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CHATAZA, Calulo A
UNIZAMBEZE FCT
FCT ANALISE DE CIRCUITOS ELECTRICOS
Sumário
CAPITULO I: CIRCUITOS TRIFÁSICOS .......................................................................................... 5
TENSÕES TRIFÁSICAS EQUILIBRADAS ................................................................................... 5
CARGA EQUILIBRADA................................................................................................................. 7
CONEXÃO ESTRELA-ESTRELA EQUILIBRADA ...................................................................... 8
CONEXÃO ESTRELA-TRIÂNGULO EQUILIBRADA ................................................................ 9
CONEXÃO TRIÂNGULO-TRIÂNGULO EQUILIBRADA ........................................................ 10
CONEXÃO TRIÂNGULO-ESTRELA EQUILIBRADA .............................................................. 11
POTÊNCIA EM UM SISTEMA EQUILIBRADO ........................................................................ 12
SISTEMAS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS ........................................................................ 13
EXERCÍCIOS SOBRE CIRCUITOS TRIFÁSICOS...................................................................... 14
CAPITULO II: FENÓMINOS TRANSITORIOS ................................................................................ 17
TRANSITÓRIO EM CORRENTE CONTINUA ............................................................................. 17
TRANSITÓRIO RL ......................................................................................................................... 17
TRANSITÓRIO RC......................................................................................................................... 21
CARGA NO TRANSITÓRIO RC ................................................................................................... 24
TRANSITÓRIO RLC ...................................................................................................................... 26
EXERCÍCIO SOBRE FENÓMENOS TRANSITÓRIOS .............................................................. 29
CAPITULO III: TEORIA DE QUADRIPOLOS ................................................................................ 30
PARÂMETROS DE IMPEDÂNCIA .............................................................................................. 30
PARÂMETROS DE ADMITÂNCIA ............................................................................................. 32
PARÂMETROS HÍBRIDOS .......................................................................................................... 33
PARÂMETROS DE TRANSMISSÃO .......................................................................................... 34
INTERCONEXÃO DE CIRCUITOS ELÉTRICOS ....................................................................... 35
CONEXÃO EM SERIE .................................................................................................................. 36
CONEXÃO EM PARALELO ........................................................................................................ 36
CONEXÃO EM CASCATA ........................................................................................................... 37
CAPITULO IV: CAMPO ELECTROSTÁTICO ................................................................................ 38
FORCAS ENTRE CARGAS. LEI DE COULOMB ....................................................................... 38
INTENSIDADE DO CAMPO ELÉCTRICO ................................................................................. 39
O CAMPO ELÉCTRICO COMO UM CAMPO DE POTENCIAL ............................................... 40
LINHAS DE FORÇAS E LINHAS EQUIPOTENCIONAIS ......................................................... 41
GRADIENTE DE POTECIAL ....................................................................................................... 42
O OPERADOR NABLA................................................................................................................. 43
O GRADIENTE DE POTENCIAL EM COORDENADAS CILÍNDRTICAS E ESFÉRICAS .... 44
FLUXO DE UM VECTOR ATRAVÉS DE UMA ELEMENTO DE SUPERFÍCIE E ATRAVÉS
DE UMA SUPERFÍCIE .................................................................................................................. 45
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FCT-ANCE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
𝑈𝑓 ∠𝛽 𝑍𝐿
Circuitos ou sistemas nos quais as fontes CA operam na mesma frequência, porém, em fases
diferentes, são conhecidos como polifásicos. A Figura 1.2 ilustra um sistema quadrifilar
trifásico. Diferentemente de um sistema monofásico, um sistema trifásico é produzido por um
gerador formado por três fontes de mesma amplitude e frequência, porém defasadas entre si
por 120º. Uma vez que o sistema trifásico é o sistema polifásico muito mais frequente e mais
econômico, discutiremos neste capítulo basicamente sobre sistemas trifásicos.
𝑈𝑓 ∠0𝑜 𝑍𝐿1
a A
𝑈𝑓 ∠−120𝑜 𝑍𝐿2
b B
𝑈𝑓 ∠+120𝑜 𝑍𝐿3
c C
n N
Figura 1.2 Sistema Trifásico
Os sistemas trifásicos são importantes, pois, em primeiro lugar, quase toda energia eléctrica é
produzida e distribuída em três fases, em uma frequência de operação igual a 60 Hz, na
América, ou 50 Hz, em Moçambique e algumas outras partes do mundo.
Iniciamos nossa discussão com tensões trifásicas equilibradas. Em seguida, analisamos cada
uma das quatro configurações possíveis dos sistemas trifásicos equilibrados. Também
tratamos dos sistemas trifásicos desequilibrados.
Figura 1.3 (a) Gerador trifásico, (b) Tensoes produzidas se encotram desfasadas 120 entre si
Um sistema trifásico típico é formado por três fontes de tensão conectadas a cargas por três
ou quatro fios (ou linhas de transmissão). Um sistema trifásico equivale a três circuitos
monofásicos. As fontes de tensão podem ser interligadas em estrela, como indicado na Figura
1.4(a), ou então em triângulo, como indicado na Figura 4(b).
a a
𝑈𝑎𝑛
𝑈𝑐𝑎 𝑈𝑎𝑏
n
𝑈𝑐𝑛
𝑈𝑏𝑛
b b
𝑈𝑏𝑐
c c
(a) (b)
Figura 1.4 Fontes de tensão trifásicas: (a) fonte conectada em estrela; (b) fonte conectada em triângulo
Por enquanto, consideremos as tensões ligadas em triângulo da Figura 1.4(b). As tensões 𝑈𝑎𝑛 ,
𝑈𝑏𝑛 e 𝑈𝑐𝑛 , chamadas tensões de fase, são, respectivamente, aquelas entre as linhas a, b e c e
o neutro n. Se as fontes de tensão tiverem a mesma amplitude e frequência ω e estiverem
defasadas por 120º, diz-se que as tensões estão equilibradas. Isso implica
𝑈𝑎𝑛 + 𝑈𝑏𝑛 + 𝑈𝑐𝑛 = 0 1.1
|𝑈𝑎𝑛 | = |𝑈𝑏𝑛 | = |𝑈𝑐𝑛 | 1.2
Portanto: As tensões de fase são iguais em magnitude e estão desfasadas entre si por 120º.
Figura 1.5
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CARGA EQUILIBRADA
Uma carga equilibrada é aquela no qual as impedâncias por fase são iguais em magnitude e
fase.
a a
𝑍1
n 𝑍𝑏 𝑍𝑐
𝑍3 𝑍2
b b
𝑍𝑎
c c
(a) (b)
Figura 1.6 (a) carga conectada em estrela (b) carga conectada em triângulo
Para uma carga conectada em estrela equilibrada,
𝑍1 + 𝑍2 + 𝑍3 = 𝑍𝑌 1.6
onde 𝑍𝑌 é a impedância de carga por fase. Para uma carga conectada em estrela equilibrada,
𝑍𝑎 + 𝑍𝑏 + 𝑍𝑐 = 𝑍∆ 1.7
onde 𝑍∆ é, nesse caso, a impedância de carga por fase. Portanto, sabemos que uma carga
conectada em estrela pode ser transformada em uma carga conectada em triângulo, ou vice-
versa, usando a Equação (1.8).
1
𝑍∆ = 3𝑍𝑌 𝑜𝑢 𝑍𝑌 = 𝑍∆ 1.8
3
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Supomos uma carga equilibrada de modo que as impedâncias de carga sejam iguais. Embora
a impedância 𝑍𝑌 seja a impedância de carga total por fase, ela também pode ser considerada
a soma da impedância da fonte 𝑍𝑠 , a impedância da linha 𝑍𝑙 e a impedância de carga 𝑍𝐿 por
fase, já que essas impedâncias estão em série. Como ilustrado na Figura 1.7, 𝑍𝑠 representa a
impedância interna do enrolamento de fase do gerador; 𝑍𝑙 é a impedância da linha que conecta
a fase da fonte com a fase da carga; 𝑍𝐿 é a impedância de cada fase da carga; e 𝑍𝑛 é a
impedância da linha neutra. Portanto:
𝑍𝐿 + 𝑍𝑙 + 𝑍𝑠 = 𝑍𝑌 1.9
Supondo-se a sequência positiva, as tensões de fase (ou tensões linha-neutro) são
𝑈𝑎𝑛 = 𝑈𝑓 ∠00
𝑈𝑏𝑛 = 𝑈𝑓 ∠−1200
𝑈𝑐𝑛 = 𝑈𝑓 ∠+1200 1.10
As tensões linha-linha ou, simplesmente, as tensões de linha 𝑈𝑎𝑏 , 𝑈𝑏𝑐 e 𝑈𝑐𝑎 estão
relacionadas com as tensões de fase. Por exemplo,
𝑈𝑎𝑏 = 𝑈𝑎𝑛 + 𝑈𝑛𝑏 = 𝑈𝑎𝑛 − 𝑈𝑏𝑛 = 𝑈𝑓 ∠00 − 𝑈𝑓 ∠−1200 = √3𝑈𝑓 ∠300
𝑈𝑏𝑐 = 𝑈𝑏𝑛 − 𝑈𝑐𝑛 = √3𝑈𝑓 ∠−900
𝑈𝑐𝑎 = 𝑈𝑐𝑛 − 𝑈𝑎𝑛 = √3𝑈𝑓 ∠−2100 1.11
Portanto, a tensão de linha será:
𝑈𝐿 = √3𝑈𝑓 1.12
e
𝑈𝐿 = |𝑈𝑎𝑏 | = | 𝑈𝑏𝑐 | = |𝑈𝑐𝑎 | 1.13
Aplicando as Leis de Kirchhoff em cada fase, obtemos as seguintes corrente correntes de linha:
𝑈𝑎𝑛 𝑈𝑏𝑛 𝑈𝑐𝑛
𝐼𝑎 = = 𝐼𝑎 ∠00 ; 𝐼𝑏 = = 𝐼𝑎 ∠−1200 ; 𝐼𝑐 = = 𝐼𝑎 ∠−2400 1.14
𝑍𝑌 𝑍𝑌 𝑍𝑌
Podemos concluir imediatamente que a soma das correntes de linha é zero
𝐼𝑎 + 𝐼𝑏 + 𝐼𝑐 = 0 1.15
logo
𝐼𝑛 = −(𝐼𝑎 + 𝐼𝑏 + 𝐼𝑐 ) = 0 𝑜𝑢 𝑈𝑛𝑁 = 𝑍𝑛 𝐼𝑛 = 0 1.16
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a 𝐼𝑎 A
𝑈𝑎𝑛
𝐼𝑏 B
b C
𝐼𝑐 𝐼𝐵𝐶 𝑍∆
c
Figura 1.8 Conexão estrela-triângulo equilibrada
Neste caso, não há, obviamente, nenhuma conexão neutra da fonte para a carga. Supondo a
sequência positiva, as tensões de fase são novamente
𝑈𝑎𝑛 = 𝑈𝑓 ∠00
𝑈𝑏𝑛 = 𝑈𝑓 ∠−1200
𝑈𝑐𝑛 = 𝑈𝑓 ∠+1200 1.18
Como vimos a cima, as tensões de linha são:
𝑈𝑎𝑏 = √3𝑈𝑓 ∠300 = 𝑈𝐴𝐵
𝑈𝑏𝑐 = √3𝑈𝑓 ∠−900 = 𝑈𝐵𝐶
𝑈𝑐𝑎 = √3𝑈𝑓 ∠−2100 = 𝑈𝐶𝐴 1.19
A partir dessas tensões, podemos obter as correntes de fase, como segue:
Essas correntes possuem a mesma magnitude, porém, estão defasadas entre si por 120º.
As correntes de linha são obtidas das correntes da fase aplicando a Lei de Kirchhoff nos nós
A, B e C. Portanto,
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𝑈𝑐𝑎 𝑈𝑎𝑏 𝑍𝑐 𝑍𝑏
c b 𝐼𝑏 B C
𝑈𝑏𝑐 𝐼𝑐 𝐼𝐵𝐶 𝑍𝑎
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𝑍1
𝑍2 𝑍3
c b B
C
𝑈𝑏𝑐
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𝑈𝑎𝑛
c b
𝑈𝑏𝑐
Figura 1.11 Transformação de uma fonte conectada em triângulo em uma fonte em estrela equivalente
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Logo,
Um sistema desequilibrado se deve a fontes de tensão desequilibradas ou a uma carga
desequilibrada.
Para simplificar a análise, vamos supor fontes de tensão equilibradas, porém, uma carga
desequilibrada.
Sistemas trifásicos desequilibrados são resolvidos pela aplicação direta de análise de malhas
e análise nodal.
A
𝑍𝐴
N
𝑍𝐵 𝑍𝐶
B
C
Figura 1.12 carga trifásica conectada em estrela desequilibrada
A Figura 1.12 mostra um exemplo de um sistema trifásico desequilibrado formado por tensões
de fonte equilibradas (não mostradas na figura) e por uma carga conectada em estrela
desequilibrada Uma vez que a carga está desequilibrada, 𝑍𝐴 , 𝑍𝐵 e 𝑍𝐶 não são iguais. As
correntes de linha são determinadas pela lei de Ohm, como segue
𝑈𝐴𝑁 𝑈𝐵𝑁 𝑈𝐶𝑁
𝐼𝑎 = ; 𝐼𝑏 = ; 𝐼𝑐 = 1.40
𝑍𝐴 𝑍𝐵 𝑍𝐶
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440∠00 6 − 𝑗8, Ω
n N
440∠1200 440∠ − 1200 6 − 𝑗8, Ω 6 − 𝑗8, Ω
b B
c C
Figura do exercício 2
a A
2Ω
440∠00 10 + 𝑗5, Ω
n N
440∠1200 440∠ − 1200 20Ω 10 + 𝑗5, Ω
b 2Ω B
c C
2Ω
Figura do exercício 5
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𝑈𝑎𝑛
b B C
𝑍𝑝
c
Figura do exercício 6
110∠00
110∠1200
110∠ − 1200
b 2, Ω B C
9 − 𝑗6, Ω
c 2, Ω
Figura do exercicio 7
8. Para o circuito triângulo-triângulo da Figura a baixo, calcule as correntes de linha e de
fase.
a A
c b B C
0
173∠ − 120 30 + 𝑗10, Ω
9. As tensões linha-linha em uma carga conectada em estrela têm magnitude igual a 440
V e estão na sequência positiva em 60 Hz. Se as cargas estiverem equilibradas com
𝑍1 = 𝑍2 = 𝑍3 = 25∠30𝑜 Ω, determine todas as correntes de linha e tensões de fase.
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FCT ANALISE DE CIRCUITOS ELECTRICOS
c b B C
0
240∠ − 120 4,2 − 𝑗2,2, Ω
Banco de
condensadores Carga 1 em triângulo Carga 2 em estrela
em estrela 𝑍1 = 10∠300 Ω 𝑍2 = 4∠36,870 Ω
𝑍𝐶 = 5∠−900 Ω
a) Quando a chave estiver aberta, quais são os valores de: Corrente fornecida pela
concessionaria, A potência activa reactiva e aparente.
b) Repita a alínea a) quando a chave estiver fechada.
13. Tem-se uma carga desequilibrada conectada em triângulo:𝑍𝐴𝐵 = 10∠900 Ω, 𝑍𝐵𝐶 =
10∠900 Ω, 𝑍𝐶𝐴 = −10∠900 Ω, alimentada por um sistema de sequência positiva de
220V. Calcule:
a) As correntes de fase.
b) Correntes de linha
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FCT-ANCE II FENOMINOS TRANSITORIOS
Figura 2.1
𝑅 𝑈
(𝐷 + ) 𝑖 = 2.2
𝐿 𝐿
A equação (2.2) e uma equação diferencial linear de primeira ordem do tipo:
𝑑𝑦
− 𝑎𝑦 = 𝑅 𝑜𝑢 (𝐷 − 𝑎)𝑦 = 𝑅 2.3
𝑑𝑥
𝑑
Onde 𝐷 = 𝑑𝑡 , 𝑎 é uma constante e R pode ser uma função de 𝑥, mas não de 𝑦. A solução
completa de (2.3), composta da função completa e da solução particular, é:
𝑦 = 𝑦𝑐 + 𝑦𝑝 = 𝐶𝑒 𝑎𝑥 + 𝑒 𝑎𝑥 ∫ 𝑒 −𝑎𝑥 𝑅 𝑑𝑥 2.4
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FCT-ANCE II FENOMINOS TRANSITORIOS
Onde 𝐶 é uma constante arbitrária, determinada com conhecimento das condições iniciais. Pela
equação (2.4) a solução de (2.2) é:
𝑅⁄ )𝑡 𝑅⁄ )𝑡 𝑅⁄ )𝑡 𝑈 𝑅 𝑈
𝑖 = 𝑐𝑒 −( 𝐿 + 𝑒 −( 𝐿 ∫ 𝑒( 𝐿 ( ) 𝑑𝑥 = 𝑐𝑒 −( ⁄𝐿)𝑡 + 2.5
𝐿 𝑅
Para determinar C faz-se t=0 em (2.5) e substitui-se i pela corrente inicial i0 . Esta corrente inicial
é a corrente imediatamente após o fechamento do interruptor. A tensão e a corrente lidam-se à
𝑑𝑖 1
indutância pelas relações 𝑢 = 𝐿 𝑑𝑡 𝑒 𝑖 = 𝐿 ∫ 𝑢𝑑𝑡. A segunda expressão nos assegura que, seja
qual for a tensão aplicada, a corrente em um indutor deve ser nula, também, em 𝑡 = 0+ .
