.
MARTA – De que é que vão ter mais saudades?
LEONOR – De vocês, claro! Agora que vamos mudar de escola, vamos deixar de nos ver todos
os dias…
RITA – Olha, eu sei do que é que não vou ter saudades. Do professor de história… As aulas dele
eram uma seca, eu adormecia em quase todas.
ANA – E aquela professora de matemática com cara de sapo?? As aulas dela davam-me dores
de cabeça. Não vou ter saudades nenhumas.
(Movimentação)
LEONOR – Olhem, agora nas férias não desapareçam, ‘tá bem? Sobretudo tu, Rita, que nunca
respondes no nosso grupo de Whatsapp.
RITA – Pronto, lá vem ela... Férias, são férias. Até das amigas!
ANA – Ah, é verdade, receberam aquele e-mail da secretaria? Acho que a Diretora quer falar
connosco hoje.
MARTA – Ui, não deve ser coisa boa… Sempre que a Diretora vem à nossa sala, é para nos dar
na cabeça…
(Saem TODAS, a falar sobre o que será que a Diretora lhes vai dizer)
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DIRETORA – Disse alguma coisa?? Ou está outra vez a limpar a garganta?! (irritada) Bom!
Como estava a dizer, o ano letivo está mesmo a acabar. Mas antes das aulas terminarem,
tenho uma surpresa para vocês.
(há uma pausa grande, ficam todas na expetativa)
ANA – Cancelaram os exames?
DIRETORA – Acha que sim? Não seja tonta.
RITA – Vão alterar a ementa da cantina?
DIRETORA (hesita, de boca entreaberta) – Por acaso… era uma boa ideia... Mas não, não é
isso. (Faz uma pausa) Ora bem… a nossa escola foi contactada por uma realizadora americana
muito conhecida, que vai gravar um filme em Lisboa. A protagonista será uma rapariga da
vossa idade e, portanto, amanhã ela vai fazer um casting e escolher uma de vocês para entrar
no filme!
ALUNAS – Oh! Não acredito! Brutal! Um filme americano…
DIRETORA – Ok, silêncio. SILÊNCIO! Quem se quiser candidatar ao casting, vá falar com o
Professor António. Ele vai ajudar-vos a prepararem-se.
FILIPA – Como é que se chama a realizadora?
DIRETORA (com sotaque inglês perfeito) – É a Sandra Smith.
INÊS – A Sandra Smith?
DIRETORA – A própria. (INÊS reage com “oh!”) Espero que percebam que isto é uma grande
responsabilidade! Preparem-se bem e, acima de tudo, não envergonhem o nome da escola.
Entendido?
(DIRETORA sai)
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RITA – E qual é o problema? Já imaginaste o que é fazer um filme internacional?
Oportunidades destas não aparecem todos os dias!
ANA - Vá, vai lá falar com o professor António e inscrever-te.
MARTA – Na, na. Só vou, se vocês também vierem.
LEONOR – ‘Tás maluca?! Olhem eu não vou. Já sei que vou ficar a tremer dos pés à cabeça.
MARTA (levanta-se) – É pegar ou largar. Ou nos inscrevemos todos, ou não vou ao casting.
(Saem a falar sobre o casting)
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conhecemos a Sandra Smith. Respirámos o mesmo ar que ela… Já pensaram no privilégio que
isso é?
(Ficam TODAS a olhar para ela, tipo: WTH?)
SOFIA – O que é que acham que ela nos vai pedir no casting?
CATARINA – Devemos ter que ler algum texto, ou assim. (PROFESSOR ANTÓNIO entra) Vamos
perguntar ao Stôr António!
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PROFESSOR – Olá, bom dia! Já souberam da novidade? Espero que se inscrevam todas no
casting.
LEONOR (com receio) – Professor, o que é que vamos ter de fazer no casting?
SOFIA – Vamos poder falar em português?
PROFESSOR – Sim, a Sandra fala português. Pelo que me disse a assistente, ela vai querer ver-
vos a fazer exercícios de teatro, assim parecidos com os que fazemos nas minhas aulas.
