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DE C.C. E C.A.
Julho - 2003
ÍNDICE
Quase todas as pessoas vivem e trabalham res e dos motores. Este volume abordará este as-
no extremo de um circuito elétrico. Do seu estudo sunto e tratará também do controle dos geradores
da Eletricidade Básica, você deve lembrar que di- e dos motores, bem como da eliminação de defei-
ferentes formas de energia podem ser convertidas tos nos mesmos.
em eletricidade (energia elétrica) e que, do mesmo Embora seja grande a variedade de gerado-
modo, a eletricidade (energia elétrica) pode ser res e motores, verificaremos que todos eles são
convertida em diferentes formas de energia. O ge- basicamente muito semelhantes. Todos os gerado-
rador elétrico é o dispositivo que transforma ener- res e motores elétricos usam a interação entre
gia mecânica em energia elétrica - o motor elétri- condutores em movimento e campos magnéticos
co, essencialmente um gerador usado de modo di- (ou vice-versa). As diferenças entre os dispositi-
ferente, transforma energia elétrica em energia vos que estudaremos dependem do modo como os
mecânica. É provável que você se lembre de que condutores e os campos magnéticos são dispostos
os geradores são usados para fornecer quase toda e também das suas saídas (elétrica ou mecânica).
a energia elétrica usada atualmente. Um dos nos- Neste ponto, é conveniente rever o que foi estuda-
sos principais problemas é encontrar fontes de e- do sobre magnetismo e efeitos magnéticos, antes
nergia para o acionamento desses geradores. Por de prosseguir com o estudo dos geradores e dos
este motivo, torna-se cada vez maior a necessida- motores.
de de novas fontes alternativas de energia. No Embora os geradores e os motores de C.C. e
momento, dependemos quase totalmente do gera- de C.A. sejam o objetivo do seu estudo neste vo-
dor elétrico para obter a energia elétrica que utili- lume, é importante que você saiba, desde já, que o
zamos. Evidentemente, usamos a energia elétrica funcionamento de qualquer uma dessas máquinas
para muitos fins, além da obtenção de energia me- depende simplesmente da interação de campos
cânica através dos motores. magn6ticos e condutores percorridos por correntes
elétricas.
rada, é determinada pelo sentido do movimento Resumindo o que você já sabe sobre a ele-
relativo entre o campo magnético e o condutor tricidade produzida pelo magnetismo:
que o corta. 1. O movimento de um condutor através de
um campo magnético gera uma f.e.m. que produz
uma corrente.
2. Quanto mais rápido for o movimento,
quanto maior o número de espiras e quanto maior
a intensidade do campo magnético, tanto maior
será a f.e.m. induzida e mais intensa será a corren-
te.
3. Invertendo-se o sentido do movimento do
condutor, a polaridade da f.e.m. induzida também
é invertida e, portanto, o sentido da corrente.
4. Não importa qual se mova, se o condutor
ou o campo magnético, porque o resultado é o
mesmo.
II - O GERADOR ELEMENTAR
Um gerador elementar consiste de uma espi- madura. As extremidades da espira são ligadas a
ra de fio disposta de tal modo que pode ser girada anéis, chamados anéis coletores, que giram com a
em um campo magnético uniforme. Este movi- armadura. Escovas fazem contato com os anéis
mento causa a indução de uma corrente na espira. coletores e ligam a armadura ao circuito externo.
Para ligar a espira a um circuito externo que apro- Você já deve ter observado que este é o mesmo
veite a f.e.m. induzida, são usados contatos desli- gerador elementar descrito no estudo da produção
zantes. de uma tensão alternada.
Os pólos norte e sul do imã que proporciona Na descrição do funcionamento do gerador,
o campo magnético são as peças polares. A espira nas páginas seguintes, você deve imaginar a espira
de fio que gira dentro do campo é chamada de ar- girando dentro do campo magnético (contudo, é
O GERADOR ELEMENTAR 8
bom lembrar que, com a mesma facilidade, pode- dor de corrente com zero central e resistor de car-
ríamos fazer o imã girar). À medida que os lados ga - tudo ligado em série. O valor da f.e.m. indu-
da espira cortam as linhas de força do campo, há zida que é gerada na espira e, portanto, da corrente
produção de uma f.e.m. que provoca uma corrente produzida, depende da posição instantânea da es-
através da espira, anéis coletores, escovas, medi- pira em relação ao campo magnético.
tico não se alterou, e, portanto, a polaridade da ma e o condutor branco para baixo. Como resulta-
f.e.m. induzida também não se alterou. do, a polaridade da f.e.m. induzida e o sentido da
corrente também são invertidos. A forma de onda
da tensão de saída correspondente à rotação com-
pleta da espira B mostrada abaixo.
Como você sabe, a f.e.m. gerada produzirá
uma corrente alternada no circuito externo ligado
aos terminais de saída do gerador. Se a armadura
fosse girada 60 vezes por segundo, a freqüência da
saída alternada seria 60 Hz. Os geradores de C.A.
são conhecidos normalmente como alternadores.
Quando a espira é girada com velocidade constan-
te, a razão com que ela corta as linhas de força é
máxima quando ela deixa a posição horizontal, e
mínima quando a espira está na vertical. Isto faz
com que a tensão de saída seja senoidal, porque a
razão com que a espira corta as linhas de força é
senoidal, e como você sabe é a razão de corte das
Quando a espira ultrapassa a posição de 180 linhas de força que determina a tensão de saída.
graus e retorna à posição "A", o sentido do movi-
mento dos condutores em relação ao campo é in-
vertido. Agora, o condutor preto se move para ci-
2.3 - O Comutador
Como vimos, o gerador elementar e um ge- mo sentido, embora seu valor aumente e diminua
rador de C.A. Se desejamos uma saída alternada, de acordo com a posição da espira.
então o gerador está completo. Mais adiante, neste
volume, você estudará geradores práticos de C.A.
