DENISE ARARIPE

“É NA CONTEMPLAÇÃO
QUE A OBRA ACONTECE”

DENISE ARARIPE

Pinturas Em 3D

Galeria Maria de Lourdes

Mendes de Almeida
CÂNDIDO MENDES IPANEMA

3 de março . 4 de abril de 2015

 “It is on contemplation that the artwork happens”
Isabel Portella
I call upon contemplation!!! I invite you to observe, here,
now, once again! It is not only depicting something but more
of an intensifying of that which the object produces in me.
So come check it out! In each canvas try to find out what
arouses your emotions, what speaks most profoundly to your
affective memory. Do you ever wonder if for a piece of work
to be valuable artwise, that it must be exhibited in a gallery,
appraised in writing and have been photographed for an art
magazine? Is the new art function hanging a painting on a wall
and wait for the price to go on an upswing? Cash in your chips
and try your luck! How can the world of art be explained? Even
a dead hare is more intuitive than some people…
A reference of pop culture or the current mash up, artist
Denise Araripe, in this new series of paintings, invites the
viewer of her canvases to experience live indulgence. The
artist asks that each person remain a little longer, examining
the many layers of significances there displayed. This is an
incentive for reflection on the many relations among the texts
and images. Little Boy, the atomic bomb detonated over Japan
makes one think about the fanatic side in the Japanese pop-cult
and infantilizing as a response from a population traumatized
after the war; How to accept a pig as a work of art remits to Nelson
Leirner’s stuffed pig and discussions over contemporary art;
Yellow Submarine associates the images of the Beatles’ iconic
success to the characters in Pablo Picasso’s Guernica, telling us
others do not matter – And the others we don´t care.
There are many issues proposed by the artist, all of them
carrying her critical view on such an intense relation among
author, work and public. As of an initial idea that generates a
piece of work, its completion and appreciation from the public,
there is a very long path to be treaded. There will be non-stop
interference carried by each individual, their cultural and
emotional baggage, all will contribute to completing a piece
2 3
“É na contemplação que a obra acontece “
Isabel Portella
Eu chamo para a contemplação!!! Convido a
observarem, aqui, agora, outra vez! Não é a pintura de
algo, mas uma intensificação daquilo que o objeto produz
em mim. Então venham ver! Procurem em cada tela o
que emociona, o que fala mais fundo à sua memória
afetiva. Será que para ter valor, como arte, uma obra
precisa apenas ser exibida em uma galeria, ser avaliada
por escrito e fotografada para uma revista de arte? A nova
função da arte é grudar na parede e ir aumentando de
preço? Coloque sua moeda e tente a sorte! Como explicar
o mundo da arte? Até mesmo um coelho morto é mais
intuitivo do que algumas pessoas...
Referência da cultura pop, ou dos mash ups da
atualidade, a artista Denise Araripe, nessa nova série de
obras, convida o observador de suas telas a uma maior
fruição ao vivo. Pede que cada um se detenha um pouco
mais, procurando as várias camadas de significados ali
apresentados. Incentiva a reflexão sobre as diversas
relações estabelecidas entre textos e imagens. Little
Boy, a bomba atômica lançada sobre o Japão, faz pensar
sobre o fanatismo pop-cult japonês e a infantilização
como resposta de uma população traumatizada com a
Guerra; How to accept a pig as a work of art remete ao porco
empalhado de Nelson Leirner e às discussões sobre arte
contemporânea; Yellow Submarine associa as imagens do
icônico sucesso dos Beatles às figuras de Pablo Picasso
para Guernica e nos diz que os outros não importam –And
the others we don´t care.
São várias as questões propostas pela artista e todas
elas trazem seu olhar crítico sobre essa relação tão
intensa entre autor, obra e público. Entre a ideia inicial
geradora da obra, sua realização e a apreciação do público
existe um longo caminho a ser percorrido. Interferem,
 of work. Doubtlessly, “contemplation makes artwork happen”!
Time is now oriented to immediacy, of quick, irreverent
looks. Just like the March Hare from Alice in Wonderland forever
running after its watch, the public also hurriedly looks past
art. Warhol tells us about fifteen minutes of fame. It is during
this period of urgency that Denise Araripe, creatively applies
her refined technique and expertise on the World of Art, and
calls out to us to contemplate! The artist proposes reflecting
over the many striking moments of this current age. Takashi
Murakami, Kusama, Lichtenstein, Warhol, Beuys, Picasso,
Nelson Leirner, all of them share remarks with the Beatles,
Little Dot, Donald Duck, Mickey Mouse and other characters
in popular culture. Appropriating oneself of the present, of
the mass culture images and transporting all of these to the
canvases, using acrylic paints, oil sticks and gold leaves, all
of this perfectly worked out by Denise. The artist provides us
with a rare opportunity of observing in her canvases, a more
profound content which goes beyond a simple image at a first
glance. She delicately drives one’s attention to the need for a
direct, subjective contact with the artwork, considering that our
current world has become increasingly more intermediated.
Isabel Portella is a curator and art critic.
4 5
sem cessar, as referências de cada indivíduo, a bagagem
cultural e emocional de cada um que irá contribuir
para a construção da obra. E, sem dúvida alguma, “é na
contemplação que a obra acontece”!
O tempo agora é de imediatismo, de olhares rápidos e de
irreverência. Como o coelho de Alice no País das Maravilhas
que está sempre correndo com seu relógio, também o
público passa olhos apressados sobre a arte. Warhol
nos fala dos quinze minutos de fama. É nesse tempo de
urgências que Denise Araripe, com criatividade, técnica
apurada e conhecimento do mundo da arte, vem chamar
para a contemplação! Vem propor uma reflexão sobre
os vários momentos marcantes da época atual. Takashi
Murakami, Kusama, Lichtenstein, Warhol, Beuys, Picasso,
Nelson Leirner dialogam com os Beatles, Little Dot, Pato
Donald, Mickey e outras figuras da cultura popular.
Apropriar-se da atualidade, de imagens da cultura de
massa e trazer tudo isso para as telas utilizando-se de
tintas acrílicas, bastões a óleo e folhas de ouro, Denise faz
com perfeição. A artista nos oferece a oportunidade rara
de observar, em suas telas, um conteúdo mais profundo,
que vai alem da simples imagem do primeiro olhar.
Delicadamente chama a atenção para a necessidade de
um contato direto e subjetivo com a obra de arte, já que o
mundo atual está cada vez mais intermediado.
Isabel Portella é curadora e crítica de arte.
 introduction
Andreya Navarro
“A commonplace occurrence is emphasizing that current electronic
means have outdated a passive consumption of a text or work of art: I no