Substituindo em (2.5), temos
Figura 2.2
O traçado mostra o período de transição, durante o qual a corrente se ajusta, desde o seu valor
𝑈
inicial zero, ao valor final 𝑅 , o estado estacionário.
A constante de tempo 𝜏 de uma função tal como (2.7) é o tempo que faz o expoente de 𝑒 egual a
𝐿
unidade. Assim para o circuito RL, a constante de tempo é 𝛾 = 𝑅segundos. Para 1 𝜏 a quatidade
da figura entre parentes em (2.7) tem para valor (1 − 𝑒 −1 ) = (1 − 0,365) = 0,632. Decorrido
esse tempo a corrente é 63,2% do se valor final. Do mesmo modo para 2 𝜏 , (1 − 𝑒 −2 ) =
(1 − 0,135) = 0,865. E a corrente e 86,5% do seu valor final decorridos 5 𝜏, geralmente,
considera-se terminado o regime transitório por conveniência, usa-se a constante de tempo como
unidade para a representação gráfica da equação (2.7) da corrente.
Outro exemplo: no decréscimo exponencial da figura 2.3, cuja equação é 𝑓(𝑡) = 𝑒 −𝛼𝑡
Onde a constante de tempo (tempo que torna unitário o expoente de 𝑒) e 𝜏 = 𝛼𝑡, para 𝜏 = 1tem-
se 𝑒 −1 = 0,368, isto é, a função reduziu-se para 36,8% do seu valor inicial A. Para 𝜏 = 2tem-se
𝑒 −2 = 0,135, e a função reduziu-se para 13,5% do seu valor inicial A. após 5𝜏, considera-se
terminado o regime transitório.
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FCT-ANCE II FENOMINOS TRANSITORIOS
Figura 2.3
As tensões transitórias nos elementos do circuito RL são obtidas a partir da corrente. Assim a
tensão na resistência é:
𝑅⁄ )𝑡
𝑢𝑅 = 𝑅𝑖 = 𝑈 (1 − 𝑒 −( 𝐿 ) 2.9
E a tensão no indutor é:
𝑑𝑖 𝑑 𝑈 𝑅
𝑢𝐿 = 𝐿 = 𝐿 { (1 − 𝑒 −( ⁄𝐿)𝑡 )} 2.10
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑅
A tensão transitória na resistência cresce com a mesma constante de tempo que a corrente,
enquanto que a tensão na indutância cai exponencialmente, porem com a mesma constante de
tempo. A soma de 𝑈𝑅 𝑒 𝑈𝐿 , satisfaz a lei de Kirchhoff, durante o período transitório. Ver a
equação (2.4).
Figura 2.4
𝑅⁄ )𝑡 𝑅⁄ )𝑡
𝑢𝑅 + 𝑢𝐿 = 𝑈 (1 − 𝑒 −( 𝐿 )+ 𝑈𝑒 −( 𝐿 =𝑈 2.11
A potência instantânea em qualquer elemento do circuito é dada pelo produto da tensão pela
corrente. Assim, a potência no resistor é:
𝑅⁄ )𝑡 𝑈 𝑅⁄ )𝑡 𝑈2 𝑅 𝑅
𝑝𝑅 = 𝑢𝑅 𝑖 = 𝑈 (1 − 𝑒 −( 𝐿 ) (1 − 𝑒 −( 𝐿 ) = (1 − 2𝑒 −( ⁄𝐿)𝑡 + 𝑒 −2( ⁄𝐿)𝑡 ) 2.12
𝑅 𝑅
E na indutância:
𝑅⁄ )𝑡 𝑈 𝑅⁄ )𝑡 𝑈 2 −(𝑅⁄ )𝑡 𝑅
𝑝𝐿 = 𝑢𝐿 𝑖 = 𝑈 (𝑒 −( 𝐿 ) (1 − 𝑒 −( 𝐿 ) = (𝑒 𝐿 + 𝑒 −2( ⁄𝐿)𝑡 ) 2.12
𝑅 𝑅
E a potência total é, então:
𝑈2 𝑅
𝑝𝑇 = 𝑝𝑅 + 𝑝𝐿 = (1 − 𝑒 −( ⁄𝐿)𝑡 ) 2.14
𝑅
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FCT-ANCE II FENOMINOS TRANSITORIOS
𝑈2
A figura 2.5 mostra essas três funções, onde 𝑝𝑅 𝑒𝑝𝑇 𝑡𝑒𝑚 𝑅 𝑜𝑢 𝐼 2 𝑅 para valor estacionário,
enquanto que I é o valor estacionário da corrente. A potência transitória na indutância tem zero
para valores iniciais e final e é a potência que responde pela energia armazenada no campo
magnético da bobina. Verifica-se isso integrando 𝑝𝐿 desde zero ao infinito.
∞
𝑈 2 −(𝑅⁄ )𝑡 𝑅 1 𝑈2 𝐿 1
𝑊=∫ (𝑒 𝐿 − 𝑒 −2( ⁄𝐿)𝑡 ) 𝑑𝑡 = ( ) = 𝐿𝐼 2 2.15
0 𝑅 2 𝑅 𝑅 2
Figura 2.5
𝑈
No circuito RL da figura 2.6, existe uma corrente inicial 𝑖0 = 𝑅 . Quando t=0, o interruptor é
deslocado para a posição 2, desligando a fonte e, ao mesmo tempo, pondo em curto-circuito o
braço de R e L em série. A aplicação da lei de Kirchhoff para as tensões ao circuito livre da fonte
resulta na equação:
𝑑𝑖 𝑅
𝑅𝑖 + 𝐿 = 0 𝑜𝑢 (𝐷 + ) 𝑖 = 0 2.16
𝑑𝑡 𝐿
Cuja solução é:
𝑅⁄ )
𝑖 = 𝑐𝑒 −( 𝐿 2.17
Figura 2.6
𝑈 𝑈
Para t=0, a corrente inicial é 𝑖0 = 𝑅 . Substituindo em (2.17) 𝑐 = 𝑅 e a equação da corrente é:
𝑈 −(𝑅⁄ )𝑡
𝑖= 𝑒 𝐿 2.18
𝑅
A figura 2.7(a) é uma representação dessa equação. As tensões correspondentes na resistência e
na indutância são:
𝑅⁄ )𝑡 𝑑𝑖 𝑅
𝑢𝑅 = 𝑅𝑖 = 𝑈𝑒 −( 𝐿 𝑒 𝑢𝐿 = 𝐿 = −𝑈𝑒 −( ⁄𝐿)𝑡 2.19
𝑑𝑡
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FCT-ANCE II FENOMINOS TRANSITORIOS
Mostardas na figura 2.7(b). a soma 𝑢𝑅 + 𝑢𝐿 satisfaz à lei de kirchhoff, já que a tensão aplicada é
𝑈2 𝑅⁄ )𝑡
nula com interruptor na posição 2. As potencias instantâneas 𝑝𝑅 = 𝑒 −2( 𝐿 𝑒 𝑝𝐿 =
𝑅
𝑈2 𝐿
𝑒 −( ⁄𝑅)𝑡
são mostradas na figura 2.7(c). integrando-se 𝑝𝐿 de zero ao infinito, verifica-se que a
𝑅
energia liberada é exatamente aquela que foi armazenada no campo magnético durante o período
1
transitório anterior, isto é, 2 𝐿𝐼 2 . Durante o período transitório de decréscimo, essa energia é
transferida ao resistor.
Figura 2.7
TRANSITÓRIO RC
Da aplicação da lei de Kirchhoff para tensões ao circuito RC da figura 2.8 resulta a seguinte
equação diferencial
1
∫ 𝑖𝑑𝑡 + 𝑅𝑖 = 𝑈 2.20
𝐶
E, após diferenciação, temos:
𝑖 𝑑𝑖 1
+ 𝑅 = 0 𝑜𝑢 (𝐷 + )𝑖 = 0 2.21
𝐶 𝑑𝑡 𝑅𝐶
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FCT-ANCE II FENOMINOS TRANSITORIOS
Figura 2.8
A solução dessa equação homogênea e constituída apenas pela função complementar, pois a
solução particular é zero. Assim, temos:
𝑡
𝑖 = 𝑐𝑒 −( ⁄𝑅𝐶 ) 2.22
Para determinar a constante c, observa-se que, na equação (20), para t=0, 𝑅𝑖0 = 𝑈. Substituindo
𝑈
o valor de 𝑖0 em (22), tem-se para t=0 𝑐 = 𝑅 . Então:
𝑈 −(𝑡⁄ )
𝑖= 𝑒 𝑅𝐶 2.22
𝑅
A equação (23) tem para representação uma exponencial decrescente, como mostra a figura
2.9(a)
As tensões transitórias correspondentes são:
𝑡 1 𝑡
𝑢𝑅 = 𝑅𝑖 = 𝑈𝑒 −( ⁄𝑅𝐶) 𝑒 𝑢𝑐 = ∫ 𝑖 𝑑𝑡 = 𝑈 (1 − 𝑒 −( ⁄𝑅𝐶) ) 2.24
𝐶
E estão representadas na figura 2.9. As potencias instantâneas são dadas por:
𝑈 2 −2(𝑡⁄ ) 𝑈 2 −(𝑡⁄ ) 𝑡
𝑝𝑅 = 𝑢𝑅 𝑖 = 𝑒 𝑅𝐶 𝑒 𝑝𝑐 = 𝑢𝑐 𝑖 = (𝑒 𝑅𝐶 − 𝑒 −2( ⁄𝑅𝐶 ) ) 2.25
𝑅 𝑅
Estão mostradas na figura 2.9 c.
A potência transitória 𝑝𝑐 , de valores iniciais e final nulos, é responsável pela energia que é
armazenada no campo eléctrico do capacitor. A integração do 𝑝𝑐 desde zero até o infinito verifica
essa afirmativa.
∞
𝑈 2 −𝑡⁄ 𝑡 1
𝑊=∫ (𝑒 𝑅𝐶 − 𝑒 −2 ⁄𝑅𝐶 ) 𝑑𝑡 = 𝐶𝑈 2 2.26
0 𝑅 2
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FCT-ANCE II FENOMINOS TRANSITORIOS
Figura 2.9
O interruptor do circuito série RC da figura 2.10 é mantido na posição 1 por um tempo suficiente
para o estabelecimento do regime estacionário e, no estante t=0 e mudado para a posição 2.
Nessa situação a equação do circuito é:
1 1
∫ 𝑖 𝑑𝑡 + 𝑅𝑖 = 0 𝑜𝑢 (𝐷 + )𝑖 = 0 2.27
𝐶 𝑅𝐶
Cuja solução é:
𝑡
𝑖 = 𝑐𝑒 −( ⁄𝑅𝐶 ) 2.28
Figura 2.10
Para determinar a constante c, faz-se t=0 em (2.28) e substitui-se a corrente inicial𝑖0 . Como o
capacitor é carregado a uma tensão U, com a polaridade indicada no diagrama, a corrente inicial,
𝑈 𝑈
na situação 2, é oposta a i; então 𝑖0 = − 𝑅 . Logo, 𝑐 = − 𝑅 e a corrente é:
𝑈 −(𝑡⁄ )
𝑖=− .𝑒 𝑅𝐶 2.29
𝑅
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FCT-ANCE II FENOMINOS TRANSITORIOS
Figura 2.11
CARGA NO TRANSITÓRIO RC
Algumas vezes é conveniente, num circuito série RC, conhecer a equação que representa a carga
𝑑𝑞
transitória q. como a corrente e a carga estão relacionadas por 𝑖 = 𝑑𝑡 , pode-se se necessário
determinar i por diferenciação.
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FCT-ANCE II FENOMINOS TRANSITORIOS
Figura 2.12
O capacitor da figura 2.12 carrega-se com a polaridade indicada, já que q tem o mesmo sentido
de i na figura 2.8. a equação do circuito em função da corrente
1
∫ 𝑖 𝑑𝑡 + 𝑅𝑖 = 𝑈 2.32
𝐶
𝑑𝑞
Pode ser escrita em função da carga, fazendo-se 𝑖 = . Assim,
𝑑𝑡
𝑞 𝑑𝑞 1 𝑈
+𝑅 = 𝑈 𝑜𝑢 (𝐷 + )𝑞 = 2.33
𝐶 𝑑𝑡 𝑅𝐶 𝑅
Empregando o método descrito na obtenção da equação (2.5), a solução é:
𝑡
𝑞 = 𝐶. 𝑒 −( ⁄𝑅𝐶) + 𝐶𝑈 2.34
Para t=0, a carga inicial do capacitor e 𝑞0 = 0 e, portanto:
𝑞0 = 0 = 𝐶(1) + 𝐶𝑈 𝑜𝑢 𝐶 = −𝑈𝐶 2.35
Substituindo esse valor de C em (2.34), obtém-se:
𝑡
𝑞 = 𝐶U(1 − 𝑒 −( ⁄𝑅𝐶 ) ) 2.36
A carga cresce exponencialmente para um valor final UC. Assim, se um circuito decresce, como
da figura 2.10, é analisado, sob o ponto de vista da carga, conclui-se que a carga cai
exponencialmente, desde o valor UC, de acordo com a equação:
𝑡
𝑞 = 𝐶U(𝑒 −( ⁄𝑅𝐶 ) ) 2.37
As funções representativas do crescimento e do decrescimento aparecem na figura 2.13(b). como
′ ′ ′
a carga deve ser uma função continua, q=CU para 𝑡(−) 𝑒 𝑡(+) , enquanto que i=0 para 𝑡(−) e para
′ 𝑈
𝑡(+) tem valor − 𝑅 .
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FCT-ANCE II FENOMINOS TRANSITORIOS
Figura 2.13
TRANSITÓRIO RLC
A aplicação da lei de Kirchhoff para as tensões ao circuito RLC série da figura 2.14 conduz à
seguinte equação
𝑑𝑖 1
𝑖𝑅 + 𝐿 + ∫ 𝑖𝑑𝑡 = 𝑈 2.38
𝑑𝑡 𝐶
Figura 2.14
Diferenciando, obtém-se:
𝑑𝑖 𝑑𝑖 𝑖 𝑅 1
𝑅 + 𝐿 + = 0 𝑜𝑢 (𝐷2 + 𝐷 + ) 𝑖 = 0 2.39
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝐶 𝐿 𝐿𝐶
Esta equação diferencial linear de segunda ordem é homogenia e tem solução particular nula. A
função complementar pode ser de qualquer dos três tipos, dependendo das amplitudes relativas
1
de R, L e C. os coeficientes na equação característica 𝐷2 + (𝑅⁄𝐿)𝐷 + 𝐿𝐶 = 0 são constantes e
as raízes da equação são
2 2
− 𝑅⁄𝐿 + √(𝑅⁄𝐿) − 4⁄𝐿𝐶 − 𝑅⁄𝐿 − √(𝑅⁄𝐿) − 4⁄𝐿𝐶
𝐷1 = 𝑒 𝐷2 = 2.40
2 2
2
Fazendo 𝛼 = − 𝑅⁄2𝐿 𝑒 𝛽 = √(𝑅⁄2𝐿) − 1⁄𝐿𝐶 , temos:
𝐷1 = 𝛼 + 𝛽 𝑒 𝐷2 = 𝛼 − 𝛽 2.41
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FCT-ANCE II FENOMINOS TRANSITORIOS
𝟐
Caso 2 (𝑹⁄𝟐𝑳) = 𝟏⁄𝑳𝑪. As raízes 𝑫𝟏 𝒆 𝑫𝟐 são iguais, resultando o caso de amortecimento
crítico. Pode-se escrever a equação (2.39) como:
[𝑫 − 𝜶][𝑫 − 𝜶)]𝒊 = 𝟎 𝟐. 𝟒𝟒
A solução é:
𝒊 = 𝒆𝜶𝒕 (𝑪𝟏 + 𝑪𝟐 𝒕) 𝟐. 𝟒𝟓
𝟐
Caso 2 (𝑹⁄𝟐𝑳) < 𝟏⁄𝑳𝑪. As raízes 𝑫𝟏 𝒆 𝑫𝟐 são complexas conjugadas, a solução é
𝟐
subamortecimento ou oscilatório. Fazendo 𝛽 = √𝟏⁄𝑳𝑪 − (𝑹⁄𝟐𝑳) e 𝜶 como anteriormente, a
equação (2.39) se torna:
[𝑫 − (∝ +𝒋𝜷)][𝑫 − (∝ −𝒋𝜷)]𝒊 = 𝟎 𝟐. 𝟒𝟔
A solução é:
𝒊 = 𝒆𝜶𝒕 (𝑪𝟏 𝐜𝐨𝐬 𝜷𝒕 + 𝑪𝟐 𝐬𝐞𝐧 𝜷𝒕) 𝟐. 𝟒𝟕
𝑅
Em todos os casos, a corrente contém o factor 𝑒 −𝛼𝑡 e, como 𝛼 = − 2𝐿 , o valor final é zero,
assegurando que a função complementar cai num tempo relativamente curto. Os três casos estão
representados na figura 2.15 com o valor inicial nulo e a inclinação positiva nesse instante.
