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CENTRO DE ENSINO À DISTÂNCIA

PLANO DE AULA 1 DA DISCIPLINA DE DIREITO ADMINISTRATIVO

AULA 1 : Introdução ao Direito Administrativo

Objetivos da aula:

No final desta aula, os estudantes devem se capazes de:


 Definir o direito Administrativo
 Conhecer a natureza, objeto, método, e função do direito administrativo
 Conhecer os tipos de normas administrativas

Metodologia a usar na aula:

 Fazer a selecção e organização de tempo e espaço adequados para estudar


 Ler os objectivos, tópicos e textos da aula e tomar notas em rascunho
 Elaborar as fichas de leitura
 Resolver as questões orientadoras da aula
 Enviar as questões resolvidas ao docente via E-mail da turma

CONTEUDOS DA AULA 1

Noção de Direito Administrativo


O Direito Administrativo é um ramo de direito que corresponde a um complexo de princípios e regras com
um objecto específico, onde esse objecto constitui a função administrativa, face a essa situação,
podemos dizer que consiste num Direito Comum da função administrativa.
Neste sentido, olhando este ramo de Direito como sendo da função administrativa, é importante vincar
que este direito não regula apenas a actuação da administração pública na administração pública, isso
partindo do princípio que a actuação de todos os sujeitos jurídicos , ainda que não integrantes daquela
que exerçam a função administrativa ( DE SOUSA, 2004,p.49).
Para MACIE apud CRETELLA JÚNIOR (2012:40) Direito administrativo é o ramo do direito público
intermo, que é indispensável para as actividades de pessoas jurídicas públicas, quando tem como
objectivo a procecussão dos interesses públicos, ou seja, ramo de Direito público interno que regula as
actividades das pessoas jurídicas públicas e a instituição de meios e órgãos relativos à acção dessas
pessoas.
Na concepção do renomado Doutrinário Marcelo CAETANO, o Direito administrativo, designa-se ao
sistema das normas jurídicas que regulam a organização e o processo próprio de agir da administração
pública e disciplinam as relações pelas quais ela prossiga interesses da colectividade onde esta tem a
prerrogativa de usar de inciciativa do privilégio de execução prévia.
Segundo AMARAL (2006,p.140) o Direito administrativo é defenido como o ramo do direito público
constituído por um sistema de normas jurídicas que visam regular a organização e o funcionamento da
administração pública, assim como as relações por ela estabelecidas assim com outros sujeitos de direito
no exercício da actividade administrativa de gestão pública, olhando para esta definição é perceptível
verificar os seguintes aspects:
Que o Direito administrativo é constituído por um sistema de normas jurídicas de três tipos diferentes,
conforme regulem a organização da administração, o seu funcionamento ou as relações estabelecidas,
entre ela e outros sujeitos de Direito.
Que o direito administrativo não regulça toda administração, mas apenas uma parte dela, isso partindo do
princípio que não é da alçada do Direito administrativo regular actividades administrativas de gestão
privada, pois esta, limita-se apenas à actividade administrativa de gestão pública.(ibid)
O Direito Administrativo como Direito Público
O Direito Administrativo é, na ordem jurídica Moçambicana, um ramo de Direito Público. E é um ramo de
Direito Público, qualquer que seja o critério adoptado para distinguir o Direito Público de Direito Privado.
Se se adoptar o critério do interesse, o Direito Administrativo é Direito Público, porque as normas de
Direito Administrativo são estabelecidas tendo em vista a prossecução do interesse colectivo, e destinam-
se justamente a permitir que esse interesse colectivo seja realizado.
Se se adoptar o critério dos sujeitos, o Direito Administrativo é Direito Público, porque os sujeitos de
Direito que compõem a administração são todos eles, sujeitos de Direito Público, entidades públicas ou
como também se diz, pessoas colectivas públicas. (AMARAL,2006,p.141)
Se, enfim, se adoptar o critério dos poderes de autoridade, também o Direito Administrativo é o Direito
Público porque a actuação da administração surge investida de poderes de autoridade.(Ibid.142)
Tipos de normas administrativas
O Direito Administrativo é um conjunto de normas jurídicas.
Mas não é um conjunto qualquer: é um conjunto organizado, estruturado, obedecendo a princípios
comuns e dotado de um espírito próprio – ou seja, é um conjunto sistemático, é um sistema.
Há a considerar três tipos de normas administrativas: as normas orgânicas, as normas funcionais, e as
normas relacionadas.
Normas orgânicas:.estas normas, são as que regulam a organização administrativa pública, estas,
estabelecem as entidades e organismos que fazem parte da administração, e que determinam a sua
estrutura, os seus órgãos e os seus serviços que definem a sua organização, olhando para essas normas
é importante frisar que estas ao serem observadas pela administração pública constitui uma das
garantias dos direitos e interesses legítimos dos particulares (AMARAL,2006,p.143)
Normas funcionais: no que toca às normas funcionais é de evidenciar que estas têm relevancia as
normas processuais, assim, estas norrmas são as que regulam o modo de agir específico da
administração pública, estabelecendo, processos de funcionamento, métodos de trabalho, tramitação a
seguir, formalidades a seguir.
No que toca à estas normas é de frisar que houve tempos que foram consideradas como puramente
internas sem caracter jurídico obrigatório , não podendo ser invocadas pelos particulares ao seu favor se
tivessem sido violadas pela administração. (Ibid).
Normas relacionais: designa-se de normas relacionais, as que regulam as relações entre a
administração pública e outros sujeitos de direito no âmbito da actividade administrativa de gestão pública
onde a partir destas relações destacam-se as relações entre a administração pública e os particulares ,
relações entre duas ou mais pessoas colectivas e relações entre particulares. Diante disto, essas normas
conhecem três bifurações:
 As que conferem poderes de autoridade à administração pública face aos pariculares
 As que submetem a administração pública a deveres, sujeições, ou limitações especiais impostos
por motivos de interesse público
 As que atribuem direitos subjectivos e interesses legítimos aos particulares, a título de exemplo:
Lei do procedimento administrativo, Decreto nº 30/2001 e o Decreto n.º 15/2010 de 15 de Maio.
(MACIE,2012,p.43)
Actividade de gestão pública e de gestão privada
São actos de gestão privada, os que se compreendem numa actividade em que a pessoa colectiva,
despida do poder político, se encontra e actua numa posição de paridade com os particulares a que os
actos respeitem e, portanto, nas mesmas condições e no mesmo regime em que poderia proceder um
particular, com submissão às normas de Direito Privado.
São actos de gestão pública, os que se compreendem no exercício de um poder público, integrando
eles mesmo a realização de uma função pública da pessoa colectiva, independentemente de envolverem
ou não o exercício de meios de coacção, e independentemente ainda das regras, técnicas ou de outra
natureza, que na prática dos actos devam ser observadas. (AMARAL,2006,p.150)
O Direito Administrativo regula apenas, e abrange unicamente, a actividade de gestão pública da
administração. À actividade de gestão privada aplicar-se-á o Direito Privado – Direito Civil, Comercial, etc.

