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ARTETERAPIA
mente. É aí que pincéis, lápis, tintas, giz passam a ser ferramentas de
exteriorização dos conteúdos psíquicos. Carl G. Jung, do qual falaremos mais
abaixo, foi um dos precursores do que hoje chamamos de arteterapia. O
psiquiatra suíço não designava assim as ferramentas da arte quando as usava
terapeuticamente, mas hoje, sua teoria embasa uma das maiores vertentes da
arteterapia.
A arteterapia nos ajuda a mostrar o que está oculto, difícil de enxergar
em nós mesmos. Fazendo com que possamos nos permitir sentir as coisas de
forma diferente. Nem sempre é um processo agradável, pois pode suscitar
recordações e sensações que não queremos sentir, mas que também são
importantes para nosso crescimento pessoal. Através da expressão artística, a
pessoa pode se conectar consigo mesma, uma vez que será provocada a sair
do seu lugar comum.
A arteterapia vem da união das duas palavras “arte” e “terapia”, no
entanto, segundo Philippini (1998) temos diversas maneiras de conceituar a
arteterapia. A autora escreve que uma delas é entender a arteterapia como
um processo que surge com a utilização dos diferentes recursos expressivos. O
processo arteterapêutico é um diálogo entre o sujeito e a imagem que foi
revelada por meio do fazer criativo, a “interpretação” não fica a cargo do
profissional arteterapeuta. É algo que se constrói junto.
A American Art Therapy Association descreve que a arteterapia é uma
profissão que integra disciplinas a favor do enriquecimento da vida humana,
das famílias e comunidades por meio de atividades artísticas, processos
criativos, teoria psicológica e experiência humana num contexto terapêutico.
No Brasil, temos a UBAAT (União Brasileira de Associações de
Arteterapia) que define a arteterapia como sendo a arte uma ferramenta
dentro do contexto terapêutico. Seus objetivos principais são estimular o
crescimento emocional, abrir caminhos para maior conscientização do
indivíduo sobre si mesmo.
ARTETERAPIA
O que é a arteterapia?
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destrutiva. Pode-se pedir a pessoa que faça um desenho ou uma pintura para
representar como realmente se sente.
O processo criativo atinge camadas do inconsciente que apenas
falando, muitas vezes, não conseguimos acessar. Usar recursos da arte em um
contexto terapêutico, portanto, pode ser uma forma de relaxamento, onde a
pessoa se envolve no processo usufruindo também dos movimentos de pintar
ou desenhar algo que representa seu mundo interior.
Na perspectiva junguiana, podemos nos remeter a aspectos do coletivo
como os mitos e contos de fada, amplificando os conteúdos apresentados,
buscando maiores significados. Por isso, é importante também que o
arteterapeuta tenha esse conhecimento, a fim de auxiliar a pessoa por esse
caminho.
O processo criativo e os materiais podem ser usados como formas de
avaliação do que se passa com os pacientes. Durante a atividade proposta, a
arteterapeuta observa movimentos, expressões, comentários, coordenação
motora, pois tudo isso fornece muita informação a respeito da pessoa ou
grupo.
O profissional arteterapeuta é um mediador ou facilitador, que provê o
recurso e propõe a atividade mais adequada ao paciente ou cliente. Ao final
desta etapa, o arteterapeuta promove o diálogo da(o) cliente com o material
que produziu, a fim de obter os símbolos que surgiram da imagem.
As sessões, portanto, começam com uma proposta de trabalho
conduzida pela avaliação do arteterapeuta. É sempre importante que haja
tempo antes de encerrar a sessão para que terapeuta e paciente conversem
sobre a atividade: quais foram as sensações, pensamentos, sentimentos,
incômodos e alegrias despertados durante a execução da proposta. Isto tudo
serve de informação, não somente para reflexão da terapeuta, como
também deve ser capaz de promover insights e associações por parte dos
pacientes.
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principalmente na fase adulta. Desde o início dos tempos, o ser humano utiliza
a arte para comunicar-se, seja expressando seu mundo interno ou
representando o que está a sua volta. O impulso criativo, a necessidade de se
expressar, está em todos nós. Nesse sentido, a arte é uma ferramenta muito
poderosa de autoconhecimento.