No gerador elementar, a tensão alternada in-
duzida na espira tem sua polaridade invertida toda
vez que a espira passa pelos pontos de 0 e 180
graus. Nesses pontos, dá-se a inversão do sentido
do movimento dos condutores da espira no campo
magnético. Você sabe que a polaridade da f.e.m.
induzida depende do sentido do movimento do
condutor no campo magnético. Quando este senti-
do é invertido, a polaridade da f.e.m. induzida
também é invertida. Como a espira continua a gi-
rar no campo, os seus condutores sempre estão ge-
rando uma f.e.m. induzida alternada. Assim, a ú-
nica maneira de se obter C.C. do gerador é con-
verter a C.A. produzida em C.C.
Uma das maneiras de se conseguir isto é por
Para converter a tensão alternada gerada em
meio de uma chave inversora, ligada à saída do
tensão contínua pulsativa, a chave deve ser inver-
gerador. Esta chave pode ser ligada de tal maneira
tida duas vezes em cada ciclo. Se o gerador tives-
que inverta a polaridade da tensão de saída toda
se uma saída de 60 Hz, a chave deveria ser inver-
vez que a f.e.m. induzida for invertida dentro do
tida 120 vezes por segundo, para converter a C.A.
gerador. A chave B mostrada no diagrama abaixo
em C.C. Evidentemente, seria impossível manuse-
e deve ser invertida manualmente quando muda a
ar a chave com tão grande rapidez.
polaridade da tensão. Quando isto é feito, a tensão
O problema foi resolvido de maneira sim-
aplicada à carga tem sempre a mesma polaridade e
ples, montando-se a chave no eixo giratório. Isto
a corrente flui através do resistor sempre no mes-
O GERADOR ELEMENTAR 10
foi conseguido com a alteração dos anéis coleto- de cada uma das extremidades da espira, de uma
res, de modo que produzissem o mesmo efeito que escova para a outra, toda vez que a espira comple-
a chave mecânica. Basicamente, um dos anéis co- ta meia rotação. Esta ação é exatamente igual à da
letores é eliminado, e o outro é fendido ao longo chave inversora.
do seu eixo. Cada extremo da bobina é, então, li-
gado a um dos segmentos do anel fendido. Os
segmentos são isolados, de modo que não haja
contato elétrico entre eles, com o eixo ou com
qualquer outra parte da armadura. O anel como
um todo é conhecido como comutador, e sua ação
de converter C.A. em C.C. é denominada comuta-
ção.
As escovas ficam em posições opostas, e os
segmentos do comutador são montados de modo
que são postos em curto pelas escovas quando a
espira passa pelos pontos de tensão zero; assim,
não há corrente no curto circuito. Observe tam- Como você verá mais adiante ao estudar os
bém que, à medida que a espira gira, cada condu- geradores de C.C., um dispositivo especial conhe-
tor é ligado, por meio do comutador, primeiro à cido como retificador, que você já conhece do seu
escova positiva e a seguir à escova negativa. estudo dos medidores de C.A., também pode ser
Quando a espira que constitui a armadura usado para converter C.A. em C.C. pulsativa.
gira, o comutador troca automaticamente a ligação
move para baixo e a escova branca está sempre tação. Como foi visto anteriormente, trata-se de
em contato com o lado que se move para cima. uma C.C. pulsativa.
Como a corrente no condutor que se move para
cima se dirige para a escova, a escova branca é o
terminal negativo e a escova preta é o terminal po-
sitivo do gerador de C.C. Isto pode ser verificado
facilmente com a regra da mão esquerda.
Enquanto a espira continua girando, da po-
sição C (180 graus), passando pela posição D (270
graus) e voltando à posição A (360 graus ou zero
grau), a escova preta está ligada ao fio branco, que
se move para baixo, e a escova branca está ligada
ao condutor preto, que está subindo. Como resul-
tado, a polaridade da forma de onda da tensão ge-
rada, entre 180 e 360 graus, é a mesma da que foi
gerada de zero a 180 graus. Observe que a corren-
te passa através do amperímetro sempre no mes-
mo sentido, embora o seu sentido na espira seja
invertido em cada semiciclo.
Verifica-se, assim, que a principal diferença
Portanto, a tensão de saída tem sempre a
entre os geradores elementares de C.A. e de C.C.
mesma polaridade, mas varia de valor, crescendo
reside na forma como é recolhida a tensão de saí-
de zero até um máximo, caindo a zero, crescendo
da.
novamente até um máximo e, afinal, caindo outra
vez a zero, sempre que a espira completa uma ro-
te do que a tensão produzida pelo gerador elemen- um gerador comercial consiste de muitas espiras
tar. de fio ligadas em série. Como resultado, a tensão
de saída é muito maior do que a gerada em uma
bobina com apenas uma espira.
Melhorando a Saída do Gerador
Até aqui você aprendeu os fundamentos da manente ou um simples núcleo de ferro como ro-
ação do gerador e a teoria de funcionamento dos tor, e o campo e as bobinas de saída montados no
geradores elementares de C.A. e de C.C. Agora estator. Isto será estudado mais adiante.
você está pronto para estudar os geradores práti-
cos e sua construção. Na verdade, os geradores de
C.C. tornaram-se relativamente sem importância,
devido à facilidade com que a C.A. pode ser con-
vertida em C.C. Entretanto, a compreensão dos
geradores de C.C. proporciona a base para o en-
tendimento dos geradores e motores que serão es-
tudados mais adiante neste volume.
Existem vários componentes essenciais ao
funcionamento de um gerador. Quando você pu- Em todos os casos, há movimento relativo,
der reconhecer esses componentes e estiver fami- de modo que uma bobina corta linhas de força
liarizado com suas funções, achará muito mais fá- magnéticas. Como resultado, uma f.e.m. e induzi-
cil o trabalho de localização de defeitos e de ma- da na bobina, estabelecendo uma corrente na car-
nutenção dos geradores. ga externa.