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FCT-ANCE II TEORIA DE QUADRIPOLOS
PARÂMETROS DE IMPEDÂNCIA
Os parâmetros de impedância e de admitância são geralmente usados na síntese de filtros, e
também são úteis no projecto e na análise de circuitos para casamento de impedâncias e em
redes de distribuição de energia. Trataremos dos parâmetros de impedância nesta secção e dos
parâmetros de admitância na secção seguinte.
U1 U2 U1 U2
Figura 2
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FCT-ANCE II TEORIA DE QUADRIPOLOS
Um circuito de duas portas pode ser excitado por tensão como na Figura 2a ou por corrente
como na Figura 2b. Tanto na a quanto na b, as tensões nos terminais podem ser relacionadas
com as correntes nos terminais como segue
𝑈1 = 𝑍11 𝐼1 + 𝑍12 𝐼2
{ 3.1
𝑈2 = 𝑍21 𝐼1 + 𝑍22 𝐼2
Ou na forma matricial
𝑈1 𝑍 𝑍12 𝐼1
[ ] = [ 11 ][ ] 3.2
𝑈2 𝑍21 𝑍22 𝐼2
onde os termos z são denominados de parâmetros de impedância e têm unidades de Ohms.
Os valores dos parâmetros podem ser calculados, fazendo 𝐼1 = 0 ou 𝐼2 = 0. Portanto,
𝑈1 𝑈1
𝑍11 = | , 𝑍12 = |
𝐼1 𝐼2 =0 𝐼2 𝐼1 =0
𝑈2 𝑈2
𝑍21 = | , 𝑍22 = | 3.3
𝐼1 𝐼2 =0 𝐼2 𝐼1 =0
Como os parâmetros z são obtidos abrindo-se o circuito da porta de entrada ou de saída, eles
são denominados parâmetros de impedância de circuito aberto.
Especificamente,
𝑍11 = Impedância de entrada de circuito aberto.
𝑍12 = Impedância de transferência de circuito aberto da porta 1 para a porta 2.
𝑍21 = Impedância de transferência de circuito aberto da porta 2 para a porta 1.
𝑍22 = Impedância de saída de circuito aberto 3.4
U1 U2
U1 U2
Figura 3
De acordo com a Equação (3.3), obtemos 𝑍11 e 𝑍21 conectando uma fonte de tensão U1 à porta
1, enquanto deixamos a porta 2 como um circuito aberto, como indicado na Figura 3a e
determinando 𝐼1 e 𝑈2 ; obtemos, então,
𝑈1 𝑈2
𝑍11 = , 𝑍21 = 3.5
𝐼1 𝐼1
De modo similar, obtemos 𝑍12 e 𝑍22 conectando uma fonte de tensão 𝑈2 à porta 2, enquanto
deixamos a porta 1 como um circuito aberto, conforme indicado na Figura 19.3b, e
determinando 𝐼2 e 𝑈1 ; obtemos, então,
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FCT-ANCE II TEORIA DE QUADRIPOLOS
𝑈1 𝑈2
𝑍12 = , 𝑍22 = 3.6
𝐼2 𝐼2
O procedimento anterior fornece um meio para calcularmos ou medirmos os parâmetros z.
Algumas vezes, 𝑍11 e 𝑍22 são denominadas impedâncias do ponto de excitação, enquanto 𝑍21
e 𝑍12 são chamadas impedâncias de transferência. Uma impedância do ponto de excitação é a
impedância de entrada de um dispositivo de dois terminais (uma porta). Portanto, 𝑍11 é a
impedância do ponto de excitação de entrada no qual a porta de saída é um circuito aberto,
enquanto 𝑍22 é impedância do ponto de excitação de saída no qual a porta de entrada é um
circuito aberto.
Quando 𝑍11 = 𝑍22 , diz-se que o circuito de duas portas é simétrico. Isso implica o circuito ter
simetria tipo espelho em relação a uma linha central; isto é, pode-se encontrar uma linha que
divide o circuito em duas metades semelhantes.
PARÂMETROS DE ADMITÂNCIA
Figura 4
Pode ser que os parâmetros de impedância não existam para um circuito de duas portas;
portanto, há a necessidade de uma forma alternativa para descrever um circuito destes, a qual
poderia ser atendida pelo segundo conjunto de parâmetros que são obtidos expressando-se as
correntes nos terminais em termos de tensões nos terminais. Seja na Figura 4a como na b, as
correntes de terminais podem ser expressas em termos das tensões nos terminais como segue
𝐼1 = 𝑌11 𝑈1 + 𝑌12 𝑈2
{ 3.7
𝐼2 = 𝑌21 𝑈1 + 𝑌22 𝑈2
Ou na forma matricial
𝐼 𝑌 𝑌12 𝑈1
[ 1 ] = [ 11 ][ ] 3.8
𝐼2 𝑌21 𝑌22 𝑈2
Os termos y são conhecidos como parâmetros de admitância e são expressos em siemens.
Os valores dos parâmetros podem ser calculados fazendo 𝑈1 = 0 (porta de entrada curto-
circuitada) ou 𝑈2 = 0 (porta de saída curto-circuitada). Portanto,
𝐼1 𝑏1
𝑌11 = | , 𝑌12 = |
𝑈1 𝑈2 =0 𝑈2 𝑈1 =0
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FCT-ANCE II TEORIA DE QUADRIPOLOS
𝐼2 𝐼2
𝑌21 = | , 𝑌22 = | 3.9
𝑈1 𝑈2 =0 𝑈2 𝑈1 =0
De acordo com a Equação (3.9), obtemos 𝑌11 e 𝑌21 conectando-se uma fonte de corrente 𝐼1 à
porta 1 e curto-circuitando a porta 2, como mostrado na Figura 4a, determinando 𝑈1 e 𝐼2 ;
obtemos, então,
𝐼1 𝐼2
𝑌11 = , 𝑌21 = 3.11
𝑈1 𝑈1
De modo similar, obtemos 𝑌12 e 𝑌22 conectando-se uma fonte de corrente 𝐼2 à porta 2 e curto-
circuitando a porta 1, conforme indicado na Figura 4b, determinando 𝐼1 e 𝑈2 ; e, então,
obtendo
𝐼1 𝐼2
𝑌12 = , 𝑌22 = 3.12
𝑈2 𝑈1
Esse procedimento fornece um meio para calcularmos ou medirmos os parâmetros y.
PARÂMETROS HÍBRIDOS
Os parâmetros z e y de um circuito de duas portas nem sempre existem. Assim, há a
necessidade de criarmos um terceiro conjunto de parâmetros, que se baseia no acto de tornar
𝑈1 𝑒 𝐼2 as variáveis dependentes. Portanto, obtemos
𝑈1 = ℎ11 𝐼1 + ℎ12 𝑈2
{ 3.13
𝐼2 = ℎ21 𝐼1 + ℎ22 𝑈2
Ou na forma matricial
𝑈1 ℎ ℎ12 𝐼1
[ ] = [ 11 ][ ] 3.14
𝐼2 ℎ21 ℎ22 𝑈2
Os termos h são conhecidos como parâmetros híbridos (ou, simplesmente, parâmetros h),
pois são uma combinação híbrida de razões. Eles são muito úteis na descrição de dispositivos
eletrônicos como transistores,é muito mais fácil medir experimentalmente os parâmetros h
desses dispositivos que medir seus parâmetros z ou y.
Os valores dos parâmetros são determinados como segue
𝑈1 𝑈1
ℎ11 = | , ℎ12 = |
𝑏1 𝑈2 =0 𝑈2 𝐼1 =0
𝐼2 𝐼2
ℎ21 = | , ℎ22 = | 3.15
𝐼1 𝑈2 =0 𝑈2 𝐼1 =0
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FCT-ANCE II TEORIA DE QUADRIPOLOS
Fica evidente que os parâmetros ℎ11 , ℎ12 , ℎ21 𝑒 ℎ22 representam, respectivamente, uma
impedância, um ganho de tensão, um ganho de corrente e uma admitância. É por essa razão
que eles são denominados parâmetros híbridos.
O procedimento para calcular os parâmetros h é similar àquele usado para os parâmetros z ou
y. Aplicamos uma fonte de tensão ou de corrente à porta apropriada, curto-circuitamos ou
deixamos como circuito aberto a outra porta, dependendo do parâmetro de interesse, e
realizamos uma análise de circuitos comum.
Um conjunto de parâmetros estreitamente ligado aos parâmetros h são os parâmetros g ou
parâmetros híbridos inversos. Estes são usados para descrever as correntes e tensões nos
terminais
𝐼1 = 𝑔11 𝑈1 + 𝑔12 𝐼2
{ 3.16
𝑈2 = 𝑔21 𝑈1 + 𝑔22 𝐼2
Ou na forma matricial
𝐼1 𝑔11 𝑔12 𝑈1
[ ] = [𝑔 𝑔22 ] [ 𝐼2 ] 3.17
𝑈2 21
PARÂMETROS DE TRANSMISSÃO
Já que não existem restrições sobre quais tensões e correntes terminais devem ser consideradas
variáveis independentes e quais devem ser consideradas dependentes, a expectativa é de
estarmos aptos a gerar diversos conjuntos de parâmetros.
Outro conjunto de parâmetros estabelece uma relação entre as variáveis na porta de entrada e
as variáveis na porta de saída. Portanto,
𝑈1 = 𝐴𝑈2 − 𝐵𝐼2
{ 3.19
𝐼1 = 𝐶𝑈2 − 𝐷𝐼2
Ou na forma matricial
𝑈1 𝐴 𝐵 𝑈2 𝑈
[ ]=[ ][ ] = [𝑇] [ 2 ] 3.20
𝐼1 𝐶 𝐷 −𝐼2 −𝐼2
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FCT-ANCE II TEORIA DE QUADRIPOLOS
CONEXÃO EM SERIE
Consideremos a conexão em série de dois circuitos de duas
portas mostrada na Figura 5. Os circuitos são considerados
como estando em série porque suas correntes de entrada
são idênticas e suas tensões são somadas. Além disso, cada
circuito tem uma referência comum e quando eles são
colocados em série, os pontos de referência comuns de
cada circuito são ligados juntos.
CONEXÃO EM CASCATA
Diz-se que dois circuitos estão em cascata
quando a saída de um for a entrada do outro. A
conexão de dois circuitos de duas portas em
cascata é ilustrada na Figura 7. Para os dois
circuitos,
𝑈1𝑏 𝐴 𝐵𝑎 𝑈2𝑎
[ ]=[ 𝑎 ][ ] 3.35
𝐼1𝑎 𝐶𝑎 𝐷𝑎 −𝐼2𝑎
𝑈1𝑏 𝐴 𝐵𝑏 𝑈2𝑏
[ ]=[ 𝑏 ][ ] 3.36
𝐼1𝑏 𝐶𝑏 𝐷𝑏 −𝐼2𝑏
A partir da figura 7, temos:
𝑈1 𝑈 𝑈2𝑎 𝑈 𝑈2𝑎 𝑈
[ ] = [ 1𝑎 ], [ ] = [ 1𝑏 ], [ ]=[ 2] 3.37
𝐼1𝑎 𝐼1𝑎 −𝐼2𝑎 𝐼1𝑏 −𝐼2𝑎 −𝐼2
Assim, teremos:
𝑈1 𝐴 𝐵𝑎 𝐴𝑏 𝐵𝑏 𝑈2
[ ]=[ 𝑎 ][ ][ ] 3.38
𝐼1 𝐶𝑎 𝐷𝑎 𝐶𝑏 𝐷𝑏 −𝐼2
Portanto, os parâmetros de transmissão para o circuito global são o produto dos parâmetros
para cada parâmetro de transmissão individual:
𝐴 𝐵 𝐴 𝐵𝑎 𝐴𝑏 𝐵𝑏
[ ]=[ 𝑎 ][ ] 3.39
𝐶 𝐷 𝐶𝑎 𝐷𝑎 𝐶𝑏 𝐷𝑏
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Figura 1
𝑅0
𝑞 𝑞2
𝐹 = 4𝜋𝜀1 2
𝑅0 (4.1)
0𝑅
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FCT-ANCE II TEORIA DE CAMPO ELECTROSTATICO
as cargas e cujo sentido é o da forca que actua entre elas e F é a forca em newtons. Para cargas
de sinais contrários é de atracção; para cargas do mesmo sinal é de repulsão.
Ainda que no enunciado da lei se fale em cargas pontuais, isto não significa que as cargas
sejam infinitesimais. O que se quer significar é que a distância entre elas é muito grande
comparada com as dimensões dos corpos.
INTENSIDADE DO CAMPO ELÉCTRICO
Qualquer campo é definido em termos de certas grandezas fundamentais. Para o campo
electrostático, estas grandezas são a intensidade do campo eléctrico E e o potencial 𝜑.
A intensidade do campo eléctrico é uma quantidade vectorial e como tal define-se em qualquer
ponto de um campo pela intensidade, direcção e sentido. O potencial de um campo eléctrico
em qualquer ponto é uma grandeza escalar.
Um campo eléctrico está completamente definido se se conhece a lei pela qual E ou 𝜑 varia
em todos os pontos do campo.
Se se coloca num campo electrostático uma carga positiva estacionaria tão pequena que não
de origem a qualquer a qualquer mudança na distribuição de cargas nos corpos que produzem
o campo, a razão entre a forca que actua sobre a carga e a grandeza da carga é igual à
𝐹
intensidade do campo eléctrico no ponto considerado: 𝐸 = 𝑞
A intensidade do campo eléctrico é numericamente igual à forca que actua sobre a carga
unitária.
Se um campo é devido a várias cargas (𝑞1 , 𝑞2 , 𝑞3 … . ), intensidade do campo eléctrico será
soma das intensidades dos campos eléctricos devido a cada uma das cargas: 𝐸 = 𝐸1 + 𝐸2 +
𝐸3 + ⋯
Por outras palavras, o princípio da sobreposição também e valido para o
campo eléctrico.
Consideremos uma carga 𝑞 colocada num campo eléctrico. A força que
actua sobre a carga é dada por 𝑞𝐸. Em seguida a carga 𝑞 move-se de 1 para
2 pelo trajecto 1-3-2 (Figura 2). Como a força 𝑞𝐸 em qualquer ponto do
trajecto pode ser diferente da do elemento 𝑑𝑙 do trajecto, o trabalho
realizado sobre a carga para a deslocar de 𝑑𝑙 e dado pelo produto escalar
da força pelo elemento do percurso, 𝑞𝐸 𝑑𝑙. Então o trabalho realizado sobre
a carga 𝑞 para a levar do ponto 1 ao ponto 2 pelo percurso 1-3-2 é dado pela
2
soma de trabalhos elementares. Esta soma pode representar-se pelo integral 𝑞 ∫1 𝐸 𝑑𝑙 .
