Você está na página 1de 55

GERADORES E MOTORES

DE C.C. E C.A.

Julho - 2003
ÍNDICE

I - INTRODUÇÃO AOS GERADORES E MOTORES ........................................................................ 04


1.1 - Fundamentos dos Geradores e Motores .................................................................................... 04
1.2 - Fontes de energia para acionamento dos geradores ................................................................... 05
1.3 - Revisão de Produção de Eletricidade por meio do Magnetismo ................................................ 05
1.3.1 - Regra da mão esquerda ................................................................................................. 06
II - O GERADOR ELEMENTAR .......................................................................................................... 07
2.1 - Partes do Gerador Elementar .................................................................................................. 07
2.2 - Funcionamento do Gerador Elementar .................................................................................... 08
2.3 - O Comutador ......................................................................................................................... 09
2.4 - Conversão de C.C. em C.A. por meio do Comutador .............................................................. 10
2.5 - Melhorando a saída de C.C. .................................................................................................... 11
2.6 - REVISÃO DE GERADOR ELEMENTAR ............................................................................ 13
III - O GERADOR DE C.C. ................................................................................................................. 14
3.1 - Construção do Gerador ......................................................................................................... 14
3.2 - Construção do Gerador de C.C. ............................................................................................. 14
3.2.1 - Tipos de Armaduras .................................................................................................. 16
3.3 - Tensão de saída do Gerador .................................................................................................. 17
3.4 - Tipos de Geradores de C.C. .................................................................................................. 18
3.5 - Geradores de C.C. com Excitação Independente ................................................................... 18
3.6 - Geradores de C.C. Auto-excitados ........................................................................................ 19
3.6.1 - Geradores de C.C. Auto-excitados em Série .............................................................. 20
3.6.2 - Geradores de C.C. Auto-excitados tipo Shunt ............................................................ 20
3.6.3 - Geradores de C.C. Auto-excitados Compound ........................................................... 21
3.7 - Regulação de Tensão ............................................................................................................ 22
3.8 - Comutação nos Geradores de C.C. ........................................................................................ 22
3.9 - Reação da Armadura nos Geradores de C.C. ......................................................................... 23
3.10 - REVISÃO DE GERADORES DE C.C. .............................................................................. 23
IV - O MOTOR DE C.C. ...................................................................................................................... 25
4.1 - Conversão de energia elétrica em energia mecânica .............................................................. 25
4.2 - Princípio de funcionamento do Motor de C.C. ...................................................................... 25
4.3 - Ação do Comutador em um Motor de C.C. ........................................................................... 25
4.4 - Reação da Armadura ............................................................................................................ 27
4.5 - Torque do Motor de C.C. ...................................................................................................... 27
4.6 - Potência e eficiência do Motor de C.C. ................................................................................. 28
4.7 - Força Contra-eletromotriz (f.c.e.m.) ..................................................................................... 28
4.8 - Motor Shunt ......................................................................................................................... 29
4.9 - Motor Série .......................................................................................................................... 30
4.10 - Motor Compound ............................................................................................................... 31
4.11 - Comparação das características dos Motores de C.C. - Regulação de velocidade ................ 31
4.12 - Inversão do sentido de rotação do Motor de C.C.................................................................. 32
4.13 - Controle de velocidade do Motor de C.C. ........................................................................... 32
4.14 - Experiência / Aplicação - controle de velocidade do Motor de C.C. e F.C.E.M. .................. 33
4.15 - REVISÃO DE MOTORES DE C.C. ................................................................................... 34
V - GERADORES DE C.A. .................................................................................................................. 36
5.1 - Introdução aos Geradores de C.A. .......................................................................................... 36
5.2 - Tipos de Alternadores ............................................................................................................ 36
5.3 - Freqüência do Alternador ....................................................................................................... 37
5.4 - Construção do Alternador ....................................................................................................... 37
5.5 - Características do Gerador de C.A. ......................................................................................... 38
5.6 - Alternador Monofásico ........................................................................................................... 39
5.7 - Alternador Bifásico ................................................................................................................ 39
5.8 - Alternador Trifásico ............................................................................................................... 40
5.9 - Ligação Estrela ...................................................................................................................... 40
5.10 - Ligação Triângulo ................................................................................................................ 41
5.11 - REVISÃO DE GERADORES DE C.A. ............................................................................... 42
VI - MOTORES DE C.A. ..................................................................................................................... 43
6.1 - Tipos de Motores de C.A. ..................................................................................................... 43
6.2 - Campo girante ...................................................................................................................... 43
6.3 - Motor Síncrono ..................................................................................................................... 45
6.4 - Motor de Indução .................................................................................................................. 46
6.4.1 - Deslizamento ............................................................................................................ 47
6.4.2 - Torque e eficiência ................................................................................................... 48
6.5 - Motor de Indução Bifásico .................................................................................................... 48
6.6 - Motores de Indução Monofásicos .......................................................................................... 49
6.6.1 - Campos do Estator ................................................................................................... 50
6.6.2 - Campos do Rotor ...................................................................................................... 50
6.6.3 - Motores de Fase dividida .......................................................................................... 51
6.6.4 - Motores com Capacitores de Partida ......................................................................... 51
6.6.5 - Chave Centrífuga ..................................................................................................... 52
6.6.6 - Motores de Pólo Fendido .......................................................................................... 52
6.7 - Motor Série de C.A. - Motor Universal ................................................................................. 53
6.8 - REVISÃO DE MOTORES DE C.A. ..................................................................................... 54
INTRODUÇÃO AOS GERADORES E MOTORES 4

I - INTRODUÇÃO AOS GERADORES E MOTORES

1.1 - Fundamentos dos Geradores e Motores

Quase todas as pessoas vivem e trabalham res e dos motores. Este volume abordará este as-
no extremo de um circuito elétrico. Do seu estudo sunto e tratará também do controle dos geradores
da Eletricidade Básica, você deve lembrar que di- e dos motores, bem como da eliminação de defei-
ferentes formas de energia podem ser convertidas tos nos mesmos.
em eletricidade (energia elétrica) e que, do mesmo Embora seja grande a variedade de gerado-
modo, a eletricidade (energia elétrica) pode ser res e motores, verificaremos que todos eles são
convertida em diferentes formas de energia. O ge- basicamente muito semelhantes. Todos os gerado-
rador elétrico é o dispositivo que transforma ener- res e motores elétricos usam a interação entre
gia mecânica em energia elétrica - o motor elétri- condutores em movimento e campos magnéticos
co, essencialmente um gerador usado de modo di- (ou vice-versa). As diferenças entre os dispositi-
ferente, transforma energia elétrica em energia vos que estudaremos dependem do modo como os
mecânica. É provável que você se lembre de que condutores e os campos magnéticos são dispostos
os geradores são usados para fornecer quase toda e também das suas saídas (elétrica ou mecânica).
a energia elétrica usada atualmente. Um dos nos- Neste ponto, é conveniente rever o que foi estuda-
sos principais problemas é encontrar fontes de e- do sobre magnetismo e efeitos magnéticos, antes
nergia para o acionamento desses geradores. Por de prosseguir com o estudo dos geradores e dos
este motivo, torna-se cada vez maior a necessida- motores.
de de novas fontes alternativas de energia. No Embora os geradores e os motores de C.C. e
momento, dependemos quase totalmente do gera- de C.A. sejam o objetivo do seu estudo neste vo-
dor elétrico para obter a energia elétrica que utili- lume, é importante que você saiba, desde já, que o
zamos. Evidentemente, usamos a energia elétrica funcionamento de qualquer uma dessas máquinas
para muitos fins, além da obtenção de energia me- depende simplesmente da interação de campos
cânica através dos motores. magn6ticos e condutores percorridos por correntes
elétricas.

Você já tem o conhecimento básico necessá-


rio à compreensão do funcionamento dos gerado-
INTRODUÇÃO AOS GERADORES E MOTORES 5

1.2 - Fontes de Energia para Acionamento dos Geradores


Como já foi visto, uma f.e.m. é induzida em gerador.
um condutor que se move através de um campo O mesmo acontece em todos os pequenos
magnético. Todas as usinas geradoras, que pro- conjuntos geradores nos navios e nos veículos mo-
porcionam quase toda a energia elétrica consumi- torizados, e também nas fontes de energia de e-
da atualmente no mundo, usam este princípio mergência.
simples para converter uma forma qualquer de e-
nergia em energia elétrica.
A maioria das estações geradoras usa a e-
nergia térmica produzida pela queima de combus-
tíveis fósseis, tais como carvão, óleo ou gás natu-
ral para obter vapor. O vapor é utilizado então pa-
ra acionar uma turbina acoplada a um gerador.
Ocorrem, assim, várias transformações de energia:
primeiro, a energia química do combustível é
convertida em calor; a energia térmica é transfor-
mada em energia mecânica, ou de movimento, na
turbina; e, finalmente, a energia mecânica é con-
vertida em energia elétrica no gerador. Indepen-
dentemente da fonte original de energia - carvão,
óleo, gás, plutônio, urânio, queda d'água, sol, ven-
to - a etapa final é sempre a conversão da energia
mecânica de rotação em energia elétrica, em um

1.3 - Revisão de Produção de Eletricidade por meio do Magnetismo


Você sabe que se pode produzir eletricidade que produz a f.e.m.
movimentando um fio em um campo magnético.
Desde que haja movimento relativo entre o condu-
tor e o campo magnético, há produção de eletrici-
dade. A tensão obtida é conhecida como tensão
induzida ou f.e.m. induzida, e o processo para ob-
tê-la, cortando o campo magnético com um con-
dutor, é chamado indução.
O valor da tensão induzida no condutor que
corta o campo magnético depende de diversos fa-
tores. Primeiro, quando aumenta a velocidade de
corte das linhas do campo magnético pelo condu-
tor, a f.e.m. também aumenta. Segundo, quando a
intensidade do campo magnético aumenta, a f.e.m.
induzida também aumenta. Terceiro, se o número
de espiras que corta o campo magnético é aumen-
tado, a f.e.m. induzida é novamente aumentada.
A polaridade da f.e.m. induzida será tal que A tensão induzida (E) em cada condutor é
a corrente resultante criará um campo magnético proporcional à intensidade do campo magnético
que reagirá com o campo do imã e se oporá ao multiplicada pela velocidade do condutor no cam-
movimento da bobina. Este fenômeno ilustra um po:
princípio conhecido como Lei de Lenz. Esta lei a- E fluxo x velocidade
firma que, quando existe indução eletromagnética,
Você também sabe que a polaridade da ten-
o sentido da f.e.m. induzida é tal que o campo
são induzida, e, portanto, o sentido da corrente ge-
magnético dela resultante se opõe ao movimento
INTRODUÇÃO AOS GERADORES E MOTORES 6

rada, é determinada pelo sentido do movimento Resumindo o que você já sabe sobre a ele-
relativo entre o campo magnético e o condutor tricidade produzida pelo magnetismo:
que o corta. 1. O movimento de um condutor através de
um campo magnético gera uma f.e.m. que produz
uma corrente.
2. Quanto mais rápido for o movimento,
quanto maior o número de espiras e quanto maior
a intensidade do campo magnético, tanto maior
será a f.e.m. induzida e mais intensa será a corren-
te.
3. Invertendo-se o sentido do movimento do
condutor, a polaridade da f.e.m. induzida também
é invertida e, portanto, o sentido da corrente.
4. Não importa qual se mova, se o condutor
ou o campo magnético, porque o resultado é o
mesmo.

1.3.1 - Regra da Mão Esquerda


Vimos como uma f.e.m. é gerada na bobina quela convenção.
de um gerador elementar. Existe um método sim- A mesma regra explicada acima, mas com o
ples para determinar o sentido da f.e.m. induzida uso da mão direita, indicará o sentido da corrente
em um condutor que se desloca em um campo de acordo com a convenção mais antiga.
magnético: a regra da mão esquerda para gerado-
res. Segundo esta regra, se você colocar o polegar,
o dedo indicador e o dedo médio da mão esquerda
formando três ângulos retos, com o polegar indi-
cando o sentido do movimento do condutor e o
indicador mostrando o sentido do fluxo magnéti-
co, o dedo médio apontará o sentido da f.e.m. in-
duzida, isto é, o sentido em que haverá corrente
como resultado da f.e.m. induzida.
Já aprendemos que existem duas conven-
ções referentes ao sentido da corrente: a conven-
ção baseada na teoria eletrônica, que afirma que a
corrente sai do terminal negativo de uma fonte de
eletricidade, e a convenção mais antiga que admi- Também usaremos a convenção em que um
te a corrente saindo do terminal positivo de uma condutor mostrado como "+" significa que a cor-
fonte de eletricidade. Nos volumes de Eletricidade rente está se afastando do observador, enquanto
Básica usamos a primeira dessas convenções, e a que um apresentado como " " significa que a cor-
regra da mão esquerda para geradores indica o rente está se dirigindo para o observador.
sentido da corrente eletrônica, de acordo com a-
O GERADOR ELEMENTAR 7

II - O GERADOR ELEMENTAR

2.1 - Partes do Gerador Elementar

Um gerador elementar consiste de uma espi- madura. As extremidades da espira são ligadas a
ra de fio disposta de tal modo que pode ser girada anéis, chamados anéis coletores, que giram com a
em um campo magnético uniforme. Este movi- armadura. Escovas fazem contato com os anéis
mento causa a indução de uma corrente na espira. coletores e ligam a armadura ao circuito externo.
Para ligar a espira a um circuito externo que apro- Você já deve ter observado que este é o mesmo
veite a f.e.m. induzida, são usados contatos desli- gerador elementar descrito no estudo da produção
zantes. de uma tensão alternada.
Os pólos norte e sul do imã que proporciona Na descrição do funcionamento do gerador,
o campo magnético são as peças polares. A espira nas páginas seguintes, você deve imaginar a espira
de fio que gira dentro do campo é chamada de ar- girando dentro do campo magnético (contudo, é
O GERADOR ELEMENTAR 8

bom lembrar que, com a mesma facilidade, pode- dor de corrente com zero central e resistor de car-
ríamos fazer o imã girar). À medida que os lados ga - tudo ligado em série. O valor da f.e.m. indu-
da espira cortam as linhas de força do campo, há zida que é gerada na espira e, portanto, da corrente
produção de uma f.e.m. que provoca uma corrente produzida, depende da posição instantânea da es-
através da espira, anéis coletores, escovas, medi- pira em relação ao campo magnético.

2.2 - Funcionamento do Gerador Elementar


Imagine que a espira (armadura) está giran- sentido mostrado.
do da esquerda para a direita e que "A" é a sua po-
sição inicial (zero grau, na figura abaixo). Na po-
sição "A", o plano da espira é perpendicular ao
campo magnético e seus condutores branco e pre-
to se deslocam paralelamente ao campo magnéti-
co. Quando um condutor se move paralelamente a
um campo magnético, ele não corta as linhas de
força do campo e portanto não há geração de
f.e.m. no condutor. Isto se aplica aos condutores
da espira, quando estão na posição "A"; não há
f.e.m. induzida e, portanto, não há corrente no cir-
cuito. A leitura de intensidade de corrente é zero.

À medida que a espira se desloca da posição


"A" para a posição "B", os condutores cortam um
número cada vez maior de linhas de força, até que, O sentido da corrente e a polaridade de
a 90° (posição "B"), eles estão cortando o nº má- f.e.m. induzida dependem do sentido do campo
ximo de linhas. Em outras palavras, entre zero e magnético e do sentido de rotação da armadura. A
90°, a f.e.m. induzida nos condutores cresce de ze- forma de onda mostra a variação da tensão nos
ro até o valor máximo. Observe que, de zero a terminais do gerador elementar desde a posição
90°, o condutor preto se desloca para baixo, en- "A" até a posição "B".
quanto que o condutor branco se desloca para ci- Com a continuação do movimento da espira,
ma. Portanto, as forças eletromotrizes induzidas da posição "B" (90 graus) até a posição "C" (180
nos dois condutores estão em série e se somam. A graus), os condutores que estavam cortando um
tensão resultante entre as escovas (tensão entre os número máximo de linhas de força na posição "B"
terminais) é igual ao dobro da f.e.m. em um con- passam a cortar um número cada vez menor, até
dutor, porque as forças eletromotrizes nos dois que, na posição "C", eles novamente se deslocam
condutores têm valores iguais. paralelamente ao campo magnético e não mais
A corrente no circuito varia da mesma ma- cortam linhas de força. Conseqüentemente, a
neira que a f.e.m. induzida - é igual a zero na po- f.e.m. induzida decresce de 90 a 180 graus, e a in-
sição de zero grau e cresce até um máximo a 90°. tensidade da corrente segue as variações da ten-
O ponteiro do medidor de corrente sofre deflexão são.
para a direita entre as posições "A" e "B", indi- De zero até 180 graus, o sentido do movi-
cando que a corrente na carga está passando no mento dos condutores da espira no campo magné-
O GERADOR ELEMENTAR 9

tico não se alterou, e, portanto, a polaridade da ma e o condutor branco para baixo. Como resulta-
f.e.m. induzida também não se alterou. do, a polaridade da f.e.m. induzida e o sentido da
corrente também são invertidos. A forma de onda
da tensão de saída correspondente à rotação com-
pleta da espira B mostrada abaixo.
Como você sabe, a f.e.m. gerada produzirá
uma corrente alternada no circuito externo ligado
aos terminais de saída do gerador. Se a armadura
fosse girada 60 vezes por segundo, a freqüência da
saída alternada seria 60 Hz. Os geradores de C.A.
são conhecidos normalmente como alternadores.
Quando a espira é girada com velocidade constan-
te, a razão com que ela corta as linhas de força é
máxima quando ela deixa a posição horizontal, e
mínima quando a espira está na vertical. Isto faz
com que a tensão de saída seja senoidal, porque a
razão com que a espira corta as linhas de força é
senoidal, e como você sabe é a razão de corte das
Quando a espira ultrapassa a posição de 180 linhas de força que determina a tensão de saída.
graus e retorna à posição "A", o sentido do movi-
mento dos condutores em relação ao campo é in-
vertido. Agora, o condutor preto se move para ci-

