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Sumário

CAPÍTULO 1 .......................................................................................................................................... 5
Circuitos de Corrente Alternada em Regime Permanente....................................................................... 5
1.1 Geração de Tensões Senoidais. Terminologia. ................................................................................. 5
1.2 Valor Médio, Valor Eficaz ................................................................................................................ 9
1.3 Fasores............................................................................................................................................. 10
1.4 Impedância de Elementos Passivos ................................................................................................. 14
1.4.1 Impedância Complexa .................................................................................................................. 14
1.4.2 Admitância Complexa .................................................................................................................. 15
1.5 Potência em Circuitos de Corrente Alternada ................................................................................. 16
1.6 Potência Complexa.......................................................................................................................... 18
1.7 Fator de Potência ............................................................................................................................. 20
Problemas .............................................................................................................................................. 22
CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................................ 29
Circuitos Polifásicos.............................................................................................................................. 29
2.1 Definições ....................................................................................................................................... 29
2.2 Obtenção de Sistemas Polifásicos ................................................................................................... 30
2.3 Sequência de Fases .......................................................................................................................... 31
2.4 Operadores de Rotação de Fase ...................................................................................................... 32
2.5 Tensões e Correntes em Circuitos Polifásicos ................................................................................ 32
2.6 Fator de Potência de Circuitos Polifásicos ...................................................................................... 35
2.7 Potência em Circuitos Polifásicos Equilibrados .............................................................................. 36
2.8 Ligação de Impedâncias em Circuitos Polifásicos Equilibrados ..................................................... 36
2.8.1 Conexão em Estrela ..................................................................................................................... 37
2.8.2 Conexão em Malha....................................................................................................................... 38
2.9 Sistemas Trifásicos Equilibrados .................................................................................................... 40
2.9.1 Ligação em Estrela....................................................................................................................... 40
2.9.2 Ligação em Triângulo (ou Ligação em Delta) ............................................................................. 43
2.9.3 Associação de Cargas Trifásicas Equilibradas, em Paralelo ...................................................... 44
2.9.4 Resolução de Circuitos com Gerador e Carga Ligados em Estrela ............................................ 45
2.9.5 Resolução de Circuitos com Gerador e Carga Ligados em Triângulo ........................................ 46
2.9.6 Potência em Circuitos Trifásicos Equilibrados ........................................................................... 50
2.10 Circuitos Trifásicos Desequilibrados (Desequilíbrio de Carga) .................................................... 51
2.10.1 Carga Desequilibrada Ligada em Triângulo ............................................................................. 52
2.10.2 Carga Desequilibrada Ligada em Estrela (Sistema a 3 Condutores) ........................................ 53
2.10.3 Cargas desequilibradas conectadas em triângulo e em estrela, associadas em paralelo (sistema
a 3 condutores)...................................................................................................................................... 58
2.10.4 Cargas desequilibradas ligadas em estrela (sistema a 4 condutores) ....................................... 59
2.10.5 Cargas desequilibradas, sistema estrela-estrela com conexão dos neutros .............................. 60
2.10.6 Cargas desequilibradas, sistema estrela-triângulo.................................................................... 62
2.10.7 Fator de Potência Vetorial ......................................................................................................... 62
PROBLEMAS ....................................................................................................................................... 64
CAPÍTULO 3 ............................................................................................. Erro! Indicador não definido.
Medidas de Potência em Circuitos de Corrente Alternada ......................... Erro! Indicador não definido.
3.1 Medida de Potência Ativa .................................................................... Erro! Indicador não definido.
3.1.1 Wattímetro Eletrodinâmico ............................................................... Erro! Indicador não definido.
3.1.2 Wattímetro de Indução ...................................................................... Erro! Indicador não definido.
3.1.3 Wattímetro Térmico........................................................................... Erro! Indicador não definido.
3.1.4 Medida de Potência Ativa em Circuitos Monofásicos ...................... Erro! Indicador não definido.
3.1.5 Medida de Potência Ativa em Circuitos Polifásicos ......................... Erro! Indicador não definido.
3.1.6 Leituras dos Wattímetros em Função do Fator de Potência............. Erro! Indicador não definido.
3.2 Medida de Potência Reativa ................................................................. Erro! Indicador não definido.
PROBLEMAS ............................................................................................ Erro! Indicador não definido.
CAPÍTULO 4 ............................................................................................. Erro! Indicador não definido.
Representação de Sistemas Elétricos de Potência ...................................... Erro! Indicador não definido.
4.1 Modelagem dos Componentes ............................................................. Erro! Indicador não definido.
4.2 Valor Percentual: Valor por Unidade ................................................... Erro! Indicador não definido.
4.3 Definições ...................................................................................... Erro! Indicador não definido.
4.4 Escolha de Bases ............................................................................ Erro! Indicador não definido.
4.4.1 Escolha de Bases Para Circuitos Monofásicos ................................. Erro! Indicador não definido.
4.4.2 Escolha de Bases Para Circuitos Trifásicos ..................................... Erro! Indicador não definido.
4.5 Mudanças de Bases .............................................................................. Erro! Indicador não definido.
CAPÍTULO 5 ............................................................................................. Erro! Indicador não definido.
Curtos-circuitos Simétricos ........................................................................ Erro! Indicador não definido.
5.1 Tipos de Curtos-Circuitos .................................................................... Erro! Indicador não definido.
5.2 Causas de Curtos-Circuitos .................................................................. Erro! Indicador não definido.
5.3 Ocorrência ............................................................................................ Erro! Indicador não definido.
5.4 Hipóteses Simplificadoras .................................................................... Erro! Indicador não definido.
5.5 Teoremas Básicos................................................................................. Erro! Indicador não definido.
5.6 Cálculo de Curto-Circuito Simétrico (ou: Trifásico) ........................... Erro! Indicador não definido.
5.7 Simetria e Assimetria das Correntes de Curto-Circuito ....................... Erro! Indicador não definido.
5.8 Cálculo de Curto-Circuito Trifásico ..................................................... Erro! Indicador não definido.
5.8.1 Curto Trifásico nos Terminais de Alternador Operando em Vazio .. Erro! Indicador não definido.
5.8.2 Curto Trifásico em Sistema Sob Carga ............................................. Erro! Indicador não definido.
5.9 Potência de Curto-Circuito ................................................................... Erro! Indicador não definido.
5.10 Seleção de Disjuntores ....................................................................... Erro! Indicador não definido.
CAPÍTULO 6 ............................................................................................. Erro! Indicador não definido.
Componentes Simétricas ............................................................................ Erro! Indicador não definido.
6.1 Fundamentos ........................................................................................ Erro! Indicador não definido.
6.2 Componentes Sométricas Aplicadas a Sistemas Trifásicos ................. Erro! Indicador não definido.
6.3 Determinação Analítica das Componentes Simétricas ......................... Erro! Indicador não definido.
6.4 Considerações Sobre Componentes de Sequência Zero ....................... Erro! Indicador não definido.
6.5 Potência Através de Componentes Simétricas ..................................... Erro! Indicador não definido.
6.6 Conceituação de Impedância de Sequência.......................................... Erro! Indicador não definido.
6.7 Reatância de Sequência dos Elementos de Sistemas Elétricos de Potência .........Erro! Indicador não
definido.
6.7.1 Modelo de Gerador Síncrono ............................................................ Erro! Indicador não definido.
6.7.2 Modelo de Transformador Trifásico de Dois Enrolamentos ............ Erro! Indicador não definido.
6.7.3 Modelo de Transformador Trifásico de Três Enrolamentos ............. Erro! Indicador não definido.
6.7.4 Modelo de Linha de Transmissão ..................................................... Erro! Indicador não definido.
CAPÍTULO 7 ............................................................................................. Erro! Indicador não definido.
Curtos-circuitos Assimétricos .................................................................... Erro! Indicador não definido.
7.1 Curto-Circuito Fase-Terra .................................................................... Erro! Indicador não definido.
7.2 Curto-Circuito Fase-Fase (Bifásico) .................................................... Erro! Indicador não definido.
7.3 Curto-Circuito Fase-Fase-Terra (Bifásico Com Terra) ........................ Erro! Indicador não definido.
7.4 Abertura Monopolar e Bipolar ............................................................. Erro! Indicador não definido.
7.4.1 Abertura Monopolar ......................................................................... Erro! Indicador não definido.
7.4.2 Abertura Bipolar ............................................................................... Erro! Indicador não definido.
7.5 Análise dos Níveis de Defeito .............................................................. Erro! Indicador não definido.
7.6 Potência de Curto-Circuito ................................................................... Erro! Indicador não definido.
7.6.1 Trifásico ............................................................................................ Erro! Indicador não definido.
7.6.2 Monofásico ........................................................................................ Erro! Indicador não definido.
7.7 Sobretensões de Frequência Industrial ................................................. Erro! Indicador não definido.
CAPÍTULO 8 ............................................................................................. Erro! Indicador não definido.
Matriz de Impedância Nodal ...................................................................... Erro! Indicador não definido.
8.1 Definições ............................................................................................ Erro! Indicador não definido.
8.2 Algoritmos de Montagem da Matriz ZBUS Sem Mùtuas ....................... Erro! Indicador não definido.
8.2.1 Ligação Entre a Referência e Uma Barra Nova (1º Caso) ............... Erro! Indicador não definido.
8.2.2 Ligação de Uma Barra Existente a Uma Barra Nova (2º Caso). ..... Erro! Indicador não definido.
8.2.3 Ligação Entre uma Barra Existente e a Referência (3º Caso) .......... Erro! Indicador não definido.
8.2.4 Ligação Entre Duas Barras Já Existentes (4º Caso) ........................ Erro! Indicador não definido.
8.3 Algoritmos de Montagem da Matriz ZBUS com Acoplamentos MútuosErro! Indicador não definido.
8.3.1 Ligação Mutuamente Acoplada Entre uma Barra Já Existente e Uma Barra NovaErro! Indicador
não definido.
8.3.2 Ligação Mutuamente Acoplada Entre Duas Barras Já Existentes ... Erro! Indicador não definido.
CAPÍTULO 9 ............................................................................................. Erro! Indicador não definido.
Ensaios de Laboratório ............................................................................... Erro! Indicador não definido.
CAPÍTULO 1
Circuitos de Corrente Alternada em Regime Permanente