longer contemplate a painting, I am in a space of interacting with it (...)”
Slavoj Zizek– How to Read Lacan - Rio de Janeiro – Zahar -2010-pg. 33
My fingers slide across an iPad screen... a huge world of
tireless seeking producing matches and mismatches, which
lead to new searches in a pace with no time to lose. The New
has already aged, such as the 1922 Week of Modern Art.
Digital omnipotence spawns disenchantment. A fractal
look at the thousand and one Google references devours an
image, its symbol and meaning.
Mass-media culture produces the ephemeral, the obsolete,
the inconstant and the disposable for immediate consumption
at lightning speed, creating and recreating flaws that
encompass stereotyped desires.
As stated by French philosopher Gilles Lipovetsky :
“Industrial culture (...) is of equal standing with perishable
items; it runs out on an obstinate quest for immediate success, its
ultimate criterion resting with the sales curve or mass audience.
This however does not obliterate the performing of “immortal”
Works regardless of the global trend’s marching towards the present
vertigo’s integrated obsolescence, with total disregard for tomorrow.”
L’Empire de l’éphémère (The Empire of Fashion) - Companhia Das
Letras –São Paulo 2006
Amidst the ecstasy entailed by immediacy and global
multimedia voluptuousness for consumption, the work
produced by visual artist DENISE ARARIPE both seduces and
rescues us from our dissatisfactions.
Her canvases gaze at us and ask us questions, revealing the
impossibility of not belonging. Her strokes provide us with
a trajectory and history of hyper-real times in a breathtaking
mix of colors, textures, words, symbols and memories that
6 7
apresentaÇÃO
Andreya Navarro
“É lugar comum enfatizar como, com os novos meios eletrônicos,
o consumo passivo de um texto ou obra de arte está ultrapassado:
não mais contemplo a tela, interajo com ela (...)”
Slavoj Zizek– Como ler Lacan - Rio de Janeiro - Zahar -2010
Deslizo meus dedos pela tela do Ipad... mundo imenso
de infatigáveis procuras e desencontros, que provocam
outras buscas num tempo sem tempo. O Novo já se faz
tão antigo como a Semana de Arte Moderna de 1922.
A onipotência digital engendra o desencantamento. O
olhar fractal de mil & uma referências do Google devora
imagem, símbolo e sentido.
A Cultura mass-midiática produz o efêmero, o obsoleto,
o inconstante e o descartável em velocidade máxima
para consumo imediato; cria e recria faltas realizando a
síntese de desejos estereotipados.
Afirma o filósofo francês Gilles Lipovetsky:
“A Cultura Industrial (...) instala-se em pé de igualdade
com o perecível; esgota-se na busca obstinada do sucesso
imediato, tendo por critério último a curva de vendas e a massa
de audiência. Isso não impede a realização de obras ‘imortais’,
mas a tendência global é outra, caminha para a obsolescência
integrada, para a vertigem do presente sem olhar para o amanhã.”
(O império do efêmero - Companhia Das Letras - São Paulo - 2006)
Em meio ao êxtase do imediatismo e da volúpia
consumista global multimidiática, o trabalho da artista
plástica DENISE ARARIPE nos seduz e nos resgata do
desafeto.
Suas telas nos olham, nos interrogam, nos revelam
na impossibilidade do despertencimento; seus traços são
trajetória e história de um tempo hiperreal, num mix
vertiginoso de cor, textura, palavra, símbolo e memória
que nos devolve o sentido.
 give us our meaning back.
We sail across a friendly accusation of her images via a
sweet breaking of rules and paradigms. Her art contemplates
us, providing us with the future, opening within us a “block
ridden with sensations of precepts and affects”.
According to Deleuze and Guattari: “sensations, precepts and
affects stand for beings whose worth rises from themselves, exceeding
anything lived through.” To Guattari, Art is:
(...) an emergency potential, an expression of thought that takes
form as an invention for the possibility of life, a commitment with
nonconformity (...). Art interposes itself to established roles, crossing
relationships among distinct topics, distinct processes of creation.
Félix Guattari-Caosmose: A New Aesthetic Paradigm. São Paulo.
Ed.34,1992
Denise Araripe instigates and intrigues us in newspaper
articles published in Google discoursing about the acquisition
of humanoid factories, binding us with her Debret scenes that
portray colonial customs in old Rio, via the inserting of minion
characters (contemporary cartoon character) as servants.
Via this orchestra of perceptions and emotions, we become
literally removed from inter-passiveness that invites us to
dance with all of our senses.
According to Argentinian anthropologist, Nestor Canclini:
“There is neither previous nor current Art. Artists rework images
from myriad eras and switch to multimedia supports, transforming
Works from different periods into contemporary art. Renowned works
should be placed next to ephemeral creations.” Readers, Spectators
and Internet Users - Editora Iluminuras -São Paulo-2008
Denise Araripe’s timeless paintings contest, mock and
give witness to a world intermediated by an excess of
information and automation. Current generations using the
internet, have grown used to viewing and interacting with
classical, renaissance, baroque, modern and contemporary
art, overthrowing all time and space concepts. It is in space
– “cross-generation” and “translucent” Time present in
DENISE ARARIPE’s art through which we cross over to a third
dimensional space, due not only to the 3D Chromadepth
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Navegamos pela denúncia amistosa de suas imagens,
pelo doce rompimento com as regras e paradigmas.
Sua arte nos contempla, nos presenteia com o futuro
e inaugura em nós um ‘bloco de sensações de perceptos e
afectos’.
Segundo Deleuze e Guattari, “as sensações, perceptos e
afectos são seres que valem por si mesmos e excedem qualquer
vivido”. Para Guattari, a Arte é:
“(...) potência de emergência, expressão do pensamento,
que se configura como invenção de possibilidade de vida,um
compromisso com a diferença(...).A arte se interpõe aos papéis
estabelecidos, cruza relações entre distintas matérias, distintos
processos de criação”.(Félix Guattari - Caosmose: Um Novo
Paradigma Estético - São Paulo - Editora 34 - 1992)
Denise Araripe nos instiga e intriga com artigos de
jornais publicados pelo Google sobre a compra das
fábricas de humanoides e nos enlaça com cenas de
Debret retratando os costumes coloniais do Rio antigo
inserindo ainda os personagens Minions (desenho
animado contemporâneo ) como serviçais. Através dessa
orquestra de percepções e afetos, nos tira literalmente
da interpassividade e nos convida à dança de todos os
sentidos.
Segundo o antropólogo argentino Nestor Canclini,
não existe arte de antes e arte de agora; os artistas que
retrabalham imagens de várias épocas e as mudam para
suportes multimídia transformam em arte contemporânea
obras de diferentes períodos. Obras célebres que têm de ser