2.3 - O Comutador

Como vimos, o gerador elementar e um ge- mo sentido, embora seu valor aumente e diminua
rador de C.A. Se desejamos uma saída alternada, de acordo com a posição da espira.
então o gerador está completo. Mais adiante, neste
volume, você estudará geradores práticos de C.A.
No gerador elementar, a tensão alternada in-
duzida na espira tem sua polaridade invertida toda
vez que a espira passa pelos pontos de 0 e 180
graus. Nesses pontos, dá-se a inversão do sentido
do movimento dos condutores da espira no campo
magnético. Você sabe que a polaridade da f.e.m.
induzida depende do sentido do movimento do
condutor no campo magnético. Quando este senti-
do é invertido, a polaridade da f.e.m. induzida
também é invertida. Como a espira continua a gi-
rar no campo, os seus condutores sempre estão ge-
rando uma f.e.m. induzida alternada. Assim, a ú-
nica maneira de se obter C.C. do gerador é con-
verter a C.A. produzida em C.C.
Uma das maneiras de se conseguir isto é por
Para converter a tensão alternada gerada em
meio de uma chave inversora, ligada à saída do
tensão contínua pulsativa, a chave deve ser inver-
gerador. Esta chave pode ser ligada de tal maneira
tida duas vezes em cada ciclo. Se o gerador tives-
que inverta a polaridade da tensão de saída toda
se uma saída de 60 Hz, a chave deveria ser inver-
vez que a f.e.m. induzida for invertida dentro do
tida 120 vezes por segundo, para converter a C.A.
gerador. A chave B mostrada no diagrama abaixo
em C.C. Evidentemente, seria impossível manuse-
e deve ser invertida manualmente quando muda a
ar a chave com tão grande rapidez.
polaridade da tensão. Quando isto é feito, a tensão
O problema foi resolvido de maneira sim-
aplicada à carga tem sempre a mesma polaridade e
ples, montando-se a chave no eixo giratório. Isto
a corrente flui através do resistor sempre no mes-
O GERADOR ELEMENTAR 10

foi conseguido com a alteração dos anéis coleto- de cada uma das extremidades da espira, de uma
res, de modo que produzissem o mesmo efeito que escova para a outra, toda vez que a espira comple-
a chave mecânica. Basicamente, um dos anéis co- ta meia rotação. Esta ação é exatamente igual à da
letores é eliminado, e o outro é fendido ao longo chave inversora.
do seu eixo. Cada extremo da bobina é, então, li-
gado a um dos segmentos do anel fendido. Os
segmentos são isolados, de modo que não haja
contato elétrico entre eles, com o eixo ou com
qualquer outra parte da armadura. O anel como
um todo é conhecido como comutador, e sua ação
de converter C.A. em C.C. é denominada comuta-
ção.
As escovas ficam em posições opostas, e os
segmentos do comutador são montados de modo
que são postos em curto pelas escovas quando a
espira passa pelos pontos de tensão zero; assim,
não há corrente no curto circuito. Observe tam- Como você verá mais adiante ao estudar os
bém que, à medida que a espira gira, cada condu- geradores de C.C., um dispositivo especial conhe-
tor é ligado, por meio do comutador, primeiro à cido como retificador, que você já conhece do seu
escova positiva e a seguir à escova negativa. estudo dos medidores de C.A., também pode ser
Quando a espira que constitui a armadura usado para converter C.A. em C.C. pulsativa.
gira, o comutador troca automaticamente a ligação

2.4 - Conversão de C.A. em C.C. por meio do Comutador


Analise a ação do comutador para converter
a C.A. gerada em C.C. Na posição A (zero grau) a
espira está perpendicular ao campo magnético e
não há geração de f.e.m. em seus condutores (la-
dos). Portanto, não existe corrente. Observe que as
escovas estão em contato com ambos os segmen-
tos do comutador, colocando efetivamente a espira
em curto-circuito. Isto não cria problema, pois não
há corrente.
Quando a espira ultrapassa a posição A, o
curto se desfaz. A escova preta está ligada ao con-
dutor preto, enquanto que a escova branca está li-
gada ao condutor branco.
À medida que a espira gira no sentido do
movimento dos ponteiros de um relógio, da posi-
ção A para a posição B, a f.e.m. induzida começa
a crescer a partir de zero, até que, na posição B
(90 graus), ela é máxima. Como a corrente varia
com a f.e.m. induzida, ela também terá a sua in-
tensidade máxima a 90 graus. Continuando o mo- Observe que, na posição C, a escova preta
vimento da espira, no mesmo sentido, de B para esta deixando o segmento preto e entrando em
C, a f.e.m. induzida decresce, até que, na posição contato com o segmento branco, enquanto que, ao
C (180 graus), torna-se novamente igual a zero. mesmo tempo, a escova branca está deixando o
A forma de onda mostra a variação da ten- segmento branco e entrando em contato com o
são entre os terminais do gerador, de zero a 180 segmento preto. Desta maneira, a escova preta es-
graus. tá sempre em contato com o lado da espira que se
O GERADOR ELEMENTAR 11

move para baixo e a escova branca está sempre tação. Como foi visto anteriormente, trata-se de
em contato com o lado que se move para cima. uma C.C. pulsativa.
Como a corrente no condutor que se move para
cima se dirige para a escova, a escova branca é o
terminal negativo e a escova preta é o terminal po-
sitivo do gerador de C.C. Isto pode ser verificado
facilmente com a regra da mão esquerda.
Enquanto a espira continua girando, da po-
sição C (180 graus), passando pela posição D (270
graus) e voltando à posição A (360 graus ou zero
grau), a escova preta está ligada ao fio branco, que
se move para baixo, e a escova branca está ligada
ao condutor preto, que está subindo. Como resul-
tado, a polaridade da forma de onda da tensão ge-
rada, entre 180 e 360 graus, é a mesma da que foi
gerada de zero a 180 graus. Observe que a corren-
te passa através do amperímetro sempre no mes-
mo sentido, embora o seu sentido na espira seja
invertido em cada semiciclo.
Verifica-se, assim, que a principal diferença
Portanto, a tensão de saída tem sempre a
entre os geradores elementares de C.A. e de C.C.
mesma polaridade, mas varia de valor, crescendo
reside na forma como é recolhida a tensão de saí-
de zero até um máximo, caindo a zero, crescendo
da.
novamente até um máximo e, afinal, caindo outra
vez a zero, sempre que a espira completa uma ro-

2.5 - Melhorando a Saída de C.C.


Antes de estudar os geradores, você só esta- de rotação (45 graus), as escovas passam para as
va familiarizado com as tensões contínuas invari- lâminas pretas do comutador, cuja bobina (B) está
áveis produzidas, por exemplo, por pilhas. Agora começando a cortar as linhas do campo. A tensão
você sabe que a saída de C.C. de um gerador ele- de saída começa a crescer novamente, atinge um
mentar de C.C. é bastante irregular - uma tensão máximo a 90 graus e, então, volta a diminuir,
contínua pulsativa que varia, periodicamente, de quando a bobina B passa a cortar um número me-
zero até um máximo. Embora esta tensão pulsati- nor de linhas de força. A 135 graus, há uma nova
va seja contínua, seu valor não é suficientemente comutação e as escovas são outra vez ligadas à
constante para alimentar os equipamentos e apare- bobina A.
lhos de C.C. Portanto, o gerador elementar de A forma de onda da tensão de saída está
C.C. deve ser modificado, para que produza uma mostrada abaixo, durante toda uma rotação, su-
corrente contínua constante. Isto é conseguido perposta à tensão de uma única espira. Observe
com a adição de mais bobinas à armadura. que a saída nunca e menor do que o valor Y. Ob-
A figura mostra um gerador cuja armadura serve também que a comutação ocorre nos pontos
tem duas bobinas (A e B) colocadas em ângulo re- em que as tensões nas bobinas são iguais. Como
to. Observe que o comutador tem agora quatro há um curto momentâneo no comutador nesses
segmentos conhecidos como lâminas do comuta- instantes, o fato de que os pontos apresentam po-
dor. As lâminas opostas são ligadas aos terminais tenciais iguais significa que não haverá corrente
de uma mesma bobina. Na posição mostrada, as nos dois segmentos do comutador. A variação da
escovas estão ligadas à bobina branca (A), onde tensão fica, então, limitada à diferença entre Y e o
uma tensão máxima está sendo gerada porque ela máximo, e não entre zero e o máximo. Esta redu-
está se movendo perpendicularmente ao campo. À zida variação da tensão de saída de um gerador de
medida que a armadura gira no sentido do movi- C.C. é chamada ondulação ("ripple"). É claro que
mento dos ponteiros de um relógio, a saída da bo- a tensão produzida pela armadura com duas bobi-
bina A começa a decrescer. Depois de um oitavo nas se aproxima muito mais de uma C.C. constan-
O GERADOR ELEMENTAR 12

te do que a tensão produzida pelo gerador elemen- um gerador comercial consiste de muitas espiras
tar. de fio ligadas em série. Como resultado, a tensão
de saída é muito maior do que a gerada em uma
bobina com apenas uma espira.
Melhorando a Saída do Gerador

Embora a saída do gerador com duas bobi-


nas se aproxime muito mais de uma C.C. constan-
te do que a saída do gerador com uma única bobi-
na, ainda há ondulação demais para que possa ser
aplicada a alguns equipamentos elétricos. Contu-
do, os geradores simples podem ser muito úteis
Ao estudar o funcionamento de um gerador
em aplicações em que a ondulação não é impor-
elementar, você admitiu que a bobina girava em
tante (ou pode ser filtrada), como, por exemplo,
um campo magnético uniforme. Para se obter esse
em carregadores de baterias, equipamentos de sol-
campo uniforme nos geradores práticos, são usa-
dagem, etc. Para tomar a saída verdadeiramente
das peças polares côncavas e as bobinas são dis-
constante, a armadura é construída com um gran-
postas em um rotor (armadura) de ferro, de modo
de número de bobinas e o comutador é dividido
que o campo magnético fique limitado às áreas
também em um grande número de lâminas. As
desejadas. Você deve ter notado a grande seme-
bobinas são dispostas de tal modo que sempre há
lhança entre os princípios do gerador e do trans-
algumas delas cortando as linhas de força do cam-
formador, e tudo que você aprendeu anteriormente
po magnético em ângulo reto. Como resultado, a
sobre os transformadores irá auxiliá-lo a compre-
saída do gerador apresenta uma ondulação muito
ender os geradores e os motores.
pequena e, para todas as finalidades práticas, pode
Podemos aumentar o fluxo, e mesmo tomá-
ser considerada constante ou uma C.C. pura.
lo mais uniforme, usando mais do que um par de
pólos. Dois pares de pólos são comuns, mas as
grandes máquinas podem apresentar um número
maior.

Também deve estar claro que o gerador po-


de apresentar formas diversas, desde que seja ob-
servado o principio dos condutores em movimento
nos campos magnéticos. Mais adiante estudare-
mos algumas dessas diferentes configurações.
A tensão induzida em uma bobina de uma
espira não é muito grande. Para produzir uma ten-
são de saída elevada, cada bobina da armadura de
O GERADOR ELEMENTAR 13

2.6 - Revisão de Gerador Elementar


1. F.E.M. INDUZIDA - A f.e.m. induzida é o re- armadura gira 180 graus. A saída do gerador é
sultado do movimento de um condutor em um C.A.
campo magnético, cortando as linhas de força des-
te.

2. FATORES DE QUE DEPENDE A F.E.M.


INDUZIDA
a) Velocidade do condutor no campo magnético.
b) Intensidade do campo magnético.
c) Número de condutores (ou espiras).
d) O sentido do movimento relativo determina a
polaridade.

5. COMUTADOR - Uma chave inversora auto-


mática no eixo do gerador, a qual comuta as liga-
ções da bobina às escovas, a cada meia rotação de
um gerador elementar. Sua finalidade é propor-
cionar uma saída de C.C. O processo é chamado
comutação.

3. GERADOR ELEMENTAR - Uma espira de 6. GERADOR DE C.C. PRATICO - Para tornar


fio girando em um campo magnético constitui um uniforme a C.C. obtida de um gerador, usamos
gerador elementar e é ligada a um circuito externo muitas bobinas na armadura e um número maior
por meio de anéis coletores. A f.e.m. induzida de segmentos para formar o comutador. Um gera-
produz corrente no circuito externo. dor de C.C. prático apresenta uma tensão de saída
sempre próxima do valor máximo e com apenas
uma ligeira ondulação.

4. SAÍDA DO GERADOR ELEMENTAR - A


f.e.m. e a corrente de um gerador elementar têm
sua polaridade invertida toda vez que a espira da
O GERADOR DE C.C. 14

III - O GERADOR DE C.C.

3.1 - Construção do Gerador

Até aqui você aprendeu os fundamentos da manente ou um simples núcleo de ferro como ro-
ação do gerador e a teoria de funcionamento dos tor, e o campo e as bobinas de saída montados no
geradores elementares de C.A. e de C.C. Agora estator. Isto será estudado mais adiante.
você está pronto para estudar os geradores práti-
cos e sua construção. Na verdade, os geradores de
C.C. tornaram-se relativamente sem importância,
devido à facilidade com que a C.A. pode ser con-
vertida em C.C. Entretanto, a compreensão dos
geradores de C.C. proporciona a base para o en-
tendimento dos geradores e motores que serão es-
tudados mais adiante neste volume.
Existem vários componentes essenciais ao
funcionamento de um gerador. Quando você pu- Em todos os casos, há movimento relativo,
der reconhecer esses componentes e estiver fami- de modo que uma bobina corta linhas de força
liarizado com suas funções, achará muito mais fá- magnéticas. Como resultado, uma f.e.m. e induzi-
cil o trabalho de localização de defeitos e de ma- da na bobina, estabelecendo uma corrente na car-
nutenção dos geradores. ga externa.
Todos os geradores - de C.A. ou de C.C. - Como o gerador fornece energia elétrica a
são constituídos por uma parte giratória e uma uma carga, ele deve receber energia mecânica que
parte fixa. Na maioria dos geradores de C.C., a faça o rotor girar e produzir eletricidade. O gera-
bobina de onde se obtém a saída fica sobre a parte dor converte energia mecânica em energia elétri-
giratória, designada como armadura. As bobinas ca. Conseqüentemente, todos os geradores devem
que geram o campo magnético são montadas na estar associados com máquinas que forneçam a
parte fixa, denominada campo. Na maioria dos ge- energia mecânica necessária para acionar os roto-
radores de C.A. temos o oposto, isto é, o campo é res. Essas máquinas podem ser motores a vapor, a
montado sobre a parte girante - o rotor; e o enro- gasolina ou a diesel; motores elétricos; turbinas a
lamento da armadura é disposto na parte fixa - o vapor acionadas pelo calor resultante da combus-
estator. Nos geradores modernos encontramos ex- tão de carvão ou óleo, ou fissão nuclear; ou, ainda,
ceções para os casos acima, e temos um ímã per- turbinas acionadas por energia hidráulica.

3.2 - Construção dos Geradores de C.C.


A relação entre os diversos componentes lares e a tampa e, por fim, é montado o conjunto
que constituem o gerador é mostrada na figura a- das escovas.
baixo. No gerador apresentado, as bobinas de O aspecto do gerador varia de acordo com o
campo constituem o estator, e uma tampa (não tamanho, tipo e fabricante, mas o arranjo geral das
mostrada) é presa por parafusos à carcaça do ge- partes é o que foi visto. As principais partes do ge-
rador. A armadura é introduzida entre as peças po- rador de C.C. são descritas a seguir. Compare ca-
O GERADOR DE C.C. 15

da uma e sua função com o gerador elementar es- ENROLAMENTOS DE CAMPO: Estes enro-
tudado anteriormente. lamentos, quando montados nas peças polares,
formam eletroímãs que produzem o campo mag-
nético necessário para o funcionamento do gera-
dor. O conjunto dos enrolamentos e peças polares
é geralmente chamado de campo. Os enrolamen-
tos são bobinas de fio isolado, enroladas de ma-
neira a caber exatamente em torno das peças pola-
res. A corrente que passa nessas bobinas gera o
campo magnético. Em alguns geradores pequenos,
imãs permanentes substituem as bobinas de cam-
po.
Um gerador pode ter apenas dois pólos ou
um grande número de pares de pólos. Em qual-
quer destes casos, os pólos adjacentes são sempre
de polaridades opostas. Os enrolamentos de cam-
po podem ser ligados em série ou em paralelo
("shunt"). Os enrolamentos de campo em paralelo
consistem em muitas espiras de fio muito fino,
enquanto que os enrolamentos de campo em série
são feitos com um número menor de espiras de fio
relativamente grosso.
TAMPAS: são aparafusadas às extremidades da
carcaça e contêm os mancais para a armadura. A
tampa de trás suporta somente o mancal, enquanto
que a tampa da frente suporta também o conjunto
das escovas.
CARCAÇA: Também é conhecida como "yoke".
É a parte da máquina que suporta os outros com- PORTA-ESCOVAS: Este componente suporta as
ponentes. Também serve para completar o circuito escovas e seus fios de ligação. Os porta-escovas
magnético entre as peças polares. são presos à tampa da frente por meio de grampos.
Em alguns geradores, os porta-escovas podem ser
PEÇAS POLARES: As peças polares, como os girados em tomo do eixo, para ajustagem.
núcleos dos transformadores, são feitas comumen-
te com muitas lâminas de ferro de pequena espes- ARMADURA: Praticamente, em todos os gera-
sura, montadas juntas e aparafusadas à parte inter- dores de C.C. a armadura gira entre os pólos do
na da carcaça. As peças polares servem de supor- estator. Ela é constituída pelas seguintes partes:
tes para as bobinas de campo e são projetadas para eixo, núcleo, enrolamento e comutador. O núcleo
produzir um campo magnético concentrado. A é laminado para reduzir as correntes parasitas e
laminação das peças polares reduz o efeito das apresenta ranhuras onde são colocadas as espiras
correntes parasitas. do enrolamento. As bobinas do enrolamento são,
geralmente, pré-fabricadas em formas especiais e
depois colocadas nas ranhuras do núcleo.
O comutador é feito de lâminas de cobre, i-
soladas entre si e também do eixo com o emprego
de mica ou plástico resistente ao calor. As lâminas
são presas por meio de anéis, para evitar que des-
lizem sob a ação da força centrífuga. Elas apresen-
tam pequenas ranhuras nas extremidades, onde
são soldados os fios do enrolamento. O eixo su-
porta todo o conjunto e gira apoiado nos mancais
existentes nas tampas.
Há um pequeno entreferro entre a armadura
O GERADOR DE C.C. 16

e as peças polares para evitar atrito entre elas du- como rabicho, liga as escovas ao circuito externo.
rante o funcionamento da máquina. Este espaço de
ar é reduzido ao mínimo, para manter elevada a
intensidade do campo magnético.
ESCOVAS: Deslizam sobre o comutador e apli-
cam a tensão gerada à carga. As escovas são feitas
comumente de carvão de boa qualidade, ou de
uma mistura carvão-cobre, e são montadas nos
porta-escovas. Elas podem se mover para cima e
para baixo nos porta-escovas, para que possam
seguir as irregularidades na superfície do comuta-
dor. Um condutor trançado flexível, conhecido

3.2.1 - Tipos de Armaduras


As armaduras usadas nos geradores de C.C.
são de dois tipos gerais: de anel e de tambor. No
tipo de anel, as bobinas isoladas são enroladas em
tomo de um anel de ferro. A intervalos regulares
são tiradas derivações para as lâminas do comuta-
dor. Este tipo de armadura foi usado nos projetos
primitivos de máquinas elétricas girantes e não é
mais usado hoje em dia.
A armadura tipo tambor é agora o tipo pa-
drão. As bobinas isoladas são introduzidas em ra- Tipos de Enrolamentos da Armadura
nhuras do núcleo cilíndrico e suas extremidades
são interligadas. Os enrolamentos das armaduras tipo tambor
podem ser de dois tipos: imbricado e ondulado.
No enrolamento imbricado os dois extremos
de cada bobina são ligados a lâminas adjacentes
do comutador e o enrolamento tem o aspecto ilus-
trado abaixo. Na figura, a armadura aparece como
se tivesse sido distendida horizontalmente, de mo-
do que o extremo direito realmente se liga ao ex-
tremo esquerdo. O desenho corresponde a um ge-
Em geral, as armaduras de C.C. usam bobi- rador de quatro pólos.
nas pré-fabricadas. Estas bobinas são enroladas à
máquina, com forma e número de espiras apropri-
ados. A bobina completa é recoberta com fita iso-
lante e colocada nas ranhuras da armadura como
uma unidade.
Esta colocação é feita de tal maneira que,
em um dado instante, os dois lados da bobina a-
cham-se sob pólos de nomes diferentes. Em uma
máquina de dois pólos, os lados de uma mesma
bobina ficam situados em pontos opostos do nú-
cleo e, portanto, ficam sob pólos opostos. Os lados
de uma bobina, em uma máquina de quatro pólos,
são colocados em ranhuras situadas a uma distân- O sentido da f.e.m. induzida em cada condu-
cia igual a um quarto de rotação, e, assim, também tor está indicado no diagrama. Podemos observar
ficam sob pólos de nomes opostos. Nas maquinas melhor as ligações entre as bobinas que constitu-
elétricas, o número de pólos especificados é real- em o enrolamento imbricado no diagrama simpli-
mente o número de pólos do campo. ficado abaixo.
O GERADOR DE C.C. 17

As ligações entre as bobinas são mostradas


abaixo no desenho simplificado do enrolamento.
Observe que neste caso o enrolamento é dividido
apenas em dois ramos em paralelo.