Natureza do Direito Administrativo

 O Direito Administrativo como Direito excepcional:

É um conjunto de excepções ao Direito Privado. O Direito Privado – nomeadamente o Direito Civil –


era a regra geral, que se aplicaria sempre que não houvesse uma norma excepcional de Direito
Administrativo aplicável.( AMARAL,2006,p.152)

 O Direito Administrativo como Direito comum da Administração Pública:

Há quem diga que sim. É a concepção subjectivista ou estatutária do Direito Administrativo, defendida
com brilho inegável por Garcia de Enterría e T. Ramon Fernandez, e perfilhada entre nós por Sérvulo
Correia.
Para Garcia de Enterría, há duas espécies de Direitos (objectivos): os Direitos gerais e os Direitos
estatutários. Os primeiros são os que regulam actos ou actividades, quaisquer que sejam os sujeitos que
os pratiquem ou exerçam; os segundos são os que se aplicam a uma certa classe de sujeitos. Ainda
segundo este autor, o Direito Administrativo é um Direito estatutário, porque estabelece a regulamentação
jurídica de uma categoria singular de sujeitos – as Administrações Públicas.(Ibid.p.153)
 O Direito Administrativo como Direito comum da Função Administrativa:

Em primeiro lugar, não é por ser estatutário que o Direito Administrativo é Direito Público. Há normas de
Direito Privado que são específicas da Administração Pública. Portanto o facto de uma norma jurídica ser
privativa da Administração Pública, ou de uma especial pessoa colectiva pública, não faz dela
necessariamente uma norma de Direito Público.
Em segundo lugar. O Direito Administrativo não é, por conseguinte, o único ramo de Direito aplicável à
Administração Pública. Há três ramos de Direito que regulam a Administração Pública:
 O Direito Privado;
 O Direito Privado Administrativo;
 O Direito Administrativo.(AMARAL,2006,p.154)
Em terceiro lugar contestamos que a presença da Administração Pública seja um requisito necessário para
que exista uma relação jurídica administrativa.
O Direito Administrativo, não é um Direito estatutário: ele não se define em função do sujeito, mas sim em
função do objecto.
O Direito Administrativo não é pois, o Direito Comum da Administração Pública, mas antes o Direito comum
da função administrativa. (Ibid.p.155)
Função do Direito Administrativo
As principais opiniões são duas – a função do Direito Administrativo é conferir poderes de autenticidade à
Administração Pública, de modo a que ela possa fazer sobrepor o interesse colectivo aos interesses privados
(“green light theories”); ou a função do Direito Administrativo é reconhecer direitos e estabelecer garantias em
favor dos particulares frente ao Estado, de modo a limitar juridicamente os abusos do poder executivo, e a
proteger os cidadãos contra os excessos da autoridade do Estado (“ red light theories”).
A função do Direito Administrativo não é, por consequência, apenas “autoritária”, como sustentam as green
light theories, nem é apenas “liberal” ou “garantística”, como pretendem as red light theories. O Direito
Administrativo desempenha uma função mista, ou uma dupla função: legitimar a intervenção da autoridade
pública e proteger a esfera jurídica dos particulares; permitir a realização do interesse colectivo e impedir o
esmagamento dos interesses individuais; numa palavra, organizar a autoridade do poder e defender a
liberdade dos cidadãos.(AMARAL,2006,p.157)

Bibliografia:

DE SOUSA, M. 2004.Direito Administrativo: introdução e princípios fundamentais, TOMO I, Lisboa.


AMARAL, D. 2006. Curso de Direito Administrativo, Vol.I, 3ª edição, Almedina SA. Lisboa,
CAETANO, M. Sd. Manual de Direito Administrativo, Vol II, Coimbra, Almedina SA.
MACIE, A. 2012. Lições de Direito Administrativo Moçambicano, Vol.I, escolar editora Lda., Maputo.

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