CATARINA – Ah, boa, já fico mais descansada. E vamos estar todas juntas no casting?
PROFESSOR – Não, ela vai dividir-vos em dois grupos. Agora, mãos à obra. Vamos relembrar o
exercício das estátuas. Vocês vão andar pelo espaço e eu vou dizer uma emoção. Quando eu
disser “Stop” vocês param e fazem uma estátua a representar essa emoção.
Imaginem que estão num palco e que o público quando olhar para vocês, tem de perceber que
emoção é que a vossa personagem está a sentir. Ok, podem começar.
1ª emoção: Medo… Stop! Próxima emoção: Raiva… Stop! Próxima emoção: Alegria… Stop!
Próxima emoção: Tristeza… Stop! Próxima emoção: Vergonha… Stop! Próxima emoção:
Paixão… Stop! Próxima emoção: Cansaço… Stop!
PROFESSOR – Ok, por hoje é tudo. Descansem bem, que é para amanhã estarem calmas no
casting. Até amanhã!
(Saem TODOS)
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DIRETORA – Bom dia, professor António! Então, acha que as nossas alunas estão preparadas?
PROFESSOR – Eu creio que sim. Umas melhor do que outras, mas no geral acho que vão todas
fazer boa figura.
DIRETORA – Ontem ensaiou com elas?
PROFESSOR – Sim, recordei com elas alguns dos exercícios. Acho que o casting não deve ser
muito diferente daquilo que faço nas minhas aulas.
DIRETORA – Olhe, quem sabe, talvez a Sandra o escolha para fazer uma participação no filme?
PROFESSOR (envergonhado) – Ah… Não, eu já me deixei disso. Já não represento há tanto
tempo…
(ALUNAS vão chegando)
DIRETORA – Bom dia.
PROFESSOR – Bom dia a todas.
(Olham à volta e percebem que falta uma pessoa)
DIRETORA – Falta alguém… (suspira, irritada) Eu ontem avisei que era para estarem cá às nove
em ponto! Quem é que se atreveu a…
(MARTA entra, à vontade, como se não estivesse atrasado)
MARTA – Ora, bom dia!
DIRETORA – Claro, só podia ser você. Ainda não aprendeu o significado de pontualidade?
MARTA – Desculpe, senhora diretora, é que esqueci-me de como é que se vestiam as calças.
(ALUNAS tentam disfarçar o riso)
DIRETORA (olha para ela, sem perceber) – Você o quê? Esqueceu-se de…?
PROFESSOR – Bom… adiante. Estão prontas?
ALUNAS – Sim.
CATARINA – Professora, a “Sandra Smit” (dizer mal, à portuguesa) vai dizer-nos ainda hoje o
resultado do casting?
DIRETORA – “Sandra Smit”?! Que horror! A menina não vai às aulas de inglês?? É “Séndra
Smith”. Repita comigo: “Séndra Smith”.
CATARINA – “Séndra Smith”.
DIRETORA – Isso. Repitam todas comigo: “Séndra Smith”.
ALUNAS – “Séndra Smith”.
DIRETORA - Muito bem. Não quero ouvir ninguém a dizer mal o nome dela.
CATARINA (imita o sotaque do diretor) – Oh professor, mas a “Séndra Smith” vai dizer-nos
hoje quem é que vai escolher para o filme?
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PROFESSOR – Não sei, mas acho que vão ter a resposta o mais tardar amanhã.
DIRETORA (olha para o relógio) – Bem, ela deve estar mesmo a chegar. Vou lá baixo buscá-la.
(DIRETORA sai)
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SANDRA (entra a falar ao telefone, de óculos escuros) – Yes, darling, cheguei ontem a
Portugal… Hum hum, vou ficar cá só uns dias. A couple of days, yeah. Então e a Angelina, já
confirmou?... Não, não lhe vou pagar isso. Ela que tire o cavalinho da chuva… E a Meryl?... Ah
boa. Eu sabia que ela ia aceitar… Só falta o Di Caprio dizer que sim… Pois, ele gosta de se fazer
difícil.
ASSISTENTE começa a fazer-lhe sinais e a apontar para diretora, professor e alunas.