Você pode observar que em dois pontos as


forças eletromotrizes em condutores adjacentes
são convergentes: A e C; também em dois pontos
as forças eletromotrizes em condutores adjacentes
são divergentes: B e D. Se as escovas forem apli- Se as escovas foram aplicadas aos pontos A
cadas a esses pontos, a corrente sairá do enrola- e B e você seguir os dois caminhos do enrolamen-
mento da armadura em A e C, e entrará no enro- to de A para B, verá que a maioria das forças ele-
lamento em B e D. As escovas com a mesma pola- tromotrizes de cada ramo atua no sentido de A pa-
ridade podem ser interligadas, e a armadura fica ra B. Apenas um pequeno número, em cada ramo,
assim dividida efetivamente em quatro ramos em se opõe às outras, mas, se você observar a posição
paralelo. dos condutores, verificará que estão nos espaços
Geralmente, o número de ramos em paralelo entre pólos, de modo que as forças eletromotrizes
de um enrolamento imbricado e igual ao número induzidas nos mesmos são pequenas (no instante
de pólos. A f.e.m. nos terminais B igual à f.e.m. considerado).
induzida em um dos ramos; a corrente entregue ao
circuito externo é igual à soma das correntes nos
ramos em paralelo. Por esta razão, o enrolamento
imbricado é usado quando se requer corrente ele-
vada.
O outro tipo de enrolamento usado nas ar-
maduras tipo tambor t o ondulado, ilustrado abai-
Em geral, o enrolamento ondulado apresenta
xo. Neste caso, as ligações são feitas de modo que
apenas dois caminhos em paralelo para a corrente
o enrolamento passa diante de todos os pólos an-
e usa somente duas escovas, independentemente
tes de retomar ao pólo onde teve início.
do número de pólos. A f.e.m. desenvolvida em um
enrolamento ondulado é igual à induzida na meta-
de do número total de condutores da armadura.
Por esta razão, o enrolamento ondulado é usado
quando se requer tensão elevada.
A corrente entregue ao circuito externo é o
dobro da corrente em cada condutor da armadura,
porque as metades do enrolamento da armadura
estão efetivamente em paralelo.

3.3 - Tensão de Saída do Gerador

A tensão de saída de um gerador depende do onde E é a tensão de saída, o número de linhas


número de condutores que cortam as linhas de de força por pólo, Z é o número de condutores da
força. Você sabe que a f.e.m. induzida e propor- armadura que interagem com o campo eNéa
cional ao número de espiras, à densidade de fluxo velocidade da armadura em rotações por segundo
e à velocidade com que as linhas são cortadas. Isto (rps). A constante 108 (100.000.000) é usada para
é verdade para qualquer gerador, e pode ser tradu- que o resultado seja obtido em volts. Lembre-se
zido como de que uma única espira tem dois condutores atu-
ZN antes, de modo que Z não é apenas o número de
E
10 8 espiras entre duas lâminas do comutador.
O GERADOR DE C.C. 18

Exemplo: Suponha um gerador de 4 pólos, com condutor da armadura seria


440 condutores na armadura e 106 (1.000.000) li- 1000
nhas de força, girando a 3.000 rpm (50 rps); a ten- 250 amperes
4
são de saída seria
10 6 x 440 x50
E 220 volts
10 8
Como cada condutor efetivo da armadura está em
paralelo diante de uma peça polar, e existem qua-
tro pólos, a corrente de carga por condutor da ar-
madura é um quarto da corrente total. Se a corren-
te de carga fosse 1.000 ampères, a corrente no

3.4 - Tipos de Geradores de C.C.


Os campos da maioria dos grandes gerado-
res de C.C. são eletromagnéticos. Campos produ-
zidos por ímãs permanentes também são usados
em pequenos geradores. Para produzir um campo
eletromagnético constante para um gerador, as
bobinas de campo devem ser ligadas a uma fonte
de tensão contínua. A corrente contínua nas bobi-
nas de campo é chamada corrente de excitação e
pode ser fornecida por uma fonte separada ou ob- Os geradores de C.C. com excitação inde-
tida da própria saída de C.C. do gerador. pendente têm dois circuitos externos: o circuito de
Quando o campo é alimentado com corrente campo, que consiste das bobinas de campo ligadas
de uma fonte independente, o gerador é conhecido a uma fonte de C.C. separada, e o circuito da ar-
como de excitação independente; entretanto, se madura, que consiste do enrolamento da armadura
parte da saída do gerador é usada para proporcio- e da resistência de carga. (Quando duas ou mais
nar a corrente do campo, ele é chamado auto- bobinas de campo são ligadas em série, elas são
excitado. No gerador auto-excitado, as bobinas de representadas por um único símbolo.) A figura
campo podem ser ligadas em série com as bobinas abaixo mostra os dois circuitos de um gerador
da armadura (tipo série); em paralelo com as bo- com excitação independente e os sentidos das cor-
binas da armadura (tipo "shunt" ou derivação); ou rentes nos mesmos.
o campo pode ter dois enrolamentos, um em série
e o outro em paralelo com as bobinas da armadura
("compound" ou composto). Os símbolos repre-
sentados abaixo são usados para representar a ar-
madura e as bobinas de campo nos diversos cir-
cuitos de geradores.

3.5 - Geradores de C.C. com Excitação Independente


Em um gerador de C.C. com excitação in- ações na corrente do campo obtém-se grande vari-
dependente, o campo é independente da armadura ação na tensão (e na corrente) na carga.
porque recebe corrente de outro gerador (excita- O gerador com excitação independente é u-
dor), de um amplificador ou de uma bateria. O sado freqüentemente em sistemas automáticos de
campo com excitação independente possibilita o controle de motores. Nesses sistemas, a corrente
controle da tensão de saída do gerador, porque do campo é controlada por um amplificador, e a
uma variação na intensidade do campo altera o va- saída do gerador fornece a corrente que faz fun-
lor da tensão induzida. Assim, com pequenas vari- cionar um motor de C.C. O motor pode ser usado
O GERADOR DE C.C. 19

para acionar uma máquina a velocidade constante, proporcional a velocidade. A saída do tacômetro é
movimentar uma antena de radar ou fornecer e- usada de modo que, quando a velocidade aumenta,
nergia a qualquer outra carga pesada. a corrente do campo diminui - reduzindo assim a
saída do gerador e diminuindo a velocidade do
motor. Desta maneira, a velocidade do motor pode
ser mantida constante.

Algumas vezes, a informação sobre a velo-


cidade do motor é realimentada por meio de um
pequeno gerador (conhecido como tacômetro), li-
gado ao eixo do motor, o qual gera uma tensão

3.6 - Geradores de C.C. Auto-Excitados


Os geradores auto-excitados usam uma parte
de sua própria saída para fornecer corrente de ex-
citação ao campo. Estes geradores são classifica-
dos de acordo com o tipo de ligação entre o cam-
po e a armadura.
Um gerador série tem as suas bobinas de
campo ligadas em série com o enrolamento da
armadura, de modo que toda a corrente da arma-
dura passa pelo campo e pela carga. Quando o ge-
rador não está ligado a uma carga, o circuito está
incompleto e não há corrente para excitar o cam-
po. O campo série tem relativamente poucas espi-
ras de fio grosso.
As bobinas de campo de um gerador "shunt"
ou derivação são ligadas em paralelo com o cir-
cuito da armadura. Apenas uma pequena parte da Quase todos os geradores de C.C. em uso
corrente da armadura passa pelas bobinas de cam- são controlados por realimentação ou são direta-
po; o restante passa pela carga. Como o campo mente do tipo auto-excitado. Entretanto, se a exci-
"shunt" e a armadura formam um circuito fechado tação do campo depende da corrente da armadura
independente da carga, o gerador é excitado mes- e só há corrente induzida no enrolamento da ar-
mo quando sem carga. O campo em paralelo é madura quando esta se move em um campo mag-
constituído por muitas espiras de fio mais Fino. nético, você deve estar querendo saber como é que
O gerador de excitação composta ("com- a tensão do gerador pode ser desenvolvida. Em
pound") tem um campo em série e um campo em outras palavras, se não há campo para começar
paralelo, formando um circuito misto. Existem (pois não ha corrente no enrolamento de campo),
duas bobinas em cada uma das peças polares, uma como pode o gerador produzir uma f.e.m.?
delas ligada em série e a outra em paralelo. As Na realidade, os pólos de campo retêm uma
bobinas de campo em paralelo são excitadas por certa quantidade de magnetismo, chamada magne-
uma parte da corrente da armadura, enquanto que tismo remanescente ou residual, resultante do seu
a corrente total da carga passa pelas bobinas em uso anterior. Quando o gerador começa a girar,
série. Portanto, quando a carga aumenta, a inten- existe um campo magnético inicial que, embora
sidade do campo em série também aumenta. muito fraco, pode induzir uma f.e.m. na armadura.
Esta f.e.m. induzida produz corrente através
O GERADOR DE C.C. 20

das bobinas de campo, reforçando o campo mag- relação exclusiva com a saída elétrica, e não com
nético inicial e intensificando o magnetismo total. a parte mecânica.
Este acréscimo no fluxo, por sua vez, dá lugar a
uma f.e.m. maior, que novamente aumenta a cor-
rente nas bobinas de campo. Esta ação continua
até que a máquina atinge a sua intensidade de
campo normal.
Todos os geradores auto-excitados funcio-
nam desta maneira. O tempo de crescimento da
tensão é normalmente inferior a 30 segundos. O
gráfico mostra como crescem a tensão de saída e a
corrente de excitação em um gerador derivação
("shunt").
Lembre-se de que a saída de um gerador é
energia elétrica. Um gerador sempre deve ser a-
cionado por algum meio mecânico - a máquina a-
cionadora. O tempo de crescimento da tensão tem

3.6.1 - O Gerador de C.C. Auto-Excitado em Série


No gerador série, a armadura, as bobinas de provoca um aumento correspondente de tensão,
campo e o circuito externo são todos ligados em porque o campo magnético atinge o seu ponto de
série. Isto quer dizer que a corrente na armadura e saturação.
no circuito externo é a mesma que passa nas bobi-
nas de campo. Como a corrente de excitação, que
também é a corrente na carga, tem grande intensi-
dade, o campo magnético de intensidade adequada
pode ser obtido com um número de espiras relati-
vamente pequeno no enrolamento de campo.
A figura mostra o esquema de um gerador
série de C.C. típico. Quando não há carga, não
pode haver corrente e, assim, uma f.e.m. muito
pequena C induzida na armadura; o valor exato
depende da intensidade do magnetismo remanes-
cente. Quando uma carga é ligada, estabelece-se
uma corrente, a intensidade do campo aumenta e,
O gerador série não é usado comumente,
conseqüentemente, a tensão entre os terminais
mas o fato de sua tensão de saída ser proporcional
também cresce. À medida que a corrente de carga
à corrente em sua armadura toma este tipo de ge-
aumenta, a intensidade do campo também aumen-
rador útil em algumas aplicações especiais.
ta, gerando uma tensão maior no enrolamento da
armadura. Logo se atinge um ponto (A) onde
qualquer novo aumento de corrente de carga não

3.6.2 - O Gerador de C.C. Auto-Excitado Tipo "Shunt"


O gerador "shunt" tem o seu enrolamento de cionamento, o crescimento da tensão entre os seus
campo ligado em paralelo com a armadura. Por- terminais, até o valor nominal, é muito rápido,
tanto, a corrente nas bobinas de campo é determi- porque existe uma corrente de excitação mesmo
nada pela tensão entre os terminais e pela resis- quando o circuito externo está aberto. A medida
tência do campo. O enrolamento do campo que a carga solicita mais corrente, a tensão entre
"shunt" tem um grande número de espiras e, por- os terminais diminui, devido ao aumento da queda
tanto, requer uma corrente relativamente fraca pa- de tensão na armadura que se subtrai da tensão ge-
ra produzir o fluxo necessário. rada, e assim se reduz a intensidade do campo.
Quando se põe um gerador "shunt" em fun- As figuras abaixo mostram o esquema de
O GERADOR DE C.C. 21

um gerador "shunt" e a sua curva característica.


Observe que a queda de tensão entre os terminais,
quando a corrente de carga aumenta na zona nor-
mal de funcionamento (A-B), desde a condição
sem carga até a condição de plena carga, é relati-
vamente pequena (tipicamente 5% a 10%). Como
conseqüência, usa-se este gerador quando se dese-
ja uma tensão praticamente constante, indepen-
dente das variações da carga. Se a corrente forne-
cida pelo gerador ultrapassar o ponto B, a tensão
entre os terminais começará a cair rapidamente
devido à saturação e a outros efeitos.
A tensão entre os terminais de um gerador
"shunt" pode ser controlada pela variação da resis-
tência de um reostato ligado em série com as bo-
binas de campo.

3.6.3 - O Gerador Auto-Excitado "Compound"


O gerador "compound" (excitação compos- tensão de saída dos geradores "shunt", quando a
ta) é uma combinação dos geradores série e carga é aumentada. Esta queda de tensão é indese-
"shunt". Apresenta dois conjuntos de bobinas de jável em aplicações em que se requer tensão cons-
campo: um em série com a armadura e o outro em tante. A adição do campo em série, que aumenta a
paralelo com ela. Uma bobina em paralelo e uma intensidade do campo magnético total quando a
bobina em série são sempre montadas em uma corrente de carga aumenta, compensa a queda da
mesma peça polar e, algumas vezes, com um re- tensão causada pela maior corrente na resistência
vestimento comum. da armadura. Desta maneira, consegue-se uma sa-
Quando o campo série é ligado de maneira a ída com tensão praticamente constante.
reforçar o campo em paralelo, o gerador é chama- As características de tensão do gerador
do de "compound" cumulativo. Quando o campo "compound" cumulativo dependem da razão entre
série se opõe ao campo em paralelo, o gerador é o número de espiras do enrolamento "shunt" e o
chamado de "compound" diferencial. Como já foi número de espiras do enrolamento série.
explicado, os campos também podem ser de longa Se o enrolamento em série é feito de tal mo-
derivação ou de curta derivação, conforme o cam- do que a tensão de saída é praticamente constante
po "shunt" esteja ligado em paralelo com o campo para todas as cargas na região de funcionamento,
série e a armadura ou somente com a armadura. o gerador é plano-"compound". Nestas máquinas,
As características de funcionamento dos dois tipos geralmente, a tensão na condição sem carga é i-
de ligação do campo "shunt" são praticamente i- gual à tensão na condição de plena carga e as ten-
guais. sões nos pontos intermediários são ligeiramente
maiores. Os geradores de excitação plano-
"compound" são usados para fornecer uma tensão
constante a cargas colocadas a uma pequena dis-
tância do gerador.
Um gerador hiper-"compound" tem um nú-
mero tal de espiras em série que a tensão na con-
dição de plena carga é maior do que na condição
sem carga. Estes geradores são usados quando a
carga está distante do gerador; o acréscimo na ten-
são de saída compensa a queda de tensão nos fios
da linha de alimentação, mantendo uma tensão
constante na carga.
Quando a tensão nominal é menor do que a
Os geradores de excitação composta cumu- tensão sem carga, diz-se que o gerador é sub-
lativos foram projetados para eliminar a queda da
O GERADOR DE C.C. 22

"compound'. Estes geradores são raramente usa- geradores de excitação composta são mostradas
dos. A maioria dos geradores "compound" cumu- abaixo:
lativos é do tipo hiper-"compound".
O grau de "compoundagem" é regulado por
um resistor de baixa resistência (resistor desvia-
dor) ligado aos terminais do campo série. A tensão
de saída pode ser controlada pela variação do re-
ostato de campo ligado em série com o campo
"shunt". Nos geradores "compound" diferenciais,
o campo "shunt" e o campo série estão em oposi-
ção. Portanto, o campo diferencial, ou resultante,
diminui de intensidade e a tensão cai rapidamente,
quando a corrente de carga aumenta.
As curvas características dos quatro tipos de

3.7 - Regulação de Tensão


Como você sabe, a tensão de saída de um 120 107
gerador não é normalmente constante. A curva de x100 12% de regulação
107
um gerador que mostra o valor da tensão de saída As características de regulação de tensão
em função da corrente de carga é conhecida como dos geradores são muito importantes porque sem-
curva de regulação. A regulação de tensão é a di- pre esclarecem se eles podem ser usados em de-
ferença entre as tensões de saída de um gerador terminadas aplicações. Ao prosseguir com o seu
sem carga e com plena carga dividida pela tensão estudo de eletricidade, você precisará calcular a
com plena carga; a tensão com plena carga é a regulação de tensão, e, assim, lembre-se da fórmu-
tensão de saída nominal. A regulação de tensão la acima.
costuma ser expressa como regulação percentual.
V SC V PC
Regulação % x100
V PC
VSC Tensão sem carga
onde:
V PC Tensão a plena carga
Exemplo: Suponha um gerador "compound" com
uma tensão de saída de 120 volts, com a corrente
0, e de 107 volts com plena carga. A regulação
percentual seria:

3.8 - Comutação nos Geradores de C.C.