A carga 𝑞 pode ter qualquer valor. Suponhamos que é uma carga unitária. Então o trabalho
realizado sobre carga ao levá-la de 1 para 2 e numericamente igual à diferença de potencial:
Figura 2 2
∫ 𝐸 𝑑𝑙 = 𝜑1 − 𝜑2 (4.2)
1
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A equação (4.2) define a diferença de potencial entre os pontos 1 e 2 como o integral curvilíneo
da intensidade do campo eléctrico.
2
Se o potencial no ponto 2 é zero, então o potencial no ponto 1 será dado por 𝜑1 = ∫1 𝐸 𝑑𝑙 ,
isto é, o potencial em qualquer ponto de um campo eléctrico é definido como o trabalho
realizado pelas forças do campo para transportarem uma carga positiva unitária de um ponto
para o outro onde o potencial é zero.
Qualquer ponto num campo pode ser considerado com potencial nulo. Desde que este ponto
tenha sido escolhido, os potenciais de todos outros pontos estão definidos.
Muitas vezes considera-se o ponto de potencial nulo no infinito. Portanto, especialmente em
textos de física, uma definição muito vulgar de potencial e a do trabalho realizado pelas forças
∞
do campo ao deslocarem a unidade de carga de um certo ponto até infinito: 𝜑1 = ∫1 𝐸 𝑑𝑙 .
Como |𝑹0 | = 1e 𝑞 = 1, segue-se que o valor da intensidade do campo devido ã carga pontual
𝑞
𝑞1 é 𝑬 = 4𝜋𝜀1𝑅2
0
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FCT-ANCE II TEORIA DE CAMPO ELECTROSTATICO
a um campo num meio isotrópico e uniforme, as conclusões podem estender-se ao campo total
criado pelo conjunto de cargas.
Se tomarmos um percurso fechado 1-3-2-4-1 (figura 2) começamos e terminamos no mesmo
ponto (1) do percurso. Então ambos os membros da equação (4.2) devem ser nulos.
𝜑1 − 𝜑2 = 0 = ∮ 𝑬 𝑑𝑙 (4.3)
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FCT-ANCE II TEORIA DE CAMPO ELECTROSTATICO
Figura 3
As superfícies equipotenciais interceptam as linhas de forças electrostáticas correspondentes,
perpendicularmente em qualquer ponto. A figura 3a representa dois corpos carregados e várias
linhas de força electrostáticas e linhas equipotenciais.
Ao contrário das linhas de força, as linhas equipotenciais fecham-se sobre elas próprias.
GRADIENTE DE POTECIAL
Como já vimos, a intensidade do campo eléctrico E e o potencial estão relacionados por um
integral da forma (4.2). A relação pode também ter a forma diferencial.
Já foi dito que um campo electrostático é um campo de potencial. No caso geral, existe uma
diferença de potencial entre dois pontos muito próximos do campo. Dividindo esta diferença
de potencial pela distância mais curta entre os dois pontos obtemos uma quantidade que
representa a velocidade de variação do potencial ao longo da mais curta distância entre pontos
dados. Esta velocidade depende do sentido em que os pontos são tomados.
Na matemática usa-se o conceito de gradiente de uma função escalar, que exprime, em
grandeza e sentido a velocidade de variação máxima desta função. Nesta definição há dois
aspectos importantes a considerar: (1) dois pontos vizinhos devem ser escolhidos num sentido
em que a razão de variação de variação do potencial seja a maior; e (2) este sentido deve ser
tal que a função escalr aumente e não diminua ao longo dele.
A figura 3b representa dois segmentos de linhas equipotenciais próximos. O potencial de uma
delas é 𝜑1 e o da outra 𝜑2 . Seja 𝜑1 > 𝜑2 . Então, por definição, o gradiente de potencial pode
ser representado por um vector (figura 3b) que é perpendicular as linhas equipotenciais e se
dirige de 𝜑2 para 𝜑1 (no sentido em que o potencial aumenta).
O vector intensidade do campo eléctrico está dirigido do potencial mais alto (𝜑1 ) para o
potencial mais baixo (𝜑2 ). Designado a distância, segundo a normal, entre as duas superfícies
equipotenciais por 𝜑1 e o vector com o sentido de E por 𝑑𝑛, tal que 𝑑𝑛 = 𝑛0 𝑑𝑛
(em que 𝑛0 é o vector unitário com o sentido de 𝑑𝑛), com base na equação (4.2) pode escrever-
2
se 𝜑1 − 𝜑2 = ∫1 𝐸𝑑𝑙 = 𝐸𝑑𝑛 = −𝑑𝜑
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FCT-ANCE II TEORIA DE CAMPO ELECTROSTATICO
𝑑𝜑 𝟎
𝑬= 𝒏 (4.4)
𝑑𝑛
Da definição de gradiente vem
𝜑1 − 𝜑2 −𝑑𝜑
grad𝜑 = (−𝒏𝟎 ) = (−𝒏𝟎 ) (4.5)
𝑑𝑛 𝑑𝑛
Comparando as equações (4.4) e (4.5) Podemos escrever
𝑬 = −𝑔𝑟𝑎𝑑𝜑 (4.6)
A equação (4.6)traduz que a intensidade do campo eléctrico é igual a razão de variação do
potencial nesse ponto tomada com o sinal contrário. O sinal ‹‹ − ›› aparece porque 𝜑 e grad
E estão dirigidos segundo sentidos opostos (ver figura 3b).
No caso geral a normal 𝑑𝑛 não coincide com nenhum dos eixos coordenados .portanto, no
caso geral o gradiente de potencial pode ser representado pela soma das respectivas
componentes rectangulares ou projecções sobre os eixos coordenadas. Por exemplo, em
coordenadas cartesianas
𝜕𝜑 𝜕𝜑 𝜕𝜑
grad𝜑 = 𝒊 +𝒋 +𝒌 (4.7)
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕𝜑
onde i = razão de variação de 𝜑 na direcção dos eixos dos xx (componente segundo x);
𝜕𝑥
𝜕𝜑
= valor da razão de variação (a razão de variação é uma quantidade vectorial);
𝜕𝑦
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FCT-ANCE II TEORIA DE CAMPO ELECTROSTATICO
Sob o ponto de vista formal pode ser considerado como um vector. O operador nabla pode
ser aplicado a funções escalares ou vectoriais. A função respectiva é escrita a direita do sinal
do operador, e o operador nunca se utiliza sem que a função esteja escrita a sua direita.
Aplicando o operador nabla ao potencial 𝜑, podemos escrever
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕𝜑 𝜕𝜑 𝜕𝜑
∇φ = (𝑖 +𝒋 + 𝒌 )𝜑 = 𝒊 +𝒋 +𝒌
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
Comparando esta expressão com a equação verifica-se que os seus segundos membros são
iguais. Portanto, os seus primeiros membros são também iguais. Temos assim: grad𝜑 = ∇φ
Por outras palavras, a notação ∇𝜑 é equivante a notação grad 𝜑, e a colocação do operador ∇
a esquerda duma função escalar qualquer (o potencial 𝜑 no nosso caso) significa que se toma
o gradiente desta função escalar.
Figura 4
Em coordenadas esféricas (ver a figura 4b)
𝜕𝜑 𝜕𝜑 𝜕𝜑
𝑔𝑟𝑎𝑑𝜑 = 𝑹𝟎 + 𝜽𝟎 + 𝜶𝟎 (4.10)
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
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FCT-ANCE II TEORIA DE CAMPO ELECTROSTATICO
A letra ‹‹s›› no sinal de integral indica que a soma é feita segundo os elementos de
superfície.
Se o fluxo de um vector é calculado através duma superfície fechada isto indica-se traçando
um pequeno círculo sob o sinal de integral ∮𝑠 𝐸𝑑𝑠.
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FCT-ANCE II TEORIA DE CAMPO ELECTROSTATICO
Figura 6
Numa substancia electrizada podem considerar-se as moléculas, sob o ponto de vista eléctrico,
como dipolos. Sob um campo eléctrico aplicado estes dipolos tendem a orientar-se no espaço
de modo que o seu momento eléctrico seja paralelo ao vector intensidade do campo eléctrico.
Sob o ponto de vista prático tem interesse o momento eléctrico devido a soma dos dipolos que
se encontram na unidade de volume da substância, e não o momento eléctrico de uma só
molécula ou de um par de cargas. O momento eléctrico da soma dos dipolos por unidade de
volume de uma substância é chamado vector polarização, P.
∑ 𝑞𝑙
𝑃= (4.11)
𝑉
Onde V é o volume de um dado eléctrico.
Para a maior parte dos dielectricos P é proporcional a intensidade do campo electricao E. o
coeficiente de proporcionalidade, é chamado susceptibilidade eléctrica:
𝑃
𝑘= (4.12)
𝐸
Sob o ponto de vista dos fenômenos que se produzem nos dieléctricos quando estes se
polarizam, todos os dieléctricos se podem dividir em dois grupos. O primeiro grupo
compreende os dieléctricos cujas moléculas são electricamente neutras quando nenhum campo
eléctrico externa está aplicado, ou seja, os ‹‹centros de gravidade›› dos seus protões e electrões
coincidem. Entre estes dieléctricos estão o hidrogénio, o azoto, a parafina, a mica, etc.
A polarização nos dieléctricos deste grupo coincide em que o campo eléctrico aplicado da
origem a que o ‹‹centro de gravidade›› dos protões se movem-no sentido do campo e o ‹‹centro
de gravidade›› dos electroes em sentido dos electrões no sentido contrar ao do caompo. Como
consequência a polécida da rigem a um dipolo.
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Figura 7
O outro grupo é dos dielécticos que têm moléculas polares, isto é, moléculas que são dipolos
permanentes ou dipolos mesmo na ausência de qualquer campo eléctrico externo. Nestes, os
dois ‹‹centros de gravidades›› estão sempre separadas de uma curta distância. Contudo, em
virtude da agitação térmica, estes dipolos permanentes estão orientados ao acaso, os seus
momentos Electricos anulam-se uns aos outros e a substância não está polarizada. Um
exemplo desta classe de dieléctricos é o cloreto de hidrogénio.
A polarização nestes dieléctricos consiste em que as moléculas fendem a rodar de tal modo
que os seus momentos eléctricos segundo o campo eléctrico aplicado, e deste modo os seus
momentos electricos aumentam.
A polarização dos dielectricos do primeiro grupo está representada nas fgs e nos dieléctricos
do segundo grupo das figuras nas figs. As figuras correspondem a ausência do campo exterior
e as fgs correspondem a presença de um campo externo aplicado.
DESLOCAMENTO ELÉCTRICO OU INDUCAO ELÉCTRICA
Além dos vectore E e P utiliza-se electrotécnica o vector D. chamado deslocamento eléctrico
ou indução eléctrica.
O deslocamento eléctrico ou indução eléctrica D define-se pela propriedade do campo que
consiste em induzir cargas em condutores neles colocados.
O vector D é igual a soma de dois vectores: o vector 𝜀0 𝐸, que caracteriza o campo no vazio,
e o vector polarização P: 𝐷 = 𝜀0 𝐸 + 𝑃
como
𝑘
𝑃 = 𝑘𝐸 = 𝜀0 𝐸 (4.13)
𝜀0
vem
𝑘
𝐷 = 𝜀0 𝐸 (1 + ) = 𝜀0 𝜀𝐸 = 𝜀𝛼 𝐸 (4.14)
𝜀0
onde
𝑘
𝜀𝛼 = 𝜀0 𝜀 ; 𝜀 = 1 + 𝜀 (4.15)
0
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FCT-ANCE II TEORIA DE CAMPO ELECTROSTATICO
∮ 𝐷𝑑𝑠 = ∑ 𝑞𝑙 4.16
𝑠
Da fórmula, vê-se que, nestas condições, o vector D é uma característica do campo
que não depende das propriedades dieléctricas do meio, isto é, não depende de 𝜀.
2. Como 𝐷 = 𝜀0 𝜀𝐸 , então para um meio isotrópico e homogêneo:
∑ 𝑞𝑙
∮ 𝐷𝑑𝑠 = 4.17
𝑠 𝜀0 𝜀
Isto é, o fluxo do vector intensidade do campo eléctrico, através de uma superfície fechada
qualquer, é igual a soma das cargas livres no interior da superfície dividida por 𝜀0 𝜀 .
A fórmula (4.17) mostra que, ao contrário do vector D, o vector E é uma característica do
campo que, sob condições iguais, depende as propriedades dieléctricas do meio (do valor de
𝜀 ). É importante frizar que o fluxo do vector, depende unicamente da carga total e é
independente da distribuição da carga no interior da superfície fechada.
3. O fluxo de E através de qualquer superfície fechada é devido não só a carga livre total
(∑ 𝑞𝑙 ), mas também a carga ligada total. (∑ 𝑞𝑙𝑖𝑔 ) No interior da superfície.
Sabe-se que o fluxo do vector polarização através de uma superfície fechada qualquer é
igual a soma algébrica, considerada com o sinal ‹‹−››, das cargas ligadas no interior da
superfície:
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Em relação a figura 6c o dieléctrico foi polarizado por uma carga livre positiva.
Desenhemos uma esfera em volta desta carga e calculemos as cargas ligadas não
compensada que se encontram no interior da esfera. Tal cargas são as dos dipolos cortados
por uma superfície S. como a sua densidade superficial é 𝜎, temos∑ 𝑞𝑙𝑖𝑔 = − ∮ 𝑃𝑑𝑠 =
− ∮ 𝜎𝑑𝑠
O sinal “-” que aqui figura significa que o sinal das cargas ligadas não compensadas e
contrario ao da carga livre.
A equação (4.16) pode voltar a escrever-se de seguinte modo:
∑ 𝑞𝑙 + ∑ 𝑞𝑙𝑖𝑔
∮ 𝐸𝑑𝑠 = 4.17′
𝜀0
Por palavras, o integral superficial da componente normal da intensidade do campo
eléctrico, isto é, o fluxo total da intensidade do campo, ao longo de uma superfície fechada
e igual a carga eléctrica total no interior da superfície, dividida pela permitividade absoluta
no vazio. As equações (4.17) e (4.17′ ) diferem apenas nos segundos membros.
APLICACAO DO TEOREMA DE GAUSS AO CALCULO DE INTENSIDADE DE
CAMPO E DO POTENCIAL DE UMA CARGA PONTUAL
Necessariamente o teorema define intensidade do campo eléctrico, ou o deslocamento
eléctrico em qualquer ponto de um campo, deste que seja possível traçar uma superfície
fechada pelo ponto considerado de modo que todos os pontos da superfície sejam simétricos
em relação a carga no interior da superfície fechada. Para uma carga pontual a superfície
fechada e uma esfera. Para uma carga linear é um cilindro. Como todos os pontos da superfície
são simétricos em relação a carga, o valor da intensidade do campo será a mesma em todos os
pontos da superfície.
Como exemplo da aplicação do teorema de Gauss calculemos a intensidade do campo devido
a uma carga pontal a distância R da carga. Para começar, traçamos uma superfície esférica de
raio R pelo ponto considerado, supondo que a carga no centro da esfera, e aplicamos o teorema
de Gauss a esfera (figura 7e)
O vector 𝑑𝑠 é normal ao elemento de superfície 𝑑𝑠 e está dirigido para fora da esfera. No
nosso exemplo os vectores E e 𝑑𝑠 coincidem em sentido, em qualquer ponto da esfera e o
ângulo entre eles e nulo.
Notando que o modulo de E é o mesmo em qualquer ponto da esfera, podemos escreve-lo
𝑞
antes do integral ∮ 𝐸𝑑𝑠 = ∮ 𝐸𝑑𝑠 cos 00 = 𝐸 ∮ 𝑑𝑠 = 𝐸4𝜋𝑅 2 = 𝜀 𝜀
0
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FCT-ANCE II TEORIA DE CAMPO ELECTROSTATICO
Por simétrica esférica, a intensidade do campo tem apenas uma única componente, radical no
𝜕𝜑
sistema de coordenadas esféricas. Portanto 𝐸 = 𝐸𝑅 = − 𝜕𝑅
Donde
𝑞
𝜑 = − ∫ 𝐸𝑑𝑅 = +𝐶 4.19
4𝜋𝜀0 𝜀 𝑅
Assim, o potencial num ponto de um campo devido a uma carga pontual e inversamente
proporcional a distância R da carga ao ponto. C é a constante da integração. Recordemos que
obtivemos expressões semelhantes para E e 𝜑 utilizando a lei de Coulomb.