conservadas ao lado de criações efêmeras”. (Leitores, Espectadores
e Internautas - Editora Iluminuras - São Paulo - 2008)
As telas atemporais de Denise Araripe contestam,
ironizam e testemunham um mundo intermediado por
excessos de informação e automatismos. As gerações
atuais se acostumaram a visualizar e a interagir
através da internet com a arte clássica, renascentista,
barroca, moderna e contemporânea derrubando todos
os conceitos de tempo e espaço. É no espaço-tempo
 technique applied in the artist’s work, but also mainly due
to the generosity shown in the invitation to an enlightening
experience of living through a unique, unrepeatable present
moment for together contemplating and building a temple
considering that together we inhabit the same universe.
Andreya Navarro – Doctor in Social Psychology, and Master of Law
from UERJ, and MBA in Law and New Technologies from FGV.
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transgeracional e trans-Lúcido das obras de DENISE
ARARIPE que atravessamos a terceira dimensão - não
só pela técnica 3D Chromadepht utilizada em seus
trabalhos mas sobretudo pela generosidade do convite
à experiência máxima de viver o momento presente,
único e irrepetivel de con_templar, juntos construirmos
um templo, e con_siderar, juntos habitarmos o mesmo
universo sideral.
Andreya Navarro – Doutora em Psicologia Social e mestre em
Direito Pela UERJ; MBA em Direito e Novas Tecnologias pela
FGV.
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LITTLE BOY
180 cm x 200 cm
Acrylic and oil stick on canvas
(Nuclear) colored mushrooms by
Kusama Murakami; Hello Kitty pussycat;
planes from American World War II
cartoons, elements also used by Roy
Lichtenstein. The backdrop holds the
Document of Japanese Surrender to the
United States. This painting remits to
the infantilizing of Japan spawning from
demands for disarmament following
the defeat in 1945. A proud country,
forced to hold an army exclusively
oriented to defense, responded with this
infantilizing which was in turn exported,
contaminating the Western world.
LITTLE BOY
180 cm x 200 cm
Acrílica e bastão a óleo sobre tela
Cogumelos (nucleares) coloridos de
Kusama Murakami; a gata Hello Kitty;
aviões saídos de cartuns americanos da II
Guerra, elementos que Roy Lichtenstein
também usou. O texto no fundo da tela
é a declaração de rendição japonesa aos
EUA. Essa pintura remete à infantilização
do Japão debaixo das exigências de
desarmamento após a derrota em 1945.
Um país orgulhoso, obrigado a manter
exército apenas de defesa, reage com essa
infantilização, que acaba sendo exportado
e por sua vez contaminando o mundo
ocidental.
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LOOK, LICHTENSTEIN
I’LL HOOK A BIG ONE
197 cm x 168 cm
Acrylic and oil stick on canvas
Andrea Ramal Private Collection
Donald Duck, the Matisse fish and
a Lichtenstein golf ball are all gathered
here. Pop culture, mainstream language
in the USA, was considered an inferior
practice by the intelligentsia in spite of
the diligence with which
Lichtenstein, for example, applied
to his work – he managed to reproduce
each crosshair in the comic books in
minute detail. The text reproduces
excerpts from a 1963 interview carried
out by art critic G. R. Swenson, who
interviewed eight of the top artists from
the period, asking them to define the
“new movement”- Pop Art. It is then
signed off with Denise’s phrase - “I call
for contemplation”
LOOK, LICHTENSTEIN,
I’LL HOOK A BIG ONE
197 cm x 168 cm
Acrílica e bastão a óleo sobre tela
Coleção particular Andrea Ramal
O Pato Donald, os peixes
de Matisse e a bola de golfe
de Lichenstein estão reunidos
nesse quadro. A cultura pop,
linguagem dominante nos EUA, era
considerada pratica inferior pela
intelligentsia apesar do cuidado com
que Lichtenstein, por exemplo,
compunha seu trabalho – ele
reproduzia, com incrível minúcia,
cada retícula dos comic books. O texto
reproduz trechos de uma entrevista
feita em 1963 pelo crítico de arte G.
R. Swenson, que entrevistou oito dos
principais artistas do período para
definir o “novo movimento”- a Pop
Art. E se encerra com uma frase de
Denise - I call for contemplation
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LITTLE DOT
180 cm x 180 cm
Acrylic, gold leaf and oil stick on canvas
In early 1950s, at that time still
unknown Yayoi Kusama arrives in
New York, and is confronted with the
roaring success of a character obsessed
with polka-dots – Little Dot, known
as “Brotoeja” in Brazil. Ten years later
in 1959 Yayoi Kusama set off on her
‘Infinity Net’ painting. The text on the
canvas addresses this coincidence. Little
Dot – a little girl obsessed with polka-
dots – a Harvey Comics publishing from
1949 to 1982, and after that,
sporadically up to 1994.
LITTLE DOT
180 cm x 180 cm
Acrílica, folha de ouro e
bastão a óleo sobre tela
No início dos anos 1950, a
ainda desconhecida Yayoi Kusama
chegou a Nova York, se deparando
com o sucesso da personagem
obcecada por bolinhas – no Brasil,
a Brotoeja. Dez anos depois, em
1959, Yayoi Kusama começa a
sua pintura Infinity Net. O texto
na tela aborda essa coincidência.
Little Dot foi publicada pela Harvey
Comics entre 1949 e 1982 e depois,
esporadicamente, até 1994.
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HOW TO ACCEPT
A PIG AS WORK OF ART
152 cm x 130 cm
Acrylic, gold leaf and oil stick on canvas
The portrait of Emile Zola painted
by Manet in 1868, included some new
elements: on the table is a copy of Pablo
Helguera’s satirical Contemporary Art
Manual; on the book in Zola’s hand and
hanging on the wall are previous works
authored by Denise herself, further
to Nelson Leirner’s pig exhibited in
1967. The text on the canvas includes
excerpts from reviews made by critics:
Art is changing. Again. Here. Now.
Opportunities to witness this are rare,
so attend and observe.(Jerry Saltz); Bad
taste is real taste, of course, and good
taste is the residue of someone else’s
privilege.( Dave Hickey);- Interpretation
is the revenge of the intellectual upon
art. (Susan Sontag); The new job of
art is to sit on the wall and get more
expensive. (Robert Hughes).
HOW TO ACCEPT
A PIG AS WORK OF ART
152 cm x 130 cm
Acrílica, pó de ouro e
bastão a óleo sobre tela
O retrato de Émile Zola pintado
por Manet em 1868 recebe elementos
novos: sobre a mesa, o satírico
Manual de Arte Contemporânea
de Pablo Helguera; no livro que
Zola segura e na parede, trabalhos
anteriores da própria Denise e o
porco de Nelson Leirner, exposto em
1967. O texto na tela é composto por
frases de críticos : Art is changing.
Again. Here. Now. Opportunities to
witness this are rare, so attend and
observe.(Jerry Saltz); Bad taste is real
taste, of course, and good taste is the
residue of someone else’s privilege.(Dave
Hickey); Interpretation is the revenge of
the intellectual upon art. (Susan Sontag);
The new job of art is to sit on the wall
and get more expensive.
(Robert Hughes)
19