Quando você estudou o gerador de C.C. e-
lementar, aprendeu que as escovas são colocadas
de tal maneira que põem em curto a bobina da ar-
madura, quando ela não está cortando o campo
magnético. Neste instante não há corrente e, por-
tanto, não há centelhamento nas escovas (que es-
tão passando de uma das lâminas do comutador
para a seguinte).
Se deslocarmos as escovas alguns graus, e-
las porão a bobina em curto quando ainda estiver
cortando o campo magnético. Como conseqüência, uma tensão será indu-
O GERADOR DE C.C. 23

zida na bobina em curto e a corrente de curto- plano de comutação ou plano neutro. As escovas
circuito causará centelhamento nas escovas. Esta colocam a bobina em curto quando não há corren-
corrente de curto-circuito pode danificar seria- te na mesma.
mente as bobinas e queimar o comutador.
Esta situação pode ser remediada pela rota-
ção das escovas, de maneira que a comutação o-
corra quando o plano da bobina está perpendicular
ao campo. Os geradores de C.C. funcionam efici-
entemente quando o plano da bobina forma ângulo
reto com as linhas do campo, no momento em que
as escovas colocam a bobina em curto. Este plano
em ângulo reto com o campo é conhecido como

3.9 - Reação da Armadura nos Geradores de C.C.


Considere o funcionamento de um gerador tador.
de C.C. simples de dois pólos. Na figura abaixo, a Para evitar isto, as escovas devem ser deslo-
armadura aparece em forma simplificada, com a cadas para o novo plano neutro. O efeito da arma-
seção transversal da bobina apresentada por pe- dura ao deslocar o plano neutro é chamado de rea-
quenos círculos. Quando a armadura gira no sen- ção da armadura.
tido do movimento dos ponteiros de um relógio, a
corrente no lado esquerdo da bobina sai da página,
e no lado direito entra na página. Também está re-
presentado o campo magnético produzido em to-
mo de cada lado da bobina.
Agora existem dois campos: o campo prin-
cipal e o campo em redor de cada lado da bobina.
A figura mostra como o campo da armadura dis-
torce o campo principal e como o plano neutro é
deslocado no sentido da rotação.
Entretanto, você aprendeu que as escovas
devem por a bobina em curto, quando ela estiver
no plano neutro. Se as escovas forem mantidas no
plano neutro original, elas colocarão em curto bo-
binas com tensão induzida. Conseqüentemente,
haverá centelhamento entre as escovas e o comu-

3.10 - Enrolamentos Compensadores e Interpolos

O simples deslocamento das escovas para a compensadores e interpolos (ou pólos de comuta-
posição avançada do plano neutro não resolve ção).
completamente os problemas da reação da arma- Os enrolamentos compensadores consistem
dura. O efeito da reação da armadura varia com a de uma série de bobinas embutidas em ranhuras
corrente de carga. Portanto, sempre que varia a na superfície dos pólos (sapatas polares). Estas
corrente de carga, o plano se desloca e a posição bobinas são ligadas em série com a armadura, de
das escovas deve ser mudada. modo que o campo que produzem cancela o efeito
Nas máquinas pequenas, os efeitos da rea- da reação da armadura, para todos os valores da
ção da armadura são diminuídos pelo deslocamen- corrente da armadura. Como resultado, o plano
to mecânico das escovas. Nas máquinas maiores neutro fica estacionário e as escovas, uma vez a-
são usados meios mais aperfeiçoados para elimi- justadas, não têm que ser deslocadas.
nar a reação da armadura, tais como enrolamentos Outra maneira de reduzir ao mínimo os efei-
O GERADOR DE C.C. 24

tos da reação da armadura é o uso de pequenos


pólos auxiliares chamados interpolos, entre os pó-
los principais. Os interpolos são enrolamentos
com poucas espiras de fio grosso, ligados em série
com a armadura. O campo que eles geram anula a
reação da armadura para todos os valores da cor-
rente de carga, melhorando a comutação.
Os interpolos e os enrolamentos compensa-
dores são ligados em série com a carga, de modo
que o cancelamento é correto para todas as cargas.

3.11 - Revisão de Geradores de C.C.


As principais partes de um gerador de C.C.
2. REAÇÃO DA ARMADURA - A corrente no
são a armadura, os enrolamentos de campo, as es-
enrolamento da armadura gera um campo magné-
covas, o comutador e a carcaça com os mancais.
tico perpendicular ao dos pólos do campo do ge-
Você deve fazer uma revisão do que estudou so-
rador. O campo total resultante desloca o plano
bre elas nesta seção, de modo a ficar familiarizado
neutro.
com as mesmas e ser capaz de identificá-las em
um gerador real. Você deve também estudar os
desenhos dos enrolamentos imbricado e ondulado,
para compreender como e porque são usados.

1. CLASSIFICAÇÃO DOS GERADORES - Os


geradores de C.C. são classificados de acordo com
o tipo de excitação do campo usado. Os geradores
com excitação independente usam uma fonte ex-
terna de corrente continua para produzir os cam-
pos. Os geradores auto-excitados usam suas pró-
prias saídas para excitar o campo. Os geradores
auto-excitados são classificados ainda de acordo
com as ligações dos seus enrolamentos de campo. 3. ENROLAMENTOS COMPENSADORES E
INTERPOLOS - Os enrolamentos compensado-
res são enrolamentos adicionais na superfície dos
pólos; eles conduzem a corrente da armadura, mas
com polaridade oposta, em oposição ao campo da
armadura. Os interpolos são pequenos pólos colo-
cados entre os pólos principais, para produzir um
campo oposto ao campo da armadura. Ambos são
destinados a corrigir a reação da armadura.

4. REGULAÇÁO - Exprime a estabilidade da


tensão de saída em função das variações de carga.
O MOTOR DE C.C. 25

IV - O MOTOR DE C.C.

4.1 - Conversão de Energia Elétrica em Energia Mecânica


Os motores e os geradores de C.C. têm es-
sencialmente os mesmos componentes e são muito
semelhantes externamente. Diferem apenas quanto
à maneira como são usados. Em um gerador, a e-
nergia mecânica movimenta a armadura, fazendo
o seu enrolamento cortar um campo magnético, e
isto gera energia elétrica. Em um motor, a energia
elétrica gera um campo que faz girar os conduto-
res da armadura, e esta, através de um sistema
mecânico de correias ou engrenagens, movimenta
uma carga mecânica.
Um gerador converte energia mecânica em
energia elétrica. Um motor converte energia elé-
trica em energia mecânica.

4.2 - Principio de Funcionamento do Motor de C.C.


Dois cientistas do século dezenove, o russo tal modo que o indicador aponte no sentido das li-
Heinrich Lenz e o inglês Sir John Ambrose Fle- nhas de força do campo magnético e o dedo médio
ming, descobriram fatos que o ajudarão a entender indique o sentido da corrente no condutor, o pole-
o principio de funcionamento do motor de C.C. gar indicará o sentido do movimento do condutor.
Quando um condutor se desloca em um Evidentemente, se você não conhecer o sentido do
campo magnético, nele aparece uma f.e.m. indu- campo magnético, mas souber o sentido do mo-
zida; o sentido da f.e.m. - e da corrente, se o con- vimento do condutor e o da corrente, o indicador
dutor for parte de um circuito completo - é tal que dirá qual o sentido do campo magnético, desde
se opõe a causa que o produziu. Esta regra, verda- que você coloque a mão na posição correta.
deira para qualquer corrente induzida, é conhecida
como lei de Lenz, como já foi estudado.
Fleming descobriu um método prático para a
determinação do sentido de rotação de um motor,
quando o sentido da corrente é conhecido. Verifi-
cou que ha uma relação definida entre o sentido
do campo magnético, o sentido da corrente no
condutor e o sentido para o qual o condutor tende
a se mover. Esta relação é conhecida como regra
da mão direita para motores.
Se o polegar, o indicador e o dedo médio da
mão direita forem dispostos em ângulos retos, de
O MOTOR DE C.C. 26

Fleming foi também o primeiro a apresentar há corrente no condutor e o movimento é produzi-


uma regra para lembrar o sentido da f.e.m. induzi- do.
da em um gerador. Quando ele propôs as regras, O motor elementar de C.C. é construído de
era usada a convenção mais antiga para o sentido maneira semelhante ao gerador elementar de C.C.
da corrente; alguns livros continuam a usar a con- Ele consiste de uma espira de fio que gira entre os
venção mais antiga e se referem a essas regras pólos de um ímã. As extremidades da espira são
como regra da mão direita para geradores e regra ligadas a lâminas do comutador que, por sua vez,
da mão esquerda para motores. fazem contato com as escovas; estas têm fios de
Como você sabe, ha um campo magnético ligação que vão ter a uma fonte de C.C.
em tomo de um condutor que conduz corrente. Lembre-se da ação de um condutor que
Quando o condutor é colocado em outro campo conduz corrente dentro de um campo magnético e
magnético, os dois campos interagem. compare-a com a do motor elementar de C.C.
Como os campos magnéticos nunca se cru- Com a espira na posição 1, a corrente que passa
zam, as linhas dos dois campos se acumulam em através dela toma a sua parte superior um pólo
um lado e se anulam mutuamente em outro lado, norte e a sua parte inferior um pólo sul, de acordo
produzindo, respectivamente, campos fortes ou com a regra da mão esquerda. Os pólos magnéti-
fracos. cos da espira são repelidos pelos pólos iguais do
campo e são atraídos pelos pólos opostos do cam-
po. Como resultado, a espira gira no sentido do
movimento dos ponteiros de um relógio, tentando
aproximar os pólos de nomes opostos.
Quando a espira descreve 90 graus, até a po-
sição 2, dá-se a comutação e a corrente na espira
muda de sentido. Em conseqüência, o campo
magnético gerado pela espira também é invertido.
Agora, pólos de nomes iguais estão próximos e,
portanto, se repelem. A espira continua a girar,
tentando aproximar novamente os pólos de nomes
contrários.

Lembre-se de que as linhas tendem a se re-


pelir. Assim, as linhas sob o condutor mostrado
acima, ao se repelirem, tendem a deslocar o con-
dutor para cima ou, quando o sentido da corrente
no condutor é invertido, a deslocá-lo para baixo.
O movimento do condutor faz com que ele
corte o campo magnético do imã. Deste modo, a-
parece uma f.e.m. no condutor, a qual, de acordo
com a lei de Lenz, tende a se opor ao movimento
que a produziu. Isto significa que a f.e.m. induzida
terá polaridade oposta a da f.e.m. aplicada exter-
namente ao condutor; por este motivo é conhecida
como força contra-eletromotriz.
A força contra-eletromotriz (f.c.e.m.) nunca
e tão grande como a f.e.m. aplicada; a diferença
entre a f.e.m. aplicada e a f.c.e.m. é sempre tal que

4.3 - Ação do Comutador em um Motor de C.C.


É evidente que o comutador desempenha um seja invertida, no momento em que pólos de no-
papel muito importante no funcionamento do mo- mes contrários se defrontam. Isto causa uma in-
tor de C.C. Ele faz com que a corrente na espira versão na polaridade do campo; há repulsão em
O MOTOR DE C.C. 27

lugar de atração e a espira continua a girar. do campo não produz variação líquida do torque,
Em uma armadura com muitas bobinas, o porque os campos da armadura são simétricos nos
seu enrolamento age como uma única bobina cujo campos externos.
eixo é perpendicular ao campo magnético princi-
pal e cuja polaridade é mostrada abaixo. O pólo
norte do campo da armadura é atraído pelo pólo
sul do campo principal. Esta atração exerce uma
força de torção que faz a armadura girar no senti-
do do movimento dos ponteiros de um relógio.
Desta maneira, uma força de giro (torque ou con-
jugado) regular e contínua atua sobre a armadura,
graças ao grande número de bobinas.
Como existem muitas bobinas próximas, o
campo resultante da armadura parece estacionário.
Observe que a comutação em um gerador
ocorre quando a bobina da armadura esta alinhada
com o campo, isto é, quando a f.e.m. é zero. Em
um motor, a comutação ocorre numa posição per-
pendicular ao campo, no ponto em que a inversão

4.4 - Reação da Armadura

Como existe corrente nos condutores da ar- meio do espaço entre os pólos principais. Assim,
madura do motor, há um campo magnético em as escovas não têm de ser movidas depois de cor-
tomo da armadura. O campo da armadura distorce retamente ajustadas.
o campo principal, isto é, o motor apresenta uma
reação da armadura, tal como acontece no gera-
dor. Entretanto, o sentido da distorção causada pe-
la reação da armadura do motor e oposto ao que se
observa no gerador. No motor, a reação da arma-
dura desloca o plano neutro de comutação no sen-
tido contrário ao de rotação.
Para compensar o efeito da reação da arma-
dura em um motor, as escovas devem ser desloca-
das para trás, até que o centelhamento seja míni-
mo. Neste ponto, a bobina posta em curto-circuito
pelas escovas está no plano neutro e não há f.e.m.
induzida nela. A reação da armadura também po-
de ser corrigida por meio de enrolamentos com-
pensadores e interpolos, como no gerador, de mo-
do que o plano neutro fique sempre exatamente no

4.5 - Torque do Motor de C.C.


A força sobre um condutor que conduz cor- F .i.l. sen
rente dentro de um campo magnético é proporcio-
nal à grandeza do campo, expressa pela sua densi- onde a força (F) é obtida em newtons (N), a den-
dade de fluxo, à intensidade da corrente no condu- sidade de fluxo ( ) é dada em teslas (T), a intensi-
tor e ao comprimento da parte deste submetida ao dade da corrente (i) em ampères (A) e o compri-
campo (comprimento ativo do condutor). A força mento (l) em metros (m). é o ângulo formado
F pode ser calculada com a expressão pela direção do movimento dos elétrons no condu-
O MOTOR DE C.C. 28

tor com a direção do campo. rotações do condutor, R. É obtido em me-


tros.newtons (mN): T = NFR.
Exemplo: Se você tivesse um condutor de 30 cm Numa bobina, N = 2, e como nem todos os
de comprimento, percorrido por 60 A, formando condutores são centralizados no campo magnéti-
ângulo reto com um campo magnético de 0,1 tes- co, usamos o raio médio, que corresponde a 0,637
la, qual seria a força sobre ele? vezes o raio real (máximo). Assim, num motor re-
al o torque é proporcional à intensidade do campo
F = 0,1 x 60 x 0,30 x 1 = 1,8 N
magnético, à corrente na armadura e ao raio efeti-
Se o condutor fosse um dos lados da bobina vo da armadura, ou T = k. .ia, onde k é uma cons-
de uma armadura, a força total seria o dobro. tante que inclui o número de condutores, o núme-
O torque, T, mede a capacidade de giro de ro de ramos, o raio da armadura, etc., ia é a corren-
um motor e é proporcional à força vezes o número te na armadura e é o fluxo.
de condutores, N, vezes a distância do centro das

4.6 - Potência e Eficiência do Motor de C.C.


Sabemos que é realizado um trabalho quan- expressão
do uma força atua em uma certa distância; a uni-
P =Fv ou P = 2. .R.N.F watts
dade de trabalho é o joule (J).
Vimos também que potência é o trabalho re- e como T = RF, poderíamos escrever
alizado na unidade de tempo, e que é medida em
P = 2. .T.N watts (para T em N.m)
watts. Para medir a potência mecânica usamos
comumente outras duas unidades muito conheci- A eficiência do motor é a relação entre a po-
das: o cavalo-vapor (CV) e o "horsepower" (H.P.). tência de saída (Ps) e a potência de entrada (Pe):
O cv corresponde a 736 watts e o H.P. correspon- Ps
de a 746 watts. Eficiência x100
Um ponto da armadura (rotor) de um motor Pe
percorre uma distância igual à circunferência do Exemplo: Se um motor tivesse uma entrada
rotor em cada rotação. Portanto, sua velocidade, v, de 10 amperes com 120 volts e sua potência de sa-
é igual a ída fosse de 1 horsepower, sua eficiência seria de
v = 2. .R.N Ps 1x 746
Eficiência x100 x100 62%
onde R é o raio do rotor e N é o número de rota- Pe 120 x10
ções por segundo (rps).
A potência poderia ser determinada com a

4.7 - Força Contra-eletromotriz (F.c.e.m.)


Quando a armadura de um motor de C.C. gi- devido a queda de tensão interna causada pela re-
ra, as suas bobinas cortam as linhas de força do sistência das bobinas da armadura. A figura repre-
campo magnético e uma força eletromotriz é in- senta a f.c.e.m. como se fosse uma bateria com
duzida nas mesmas. Como esta tensão induzida se polaridade oposta à da tensão aplicada. A resis-
opõe à tensão aplicada aos terminais do motor, é tência total da armadura é representada simboli-
chamada de força contra-eletromotriz (f.c.e.m.). camente por um único resistor.
Esta força contra-eletromotriz depende dos mes- Na realidade, o que causa a passagem da
mos fatores que a f.e.m. produzida por um gera- corrente atrav6s das bobinas da armadura é a dife-
dor: da velocidade e do sentido de rotação, e tam- rença entre a tensão aplicada ao motor (Ea) e
bém da intensidade do campo magnético. Quanto f.c.e.m. (Eb). Assim, a tensão verdadeiramente e-
mais intenso for o campo e quanto maior a veloci- fetiva na armadura é Ea - Eb. Esta tensão efetiva
dade de rotação, maior será a f.c.e.m. Contudo, a determina o valor da corrente na armadura. Como
f.c.e.m. será sempre menor que a tensão aplicada, I = E/R, de acordo com a Lei de Ohm, no caso do
O MOTOR DE C.C. 29

motor de C.C. temos Ia = (Ea - Eb)/Ra. Além disto, agiria sobre a seria a diferença entre a tensão apli-
de acordo com a segunda lei de Kirchhoff, a soma cada aos seus terminais e a f.c.e.m.:
das quedas de tensão em qualquer circuito fechado
230 - 220 = 10 volts.
deve ser igual a soma das tensões aplicadas. Por-
tanto, temos Ea = Eb + IaRa. A corrente na armadura seria, então, somen-
te 10 ampères:
Ia = (Ea - Eb)/Ra = 10/1 = 10 ampères.