Todos os geradores - de C.A. ou de C.C. - Como o gerador fornece energia elétrica a
são constituídos por uma parte giratória e uma uma carga, ele deve receber energia mecânica que
parte fixa. Na maioria dos geradores de C.C., a faça o rotor girar e produzir eletricidade. O gera-
bobina de onde se obtém a saída fica sobre a parte dor converte energia mecânica em energia elétri-
giratória, designada como armadura. As bobinas ca. Conseqüentemente, todos os geradores devem
que geram o campo magnético são montadas na estar associados com máquinas que forneçam a
parte fixa, denominada campo. Na maioria dos ge- energia mecânica necessária para acionar os roto-
radores de C.A. temos o oposto, isto é, o campo é res. Essas máquinas podem ser motores a vapor, a
montado sobre a parte girante - o rotor; e o enro- gasolina ou a diesel; motores elétricos; turbinas a
lamento da armadura é disposto na parte fixa - o vapor acionadas pelo calor resultante da combus-
estator. Nos geradores modernos encontramos ex- tão de carvão ou óleo, ou fissão nuclear; ou, ainda,
ceções para os casos acima, e temos um ímã per- turbinas acionadas por energia hidráulica.
da uma e sua função com o gerador elementar es- ENROLAMENTOS DE CAMPO: Estes enro-
tudado anteriormente. lamentos, quando montados nas peças polares,
formam eletroímãs que produzem o campo mag-
nético necessário para o funcionamento do gera-
dor. O conjunto dos enrolamentos e peças polares
é geralmente chamado de campo. Os enrolamen-
tos são bobinas de fio isolado, enroladas de ma-
neira a caber exatamente em torno das peças pola-
res. A corrente que passa nessas bobinas gera o
campo magnético. Em alguns geradores pequenos,
imãs permanentes substituem as bobinas de cam-
po.
Um gerador pode ter apenas dois pólos ou
um grande número de pares de pólos. Em qual-
quer destes casos, os pólos adjacentes são sempre
de polaridades opostas. Os enrolamentos de cam-
po podem ser ligados em série ou em paralelo
("shunt"). Os enrolamentos de campo em paralelo
consistem em muitas espiras de fio muito fino,
enquanto que os enrolamentos de campo em série
são feitos com um número menor de espiras de fio
relativamente grosso.
TAMPAS: são aparafusadas às extremidades da
carcaça e contêm os mancais para a armadura. A
tampa de trás suporta somente o mancal, enquanto
que a tampa da frente suporta também o conjunto
das escovas.
CARCAÇA: Também é conhecida como "yoke".
É a parte da máquina que suporta os outros com- PORTA-ESCOVAS: Este componente suporta as
ponentes. Também serve para completar o circuito escovas e seus fios de ligação. Os porta-escovas
magnético entre as peças polares. são presos à tampa da frente por meio de grampos.
Em alguns geradores, os porta-escovas podem ser
PEÇAS POLARES: As peças polares, como os girados em tomo do eixo, para ajustagem.
núcleos dos transformadores, são feitas comumen-
te com muitas lâminas de ferro de pequena espes- ARMADURA: Praticamente, em todos os gera-
sura, montadas juntas e aparafusadas à parte inter- dores de C.C. a armadura gira entre os pólos do
na da carcaça. As peças polares servem de supor- estator. Ela é constituída pelas seguintes partes:
tes para as bobinas de campo e são projetadas para eixo, núcleo, enrolamento e comutador. O núcleo
produzir um campo magnético concentrado. A é laminado para reduzir as correntes parasitas e
laminação das peças polares reduz o efeito das apresenta ranhuras onde são colocadas as espiras
correntes parasitas. do enrolamento. As bobinas do enrolamento são,
geralmente, pré-fabricadas em formas especiais e
depois colocadas nas ranhuras do núcleo.
O comutador é feito de lâminas de cobre, i-
soladas entre si e também do eixo com o emprego
de mica ou plástico resistente ao calor. As lâminas
são presas por meio de anéis, para evitar que des-
lizem sob a ação da força centrífuga. Elas apresen-
tam pequenas ranhuras nas extremidades, onde
são soldados os fios do enrolamento. O eixo su-
porta todo o conjunto e gira apoiado nos mancais
existentes nas tampas.
Há um pequeno entreferro entre a armadura
O GERADOR DE C.C. 16
e as peças polares para evitar atrito entre elas du- como rabicho, liga as escovas ao circuito externo.
rante o funcionamento da máquina. Este espaço de
ar é reduzido ao mínimo, para manter elevada a
intensidade do campo magnético.
ESCOVAS: Deslizam sobre o comutador e apli-
cam a tensão gerada à carga. As escovas são feitas
comumente de carvão de boa qualidade, ou de
uma mistura carvão-cobre, e são montadas nos
porta-escovas. Elas podem se mover para cima e
para baixo nos porta-escovas, para que possam
seguir as irregularidades na superfície do comuta-
dor. Um condutor trançado flexível, conhecido
para acionar uma máquina a velocidade constante, proporcional a velocidade. A saída do tacômetro é
movimentar uma antena de radar ou fornecer e- usada de modo que, quando a velocidade aumenta,
nergia a qualquer outra carga pesada. a corrente do campo diminui - reduzindo assim a
saída do gerador e diminuindo a velocidade do
motor. Desta maneira, a velocidade do motor pode
ser mantida constante.
das bobinas de campo, reforçando o campo mag- relação exclusiva com a saída elétrica, e não com
nético inicial e intensificando o magnetismo total. a parte mecânica.
Este acréscimo no fluxo, por sua vez, dá lugar a
uma f.e.m. maior, que novamente aumenta a cor-
rente nas bobinas de campo. Esta ação continua
até que a máquina atinge a sua intensidade de
campo normal.
Todos os geradores auto-excitados funcio-
nam desta maneira. O tempo de crescimento da
tensão é normalmente inferior a 30 segundos. O
gráfico mostra como crescem a tensão de saída e a
corrente de excitação em um gerador derivação
("shunt").
Lembre-se de que a saída de um gerador é
energia elétrica. Um gerador sempre deve ser a-
cionado por algum meio mecânico - a máquina a-
cionadora. O tempo de crescimento da tensão tem
"compound'. Estes geradores são raramente usa- geradores de excitação composta são mostradas
dos. A maioria dos geradores "compound" cumu- abaixo:
lativos é do tipo hiper-"compound".