RUNNING AFTER THE CARROT
148 cm x 146 cm
Acrylic and oil stick on canvas
Topped by one more reference to
Warhol’s widely renowned statement
about the 15 minutes of fame (RUNNING
AFTER 15 MINUTES OF FAME), we find
comic book character, Little Nemo
(published in the early days of the
twentieth century), in a conversation
with a tiny John Lennon: “I’m afraid
of this performance”, he says. On the
upper corner, the lead in Matthew
Barney’s The Cremaster Cycle series.
On the floor, Takashi Murakami
skeletons have been scattered. The
artist’s text, American writer and
curator Dan Graham published in
1985 is at the backdrop: Through the
actual experience of running a gallery,
I learned that if a work of art wasn’t
written about and reproduced in a
magazine it would have difficulty
attaining the status of art. It seemed
that in order to be defined as having
value—that is, as art—a work had only
to be exhibited in a gallery and then to
be written about and reproduced as a
photograph in an art magazine.
RUNNING AFTER THE CARROT
148 cm x 146 cm
Acrílica e bastão a óleo sobre tela
Encimado por uma referência à
mais do que famosa declaração
de Warhol sobre os 15 minutos de
fama (RUNNING AFTER 15 MINUTES
OF FAME), está o personagem de
quadrinhos Little Nemo (publicado
no inicio do século XX), em conversa
com um minúsculo John Lennon: “I’m
afraid of this performance”, diz ele.
No canto superior, o protagonista da
série The Cremaster Cycle, trabalho
do performer Matthew Barney. No
chão vêem-se as caveiras de Takashi
Murakami. O texto do artista, escritor
e curador americano Dan Graham
publicado em 1985 está no fundo
da tela : Through the actual experience
of running a gallery, I learned that if a
work of art wasn’t written about and
reproduced in a magazine it would have
difficulty attaining the status of art. It
seemed that in order to be defined as
having value—that is, as art—a work
had only to be exhibited in a gallery and
then to be written about and reproduced
as a photograph in an art magazine.
21