Na partida do motor, quando a f.c.e.m. é


muito pequena para limitar efetivamente a corren-
te, uma resistência temporária, o resistor de parti-
da, deve ser ligada em série com a armadura, para
manter a corrente dentro de limites seguros. A
medida que cresce a velocidade do motor, a
f.c.e.m. aumenta e a resistência pode ser reduzida
A resistência interna da armadura de um
gradualmente, possibilitando aumentos posteriores
motor de C.C. é comumente muito baixa, algumas
de velocidade e de f.c.e.m. Na velocidade normal
vezes menor do que um ohm. Se esta resistência
de funcionamento, a resistência de partida e to-
fosse a única limitação à corrente na armadura, a
talmente retirada do circuito.
corrente seria muito intensa. Por exemplo, se a re-
sistência da armadura fosse de 1 ohm e a tensão
aplicada de 230 volts, a corrente resultante na ar-
madura, de acordo com a lei de Ohm, sena Ia = E-
a/Ra = 230/1 = 230 ampères. Esta corrente poderia
queimar a armadura.
Contudo, a f.c.e.m. se opõe à tensão aplica-
da e limita o valor da corrente na armadura. Se a
f.c.e.m. fosse de 220 volts, a tensão efetiva que

4.8 - Motor "Shunt"


Como nos geradores, a ligação do campo f.c.e.m., que tanto depende da velocidade como da
dos motores pode ser em série, em paralelo intensidade de campo constante. A redução na
("shunt") ou a ligação pode ser composta ("com- f.c.e.m. permite um acréscimo na corrente da ar-
pound"). O torque desenvolvido por um motor é madura, possibilitando assim um aumento do tor-
causado pela força resultante da interação do que, necessário para movimentar a carga maior.
campo magn6tico em tomo das bobinas da arma- Quando a carga do motor diminui, este au-
dura com o campo magnético principal. O torque menta sua velocidade; a f.c.e.m. aumenta, diminu-
desenvolvido, portanto, varia com a intensidade indo a corrente na armadura e o torque desenvol-
do campo principal e da corrente da armadura. vido pelo motor. Assim, qualquer variação da car-
Em um motor "shunt" o campo é ligado di- ga acarreta uma variação na velocidade, até que
retamente aos terminais da linha e é, portanto, in- haja novo equilíbrio elétrico no motor, isto é, até
dependente das variações de carga e da corrente que novamente Eb + Ia Ra = Ea. A variação da ve-
na armadura. O torque desenvolvido varia com a locidade, em um motor "Shunt", desde a condição
corrente na armadura. Quando a carga do motor sem carga até a condição de plena carga, é apenas
aumenta, sua velocidade diminui, reduzindo a de cerca de 10% da velocidade na condição sem
O MOTOR DE C.C. 30

carga. Por esta razão, os motores deste tipo são


considerados motores de velocidade relativamente
constante.
Quando se da a partida em um motor
"shunt", a corrente de partida é baixa devido a re-
sistência de partida adicionada, de modo que o
torque de partida também é baixo.
Normalmente, os motores "shunt" são usa-
dos quando se deseja velocidade constante com
carga variável; e quando é possível dar partida no
motor com pequena carga ou sem carga. O contro-
le da velocidade desses motores será discutido
mais adiante.

4.9 - Motor Série


O motor série tem o seu campo ligado em Você também pode ver que os motores série
série com a armadura e com a carga, como mostra são de velocidade variável, isto é, sua velocidade
a figura. A bobina de campo consiste de poucas varia bastante com a variação de carga. Por esta
espiras de fio grosso, e como toda a corrente da razão, os motores deste tipo não são usados quan-
armadura passa por ela, a intensidade do campo do é necessária uma velocidade constante de fun-
varia diretamente com a corrente da armadura. Se cionamento e nunca são usados quando a carga é
a carga aumenta, a velocidade diminui, assim co- intermitente (varia freqüentemente ou é aplicada e
mo a f.c.e.m.; isto faz com que a corrente aumen- retirada durante o funcionamento do motor).
te, possibilitando um torque maior, necessário pa- O torque - a força de torção - desenvolvido
ra movimentar a carga maior. por qualquer motor de C.C. depende da corrente
O motor série gira lentamente com cargas da armadura e da intensidade do campo. No motor
pesadas e muito rapidamente com cargas leves. Se série, a própria intensidade do campo depende da
a carga for retirada completamente, a velocidade corrente na armadura, de modo que o valor do
aumentará perigosamente, podendo até despedaçar torque desenvolvido depende duplamente da in-
o motor, pois a corrente requerida será muito pe- tensidade da corrente na armadura. Quando a ve-
quena e o campo muito fraco, de modo que o mo- locidade do motor é baixa, a f.c.e.m. é conseqüen-
tor não poderá girar com suficiente velocidade pa- temente baixa e a corrente na armadura é intensa.
ra gerar uma f.c.e.m. capaz de restabelecer o equi- Isto significa que o torque será muito grande
líbrio. Os motores tipo série nunca devem funcio- quando a velocidade do motor for baixa ou nula,
nar sem carga, e raramente são usados com trans- como na partida.
missão por correias, em que a carga pode ser re-
movida.
O MOTOR DE C.C. 31

Assim, o motor série apresenta torque de de um alto torque de partida e da alta aceleração
partida elevado. Por este motivo, o motor série de que ele permite, tais como guindastes, ônibus e
C.C. não deve ser posto em movimento sem carga. trens elétricos, etc. Os motores usados nestas má-
Se não houver torque de oposição na partida, o quinas são sempre motores tipo série, porque, nes-
motor acelerara violentamente como vimos na pá- tes casos, as cargas são bastante altas na partida e
gina anterior. diminuem quando as máquinas estão em movi-
Existem serviços especiais que necessitam mento.

4.10 - Motor "Compound"


Um motor "compound" é uma combinação campo total diminui quando a carga aumenta. Isto
de motor série e motor "shunt". O campo consiste permite que a velocidade aumente com um au-
de dois conjuntos separados de bobinas. Um deles, mento de carga, até um ponto seguro de funcio-
enrolado com muitas espiras de fio fino, é ligado namento. O torque de partida é muito pequeno.
em paralelo com a armadura e constitui o campo Estes motores são raramente usados.
"shunt". O outro é o campo em série, enrolado
com poucas espiras de fio grosso e ligado em série
com armadura.
As características do motor de excitação
composta são uma combinação das características
dos motores tipo série e "shunt". Os motores cujos
campos em paralelo e em série se reforçam, são os
mais comuns. Nestes motores, um aumento de
carga diminui a velocidade e causa um grande
aumento do torque. O torque de partida também é
elevado. Eles têm a velocidade razoavelmente
constante, excelente rendimento com cargas pesa-
das e um bom torque de partida.
Nos motores "compound" diferenciais, o
campo em série se opõe ao campo em paralelo, e o

4.11 - Comparação das Características dos Motores de C.C.


Regulação de Velocidade
As características de funcionamento dos di- desenvolvido varia com a corrente da armadura,
ferentes tipos de motores de C.C. podem ser re- para diferentes motores com a mesma potência
sumidas com um gráfico que mostra como a velo- nominal.
cidade varia com o torque, ou carga aplicada ao
motor. Observe que a velocidade do motor "shunt"
varia o mínimo à medida que aumenta o torque
requerido pela carga. Por outro lado, a velocidade
do motor série cai muito à medida que o torque
requerido aumenta. A característica do motor
"compound" cumulativo se situa entre as das má-
quinas série e "shunt". Observe que, quanto maior
a "compoundagem" (isto é, quanto maior a per-
centagem de espiras em série em relação às espi-
ras em paralelo), mais a atuação do motor se a-
proxima da de um motor série.
O segundo gráfico mostra como o torque
O MOTOR DE C.C. 32

A curva do torque para o motor "shunt" é centagem da velocidade com plena carga. Assim:
uma linha reta porque o campo permanece cons- v v PC
tante e o torque varia diretamente com a corrente Regulação Veloc. SC x100
v PC
da armadura. As curvas para os motores série e
"compound" mostram que, acima da plena carga v SC Velocidade sem carga
onde:
ou corrente de operação normal, o torque desen- v PC Velocidade a plena carga
volvido é muito maior do que para o motor
"shunt". Abaixo da corrente de plena carga, a in- Exemplo: Se a velocidade de um motor sem carga
tensidade do campo das máquinas série e "com- é 1.600 rpm e a velocidade com plena carga é
pound" não atingiu seu valor máximo; portanto, o 1.500 rpm, a regulação de velocidade é:
torque desenvolvido é menor do que na máquina
"shunt" 1600 1500
x100 6,6%
A regulação de velocidade pode ser calcula- 1500
da, como a regulação de tensão, como uma per-

4.12 - Inversão do Sentido de Rotação do Motor


O sentido de rotação de um motor depende Nas máquinas grandes, os fabricantes co-
do sentido do campo magnético e do sentido da mumente proporcionam um meio fácil para inver-
corrente na armadura. A passagem da corrente por ter as ligações do campo.
um condutor gera um campo magnético em torno
dele. O sentido do campo magnético é determina-
do pelo sentido da corrente. Quando o condutor é
colocado em um campo magnético, ele é submeti-
do a uma força resultante da combinação do seu
campo magnético com o campo magnético princi-
pal. Esta força causa a rotação da armadura em
um certo sentido, entre os pólos.
Se for invertido o sentido do campo ou o da
corrente, a rotação do motor também será inverti-
da. Entretanto, se os dois forem invertidos ao
mesmo tempo, o motor continuará a girar no
mesmo sentido.
Em geral um motor é instalado para efetuar
um determinado trabalho, que requer um sentido
constante de rotação. No entanto, há ocasiões em
que é necessário trocar o sentido. Lembre-se de
que você deve trocar as ligações do campo ou da
armadura, porém não dos dois ao mesmo tempo.

4.13 - Controle da Velocidade do Motor de C.C.

A velocidade do motor de C.C. depende da dura.


intensidade do campo magnético e da tensão apli-
cada à armadura, bem como da carga. Portanto, a
velocidade pode ser controlada variando-se a cor-
rente de excitação ou variando a tensão aplicada à
armadura.
Você poderia reduzir a tensão aplicada à
armadura (e assim diminuir a velocidade do mo-
tor) aumentando a resistência do circuito da arma-
O MOTOR DE C.C. 33

Este método, porem, é raramente usado por- lelo com o campo, e portanto a corrente no enro-
que seria necessário um reostato muito grande e lamento de campo, aumenta também a intensidade
também porque o torque de partida seria reduzido. do campo e, em conseqüência, o motor gira mais
Entretanto, nos motores "shunt" o controle lentamente para manter a mesma f.c.e.m.
de velocidade pode ser obtido com a ligação de
um reostato em série com o enrolamento do cam-
po "shunt". Um aumento na resistência em série
com o campo reduz a corrente no mesmo e enfra-
quece o campo magnético. A redução na intensi-
dade do campo faz com que o motor gire mais rá-
pido para manter a f.c.e.m. necessária para assegu-
rar o equilíbrio expresso pela equação:
Ea = IaRa + Eb Comumente, os motores de velocidade vari-
Nos motores série, o controle da velocidade ável são do tipo "shunt", devido à facilidade de
pode ser proporcionado pela ligação de um reosta- controle do motor. Posteriormente você estudará
to em paralelo com o enrolamento do campo s6rie. os reguladores automáticos de velocidade.
A medida que aumentamos a resistência em para-

4.14 - Experiência/Aplicação
Controle da Velocidade do Motor de C.C.
Força Contra-eletromotriz
Você pode observar prontamente o efeito de tor).
um reostato no circuito de campo de um motor de Você pode estimar a f.c.e.m. abrindo mo-
C.C. montando a seguinte experiência: mentaneamente a chave e observando rapidamente
o voltímetro em paralelo com o enrolamento da
armadura. O voltímetro permite a medição da
f.c.e.m. Você notará que a f.c.e.m. aumenta quan-
do a velocidade aumenta. Como a corrente na ar-
madura depende da diferença entre a tensão de en-
trada e a f.c.e.m., você pode concluir que a corren-
te na armadura diminui quando a f.c.e.m. cresce.
A chave em paralelo com o amperímetro
deve ser fechada quando o motor for posto em
funcionamento, para que o medidor não seja dani-
ficado pela intensa corrente de entrada naquele
momento. A chave em série com a armadura fica
normalmente fechada.
Ao variar o reostato, observe que a tensão
no campo muda e a velocidade do motor varia -
aumentando quando a tensão no campo diminui.
Observe também que a corrente na armadura di-
minui à medida que aumenta a velocidade e vice-
versa (para uma carga constante aplicada ao mo-
O MOTOR DE C.C. 34

4.15 - REVISÃO DE MOTORES DE C.C.

1. PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO DO motor.


MOTOR DE C.C. - A corrente na bobina da ar-
madura faz com que esta atue como um ímã. Os
pólos da armadura são atraídos pelos pólos do
campo de polaridade oposta, fazendo com que a
armadura gire. O comutador inverte a corrente na
armadura no momento em que pólos opostos da
armadura e do campo se defrontam, invertendo
assim a polaridade do campo da armadura. Pólos
iguais da armadura e do campo se repelem, cau-
sando a rotação contínua da armadura.
4. REAÇÃO DA ARMADURA - O campo da
armadura provoca distorção do campo principal
do motor, causando o deslocamento do plano neu-
tro no sentido oposto ao da rotação da armadura.
Interpolos e enrolamentos compensadores são u-
sados para minimizar o efeito da reação da arma-
dura sobre o funcionamento do motor.

2. F.C.E.M. NO MOTOR DE C.C. - Nas bobi-


nas da armadura em movimento de um motor de
C.C. aparece uma força eletromotriz induzida, que
se opõe à tensão aplicada. Esta f.c.e.m. limita a
corrente na armadura.
5. MOTOR SÉRIE - O enrolamento de campo
é ligado em série com o enrolamento da armadura,
e a intensidade do campo varia com as mudanças
na corrente da armadura. Quando sua velocidade é
reduzida por uma carga, o motor série passa a de-
senvolver maior torque. Seu torque de partida é
maior do que os dos outros tipos de motores de
C.C.

3. CONTROLE DE VELOCIDADE DO MO-


TOR DE C.C. - A velocidade de um motor de
C.C. pode ser variada por meio da variação da in-
tensidade do campo. Isto pode ser feito manual-
mente com uma resistência em série com o campo
"shunt". Aumentando-se a resistência do circuito
do campo "shunt", aumenta-se a velocidade do
O MOTOR DE C.C. 35

6. MOTOR "SHUNT" - O enrolamento de cam-


po é ligado em paralelo com o da armadura, e a
intensidade do campo é independente da corrente
da armadura. A velocidade do motor "shunt" varia
apenas ligeiramente com as alterações na carga; o
torque de partida é menor do que os dos outros ti-
pos de motores de C.C.

8. INVERSAO DO SENTIDO DE ROTAÇÃO


- O sentido de rotação de um motor de C.C. pode
ser invertido com a inversão das ligações do cam-
po ou com a inversão das ligações da armadura;
nunca de ambas ao mesmo tempo.

7. MOTOR "COMPOUND" - Um enrolamento


de campo é ligado em série com a armadura e ou-
tro em paralelo. As características de velocidade e
de carga podem ser alteradas ligando-se os dois
campos de modo que se somem ou se oponham.
O GERADOR DE C.A. 36

V - GERADORES DE C.A.

5.1 - Introdução aos Geradores de C.A.


O gerador de C.A. é o meio mais importante e o campo interagem.
para a produção da energia elétrica que usamos
atualmente. Como você estudou, a C.A. é usada
na maioria das aplicações, devido à facilidade
com que pode ser transformada.
O tamanho dos geradores de C.A., ou alter-
nadores, depende muito da energia que devem
fornecer. Por exemplo, um alternador simples u-
sado em uma estação geradora na cidade de Nova
Iorque gera 1.000 megawatts. Por outro lado, os
alternadores empregados nos modernos automó-
veis geram comumente menos de 500 watts.
Entretanto, independentemente do tamanho,
todos os geradores, sejam de C.C. ou de C.A., de-
pendem para seu funcionamento da ação de uma
bobina cortando um campo magnético. Desde que
Como os geradores de C.A. trabalham nor-
haja movimento relativo entre um condutor e um
malmente com velocidade constante para manter a
campo magnético, será gerada uma tensão.
freqüência constante, o controle da tensão de saída
Como você sabe, para que exista a condição
é realizado por meio da variação da intensidade do
acima, todos os geradores são formados por duas
campo. Você desenvolverá mais este assunto
partes mecânicas: um rotor e um estator.
quando estudar mais adiante o controle dos gera-
Como vimos no estudo dos geradores de
dores e motores de C.A.
C.C., a saída do gerador é proporcional à intensi-
dade do campo e à velocidade com que as bobinas

5.2 - Tipos de Alternadores


Aprendemos que no gerador de C.C. a parte gerada é aplicada à carga como C.A., através dos
giratória é sempre a armadura. Contudo, em um anéis coletores. O alternador de armadura girante
gerador de C.A. isto não é o comum. existe apenas para pequenas potências nominais. É
Existem dois tipos básicos de alternadores: o freqüente o emprego de uma variante do alterna-
de armadura girante e o de campo girante. O tipo dor de armadura girante no fornecimento de po-
de armadura girante é de construção semelhante à tências muito baixas (por exemplo, o alternador
dos geradores de C.C., quanto ao fato de a arma- para automóvel), em que ambos os enrolamentos
dura girar em um campo magnético fixo. Nos ge- se entrelaçam em um estator e os campos são aco-
radores de C.C., porém, a C.A. gerada no enrola- plados por uma armadura girante de ferro doce (e-
mento da armadura é convertida em C.C. por meio letromagnética) sem enrolamento. Este arranjo se-
do comutador, enquanto que, no alternador, a C.A. rá descrito posteriormente.
O GERADOR DE C.A. 37

O alternador de campo girante possui o en- mento. Os alternadores são especificados em ter-
rolamento da armadura fixo e um enrolamento de mos dessa corrente e da tensão de saída. Isto sig-
campo girante. A vantagem de um enrolamento da nifica que os alternadores são especificados em
armadura fixo é que a tensão gerada pode ser apli- volts-ampères (ou, no caso das grandes máquinas,
cada diretamente à carga sem anéis coletores. As em quilovolts-ampères), isto é, a potência aparen-
ligações fixas podem ser isoladas com muito mai- te do alternador. Lembre-se de que, mesmo quan-
or facilidade do que os anéis coletores com ten- do a potência solicitada é reativa, é real a perda
sões muito elevadas, de modo que os alternadores I2R no gerador e na linha alimentadora.
de alta tensão e alta potência são comumente do
tipo de campo girante. Como a tensão aplicada ao
campo girante é contínua e baixa, não há o pro-
blema de ar nos anéis coletores.
A corrente máxima que um alternador pode
fornecer depende da perda máxima por efeito Jou-
le que a armadura pode apresentar. Esta perda
(I2R) significa aquecimento dos condutores e,
quando ocorre em excesso, pode destruir o isola-

5.3 - Freqüência do Alternador

A freqüência da C.A. gerada por um alter- N .P


nador depende do número de pólos e da velocida- f
120
de do rotor. Quando o rotor descreve um arco su-
ficientemente amplo para que dois pólos opostos -
um norte e um sul - passem diante do enrolamento
do estator, a tensão induzida no enrolamento
completa um ciclo (360 graus elétricos). Assim,
um alternador monofásico, bipolar, girando a
3.600 rpm terá uma freqüência de 60 Hz.
Quanto maior o número de pólos no campo
giratório, menor a velocidade necessária para que
se tenha uma dada freqüência. Um alternador de
oito pólos, por exemplo, terá de girar com uma ve-
locidade de apenas 900 rpm, para produzir uma
freqüência de 60 Hz.
A relação entre a freqüência f, expressa em
Hz (ciclos por segundo), a velocidade N do rotor,
expressa em rpm e o número de pólos P é dada na
fórmula:

5.4 - Construção do Alternador

Os alternadores com potências nominais e- cilíndrico, de pequeno diâmetro e apresenta enro-


levadas da ordem dos quilovolts-ampères são co- lamentos firmemente embutidos em ranhuras na
mumente do tipo de alta velocidade, acionados a sua superfície. O enrolamento é distribuído para
turbina. A máquina acionadora deste tipo de alter- formar dois ou quatro pólos distintos. Só com este
nador é uma turbina a vapor de alta velocidade tipo de construção o rotor pode suportar a tremen-
movida a vapor sob alta pressão. O vapor é gerado da força centrifuga desenvolvida em alta veloci-
por energia nuclear ou pela queima de óleo, car- dade, sem sofrer danos.
vão ou gás. Nos alternadores de menor rotação, aciona-
O rotor do alternador acionado por turbina é dos por motores a gasolina de velocidade variável,
O GERADOR DE C.A. 38

turbinas hidráulicas, turbinas com engrenagens


redutoras ou motores elétricos, usa-se um rotor
com pólos salientes. Neste tipo de construção, fi-
xa-se à estrutura do rotor um determinado número
de peças polares, enroladas previamente. Os enro-
lamentos de campo são ligados em série ou a liga-
ção é mista. Em ambos os casos, os extremos dos
enrolamentos são ligados geralmente a anéis cole-
tores montados no eixo do rotor. Independente-
mente do tipo de campo do rotor, usa-se a excita-
ção independente, normalmente proporcionada
por um gerador de C.C. conhecido como excita-
triz. Nos grandes geradores de C.A. a excitatriz é
montada no mesmo eixo do gerador principal. En-
tretanto, em alguns geradores de C.A. muito pe-
quenos, o campo do rotor é produzido por um ímã Os estatores de todos os alternadores são es-
permanente. sencialmente iguais. Consistem de um núcleo de
O estator, ou armadura fixa de um alterna- ferro laminado, no qual fica embutido o enrola-
dor, suporta o enrolamento que é afetado pelo mento do estator. O núcleo é fixado à carcaça.
campo magnético girante. A tensão gerada no es-
tator como resultado desta ação é aplicada à carga.