TEOREMA DE GAUSS SOB A FORMA DIFERENCIAL
O teorema de Gauss sob forma integral não permite conhecer o modulo como fluxo da linha
de D num ponto considerado de campo está ligado a densidade das cargas livres no mesmo
ponto. Esta relação e dada pela forma diferencial do teorema de Gauss. Para se obter dividem-
se ambos os membros da equação pela mesma quantidade escalar, o volume V limitada pela
superfície fechada S:
𝐷𝑑𝑠 ∑ 𝑞𝑙
∮ = (𝑏)
𝑉 𝑉
A equação () é aplicável a qualquer valor de V. quando este volume tende para zero
𝐷𝑑𝑠 ∑ 𝑞𝑙
lim ∮ = lim (𝑐)
𝑉→0 𝑉 𝑉→0 𝑉
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FCT-ANCE II TEORIA DE CAMPO ELECTROSTATICO
Figura 8
Se no ponto considerado do campo 𝜌𝑙 < 0, as linhas do vector D convergem no volume
infinitamente pequeno, no interior do qual se encontra no ponto considerado. E finalmente, se
num ponto qualquer do campo 𝜌𝑙 = 0, não existe nesse ponto do campo nem divergência nem
convergência das linhas de D ou por outras palavras, no ponto considerado as linhas de D não
começam nem acabam.
Se o meio é homogêneo e isotrópico, 𝜀𝑎 = constante e podemos substituir a equação (4.20)
pela expressão segunte:
𝑑𝑖𝑣𝜀𝑎 𝐸 = 𝜌𝑙
Ponto 𝜀𝑎 antes do sinal de divergência obtemos
𝜀𝑎 𝑑𝑖𝑣𝐸 = 𝜌𝑙
e
𝜌𝑙
𝑑𝑖𝑣𝐸 = 4.21
𝜀𝑎
A equação (4.21) é uma segunda forma diferencial do teorema da Gauss. É apenas válida para
um meio homogêneo e isotrópico. Num meio não homogêneo 𝜀𝑎 é uma função das
coordenadas e não uma terceira forma do teorema de Gauss é
𝜌𝑙 + 𝜌𝑙𝑖𝑔
𝑑𝑖𝑣𝐸 = 4.21′
𝜀𝑎
Que nos diz que ao contrário de D, E é devida quer as cargas livres, quer as cargas ligadas.
A DIVERGÊNCIA DE E EM COORDENADAS CARTESIANAS
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FCT-ANCE II TEORIA DE CAMPO ELECTROSTATICO
Para se determinar div E é necessário em primeiro lugar calcular o fluxo total de E que sai da
superfície do paralelopípedo e dividido pelo seu volumo dx, dy, dz,.
Como E é uma função das coordenadas, as suas componentes são também funções das
coordenadas. A face da direita de área dx dz está a uma distancia dy da face da esquerda.
Portanto a componente de E sobre o eixo dos yy que passa através da face da direita de área
dx dz é
𝜕𝐸𝑦
𝐸𝑦 + 𝑑𝑦
𝜕𝑦
𝜕𝐸𝑦 𝜕𝐸𝑦
Onde É a velocidade de variação de Ey no sentido do eixo dos yy e 𝑑𝑦 É a variação da
𝜕𝑦 𝜕𝑦
componente segundo y de E ao longo de dy.
𝜕𝐸𝑦
O fluxo total através da face da direita de área dx dz é (𝐸𝑦 + 𝑑𝑦) 𝑑𝑥𝑑𝑧
𝜕𝑦
𝜕𝐸𝑦
O fluxo através das duas faces de área dx dz é 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧
𝜕𝑦
𝜕𝐸𝑥
Do mesmo modo o fluxo através das faces da área dy dz é 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧
𝜕𝑥
O fluxo através das duas faces de ares é dx dy (as faces de cima e de baixo de paralelepípedo)
𝜕𝐸𝑧
é 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧
𝜕𝑧
Soma as diferenças dos fluxos através de todas as faces e dividindo esta soma pelo volume do
paralelípipedo dx dy dz, obtemos
𝜕𝐸𝑥 𝜕𝐸𝑦 𝜕𝐸𝑧
𝑑𝑖𝑣𝐸 = + + 4.22
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
Os segundos membros nas equações (4.23) e (4.22) são iguais. Portanto os primeiros membros
também são iguais, e ∇E = divE
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𝜌
Substituindo E da equação (4.6) na equação (4.21) obtém-se 𝑑𝑖𝑣𝐸 = 𝑑𝑖𝑣(−𝑔𝑟𝑎𝑑𝜑) = 𝜀 𝑙
𝑎
𝜌
Pondo o sinal ‹‹−›› antes do sinal de divergência, obtemos 𝑑𝑖𝑣(𝑔𝑟𝑎𝑑𝜑) = − 𝜀 𝑙
𝑎
Esta é a equação de Poisson um caso particular desta equação é a equação de Laplace quando
𝜌𝑙 = 0 Assim a equação de Laplace é
∇2 𝜑 = 0 4.27
O operador div grad ou ∇2 e conhecido como operador de Laplace ou Laplaciano que muitas
vezes se representa como ∆. Portanto podemos encotrar a seguinte forma da equação de
𝜌
Poisson ∆𝜑 = − 𝑙
𝜀𝑎
2
𝜕 2𝜑 𝜕 2𝜑 𝜕 2𝜑
∇ 𝜑= + +
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2 𝜕𝑧 2
Assim, em coordenadas cartesianas a equação de Poisson é:
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𝜕 2𝜑 𝜕 2𝜑 𝜕 2𝜑 𝜌𝑙
2
+ 2+ 2 =− 4.28
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜀𝑎
Em coordenadas cartesianas a equação de Laplace tem a forma
𝜕 2𝜑 𝜕 2𝜑 𝜕 2𝜑
+ + =0 4.29
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2 𝜕𝑧 2
Em coordenadas cilíndricas tem a forma
1𝜕 𝜕𝜑 1 𝜕 2𝜑 𝜕 2𝜑
∇2 𝜑 = (𝑟 ) + 2 2 + 2 4.30
𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝛼 𝜕𝑧
E em coordenadas polares esféricas
1 𝜕 𝜕𝜑 1 sen 𝜃 𝜕𝜑 1 𝜕 2𝜑
∇2 𝜑 = (𝑅 2
) + + 4.31
𝑅 2 𝜕𝑅 𝜕𝑅 𝑅 2 sen 𝜃 𝜕𝜃 𝑅 2 sen2 𝜃 𝜕𝛼 2
O potencial 𝜑 define-se como a soma ( o integral) dos potenciais devidos a todas as cargas do
campo:
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Quando se usa a equação (4.31′ ) considera-se que o potencial no infinito é zero, e que as
cargas que formam o campo estão distribuídas numa região (não infinitamente extensa)
restricta (pois de outro modo o integral será divergente).
CONDIÇÕES LIMITES
Quando existe um campo eléctrico é mais do que um meio dieléctrico é importante conhecer
as condições que existe nas superfícies de separação dos meios que tem propriedades eléctricas
diferentes. Estas são chamadas condições limites.
Na discussão dos fenômenos transitórios foi chamada atenção para a importância das
condições iniciais e das leis de comutação. Na resolução de problemas de fenômenos
transitórios pelo método clássico são usadas explicitamente e pelo método operacional são
usadas implicitamente. Com efeito, nenhum dos problemas sobre fenômenos transitórios pode
ser resolvido sem elas, pos que permitem determinar as constantes de integração.
Um papel semelhante tem as condições limites na electrostática. A resolução das equações de
Paisson e de Laplace envolvem o uso de constantes de integração. Elas são calculadas a partir
das condições limites.
Antes de passaremos a discussão detalhada do conceito de condições limites é importante
examinarmos as propriedades de um campo electrostático no interior de um corpo condutor.
O CAMPO ELECTROSTÁTICO NO INTERIOR DE UM CONDUTOR
Um corpo condutor colocado num campo electrostático as
cargas separam-se devido a indução electrostática, ficando
as cargas negativas acumuladas a superfície do corpo do
lado onde o potencial e mais elevado e as cargas positivas
no lado oposto (figura 9).
Na electrostática todos os pontos de um corpo condutor
estão ao mesmo potencial. Isto pode provar-se redução ao
absurdo. Suponhamos que pode existir uma diferença de
potencial entre dois pontos de um corpo condutor sobre condições electrostáticas. Então esta
diferença de potencial fará com que os electrões do corpo se movam. Um movimento ordenado
de electrões no interior do corpo vai contra a definição de campo electrostático.
A superfície de um corpo condutor é equipotencial, sendo o vector intensidade de campo
exterior perpendicular em qualquer ponto desta superfície. A intensidade de campo eléctrico
no interior de um condutor é zero, porque a intensidade devida ao campo exterior é
compensada pela intensidade devida as cargas situadas a superfície do corpo.
CONDIÇÕES EXISTENTES NA SUPERFÍCIE DE SEPARAÇÃO DE UM CORPO
CONDUTOR E DE UM DIELÉTRICO
Há duas condições que são sempre satisfeitas na superfície de separação entre um corpo
condutor, não percorrido por uma corrente eléctrica, e um dieléctrico:
(1) A componente tangencial da intensidade de campo eléctrico é zero:
𝐸𝑡 = 0 4.32
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e ao longo de pq é 𝐸1 𝑑𝑙1 = −𝐸1𝑡 𝑑𝑙. O sinal “-” significa que 𝐸1𝑡 e pq têm sentidos opostos.
Assim ∮ 𝐸𝑑𝑙 = 𝐸2𝑡 𝑑𝑙−𝐸1𝑡 𝑑𝑙 = 0 ou 𝐸1𝑡 = 𝐸2𝑡
Para provamos a segunda condição, consideremos um
pequeno paralelepípedo na superfície de separação de
dois meios (figura 12) de tal modo que no seu interior
existam cargas ligadas e nenhumas cargas livres.
Portanto ∮ 𝐷𝑑𝑠 = 0.
O fluxo do vector D através da face superior de área 𝑑𝑠
é 𝐷2 𝑑𝑠2 = 𝐷2𝑛 𝑑𝑠2𝑛 , e através da face inferior
𝑜
−𝐷1 𝑑𝑠1 = 𝑏1 𝑑𝑠1 cos 180 = −𝐷1𝑛 𝑑𝑠 , , onde |𝑑𝑠1 | = |𝑑𝑠2 | = 𝑑𝑠.
Portanto ∮ 𝐷𝑑𝑠 = −𝐷1𝑛 𝑑𝑠 + 𝐷2𝑛 𝑑𝑠 = 0 , ou 𝐷1𝑛 = 𝐷2𝑛 .
Quando há cargas livres de densidade 𝜎 na superfície de separação de dois meios
Por outras palavras, na presença de cargas livres na superfície de separação de dois meios, a
componete normal de D varia por superfície de separação. Como o potencial é um trabalho
não sofre variações bruscas na superfície de separação de dois meios.
TEOREMA DE UNICIDADE
Um campo eléctrico pode ser descrito pela equação de Laplace ou Poisson. Ambas são
equações às derivadas parciais. Ao contrário das equações diferenciais ordinárias, podem ter,
em geral, uma multiplicidade de soluções linearmente independentes. Naturalmente, para cada
caso concreto deve haver apenas uma solução. A escolha de uma solução única de entre a
multiplicidade de soluções linearmente independentes da equação de Laplace ou de Poisson é
feita com base nas condições limites.
Se uma função satisfaz a equação de Laplace ou de Poisson e às condições limites num dado
campo, é esta a solução única que se procura. É nisto que consiste o sentido da noção muito
importante, chamada teorema de unicidade.
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𝜏
𝐸 = 2𝜋𝑟𝜀 4.37
𝛼
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carregados e o ponto M são três pontos da circunferência procurada. O seu centro O está
situado a meio da distância entre 1 e 2.
CAMPO DE UMA LINHA DE DOIS CONDUTORES
Os dois condutores são cilindros paralelos
e compridos, de raio r afastados de uma
distância d (figua 15a). Apliquemos aos
dois condutores uma diferença de
potencial tal que um deles um deles
adquire uma carga +𝜏 por unidade de comprimento, e o outro com uma carga – 𝜏 por unidade
de comprimento. As forças e o potencial no espaço entre os condutores são os mesmos que se
as cargas estivessem sobre os eixos dos condutores, e o problema reduz-se ao que já foi
discutido.
Coloquemos os dois eixos carregados de modo que as superfícies dos condutores sejam
equipotenciais. Os pontos 𝑂1 𝑒 𝑂2 são os eixos geométricos dos condutores, e 𝑚 𝑒 𝑛 , os
pontos correspondentes aos eixos carregados. Por simetria estes eixos estão à mesma distância
x dos eixos geométricos.
Escrevamos a condição de igualdade dos potenciais dos pontos 1 e 2 do condutor da esquerda.
𝑏 𝑑−𝑟−𝑥 𝑑+𝑟−𝑥
A razão para o ponto 1 é , e a mesma razão para o ponto 2 é . Partindo da
𝑎 𝑟−𝑥 𝑟+𝑥
𝑑−𝑟−𝑥 𝑑+𝑟−𝑥
igualdade = , temos:
𝑟−𝑥 𝑟+𝑥
𝑑 𝑑 2
𝑥= ± √( ) − 𝑟 2 4.40
2 2
𝜏 𝑑 𝜏 𝑑
𝑈13 = 2𝑙𝑛 = 𝑙𝑛 4.42
2𝜋𝑟𝜀𝛼 𝑟 𝜋𝑟𝜀𝛼 𝑟
Portanto, para 𝑑 ≫ 𝑟 , a capacidade por unidade de comprimento de uma linha de dois
condutores “e
𝜏 𝜋𝜀𝛼
𝐶= = 4.43
𝑈13 𝑙𝑛 𝑑
𝑟
Como se vê , depende somente das dimensões geométricas dos condutores e das propriedades
do meio e é independente do valor da carga 𝜏 e do valor da tensão 𝑈13 . À medida em que a
distancia entre os condutores aumenta, a capacidade diminui.
MÉTODO DAS IMAGENS SIMETRICAS
A distribuição de cargas induzidas numa superfície de forma regular ou na superfície de
separação de dois dieléctricos, de forma geométrica regular, pode calcular-se em muitos casos
pelo método das imagens simétricas. Este é um método artificial que leva muitas vezes ao
conhecimento da intensidade do campo eléctrico e da distribuição do potencial. O método
consiste em colocarem-se cargas auxiliares num dos lados duma superfície ou na superfície
de separação, de valores e posições tais que darão lugar ao mesmo campo eléctrico no outro
lado da superfície que o que é criado pelas cargas reais. Neste caso, podem desprezar-se as
cargas reais e usar as imagens para determinar as características do campo. Quando se substitui
a carga real numa superfície ou na superfície de separação de dois meios, por uma imagem
(ou sistema de imagens), deve-se ter o cuidado de não violar as condições que já existem.
Esta imagem pode ser considerada como solução do problema em virtude do teorema da
unicidade.
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Como o potencial devido a cada carga satisfaz à equação de Laplace e satisfaz também a
condição fronteira, a solução obtida pode considerar-se como verdadeira em virtude do
teorema da unicidade.
A imagem do campo de um condutor carregado colocado paralelamente a um plano condutor
esta representado na figura 16b. As linhas de forca são perpendiculares à superfície do
condutor e a superfície do plano condutor. Os sinais ≪ −≫ refere-se às cargas induzidas na
superfície do plano condutor.
Portanto
𝜀1𝑎
𝜏1 + 𝜏2 = 𝜏3 4.44
𝜀2𝑎
Da condição e que na fronteira as componentes normais do deslocamento eléctrico são iguais
segue-se que (supondo que o sentido positivo da normal é o descendente) 𝐷𝑡𝐼 − 𝐷𝑡𝐼𝐼 = 𝐷𝑡𝐼𝐼𝐼 ou
1 𝜏
desenvolvendo [𝜏1 − 𝜏2 ] sen 𝛼 = 3 sen 𝛼.
2𝜋𝑟 2𝜋𝑟
Portanto:
𝜏1 − 𝑏2 = 𝜏3 4.45
Resolvendo as equações (4.44) e (4.45) simultaneamente obtem-se :
𝜀1𝑎 − 𝜀2𝑎
𝜏2 = 𝜏1 4.46
𝜀1𝑎 + 𝜀2𝑎
E
2𝜀2𝑎
𝜏3 = 𝜏1 4.47
𝜀1𝑎 + 𝜀2𝑎
A carga 𝜏2 tem o mesmo sinal com a carga 𝜏1 quando 𝜀1𝑎 > 𝜀2𝑎 , enquanto que o sinal de 𝜏3
e sempre o mesmo com o de 𝜏1 .