Neste capítulo serão tratados vários conceitos importantes referentes a circuitos de


corrente alternada em regime permanente, com ampla aplicação ao longo do texto. Assim, o
bom entendimento desses conceitos contribui para a melhor compreensão do conteúdo dos
capítulos subsequentes.

1.1 Geração de Tensões Senoidais e Terminologia

Na área de engenharia elétrica, é frequente e intenso o uso de tensões e correntes


alternadas senoidais. Sua utilização apresenta inúmeras vantagens técnicas e econômicas,
dentre as quais destacam-se: facilidade de geração, facilidade de transmissão e simplicidade
de tratamento matemático.
A obtenção de uma força eletromotriz (fem) senuidal pode ser explicada com o auxílio
de um gerador elementar no qual:
a) uma bobina se move no interior de um campo magnético fixo; ou
b) um campo magnético se movimenta e enlaça uma bobina estacionária.
O gerador elementar de corrente alternada mostrado na Figura 1.1 é representativo do
segundo caso.

Figura 1.1. Gerador elementar de c.a.

A bobina de terminais a – a´, constituída de N espiras, está disposa na parte fixa do


gerador, denominada estator. Uma bobina alimentada por corrente contínua, que gira a uma
velocidade angular , - ou um imã permanente -, proporciona o fluxo constante ɸm e é a parte
móvel do gerador, denominada rotor. Este gira à velocidade angular constante , no sentido
indicado na Figura 1.1. Em cada instante, a posição do rotor é definida pelo ângulo ,
formado entre a reta que define a direção do fluxo e o eixo da bobina do estator. Sendo t o
tempo transcorrido desde o instante inicial, o ângulo  passa a ser definido por:

 = t (1.1)

De acordo com a lei de Faraday, a movimentação do rotor vai provocar o surgimento de


uma fem (tensão induzida) na bobina fixa, fem esta que varia no tempo e é expressa por:
𝑑Φ𝑣
𝑒 = −𝑁 (1.2)
𝑑𝑡

O fluxo ɸm, devido ao rotor, tem duas componentes, a saber:


1) ɸp=ɸmcos, perpendicular ao plano que contém a bobina;
2) ɸh=ɸmsen, paralela ao plano que contém a bobina; esta componente não contribui
para a indução da fem na bobina do estator porque não corta suas espiras.
Partindo da Equação 1.2, a fem induzida na bobina é obtida por:

𝑑Φ𝑣 𝑑
𝑒 = −𝑁 = −𝑁 𝑑𝑡 (Φ𝑚 𝑐𝑜𝑠 𝛼) =
𝑑𝑡
(1.3)
𝑑
= −𝑁 𝑑𝑡 (Φ𝑚 𝑐𝑜𝑠 𝜔𝑡) = −𝑁Φ𝑚 𝜔 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡

Como N, Φ𝑚 , 𝜔 são grandezas supostas, constantes, pode-se englobá-las numa


constante única fazendo Em = N Φ𝑚 𝜔. Portanto, é válido escrever:

e = Em sen𝜔𝑡 = Em sen (1.4)

À medida que o rotor gira, partindo de  = 0, os terminais a e a’ da bobina tornam-se,


alternadamente, positivo e negativo, um em relação ao outro. Resulta então a fem cuja
representação consta da Figura 1.2 e é chamada forma de onda (ou formato de onda) da fem.

Figura 1.2. Forma de onda da fem induzida.

A curva é obtida pela colocação dos valores instantâneos e, de fem, no eixo das
ordenadas, e correspondentes valores do tempo no eixo das abcissas. Observe-se que a abcissa
pode ser expressa em função do tempo ou em função do deslocamento angular (radianos ou
graus). Um ciclo, conjunto completo de valores positivos e negativos, ocorre em 2π radianos
ou 360 graus.
Considere a senóide cujo ciclo está mostrado na Figura 1.2. Pode-se matematicamente
representá-la por:

e = Em sen = Em sen 𝜔𝑡 =
(1.5)
2𝜋
= Em sen2π f t = Em sen 𝑡
𝑇

onde:
e - valor instantâneo da senóide; a cada valor estabelecido para t corresponderá
determinado valor para e;
Em - amplitude (ou valor máximo, ou valor de pico) da função senoidal;
2𝜋
; 𝜔𝑡; 2πft; 𝑇 𝑡 – argumento da senóide;
f - frequência (c/s ou Hz), ou seja, quantidade de ciclos completada em um segundo;
se uma máquina tem p pólos, o número de ciclos completado numa rotação é igual
𝑝.(𝑅𝑃𝑀)
a p/2; frequência e RPM se relacionam pela igualdade 𝑓 = 120 ;
T - período, isto é, tempo de duração de um ciclo; período e frequência se relacionam
1
pela seguinte igualdade: T = 𝑓
𝜔 - velocidade angular (ou frequência angular); a cada ciclo corresponde 2π radianos e,
2𝜋
portanto, tem-se: 𝜔 = 𝑇 = 2𝜋𝑓, cuja unidade é radianos/s.
A frequência padrão dos sistemas de energia elétrica brasileiros é de 60 Hz. Muitos
países adotam 50 Hz para seus sistemas, como por exemplo os países europeus e o Paraguai.
De modo geral, aparelhos projetados para 60 Hz são mais leves e têm custo inferior aos
equipamentos de 50 Hz. Por outro lado, linhas de transmissão operando com 50 Hz
apresentam perdas menores, já que tais perdas são quase diretamente proporcionais à
frequência.
Fase, ou ângulo de fase, de uma onde senoidal, é o ângulo medido desde o ponto zero
sobre a onde até o valor correspondente ao ponto inicial da contagem do tempo; na Figura 1.3,
é o ângulo Ɵ. Então, uma senóide com ângulo de fase Ɵ será expressa por:

e = Em sen (𝜔𝑡 + Ɵ) (1.6)

Figura 1.3. Ângulo de fase.

Observa-se que o ângulo de fase está incluído como parte do argumento da senóide e
faz com que no instante t = 0 a função assuma qualquer valor entre +Em e –Em. Note-se ,
ainda, que o argumento 𝜔𝑡 + Ɵ deve ser apropriadamente expresso em uma única unidade de
ângulo. Na prática, costuma-se expressar 𝜔 𝑡 em radianos e Ɵ em graus. Não há
inconveniência neste hábito, porque o importante nos cálculos é o ângulo de fase e não o
deslocamento total.
Diferença de fase ou ângulo de diferença de fase, é a diferença entre os ângulos de fase
de duas senóides de mesma frequência, como mostra a Figura 1.4.
No caso, tem-se duas ondas senoidais expressas por:

v (t) = Vm sen (𝜔 𝑡 + Ɵ)
(1.7)
i (t) = Im sen (𝜔 𝑡 + 𝛽)

A diferença de fase entre as grandezas v ( t ) e i (t) é dada por Φ = Ɵ - 𝛽 e é


independente do instante inicial considerado. Diz-se, para a figura citada, que a forma de onda
v ( t ) está adiantada do ângulo Φ em relação à i(t) ou, o que é o mesmo, a grandeza i (t) está
atrasada do ângulo Φ em relação à v ( t ) . Existe atraso de certa grandeza alternada em relação
a outra quando um determinado ponto em sua onda é alcançado depois de a outra já o ter
alcançado. Em outras palavras: o máximo positivo da onda adiantada ocorre antes do máximo
positivo da onda atrasada.