A arteterapia lida com o processo, e não tem finalidade estética ou
artística, enquanto técnica. A pintura, o desenho e a colagem funcionam
como formas de comunicação entre o inconsciente e o consciente,
retratando diferentes estágios. O que importa na arteterapia é a
compreensão e resolução de conflitos, a partir da utilização de seus recursos.
Sendo assim, às pessoas que não sabem desenhar ou pintar e acham
que isso as impede de experimentar a arteterapia, é possível dizer: Permita-se.
Os recursos em arteterapia são utilizados, pois:
Facilitam a comunicação;
Despertam a criatividade;
Estimulam a cognição;
Elevam a autoestima;
Possibilitam novas descobertas;
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Quais os fundamentos da Arteterapia?
Carl G. Jung
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Um dos conceitos mais fundamentais da teoria de Jung é o arquétipo.
O arquétipo é determinado em relação a forma e não ao conteúdo,
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Para o psicólogo existencialista Rollo May (1982), a criatividade está em
todas as nossas atividades, nas nossas relações, nos mais diferentes trabalhos e
profissões. Usamos a criatividade o tempo todo, pois ela está em todo o
processo de fazer.
Precisamos da criatividade para ajudar a arrumar casa, por exemplo,
em que lugar cada coisa tem que ficar para que possamos visualizar e ter mais
fácil acesso a elas. Precisamos tirar o que não serve mais, o que guardamos
em lugares específicos, assim ordenamos e temos mais acessibilidade ao que
antes estava jogado e misturado. Criar tem relação com esse tipo de
ordenação também.
Fayga Ostrower (1977) diz que a motivação humana para a criação
vem desta busca por ordenar e significar a vida. Criar é uma necessidade
para o Homem, já que só pode crescer e desenvolver-se, ordenando e dando
forma ao seu mundo.
Em arteterapia lidamos diretamente com a criatividade, sim e por isso
algumas pessoas dizem não serem capazes de criar algo e se sentem muito
bloqueadas diante da proposta. Muitas pessoas acreditam que precisam ser
desenhistas ou pintores para se beneficiarem da arteterapia, o que não é
verdade. Arteterapia trata do processo, do fazer e das sensações despertadas
pela atividade.
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Antecedentes da Arteterapia
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trabalhos com arte dentro dos consultórios. Janie Rhyne (1913-1995) ficou
conhecida por usar a arte no contexto da Gestalt-terapia, encorajando seus
pacientes a interpretar e expressar sentimentos através dos trabalhos artísticos.
Na perspectiva da teoria centrada na pessoa, Natalie Rogers (1928-2015)
aplicou a arte à sua abordagem e desenvolveu a chamada “Conexão
Criativa”
Bem, não podemos falar em Arteterapia sem citar Nise da Silveira (1905-
1999). Psiquiatra, nascida em Maceió - Alagoas, foi uma das primeiras mulheres
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a cursar medicina e se formou em 1931. Conhecida pelo seu trabalho no setor
da terapia ocupacional, era contrária aos tratamentos psiquiátricos da época
que envolviam, entre outras técnicas, o eletrochoque.
Por esta atitude contrária à tradicional psiquiatria, Nise foi mandada
pela diretoria do Hospital Engenho de Dentro para o setor de Terapêutica
Ocupacional, que não recebia muita atenção por parte da equipe médica.
De uma coragem ímpar, Nise começa a transformar aquele lugar. Chama os
“clientes”, como costumava nomear os pacientes do hospital, e oferece
materiais de pintura e modelagem, montando um verdadeiro ateliê. Depois
disso conforme a própria Nise (1981), o ateliê foi ganhando uma posição muito
especial porque o desenho e a pintura se revelaram de grande interesse
artístico e científico. Ela mostrou que a terapêutica ocupacional poderia ser
algo a mais do que simplesmente lazer ou uma forma de passar o tempo. Era
uma possibilidade de entrar em contato com o mundo inconsciente,
devolvendo a dignidade e autoestima da pessoa com esquizofrenia.