O grau de "compoundagem" é regulado por
um resistor de baixa resistência (resistor desvia-
dor) ligado aos terminais do campo série. A tensão
de saída pode ser controlada pela variação do re-
ostato de campo ligado em série com o campo
"shunt". Nos geradores "compound" diferenciais,
o campo "shunt" e o campo série estão em oposi-
ção. Portanto, o campo diferencial, ou resultante,
diminui de intensidade e a tensão cai rapidamente,
quando a corrente de carga aumenta.
As curvas características dos quatro tipos de
zida na bobina em curto e a corrente de curto- plano de comutação ou plano neutro. As escovas
circuito causará centelhamento nas escovas. Esta colocam a bobina em curto quando não há corren-
corrente de curto-circuito pode danificar seria- te na mesma.
mente as bobinas e queimar o comutador.
Esta situação pode ser remediada pela rota-
ção das escovas, de maneira que a comutação o-
corra quando o plano da bobina está perpendicular
ao campo. Os geradores de C.C. funcionam efici-
entemente quando o plano da bobina forma ângulo
reto com as linhas do campo, no momento em que
as escovas colocam a bobina em curto. Este plano
em ângulo reto com o campo é conhecido como
O simples deslocamento das escovas para a compensadores e interpolos (ou pólos de comuta-
posição avançada do plano neutro não resolve ção).
completamente os problemas da reação da arma- Os enrolamentos compensadores consistem
dura. O efeito da reação da armadura varia com a de uma série de bobinas embutidas em ranhuras
corrente de carga. Portanto, sempre que varia a na superfície dos pólos (sapatas polares). Estas
corrente de carga, o plano se desloca e a posição bobinas são ligadas em série com a armadura, de
das escovas deve ser mudada. modo que o campo que produzem cancela o efeito
Nas máquinas pequenas, os efeitos da rea- da reação da armadura, para todos os valores da
ção da armadura são diminuídos pelo deslocamen- corrente da armadura. Como resultado, o plano
to mecânico das escovas. Nas máquinas maiores neutro fica estacionário e as escovas, uma vez a-
são usados meios mais aperfeiçoados para elimi- justadas, não têm que ser deslocadas.
nar a reação da armadura, tais como enrolamentos Outra maneira de reduzir ao mínimo os efei-
O GERADOR DE C.C. 24
IV - O MOTOR DE C.C.
lugar de atração e a espira continua a girar. do campo não produz variação líquida do torque,
Em uma armadura com muitas bobinas, o porque os campos da armadura são simétricos nos
seu enrolamento age como uma única bobina cujo campos externos.
eixo é perpendicular ao campo magnético princi-
pal e cuja polaridade é mostrada abaixo. O pólo
norte do campo da armadura é atraído pelo pólo
sul do campo principal. Esta atração exerce uma
força de torção que faz a armadura girar no senti-
do do movimento dos ponteiros de um relógio.
Desta maneira, uma força de giro (torque ou con-
jugado) regular e contínua atua sobre a armadura,
graças ao grande número de bobinas.
Como existem muitas bobinas próximas, o
campo resultante da armadura parece estacionário.
Observe que a comutação em um gerador
ocorre quando a bobina da armadura esta alinhada
com o campo, isto é, quando a f.e.m. é zero. Em
um motor, a comutação ocorre numa posição per-
pendicular ao campo, no ponto em que a inversão
Como existe corrente nos condutores da ar- meio do espaço entre os pólos principais. Assim,
madura do motor, há um campo magnético em as escovas não têm de ser movidas depois de cor-
tomo da armadura. O campo da armadura distorce retamente ajustadas.
o campo principal, isto é, o motor apresenta uma
reação da armadura, tal como acontece no gera-
dor. Entretanto, o sentido da distorção causada pe-
la reação da armadura do motor e oposto ao que se
observa no gerador. No motor, a reação da arma-
dura desloca o plano neutro de comutação no sen-
tido contrário ao de rotação.
Para compensar o efeito da reação da arma-
dura em um motor, as escovas devem ser desloca-
das para trás, até que o centelhamento seja míni-
mo. Neste ponto, a bobina posta em curto-circuito
pelas escovas está no plano neutro e não há f.e.m.
induzida nela. A reação da armadura também po-
de ser corrigida por meio de enrolamentos com-
pensadores e interpolos, como no gerador, de mo-
do que o plano neutro fique sempre exatamente no
motor de C.C. temos Ia = (Ea - Eb)/Ra. Além disto, agiria sobre a seria a diferença entre a tensão apli-
de acordo com a segunda lei de Kirchhoff, a soma cada aos seus terminais e a f.c.e.m.:
das quedas de tensão em qualquer circuito fechado
230 - 220 = 10 volts.
deve ser igual a soma das tensões aplicadas. Por-
tanto, temos Ea = Eb + IaRa. A corrente na armadura seria, então, somen-
te 10 ampères:
Ia = (Ea - Eb)/Ra = 10/1 = 10 ampères.
Assim, o motor série apresenta torque de de um alto torque de partida e da alta aceleração
partida elevado. Por este motivo, o motor série de que ele permite, tais como guindastes, ônibus e
C.C. não deve ser posto em movimento sem carga. trens elétricos, etc. Os motores usados nestas má-
Se não houver torque de oposição na partida, o quinas são sempre motores tipo série, porque, nes-
motor acelerara violentamente como vimos na pá- tes casos, as cargas são bastante altas na partida e
gina anterior. diminuem quando as máquinas estão em movi-
Existem serviços especiais que necessitam mento.