Os métodos de cálculo e as equações (4.46) e (4.47) podem ser utilizadas em problemas em
que se consideram cargas pontuais em vez de condutores, excepto que 𝜏 nesse caso representa
o valor da carga pontual.
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1 𝑏𝑘𝑚
∝𝑘𝑚 = 𝑙𝑛
2𝜋𝜀𝑎 𝑎𝑘𝑚
4.48′′
1 ℎ𝑘
∝𝑘𝑘 = 𝑙𝑛
{ 2𝜋𝜀𝑎 𝑟𝑘
1 𝑏
O coeficiente ∝𝑚𝑘 = 2𝜋𝜀 𝑙𝑛 𝑎𝑚𝑘 . Como 𝑏𝑘𝑚 = 𝑏𝑚𝑘 e 𝑎𝑘𝑚 = 𝑎𝑚𝑘 , segue-se que ∝𝑚𝑘 =∝𝑘𝑚 .
𝑎 𝑚𝑘
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𝜏1 = 𝜑1 𝛽11
{𝜏2 = 𝜑1 𝛽21 4.49′
𝜏3 = 𝜑1 𝛽31
Agora coloquemos uma carga positiva (em
relação à terra) no primeiro condutor ligando-o à
terra por intermédio de uma pilha (figura 19a). O
primeiro condutor torna-se positivo quando a
carga e o potencial (𝜑1 > 0; 𝜏1 > 0 ). A carga
negativa é conduzida para a terra e para todos os
corpos a ela ligados eléctricamente. Todos os condutores, excepto o primeiro, adquirem cargas
negativas por estarem ligadas à terra: 𝜑2 = 0; 𝜏2 < 0, 𝜑3 = 0; 𝜏3 < 0 .
𝜏 𝜏 𝜏
Das equações (4.49′ ) segue-se que 𝛽11 = 𝜑1 > 0, enquanto 𝛽21 = 𝜑2 < 0 𝑒 𝛽31 = 𝜑3 < 0 .
1 1 1
𝜏𝑘 = 𝛽𝑘𝑘 𝜑𝑘 + ∑ 𝛽𝑘𝑚 𝜑𝑚
𝑚=1
𝑚≠𝑘
Fazendo
𝑚=𝑛
E
−𝛽𝑘𝑚 = 𝐶𝑘𝑚 (4.51)
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Obtemos
𝑚=𝑛
O sistema (4.53) constitui o terceiro grupo das formulas de constitui o terceiro grupo das
formulas de Maxwell. Os coeficientes 𝐶𝑘𝑘 são chamados auto-capacidades e os coeficientes
𝐶𝑘𝑚 capacidade mútua.
As dimensões destes coeficientes são as mesmas que as dos coeficientes 𝛽 . As auto-
capacidades e as capacidade mútua são positivas. Como 𝐶𝑘𝑚 = −𝛽𝑘𝑚 𝑒 𝛽𝑘𝑚 < 0 , e
evidente que 𝐶𝑘𝑚 > 0. Para provamos isto, liguemos todos os condutores ao condutor k por
meio de um condutor metálico muito fino. Todos os 𝑈𝑘𝑚 = 0, e da equação (4.52) vemos que
𝜏𝑘 = 𝐶𝑘𝑘 𝜑𝑘 . Se se comunica ao condutor k um potencial positivo em relação à terra ligando-
o ao polo positivo de uma pilha cujo polo negativo se liga à terra, então 𝜏𝑘 e 𝜑𝑘 são positivos
𝜏
e a sua razão 𝐶𝑘𝑘 = 𝜑𝑘 > 0.
𝑘
𝐶𝑘𝑘 é positivo ainda que possa incluir um grande numero de coeficiente negativos 𝛽𝑘𝑚 (o
coeficiente 𝛽𝑘𝑘 é numericamente maior do que ∑𝑚=𝑛
𝑚=1 𝛽𝑘𝑚 ).
𝑚≠𝑘
De acordo com o sistema (4.53) a carga total no corpo k é igual à soma das cargas. A carga
𝐶𝑘𝑘 𝜑𝑘 é devida a diferença de potencial entre o corpo k e a terra, 𝑈𝑘𝑚 𝐶𝑘𝑚 é a carga devida à
diferença de potencial entre os corpo k e m.
Portanto, a capacidade mutua 𝐶𝑘𝑚 entre os corpos k
e m pode definir-se como a razão entre a componente
da carga do corpo k devida a 𝑈𝑘𝑚 e esta diferença de
potencial 𝑈𝑘𝑚 .
O significado físico do sistema (4.53) pode ser
compreendido imaginando o sistema de três
condutores (figura 20) no qual o primeiro condutor
esta ligado as armaduras de três condensadores,
𝐶11 , 𝐶12 𝑒 𝐶13 . As cargas na armaduras mais perto do
primeiro condutor são, respectivamente 𝜑1 𝐶11 , 𝑈12 𝐶12 𝑒 𝑈13 𝐶13 . As cargas nas outras
armaduras são dadas na figura 20.
Os três grupos das formulas de Maxwell aplicam-se a sistemas de corpos carregados de
qualquer forma. Contudo, para corpos de forma arbitraria os coeficientes de potencial não
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podem ser calculados pelas expressões (4.48′′ ) que somente são validas para sistemas de
condutores lineares paralelos, suficientemente compridos. Neste caso os coeficientes
capacitivos, as auto-capacidades e as capacidades mutuas tem de ser determinadas
experimentalmente.
As auto-capacidades e as capacidade mutuas são utilizadas não so nos cálculos dos campos
electrostáticos mas também nos cálculos de fenômenos que se desenvolvem rapidamente em
circuitos eléctricos, assim como nos cálculos de certos processos nos circuitos eléctricos que
envolvem auto-capacidades.
Por outro lado devem considerar-se as auto-capacidades e capacidades mutuas entre os
eléctrodos das válvulas eléctrodos das válvulas electrónicas e entre os eléctrodos dos
transitores, quando se calculam fenômenos rápidos.
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A equação (4.54) é uma equação às derivadas parciais. Pode integrar-se pelo método de
Fourier-Bernoulli. Por este método, a função desconhecida. no caso 𝜑 é representada pelo
produto de duas funções (desconhecidas) M e N, uma das quais (M), depende somente de R,
e a outra (N) somente de 𝜃:
𝜑 = 𝑀(𝑅)𝑁(𝜃) 4.55
Em primeiro lugar, determina-se a forma das funções M e N. A representação da função 𝜑
como produto de duas funções torna possível decompor a equação (4.54) em duas equações
diferente ordinárias, uma em relação a M e outra em relação a N.
𝜕𝜑 𝜕𝑀 𝜕𝜑 𝜕𝑁
Sendo 𝜕𝑅 = 𝑁 𝜕𝑅 𝑒 = 𝑀 𝜕𝜃 e substituindo a equação (4.54) na equação (4.54), obtém-se
𝜕𝜃
𝑁 𝜕 𝜕𝑀 𝑀 𝜕 𝜕𝑁
2
. (𝑅 2 )+ 2 . (sen 𝜃 )=0 4.56
𝑅 𝜕𝑅 𝜕𝑅 𝑅 sen 𝜃 𝜕𝜃 𝜕𝜃
2
Multiplicando a equação (4.56) por 𝑅 ⁄𝑀𝑁
1 𝜕 𝜕𝑀 1 𝜕 𝜕𝑁
. (𝑅 2 )+ . (sen 𝜃 )=0 4.57
𝑀 𝜕𝑅 𝜕𝑅 𝑁 sen 𝜃 𝜕𝜃 𝜕𝜃
Nesta equação o primeiro termo é uma função de R e o segundo termo é uma função de 𝜃. A
sua soma é zero para uma infinidade de pares de valores de R e o 𝜃 (a equação (4.57) é valida
para todos os pontos do campo). Isto é verdadeiro quando cada uma da funções é nula:
1 𝜕 𝜕𝑀 1 𝜕 𝜕𝑁
. (𝑅 2 )=0 . (sen 𝜃 )=0 4.57′
𝑀 𝜕𝑅 𝜕𝑅 𝑁 sen 𝜃 𝜕𝜃 𝜕𝜃
Ou quando
1 𝜕 𝜕𝑀 1 𝜕 𝜕𝑁
. (𝑅 2 )=𝑝 . (sen 𝜃 ) = −𝑝 4.57′′
𝑀 𝜕𝑅 𝜕𝑅 𝑁 sen 𝜃 𝜕𝜃 𝜕𝜃
Onde p é um certo número para já desconhecido.
Assim o problema reduziu-se à integração das equações (4.57′ ) e (4.57′′ ). De acordo com a
equação (4.55) a solução geral de 𝜑 é igual ao produto das e igual ao produto das soluções das
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1 1
𝑛1,2 = − ± √ + 𝑝 4.61
2 4
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Contudo, não se obtém deste modo o valor de 𝐶4 , porque a equação (4.63) não contem o termo
que é inversamente proporcional ao quadrado de R.
Para se determinar 𝐶4 , devemos nos basear no facto de que na electrostática, todos os pontos
de uma esfera estão ao mesmo potencial. Ou seja, que componente tangencial da intensidade
do campo à superfície de uma esfera é nula. Para R=a.
𝑄 𝐶4
𝜑 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = + 𝜑0 + (𝐸0 𝑎 + 2 ) cos 𝜃
4𝜋𝑅𝜀𝑎 𝑎
É obvio que o segundo membro se manterá constante enquanto 𝜃 varia somente se
𝐶
(𝐸0 𝑎 + 𝑎42 ) = 0.
Portanto, 𝐶4 = −𝐸0 𝑎3
Assim, para todos os pontos do dieléctrico
𝑄 𝑎3
𝜑= + 𝜑0 + 𝐸0 (𝑅 + 2 ) cos 𝜃 4.64
4𝜋𝑅𝜀𝑎 𝑅
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𝐶1𝑒 𝐶4𝑒
𝜑𝑒 = + 𝐶2𝑒 + (𝐶3𝑒 𝑅 + 2 ) cos 𝜃 4.66
𝑅 𝑅
É necessário calcular oito constantes de integração. O potencial no infinito neste caso será:
𝜑 = 𝜑0 + 𝐸0 𝐸𝑅 cos 𝜃
Comparando esta equação com a equação (4.66) conclui-se que
𝐶2𝑒 = 𝜑0 𝑒 𝐶3𝑒 = 𝐸0
Sabe-se que o potencial no campo devido a uma carga pontual é inversamente proporcional a
𝐶1𝑒
R. portanto, o termo é a componente do potencial devido à carga total da esfera considerada
𝑅
como uma carga pontual. Como a carga total da esfera é zero, esta componente não deve
figurar na expressão de 𝜑𝑒 . Portanto:
𝐶4𝑒
𝜑𝑒 = 𝜑0 + (𝐶3𝑒 𝑅 + ) cos 𝜃 4.66′
𝑅2
A única incógnita da equação (4.66′ ) é a constante 𝐶4𝑒 .
Consideremos a expressão para o potencial 𝜑𝑖 no interior da esfera. Ela deve dar um valor
finito para todos os pontos no interior da esfera. Isto só é possível se 𝐶1𝑖 = 0 𝑒 𝐶4𝑖 = 0. A
constante 𝐶2𝑖 , que figura no cálculo do potencial no campo considerado, é igual à constante
análoga 𝐶2𝑒 = 𝜑0 para a região exterior.
Assim para a região exterior:
𝜑𝑖 = 𝜑0 + (𝐶3𝑖 𝑅) cos 𝜃 4.66′′
As constantes 𝐶4𝑒 𝑒 𝐶3𝑖 que continuam desconhecidas, podem ser calculadas a partir das
condições limites. Da igualdade dos potenciais 𝜑𝑖 𝑒 𝜑𝑒 para 𝑅 = 𝑎, resulta que:
𝐶4𝑒
𝐶3𝑖 𝑎 = 𝐸0 𝑎 +
𝑎2
Da igualdade das componentes normais do deslocamento eléctrico na superfície de separação,
obtém-se
2𝐶4𝑒
−𝜀𝑖 𝐶3𝑖 = 𝜀𝑒 (𝐸0 − )
𝑎3
Resolvendo as duas equações simultaneamente, obtem-se:
3𝜀𝑒 𝜀𝑒 −𝜀𝑖
𝐶3𝑖 = 𝐸0 ; 𝐶4𝑒 = 𝑎3 𝐸0
2𝜀𝑒 + 𝜀𝑖 2𝜀𝑒 + 𝜀𝑖
O potencial no interior da esfera
3𝜀𝑒 3𝜀𝑒
𝜑𝑖 = 𝜑0 + 𝐸0 𝑅 cos 𝜃 = 𝜑0 + 𝐸0 𝑧 4.67
2𝜀𝑒 + 𝜀𝑖 2𝜀𝑒 + 𝜀𝑖
𝑧 = 𝑅 cos 𝜃
O potencial no exterior da esfera
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FCT-ANCE II TEORIA DE CAMPO ELECTROSTATICO
𝑎3 𝜀𝑒 −𝜀𝑖
𝜑𝑒 = 𝜑0 + 𝐸0 (𝑅 + ) cos 𝜃 4.68
𝑅 2 2𝜀𝑒 + 𝜀𝑖
A intensidade do campo no interior da esfera
𝜕𝜑𝑖 3𝜀𝑒
𝐸𝑧 = − = −𝐸0 4.69
𝜕𝑧 2𝜀𝑒 + 𝜀𝑖
A intensidade E é dirigida segundo o eixo dos z e é independente das coordenadas do ponto.
Por outras palavras, o campo no interior da esfera é uniforme.
UM CILIDRO DIELÉCTRICO NUM CAMPO UNIFORME
Seja 𝐸0 a intensidade de um campo uniforme (antes da introdução do
cilidro) paralelo ao eixo dos x de um sistema cartesiano (figura 22)
Coloquemos no campo um cilindro dieléctrico de modo que o eixo do
cilindro coincida com o eixo dos z.
Resolvendo as equações de Laplace num sistema de coordenadas
cilíndricas, obtemos as expressões seguintes para o potencial no
interior e no exterior, 𝜑𝑖 𝑒 𝜑𝑒 :
3𝜀𝑒 3𝜀𝑒
𝜑𝑖 = − 𝐸0 𝑟 cos 𝛼 = − 𝐸𝑥 6.70
2𝜀𝑒 + 𝜀𝑖 2𝜀𝑒 + 𝜀𝑖 0
𝑎2 𝜀𝑒 −𝜀𝑖
𝜑𝑒 = 𝐸0 ( − 𝑟) cos 𝛼 4.71
𝑟 2𝜀𝑒 + 𝜀𝑖
A intensidade do campo uniforme no interior do cilindro está dirigida segundo o eixo dos x e
é dada por:
𝜕𝜑𝑖 3𝜀𝑒
𝐸𝑖 = − = 𝐸0 4.72
𝜕𝑥 2𝜀𝑒 + 𝜀𝑖
No caso de um cilindro condutor de raio a, introduzido num campo uniforme de intensidade
𝐸0 , de modo que o seu eixo longitudinal seja perpendicular a 𝐸0 , o potencial do eixo do
cilindro, será:
𝑎2
𝜑𝑒 = 𝐸0 ( − 𝑟) cos 𝛼
𝑟
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FCT-ANCE II TEORIA DE CAMPO ELECTROSTATICO
Para o transporte da carga 𝑑𝑄é necessária uma energia, 𝑢𝑑𝑄 = 𝐶𝑢𝑑𝑢, que vai produzir um
campo eléctrico no dieléctrico. A energia fornecida pela para carregar um condensador desde
𝑢 = 0 ate 𝑢 = 𝑈 é convertida em energia do campo eléctrico e é dado por
𝑈
𝐶𝑈 2 𝑄 2
𝑊𝑒 = 𝐶 ∫ 𝑢𝑑𝑢 = =
0 2 2𝐶
Para encontramos uma expressão que dê energia por unidade de volume de um dieléctrico,
consideremos um condensador plano e suponhamos que a distância entre as armaduras é x, e
a área de uma das faces de cada armadura é S, a permitividade do dieléctrico entre as
armaduras ´𝜀𝑎 . A tensão entre as armaduras é U. desprezando o efeito dos bordos, podemos
considerar o campo uniforme.