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pacientes de Engenho de Dentro ocorreu em Zurique ao mesmo tempo que o
II Congresso Internacional de Psiquiatria. Jung se deteve diante de algumas
imagens e teceu diversos comentários a respeito. Para Nise da Silveira, o
contato com a obra de Jung foi o fio condutor do seu próprio trabalho como
psiquiatra, e a guiou em sua visão a respeito dos esquizofrênicos, uma vez que
o objetivo da psicoterapia junguiana é mais ampla do que a dissolução de
conflitos interpessoais. A psicoterapia junguiana permite que a criatividade se
manifeste através do fazer artístico, da criatividade.
Apaixonada por animais, principalmente os gatos, Nise da Silveira
introduziu a ideia de cães e gatos como co-terapeutas. A relação de afeto
que surge desse contato era para alguns pacientes uma linha única para sua
saúde mental. Apesar de suas observações que confirmavam o valor
terapêutico da relação entre pacientes e animais e que proporcionava
resultados excelentes, isso não era bem aceito no Brasil.
Sua maneira sensível de olhar para estes pacientes foi fundamental
para que eles pudessem se expressar e também para o nascimento da arte
como recurso terapêutico. Muitos profissionais em diferentes partes do mundo
já usavam pintura e desenho, até mesmo animais em hospitais psiquiátricos.
No entanto, a coragem de Nise da Silveira e sua atitude em nome daqueles
que não podiam falar por si mesmos foi única. Ela é uma grande inspiração
para todos nós.
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Surgimento da Arteterapia no Brasil
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Principais recursos e técnicas em Arteterapia
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A modelagem pode ser feita com plastilina (massinha de modelar),
argila, papel machê, gesso, entre outros. São materiais que trabalham as
sensações, a descarga de tensões e permitem o fazer e refazer. A argila possui
propriedades que estimulam a manifestação de símbolos com forte carga
afetiva. O contato com a argila, segundo Saraiva (2008) possibilita um
encontro com emoções profundas.
As técnicas de fotografia, por exemplo, permitem à pessoa que explore
lembranças, remetendo à sua própria história de vida. Podem ser trabalhadas
fotos de família, autorretrato, fotos tiradas por outras pessoas, o olhar sobre a
própria realidade, entre outras possibilidades. É um recurso bastante
mobilizador de memórias e sentimentos. A fotografia tem se tornado mais
acessível ao longo dos anos, pois hoje temos celulares com boas câmeras que
permitem facilmente seu manuseio sem gerar altos custos. Por meio da
fotografia, treinamos nosso olhar em relação a nós mesmas e/ou ao que está
a nossa volta. Podemos nos voltar a detalhes, cenas, pois nos permite explorar
novos ângulos quando fotografamos.
Formas de Expressão
Artes plásticas: desenho, pintura, modelagem, colagem
Desenho
Desenhar nada mais é que marcar uma superfície com um objeto, seja
este um lápis, giz, ou caneta, por exemplo. Este impulso de desenhar está
presente na história da humanidade. Desde os tempos das cavernas, há
registros de desenhos que representavam as vivências daquele povo. Assim
como a humanidade, o desenho também foi evoluindo e é inegável a sua
importância como forma de expressão do indivíduo. Por isto, é um recurso
muito usado e com grande potencial dentro do contexto arteterapêutico. O
desenho trata das diferentes formas de pensarmos e de nos relacionarmos
com o mundo, pois diz respeito a capacidade de perceber, observar e
discriminar formas. Desenhar está ligado ao desenvolvimento da imaginação.
Inúmeras são as possibilidades de trabalho com o desenho, o
arteterapeuta pode pedir que a pessoa desenho um sonho, sentimento
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sensações, etc. O ato de desenhar é altamente expressivo e projetivo e, além
disso, libera tensões e expressa a realidade interna do indivíduo.
Os principais recursos usados na atividade do desenho, como
mencionado acima, são: lápis de vários tipos e cores, canetas, canetas
hidrográficas, giz de cera (pastel e óleo). A coordenação motora é requisitada
e trabalhada no ato de desenhar, uma vez que o controle motor é essencial.