ASSISTENTE – Hum, hum…
SANDRA – Hold on, darling (afasta o telemóvel da orelha) O que é??
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ASSISTENTE – Ah… as alunas estão à espera.
SANDRA (só repara neles neste momento) – Ah. Claro. (põe telemóvel na orelha outra vez)
Darling, vou ter de desligar, tenho aqui uma situation… Hum hum, trata disso então. Depois
falamos. Bye! (desliga o telefone) (olha à volta e depois vira-se para a ASSISTENTE) Relembra-
me: porque é que estamos aqui? Mas baixinho, que ‘tou com uma dor de cabeça do tamanho
de um comboio e o jet-lag ‘tá a dar cabo de mim.
ASSISTENTE – Viemos fazer uma audição para escolher a protagonista do seu próximo filme.
As candidatas são as alunas desta escola.
SANDRA – E porque é que não estava ninguém à nossa espera quando chegámos?? Televisões,
rádios, nem sequer o Jornal da Escola??
ASSISTENTE – Não sei, Miss Sandra.
SANDRA – O meu café. (ASSISTENTE entrega-lhe o copo e ela bebe. Depois devolve o copo à
ASSISTENTE). Hello everyone. (pega no telemóvel e começa a ver).
DIRETORA – Hello! (acena com a mão).
ASSISTENTE – Já aqui estão todas as candidatas?
DIRETORA (não tira os olhos da realizadora) – Estão sim, senhora assistente da Sandra Smith.
ASSISTENTE – Pode tratar-me por Eva.
DIRETORA (continua a olhar para a realizadora) – Claro, Elsa.
ASSISTENTE – Eva!
DIRETORA – Eva.
SANDRA – Well, vamos começar ou não?
DIRETORA – Sim. (tosse para limpar a garganta). Queridas alunas desta magnífica escola:
agradeço muito por se terem inscrito todas para o casting! Temos a maior honra em receber
uma pessoa tão importante na nossa humilde escola. Tenho a certeza que é um dia que não
vou… Não vamos esquecer… Uma salva de palmas! (TODOS aplaudem. Depois, DIRETORA diz
para Sandra) Quer dizer algumas palavras?
SANDRA – Não, quero despachar isto.
DIRETORA (envergonhada) – Ah… Sim, claro. A Sandra é uma pessoa tão ocupada…
ASSISTENTE – Bom, o casting vai ser feito em duas partes. Pedimos que vão até lá fora e se
dividam em dois grupos, por favor. Eu já vos vou chamar.
(SAEM TODOS, menos SANDRA e ASSISTENTE)
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SANDRA – Então, já sabes o que vais fazer no casting?
ASSISTENTE – Eu?! A Miss Sandra é que devia orientar o casting, você é que as vai escolher!
SANDRA – Ao menos fizeste uma pré-selecção das candidatas?
ASSISTENTE – Uma pré-selecção? Não. Achei que queria ver a turma toda… A Miss Sandra
disse que queria ver todas as alunas finalistas da escola.
SANDRA – Ok, conclusão: não preparaste o casting. Muito bem, Eva, estás quase a conseguir
ser despedida.
ASSISTENTE – Mas, Miss Sandra…
SANDRA – Mais valia nem ter assistente, se depois tenho de fazer eu o trabalho todo. Chama
lá as miúdas para despacharmos isto.
ASSISTENTE – Mas eu não…
SANDRA – Mas nada! Vai lá chamá-las, rápido!
ASSISTENTE vai chamar o primeiro grupo
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SANDRA (pensativa, a olhar para ela) – Interessante… Muito interessante… (pausa) Ok,
apresentações feitas, vamos ao primeiro exercício. Vamos fazer uma improvisação, e vocês vão
imaginar que estão numa paragem à espera do autocarro… Preparadas? Three, two, one… Go!
ALUNAS começam a improvisação na paragem.
SANDRA – Ok, agora chegou o autocarro!
ALUNAS continuam a improvisação.