DER STRUWWELPETER RETURN
(Shockheaded Peter)
148 cm x 126 cm
Acrylic, gold leaf and oil stick on canvas
Known in Brazil as “Felpudo”, this
character - Der Struwwelpeter – was
created by German Heinrich Hoffman
as a gift for his son – he wrote an
illustrated book, since nothing of that
sort could be found at that time – and
was published for the first time in
1845. The book tells of a very badly-
behaved boy who however, receives
a good upbringing; the mask is a
reference to street protests in 2013. At
the back the phrase “We are against this
performance” is repeated, along with
Denise Araripe’s characters from the
series – The Weirdos.
DER STRUWWELPETER RETURN
148 cm x 126 cm
Acrílica, folha de ouro e
bastão a óleo sobre tela
No Brasil chamado de Felpudo, esse
personagem - Der Struwwelpeter
– foi criado pelo alemão Heinrich
Hoffman como um presente para
seu filho – ele escreveu um livro
ilustrado, já que não encontrava
nada no gênero - e foi publicado
pela primeira vez em 1845. É
uma figura mal comportada que
recebe educação; já a máscara faz
referência aos protestos de rua em
2013. No fundo, a repetição da frase
We are against this performance e os
personagens da série de Denise
Araripe, Os Esquisitinhos.
23