Figura 1.4. Desafagem angular entre duas senóides.

Exemplo 1.1. Considere as seguintes grandezas senoidais:

𝑣1 (𝑡) = 1 sen (𝜔 𝑡 − 20𝑜 )


𝑣2 (𝑡) = 2 sen (𝜔 𝑡 − 10𝑜 )
𝑣3 (𝑡) = 2,5 sen (𝜔 𝑡 − 20𝑜 )

Determine a diferença de fase entre as grandezas quando se toma:


a) 𝑣1 (𝑡) como referência.
b) 𝑣2 (𝑡) como referência.

Solução
a) Tomando-se a forma de onda 𝑣1 (𝑡) como referência, nota-se que a grandeza 𝑣2 (𝑡)
está adiantada de 30º em relação à 𝑣1 (𝑡), e 𝑣3 (𝑡) está em fase com 𝑣1 (𝑡).
b) Tomando-se agora 𝑣2 (𝑡) como referência, pode-se ver que 𝑣1 (𝑡) ou 𝑣3 (𝑡) estão
atrasadas de 30º em relação a 𝑣2 (𝑡).
1.2 Valor Médio, Valor Eficaz

Neste livro, os elementos de circuito considerados são: resistência, indutância e


capacitância, todos lineares. Em consequência, às tensões senoidais aplicadas no circuito irão
corresponder a correntes também senoidais. Como lidar, então, com grandezas que estão
variando de instante a instante? Um critério inicial usado foi o valor médio de função. Esta
ideia, entretanto, teve de ser descartada porque o valor médio da senóide ao longo de um ciclo
é zero. De fato, por definição, o valor médio de uma função qualquer, f (t), no interalo entre 𝑡1
e 𝑡2 , é matematicamente expresso por:
1 𝑡2
𝐹𝑚é𝑑𝑖𝑜 = (𝑡 )
∫𝑡 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 (1.8)
−𝑡
2 1 1

Se a função f (t) for periódica, de período T, a Equação 1.8 passa a ser:

1 𝑇
𝐹𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 𝑇 ∫0 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 (1.9)

A aplicação da Equação 1.9 a uma senóide dará zero como resultado, o que
antecipadamente se poderia concluir pela análise da curva da senóide: em um ciclo completo,
a área acima do eixo das abcissas é exatamente igual e de sinal contrário à área abaixo deste
eixo, cancelando-se mutuamente.
Na busca de outro critério que permitisse expressar a capacidade de transferência de
energia de uma função periódica, recorreu-se à lei de Joule. Uma corrente contínua I
percorrendo um resistor R dissipa a potência P = R I2 watts. Se uma corrente senoidal i (t)
fluir pelo mesmo resistor R, a potência instantânea dissipada é P = R I2(t) watts, variando de
instante a instante. Todavia, caso se considere a potência média ao longo de um ciclo, o
resultado não será nulo, devido à presença do valor quadrático da corrente. Tal potência
média será:

1 𝑇 1 𝑇
𝑃𝑚é𝑑𝑖𝑎 = 𝑇 ∫0 𝑅𝑖 2 (𝑡)𝑑𝑡 = 𝑅 [𝑇 ∫0 𝑖 2 𝑑𝑡] (1.10)

A quantidade entre colchetes é o valor médio da função i2(t) e é interpretada como o


quadrado de uma corrente que se convencionou chamar de corrente eficaz. Então:
2
𝑃𝑚é𝑑𝑖𝑎 = 𝑅 𝐼𝑒𝑓𝑖𝑐𝑎𝑧
(1.11)
2 1 𝑇
𝐼𝑒𝑓𝑖𝑐𝑎𝑧 = ∫ 𝑖 2 (𝑡)𝑑𝑡
𝑇 0

Portanto:

1 𝑇
𝐼𝑒𝑓𝑖𝑐𝑎𝑧 = √𝑇 ∫0 𝑖 2 (𝑡)𝑑𝑡 (1.12)

Comparando as equações anteriormente vistas:

P = R I2
2
Pmédia = R 𝐼𝑒𝑓𝑖𝑐𝑎𝑧
o valor eficaz pode ser interpretado como sendo aquela corrente que produz o mesmo
aquecimento provocado pela corrente contínua de igual valor.
Em inglês o valor eficaz é chamado de root mean square value, ou abreviadamente rms.
value. É comum o uso de letras maiúsculas para caracterizar valor eficaz, sem o subscrito
“eficaz”, e adotar-se-à tal procedimento doravante.
A partir da Equação 1.11 pode-se obter o valor eficaz da senóide i (t) = Im sent
conforme ilustrado pela Figura 1.5:

1 𝑇 1 𝑇
𝐼 2 = 𝑇 ∫0 𝑖 2 (𝑡)𝑑𝑡 = 𝑇 ∫0 𝐼𝑚
2
sen2 𝜔 𝑡 𝑑𝑡

𝐼 = √valor médio de 𝑖 2 (𝑡)

Figura 1.5. Ilustração gráfica do valor eficaz de i (t).

1 1
Mas: sen2 𝜔 𝑡 = − 2 cos 2 𝜔 𝑡
2

E portanto:
𝐼2 𝑇 𝐼2 𝐼2
𝐼 2 = 2𝑇
𝑚 𝑚
∫0 (1 − cos2 𝜔 𝑡)𝑑𝑡 = 2𝑇 [𝑇] − 𝑚 [sen 2 𝜔 𝑡]𝑇0
4𝜔 𝑇

Ao final:
𝐼
𝐼 = 𝑚 = 0,707 𝐼𝑚 (1.13)
√2

É importante destacar que a Equação 1.13 só é válida para funções senoidais.

1.3 Fasores

No trato de circuitos de corrente alternada em regime permanente, surge a todo instante


a necessidade de se efetuar operações algébricas de duas ou mais senóides de mesma
frequência sendo que, normalmente, essas senóides diferem apenas em amplitude e em fase.
Tais operações são muito trabalhosas e a ideia de simplificá-las, exposta a seguir, foi proposta
por Charles P. Steinmetz, em 1893.
Levando-se em conta a identidade de Euler:

𝑒 𝑗 𝜔 𝑡 = cos 𝜔 𝑡 + 𝑗 sen 𝜔 𝑡 (1.14)

onde 𝑗∆√−1
pode-se expressar uma senóide da seguinte maneira:

𝑖 (𝑡) = 𝐼𝑚 sen 𝜔𝑡 = 𝐼𝑚𝑎𝑔 (𝐼𝑚 𝑒 𝑗𝜔𝑡 ) =


(1.15)
= 𝐼𝑚𝑎𝑔(𝐼𝑚 cos 𝜔𝑡 + 𝑗𝐼𝑚 sen 𝜔𝑡)

Na Equação 1.15 Imag significa “Parte Imaginária de”.


A função exponencial 𝑒 𝑗𝜔𝑡 pode ser considerada como um operador rotacional, de
amplitude unitária. Quando aplicado a uma grandeza, ele a faz girar com velocidade angular
𝜔. Desta forma, os valores instantâneos de uma função senoidal podem ser obtidos
projetando-se sobre um eixo vertical normal à origem dos tempos, o extremo A de um
segmento 𝑂𝐴, que gira em torno de um ponto O , com velocidade angular 𝜔, conforme
mostra a Figura 1.6.

Figura 1.6. Projeção instantânea do segmento girante OA sobre um eixo vertical.

A velocidade angular do segmento 𝑂𝐴 deve ser tal que este descreva uma rotação
completa no tempo T que representa o período da senóide em questão. O segmento 𝑂𝐴 deve
ainda ser tomado igual à amplitude da senóide representada.
Considere-se, agora, um sinal senoidal da forma:

r (t) = Rm sen(𝜔 t + Ɵ) (1.16)

Ele pode ser expresso por:


𝑟 (𝑡) = 𝑅𝑚 sen(𝜔 𝑡 + 𝜃) = 𝐼𝑚𝑎𝑔[𝑅𝑚 cos(𝜔 𝑡 + 𝜃) + 𝑗𝑅𝑚 sen(𝜔 𝑡 + 𝜃)] =
= 𝐼𝑚𝑎𝑔[𝑅𝑚 𝑒 𝑗 (𝜔 𝑡+𝜃) ] = 𝐼𝑚𝑎𝑔[𝑅𝑚 𝑒 𝑗 𝜔 𝑡 𝑒 𝑗 𝜃 ] =
𝑅
= √2 𝐼𝑚𝑎𝑔 [ 𝑚 𝑒 𝑗 𝜔 𝑡 𝑒 𝑗 𝜃 ] = √2 𝐼𝑚𝑎𝑔[𝑅̅ 𝑒 𝑗 𝜔 𝑡 ]
√2

onde:
𝑅 𝑅
𝑅̅ ∆ 𝑚 𝑒 𝑗 𝜃 = 𝑚 /𝜃 = 𝑅 /𝜃 (1.17)
√2 √2

é definido como F A S O R da forma de onda instantãnea r (t). Esta é a denominada


representação polar do fasor, ilustrada pela Figura 1.7; em certas circunstâncias, como será
visto mais adiante, é mais conveniente utilizar a chamada forma retangular do fasor:
𝑅̅ = 𝑅 cos θ + 𝑗𝑅senθ.