SANDRA – Ok, o piso está com buracos, quero ver solavancos… isso! Agora o autocarro deu
uma curva para a direita… direita! Ok, agora uma das passageiras começa a sentir-se mal… É
um! Só um!… Isso… acreditem no que estão a representar! Imaginem que estão num palco a
representar isso para uma plateia cheia de gente!
ALUNAS continuam a improvisação.
SANDRA – Ok, well done. Muito obrigado, vocês, de facto, têm… algum talento.
ASSISTENTE – Quer que chame o próximo grupo?
SANDRA – Yes, please.
ASSISTENTE e ALUNAS saem. SANDRA fica a mexer no telemóvel.
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FILIPA – Olá, sou a Filipa. Vi o seu documentário há pouco tempo e gostei imenso. Sou a
melhor aluna da turma, adoro estudar e no futuro quero ser médica.
SANDRA – My god, que loucura. Bom, vamos fazer uma improvisação em conjunto. Tenho-vos
a dizer que o grupo anterior elevou bastante a fasquia, portanto, não me desiludam. Eva, qual
é o local desta improvisação…?
ASSISTENTE (apanhada de surpresa) – Ah… Não sei, Miss Sandra. Hum… Que tal um elevador?
SANDRA – Perfect. Um elevador. Toma notas, toma notas. (depois, para as alunas) Uma de
vocês já está dentro do elevador, as outras vão entrando em pisos diferentes. Ok,
concentração... Em 3, 2, 1… Ação!
ALUNAS começam a improvisação.
SANDRA – Ok, agora imaginem que o elevador fica parado entre dois andares…
ALUNAS continuam a improvisação.
SANDRA – Ok, agora começa um cheiro esquisito dentro do elevador…
ALUNAS continuam a improvisação.
SANDRA – Ok, muito bem. Well done, girls. Eva, chama o outro grupo para eu explicar qual vai
ser a última prova…
ASSISTENTE sai e vai buscar o outro grupo de ALUNAS.
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ALUNAS e ASSISTENTE entram.
SANDRA – Façam outra vez uma fila. Uma fila direita… Isso. Bom, gostava que cada uma desse
um passo à frente e lesse o que escreveu.
ALUNAS, uma de cada vez, chegam-se à frente e lêem o texto.
SANDRA vai reagindo a cada texto, assentindo com a cabeça, abanando-a, sorrindo, etc
Quando todas tiverem lido, SANDRA inspira fundo, fecha os olhos, a refletir…
SANDRA – Que momento tão… tão…
DIRETORA – Tão bonito. Que textos maravilhosos, tenho tanto orgulho em vocês! As minhas
alunas, quando querem, são…
SANDRA – Importa-se?
DIRETORA (atrapalhada) – Peço desculpa… entusiasmei-me.
SANDRA – Como eu estava a dizer, foi um momento muito especial. Agora, vou voltar para o
meu hotel e tomar um banho de pétalas de rosa, enquanto penso em quem vou escolher para
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entrar no filme. Mas… (Pausa, faz suspense) posso dizer-vos que já estou praticamente
decidida… See you tomorrow!
SANDRA e ASSISTENTE saem
DIRETORA e PROFESSOR saem a seguir
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SOFIA, LUÍSA, INÊS, CATARINA e FILIPA ficam a um canto do palco, a fingir que estão a
conversar.
ANA – Então, o que é que acharam dela?
MARTA – É uma convencida… Parece o Herman José.
LEONOR – Ela deixou-me tão nervosa… Viram que nem consegui dizer o meu nome na altura
da apresentação?
ANA – E eu, que nem consegui contar-lhe que no ano passado fui a protagonista da peça de
Natal? Cortou-me logo a palavra…
RITA – Eu ainda consegui dizer-lhe que fazia surf e voleibol, mas nem sei se ela ouviu…
ANA – Ela é um bocadinho intimidante, mas ‘tou super ansiosa para saber quem é que vai
escolher! Fazer um filme em Hollywood deve ser incrível… Já pensaram que os que forem
escolhidos vão ficar conhecidos no mundo inteiro?
MARTA – É verdade. Vamos ficar tão famosos como o Ronaldo…
RITA – Bem, vou andando, que ‘tou cheia de fome.