MASKED
130 cm x 100 cm
Acrylic and oil stick on canvas
Private collector
Another reference to the 2013 street
protests in Brazil, carrying a quote from
Mickey de Ron English (contemporary
artist who uses brands and advertising
in his work) equipped with a mask. YOU
MUST BRAND YOURSELF prevails in the
text that repeats the phrase: I am the
piece the piece is anyone, a reference to
the sound work in This is the piece. That
is any piece, by artist Tony Conrad.
MASKED
130 cm x 100 cm
Acrílica e bastão a óleo sobre tela
Coleção particular
Outra referência aos protestos
de rua em 2013 no Brasil traz a
citação ao Mickey de Ron English
(artista contemporâneo que usa
marcas comerciais e referências
a publicidade em seu trabalho)
equipado com a máscara. YOU
MUST BRAND YOURSELF domina o
texto, que repete a frase : I am the
piece the piece is anyone, referência ao
trabalho sonoro This is the piece. That
is any piece, do artista Tony Conrad.
25

YELLOW SUBMARINE
80 cm x 120 cm
Acrylic and oil stick on canvas
Calixto Uchôa Private Collection
An iconic image of the Beatles album
flows side by side with figures from
Guernica by Picasso, over skeletons
and flowers by Takashi Murakami. The
backdrop features the lyrics of the song
with emphasis on the phrase “and the
others we don’t care”.
YELLOW SUBMARINE
80 cm x 120 cm
Acrílica e bastão a óleo sobre tela
Coleção particular Calixto Uchôa
A icônica imagem do disco dos
Beatles flutua junto às figuras
de Guernica, de Picasso, e sobre
as caveiras e flores de Takashi
Murakami. No fundo, a letra da
canção com destaque para a frase
and the others we don’t care.
27

HOW TO EXPLAIN
THE A.W. TO A DEAD ARTIST
180 cm x 110 cm
Acrylic, collage and oil stick on canvas
Francisco Amaral private collection
Mexican artist Pablo Helguera, in his
book Art Style, makes an analogy
between chess pieces– reproduced by
Denise on the left side of the canvas
– and the world of art (the artist is a
pawn, the museum director is the king,
etc. The hare, remitting to the classic
illustration of Alice in Wonderland,
holds, instead of a watch, a picture
of performer Joseph Beuys who
made history in the sixties with his
performance in How to Explain Pictures
to a Dead Hare: he would hold a dead
hare sitting on is chair in Düsseldorf.
Here lies an explanation of the world
of arts to a dead artist. The text on the
backdrop transcribes an excerpt of
Helguera’s Art Style.
HOW TO EXPLAIN
THE A.W. TO A DEAD ARTIST
180 cm x 110 cm
Acrílica, colagem
e bastão a óleo sobre tela
Coleçao particular Francisco Amaral
O artista mexicano Pablo Helguera,
em seu livro Art Style, faz uma
analogia entre as peças do xadrez
– que Denise reproduz à esquerda
da tela - e o mundo da arte (o
artista é o peão, o rei é o diretor do
museu etc). O coelho, que remete à
clássica ilustração de Alice no País
das Maravilhas, segura – em vez do
relógio - uma foto do performer
Joseph Beuys que, nos anos 60, fez
história com a performance How
to Explain Pictures to a Dead Hare:
segurava uma lebre morta sentado
numa cadeira, em Düsseldorf. Aqui,
a explicação é sobre ART WORLD
(A.W.). O texto do fundo transcreve
um trecho do Art Style de Helguera.
29