O modulo da intensidade do campo eléctrico é
𝑈
𝐸=
𝑥
O modulo do vector deslocamento eléctrico é
𝑄
𝐷 = 𝜀𝑎 𝐸 =
𝑆
A capacidade de um condensador plano é dada por
𝜀𝑎 𝑆
𝐶=
𝑥
A energia por unidade de volume sera:
𝜀𝑎 𝐸 2 𝐸𝐷
𝑊𝑒 = =
2 2
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FCT-ANCE II TEORIA DE CAMPO ELECTROSTATICO
10. Uma esfera metálica não carregada de raio 𝑎 = 1𝑐𝑚 está colocada num campo
uniforme de densidade 𝐸0 = 103 𝑘𝑉⁄𝑚 . Determine 𝐸𝑅 𝑒 𝐸𝜃 no ponto A. as
coordenadas do ponto A são 𝑅 = 2𝑐𝑚 𝑒 𝜃 = 300 .
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FCT-ANCE II TEORIA DE CAMPO ELECTROSTATICO
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
𝐼 = ∫ 𝛿𝑑𝑠
𝑠
Figura 1
de lado∆𝑙 e de base ∆𝑠. O paralelepípedo esta colocado de tal modo que o campo dentro dele
é por um vector perpendicular a aresta (figura 1 a). Como o paralelepípedo é muito pequeno,
pode-se dizer que a intensidade de campo é a mesma em todo o volume.
∆𝐿 = ∆𝑙𝑛0 ; ∆𝑆 = ∆𝑠𝑛0
Onde 𝑛0 é o vector unitário no sentido ∆𝐿, ∆𝑆 e E. então a corrente sera:
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
𝐼 = ∫ 𝛿𝑑𝑠 = 𝛿∆𝑆
𝑠
Dentro de uma fonte o campo de Coulomb é dirigido contra o campo exterior. A intensidade
de campo total dentro da fonte é E+ Eext. fora da fonte o campo de Coulomb e dirigido do lado
positivo para o lado negativo, isto é, no sentido do campo exterior que provoca a circulação
no circuito. Quando há corrente no circuito |𝐸𝑒𝑥𝑡 | > |𝐸|. Quando o circuito esta aberto
|𝐸𝑒𝑥𝑡 | = |𝐸| .
Assim, para regiões ocupadas por fontes pode escrever a equação:
𝛿 = 𝛾(𝐸 + 𝐸𝑒𝑥𝑡 ) 5.3
Que é conhecida por lei de ohm generalizada na forma diferencial.
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
O integral de ambos os membros da equação (5.3) num contorno fechado contendo f.e.m.
constitui a segunda lei de kirchhoff na forma diferencial.
Consideremos o circuito fechado da figura 1c à volta do qual a corrente I circula. O troco 1-
2-3 conte uma fonte de f.e.m. externa, enquanto que o troço 3-4-1 não tem nenhuma. Seja 𝑅1
a resistência do troço 1-2-3 e R a resistência do troço 3-4-1. Admitamos que em todo o circuito
a área de qualquer secção recta é tão pequena que a densidade de corrente e a intensidade de
campo em qualquer ponto estão na direcção do elemento dl nesse ponto.
∮ 𝛿𝑑𝑙
= ∮(𝐸 + 𝐸𝑒𝑥𝑡 )𝑑𝑙
𝛾
O integral de uma soma é a soma dos integrais dos termos constituinte. Assim:
Visto que o campo de Coulomb deriva de um potencial ∮ 𝐸𝑑𝑙 = 0. Por outro lado
Dividindo ambos os membros da equação (5.4) pela mesma grandeza (neste caso o volume
considerado), a igualdade mante-se
∮ 𝛿𝑑𝑠
=0
𝑉
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
É óbvio que a relação acima transcrita também se mantem à medida que o volume tende para
zero
∮ 𝛿𝑑𝑠
lim = 𝑑𝑖𝑣𝛿 = 0
𝑉→0 𝑉
Assim, para um campo permanente invariável no tempo existente num meio condutor temos
𝑑𝑖𝑣𝛿 = 0 5.5
Esta equação é a primeira lei de Kirchhoff na forma diferencial.
É sabido que a quantidade de calor dissipado por uma corrente invariável I através de um
circuito eléctrico de resistência constante R por unidade de tempo (um segundo) é dado por
𝐼 2 𝑅 . temos de determinar uma expressão para a dispersão de calor por unidade de volume de
um meio condutor. De acordo com a figura 1ª.
𝐼2𝑅 (𝛿∆𝑠)2 ∆𝑙 𝛿2
= ( )= = 𝛾𝐸 2 5.6
𝑉 ∆𝑙∆𝑠 𝛾∆𝑠 𝛾
Como num campo electrostático, a intensidade de um campo eléctrico num meio condutor é
𝐸 = −𝑔𝑟𝑎𝑑𝜑.
Para um campo não variável com o tempo
𝑑𝑖𝑣𝛿 = 𝑑𝑖𝑣𝛾𝐸 = 0 5.7
Se 𝛾de um meio não varia de ponto para ponto, isto é, se o meio é homogénio e isotrópico, 𝛾
pode ser colocado antes do sinal da divergência. Dai:
𝑑𝑖𝑣𝐸 = 0 5.8
Figura 2
Como ∮ 𝐸𝑑𝑙 em qualquer contorno fechado é zero, também o é para o contorno 1-2-3-4.
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
Figura3
Vamos agora provar que as componentes normais da densidade de corrente são iguais de
ambos os lados da superfície de separação. Para isso consideremos um paralelipipedo muito
achatado no limite dos dois meios (figura 3) o fluxo de 𝛿 de fora para dentro do paralelepípedo
através da primeira base é −𝛿1𝑛 ∆𝑆 e o fluxo 𝛿 de detro para fora através da face oposta é
𝛿2𝑛 ∆𝑆. Como ∮ 𝛿𝑑𝑠 = 0, temos −𝛿1𝑛 ∆𝑆 + 𝛿2𝑛 ∆𝑆 = 0 e
𝛿1𝑛 = 𝛿2𝑛 5.11
Suponhamos que as linhas de forca do campo 𝐸1 no primeiro meio de condutividade 𝛾1 fazem
um ângulo 𝛽1(ângulo de incidência) com a normal à superfície de separação. Seja 𝛽2 o ângulo
que o campo 𝐸2 no segundo meio faz com a normal (ângulo de refracção). Os ângulos de
incidência e refracção estão ligados por
𝛿1𝑡 𝐸1𝑡 𝛾1 𝛿2𝑡 𝐸2𝑡 𝛾2
tg 𝛽1 = = ; tg 𝛽2 = =
𝛿1𝑛 𝛿1𝑛 𝛿2𝑛 𝛿2𝑛
Ou
tg 𝛽1 𝛾1
= 5.12
tg 𝛽2 𝛾2
Figura 4
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
𝜋𝜀𝑎 𝑙
𝐶= 𝑟
ln 𝑟2
1
A condutância entre dois cilindros coaxiais de comprimento l, separados por um meio de
condutividade 𝛾 (figura 4b) é
𝜋𝛾𝑙
𝐺= 𝑟
ln 𝑟2
1
A analogia pode ser alargada para incluir casos mais complicados. Assim, o potencial de uma
esfera de condutividade 𝛾𝑖 colocada num meio de condutividade 𝛾𝑒 é:
3𝛾𝑒
𝜑𝑖 = 𝜑0 + 𝐸0 𝑧
2𝛾𝑒 + 𝛾𝑖
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
5. Numa chapa de alumínio (𝛾𝑒 = 3,57 × 107 𝑚ℎ𝑜⁄𝑚) há um campo eléctrico uniforme
de intensidade 𝐸0 = 0,1 𝑉⁄𝑚. Determine a densidade de corrente num corpo cilíndrico de
cobre (𝛾𝑖 = 5,6 × 107 𝑚ℎ𝑜⁄𝑚) colocado perpendicularmente ao campo.
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
LEI DE AMPERE
Quantitativamente, a circulação do vector H num percurso fechado e a corrente total que
atravessa a área limitada por esse percurso, são relacionadas pela Lei de Ampere, cuja
expressão matemática é:
∮ 𝐻𝑑𝑙 = 𝐼 6.3
Em que I representa a soma algébrica de todas as correntes que atravessam o espaço limitado
pelo contorno de integração.
A equação (6.3) dá a forma integral da lei de Ampere. A forma
diferencial referir-se-ia à relação entre o campo num ponto e a densidade
de corrente nesse ponto.
Recorre-se à forma integral da lei de Ampere quando um dado campo
apresenta simetria. Assim, a intensidade de campo num ponto A, quando
este campo é produzido por um condutor retilíneo que conduz corrente
I, (figura 2) é determinado por aplicação da lei de Ampere do seguinte
modo: Descreve-se uma circunferência de raio R num plano normal ao condutor passando por
A e tendo como centro o ponto em que esse plano corta o condutor. Por considerações de
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
simetria podemos afirmar que o campo tem o mesmo valor em qualquer ponto da
circunferência. Também sabemos que o campo tem a direcção da tangente à circunferência
em todos os pontos desta. Portanto:
𝐼
∮ 𝐻𝑑𝑙 = ∮ 𝐻𝑑𝑙 cos 00 = 𝐻 ∮ 𝑑𝑙 = 𝐻2𝜋𝑅 = 𝐼; 𝐻 =
2𝜋𝑅
Por outras palavras, o campo magnético decresce hiperbolicamente quando R cresce.
Nos casos em que é impossível considerar um contorno fechado em perfeitas condições de
simetria relativamente ao campo, a forma integral da lei de Ampere não pode ser usada para a
determinação do campo magnético porque H não pode nesse caso colocar-se fora do sinal de
integração.
∮ 𝐻𝑑𝑙 = 𝛿𝑛 ∆𝑠
O sentido positivo da componente normal é dado pelo avanço do saca-rolhas que gira no
sentido tomado como positivo para a circulação.
Dividindo ambos os membros da equação por ∆𝑠 e fazendo ∆𝑠 tender para zero o que significa
uma contracção até zero da área considerada e tornando o limite temos:
∮ 𝐻𝑑𝑙
lim = 𝛿𝑛
∆𝑠→0 ∆𝑠
No primeiro membro temos a componente normal ao elemento ∆𝑠 do rotacional de H. esta
componente normal é designada por 𝑟𝑜𝑡𝑛 𝐻. Portanto
𝑟𝑜𝑡𝑛 𝐻 = 𝛿𝑛
Se o elemento de superfície ∆𝑠esta orientado de tal modo que a sua normal tem a direcção do
vector densidade de corrente 𝛿 no ponto considerado, a igualdade das componentes normais
dos dois vectores (𝑟𝑜𝑡𝑛 𝐻 𝑒 𝛿𝑛 ) pode ser substituída pela igualdade entre os próprios vectores,
𝑟𝑜𝑡𝐻 = 𝛿 6.4
A equação (6.4) constitui a forma diferencial da lei de Ampere.
O rotacional de um vector dá-nos o valor do “spin” desse vector.
A equação (6.4) é geral, não dependendo de qualquer sistema de coordenadas em particular.
Nas suas formas especificas de aplicação é que intervém o sistema escolhido.
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
Sob o ponto de vista formal, rotH pode ser representado sob forma do produto vectorial do
operador diferencial ∇ (nabla) pelo vector H, isto é
rotH = ∇H
é fácil verificar que multiplicando vectorialmente ∇ por H se obtém:
𝜕 𝜕 𝜕
[(𝑖 +𝑗 + 𝑘 ) (𝑖𝐻𝑥 + 𝑗𝐻𝑦 + 𝑘𝐻𝑧 )]
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕𝐻𝑧 𝜕𝐻𝑦 𝜕𝐻𝑥 𝜕𝐻𝑧 𝜕𝐻𝑦 𝜕𝐻𝑥
= 𝑖( − )+𝑗( − )+𝑘( − )
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦
Chama-se fluxo magnético ao fluxo do vector “indução magnética” através de uma superfície
qualquer
Φ = ∫ 𝐵𝑑𝑠
𝑠
O índice “s” que figura sob o sinal de integração mostra que se trata de um integral estendido
à superfície “s”. se esta superfície é fechada, o fluxo que a atravessa é
Φ = ∮ 𝐵𝑑𝑠
A experiência mostra que o fluxo magnético que entra num volume qualquer é igual ao que
sai desse volume. Por consequência a soma dos fluxos que entram e que saiem num volume
qualquer é igual a zero
∮ 𝐵𝑑𝑠 = 0 6.6
Esta é a expressão que traduz matematicamente a propriedade conservativa (ou de
continuidade) do fluxo magnético.
Vamos dividir ambos os membros da equação (6.6) pelo volume V encerrado pela superfície
“s” e tomemos o limite quando V tende para zero.
∮ 𝐻𝑑𝑙
lim =0
𝑉→0 𝑉
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
Ou
𝑑𝑖𝑣𝐵 = 0 6.7
A equação (6.7) pode ser considerada como a equação da continuidade do fluxo magnético na
sua forma diferencial. Aplica-se em qualquer ponto do espaço onde existe um campo
magnético. Portanto não há nenhum ponto de um campo magnético que possa ser considerado
como origem ou terminal de linhas de força (de fluxo) do vector “indução magnética”. Estas
linhas nunca são interrompidas; fecham-se sobre si mesmas.
Contudo, as linhas de H em pontos nos quais J varia, como seja na separação entre dois meios,
são continuas. Isto é uma consequência da equação (6.7):
𝑑𝑖𝑣𝐵 = 𝑑𝑖𝑣𝜇0 (𝐻 + 𝐽) = 0
E daqui
𝑑𝑖𝑣𝐻 = −𝑑𝑖𝑣𝐽
Naquelas áreas de um campo magnético que são atravessadas por uma corrente continua, o
campo magnético é um campo rotacional enquanto que naquelas que não são atravessadas por
corrente, o campo magnético é um campo irrotacional.
Um campo de vectores H diz-se rotacional numa determinada região do espaço quando nessa
região podemos definir 𝑟𝑜𝑡𝐻 ≠ 0. É irrotacional no caso contrário ( 𝑟𝑜𝑡𝐻 = 0).
Para um conjunto de pontos nos quais 𝛿 = 0, 𝑟𝑜𝑡𝐻 = 0 , o campo magnético pode ser
considerado como irrotacional, ou, um campo em que a cada ponto podemos associar um certo
potencial escalar magnético 𝜑𝑀 . Isto equivale a dizer que o campo H é definido pelo gradiente
de uma função, ou
𝐻 = −𝑔𝑟𝑎𝑑𝜑𝑀 6.8
Dado que 𝑑𝑖𝑣𝐵 = 𝑑𝑖𝑣𝜇𝑎 𝐻, então para 𝜇𝑎 constante, temos divH=0. Substituindo nesta ultima
expressão H por −𝑔𝑟𝑎𝑑𝜑𝑀 temos:
𝑑𝑖𝑣𝑔𝑟𝑎𝑑𝜑𝑀 = 0
Portanto, o potencial magnético 𝜑𝑀 nas áreas que estamos a considerar (não atravessadas por
correntes) satisfaz à equação de Laplace.
∇ 2 𝜑𝑀 = 0 6.9
A diferença de potencial magnético escalar entre dois pontos 1 e 2 é chamado queda de
potencial magnético entre esses pontos e definida por:
2
𝑈𝑀12 = 𝜑𝑀1 − 𝜑𝑀2 = ∫ 𝐻𝑑𝑙
1
A queda de potencial magnético entre os pontos 1 e 2 ao longo de
determinado percurso (digamos 1-3-2 da figura 4) e igual à queda de
potencial magnético entre os mesmos pontos tomada ao longo de outro
qualquer percurso (1-4-2, por exemplo), desde que esses percursos
constituam um contorno fechado no interior no interior do qual a
corrente é nula.
Se o interior do contorno fechado formado pelos dois percursos for atravessado por uma
corrente, a queda de potencial magnético no primeiro já não é igual à que se verifica no
segundo, sendo a diferença entre as duas quedas igual ao valor dessa corrente. Esta conclusão
é imediata da lei circuital de Ampere. Aplicando-a à figura 4 temos:
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
∫ 𝐻𝑑𝑙 ≠ ∫ 𝐻𝑑𝑙
152 132
Porque
∫ 𝐻𝑑𝑙 + ∫ 𝐻𝑑𝑙 = −𝐼
152 132
Há uma diferença fundamental entre as noções de queda de potencial magnético e diferença
de potencial magnético.
A primeira noção e definida pelo integral curvilíneo de H sobre dl ao longo do percurso
escolhido. A segunda depende não somente deste integral, mas ainda das f.m.m. encontradas
no percurso. Existe aqui uma analogia completa destas noções com as de queda de tensão
aplicados aos circuitos eléctricos.