5.5 - Características do Gerador de C.A.

A tensão de saída de um gerador de C.A. é Quando se altera a carga de um gerador, a


semelhante à de um gerador de C.C.; apenas de- tensão entre seus terminais varia. As causas da va-
vemos lidar com tensão eficaz (rms) em circuitos riação são a resistência da armadura, a reação da
de C.A. A tensão eficaz, E, por fase, é dada pela armadura e a reatância da armadura.
expressão: A tensão cai devido à resistência da armadu-
ra (queda IR). Esta aumenta com a carga, fazendo
E = 2,22 .Z.f
com que caia a tensão de saída.
onde é o número de linhas de fluxo por pólo; Z é A variação de tensão causada pela reação da
o número de condutores em série, por fase, e f é a armadura depende do fator de potência da carga,
freqüência em Hz. Assim, em qualquer gerador a se é adiantado ou atrasado. A reação da armadura
saída depende da densidade de fluxo, do número afeta a intensidade do campo de C.C. de modo
de condutores no campo e da velocidade com que que, quando a carga é indutiva (em atraso), a rea-
os condutores se movem no campo. ção da armadura se opõe ao campo de C.C., en-
fraquecendo-o e determinando uma redução da
tensão de saída. Quando a carga é capacitiva (adi-
antado), o campo de C.C. é ajudado e a tensão de
saída aumenta.
Como as bobinas da armadura têm indutân-
cia (L), haverá uma mudança na tensão devida a
IXL que pode ser muitas vezes maior do que a
queda IR. Do mesmo modo que com a reação da
armadura, a tensão pode diminuir ou aumentar,
dependendo do fator de potência da carga do ge-
rador. A regulação de tensão dos geradores de
C.A. é calculada do mesmo modo que para os ge-
radores de C.C.
O GERADOR DE C.A. 39

5.6 - Alternador Monofásico


Em um alternador monofásico, todos os ou em "série aditiva"
condutores da armadura são ligados em série, Evidentemente, um alternador monofásico
constituindo um único enrolamento, no qual é ge- pode ser construído com muitos pares de pólos,
rada uma tensão. Se você entender o princípio de para funcionamento em baixa velocidade. Os al-
funcionamento do alternador monofásico, estará ternadores monofásicos são geralmente de baixa
em condições de compreender facilmente os alter- potência, e, nas máquinas pequenas, usa-se com
nadores polifásicos. freqüência um ímã permanente como rotor.
A figura abaixo é o esquema de um alterna-
dor monofásico bipolar. O enrolamento do estator
é feito em dois grupos distintos de bobinas, enro-
lados no mesmo sentido nas ranhuras do estator. O
rotor consiste de dois pólos de polaridades opos-
tas.
Quando o rotor gira, os seus pólos induzem
tensões alternadas no enrolamento do estator. As
duas bobinas do enrolamento do estator são unidas
de modo que as tensões alternadas ficam em fase

5.7 - Alternadores Bifásicos

Os alternadores polifásicos possuem dois ou


mais enrolamentos monofásicos distribuídos sime-
tricamente no estator. Nos alternadores bifásicos,
você encontra dois enrolamentos monofásicos
dispostos de modo que as tensões alternadas indu-
zidas nos mesmos ficam defasadas de 90 graus.
Os enrolamentos não estão ligados eletricamente.
Para se obter a defasagem de 90 graus. Os enro-
lamentos são dispostos de tal modo que, quando
um é cortado pelo fluxo máximo, o outro está nu-
ma região de fluxo mínimo.
A figura a seguir mostra um alternador bifá-
sico, de dois pólos. O estator possui dois enrola- A figura mostra as formas de ondas das ten-
mentos monofásicos, completamente separados sões induzidas nas fases A e B, para um ciclo
um do outro. Cada enrolamento é formado de duas completo. As duas tensões estão defasadas de 90
partes, ligadas de modo que suas tensões se so- graus.
mam. O rotor é idêntico ao usado no alternador Em alguns casos, você encontrará geradores
monofásico. bifásicos ligados de maneira que na saída existem
Os pólos do rotor, no esquema, estão exata- apenas três fios. Como se observa no diagrama ve-
mente em frente aos enrolamentos da fase A. Por- torial, a tensão entre os terminais A e B (EAB) e
tanto a tensão induzida na fase A é máxima, ao igual à soma da tensão entre A e B com a tensão
passo que na fase B não há tensão induzida. A entre C e B: assim, quando a tensão em cada enro-
medida que o rotor gira, ele se afasta do enrola- lamento é de 100 volts, a saída total E AB e 141
mento A e se aproxima do enrolamento B. A ten- volts. Como você sabe, EAB também pode ser ob-
são induzida na fase A, portanto, decresce, e a da tida resolvendo-se o triângulo. Assim:
fase B aumenta, partindo do zero. Observe que um 2 2
deslocamento de 90 graus do rotor correspondeu a
E AB E AC E CB
um quarto de ciclo ou 90 graus elétricos. 1 E AC
tg tg 11 45
E CB
O GERADOR DE C.A. 40

5.8 - Alternadores Trifásicos


O alternador trifásico, como seu nome suge- (fios fase) quaisquer, é a soma vetorial das tensões
re, possui três enrolamentos monofásicos dispos- de fase individuais. Os enrolamentos formam um
tos de forma que as tensões induzidas fiquem de- caminho único para a corrente entre fases; portan-
fasadas de 120 graus. Um diagrama esquemático to, as correntes na linha são iguais às correntes nas
de um estator trifásico, mostrando todas as bobi- fases.
nas, fica muito complicado, tornando-se difícil ver Podemos também ligar as fases de outro
o que realmente acontece. O diagrama esquemáti- modo, unindo os extremos dois a dois; esta é a li-
co simplificado abaixo mostra todas as bobinas de gação em triângulo ou delta. Nesta ligação, as ten-
uma fase concentradas numa só. Não se representa sões de linha são iguais às tensões das fases; as
o rotor, para maior simplicidade. As formas de correntes nas linhas, porém, são a soma vetorial
ondas das tensões geradas em cada fase são traça- das correntes nas fases. Ambas as ligações, estrela
das num gráfico, defasadas de 120 graus. e triângulo, são usadas nos alternadores e também
O alternador trifásico mostrado neste es- em transmissão de energia e motores de C.A.
quema corresponde essencialmente a três gerado-
res monofásicos cujas tensões estão defasadas de
120 graus. As três fases são independentes entre
si.

Os geradores de C.A. muito grandes e os


sistemas de energia usam seis ou mais fases; en-
tretanto, o princípio é o mesmo. Como você estu-
dará em breve, é possível passar de uma ligação
Para evitar seis ligações externas, unimos os para outra usando dispositivos de comando. Os
extremos das fases, formando uma ligação Y ou circuitos polifásicos são empregados para reduzir
estrela. O ponto comum às três fases é chamado o número de linhas necessárias para a transmissão
neutro, e a tensão entre este ponto e qualquer dos de energia.
outros condutores é igual a tensão na fase. A ten-
são total ou tensão de linha, entre dois condutores

5.9 - Ligação Estrela


Como vimos, o gerador com ligação estrela as tensões entre fios fases (EAB, EBC e EAC) são as
possui um fio neutro para ligação externa. Cada somas vetoriais dos valores em dois dos enrola-
carga tem duas fases em série. Assim, a corrente e mentos. Assim:
a tensão devem ser determinadas por meio de ve-
tores.
Os sistemas trifásicos ligados em estrela são
o tipo disponível mais comum; entretanto, ele é
obtido comumente de uma linha de transmissão
trifásica por meio de transformadores.

Nas cargas ligadas entre fios fases, as ten-


sões resultantes estão ainda defasadas 120 graus,
mas as tensões são iguais à soma vetorial das saí-
das de dois enrolamentos. Seguindo o circuito, por
exemplo, de A para B, e usando a lei das tensões
de Kirchhoff, é evidente que EAB = EAN + ENB (ve-
No sistema ligado em estrela, as correntes e torialmente)! Como ENB é o simétrico (negativo)
O GERADOR DE C.A. 41

de EBN (outro sentido), é necessário inverter o sen- cos


vertical
;
tido de EBN antes da soma, como se vê no diagra- hipotenusa
ma vetorial acima. ou vertical cos 30 .E NC 0,866.E NC
A tensão pode ser obtida graficamente ou horizontal
sen ;
analiticamente. Se você a obtiver graficamente, hipotenusa
verificará que a tensão resultante, entre fios fases ou horizontal sen30 .E NC 0,5.E NC
(tensão de linha), é cerca de 1,73 ( 3 ) vezes a
Se cada tensão de fase (entre fase e neutro)
tensão entre um fio fase e o neutro (cada enrola-
mento em separado). Você pode calcular a tensão for de 120 volts, pelo teorema de Pitágoras:
resultante analiticamente, mas o caminho é ligei- E AC (0,866 x120) 2 (1,5 x120) 2 208 volts
ramente mais complicado.
ou seja : E AC 3 x 120

O ângulo de defasagem (relativo a EAN) po-


de ser obtido da relação:
1 0,866.E NC 1 0,866
tg tg 30
1,5.E AN 1,5

Para efetuar a soma vetorial, é necessário Como ENC e E AN são iguais para uma carga
decompor cada vetor nos dois eixos perpendicula- resistiva (fator de potência unitário), as tensões
res, e usar o teorema de Pitágoras para achar a entre fios fases são 3 (1,73) vezes (não o dobro)
tensão resultante. Isto é fácil para EAN, que já está a tensão em cada enrolamento e são defasadas 30°
em um dos eixos. Para ENC, temos de decompô-la (em atraso) em relação a cada enrolamento. As
em duas componentes defasadas 90 graus. correntes da linha são defasadas 30° em relação a
Como você sabe, podemos usar o nosso co- tensão da linha.
nhecimento dos triângulos retângulos. Assim, ob- Quando se usa um neutro, as correntes e
temos as projeções de ENC nos eixos vertical e ho- tensões de linha são iguais as das fases do gera-
rizontal com as relações: dor. Não há corrente no neutro quando as cargas
se distribuem igualmente pelas fases.

5.10 - Ligação Triângulo


Um estator trifásico também pode ser ligado
O diagrama
na configuração triângulo. Neste tipo de conexão,
vetorial para a
o fim do primeiro enrolamento é ligado ao início
ligação triân-
do segundo, o fim do segundo ao início do tercei-
gulo pode ser
ro, etc.
resolvido gra-
A ligação triângulo ou delta tem certa seme-
ficamente e
lhança com a estrela; contudo, as correntes de li-
analiticamen-
nha têm seus componentes provenientes de dois
te. Por analo-
enrolamentos (por exemplo, I1 resulta de Ia e Ic).
gia à solução
do circuito es-
trela, pode-se
mostrar que quando o fator de potência é unitário
e as fases estão carregadas uniformemente, as cor-
rentes de linha são iguais e defasadas de 120°. As
tensões de linha são iguais às tensões de fase e de-
fasadas de 120°. Há uma defasagem de 30° entre
Do mesmo modo que na ligação estrela, po- as correntes de linha e as tensões de linha. As cor-
de-se traçar um diagrama vetorial baseado nessas rentes de linha correspondem a 3 (1,73) vezes a
correntes de linha. corrente de fase.
O GERADOR DE C.A. 42

5.11 - REVISÃO DE GERADORES DE C.A.


1 - ALTERNADOR MONOFÁSICO - O alter- 4 - REGULAÇÃO DE TENSÃO - A regulação
nador monofásico possui uma armadura que con- de tensão de um alternador é pior do que a de um
siste de vários enrolamentos colocados simetrica- gerador de C.C., devido à queda I.XL no enrola-
mente no estator e ligados em série. As tensões mento da armadura, além da queda I.R e da reação
geradas nos enrolamentos se somam para produzir da armadura (XL)·
a tensão total entre os terminais de saída.
ES E GER IR IX L IX L2

5 - LIGAÇÃO TRIÂNGULO - Os enrolamen-


tos do estator formam uma malha fechada. A ten-
são da linha é igual a tensão de fase; a corrente de
linha é igual a 3 vezes a corrente de fase. A de-
fasagem entre a corrente de linha e a tensão de li-
nha é 30°.

2 - ALTERNADOR TRIFÁSICO - No alterna-


dor trifásico, as tensões geradas nos seus enrola-
mentos estão defasadas de 120°. Os alternadores
trifásicos são os mais usados para a produção de
C.A.

6 - LIGAÇÃO ESTRELA - Os enrolamentos do


estator são ligados formando um Y. A tensão de
linha é igual a 3 vezes a tensão de fase. A cor-
rente de linha é igual a corrente de fase. É de 30° a
defasagem entre a corrente de linha e a tensão de
3 - FREQÜÊNCIA DO ALTERNADOR -A linha. A tensão entre um dos fios fases e o neutro
freqüência (f) da C.A. gerada por um alternador é igual a tensão de linha dividida por 3 .
depende da velocidade de rotação (N) e do núme-
ro de pólos do rotor (P).
N .P
f
120
O MOTOR DE C.A. 43

VI - MOTORES DE C.A.

6.1 - Tipos de Motores de C.A.


Como a maior parte da energia elétrica pro- mente em dois tipos principais: (1) motores sín-
duzida e de C.A., muitos são os tipos de motores cronos e (2) motores de indução. O motor síncro-
projetados para trabalharem com este tipo de cor- no é um alternador funcionando como motor; a-
rente. Os motores de C.A., em sua maioria, têm plica-se C.A. ao estator e C.C. ao rotor. O motor
características de funcionamento semelhantes às de indução difere do motor síncrono por não ter o
dos motores de C.C., embora o seu funcionamento seu rotor ligado a qualquer fonte de alimentação,
esteja menos sujeito a defeitos. Isto porque os mo- sendo alimentado por indução magnética.
tores de C.C. apresentam problemas na comutação O motor série de C.A., amplamente usado
que envolvem as escovas, os porta-escovas, o pla- em alguns eletrodomésticos e pequenas ferramen-
no neutro, etc. Muitos tipos de motores de C.A. tas, é uma versão modificada do motor série de
nem mesmo usam anéis coletores, e assim podem C.C. Apresenta a vantagem da velocidade ajustá-
proporcionar um funcionamento livre de defeitos vel e também pode ser empregado em aplicações
durante períodos bastante longos. Contudo, os nas quais se usa o motor série de C.C.
motores de C.A. só trabalham bem dentro de uma Dos dois tipos básicos de motores de C.A.
faixa estreita de velocidades. citados, o motor de indução é de aplicação muito
Os motores de C.A. apresentam característi- maior.
cas excelentes para a operação a velocidades cons-
tantes, porque a velocidade é determinada pela
freqüência da fonte de alimentação. Existem tam-
bém motores de C.A. cuja velocidade pode ser va-
riada dentro de certos limites.
Os motores de C.A. podem ser monofásicos
ou polifásicos. O principio de funcionamento é o
mesmo em todos os casos, isto é, o de um campo
magnético girante que provoca rotação do rotor da
máquina.
Os motores de C.A. são classificados geral-

