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Trabalho escrito

Contextualização
 Identificação dos capítulos e breve resumo dos mesmos

Carlos e Maria Eduarda (IV)

 Estudos superiores de Carlos.


 Vida “diletante” na Universidade.
 Formatura e viagem de fim de curso.
 Regresso de Carlos a Lisboa.
 Projetos de construção de um laboratório.
 Organização do consultório.

 Personagens

- Avô (1ª geração) - Afonso da Maia: era casado com Maria Eduarda Runa, tinha grande
admiração pelo estilo de vida e de educação inglês, educação essa com que educa o seu neto,
Carlos; era liberal.

- Pai (2ª geração) - Pedro da Maia: filho de Afonso da Maia e de Maria Eduarda Runa, pai de
Carlos e Maria Eduarda, casou com Maria Monforte, suicidou-se após a mesma fugir com um
italiano; era “um fraco”.

- Mãe- Maria Monforte: casou-se com Pedro e fugiu com um italiano, tendo levado Maria
Eduarda, sendo uma mãe ausente para Carlos; era conhecida como “a negreira”.

- Carlos (3ª geração): filho de Pedro da Maia e neto de Afonso da Maia, que se apaixonou
pela sua irmã desconhecida, Maria Eduarda; tem vocação para a medicina.

- Maria Eduarda: irmã de Carlos, embora não o soubesse, viveu com a mãe Maria Monforte
longe do resto da família.

- Ega (João da Ega): amigo inseparável de Carlos, o seu confidente, servindo como a voz
crítica, formou-se em Direito, era ateu e irreverente.

 Ações anteriores

Chegando a este capítulo, Carlos está prestes a concluir o curso de medicina. Este acaba por seguir
uma vocação que surgiu quando era mais novo, num dia em que descobriu no sótão entre coisas
velhas, umas estampas anatómicas. Passou esse dia à volta das mesmas, e foi nesse momento que
surgiu a sua curiosidade pela medicina. Apesar desta sua paixão, a sua família e amigos mais
próximos achavam que Carlos ia seguir direito e não aprovaram muito esta sua ideia de seguir
medicina, principalmente as mulheres, que achavam um desperdício um rapaz tão bonito e
charmoso seguir uma profissão onde tinha de mexer em sangue.
Perante a indignação das pessoas, Afonso, orgulhoso do seu neto, diz que o educou para ser
bem-sucedido e útil para o país e que, sendo uma época em que ficar doente já era um hábito, o
“maior serviço patriótico” era saber curar.

Para a sua estadia em Coimbra, o seu avô preparou-lhe uma casa em Celas onde Carlos
recebia os seus amigos, estudantes, que se dedicavam a diversas atividades como a esgrima.
Durante este tempo, Carlos dispersa-se e desvia-se dos seus estudos, o que quase o faz perder um
ano.

Quando Carlos concluiu o seu curso, realizou-se uma grande festa em Celas, com a presença
de Afonso e Vilaça. Nesta altura, o seu avô perguntou a Carlos o que este pretendia fazer agora que
já tinha o seu curso tirado e já podia finalmente exercer medicina, o rapaz responde que primeiro
queria descansar um pouco e depois passar para a ação.

Mais tarde, Carlos parte para a sua viagem pela Europa. Apesar de passar as férias nas
capitais europeias, Carlos da Maia visitava com regularidade Santa Olávia, muitas vezes
acompanhado por João da Ega, a quem Afonso se afeiçoara.

Com o regresso de Carlos a Lisboa, a analepse iniciada no primeiro capítulo que nos dá conta dos
acontecimentos anteriores ao outono de 1815 termina.

Depois disso, Carlos instalou o seu consultório no Rossio e decorou-o com luxo, porém, não
apareciam doentes e o jovem médico foi-se entregando à preguiça. Uns dias mais tarde, Ega visitou
o consultório de Carlos, estes falaram sobre Madame Cohen que foi muitas vezes mencionada por
Ega nas suas cartas a Carlos. Ega esclareceu que se tratava da mulher do banqueiro Cohen e que
tinha tido uma aventura amorosa com ela. Falaram também de Craft, um negociante e colecionador
de obras de artes que Carlos tinha de conhecer.

Momentos depois Ega e Carlos criticam o estado de Portugal e o seu atraso pelo motivo
deste importar modelos do estrangeiro em tudo. De seguida, Carlos convida Ega para este se instalar
no Ramalhete, porém, Ega recusa o convite pois está hospedado no Hotel Universal. Antes de se
despedirem, Ega informa Carlos de que vai publicar o seu livro “Memórias de um Átomo” que fala
sobre a «história das grandes fases do Universo e da Humanidade».

Análise do Excerto:

 Explicação do conteúdo

Excerto 1- Começa-se por uma caracterização completa de Carlos, onde é comparado a um belo
cavaleiro da Renascença, salientando a parecença dos seus olhos com os olhos do pai, etc. Esta sua
caracterização serve quase como que uma introdução àquilo que será dito a seguir, a semelhança de
Carlos com a mãe. É também realçado o orgulho que o avô tinha em ver e ouvir Carlos, o neto, a
falar das suas viagens.