CONDIÇÕES LIMITE
Existem duas condições limites inerentes ao campo magnético que são:
𝐻1𝑡 = 𝐻2𝑡 ; 6.10
𝐵1𝑛 = 𝐵2𝑛 ; 6.11
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
No estudo dos campos magnéticos faz-se largo uso de potencial vector do campo magnético,
representado por A. é uma grandeza vectorial definida por
𝐵 = 𝑟𝑜𝑡𝐴 6.13
Esta definição do vector indução magnética por um rotacional baseia-se no facto de ser nula a
divergência de qualquer rotacional.
Ora, sabemos que num campo magnético
𝑑𝑖𝑣𝐵 = 0
Substituindo nesta expressão B por rotA, temos
𝑑𝑖𝑣𝑟𝑜𝑡𝐴 = 0
Se o potencial vector é conhecido em função das coordenadas, podemos determinar a indução
em qualquer ponto de um campo pelo seu rotacional, de acordo com a equação (6.13).
Contrariamente ao potencial escalar magnético 𝜑𝑀 , que se pode utilizar só nas regiões não
atravessadas por correntes, pode empregar-se o potencial vector quer nas regiões onde não
existem correntes quer naquelas em que existem, isto é, em todos os casos.
Na electricidade e no magnetismo, o potencial vector magnético usa-se na determinação de:
1) Indução magnética pela equação (6.13)
2) Fluxo magnético através de qualquer superfície (ver teorema de Stokes)
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
Limitaremos as nossas considerações a campos que podem ser distribuídos em regiões tais
que a permeabilidade 𝜇𝑎 de cada região é constante. Se 𝜇𝑎 é constante, a equação anterior
pode ser escrita assim:
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
Esta expressão diz-nos que: “ O potencial vector divido a um elemento de corrente, num ponto
do espaço tem a mesma direcção e sentido que a corrente circulante no elemento de condutor”.
No estudo dos campos magnéticos devido a correntes circulando próximas de massas de ferro,
usa-se correntemente o método das imagens magnéticas.
Consideremos um
condutor
transportando a
corrente 𝐼1 (figura
7a), situado no ar ou
em qualquer outro
meio de
permeabilidade 𝜇1 ,
paralelo à superfície de separação entre dois meios. Seja 𝜇2 a permeabilidade do outro meio.
Vamos determinar a intensidade de campo em qualquer ponto de ambos os meios.
Para fazermos a analise introduzimos duas correntes 𝐼2 𝑒 𝐼3 . O condutor percorrido por 𝐼2 é
colocado de modo a que apareça como a imagem num espelho do condutor percorrido por 𝐼1 ,
e o condutor onde passa 𝐼3 é colocado na posição do condutor percorrido por 𝐼1 . As duas
correntes ainda desconhecidas 𝐼2 𝑒 𝐼3 são dispostas de modo que se preencham as duas
condições limites.
O campo no semi-plano superior (contendo 𝐼1 figura 7b) preenchido por um meio de
permeabilidade 𝜇1 é divido a 𝐼1 𝑒 𝐼2 . O campo em qualquer ponto do semi-plano inferior
ocupado por um meio de permeabilidade 𝜇2 (figura 7c) é devido unicamente a 𝐼3 .
Consideremos um ponto arbitrário a na fronteira entre os dois meios de modo que possa ser
visto como pertencendo a ambos. Se se considera pertencente ao primeiro meio, a componente
tangencial da intensidade de campo será dado pelo primeiro membro da equação (6. 22′ ); se
se considera pertencente ao segundo meio, a componente tangencial da intensidade de campo
será dada pelo segundo membro da equação (6. 22′ ), ou seja:
𝐼1 𝐼2 𝐼3
( − ) cos 𝛼 = cos 𝛼 6. 22′
2𝜋𝑅 2𝜋𝑅 2𝜋𝑅
Logo
𝐼1 − 𝐼2 = 𝐼3
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
𝐼1 𝐼2 𝐼3
( + ) 𝜇1 sen 𝛼 = 𝜇 sen 𝛼 6. 22′′
2𝜋𝑅 2𝜋𝑅 2𝜋𝑅 2
Temos
𝜇2
𝐼1 + 𝐼2 = 𝐼3
𝜇1
Resolvendo o sistema obtemos:
𝜇2 − 𝜇1
𝐼2 = 𝐼1
𝜇1 + 𝜇2
2𝜇1
𝐼3 = 𝐼1
𝜇1 + 𝜇2
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FCT-ANCE II CAMPO MAGNETICO DA CORRENTE CONTINUA
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FCT-ANCE II CAMPO ELECTROMAGNETICO
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FCT-ANCE II CAMPO ELECTROMAGNETICO
Se houver qualquer variação com o tempo de um campo electrostático num dieléctrico, este
será percorrido por uma corrente de deslocamento. Consideremos um condensador plano com
o ar como dieléctrico. Quando o ligamos a uma fonte de tensão U através de uma resistência
R, a variação do potencial nas placas será descrita por
𝑡
𝑢𝑐 = 𝑈 (1 − 𝑒 −𝑅𝐶 )
𝜕𝐸
∮ 𝐻𝑏𝑙 = ∫ (𝛿 + 𝜀𝑎 ) 𝑑𝑠
𝑠 𝜕𝑡
Pelo teorema de Stokes,
∮ 𝐻𝑑𝑙 = ∫ 𝑟𝑜𝑡𝐻 𝑑𝑠
Assim,
𝜕𝐸
∫ 𝑟𝑜𝑡𝐻 𝑑𝑠 = ∫ (𝛿 + 𝜀𝑎 ) 𝑑𝑠 7.2
𝑠 𝜕𝑡
EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE
𝜕𝐸
As linhas de força da corrente total (𝛿 + 𝜀𝑎 𝜕𝑡 ) são circuitos fechados, o que fisicamente
significa que na fronteira entre um meio condutor e um dieléctrico a corrente de condução se
transforma em corrente de deslocamento. Para o mostrar, tomemos a divergência de ambos os
membros da equação (7.1). como sabemos do antecedente, a divergência de um rotacional é
identicamente igual a zero. Portanto,
𝜕𝐸
𝑑𝑖𝑣 (𝛿 + 𝜀𝑎 ) = 0 7.3
𝜕𝑡
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FCT-ANCE II CAMPO ELECTROMAGNETICO
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FCT-ANCE II CAMPO ELECTROMAGNETICO
circulação de E em torno de um circuito infinitesimal que contenha o ponto e esteja num plano
normal a B coincidirá com o sentido de rotação do saca-rolhas.
O sinal menos no segundo membro da equação (7.4) é introduzido para correlacionar o sentido
efectivo de E nas condições acima especificadas com o sentido que se tornou positivo para E.
Nas duas primeiras equações de Maxwell trabalha-se com derivadas temporais parciais. A
explicação reside no facto de que as equações de Maxwell são escritas para corpos e circuitos
estacionários em relação ao sistema de referência escolhido.
𝐻 = Im𝐻𝑚 𝑒 𝑗𝜔𝑡
Onde Im indica a parte imaginaria.
Além de variarem sinusoidalmente com o tempo, as intensidades E e H são funções vectoriais.
Isto é, vectores perfeitamente orientados no espaço. Consequentemente devem ser escritos
𝜕𝐸
normado com uma seta por cima. Então 𝛿 deve se substituído por 𝛾𝐸 𝑒 𝑗𝜔𝑡 ; 𝜀𝑎 ( 𝜕𝑡 ) por
𝜕
𝑗𝜔𝜀𝑎 𝐸 𝑒 𝑗𝜔𝑡 (𝜕𝑡 𝐸𝑚 𝑒 𝑗𝜔𝑡 = 𝑗𝜔𝐸 𝑒 𝑗𝜔𝑡 ) , 𝑒 𝑟𝑜𝑡𝐻 𝑝𝑜𝑟 𝑟𝑜𝑡[𝐻 𝑒 𝑗𝜔𝑡 ] = 𝑒 𝑗𝜔𝑡 𝑟𝑜𝑡𝐻 . Como 𝑒 𝑗𝜔𝑡 é
uma constante independente das coordenadas pode ser colocada antes do sinal de rotacional.
Então a primeira equação de Maxwell pode escrever-se:
𝑒 𝑗𝜔𝑡 𝑟𝑜𝑡𝐻 = (𝛾𝐸 + 𝑗𝜔𝜀𝑎 𝐸 )𝑒 𝑗𝜔𝑡
Eliminando 𝑒 𝑗𝜔𝑡 em ambos membros vem
𝑟𝑜𝑡𝐻 = (𝛾𝐸 + 𝑗𝜔𝜀𝑎 𝐸 )𝑒 𝑗𝜔𝑡 7.6
Semelhantemente, a segunda equação de Maxwell escrever-se-á em notação complexa,
𝑟𝑜𝑡𝐸 = −𝑗𝜔𝜇𝑎 𝐻 7.7
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FCT-ANCE II CAMPO ELECTROMAGNETICO
𝜕 𝜇𝑎 𝐻 2
𝐻𝑟𝑜𝑡 𝐸𝑑𝑉 = (− ) 𝑑𝑉 7.9
𝜕𝑡 2
Substituindo a equação (7.9) da equação (7.8) temos
𝜕 𝜀𝑎 𝐸 2 𝜀𝑎 𝐸 2
(𝐸𝑟𝑜𝑡𝐻 − 𝐻𝑟𝑜𝑡𝐸)𝑑𝑉 = {𝛾𝐸 2 + ( + )} 𝑑𝑉 7.10
𝜕𝑡 2 2
Como
𝑑𝑖𝑣[𝐸𝐻] = 𝐻𝑟𝑜𝑡𝐸 − 𝐸𝑟𝑜𝑡𝐻
Conclui-se que o primeiro membro da equação (7.10) é −𝑑𝑖𝑣[𝐸𝐻]𝑑𝑉. Portanto:
2
𝜕 𝜀𝑎 𝐸 2 𝜀𝑎 𝐸 2
−𝑑𝑖𝑣[𝐸𝐻]𝑑𝑉 = {𝛾𝐸 + ( + )} 𝑑𝑉
𝜕𝑡 2 2
O produto vectorial [𝐸𝐻]pode ser representado pelo vector S:
[𝐸𝐻] = 𝑆
Conhecido por vector de Poynting. As suas dimensões são o produto das dimensões de E e H:
[𝑆] = [𝐸][𝐻] = 𝑊⁄ 2
𝑚
Por outras palavras, o vector de Poynting tem dimensões de uma
potência (ou de energia por unidade de tempo) por unidade de área,
e considera-se positivo se tomado num sentido (figura 1) igual ao do
avanço de um saca-rolhas que rodasse no sentido que levaria o vector
[𝐸] a sobrepor-se ao vector [𝐻]. Resumindo,
𝜕 𝜀𝑎 𝐸 2 𝜀𝑎 𝐸 2
−𝑑𝑖𝑣𝑆𝑑𝑉 = {𝛾𝐸 2 + ( + )} 𝑑𝑉 7.11
𝜕𝑡 2 2
A equação (7.11) pode ser estendida a volumes finitos. Integremos a equação (7.11) estendida
ao volume V:
2
𝜕 𝜀𝑎 𝐸 2 𝜀𝑎 𝐸 2
∫ 𝑑𝑖𝑣𝑆𝑑𝑉 = ∫ 𝛾𝐸 𝑑𝑉 + ∫ [ + ] 𝑑𝑉 7.11′
𝑉 𝑉 𝜕𝑡 𝑉 2 2
Assim como um integral de superfície pode ser convertido num integral linear pelo teorema
de Stokes, também um integral de volume se pode converter num integral de superfície pelo
teorema da divergência de Gauss:
∫ 𝑑𝑖𝑣𝑆𝑑𝑉 = ∮ 𝑆𝑑𝑠
𝑉
Qualitativamente, esta transformação pode ser explicada como segue.
Dividamos o volume V (figura 2) em elementos de volume ∆𝑉 e
Δ𝑠
substituamos S por ∑ 𝑆 , onde Δ𝑠 é um elemento da superfícies do
Δ𝑉
Δ𝑠
volume ∆𝑉 . Então ∫𝑉 𝑑𝑖𝑣𝑆𝑑𝑉 = ∑ ∑ 𝑆 Δ𝑉 Δ𝑉 = ∑ ∑ 𝑆Δ𝑠 em que o primeiro sinal de
somatório indica a soma de todas as superfícies do elemento do volume e o segundo estende-
se a todos os elementos de volume.
O somatório ∑ ∑ 𝑆Δ𝑠 pode ser dividido em dois, a soma de 𝑆Δ𝑠 estendida a todas as
superfícies que separam elementos de volume adjacentes (isto é,
superfícies “internas”) e a soma de 𝑆Δ𝑠 estendida às superfícies
“periféricas”. A primeira soma é zero, visto que para dois
elementos de volume adjacentes as normais exteriores à superfície
comum são opostas. Referindo-nos à figura 3, mn é a face comum
a dois elementos do volume. Para o elemento superior a normal à
face aponta para baixo (Δ𝑠1); para o elemento inferior a normal
aponta para cima (Δ𝑠2). Multiplicando o vector S por (Δ𝑠1 + Δ𝑠2 )
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obtemos zero. A soma de SΔ𝑠 estendida a todos elementos de superfície periféricos dá ∮ 𝑆𝑑𝑠.
O teorema de Poynting para valores instantâneos escreve-se:
2
𝜕 𝜀𝑎 𝐸 2 𝜀𝑎 𝐸 2
− ∮ 𝑆𝑑𝑠 = ∫ 𝛾𝐸 𝑑𝑉 + ∫ [ + ] 𝑑𝑉 7.12
𝑆 𝑉 𝜕𝑡 𝑉 2 2
O primeiro termo da equação (7.12) expressa o fluxo normal para dentro (note-se o sinal
“menos”) do vector Poynting através da superfície S do volume V. pela lei de Joule sob a
forma diferencial, 𝛾𝐸 2 é a energia dissipada sob a forma de calor por unidade de volume e por
unidade de tempo. Portanto ∫𝑉 𝛾𝐸 2 𝑑𝑉 dá-nos o ritmo a que a energia é gerada sob a forma
𝜕 𝜀 𝐸2 𝜀 𝐸2
de calor no volume V do meio. Somado a isto vem 𝜕𝑡 ( 𝑎2 + 𝑎2 ) que é o grau de variação
da energia eléctrica e magnética armazenada na unidade de volume.
Contudo o grau de variação da energia electromagnética é uma potência. Portanto, o fluxo do
vector Poynting através de qualquer superfície de um volume V é a potência dissipada no
volume sob a forma de calor mais a potência electromagnética armazenada nesse volume.
O teorema de Poynting deve ser tratado como uma equação de equilíbrio de energias. O
primeiro membro da equação (7.2) é a potência total, ou a variação total do armazenamento
de energia por unidade de tempo, introduzida no volume sob a forma do fluxo do vector de
Poynting; o segundo membro da equação (7.2) é o grau de dissipação de energia dentro desse
volume.
A relação (7.12) foi deduzida supondo que o meio no interior do volume V é homogéneo e
isotrópico e também que não há onda refletida nem f.e.m. dentro do volume.
Se o campo for constante no tempo, então
𝜕 𝜀𝑎 𝐸 2 𝜀𝑎 𝐸 2
( + )=0
𝜕𝑡 2 2
E
− ∮ 𝑆𝑑𝑠 = ∫ 𝛾𝐸 2 𝑑𝑉
𝑆 𝑉
A energia electromagnética é transmitida através do dieléctrico e os condutores de uma linha
de transmissão agem apenas como canais para a corrente e servem como “núcleos” estruturais
do campo no dieléctrico.
Isto pode ser provado com um exemplo simples. Suponhamos uma
corrente continua transportada pelo cabo coaxial da figura 4. O condutor
central tem raio 𝑟1 e o raio interior da armadura é 𝑟2 . Consideremos que a
condutividade do condutor e da armadura é tão grande (teoricamente
infinita) que a intensidade do campo eléctrico 𝐸 = 𝛿⁄𝛾 em ambos se
aproxima de zero. O espaço entre o condutor e a armadura está preenchido
por um dieléctrico. Para começar, determinemos o fluxo do vector
Poynting através da secção recta do dieléctrico que no nosso exemplo é um anel de raio interior
𝑟1 e raio exterior 𝑟2 . Pelo teorema de Ampere, a intensidade do campo magnético no
dieléctrico é
𝐼
𝐻=
2𝜋𝑟
A intensidade do campo eléctrico num dieléctrico devido a uma corrente continua é
determinada do mesmo modo que no caso electrostático:
𝑄 𝑈
𝐸= =
2𝜋𝜀𝑎 𝑟𝑙 𝑟𝑙𝑛 𝑟2
𝑟1
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