Figura. 1.7. Representação gráfica de um fasor.

Exemplo 1.2. Apresente o fasor da função:

s (t) = 141,4sen (𝜔𝑡 + 50º)

Solução
141,4
𝑆̅ = /50o = 100 /50o
√2

Exemplo 1.3. Sabendo-se que a frequência é de 60 Hz, obtenha a expressão da senóide cujo
fasor é 𝑆̅ = 200 /45o .

Solução
𝑠 = (𝑡) = |𝑆̅|√2 sen (𝜔𝑡 + 45o ) = 200√2 sen (2𝜋𝑓𝑡 + 45o ) =
= 282,2 sen (377t + 45o )

Exemplo 1.4. Obtenha a soma de três correntes senoidais que chegam a um nó de um circuito,
expressas por:
𝑖1 = 5√2sen 𝜔𝑡
𝑖2 = 6√2sen (𝜔𝑡 + 300 )
𝑖3 = 8√2sen (𝜔𝑡 − 900 )
Apresente o diagrama fasorial correspondente.

Solução: O uso de fasores na forma retangular facilita as operações de soma e/ou subtração.
Então:
𝐼1̅ = 5 /0o
𝐼2̅ = 6 /30o = 6 (cos300 + 𝑗 𝑠𝑒𝑛300 ) = 5,196 + 𝑗 3
𝐼3̅ = 8 /−90o = 8 [cos(−90o ) + 𝑗 𝑠𝑒𝑛 (−90o )] = 0 − 𝑗 8
Para fasor resultante tem-se:
𝐼 ̅ = 𝐼1̅ + 𝐼2̅ + 𝐼3̅ = (5 + 5,196) + 𝑗(3 − 8) =
= 10,196 - j 5 = 11,36 /−26,12o
Figura 1.8. Vide exemplo 1.4.

E a corrente instantânea correspondente é:


𝑖 = √2 (11,36)sen(𝜔𝑡 − 26,12o ) = 16,06sen(𝜔𝑡 − 26,12o )

A Figura 1.8 apresenta o diagrama fasorial correspondente.

𝐴̅ 𝐵̅
Exemplo 1.5 Determine o quociente 𝐶̅
onde
𝐴̅ = 10/−30o
𝐵̅ = 5,19/35,27o
𝐶̅ = 7,21/13,89o
Portanto:
𝐴̅ 𝐵̅ 10/−30o 5,19/35,27o
= = 7,19/−8,59o
𝐶̅ 7,21/13,86o
Tabela 1.1

1.4 Impedância de Elementos Passivos

Os trés elementos de circuitos, passivos, ideais, invariantes no tempo, lineares, bem


como as leis que os regem, são apresentados na Tabela 1.1.

1.4.1 Impedância Complexa

Na prática, o resistor pode ser variável com a frequência; o indutor, por ser constituído
de bobinas de cobre e núcleo ferromagnético, pode apresentar um modelo bastante complexo
incluindo não linearidade; o capacitor não foge à regra porquanto, sendo composto por
dielétrico entre placas, pode apresentar resistência de fuga. A modelagem dos elementos dos
circuitos é variável em função da precisão desejada. Contudo, considerar-se-á ao longo do
texto que os elementos dos circuitas são ideais, passivos, lineares e invariantes no tempo.
Define-se impedância complexa de um circuito passivo, linear e invariante no tempo,
em regime ca, como
̅
𝑉
𝑍̅∆ 𝐼 ̅ = 𝑅 + 𝑗𝑋 (1.18)

onde R é a parte real de 𝑍̅, conhecida por resistência; e X é a parte imaginária de 𝑍̅,
classicamente chamada de reatância. Desta forma, as impedâncias dos três elementos de
𝜔
circuitos apresentados na Tabela 1.1, válidos em regime ca, à frequência 𝑓 = 2 𝜋, são
Resistor: 𝑍𝑅̅ = 𝑅
Indutor: 𝑍̅𝐿 = 𝑗𝜔𝐿
−𝑗
Capacitor: 𝑍𝐶̅ = 𝜔𝐶
A parte passiva das redes elétricas é obtida ligando-se os elementos recém descritos em
série, em paralelo, ou em combinações dessas formas. Obtém-se assim as impedâncias de
rede, as quais podem ser manipuladas de maneira semelhante à manipulação de resistências
em circuitos cc.

Exemplo 1.6 Calcule a impedância equivalente de uma rede na frequência de 60 Hz, quando
se liga em série um resistor de 40 Ω, um indutor de 100 mH e um capacitor de 100 μF,
conforme Figura 1.9.

Figura 1.9. Vide exemplo 1.6.

Para 𝜔 = 2𝜋60 = 377 rad/s, tem-se:


𝑍̅𝑅 = 40 Ω
𝑍̅𝐿 = 𝑗377 ∙ 100 ∙ 10−3 = 𝑗 37,7 Ω
1
𝑍̅𝐶 = −𝑗 377∙100∙10−6 = −𝑗26,5 Ω

Como os elementos estão ligados em série, temos:


𝑍̅ = 𝑍̅𝑅 + 𝑍̅𝐿 + 𝑍𝐶̅ = 40 + 𝑗 37,7 − 𝑗26,5 = 40 + 𝑗11,2 = 41,5/15,6o Ω

Exemplo 1.7 Se uma fonte senoidal de valor eficaz igual a 50 V é conectada aos terminais
do circuito resultante do exemplo anterior, qual a corrente que fluirá pelos
elementos do mesmo?

Solução
Adotando-se como referência a tensão de 50 V, tem-se:
̅
𝑉 50/0o
𝐼̅ = = o = 1,20/−15,6
o
A
𝑍̅ 41,5 /15,6
Surgirá, portanto, em cada elemento, uma corrente cuja intensidade é de 1,20 A,
atrasada de 15,6º em relação à tensão da fonte.

1.4.2 Admitância Complexa

Em algumas aplicações, principalmente em circuitos com ramos em paralelo, é mais


conveniente o uso do inverso da impedância, conhecido como admitância. Então:
1 1
𝑌̅ Δ = = 𝐺 + 𝑗𝐵 (1.19)
𝑍̅ 𝑅+𝑗𝑋

onde:
Condutância = G = Parte Real de 𝑌̅= Real [𝑌̅]
Susceptância = B = Parte Imaginária de 𝑌̅ = Imag [𝑌̅]

A unidade de admitância é o siemens, cujo símbolo é S.


1.5 Potência em Circuitos de Corrente Alternada

Considere as duas redes elétricas mostradas na Figura 1.10, com a potência instantânea
fluindo da rede A para a rede B. Tal potência é expressa por

p(t) = v(t) i(t) (1.20)

onde supõe-se que:

v(t) = Vmsen t e i(t) = Imsen (t – 𝜃)

Desta forma tem-se::

p(t) = v(t) i(t) = Vmsent Imsen( t – 𝜃)

Figura 1.10. Fluxo de potência da rede A para a rede B.

Como:
sen (t – 𝜃) = sen t cosθ – senθ cos  t
1
sent cost = 2 sen2t
1 1
sen2t = 2 - 2cos2t

pode-se escrever:
𝑉 𝐼 𝑉 𝐼
𝑝(𝑡) = 𝑚2 𝑚 cos θ − 𝑚2 𝑚 (cos θ𝑐𝑜𝑠2𝜔𝑡 + senθsen2𝜔𝑡) (1.21)

Substituindo nesta última equação a expressão entre parênteses por cos(2𝜔𝑡 − θ),
obtém-se a expressão final para a portência instantânea:
𝑉𝑚 𝐼𝑚 𝑉𝑚 𝐼𝑚
𝑝(𝑡) = cos θ − cos( 2 𝜔 𝑡 − θ) (1.22)
2 2

A forma de onda de p(t) é mostrada na Figura 1.11.b.