Excerto 2- Carlos tem o cuidado de preparar tudo para o seu jantar com Maria Eduarda, até mesmo
ao pormenor: muitas flores, champanhe geladinho, arroz-doce com as inicias de Maria, esta fica feliz
com esse gesto. Após isso, ao olhar para o retrato de Pedro, pai de Carlos, a mãe de Rosa não os
acha parecidos, achava-o, antes, semelhante com a sua mãe, Carlos ri-se da constatação de Maria e
ela explica-lhe que parecenças os dois têm. A mãe de Maria Eduarda revela-se, mais tarde, também
a mãe de Carlos, sendo que o facto de Maria o constatar já está a dar indícios de que descobrirão
mais tarde, que são irmãos.
Acabado o jantar observamos a pouca vontade de Carlos para deixar aquele serão, este chega
mesmo a dizer que tem vontade de perder o comboio e ambos têm o desejo de ficar ali
eternamente.

Excerto 3- Carlos sente-se inseguro por ir visitar o avô, não sabe como lhe contar que tenciona casar
com Maria Eduarda (terrível espinho) e que esta teve um passado vergonhoso pois sabia que Afonso
não iria compreender os motivos pelas quais Maria Eduarda levou essa vida. Caracteriza Afonso
como uma pessoa fria comparando-o com um bloco de granito e diz que para perceber o caso de
Maria Eduarda era necessário um espírito mais dócil. E que por isso não contaria ao avô sobre ela de
modo a não criar desnecessariamente um conflito

Como um ato de covardia, Carlos traça o plano de ir casar a Roma e voltar, escondendo o passado de
Maria do seu avô, no sentido de fazer com que este a conhecesse e se “apaixonasse” por ela. Não
lhe falaria do seu casamento, e quando Afonso estivesse “enamorado” de Maria, contar-lhe-ia que
estavam casados, e este perante o ato irremediável teria que se conformar com essa realidade,
afinal era “o melhor segundo os interesses do coração...”.

 2 recursos expressivos (+ expressividade)

“E o avô, cujo olhar risonho e húmido (...)” (l.6- Excerto 1) ➡ adjetivação: tem o objetivo de
evidenciar a felicidade e o orgulho que Afonso sentia e caracterizar o tipo de olhar que o avô tinha
ao ver e ouvir o seu neto a falar das suas viagens.

“A mesa, redonda e pequena, parecia uma cesta de flores; (...)” (l.10/11- Excerto 2) ➡ comparação:
este recurso é usado no sentido de comparar a mesa com uma cesta de flores, devido ao facto de
existirem muitas flores em cima da mesma.

 1 exemplo de linguagem queirosiana

“rapidamente”, “eternamente”, “absolutamente”, “miudamente”, “exclusivamente”,


“sucessivamente”, “necessariamente”, “secretamente”, “filialmente”, “francamente” ➡ emprego
inesperado e impróprio do advérbio

Resposta às questões

 Interpretação

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1. Identifique as semelhanças entre Carlos e a mãe de Maria Eduarda.

Carlos e a mãe de Maria Eduarda tinham de semelhante a formosidade, as expressões da testa e do


nariz, a maneira de sorrir e o hábito de ficarem um pouco vagos/esquecidos.

2. Indique três razões que impedem Carlos de contar ao avô o seu relacionamento.
As razões que impedem Carlos de contar ao avô sobre o seu relacionamento são as vivências
e os erros que Maria cometeu no seu passado, «... os motivos complicados, fatais, iniludíveis que
tinham arrastado Maria» e que o avô nunca compreenderia, a forma como Afonso veria aquele
romance como algo confuso e frágil, além da frieza de Afonso, pois, para perceber o caso de Maria
era necessário um espírito mais mundano.

3. Explicite o modo como Carlos perspetiva o passado de Maria Eduarda, baseando-se no último
excerto.

Carlos compreendia o passado de Maria Eduarda, ele reconhecia que Maria tinha cometido erros no
seu passado, porém, acreditava que esses erros tinham sido cometidos por razões de força maior e
que, por isso, Maria não deveria ser julgada por causa do mesmo.

4. Apresente as semelhanças entre as vivências amorosas de Pedro da Maia e de Carlos.

Pedro da Maia e Carlos têm vivências amorosas semelhantes tendo em conta que Maria Monforte e
Maria Eduarda tem uma vida marcada por várias relações. O filho, tal como o pai vive uma paixão
intensa que absorve a sua vida e ambos têm estes relacionamentos sem a aprovação de Afonso. No
caso de Pedro, quem desencadeia a tragédia, é o tancredo que foge com Maria Monforte e, no caso
de Carlos é o Sr. Guimarães ao revelar o caso de incesto que leva à separação dos amantes e mais
uma vez a um final trágico.

 Gramática
1. Classifique a oração “Depois Carlos levava o avô a casa da sua boa amiga, que conhecera em
Itália, Madame de Mac Gren.” (l. 62 e 63)

Oração subordinada adjetiva relativa explicativa

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