6.2 - Campo Girante


Antes de aprender como um campo magné- enrolamentos estão ligados em triângulo. As duas
tico girante obriga o rotor energizado a girar, você bobinas de cada fase estão enroladas no mesmo
deve compreender como e produzido um campo sentido.
magnético girante. Isto é mais fácil de ser conse- O campo magnético gerado por uma bobina
guido com um sistema trifásico, de modo que ini- depende da corrente que por ela passa no momen-
ciaremos com ele. to. Se a corrente for nula não haverá campo mag-
O esquema abaixo mostra um estator trifási- nético. Se a corrente for máxima, o campo tam-
co, alimentado por uma fonte de C.A. trifásica. Os bém será máximo. Como as correntes nos três en-
O MOTOR DE C.A. 44

rolamentos estão defasadas de 120°, os campos é negativa Isto significa que há correntes em sen-
magnéticos que produzem apresentam a mesma tidos opostos nas fases B e C. Deste modo, fica
defasagem. estabelecida a polaridade magnética das fases B e
Os três campos combinam-se em um único C. A polaridade é mostrada no diagrama simplifi-
que atua sobre o rotor. Você verá, na página se- cado acima do ponto 1. Observe que B1 é um pólo
guinte, que os campos se combinam dando um norte e B um pólo sul; C é um pólo norte e C1 um
campo único, cuja posição varia com o tempo. Ao pólo sul.
fim de um ciclo de C.A., o campo terá girado Como no ponto 1 não há corrente através da
360°, ou uma rotação completa. fase A, seu campo magnético e nulo. Os campos
magnéticos dos pólos B1 e C dirigem-se aos pólos
sul mais próximos, respectivamente C1 e B: Os
campos magnéticos de B e C têm amplitudes i-
guais, e o campo magnético resultante fica entre
os dois campos, com o sentido indicado.
No ponto 2, 60° após, as correntes aplicadas
às fases A e B são iguais e opostas, e a corrente na
fase C é nula. Você pode verificar que o campo
magnético resultante girou 60°. No ponto 3, a on-
da B tem o valor zero, e o campo resultante tornou
a girar 60°. Dos Pontos 1 a 7 (correspondendo a
um ciclo de C.A.), você pode verificar que o cam-
po magnético resultante gira 360°, sempre que um
ciclo de C.A. e aplicado ao estator.
Conclui-se que um campo girante é produ-
zido sempre que se aplica uma C.A. trifásica aos
três enrolamentos simetricamente dispostos no es-
tator.
A figura abaixo mostra as formas de ondas Você pode aplicar raciocínio semelhante e
das três correntes aplicadas ao estator. As corren- mostrar que um sistema bifásico também produzi-
tes estão defasadas de 120°. As formas de ondas rá um campo magnético girante. Na realidade,
podem representar tanto as correntes como os qualquer número de fases produzirá um campo gi-
campos magnéticos gerados pelas três fases ou rante. Com um sistema monofásico, contudo, não
correntes nas fases. As formas ondas foram desig- haverá partida, como veremos adiante. Portanto,
nadas com as mesmas letras das fases correspon- nos motores monofásicos são necessários arranjos
dentes. especiais para fazê-los operar adequadamente.
Como você observou anteriormente, o cam-
po girou 1 ciclo para 1 ciclo de corrente. Assim,
se a corrente fosse fornecida por uma fonte de 60
Hz, o campo giraria 60 vezes por segundo ou
3.600 vezes por minuto. Entretanto, se o número
de bobinas do estator fosse dobrado (uma máquina
de 4 pólos), o campo giraria com a metade da ve-
locidade. Isto é exatamente o que você estudou
sobre os geradores de C.A. onde, para uma dada
freqüência a velocidade da máquina acionadora
caía em proporção ao número de pólos. Assim, a
velocidade do campo pode ser calculada facilmen-
te:
Usando as formas de ondas, podemos com- 120. f
N
binar os campos magnéticos gerados em cada 1/6 P
de ciclo (60°), para determinar o sentido do campo A Rotação do Campo é Proporcional à Freqüência e
magnético resultante. No ponto 1, C é positiva e B Inversamente Proporcional ao Número de Pólos.
O MOTOR DE C.A. 45

Você observará que esta é a mesma equação cronizada com a freqüência da rede. Deste modo,
usada para calcular a freqüência de um gerador; uma máquina de 2 pólos trabalhando a 60 Hz tem
apenas está preparada para determinar N (veloci- uma velocidade síncrona de 3.600 rpm, uma má-
dade do campo do motor em rpm) e não f (fre- quina de 4 pólos tem uma velocidade síncrona de
qüência). Como antes, P representa o número de 1.800 rpm, etc.
pólos. Você deve lembrar que o número de pólos Como você pode ver, a velocidade da campo
referido e o número de pólos por fase. Desta for- girante depende somente da freqüência da rede e é
ma, um motor bifásico de dois pólos tem realmen- independente da carga. O campo girante propor-
te 4 pólos, e um motor trifásico de 2 pólos tem re- ciona a força acionadora para a maioria dos moto-
almente 6 pólos; os dois motores girarão com a res de C.A.; assim, dentro de estreita faixa, a mai-
mesma velocidade. oria dos motores de C.A. é constituída por veloci-
A velocidade dada pela equação acima é co- dade constante.
nhecida como velocidade síncrona, porque é sin-

6.3 - O Motor Síncrono


Embora o motor síncrono não seja comu- Quando o campo magnético gira, o rotar gi-
mente tão usado como o motor de indução, nós o ra em sincronismo com o campo. Quando o cam-
estudaremos primeiro porque ele é muito seme- po magnético girante é forte, ele exerce uma in-
lhante, quanto a construção, ao gerador de C.C. tensa força de torção sobre o rotor, e este, portan-
O motor síncrono recebeu este nome porque to, se torna capaz de acionar uma carga
seu rotor é sincronizado com o campo girante es- Como você sabe, a velocidade de rotação do
tabelecido no estator. Sua construção é essencial- campo magnético depende da freqüência da fonte
mente a mesma do alternador de pólos salientes. de C.C. Como a freqüência da fonte é constante,
Você sabe que a aplicação de uma C.A. trifásica os motores síncronos são, na prática, motores de
ao estator produz campo magnético girante em to- uma única velocidade. Eles são usados com cargas
rno do rotor. Quando o rotor é energizado com que requerem velocidade constante desde a condi-
C.C. ele atua como um imã em barra suspenso em ção sem carga até a condição de plena carga. Note
um campo magnético gira até se alinhar com o que em um motor síncrono, operando a velocidade
campo magnético. Do mesmo modo, o rotor ali- síncrona, não há C.A. induzida no rotor, porque
mentado com C.C., do motor síncrono, é um imã não há movimento relativo entre o campo girante
que procura se alinhar com o campo magnético e o rotor. Alguns motores síncronos pequenos u-
produzido pela aplicação da C.A. trifásica ao esta- sam rotores de ímã permanente e não precisam de
tor. uma fonte de C.C.
Uma das desvantagens do motor síncrono
puro é que ele não pode partir de uma posição de
repouso apenas com a aplicação da C.A. ao esta-
tor.
No instante em que a C.A. é aplicada ao es-
tator, aparece um campo girante de alta velocida-
de. Este campo girante passa diante dos pólos do
rotor tão rapidamente que o rotor não tem oportu-
nidade de partir; ele é repelido primeiro em um
sentido e a seguir no outro. Em outras palavras,
um motor síncrono em sua forma pura não apre-
senta torque de partida. Portanto, normalmente ele
é posto em movimento com auxílio de um peque-
no motor de indução, ou com enrolamento equiva-
lente (chamado gaiola) incorporado ao motor sín-
crono. Quando o rotor se aproxima da velocidade
síncrona graças ao dispositivo de partida, ele pas-
sa a ser energizado pela fonte de C.C. O rotor pas-
O MOTOR DE C.A. 46

sa então a acompanhar o campo girante. Um mo- de potência e comumente em atraso. À medida


tor deste tipo é conhecido como de indução na pa- que aumenta a corrente contínua de excitação, o
rtida e funcionamento síncrono. fator de potência torna-se unitário e a seguir adi-
Mais adiante você estudará o motor de indu- antado. Assim, para uma dada carga, o fator de
ção. potência do motor síncrono é determinado pela
C.C. de excitação. Isto é mostrado graficamente
nas curvas a seguir, que mostram as variações na
corrente do campo, sob carga, para várias condi-
ções de fator de potência

Quando se dá partida em um motor síncro-


no, há movimento relativo entre o campo e o rotor
e, assim, aparece uma tensão alternada no enrola- A propriedade dos motores síncronos de so-
mento do rotor de pólos salientes. Isto pode auxi- licitarem corrente adiantada é muito útil. Como
liar o rotor de gaiola, proporcionando torque de você sabe, a queda IR depende da corrente total
partida adicional para por em movimento o motor solicitada, mas a potência reativa não produz saída
síncrono. útil. A maioria dos dispositivos com potência rea-
O fator de potência da maioria das cargas, tiva apresenta fator de potência em atraso. Como
por exemplo, de motores de indução é indutivo as companhias de força e luz geralmente agem
(em atraso); o fator de potência pode ser unitário, contra os usuários que solicitam muita potência
adiantado ou atrasado, dependendo da excitação reativa, os motores síncronos (ajustados para fator
de C.C. Sob condições sem carga, a corrente soli- de potência adiantado) são empregados para aju-
citada por um motor síncrono é pequena. Quando dar a corrigir o fator de potência. Nesse tipo de a-
uma carga é aplicada, o rotor responde com um plicação, o motor é quase sempre denominado ca-
ângulo de fase em relação ao campo. Observe que pacitor síncrono, porque sua ação é semelhante à
a velocidade ainda é síncrona mas a fase entre o de um capacitor.
rotor e o campo varia. Nessas condições, o fator

6.4 - O Motor de Indução


O motor de indução é o motor de C.A. mais diferentes. O rotor do motor de indução é um ci-
usado, por causa de sua simplicidade, construção lindro laminado, com ranhuras na superfície. Os
robusta e baixo custo de fabricação. Estas caracte- enrolamentos colocados nessas ranhuras podem
rísticas do motor de indução resultam do fato de ser de dois tipos. O tipo mais comum é o de gaio-
ser o rotor uma unidade auto-suficiente que não la; consiste de barras de cobre, de grande seção,
necessita de conexões externas. O nome motor de unidas em cada extremidade por um anel de cobre
indução é derivado do fato de serem induzidas ou de bronze. Não há necessidade de isolamento
correntes alternadas no circuito do rotor, pelo entre o núcleo e as barras, porque as tensões gera-
campo magnético girante do estator. das nas barras do rotor são muito baixas. O entre-
A construção do estator do motor de indu- ferro entre o rotor e o estator é muito pequeno, pa-
ção é praticamente igual à do estator do motor ra se obter a máxima intensidade de campo. O ou-
síncrono, mas os seus rotores são completamente tro tipo de rotor apresenta bobinas colocadas nas
O MOTOR DE C.A. 47

ranhuras e é conhecido como rotor enrolado. po tende a se alinhar com o campo do estator. En-
Como qualquer tipo de rotor, o princípio bá- tretanto, como o campo do estator gira continua-
sico de funcionamento é o mesmo. mente, o rotor não consegue se alinhar com ele.
O campo magnético girante, gerado no esta- Como você sabe, de acordo com a lei de
tor, induz uma f.e.m. no rotor. A corrente no cir- Lenz, qualquer corrente induzida tende a se opor
cuito do rotor, produzida pela f.e.m. induzida, es- às variações do campo que a produziu. No caso de
tabelece um campo magnético. Há uma ação mú- um motor de indução, variação é a rotação do
tua entre os dois campos, e isto faz o rotor girar. campo do estator, e a força exercida sobre o rotor
pela reação entre o rotor e os campos do estator é
tal que tenta cancelar o movimento contínuo do
campo do estator. Esta é a razão pela qual o rotor
acompanha o campo do estator, tão próximo quan-
to o permitam o seu peso e a carga. Os motores de
C.C. e os motores síncronos recebem a corrente
para suas armaduras por condução. O motor de
indução tem corrente no rotor por indução, e é
semelhante a um transformador com secundário
girante.

6.4.1 - Deslizamento
É impossível para o rotor de um motor de
indução girar com a mesma velocidade do campo
Os motores de rotor enrolado possuem anéis magnético girante. Se as velocidades fossem i-
coletores ligando o enrolamento a resistências ex- guais, não haveria movimento relativo entre eles
ternas. As resistências variáveis proporcionam um e, em conseqüência, não haveria f.e.m. induzida
meio para aumentar a resistência do rotor durante no rotor. Sem f.e.m. induzida não há conjugado
a partida, para melhorar suas características de (torque) agindo sobre o rotor. A velocidade do ro-
partida. Quando o motor atinge sua velocidade tor deve ser inferior à do campo magnético giran-
normal, os enrolamentos são postos em curto e o te, para existir movimento relativo entre os dois
funcionamento passa a ser semelhante ao de um (Lembre-se de que sua velocidade não pode ser
rotor de gaiola. maior do que a velocidade síncrona).
Quando se aplica C.A. aos enrolamentos do A diferença percentual entre as velocidades
estator, produz-se um campo magnético girante. do campo girante e do rotor é chamada desliza-
Este campo girante corta os condutores do rotor e mento (slip). Quanto menor for o deslizamento,
induz corrente nos mesmos. mais se aproximarão as velocidades do rotor e do
campo girante.

Quando você estudou os dispositivos bási-


cos dos medidores e os transformadores, aprendeu A velocidade do rotor depende do torque re-
que esta corrente induzida gera um campo magné- querido pela carga. Quanto maior for a carga,
tico em tomo dos condutores do rotor, e este cam- maior a força de torção necessária para girar o ro-
O MOTOR DE C.A. 48

tor. 2. . f S .S .L
Esta força só pode aumentar se a f.e.m. in- XL , onde L é a indutância do rotor.
100
duzida no rotor aumentar, e esta f.e.m. só pode Como você pode ver, a reatância é grande
aumentar se o campo magnético cortar o rotor com deslizamento elevado (baixa velocidade) e
com maior rapidez. diminui à medida que aumenta a velocidade do ro-
A velocidade relativa entre o campo girante tor. Assim, perto do deslizamento 100%, a reatân-
e o rotor aumenta quando o rotor gira mais deva- cia do rotor limita a corrente do rotor e o torque é
gar. baixo; e no outro extremo, quando o deslizamento
Portanto, a velocidade do motor de indução é nulo, o torque é baixo devido à baixa corrente do
cai, com cargas pesadas. Realmente, apenas pe- rotor. Por causa da reatância do rotor, os motores
quenas variações de velocidade são necessárias de indução apresentam um fator de potência em
para produzir as variações de corrente para aten- atraso. As curvas características abaixo são de um
der às alterações normais de carga. A razão disto é motor de indução trifásico típico, para uso indus-
a resistência muito baixa do enrolamento do rotor. trial.
Por este motivo, os motores de indução são consi-
derados motores de velocidade constante.

6.4.2 - Torque e Eficiência


Na partida, a freqüência da C.A. induzida no
rotor é igual à da freqüência da linha, mas, à me-
dida que aumenta a velocidade do rotor, esta fre-
qüência é reduzida - na velocidade síncrona, seria
zero. A freqüência do rotor (fr) é proporcional à
percentagem de deslizamento (S) e à freqüência
da fonte (fs) em hertz ou
S. f s
fr
100
Por exemplo, se a freqüência é 60 Hz e o O torque "pullout" mostrado no gráfico A é
motor tem 2,78% de deslizamento (motor de in- o ponto em que a reatância e a resistência do rotor
dução de 4 pólos com velocidade de 1.750 rpm), a são iguais, e portanto o fator de potência do rotor
freqüência ao rotor é 2,78 x 60/100 = 1,67 Hz. A é 70%. Além deste ponto, a velocidade do motor
reatância do rotor também é proporcional ao des- cai rapidamente e o motor tende a parar.
lizamento, de modo que no rotor,

6.5 - Motor de Indução Bifásico


Os motores de indução podem ser monofá-
sicos, bifásicos ou trifásicos. Em todos estes ca-
sos, a C.A. aplicada ao estator deve produzir um
campo girante que arrasta o rotor consigo.
Você já viu como uma C.A. trifásica aplica-
da a um enrolamento trifásico distribuído simetri-
camente produz um campo magnético girante. O
motor de indução bifásico possui dois enrolamen-
tos no estator, espaçados de 90 graus. Embora vo-
cê não vá encontrar muitos motores bifásicos em
uso, seu estudo é importante porque muitos moto-
res monofásicos são postos em movimento como
motores bifásicos, como você estudará mais adi-
ante.
O MOTOR DE C.A. 49

A figura mostra um desenho simplificado do agora o sentido do eixo de B-B1. O campo magné-
estator bifásico. A outra figura mostra um diagra- tico resultante deslocou-se 90° entre a posição 1 e
ma esquemático do motor de indução bifásico. O a posição 3.
circuito pontilhado representa o enrolamento do Na posição 4 (135°), os campos magnéticos
rotor. são novamente de intensidades iguais. O campo
Se as tensões aplicadas às fases A-A1 e B-B1 de A-A1, porém, inverteu a polaridade. O campo
estiverem defasadas de 90 graus, as correntes resultante fica a igual distância dos enrolamentos
também estarão defasadas de 90 graus. Os campos e o seu sentido é o indicado. Na posição 5 (180°),
magnéticos produzidos nas bobinas estarão, tam- o campo é nulo em B-B1 e máximo em A-A1. O
bém, defasados de 90 graus, pois estão em fase campo resultante terá a direção de A-A1, confor-
com as correntes que as produzem. Estes dois me a figura.
campos magnéticos defasados, produzidos por Dos 180° aos 360° (posições 5 a 9), o cam-
bobinas cujos eixos são perpendiculares, se soma- po magnético gira mais 180°, completando uma
rão a cada instante para produzir um campo resul- rotação.
tante que completará uma volta em cada ciclo de Portanto, com dois enrolamentos perpendi-
C.A. culares e usando alimentações defasadas de 90°,
A figura mostra um gráfico dos dois campos você obtém um campo magnético girante.
magnéticos alternados defasados de 90 graus. As
formas de ondas são designadas por letras corres-
pondentes às respectivas fases. A semelhança com
o campo girante trifásico é evidente.
Na posição 1, a corrente e o campo magné-
tico no enrolamento A-A1 estão no máximo, e são
nulos no enrolamento B-B1. O campo magnético
resultante terá, portanto, o sentido do eixo do en-
rolamento A-A1. Na posição 2 (45°), o campo
magnético resultante estará situado a meio cami-
nho entre os enrolamentos A-A1 e B-B1, pois as
correntes e os campos são de intensidades iguais. As outras características dos motores bifási-
Na posição 3 (90°), o campo magnético é nulo em cos são semelhantes às dos motores trifásicos.
A-A1 e máximo em B-B1. O campo resultante tem

6.6 - Motores Monofásicos

O motor de indução monofásico possui ape-


nas uma fase e é alimentado por uma C.A. mono-
fásica. Este tipo de motor é muito usado sempre
que se requer um motor pequeno e pouca potên-
cia. A principal vantagem destes motores é que,
para pequenas potências, eles são mais baratos do
que os outros tipos de motores. Eliminam também
a necessidade de alimentação trifásica. Os motores
monofásicos são usados em equipamentos de co-
municações, ventiladores, refrigeradores, máqui-
nas de furar portáteis, esmeris, etc.
Os motores monofásicos são divididos em
dois grupos: (1) motores de indução e (2) motores
série. Os motores de indução usam rotor do tipo
gaiola, com um dispositivo especial para a partida.
Os motores série lembram os motores de C.C.,
porque possuem comutador e escovas.
O MOTOR DE C.A. 50

6.6.1 - Campos do Estator Os motores de indução monofásicos são classifi-


cados de acordo com o método de partida adotado.
Agora você verá como uma C.A. monofási-
ca aplicada ao enrolamento do estator produzirá
um campo magnético reversível, que também po- 6.6.2 - Campos do Rotor
de acionar um motor. O motor de indução monofásico possui um
Quando o rotor está girando, toda vez que único enrolamento no estator. Este enrolamento
um pólo do rotor se aproxima de um dos enrola- gera um campo que não é girante, mas se alterna
mentos do estator, o sentido do campo do estator ao longo do eixo do enrolamento.
deve ser tal que ele possa atrair o pólo e forçá-lo Quando o rotor está parado, o campo do es-
no sentido do seu movimento. Assim a corrente de tator, ao se expandir e contrair, induz correntes no
campo em um enrolamento do estator deve passar rotor. O campo gerado no rotor tem polaridade
por meio ciclo no intervalo entre a aproximação oposta ao do estator. A oposição dos campos de-
de pólos do rotor de polaridades opostas. termina o aparecimento de forças que atuam sobre
Os diagramas abaixo mostram o sentido do a parte superior e a parte inferior do rotor, com a
campo do estator criado pela aplicação de uma tendência de girá-lo 180 graus a partir de sua po-
C.A. monofásica. O diagrama 1, na parte superior, sição inicial. A ação das forças é igual em ambos
mostra meio ciclo; você pode observar que, à me- os sentidos, pois elas atuam através do centro do
dida que o rotor se alinha com o campo do estator, rotor. O resultado é que o rotor continua parado.
seus pólos estão sendo atraídos pelos enrolamen- Entretanto, se o rotor estiver girando ao se
tos do estator. No diagrama 2, o semiciclo seguin- ligar o motor, ele continuará em movimento no
te, o campo do estator é invertido, e o rotor, devi- sentido inicial, pois a ação das forças será ajudada
do à inércia, girou 180°. Então, mais uma vez, à pela inércia do rotor. A velocidade do rotor au-
medida que os pólos do rotor se aproximam dos menta até que ele gira quase 180 graus em cada
enrolamentos do estator, há uma força de atração alternação do campo do estator. É necessário exis-
que mantém o rotor girando no sentido desejado. tir um deslizamento para haver corrente induzida
Do que foi dito, é evidente que, se o rotor estives- no rotor. Na velocidade máxima, o rotor gira me-
se girando no sentido oposto, ele continuaria a gi- nos de 180 graus para cada mudança de polarida-
rar. Deste modo, com um motor monofásico não de do campo do estator.
há campo magnético girante e torque de partida.
Contudo, se o movimento do rotor puder ser
iniciado por outros meios, as correntes induzidas
no rotor cooperarão com as correntes no estator
para produzir um campo girante aparente. Este
campo fará com que o rotor continue a girar no
sentido do seu movimento inicial.