LEONOR – Eu também. Querem ir ali ao LX Factory?
ANA – Sim, boa ideia!
ANA, RITA, LEONOR e MARTA SAEM
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CATARINA – Não é suposto esta “Sandra Smit” ser um génio? Nós já fizemos mil improvisações
daquelas nas aulas, o que é que ela fez de novo?
INÊS – Ela tem uma reputação enorme, os filmes dela são sempre um sucesso de bilheteira.
SOFIA - Sim, mas também não a achei nada do outro mundo.
FILIPA – Eu adorei este último exercício de escrever o texto. (pensativa) É maravilhoso poder
refletir sobre as nossas vivências e exteriorizar o que nos vai na alma… Já repararam no quão
importante é mergulharmos para dentro de nós?
(Ficam todas a olhar para ela uns segundos, meio “WTH?”)
LUÍSA – O que acharam da nossa improvisação? Será que o outro grupo foi melhor?
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CATARINA – Eu acho que fomos ótimas. Tenho a certeza que ela vai escolher alguém do nosso
grupo. Até acho que vou ser eu…
INÊS – Sim, sim, sonha com isso. Ela achou-me muito mais talentosa do que tu.
CATARINA – Ahã… Claro. Eu sou muito mais gira e muito mais fotogénica, tenho a certeza de
que vou ser eu a escolhida.
FILIPA – Por acaso, não acho nada. Eu fui a única que vi o documentário sobre ela, e repararam
como ela ficou satisfeita quando eu falei nisso? Até começou a olhar para mim de maneira
diferente.
INÊS – Isso foi porque percebeu que lhe ‘tavas a dar graxa!
FILIPA – Eu, graxa?? Não ‘tás boa da cabeça. Achas que alguma vez eu precisei de dar graxa a
alguém??
SOFIA – Bom, e se deixarmos a graxa de lado e formos comer? Já está na hora do almoço.
LUÍSA – Sim, é melhor. Vá, vamos.
SAEM TODAS
CENA 19
DIRETORA anda pelo palco, vê-se que está ansiosa. Chega o PROFESSOR.
PROFESSOR – Bom dia, senhora diretora.
DIRETORA – Olá, professor António! Hoje é um grande dia.
PROFESSOR – Sim, vamos finalmente saber quem vai ser a aluna escolhida para o filme.
DIRETORA – Conte-me lá, tem alguma suspeita? Quem é que acha que vai ser?
PROFESSOR – Não sei… eu tenho uma personalidade diferente da Sandra, portanto, acho que
temos opiniões diferentes em relação às alunas.
Entram ANA, RITA, LEONOR e MARTA
DIRETORA – Bom dia.
Entram SOFIA, LUÍSA, INÊS, CATARINA, FILIPA
PROFESSOR – Olá, bom dia.
ESPERAM UM BOCADINHO E NÃO APARECE NINGUÉM
MARTA – Então, a Sandra não aparece? Logo hoje que eu cheguei a horas…
DIRETORA – Hoje conseguiu lembrar-se de como é que se vestem as calças, não foi?
MARTA (pisca o olho e aponta para DIRETORA) – Exatamente, senhora diretora.
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PROFESSOR – Uma má notícia? Como assim?
ASSISTENTE – O Produtor… cancelou o financiamento… E como já não há dinheiro… Não vai
ser possível fazer o filme…
PROFESSOR – Desculpe?!
DIRETORA – Cancelaram o filme?? Só pode estar a gozar connosco!!
ASSISTENTE – Lamento muito… Isto às vezes acontece… Em Hollywood tudo pode mudar de
um momento para o outro... (Vira-se para as alunas) Bom… sendo assim… já não vamos
escolher nenhum de vocês… (faz um sorriso amarelo) Espero que não levem a mal… Não
levam a mal… pois não?
(Momento de pausa. De repente, começam TODOS aos berros com a ASSISTENTE, e ela vai
começar a sair do palco e TODOS atrás dela aos gritos, mesmo quando estiverem fora de
palco)
LUZ começa a reduzir e o pano cai.
FIM!
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