Cabem aqui algumas observações importantes a respeito da Equação 1.22 e respectiva
curva:
a) para determinado ângulo de defasagem entre v e i, no caso, θ, a expressão da
potência instantânea apresenta uma componente constante e outra variando no tempo com
frequência igual a duas vezes a frequência das senóides em questão;
b) a curva de p(t) na Figura 1.11.b apresenta valores negativos nos trechos em que v e i
possuem sinais contrários, indicando devolução de potência do circuito B para a fonte
(circuito A), durante esses intervalos. Quanto maior for θ, maior será a extensão de trecho
negativo; se θ diminuir, o trecho negativo diminuirá. Quando θ = 0, a curva de p(t) apresenta-
se totalmente acima do eixo das abcissas, sem trechos negativos, indicando circuito
𝜋
puramente resistivo. Quando θ = 2´ , a curva da potência instantânea mostrará áreas positivas
exatamente iguais às áreas negativas, cancelando-se mutuamente e evidenciando que não há
consumo de potência no circuito.
c) o ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente (θ, no caso) é devido aos
𝜋 𝜋
parâmetros do circuito (R, L, C) e varia de − 2´ a + 2´.

Figura 1.11. Formas de onda de v (t), i (t) e p (t).

Como o valor da potência instantânea muda a todo instante, é mais conveniente


trabalhar com o seu valor médio. Já que se trata de uma função periódica, seu valor médio ao
longo de um ciclo será obtido por:

1 𝑇 1 𝑇 𝑉𝑚 𝐼𝑚 𝑇 𝑉𝑚 𝐼𝑚
𝑃𝑚é𝑑𝑖𝑎 = 𝑇
∫0 𝑝 (𝑡)𝑑𝑡 = 𝑇
{∫0 2
cos θ 𝑑𝑡 − ∫0 2
cos (2𝜔𝑡 − θ)𝑑𝑡}

𝑇 𝑉𝑚 𝐼𝑚
Como ∫0 cos (2𝜔𝑡 − θ)𝑑𝑡 = 0, resulta para a potência média a expressão:
2

𝑉𝑚 𝐼𝑚 𝑉𝑚 𝐼𝑚
𝑃𝑚é𝑑𝑖𝑎 = cos θ = ∙ cos θ = 𝑉𝐼 cos θ (1.23)
2 √2 √2

Este resultado tem um importante significado físico porquanto representa a taxa de


variação média de energia que flui da rede A para a rede B. Essa potência, denominada
Potência Ativa, representa efetivamente a taxa de energia consumida no circuito.
Exemplo 1.8 Certa tensão, expressa por v = 180sen(377t + 20º) V, é aplicada a um circuito,
provocando a circulação de uma corrente identificada por i = 12,3sen (377t –
24º) A. Qual é a potência média solicitada pelo circuito?

Solução
Comparando-se v e i, conclui-se que o ângulo de defasagem é igual a θ = 20 –(-24) =
44º. Portanto, tem-se:
𝑉 180
𝑉= 𝑚= = 127,28 𝑉
√2 √2
𝐼𝑚 12,3
𝐼= = = 8,69 𝐴
√2 √2
P = VIcos44º = 795,64 W

1.6 Potência Complexa

Usando-se agora os fasores 𝑉̅ = 𝑉/𝛼 e 𝐼 ̅ = 𝐼/𝛽, define-se como potência complexa que
flui da rede A para a rede B (vide figura 1.10), o produto

𝑆̅ ∆ 𝑉̅ 𝐼*̅ (1.24)

onde 𝐼 *̅ é o complexo conjugado de 𝐼 .̅

Assim:

𝑆̅ = 𝑉̅ 𝐼 ∗̅ = 𝑉/𝛼 I/−𝛽 = 𝑉𝐼 / 𝛼 − 𝛽 = 𝑉𝐼/ϕ (1.25)

A magnitude de 𝑆̅ é denominada potência aparente:

|𝑆̅| = 𝑆 = 𝑉𝐼 (1.26)

Na forma retangular:

𝑆̅ = 𝑉𝐼cos ϕ + 𝑗𝑉𝐼senϕ = 𝑃 + 𝑗𝑄 (1.27)

onde:
P = VIcosϕ = Real[𝑆̅] = Potência Ativa ou Real
Q = VIsenϕ = Imag[𝑆̅] – Potência Reativa

Observe que a expressão de P é idêntica à dada pela Equação 1.23.


Os sinais de P e Q estão associados com o sinal de ϕ. Se P > 0, associa-se uma taxa de
variação média de energia fluindo de A para B; se P < 0, o fluxo de energia se dá no sentido
oposto.
É mais difícil se associar um significado físico à quantidade Q. Ela é chamada potência
reativa porque está relacionada ao armazenamento de energia por parte dos elementos
reativos do circuito (indutor e capacitor). Ela não contribui para o trabalho em joules
efetivamente realizado.
Embora P, Q, S, tenham a mesma unidade no Sistema Internacional, joules/s,
convencionou-se adotar uma unidade diferente para cada termo, a saber:

S – volt-ampére [VA] e seus múltiplos [kVA], [MVA].


P – watt [W] e seus múltiplos [kW], [MW].
Q – volt-ampére-reativo (VAr] e seus múltiplos [kVAr], [MVAr].

Costuma-se ilustrar o relacionamento entre S, P e Q fazendo uso da imagem de um copo


cheio de cerveja, como mostra a Figura 1.12. O volume total do copo corresponde à potência
aparente S; o volume ocupado pelo líquido (cerveja) corresponde à potência ativa P; e o
volume ocupado pela espuma corresponde à potência reativa Q. A potência ativa (líquido, na
comparação) é a que de fato produz trabalho. A potência reativa ou potência magnetizante
(espuma, na comparação) propociona o fluxo magnetizante indispensável ao funcionamento
de motores e transformadores. A soma fasorial de ambas resulta na potência aparente (tal
qual, no copo, a soma de líquido e espuma resulta no volume total do copo). O volume total
do copo limita a quantidade de líquido e a quantidade de espuma que o copo pode conter. De
modo análogo, a potência aparente dos equipamentos elétricos limita os valores de suas
potências ativa e reativa. Para o mesmo valor de S, o aumento de P implica na diminuição de
Q; o aumento de Q implica na diminuição de P.

Figura 1.12 – copo contendo cerveja e espuma em analogia às potências aparente, ativa e reativa

Suponha-se, por exemplo, um transformador cuja “capacidade” esteja toda esgotada.


Um aumento na carga ativa por ele atendida iria exigir uma redução da carga reativa, pois se
tal não ocorresse o transformador teria sua vida útil diminuída em virtude da sobrecarga a ele
imposta. Tudo se passa como no caso do copo de cerveja: o aumento da espuma implica em
menor volume para o líquido; e vice-versa.

Exemplo 1.9 Calcule a potência complexa gerada pela fonte de tensão correspondente ao
circuito mostrado na Figura 1.13.
Figura. 1.13. Vide exemplo 1.9.

Solução
𝑍̅ = 10 + 𝑗(8 − 10) = 10 − 𝑗2 = 10,2/ − 11,31o 
100/ 0o
𝐼 ̅ = 10,2/ − 11,31o = 9,8/ 11,31o A
𝑆̅ = 𝑉̅ 𝐼 ∗̅ = 100/0o ∙ 9,8/ − 11,31o = 980/ −11,31o = 961 – j 192 VA

O sinal negativo da potência reativa caracteriza carga predominantemente capacitiva.


Significa que o gerador está recebendo potência reativa que é fornecida pela rede formada
pelos elementos passivos. No caso, fornecida pelo resultado líquido da potência reativa do
capacitor menos o consumo da reatância indutiva do indutor.

1.7 Fator de Potência

Considere na Figura 1.10 que a rede A seja ativa e a rede B passiva. Neste caso, é mais
conveniente representar a rede passiva por sua impedância equivalente:

̅
𝑉 𝑉/𝛼 𝑉 𝑉
𝑍̅ = 𝐼 ̅ = = /𝛼 − 𝛽 = /ϕ (1.28)
𝐼/𝛽 𝐼 𝐼

onde ϕ é também a fase da impedância 𝑍̅. Observe que este ângulo é o mesmo da expressão
1.27.
Define-se fator de potência como o quociente da potência ativa pela potência aparente.
Ou Seja:
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (𝐹𝑃) = 𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝐴𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒

O fator de potência é igual ao cosseno do ângulo ϕ. No chamado triângulo de potências,


visto na Figura 1.14, está assinalado o ângulo ϕ.

Figura 1.14. Triângulo de potências.


Exemplo 1.10 Deseja-se ampliar certa indústria e para isso é necessário instalar um motor de
100 kW e fator de potência igual a 0,5. Para alimentar tal motor é preciso um
transformador de, no mínimo, 100/0,5 kVA, ou seja, 200 kVA de capacidade.
A fiação também deverá ser adequada a atender 200 kVA.
Melhorando-se o fator de potência da instalação para 1,0, serão necessários
somente 100 kVA (valor resultante de 100/1). Adicionalmente, a fiação
poderá, neste caso, ter seção mas reduzida.

O fator de potência pode ser indutivo (atrasado) se a carga for indutiva, ou


seja, apresentar a corrente atrasada em relação à tensão. Ele será capacitivo
(adiantado) se a carga for capacitiva, ou seja, a corrente estiver adiantada em
relação à tensão. Ele é puramente resistivo se a corrente estiver em fase com a
tensão.
O fator de potência de uma instalação pode ser melhorado pela introdução de
compensadores síncronos ou pelo uso de capacitores (caso em que a
instalação é muito indutiva).

