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RESUMO BREVE DO ROMANCE OS MAIAS

DE EÇA DE QUEIRÓS

No Outubro de 1875 fixam-se em Lisboa Afonso da Maia e seu neto único,


Carlos da Maia, que, após se ter formado em medicina, regressa de uma longa
viagem pela Europa e traz agora grandes projetos de trabalho profissional.
Carlos era o último descendente dos Maias, uma família da nobreza beirã,
cujos últimos representantes a vida tocara com o infortúnio. De facto, já por causa
das suas ideias liberais, Afonso da Maia tivera de se exilar em Inglaterra. Mas, pior
que o exílio, fora o carácter da esposa, beato, devoto e tacanho, tão diferente do seu,
o que, além de lhe impor um indesejado regresso a Portugal, o inibira de educar
como desejava o seu único filho, de nome Pedro. Fruto da educação que recebera, o
carácter instável de Pedro levou-o à ligação com Maria Monforte, filha de um
negreiro, e a fazer com ela o casamento que, mais que qualquer outro, desagradaria
a Afonso. Desse casamento nasceram dois filhos: uma menina e um menino. Afonso
só conheceu o menino: a Monforte abandonou Pedro para seguir um italiano e levou
consigo a filha. Foi nessas circunstâncias trágicas, após um largo corte de relações,
que Pedro regressou a casa do pai para lhe dar conta do sucedido, lhe entregar o
neto e se suicidar.
Todos pensaram que o velho Afonso não resistiria a mais este desgosto e que
em breve se finaria na solidão da sua Quinta de Santa Olávia. Em vez disso, o ancião
empreendeu a tarefa de dar ao neto a educação de que não pudera fazer ao filho:
uma educação livre, sem preconceitos, em que o corpo e a alma harmoniosamente
se desenvolvem para o ideal da mens sana in corpore sano. Foi esta educação que
culminou na formatura de Carlos em medicina, e na viagem de estudo de que
regressava, quando se instalou no ramalhete, em Lisboa.
Instalado em Lisboa, Carlos tem grandes projetos de trabalho na prática da
medicina e na investigação laboratorial. No entanto, para isso falta-lhe a
determinação, e em breve começa a entrar numa vida diletante e inútil, que era a dos
burgueses da capital. Reencontra, aliás, o seu amigo Ega, colega dos tempos de
Coimbra, que não era certamente a companhia mais indicada para quem desejasse
dedicar-se a um trabalho sério.
Ega tem um caso com a mulher do banqueiro Cohen, e convida Carlos para o
jantar que vai oferecer no Hotel Central ao marido enganado. Aí conhece Carlos o
inglês Craft e Dâmaso Salcede (que se tornam habituais no Ramalhete) e vê, pela
primeira vez, no peristilo do hotel, sem conseguir saber-lhe o nome, aquela que será
a sua grande paixão e que vem a saber pelo Dâmaso ser a mulher do Castro Gomes,
um brasileiro de passagem por Lisboa.
Pese o seu interesse pela dama desconhecida, Carlos inicia uma relação
adúltera com a condessa de Gouvarinho, enquanto a ligação do Ega com a Cohen
termina, descoberta que foi pelo marido. Os amores da Gouvarinho não o curam,
porém, da paixão pela desconhecida. E, na ânsia de a ver, parte intempestivamente
para Sintra, onde a supunha com o marido e com Dâmaso.
Regressa desiludido, mas acaba por lhe entrar em casa, embora com ela
ausente, chamado por Dâmaso para cuidar de Rosa, a pequena filha da senhora.
Carlos concebe planos para encontrar a misteriosa mulher, chegando mesmo
a pedir ao Dâmaso que o apresente ao casal. Dâmaso acede, desconfiado, mas não
chega a ser preciso: a criada da senhora adoece e esta manda um bilhete a Carlos
pedindo para a servidora os cuidados do médico que lhe tratara a filha
Entre ambos inicia-se uma relação que, a princípio, era apenas estima, mas
que Dâmaso surpreende com despeito, e que logo se transforma em paixão
recíproca. Para viver essa paixão, Carlos acaba a sua relação com a Gouvarinho, e
instala Maria Eduarda na casa que adquirira ao Craft nos Olivais. É dividido entre as
sestas nos Olivais e as noites no Ramalhete que passa parte desse Verão, enquanto
o avô partira sozinho para Santa Olávia. Carlos junta-se-lhe aí, de fugida, depois de
ter levado Maria Eduarda em breve visita ao Ramalhete. No regresso, recebe a visita
de Castro Gomes, que, em vez da desafronta que Carlos esperava, apenas deseja
dizer-lhe que a mulher com quem Carlos dorme não é sua esposa, pelo que se limita
a retirar-lhe o nome e a suspender-lhe a mesada.
Muito humilhado Carlos vai aos Olivais, onde, confirmando embora a
veracidade da versão de Castro Gomes, fica a saber que Maria Eduarda não era a
vulgar mulher que as circunstâncias poderiam fazer supor. É ela, aliás, que, no dia
seguinte, faz questão de lhe contar toda a sua vida, onde se adivinham culpas
maternas e sofrimento próprio. Carlos, comovido, propõe-lhe casamento. O despeito
de Dâmaso, entretanto, que já tinha colocado meia Lisboa a badalar a relação de
Carlos com a aventureira, desce agora mais baixo, e atira com o escândalo para os
jornais, através da Corneta do Diabo. Ega consegue suster a saída do jornal e
comprar o silêncio do jornalista, ao que se segue a humilhação definitiva de Dâmaso,
obrigado, para não se bater em duelo, a assinar um papel em que se confessa um
bêbado incorrigível.
O Verão terminara e Maria Eduarda regressara dos Olivais a Lisboa. O único
obstáculo que parece opor-se agora a que os dois amantes consumem pela união
conjugal a sua felicidade é o desgosto que Carlos não quer com ela dar ao avô. Eis
senão quando um parente de Dâmaso, o Sr. Guimarães, residente em Paris e de
passagem por Lisboa, desconhecendo em absoluto o que se passava, aborda o Ega
para que ele se encarregue de entregar a Carlos ou a sua irmã, Maria Eduarda, uma
caixa que a mãe deles lhe confiara à hora da morte, e que continha papéis
importantes.
Ega, atordoado, certifica-se da brutal verdade: o amor de Carlos e Maria
Eduarda é uma incestuosa relação entre irmãos. Resolve comunicar o facto primeiro
ao procurador dos Maias, que procura no dia seguinte, para que seja este a prevenir
Carlos. Este fica transtornado, mas não rompe a relação carnal com aquela que sabe
ser sua irmã. Não antes, porém, que o conhecimento do que se passava fulminasse
de morte o avô.
É essa morte que acaba por decidir Carlos a romper. Após sepultar o avô,
parte para Santa Olávia, deixando a Ega o encargo de explicar a Maria Eduarda a
situação. Esta, a conselho de Ega e já a expensas dos Maias, parte para Paris.
Carlos e Ega viajam também, até que o primeiro se fixa em Paris.
A história termina com o encontro de ambos, dez anos depois, em Lisboa,
onde Carlos vem de visita, onde anuncia a Ega que Maria Eduarda casara em
Orleães, dando, ambos, como falhadas as respetivas vidas.

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