A curva do torque para o motor "shunt" é centagem da velocidade com plena carga. Assim:
uma linha reta porque o campo permanece cons- v v PC
tante e o torque varia diretamente com a corrente Regulação Veloc. SC x100
v PC
da armadura. As curvas para os motores série e
"compound" mostram que, acima da plena carga v SC Velocidade sem carga
onde:
ou corrente de operação normal, o torque desen- v PC Velocidade a plena carga
volvido é muito maior do que para o motor
"shunt". Abaixo da corrente de plena carga, a in- Exemplo: Se a velocidade de um motor sem carga
tensidade do campo das máquinas série e "com- é 1.600 rpm e a velocidade com plena carga é
pound" não atingiu seu valor máximo; portanto, o 1.500 rpm, a regulação de velocidade é:
torque desenvolvido é menor do que na máquina
"shunt" 1600 1500
x100 6,6%
A regulação de velocidade pode ser calcula- 1500
da, como a regulação de tensão, como uma per-
Este método, porem, é raramente usado por- lelo com o campo, e portanto a corrente no enro-
que seria necessário um reostato muito grande e lamento de campo, aumenta também a intensidade
também porque o torque de partida seria reduzido. do campo e, em conseqüência, o motor gira mais
Entretanto, nos motores "shunt" o controle lentamente para manter a mesma f.c.e.m.
de velocidade pode ser obtido com a ligação de
um reostato em série com o enrolamento do cam-
po "shunt". Um aumento na resistência em série
com o campo reduz a corrente no mesmo e enfra-
quece o campo magnético. A redução na intensi-
dade do campo faz com que o motor gire mais rá-
pido para manter a f.c.e.m. necessária para assegu-
rar o equilíbrio expresso pela equação:
Ea = IaRa + Eb Comumente, os motores de velocidade vari-
Nos motores série, o controle da velocidade ável são do tipo "shunt", devido à facilidade de
pode ser proporcionado pela ligação de um reosta- controle do motor. Posteriormente você estudará
to em paralelo com o enrolamento do campo s6rie. os reguladores automáticos de velocidade.
A medida que aumentamos a resistência em para-
4.14 - Experiência/Aplicação
Controle da Velocidade do Motor de C.C.
Força Contra-eletromotriz
Você pode observar prontamente o efeito de tor).
um reostato no circuito de campo de um motor de Você pode estimar a f.c.e.m. abrindo mo-
C.C. montando a seguinte experiência: mentaneamente a chave e observando rapidamente
o voltímetro em paralelo com o enrolamento da
armadura. O voltímetro permite a medição da
f.c.e.m. Você notará que a f.c.e.m. aumenta quan-
do a velocidade aumenta. Como a corrente na ar-
madura depende da diferença entre a tensão de en-
trada e a f.c.e.m., você pode concluir que a corren-
te na armadura diminui quando a f.c.e.m. cresce.
A chave em paralelo com o amperímetro
deve ser fechada quando o motor for posto em
funcionamento, para que o medidor não seja dani-
ficado pela intensa corrente de entrada naquele
momento. A chave em série com a armadura fica
normalmente fechada.
Ao variar o reostato, observe que a tensão
no campo muda e a velocidade do motor varia -
aumentando quando a tensão no campo diminui.
Observe também que a corrente na armadura di-
minui à medida que aumenta a velocidade e vice-
versa (para uma carga constante aplicada ao mo-
O MOTOR DE C.C. 34
V - GERADORES DE C.A.
O alternador de campo girante possui o en- mento. Os alternadores são especificados em ter-
rolamento da armadura fixo e um enrolamento de mos dessa corrente e da tensão de saída. Isto sig-
campo girante. A vantagem de um enrolamento da nifica que os alternadores são especificados em
armadura fixo é que a tensão gerada pode ser apli- volts-ampères (ou, no caso das grandes máquinas,
cada diretamente à carga sem anéis coletores. As em quilovolts-ampères), isto é, a potência aparen-
ligações fixas podem ser isoladas com muito mai- te do alternador. Lembre-se de que, mesmo quan-
or facilidade do que os anéis coletores com ten- do a potência solicitada é reativa, é real a perda
sões muito elevadas, de modo que os alternadores I2R no gerador e na linha alimentadora.
de alta tensão e alta potência são comumente do
tipo de campo girante. Como a tensão aplicada ao
campo girante é contínua e baixa, não há o pro-
blema de ar nos anéis coletores.
A corrente máxima que um alternador pode
fornecer depende da perda máxima por efeito Jou-
le que a armadura pode apresentar. Esta perda
(I2R) significa aquecimento dos condutores e,
quando ocorre em excesso, pode destruir o isola-
Para efetuar a soma vetorial, é necessário Como ENC e E AN são iguais para uma carga
decompor cada vetor nos dois eixos perpendicula- resistiva (fator de potência unitário), as tensões
res, e usar o teorema de Pitágoras para achar a entre fios fases são 3 (1,73) vezes (não o dobro)
tensão resultante. Isto é fácil para EAN, que já está a tensão em cada enrolamento e são defasadas 30°
em um dos eixos. Para ENC, temos de decompô-la (em atraso) em relação a cada enrolamento. As
em duas componentes defasadas 90 graus. correntes da linha são defasadas 30° em relação a
Como você sabe, podemos usar o nosso co- tensão da linha.
nhecimento dos triângulos retângulos. Assim, ob- Quando se usa um neutro, as correntes e
temos as projeções de ENC nos eixos vertical e ho- tensões de linha são iguais as das fases do gera-
rizontal com as relações: dor. Não há corrente no neutro quando as cargas
se distribuem igualmente pelas fases.
VI - MOTORES DE C.A.
rolamentos estão defasadas de 120°, os campos é negativa Isto significa que há correntes em sen-
magnéticos que produzem apresentam a mesma tidos opostos nas fases B e C. Deste modo, fica
defasagem. estabelecida a polaridade magnética das fases B e
Os três campos combinam-se em um único C. A polaridade é mostrada no diagrama simplifi-
que atua sobre o rotor. Você verá, na página se- cado acima do ponto 1. Observe que B1 é um pólo
guinte, que os campos se combinam dando um norte e B um pólo sul; C é um pólo norte e C1 um
campo único, cuja posição varia com o tempo. Ao pólo sul.
fim de um ciclo de C.A., o campo terá girado Como no ponto 1 não há corrente através da
360°, ou uma rotação completa. fase A, seu campo magnético e nulo. Os campos
magnéticos dos pólos B1 e C dirigem-se aos pólos
sul mais próximos, respectivamente C1 e B: Os
campos magnéticos de B e C têm amplitudes i-
guais, e o campo magnético resultante fica entre
os dois campos, com o sentido indicado.