O BANHO DO CUQUINHA
(CUQUINHA’S BATH)
180 cm x 110 cm
Acrylic, gold leaf and oil stick on canvas
Performing artist Lourival Cuquinha
from Pernambuco state is a character
in a representation also focused on the
Market. In his work, Cuquinha proposes
several actions (some of these actually
financial market shares), involving
monetary values and their symbols. In
this canvas, Denise makes a counter-
proposal with a distinct performance
where the Money would come from
Uncle Scrooge’s pool and shower over
him. The text at the bottom of the
box transcribes the proposal for this
interference: 1– Find Uncle Scrooge’s
pool on Google Map; 2- Build a tunnel
to link this pool to a chosen institution
(MoMA, as suggestion) to present the
performance; 3- Use the time and effort
placed on the excavations to drop some
pounds since he will be presenting in
his birthday suit; 4- Build the gearing
to remove the pool lid at an adequate
moment; 5- Hire press advisors
(crucial!); 6-Send out invitations to all
pieces in Pablo Helguera’s chess set;
7- At the pre-established time and date,
perform Rain of Values or Fool’s Rain.
O BANHO DO CUQUINHA
180 cm x 110 cm
Acrílica, folha de ouro
e bastão a óleo sobre tela
O artista performático
pernambucano Lourival Cuquinha é
personagem do quadro cuja temática
é ainda o mercado. Em seu trabalho,
Cuquinha propõe diversas ações
(algumas, literalmente, ações como
do mercado financeiro), envolvendo
os valores monetários e seus
símbolos. Denise contrapropõe nesta
tela uma variação da performance,
em que o dinheiro sairia da piscina
do Patinhas por um túnel e choveria
sobre ele como uma ducha. O texto
no fundo da caixa transcreve a
proposta desta interferência: 1– Achar
no Google Maps a piscina do tio Patinhas;
2- Construir um túnel que una a piscina
a uma instituição escolhida ( MoMA ,
como sugestão ) para a apresentação da
performance; 3- Aproveitar o tempo e o
esforço de escavação para perder alguns
quilos, já que na performance ele estará
nu; 4- Construir a engrenagem para
retirar a tampa da piscina no momento
adequado; 5- Contratar assessoria de
imprensa (importantíssimo!); 6-Enviar
convites para todas as peças do tabuleiro
de xadrez do Pablo Helguera; 7- Na hora e
no dia marcado, performar Rain of Values
ou Chuva de Tolo.
31

WHEN GOOGLE PREPARES THE DAILY
150 cm x 216 cm
Acrylic, gilding and oil stick on canvas
Andreya Navarro private collection
Stories go around about Humanoid
factories being spread across the planet
by mammoth Google. Concerning
images that quote Debret water colors
portraying customs in old Rio de Janeiro,
Denise applies Minion characters as
servants. The text reproduces an excerpt
from an article on the purchase of the
factories (What Google Is Really Doing
With All Those Robot Companies).
WHEN GOOGLE
PREPARES THE DAILY
150 cm x 216 cm
Acrílica, douração
e bastão a óleo sobre tela
Coleção particular Andreya Navarro
Correm noticias sobre a compra das
fábricas de humanoides espalhadas
pelo planeta pela gigante Google.
Sobre imagens que citam as
aquarelas de Debret retratando os
costumes do Rio de Janeiro, Denise
aplica os personagens Minions como
serviçais. O texto reproduz um trecho
de reportagem sobre a compra das
fábricas (What Google Is Really Doing
With All Those Robot Companies).
33