O desenho de cópia permite que a pessoa se foque no aqui e agora,
tendo que prestar atenção aos detalhes, favorecendo, assim, a capacidade
de observação. No desenho dirigido, há um tema a ser explorado em que a
pessoa deverá expressar a partir de seu próprio referencial o tema proposto. O
desenho livre trata de uma possibilidade de o indivíduo expressar seu mundo
interno da forma que desejar, sobre o que desejar.
Pintura
A pintura através dos mais diferentes tipos de tintas permite uma maior
fluidez das emoções e sentimentos, e também nos remete ao fluxo da
respiração. Através dos movimentos e cores obtidos pela pintura, podemos
experimentar e mergulhar em sensações diversas. Para Jung, a pintura é muito
eficaz na expressão de uma situação psíquica pois o sentimento se exprime
através das cores.
Colagem
É uma técnica que causa menos impacto ao sujeito ao ser proposta. A
colagem muitas vezes é associada ao fazer infantis, pois remete aos primeiros
anos da escola. No entanto, é uma ferramenta de grande valor que pode ser
utilizada nas primeiras sessões por sua linguagem simples e ao mesmo tempo
bastante projetiva. Auxilia no levantamento das demandas do paciente ou do
grupo, elucidando conflitos ou trazendo mais à tona o mundo interno do
indivíduo. A colagem é uma atividade na qual a pessoa tem a oportunidade
de separar partes, destacar imagens e outros materiais, e dando a estes uma
nova configuração. Assim, também se trabalha a oportunidade de planejar e
organizar do paciente.
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Nas colagens, podemos usar imagens de revista, mas também outros
materiais são muito bem-vindos, como sementes, folhas, pedaços diversos de
papéis, e.v.a. A colagem pode ficar ainda mais interessante quando
misturada a outras técnicas como desenho ou pintura.
Modelagem
Quando falamos de modelagem, o material mais utilizado é a argila. A
argila tem possui características únicas e contato com este material é muito
mobilizador de emoções mais primitivas, permitindo que soltemos no material
sentimentos como raiva, alegria; trabalhando com mais delicadeza ou de
forma mais bruta a argila. O ato de modelar está ligado ao sentido do tato, ao
toque. A argila permite modelar, desmanchar quantas vezes quisermos
durante a sessão. Na impossibilidade de se usar argila, outros materiais podem
ser inseridos como a massinha, o papel machê e a massa de biscuit, por
exemplo.
Artes do corpo
Dança e teatro
A dança é uma manifestação corporal rítmica que desde os tempos
mais remotos é criada e cultivada dentro da cultura de todos os povos, como
expressão do corpo em movimentos significativos. Enquanto forma de
expressão, dançar pode revelar aspectos psíquicos, por meio do
desenvolvendo de movimentos, nos quais a pessoa descubra seu próprio
corpo e o que este tem a lhe dizer. O teatro é também uma das mais antigas
formas de representação, onde brincamos de ser outras pessoas e nos
apropriar de histórias diferentes das nossas. O teatro possui diversas técnicas e
possibilidades em que se pode contar, recontar e modificar as histórias.
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Música
A música mexe diretamente com nossas emoções e memórias. Pode
estar presente nas sessões de Arteterapia como recurso auxiliar, como recurso
de mobilização psíquica, ou mesmo como recurso principal em que a pessoa
possa transmitir o que sente por meio de uma composição própria ou de
artistas que admira. Instrumentos musicais podem ser inseridos, como forma de
expressão. É também um ótimo recurso para trabalhar com grupos.
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Por que desenhamos mandalas?
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vezes até contrariando a intenção consciente. É
interessante observar como a execução do quadro
atravessa de um modo inesperado as expectativas
conscientes.
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Indicações e contraindicações da Arteterapia
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Área de Atuação de um Arteterapeuta
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Referências
CASSOU, Michele; CUBLEY, Stewart. Life, paint and passion: reclaiming the
magic of spontaneous expression. New York: Targher Penguin, 1995.
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Sites consultados:
Art Therapy Association https://arttherapy.org/. Acesso em 29 abr. 2018
Dança Circular http://www.dancacircular.com.br/oque.asp Acesso em 02
maio 2018
UBAAT https://www.ubaatbrasil.com/. Acesso em 30 abr. 2018
E-book escrito pela psicóloga e arteterapeuta Adriana M. Leopold para o Instituto Freedom.
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