Exemplo 1.11 Suponha uma instalação na qual P = 100 kW, Q = 125 kVAr e S = 160 kVA.
Para melhorar o fator de potência, instalou-se um motor síncrono super-
excitado (capacitivo) de 100 cv, FP = 0,8, rendimento igual a 92% à plena
carga. Determine o fator de potência resultante para essa situação.

Solução
Antes da ligação do motor síncrono, o fator de potência é igual a 100/160 = 0,62,
indutivo.
O motor síncrono apresenta:
100∙736
𝑃 = 0,92∙1000 = 80 𝑘𝑊
80
𝑆= = 100 𝑘𝑉𝐴
0,8
𝑄 = √1002 − 802 = 60 𝑘𝑉𝐴𝑟 (𝑐𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜)

Os triângulos de potências correspondentes estão representados na Figura 1.15.

Figura 1.15. Vide exemplo 1.11.

O fator de potência resultante é:


180
FPfinal = 190 = 0,95 (atrasado)
Problemas
1.1 Determine o valor médio e o valor eficaz da forma de onda denominada “dente de serra”,
mostrada na Figura 1.P.1.

Figura 1.P.1. Vide problema 1.1.

1.2 Obtenha o valor médio e o valor eficaz da forma de onda representada na Figura 1.P.2.

Figura 1.P.2. Vide problema 1.2.

1.3 Uma fonte de alimentação de um computador ao ser alimentada pela rede elétrica em corrente
alternada demanda corrente cuja forma de onda é a apresentada na figura a seguir. A rede elétrica
fornece tensão eficaz igual a 220 V. As informações no gráfico são referentes a um ciclo da forma
de onda de corrente.

Determine:

a) o valor eficaz da corrente da rede elétrica em corrrente alternada;


b) a potência média (ativa), em W, demandada pela fonte.
c) a nova potência média necessária para alimentar a fonte se a largura de cada pulso de
corrente fosse reduzida para T/10.

1.4 Uma fonte senoidal de valor RMS de 220 V alimenta uma carga através de um circuito alimentador, cuja
impedância é l + j3 ohms. O circuito correspondente a esta rede é mostrado na Figura 1.

Figura 1.P.4

Determine a potência ativa consumida pela carga e o seu fator de potência nas condições de
representação de impedância da carga, conforme Z dado como:

a. Z=1 + j0,5 Ω
b. Z=0,2 + j0,05 Ω
c. Z=0,2 – j0,08 Ω
d. Z=0,1 Ω

1.5 Na frequência =400 rad/s, a corrente está avançada de 63,4o no circuito da Figura 1P.05.
Determinar R e a tensão em cada elemento de circuito. Traçar o diagrama dos fasores de tensão
(considerar uma queda de tensão sobre cada elemento, sendo a soma fasorial total igual à da
fonte).

Figura 1P.05

Resposta: VR=53,6/63,4o V, VL=26,8/153,4o V VC=134,0/-26,6o V

1.6 Determinar a corrente em cada elemento do circuito série-paralelo da figura 1.P.06.


Figura 1.P.06

Resposta: Ij10=3,16/-71,54o A e I5=6,32/18,46o A

1.7 Os valores eficazes das correntes 𝐼1̅ , 𝐼2̅ e 𝐼𝑇̅ do circuito da Figura 1.P.07 são respectivamente,
18, 15 e 30 ampères. Determinar as impedâncias desconhecidas R e XL.

Figura 1.P.07

Resposta: R=5,13  XL=4,39 .

1.8 Em certo circuito chegam a um nó as correntes relacionadas a seguir:

𝐼1̅ = 3/0o
o
𝐼2̅ = 12𝑒 𝑗 60
𝐼1̅ = 13 /−120o

Obtenha a corrente que se afasta desse nó.

1.9 Conhecidos:

𝑋̅ = 20 + 𝑗20
𝑌̅ = 30 /−110o
𝑍̅ = 5
Obtenha:
a) 𝑋̅ + 𝑌̅ + 𝑍̅
b) (𝑋̅ + ̅̅̅𝑌) 𝑍̅
c) 𝑋̅ 𝑌̅ 𝑍̅

1.10 Sendo dados:


̅
𝐵 = 12
𝐶̅ = 2 + j3
𝐷̅ = 15 /−110o
𝐸̅ = 1 – j4
𝐹̅ = 4e j 35º
obtenha:
𝐵̅ 𝐶̅ − 𝐷̅ 𝐸̅
𝐴̅ = 𝐹̅ 𝐶̅ − 𝐸̅ 2

1.11 Defina valor eficaz de uma grandeza, valor médio de uma função, força eletromotriz induzida
e fasor.
1.12 O que é uma frequência padrão de um sistema elétrico?
1.13 Defina fase e diferença de fase entre dois sinais senoidais.
1.14 Dados os sinais a seguir. Considere v(t) como referência e calcule as fases dos outros sinais
em relação a esse.
v(t) = Acos(5t-20o), i(t) = 10sen(5t+30o), h(t)=100sen(5t), p(t) = 220cos(5t-20o)

1.15 Determine os valores eficaz e médio dos sinais periódicos definidos a seguir.
a) x(t) = 220sen(t)
b) y(t) = 220sen(5t) + 10
c) z(t) = 220sen(5t) – 220sen(5t-30o)
d) p(t) = 220e-2t sinal com período T=4 s
e) g(t) = 220sen(5t) - 220sen(10t-30o)

1.16 Usando fasores, determine as funções trogonométricas resultantes abaixo.

a) f(t) = 5cos(t-30o) – 4cos(t-60o)


b) g(t) = 2sen(t-45o) – 4cos(5t-60o) + 5cos(t + 30o) – 2sen(5t-30o)
c) h(t)= 5e-20tcos(t-30o) + 4e-20tcos(t)

1.17 Determine o diagrama fasorial e o fasor resultante (resultado numérico) correspondente às


expressões abaixo (a fase dos fasores na forma polar estão em graus) :

a) (5 + j3) + (-2 + j3)


b) (2j) – (-3 + j2) + (-1 – j2)
c) (1-j)+(2 – j3) – (1+ j3)
d) 5ej30 – (1 – j40)
e) –je-j45 + jej20 – 2(1 – j)
f) e-j35 + 4ej60

1.18 Duas cargas monofásicas apresentam, individualmente, uma potência de 10 kVA cada. Ambas
são conectadas em paralelo a uma rede também monofásica cuja tensão eficaz é igual a 220 V. Ao
ser conectada à rede, o fator de potência da primeira carga é igual a 0,8 indutivo. Conectando-se a
segunda carga, observa-se que o fator de potência das duas cargas juntas resulta em 0,854 atrasado.
Determine:
a) o fator de potência da segunda carga e sua natureza (indutivo ou capacitivo);
b) a intensidade de corrente solicitada pelas duas cargas ligadas juntas;
c) a potência reativa necessária de capacitores, em kVAr, que deve ser acrescentada à rede
de modo que o fator de potência da instalação seja unitário;
d) a redução verificada na intensidade de corrente nas condições do item c), em por cento,
em relação à intensidade de corrente calculada no item b).
1.19 Duas cargas monofásicas são alimentadas em um ponto de uma rede cuja tensão é igual a 220
V. As cargas apresentam potência de 1 kW e 2 kVA, com fatores de potência de, respectivamente,
0,6 e 0,8 ambos atrasados. Despreze qualquer variação de tensão quando as cargas ou outros
elementos, como motores ou capacitores são conectados ao ponto da rede. Determine:
a) o fator de potência resultante da instalação, quando um motor de indução monofásico,
potência 1 kW, fator de potência 0,9, é acrescentado ao ponto da rede.
b) a intensidade da corrente nas condições do item a).
c) a potência reativa de capacitor necessária para tornar o fator de potência resultante nas
condições do item a) igual a 0,95 indutivo.
d) a máxima potência ativa e reativa de uma carga de fator de potência 0,9 atrasado
acrescentada à rede (considerar somente as duas iniciais), se a máxima potência de alimentação do ponto
não deve exceder a 4 kVA.

1.20 Uma fonte senoidal monofásica com valor eficaz igual a 220V alimenta uma carga Z por meio
de um alimentador cuja impedância é igual a 1 + j1 . Considere que o alimentador seja
representado por uma resistência conectada em série com uma reatância. A impedância de carga é
composta de uma resistência R ligada em série com uma reatância X. A carga tem um dos seus
terminais ligado à referência da fonte de tensão. A partir dessas informações, Determine a potência
ativa consumida pela carga e o seu fator de potência nas condições descritas a seguir.
a) Z = 1+j0,5 ;
b) Z = 0,2+j0,5 ;
c) 0,2-j0,08 ;
d) 0,1 ;

1.21 Determinado motor de indução monofásico solicita 2.238 W com fator de potência
igual a 0,92. Ele é atendido por um gerador cuja tensão é de 50 V. Pede-se:
a) o valor da corrente solicitada pelo motor.
b) o triângulo de potências.