ART FORUM
83 cm x 66 cm
Acrylic on canvas
In October 2014, critic Jerry Saltz
shared on Facebook a satire that made
reference to an issue of the ArtForum
magazine. The satire pointed out to a
reduced number of women artist, critics
and professionals present in articles.
He made references to exhibitions
announced in that issue, christening
this survey as Sausage Fest. Denise
links Georg Baselitz’s manifestation
of ingrained misogyny, which later
acquired notoriety in an interview
published in the January 2013 issue of
Der Spiegel (“Women simply can’t paint
well”, he stated at the time).
The person holding a copy of the
magazine is the model in a series of
paintings by Ida Apelbrog, placed upside
down in the George Baselitz style. At the
back there is a list of women artists.
ART FORUM
83 cm x 66 cm
Acrílica sobre tela
Em outubro de 2014, o crítico Jerry
Saltz compartilhou no Facebook
uma sátira que fazia referencia a
um número da revista ArtForum.
A sátira chamava a atenção para o
pequeno número de artistas, críticas
e profissionais mulheres nos artigos
e nas mostras anunciadas naquela
edição, batizando esse levantamento
de Sausage Fest. Denise une esta
manifestação à misoginia de Georg
Baselitz, tornada famosa numa
entrevista de janeiro de 2013 ao Der
Spiegel (“Mulheres simplesmente não
pintam bem”, disse ele na ocasião).
Quem segura o exemplar da revista
é um personagem de uma série de
pinturas da artista Ida Aplebrog,
colocada de cabeça para baixo à
moda de Georg Baselitz . No fundo
estão nomes de artistas mulheres.
35

FOR THE LOVE OF POCKET
187 cm x 152 cm
Acrylic and gold leaf on canvas and LED
system activated by inserting a coin.
The canvas rests at the back of a box
whose frame carries a slot for inserting
coins. The visitor must place a coin to
see the LED lights circulating. Created
over Damien Hirst’s famous diamond-
studded skull christened as For the
Love of God, Denise’s version carries a
heart-shaped image of Salvador Dali’s
The Royal Heart instead of the pink
diamond in the original work. The light
performance may or may not happen
because the artist placed the following
inscription: PUT YOUR COIN AND TAKE
YOUR CHANCE. This stands for a critical
look at a Market moved by financial
resources whose returns may or may
just as well not occur.
FOR THE LOVE OF POCKET
187 cm x 152 cm
Acrílica e folha de ouro sobre tela e
sistema LED acionado por moeda
A tela está no fundo de uma caixa.
Na moldura, existe uma ranhura
para moedas. O visitante precisa
depositar uma moedinha para
ver a luz dos leds circulando.
Referenciando a famosa caveira
incrustada de diamantes de Damien
Hirst, batizada For the Love of God, a
versão de Denise traz a imagem do
coração de Salvador Dalí (The Royal
Heart) no lugar do diamante rosa
da obra original. A performance da
luz pode ou não acontecer, segundo
a artista, que inscreveu: PUT YOUR
COIN AND TAKE YOUR CHANCE. É
um olhar crítico sobre o mercado da
arte quando movido principalmente
por recursos financeiros.
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 Ficha técnica

Montagem técnica
Frado Monteiro, Igor Thiago,
Carlos Eduardo, Fátima Léo

Galeria
cordenadora Martha Pereira de Moraes
montador José Ricardo Barbosa,
assistente Alberto Benvindo
convite virtual Ana Carolina Costa Russo
assistente Nina Pretti

Transporte
Luciano Teixeira ​de Medeiros Silva (Tafarel)

Assessoria de imprensa
Verbo Virtual Comunicação
Luciana Medeiros e Chris Campos

Catálogo
design gráfico Roberta de Freitas
designer assistente Mariane Brondani

“é na contemplação que a obra acontece”

denise araripe . pinturas 3d

exposiÇÃO de 3 de março a 4 de abril de 2015

Galeria Maria de Lourdes Mendes de Almeida

CÂNDICO MENDES IPANEMA

Rua Joana Angélica, 63, Ipanema . tel 21 2525-1000 ramal 1006

De 2ª a 6ª (das 14h às 20h), Sábado (das 16h às 20h)
www.candidomendes.edu.br . arteipanema@candidomendes.edu.br
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Rua Joana Angélica, 63 - Ipanema - Rio de Janeiro
Tel: 2525-1000 ramal 1006
www.candidomendes.edu.br • arteipanema@candidomendes.edu.br 39
 Este catálogo foi impresso em fins de fevereiro
de 2015, na cidade do Rio de Janeiro. Foram
utilizadas as fontes Nexa e Caecilia no miolo e
Squarefont (www.dafont.com) na capa. O miolo
foi executado em Offset sobre papel couché
matte 150 g/m2; a capa, em serigrafia sobre
papel kraft 200 g/m2. A tiragem é de 700 cópias.
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www.deniseararipe.com.br