No ponto 2, 60° após, as correntes aplicadas
às fases A e B são iguais e opostas, e a corrente na
fase C é nula. Você pode verificar que o campo
magnético resultante girou 60°. No ponto 3, a on-
da B tem o valor zero, e o campo resultante tornou
a girar 60°. Dos Pontos 1 a 7 (correspondendo a
um ciclo de C.A.), você pode verificar que o cam-
po magnético resultante gira 360°, sempre que um
ciclo de C.A. e aplicado ao estator.
Conclui-se que um campo girante é produ-
zido sempre que se aplica uma C.A. trifásica aos
três enrolamentos simetricamente dispostos no es-
tator.
A figura abaixo mostra as formas de ondas Você pode aplicar raciocínio semelhante e
das três correntes aplicadas ao estator. As corren- mostrar que um sistema bifásico também produzi-
tes estão defasadas de 120°. As formas de ondas rá um campo magnético girante. Na realidade,
podem representar tanto as correntes como os qualquer número de fases produzirá um campo gi-
campos magnéticos gerados pelas três fases ou rante. Com um sistema monofásico, contudo, não
correntes nas fases. As formas ondas foram desig- haverá partida, como veremos adiante. Portanto,
nadas com as mesmas letras das fases correspon- nos motores monofásicos são necessários arranjos
dentes. especiais para fazê-los operar adequadamente.
Como você observou anteriormente, o cam-
po girou 1 ciclo para 1 ciclo de corrente. Assim,
se a corrente fosse fornecida por uma fonte de 60
Hz, o campo giraria 60 vezes por segundo ou
3.600 vezes por minuto. Entretanto, se o número
de bobinas do estator fosse dobrado (uma máquina
de 4 pólos), o campo giraria com a metade da ve-
locidade. Isto é exatamente o que você estudou
sobre os geradores de C.A. onde, para uma dada
freqüência a velocidade da máquina acionadora
caía em proporção ao número de pólos. Assim, a
velocidade do campo pode ser calculada facilmen-
te:
Usando as formas de ondas, podemos com- 120. f
N
binar os campos magnéticos gerados em cada 1/6 P
de ciclo (60°), para determinar o sentido do campo A Rotação do Campo é Proporcional à Freqüência e
magnético resultante. No ponto 1, C é positiva e B Inversamente Proporcional ao Número de Pólos.
O MOTOR DE C.A. 45
Você observará que esta é a mesma equação cronizada com a freqüência da rede. Deste modo,
usada para calcular a freqüência de um gerador; uma máquina de 2 pólos trabalhando a 60 Hz tem
apenas está preparada para determinar N (veloci- uma velocidade síncrona de 3.600 rpm, uma má-
dade do campo do motor em rpm) e não f (fre- quina de 4 pólos tem uma velocidade síncrona de
qüência). Como antes, P representa o número de 1.800 rpm, etc.
pólos. Você deve lembrar que o número de pólos Como você pode ver, a velocidade da campo
referido e o número de pólos por fase. Desta for- girante depende somente da freqüência da rede e é
ma, um motor bifásico de dois pólos tem realmen- independente da carga. O campo girante propor-
te 4 pólos, e um motor trifásico de 2 pólos tem re- ciona a força acionadora para a maioria dos moto-
almente 6 pólos; os dois motores girarão com a res de C.A.; assim, dentro de estreita faixa, a mai-
mesma velocidade. oria dos motores de C.A. é constituída por veloci-
A velocidade dada pela equação acima é co- dade constante.
nhecida como velocidade síncrona, porque é sin-
ranhuras e é conhecido como rotor enrolado. po tende a se alinhar com o campo do estator. En-
Como qualquer tipo de rotor, o princípio bá- tretanto, como o campo do estator gira continua-
sico de funcionamento é o mesmo. mente, o rotor não consegue se alinhar com ele.
O campo magnético girante, gerado no esta- Como você sabe, de acordo com a lei de
tor, induz uma f.e.m. no rotor. A corrente no cir- Lenz, qualquer corrente induzida tende a se opor
cuito do rotor, produzida pela f.e.m. induzida, es- às variações do campo que a produziu. No caso de
tabelece um campo magnético. Há uma ação mú- um motor de indução, variação é a rotação do
tua entre os dois campos, e isto faz o rotor girar. campo do estator, e a força exercida sobre o rotor
pela reação entre o rotor e os campos do estator é
tal que tenta cancelar o movimento contínuo do
campo do estator. Esta é a razão pela qual o rotor
acompanha o campo do estator, tão próximo quan-
to o permitam o seu peso e a carga. Os motores de
C.C. e os motores síncronos recebem a corrente
para suas armaduras por condução. O motor de
indução tem corrente no rotor por indução, e é
semelhante a um transformador com secundário
girante.
6.4.1 - Deslizamento
É impossível para o rotor de um motor de
indução girar com a mesma velocidade do campo
Os motores de rotor enrolado possuem anéis magnético girante. Se as velocidades fossem i-
coletores ligando o enrolamento a resistências ex- guais, não haveria movimento relativo entre eles
ternas. As resistências variáveis proporcionam um e, em conseqüência, não haveria f.e.m. induzida
meio para aumentar a resistência do rotor durante no rotor. Sem f.e.m. induzida não há conjugado
a partida, para melhorar suas características de (torque) agindo sobre o rotor. A velocidade do ro-
partida. Quando o motor atinge sua velocidade tor deve ser inferior à do campo magnético giran-
normal, os enrolamentos são postos em curto e o te, para existir movimento relativo entre os dois
funcionamento passa a ser semelhante ao de um (Lembre-se de que sua velocidade não pode ser
rotor de gaiola. maior do que a velocidade síncrona).
Quando se aplica C.A. aos enrolamentos do A diferença percentual entre as velocidades
estator, produz-se um campo magnético girante. do campo girante e do rotor é chamada desliza-
Este campo girante corta os condutores do rotor e mento (slip). Quanto menor for o deslizamento,
induz corrente nos mesmos. mais se aproximarão as velocidades do rotor e do
campo girante.
tor. 2. . f S .S .L
Esta força só pode aumentar se a f.e.m. in- XL , onde L é a indutância do rotor.