Como o campo criado pela tensão monofá-


sica aplicada ao enrolamento do estator é pulsati-
Existem muitos métodos para proporcionar vo, os motores de indução monofásicos desenvol-
um torque de partida aos motores de indução mo- vem um torque pulsativo. Eles são, portanto, me-
nofásicos - os mais comuns são a fase dividida nos eficientes do que os motores trifásicos ou bi-
com capacitor e o pólo fendido (pólo distorcido). fásicos cujos torques são mais uniformes.
O MOTOR DE C.A. 51

6.6.3 - Motores de Fase Dividida ladores, etc. O sentido de rotação é invertido com
a troca das ligações do enrolamento de partida.
Você já sabe que o motor monofásico conti-
nua girando, depois de dada a partida no mesmo
com auxilio de um dos meios a que nos referimos. 6.6.4 - Motores com Capacitor de Partida
Contudo, não é prático acionar o rotor com a mão, O motor a capacitor é uma versão modifica-
e, portanto, um dispositivo elétrico deve ser incor- da do motor de fase dividida. O diagrama a seguir
porado ao estator para dar origem a um campo gi- mostra o esquema simplificado de um típico mo-
rante, por ocasião da partida. Assim que o motor tor com partida a capacitor.
entrar em funcionamento, o dispositivo poderá ser O estator consiste do enrolamento principal
eliminado do circuito do estator, pois o rotor e o e de um enrolamento de partida ligado em parale-
estator juntos produzirão o campo girante necessá- lo e perpendicularmente a ele. A diferença de fase
rio ao funcionamento do motor. elétrica de 90 graus entre os dois enrolamentos é
O estator do motor de fase dividida possui obtida ligando-se o enrolamento auxiliar em série
um enrolamento auxiliar (enrolamento de partida), com um capacitor e uma chave de partida.
além do enrolamento principal. Os eixos dos dois Na partida, a chave é fechada, colocando o
enrolamentos ficam separados fisicamente por 90 capacitor em serie com o enrolamento auxiliar. O
graus. valor do capacitor é tal que o enrolamento auxiliar
é efetivamente um circuito resistivo-capacitivo em
que a corrente está adiantada aproximadamente
45° em relação à tensão da linha. Portanto, as duas
correntes estão defasadas 90°, o mesmo aconte-
cendo com os campos magnéticos gerados por e-
las. O efeito é que os dois enrolamentos atuam
como um estator bifásico e produzem o campo gi-
rante requerido para dar partida no motor.
Quando são atingidos cerca de 75% da velo-
cidade máxima, uma chave centrifuga desliga o
enrolamento de partida, e o motor passa a funcio-
A corrente no enrolamento de partida apre- nar como um motor de indução monofásico.
senta um atraso de 30° em relação à tensão da li- Como o motor de indução bifásico é mais
nha; a corrente no enrolamento principal apresenta eficiente do que o motor monofásico, quase sem-
um atraso de 45° em relação a tensão. Na partida, pre é desejável manter o enrolamento auxiliar
os dois enrolamentos, devido à diferença entre fa- permanentemente no circuito, de modo que o mo-
ses, produzem um campo girante. A corrente no tor funcione como um motor de indução bifásico.
rotor fica atrasada cerca de 90° em relação à ten- O capacitor de partida é comumente de valor bem
são no rotor, devido a elevada reatância do rotor grande, para permitir que uma corrente grande
(alta freqüência da tensão do rotor resultante do passe pelo enrolamento auxiliar. Assim, o motor
grande deslizamento). A interação das correntes pode apresentar um grande torque de partida.
no rotor e do campo do estator faz com que o rotor
tenha sua velocidade aumentada no sentido do
campo girante do estator.
Quando o rotor atinge cerca de 75% da ve-
locidade normal, a chave centrífuga desliga o en-
rolamento de partida, e o motor continua funcio-
nando apenas com o enrolamento principal. O
campo girante é mantido pela interação dos cam-
pos magnéticos do rotor e do estator. Este motor
tem as características de velocidade constante,
torque variável, do motor "shunt". O torque de
partida pode ser o dobro do torque com plena car-
ga, e a corrente de partida é de seis a oito vezes a
corrente de plena carga. Estes motores são usados
em eletrodomésticos - lavadoras, secadoras, venti-
O MOTOR DE C.A. 52

Quando o motor atinge sua velocidade, não e, quando isto acontece com bastante rapidez, su-
é necessário que o enrolamento auxiliar continue a peram a tensão da mola e afastam o bloco de con-
solicitar toda a corrente de partida, e o capacitor tatos - abrindo o enrolamento de partida, o qual
pode ser reduzido. Portanto, são usados dois capa- permanece aberto enquanto o motor está funcio-
citores em paralelo na partida, e um é cortado nando. Quando o motor pára, os pesos se deslo-
quando o motor atinge sua velocidade. Um motor cam para dentro e a tensão da mola fecha os con-
deste tipo é conhecido como motor de indução tatos novamente.
com capacitor de partida e capacitor de funciona- Existem muitas variações da chave centrífu-
mento. ga simples. Cada uma tem os mesmos elementos
O motor a capacitor produz uma diferença básicos: um conjunto de contatos operado por for-
de fase muito maior entre os enrolamentos e, em ça centrífuga.
conseqüência, tem maior torque de partida do que
o motor de fase dividida (tanto quanto 400% do 6.6.6 - Motores de Pólo Fendido
torque a plena carga). Capacitores eletrolíticos es-
O motor de indução de pólo fendido usa um
peciais não polarizados são usados com valores de
método especial para por o rotor em movimento.
80 F, para um motor de 1/8 H.P., a 400 F para mo-
Consegue-se o efeito de um campo magnéti-
tores de 1 H.P. Estes motores são usados tipica-
co girante dando-se uma construção especial ao
mente para acionar esmeris, máquinas de furar,
estator. Este tipo de motor possui pólos salientes.
compressores de refrigeradores e outras cargas
Além disso, parte de cada pólo é circundada por
que requerem elevado torque de partida. Como
uma cinta de cobre, o enrolamento auxiliar. A fi-
acontece com o motor de fase dividida, o sentido
gura mostra a disposição dada ao enrolamento au-
de rotação é invertido com a troca das ligações do
xiliar.
enrolamento de partida.
O princípio de funcionamento é o seguinte:
quando o campo alternado do estator começa a
6.6.5 - Chave Centrifuga aumentar, a partir do zero, as linhas de força cor-
Os motores de fase dividida e a capacitor tam o enrolamento auxiliar. Uma corrente é indu-
usam uma chave centrífuga para desligar o enro- zida na cinta, produzindo um campo que tende a
lamento de partida, quando é atingida uma veloci- se opor ao campo principal. À medida que o cam-
dade suficiente (comumente cerca de 75%). As po cresce, até 90°, a maior parte das linhas de for-
chaves centrífugas têm geralmente um par de con- ça fica concentrada na região sem enrolamento
tatos normalmente fechados, que se abrem quando auxiliar (diagrama 1 abaixo). Quando o campo a-
a velocidade do rotor excede um determinado va- tinge o máximo, aos 90°, não há campo criado pe-
lor. Uma das chaves centrífugas mais comuns usa lo enrolamento auxiliar; o campo se distribui uni-
um par de pesos para superar a tensão da mola que formemente na superfície do pólo, como se vê no
mantém a chave fechada. diagrama 2.
Dos 90° aos 180°, o campo vai se contrain-
do. O campo do enrolamento auxiliar tende a se
opor a essa contração, concentrando as linhas de
força na região do enrolamento auxiliar, como
mostra o diagrama 3. Observando a figura, você
pode verificar que de 0° a 180° o campo se deslo-
cou ao longo da superfície da peça polar. Dos
180° aos 360°, o campo varia do mesmo modo
que de 0° a 180°, porém no sentido oposto.
Como o sentido do campo não afeta o fun-
cionamento do pólo auxiliar, o movimento do
campo durante o segundo semiciclo será idêntico
No arranjo mostrado acima (uma chave do ao do primeiro semiciclo.
tipo de bola), a mola mantém o bloco de contatos O movimento do campo produz um torque
em união com os contatos do enrolamento de par- fraco para dar partida no motor. Como o conjunto
tida, de modo que o circuito está fechado para a é muito pequeno, este tipo de motor é usado para
partida. A medida que aumenta a velocidade do acionar pequenos dispositivos, tais como ventila-
motor, os pesos de bola são deslocados para fora,
O MOTOR DE C.A. 53

dores, chaves e pratos de toca-discos. Uma versão auxiliar, estes motores não são geralmente rever-
deste motor usa um rotor de aço magnético endu- síveis. Este motor é simples e barato mas possui
recido que se movimenta em sincronismo com o torque de partida muito baixo.
campo.
Este motor é conhecido como motor síncro-
no warren, usado para operar relógios e dispositi-
vos marcadores de tempo.
Como o sentido de rotação do campo é de-
terminado pela posição do pólo com enrolamento

6.7 - Motor série de C.A. - Motor Universal


Você estudou que, quando se inverte o sen- dor em curto é compensado indutivamente.
tido da corrente, não se altera o sentido da rotação Os arranjos de enrolamentos compensadores
de um motor série de C.C. Quando se aplica C.A. em motores de C.A. são semelhantes aos dos mo-
a um motor série, a corrente na armadura e no tores de C.C. quanto ao fato de que os compensa-
campo mudam simultaneamente e, portanto, o dores reduzem os efeitos da reação da armadura.
motor continua a girar no mesmo sentido. Nos grandes motores, o centelhamento do comu-
O número de espiras no campo de um motor tador é reduzido por meio de condutores de resis-
serie de C.A. é menor do que no do motor série de tência relativamente alta que ligam as bobinas da
C.C. Isto é necessário para reduzir a reatância do armadura ao comutador, a fim de limitar a corren-
campo, de modo que haja a corrente necessária. te quando lâminas adjacentes são postas em curto
Além disso usa-se a construção laminada em todo pelas escovas.
o circuito magnético para minimizar as perdas por Os motores série de baixa potência (frações
histerese e por correntes parasitas. de H.P.) podem operar em C.A. e C.C.
As características do motor série de C.A. Estes motores, chamados rotores universais,
são semelhantes às do motor série de C.C. são usados comumente em pequenos eletrodomés-
Trata-se de uma máquina de velocidade va- ticos onde são requeridos torque elevado ou alta
riável, com baixas velocidades para grandes car- velocidade.
gas e altas velocidades para pequenas cargas. O Por este motivo, eles são usados em máqui-
torque de partida também é muito alto. nas de furar elétricas, lixadoras e máquinas seme-
Os motores série de C.A. muito grandes são lhantes, devido ao seu elevado torque. São empre-
usados em locomotivas, no metro, e aplicações gados em bombas centrífugas, aspiradores de pó e
semelhantes. Nesses casos, o desempenho do mo- dispositivos semelhantes por causa de sua elevada
tor melhora quando a freqüência é reduzida, pois velocidade de funcionamento. Estes motores não
as reatâncias são correspondentemente reduzidas. usam enrolamentos compensadores.
Para muitas das aplicações dos grandes motores
série, a freqüência da linha é 25 Hz.

A reatância da armadura é reduzida com o Os motores universais são também muito


emprego de um enrolamento compensador embu- úteis porque (ao contrário dos motores de indu-
tido nas peças polares. Um enrolamento compen- ção) sua velocidade pode ser controlada pronta-
sador ligado em série com a armadura é compen- mente, pois ela depende da tensão de entrada e da
sado condutivamente; um enrolamento compensa- carga.
O MOTOR DE C.A. 54

6.8 - REVISÃO DE MOTORES DE C.A.


1 - CAMPO MAGNÉTICO GIRANTE - 4 - MOTOR DE INDUÇÃO - O motor de indu-
Quando três enrolamentos são distribuídos na car- ção tem estator igual ao do motor síncrono. Seu
caça do estator, separados por 120 graus, e uma rotor é diferente e não requer uma fonte de ali-
C.A. trifásica é aplicada aos mesmos, os campos mentação externa. Uma corrente é induzida no ro-
magnéticos tor pela ação do campo girante sobre os conduto-
gerados nos res do rotor. A corrente no rotor gera um campo
três enro- magnético que interage com o campo do estator,
lamentos se do que resulta um torque sobre o rotor, fazendo-o
combinarão girar. Os dois tipos de rotores usados nos motores
constituin- de indução são o de gaiola e o enrolado.
do um
campo
magnético
girante.

2 - ESTATOR TRIFÁSICO - Os campos mag-


néticos gerados nos motores trifásicos estão defa-
sados 120°. Em qualquer instante, esses campos
produzem um campo resultante que atua sobre o
rotor. O rotor gira porque o campo magnético gi-
ra. A velocidade de rotação (N) do campo é dada
pela expressão
120. f
N 5 - DESLIZAMENTO (SLIP) - O rotor de um
P motor de indução gira com uma velocidade menor
que conhecida como do que a velocidade síncrona, de modo que o
velocidade síncrona. campo girante pode cortar os condutores do rotor
e induzir nos mesmos uma corrente. A diferença
3 - MOTOR SÍNCRONO - Um motor síncrono percentual entre a velocidade síncrona (Ns) e a ve-
usa um estator para gerar um campo magnético gi- locidade do rotor (Nr) é conhecida como desliza-
rante e um rotor eletromagnético alimentado por mento (S). Este varia muito pouco com as mudan-
C.C. O rotor é um imã que é atraído pelo campo ças normais de carga, e, portanto, o motor de in-
girante do estator. Esta atração exerce um torque dução é considerado um motor de velocidade
sobre o rotor e faz com que ele gire em sincronis- constante.
mo com o campo. Os motores síncronos não são
auto-suficientes na partida e devem ser trazidos
próximo à velocidade síncrona antes de poderem
continuar girando com seus próprios recursos.
O MOTOR DE C.A. 55

6 - MOTOR DE INDUÇÃO BIFÁSICO - Os


motores de indução podem ser trifásicos, bifásicos
e monofásicos. O estator bifásico gera um campo
girante, posicionando-se perpendicularmente dois
enrolamentos. Se as tensões aplicadas aos dois en-
rolamentos estiverem defasadas uma da outra de
90°, será gerado um campo girante do mesmo
modo que no sistema trifásico.

9 - MOTOR DE INDUÇÃO DE PÓLO FEN-


7 - MOTOR DE INDUÇÃO MONOFÁSICO - DIDO - Neste motor, uma parte de cada peça po-
O motor de indução monofásico tem apenas um lar do estator é posta em curto por uma cinta me-
enrolamento no estator; portanto, o campo magné- tálica. Isto faz com que o campo magnético se
tico produzido não gira. Um motor de indução desloque ao longo da superfície da peça polar. O
monofásico, com apenas um enrolamento, não é campo magnético em movimento tem o mesmo
auto-suficiente na partida. Uma vez em movimen- efeito que um campo girante, de modo que o mo-
to, estabelece-se um campo no rotor girante, defa- tor é auto-suficiente na partida.
sado 90° em relação ao campo do estator. Juntos,
os dois campos produzem um campo girante que
mantém o rotor em movimento. Os motores de in-
dução monofásicos são designados por seus méto-
dos de partida.

10 - MOTOR SÉRIE - MOTOR UNIVERSAL


O motor série de C.A. tem as mesmas proprieda-
des do motor série de C.C. - elevado torque em
baixas velocidades e funcionamento em alta velo-
cidade com pequenas cargas. É encontrado em to-
do tamanho, desde o motor para locomotivas elé-
8 - PARTIDA DOS MOTORES DE INDUÇÃO tricas até os motores de pequenos aparelhos ele-
MONOFÁSICOS - Para que um motor monofá- trodomésticos. Uma versão do motor série, conhe-
sico se tome auto-suficiente na partida, costuma- cida como motor universal, pode ser usada com
se adicionar um enrolamento de partida ao estator. C.A. ou com C.C.
Quando esse enrolamento de partida é usado de
modo que a corrente no mesmo fique defasada em
relação à corrente no enrolamento principal, será
produzido um campo magnético girante e o rotor
irá girar. Com o rotor na velocidade normal, o cir-
cuito do enrolamento de partida pode ser desliga-
do e o motor continua funcionando como um mo-
tor monofásico.

Você também pode gostar