1.22 Três motores de indução monofásicos, idênticos, encontram-se ligados em paralelo.


Cada motor solicita 3.730 W e apresenta fator de potência igual a 0,88. A tensão de
suprimento é de 100 V. Qual é a potência (kVA) do gerador adequado a atendê-los?
Apresente o correspondente triângulo de potências.

1.23 Certo aquecedor elétrico de água absorve 2,2 kW com fator de potência unitário e está
ligado em paralelo com um motor de indução monofásico que solicita 1,75 kW e tem
fator de potência igual a 0,82. A tensão de suprimento é de 110 V. Qual é o fator de
potência resultante desta instalação?

1.24 Determinada instalação industrial com alimentação monofásica, suprida em tensão de


220 V, solicita potência igual a 5 kW com fator de potência 0,8 atrasado (indutivo).
Determine para essa instalação:
a) A intensidade de corrente requerida;

b) O valor da potência capacitiva (potência reativa) que deve ser acrescentada à instalação a fim de
melhorar o fator de potência para 0,95 indutivo. Calcule o triângulo de potência correspondente;
c) A nova corrente nas condições do item “b”;

1.25 Um aquecedor de água absorve 2 kW com fator de potência unitário e está ligado em paralelo
com um motor de indução monofásico que solicita 3,75 kW com fator de potência 0,82. Sabendo-se que a
tensão monofásica de suprimento da rede é de 115 V:

a) Determine o fator de potência da instalação e a intensidade de corrente da fonte de alimentação;

b) Qual a capacidade em kVAr capacitivo que deve ser suprida à instalação para elevar o fator de
potência para 0,96 indutivo? Apresente o respectivo triângulo de potência;

c) Determine a intensidade de corrente nas condições do item “b” e verifique que é menor do que a
do item “a”.

1.26 Uma carga monofásica é composta dos seguintes equipamentos ligados em paralelo:

- Motor de indução que absorve 1 kW com fator de potência igual a 0,8;

- Motor de indução que absorve 1,5 kW com fator de potência igual a 0,85;

- Chuveiro (resistência pura), absorvendo 2 kW.

a) Determine a potência aparente total suprida às cargas e o fator de potência resultante;

b) Calcule a potência reativa que deve ser suprida à carga resultante para que o fator de potência
seja melhorado para 0,95 indutivo. Qual a natureza da potência reativa a ser suprida: indutiva ou
capacitiva?

c) Se a tensão de suprimento da carga é 220 V, qual a intensidade de corrente nos itens a) e b)?

1.27 Calcule a impedância equivalente de uma rede industrial cuja frequência é igual a 60 Hz,
quando se liga em paralelo um resistor de 40 , um indutor de 100 mH e um capacitor de 100
F como mostrado na figura abaixo.

Figura 1.P.27
1.28 Analise o fluxo de potência instantâneo p(t) em um capacitor e em um indutor. Como são
relacionadas as formas de ondas de corrente e tensão nestes elementos, quando a tensão é
puramente senoidal? Qual a potência média em cada elemento?
1.29 Em uma chácara, cuja alimentação é monofásica, a tensão é 220 V eficazes. A carga total
(todos equipamentos ligados em paralelo) é composta da seguinte forma:

 2 chuveiros de 2.000 W;
 10 lâmpadas incandescentes de 60 W;
 20 lâmpadas fluorescentes de 40 W, fator de potência 0,9;
 2 motores monofásicos de 0,5 kVA, fator de potência 0,8 indutivo
 3 motores monofásicos de 0,3 kVA, fator de potência 0,86 indutivo
Determine:

a) O fator de potência da instalação;


b) A intensidade de corrente solicitada pela instalação quando todos componentes estão ligados;
c) A compensação em capacitor para elevar o fator de potência da instalação para 0,988
indutivo.

1.30 Um transformador de 25 kVA fornece 12 kW a uma carga com fator de potência de 0,6
atrasado. Determinar a percentagem de plena carga que o transformador alimenta. Desejando-se
alimentar cargas de fator de potência unitário com esse mesmo transformador, quantos kW podem
ser acrescentados até que o transformador esteja a plena carga?
Resposta: 7,2 kW.
CAPÍTULO 2
Circuitos Polifásicos

Sistema polifásico é aquele constituído por duas ou mais tensões. Sua utilização mais
comum ocorre na geração e na transmissão de energia elétrica, através do sistema trifásico.
Outras formas, como sistemas hexafásicos e dodecafásicos, são bastante encontradas em
aplicações que envolvem obtenção de tensões retificadas. Na área de transporte de energia
estuda-se a viabilidade de conversão de circuitos duplos trifásicos em circuitos hexafásicos.
A quase totalidade dos geradores modernos é trifásica. Três fases são igualmente
preferidas quando se trata de transmitir grandes quantidades de potência. De modo geral,
equipamentos e aparelhos trifásicos são mais eficientes que os monofásicos. Esses fatores
justificam a atenção especial que neste capítulo será dada aos sistemas trifásicos.

2.1 Definições

Define-se como sistema de tensão polifásico equilibrado e simétrico a n fases, um


sistema do tipo:

𝑣1 = 𝑉𝑚 se 𝜔𝑡
2𝜋
𝑣2 = 𝑉𝑚 sen (𝜔𝑡 + 1 𝑛 )
2𝜋
𝑣3 = 𝑉𝑚 sen (𝜔𝑡 + 2 𝑛 ) (2.1)
.........................................
2𝜋
𝑣𝑛 = 𝑉𝑚 sen [𝜔𝑡 + (𝑛 − 1) 𝑛 ]

onde n é um número inteiro qualquer, não menor que 3. Observe-se que o conceito de
equilíbrio tem, aqui, ideia de simetria. Não será equilibrado, do ponto de vista elétrico, o
sistema cuja soma das tensões seja nula. É necessário, ainda, que tais tensões sejam defasadas
entre si pelo mesmo ângulo, o que implica em certa simetria.
No caso particular de um sistema trifásico tem-se n = 3 e portanto:

𝑣1 = 𝑉𝑚 sen 𝜔𝑡
(2.2)
2𝜋
𝑣2 = 𝑉𝑚 sen (𝜔𝑡 + )
3
4𝜋
𝑣3 = 𝑉𝑚 sen (𝜔𝑡 + )
3

𝑉𝑚
ou, na forma fasorial, sendo V = :
√2

𝑉̅1 = 𝑉/0
𝑉̅2 = 𝑉/2 𝜋/3
𝑉̅3 = 𝑉/4 𝜋/3
Figura 2.1. Tensões trifásicas: a) variando no tempo; b) representação fasorial.

A Figura 2.1.a mostra a variação, no tempo, das tensões integrantes da Equação 2.2 e a
Figura 2.1.b apresenta sua representação fasorial.

2.2 Obtenção de Sistemas Polifásicos

Considere-se o alternador elementar polifásico, mostrado na Figura 2.2. Trata-se, mais


precisamente, de um gerador de ca trifásico, utilizado para mostrar como são geradas tensões
polifásicas. As bobinas a, b, c, de terminais identificados por aa', bb', cc', são supostas
idênticas, de N espiras cada uma, e estão dispostas no estator defasadas entre si de 120 graus.
O rotor é constituído por um ímã ou por bobinas excitadas por corrente contínua. O rotor
proporciona fluxo constante Φ e gira à velocidade angular constante . Em cada instante a
posição do rotor pode ser definida pelo ângulo  = t, assinalado a partir do eixo da bobina
aa´. As componentes do fluxo paralelas ao plano que contém as bobinas não induzem tensão
nas mesmas. Restam as componenters perpendiculares, a saber:

Φ𝑎 = Φ cos 𝛼
Φ𝑏 = Φ cos ( 𝛼 + 120o ) (2.3)
Φ𝑐 = Φ cos ( 𝛼 − 120o )

Figura 2.2. Alternador trifásico.