100
duzida no rotor aumentar, e esta f.e.m. só pode Como você pode ver, a reatância é grande
aumentar se o campo magnético cortar o rotor com deslizamento elevado (baixa velocidade) e
com maior rapidez. diminui à medida que aumenta a velocidade do ro-
A velocidade relativa entre o campo girante tor. Assim, perto do deslizamento 100%, a reatân-
e o rotor aumenta quando o rotor gira mais deva- cia do rotor limita a corrente do rotor e o torque é
gar. baixo; e no outro extremo, quando o deslizamento
Portanto, a velocidade do motor de indução é nulo, o torque é baixo devido à baixa corrente do
cai, com cargas pesadas. Realmente, apenas pe- rotor. Por causa da reatância do rotor, os motores
quenas variações de velocidade são necessárias de indução apresentam um fator de potência em
para produzir as variações de corrente para aten- atraso. As curvas características abaixo são de um
der às alterações normais de carga. A razão disto é motor de indução trifásico típico, para uso indus-
a resistência muito baixa do enrolamento do rotor. trial.
Por este motivo, os motores de indução são consi-
derados motores de velocidade constante.
A figura mostra um desenho simplificado do agora o sentido do eixo de B-B1. O campo magné-
estator bifásico. A outra figura mostra um diagra- tico resultante deslocou-se 90° entre a posição 1 e
ma esquemático do motor de indução bifásico. O a posição 3.
circuito pontilhado representa o enrolamento do Na posição 4 (135°), os campos magnéticos
rotor. são novamente de intensidades iguais. O campo
Se as tensões aplicadas às fases A-A1 e B-B1 de A-A1, porém, inverteu a polaridade. O campo
estiverem defasadas de 90 graus, as correntes resultante fica a igual distância dos enrolamentos
também estarão defasadas de 90 graus. Os campos e o seu sentido é o indicado. Na posição 5 (180°),
magnéticos produzidos nas bobinas estarão, tam- o campo é nulo em B-B1 e máximo em A-A1. O
bém, defasados de 90 graus, pois estão em fase campo resultante terá a direção de A-A1, confor-
com as correntes que as produzem. Estes dois me a figura.
campos magnéticos defasados, produzidos por Dos 180° aos 360° (posições 5 a 9), o cam-
bobinas cujos eixos são perpendiculares, se soma- po magnético gira mais 180°, completando uma
rão a cada instante para produzir um campo resul- rotação.
tante que completará uma volta em cada ciclo de Portanto, com dois enrolamentos perpendi-
C.A. culares e usando alimentações defasadas de 90°,
A figura mostra um gráfico dos dois campos você obtém um campo magnético girante.
magnéticos alternados defasados de 90 graus. As
formas de ondas são designadas por letras corres-
pondentes às respectivas fases. A semelhança com
o campo girante trifásico é evidente.
Na posição 1, a corrente e o campo magné-
tico no enrolamento A-A1 estão no máximo, e são
nulos no enrolamento B-B1. O campo magnético
resultante terá, portanto, o sentido do eixo do en-
rolamento A-A1. Na posição 2 (45°), o campo
magnético resultante estará situado a meio cami-
nho entre os enrolamentos A-A1 e B-B1, pois as
correntes e os campos são de intensidades iguais. As outras características dos motores bifási-
Na posição 3 (90°), o campo magnético é nulo em cos são semelhantes às dos motores trifásicos.
A-A1 e máximo em B-B1. O campo resultante tem
6.6.3 - Motores de Fase Dividida ladores, etc. O sentido de rotação é invertido com
a troca das ligações do enrolamento de partida.
Você já sabe que o motor monofásico conti-
nua girando, depois de dada a partida no mesmo
com auxilio de um dos meios a que nos referimos. 6.6.4 - Motores com Capacitor de Partida
Contudo, não é prático acionar o rotor com a mão, O motor a capacitor é uma versão modifica-
e, portanto, um dispositivo elétrico deve ser incor- da do motor de fase dividida. O diagrama a seguir
porado ao estator para dar origem a um campo gi- mostra o esquema simplificado de um típico mo-
rante, por ocasião da partida. Assim que o motor tor com partida a capacitor.
entrar em funcionamento, o dispositivo poderá ser O estator consiste do enrolamento principal
eliminado do circuito do estator, pois o rotor e o e de um enrolamento de partida ligado em parale-
estator juntos produzirão o campo girante necessá- lo e perpendicularmente a ele. A diferença de fase
rio ao funcionamento do motor. elétrica de 90 graus entre os dois enrolamentos é
O estator do motor de fase dividida possui obtida ligando-se o enrolamento auxiliar em série
um enrolamento auxiliar (enrolamento de partida), com um capacitor e uma chave de partida.
além do enrolamento principal. Os eixos dos dois Na partida, a chave é fechada, colocando o
enrolamentos ficam separados fisicamente por 90 capacitor em serie com o enrolamento auxiliar. O
graus. valor do capacitor é tal que o enrolamento auxiliar
é efetivamente um circuito resistivo-capacitivo em
que a corrente está adiantada aproximadamente
45° em relação à tensão da linha. Portanto, as duas
correntes estão defasadas 90°, o mesmo aconte-
cendo com os campos magnéticos gerados por e-
las. O efeito é que os dois enrolamentos atuam
como um estator bifásico e produzem o campo gi-
rante requerido para dar partida no motor.
Quando são atingidos cerca de 75% da velo-
cidade máxima, uma chave centrifuga desliga o
enrolamento de partida, e o motor passa a funcio-
A corrente no enrolamento de partida apre- nar como um motor de indução monofásico.
senta um atraso de 30° em relação à tensão da li- Como o motor de indução bifásico é mais
nha; a corrente no enrolamento principal apresenta eficiente do que o motor monofásico, quase sem-
um atraso de 45° em relação a tensão. Na partida, pre é desejável manter o enrolamento auxiliar
os dois enrolamentos, devido à diferença entre fa- permanentemente no circuito, de modo que o mo-
ses, produzem um campo girante. A corrente no tor funcione como um motor de indução bifásico.
rotor fica atrasada cerca de 90° em relação à ten- O capacitor de partida é comumente de valor bem
são no rotor, devido a elevada reatância do rotor grande, para permitir que uma corrente grande
(alta freqüência da tensão do rotor resultante do passe pelo enrolamento auxiliar. Assim, o motor
grande deslizamento). A interação das correntes pode apresentar um grande torque de partida.
no rotor e do campo do estator faz com que o rotor
tenha sua velocidade aumentada no sentido do
campo girante do estator.
Quando o rotor atinge cerca de 75% da ve-
locidade normal, a chave centrífuga desliga o en-
rolamento de partida, e o motor continua funcio-
nando apenas com o enrolamento principal. O
campo girante é mantido pela interação dos cam-
pos magnéticos do rotor e do estator. Este motor
tem as características de velocidade constante,
torque variável, do motor "shunt". O torque de
partida pode ser o dobro do torque com plena car-
ga, e a corrente de partida é de seis a oito vezes a
corrente de plena carga. Estes motores são usados
em eletrodomésticos - lavadoras, secadoras, venti-
O MOTOR DE C.A. 52
Quando o motor atinge sua velocidade, não e, quando isto acontece com bastante rapidez, su-
é necessário que o enrolamento auxiliar continue a peram a tensão da mola e afastam o bloco de con-
solicitar toda a corrente de partida, e o capacitor tatos - abrindo o enrolamento de partida, o qual
pode ser reduzido. Portanto, são usados dois capa- permanece aberto enquanto o motor está funcio-
citores em paralelo na partida, e um é cortado nando. Quando o motor pára, os pesos se deslo-
quando o motor atinge sua velocidade. Um motor cam para dentro e a tensão da mola fecha os con-
deste tipo é conhecido como motor de indução tatos novamente.
com capacitor de partida e capacitor de funciona- Existem muitas variações da chave centrífu-
mento. ga simples. Cada uma tem os mesmos elementos
O motor a capacitor produz uma diferença básicos: um conjunto de contatos operado por for-
de fase muito maior entre os enrolamentos e, em ça centrífuga.
conseqüência, tem maior torque de partida do que
o motor de fase dividida (tanto quanto 400% do 6.6.6 - Motores de Pólo Fendido
torque a plena carga). Capacitores eletrolíticos es-
O motor de indução de pólo fendido usa um
peciais não polarizados são usados com valores de
método especial para por o rotor em movimento.
80 F, para um motor de 1/8 H.P., a 400 F para mo-
Consegue-se o efeito de um campo magnéti-
tores de 1 H.P. Estes motores são usados tipica-
co girante dando-se uma construção especial ao
mente para acionar esmeris, máquinas de furar,
estator. Este tipo de motor possui pólos salientes.
compressores de refrigeradores e outras cargas
Além disso, parte de cada pólo é circundada por
que requerem elevado torque de partida. Como
uma cinta de cobre, o enrolamento auxiliar. A fi-
acontece com o motor de fase dividida, o sentido
gura mostra a disposição dada ao enrolamento au-
de rotação é invertido com a troca das ligações do
xiliar.
enrolamento de partida.
O princípio de funcionamento é o seguinte:
quando o campo alternado do estator começa a
6.6.5 - Chave Centrifuga aumentar, a partir do zero, as linhas de força cor-
Os motores de fase dividida e a capacitor tam o enrolamento auxiliar. Uma corrente é indu-
usam uma chave centrífuga para desligar o enro- zida na cinta, produzindo um campo que tende a
lamento de partida, quando é atingida uma veloci- se opor ao campo principal. À medida que o cam-
dade suficiente (comumente cerca de 75%). As po cresce, até 90°, a maior parte das linhas de for-
chaves centrífugas têm geralmente um par de con- ça fica concentrada na região sem enrolamento
tatos normalmente fechados, que se abrem quando auxiliar (diagrama 1 abaixo). Quando o campo a-
a velocidade do rotor excede um determinado va- tinge o máximo, aos 90°, não há campo criado pe-
lor. Uma das chaves centrífugas mais comuns usa lo enrolamento auxiliar; o campo se distribui uni-
um par de pesos para superar a tensão da mola que formemente na superfície do pólo, como se vê no
mantém a chave fechada. diagrama 2.
Dos 90° aos 180°, o campo vai se contrain-
do. O campo do enrolamento auxiliar tende a se
opor a essa contração, concentrando as linhas de
força na região do enrolamento auxiliar, como
mostra o diagrama 3. Observando a figura, você
pode verificar que de 0° a 180° o campo se deslo-
cou ao longo da superfície da peça polar. Dos
180° aos 360°, o campo varia do mesmo modo
que de 0° a 180°, porém no sentido oposto.
Como o sentido do campo não afeta o fun-
cionamento do pólo auxiliar, o movimento do
campo durante o segundo semiciclo será idêntico
No arranjo mostrado acima (uma chave do ao do primeiro semiciclo.
tipo de bola), a mola mantém o bloco de contatos O movimento do campo produz um torque
em união com os contatos do enrolamento de par- fraco para dar partida no motor. Como o conjunto
tida, de modo que o circuito está fechado para a é muito pequeno, este tipo de motor é usado para
partida. A medida que aumenta a velocidade do acionar pequenos dispositivos, tais como ventila-
motor, os pesos de bola são deslocados para fora,
O MOTOR DE C.A. 53
dores, chaves e pratos de toca-discos. Uma versão auxiliar, estes motores não são geralmente rever-
deste motor usa um rotor de aço magnético endu- síveis. Este motor é simples e barato mas possui
recido que se movimenta em sincronismo com o torque de partida muito baixo.
campo.
Este motor é conhecido como motor síncro-
no warren, usado para operar relógios e dispositi-
vos marcadores de tempo.
Como o sentido de rotação do campo é de-
terminado pela posição do pólo com enrolamento