De acordo com a lei de Faraday, as fem induzidas nas bobinas a, b, c, são,
respectivamente:
𝑑Φ𝑎 𝑑(cos 𝜔𝑡)
𝑒𝑎 = −𝑁 = −𝑁Φ = 𝑁Φ𝜔sen 𝜔 𝑡
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑Φ𝑏 𝑑(cos (𝜔 𝑡− 120o ))
𝑒𝑏 = −𝑁 = −𝑁Φ = 𝑁Φ𝜔sen(𝜔𝑡 + 120o ) (2.4)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑Φ𝑐 𝑑(cos (𝜔𝑡− 120o ))
𝑒𝑐 = −𝑁 = −𝑁Φ = 𝑁Φ𝜔sen(𝜔𝑡 − 120o )
𝑑𝑡 𝑑𝑡

Como N, Φ, 𝜔 são constantes, pode-se englobá-las numa constante única fazendo Em =


NΦ𝜔 e escrever:
ea = Emsen 𝜔 t
eb = Emsen (𝜔 t + 120º) (2.5)
ec = Emsen (𝜔 t - 120º)

2.3 Sequência de Fases

Sequência de fases de um sistema polifásico é a ordem pela qual as tensões passam pelo
seu valor máximo. Em um sistema de n fases, a quantidade possível de sequências de fases é
obtida por.

𝑛!
= (𝑛 − 1)!
𝑛

Observa-se, na Figura 2.2, que as tensões passam por seus máximos na seguinte ordem:
a,c,b. Portanto, a sequência de fases é, no caso, a,c,b (ou c,b,a; ou ainda b,a,c, que estão no
mesmo sentido de giro). Caso ocorresse uma inversão do sentido de rotação do alternador
mostrado na Figura 2,2, ter-se-ia inversão da sequência de fases, que passaria a ser a,b,c (ou
b,c,a; ou ainda c,a,b). É comum chamar-se a sequência a,b,c de sequência direta ou
sequência positiva; e a,c,b é usualmente chamada de sequência inversa ou sequência
negativa.
Na prática, para inverter a sequência de fases de um sistema trifásico, basta trocar entre
si as posições de duas fases quaisquer.
O sentido de rotação dos motores de indução trifásicos depende da sequência de fases
das tensões aplicadas. Ao se inverter a sequência de fases das tensões aplicadas, inverte-se o
sentido do campo magnético girante e, em consequência, inverte-se o sentido de rotação do
motor.
Nos sistemas trifásicos equilibrados, a inversão da sequência de fases modifica os
ângulos de fase das tensões e das correntes mas não altera seus módulos. Nos sistemas
trifásicos desequilibrados, a inversão da sequência de fases modifica o módulo e os ângulos
de fase das tensões e correntes em análise.

Exemplo 2.1 Um sistema trifásico simétrico apresenta sequência de fases inversa e sabe-se
que 𝑉̅𝑐 = 100/60o V. Determine as tensões 𝑉̅𝑐 , 𝑉̅𝑏 .

Solução
A sequência de fases dada é a,c,b. Então:
𝑉̅𝑏 = 100/60o − 120o = 100/−60o V
𝑉̅𝑎 = 100/60o + 120o = 100/180o =−100 V
2.4 Operadores de Rotação de Fase
2𝜋
Na definição de sistemas polifásicos, observa-se existir uma diferença de fase de 𝑛
radianos entre as grandezas que os caracterizam. Objetivando facilitar os cálculos, procura-se
definir um operador que provoque tal rotação quando aplicado a um fasor. Define-se, então o
o operador 𝜌 por:

𝜌 = 1/2𝜋/𝜂 = 1/360o /𝜂 (2.6)

No caso específico de sistemas trifásicos (n = 3), adota-se o operador 𝑎 = 1 /1200 , que


aplicado a um fasor qualquer faz com que ele seja adiantado de 120 graus. Assim:

𝑎2 = 1 /2400 = 1/−120o = 𝑎−1


𝑎3 = 𝑎2 ∙ 𝑎 = 1 /00
𝑎4 = 𝑎3 ∙ 𝑎 = 𝑎
𝑎−2 = 1 /−2400 = 1/120o = 𝑎
1 + a + a2 = 0
𝑎∗ = 1/−120o = 𝑎−1

Exemplo 2.2 Obenha o valor de 1 – a2.

Solução
1 √3 3 √3
1 – a2 = 1 – 1/2400 = 1 – (− 2 − 𝑗 ) =2+𝑗 = √3 /300
2 2

Exemplo 2.3 Obtenha o valor de a2 – a.

Solução
a2 – a = a2– a4 = a2 (1 – a2) = a2√3 /300 = √3 /−900

2.5 Tensões e Correntes em Circuitos Polifásicos

Sejam duas redes A e B, interligadas por n + 1 condutores, conforme mostra a Figura


2.3. Um dos condutores, o mais inferior no desenho, servirá de ponto de referência para
tensões; é denominado neutro e identificado pela letra n. Os demais condutores são chamados
fases e recebem letras individuais para caracterizá-los.
Figura 2.3. Redes polifásicas interligadas por n + 1 condutores.

Tendo por base a Figura 2.3, define-se como:


 tensão de fase (ou tensão fase-neutro) 𝑉̅𝑓 - a tensão existente entre qualquer condutor
fase e o neutro (exemplo: 𝑉̅𝑓 = 𝑉̅𝑎𝑛 ;
 tensão de linha (ou tensão fase-fase) 𝑉̅𝑙 - a tensão existente entre duas fases quaisquer
(exemplo: 𝑉̅𝑙 = 𝑉̅𝑎𝑏 );
 corrente de linha 𝐼𝑙̅ - a corrente que circula entre as duas redes (exemplo: 𝐼𝑙̅ = 𝐼𝑎̅ );
 corrente de fase 𝐼𝑓̅ - a corrente que circula em cada impedância que compõe a carga
(será vista mais adiante, na abordagem dos tipos de ligação de cargas em sistemas
polifásicos, pois a ilustração correspondente não está disponível na figura);
 corrente de neutro - corrente que percorre o condutor neutro; no caso, 𝐼𝑛̅ .

As tensões de fase da Figura 2.3 podem ser escritas:


𝑉̅𝑎𝑛 = 𝑉̅𝑎 = 𝑉𝑎𝑛 /𝛼𝑎
𝑉̅𝑏𝑛 = 𝑉̅𝑏 = 𝑉𝑏𝑛 /𝛼𝑏
..... ... ............. (2.7)
..... ... .............
..... ... .............
𝑉̅𝑦𝑛 = 𝑉̅𝑦 = 𝑉𝑦𝑛 /𝛼𝑦

As correntes indicadas na citada figura são:


𝐼𝑎̅ = 𝐼𝑎 /𝛽𝑎
𝐼𝑏̅ = 𝐼𝑏 / 𝛽𝑏
.... .......... (2.8)
.... ..........
.... ..........
𝐼𝑦̅ = 𝐼𝑦 / 𝛽𝑦

No neutro a corrente é:

𝐼𝑛̅ = 𝐼𝑛 / 𝛽𝑛 (2,9)

As correntes devem satisfazer à lei de Kirchhoff das correntes:


𝐼𝑎̅ + 𝐼𝑏̅ + 𝐼𝑐̅ + ⋯ + 𝐼𝑦̅ + 𝐼𝑛̅ = 0 (2.10)

Em um sistema polifásico de n fases, diz-se que as tensões são equilibradas quando


360o
apresentam o mesmo módulo e estão defasadas de . Analogamente, diz-se que as
𝑛
360o
correntes são equilibradas quando apresentam o mesmo módulo e estão defasadas de 𝑛 .
O cálculo das tensões de linha (ou tensões fase-fase) pode ser efetuado com a aplicação
da lei de Kirchhoff das tensões (ainda Figura 2.3):

𝑉̅𝑖𝑗 = 𝑉̅𝑖𝑛 − 𝑉̅𝑗𝑛 = 𝑉𝑖 / 𝛼𝑦 − 𝑉𝑗 / 𝛼𝑗 (2.11)

Tratando-se de sistema polifásico de tensão com mesma amplitude, tem-se:

Vi = Vj = Vf

e a Equação 2.11 torna-se:

𝑉̅𝑖𝑗 = 𝑉𝑓 (1/ 𝛼𝑗 − 1/ 𝛼𝑗 ) =
(2.12)
= Vf [(cosi – cosj) + j(seni – senj)]

Calculando-se o módulo de 𝑉̅𝑖𝑗 obtido pela igualdade 2.12 e introduzindo-se as


identidades trigonométricas

cos2A + sen2A = 1
cos(A – B) = cosA cos B + sen A sen B

chega-se a:

𝑉𝑖𝑗 = |𝑉̅𝑖𝑗 | = 𝑉𝑓 √2 − 2 cos(𝛼𝑖 − 𝛼𝑗 )

E então:

𝑉𝑖𝑗 = |𝑉̅𝑖𝑗 | = 𝑉𝑓 √2[1 − cos(𝛼𝑖 − 𝛼𝑗 )] (2.13)

Exemplo 2.4 Determine o módulo das tensões de linha de um sistema trifásico equilibrado
cujo módulo da tensão de fase é Vf e cuja sequência de fases é a, b, c.

Solução
360o
Para n = 3, tem-se: 𝛼𝑖 − 𝛼𝑗 = 3 = 120o .
Portanto:
𝑉𝑖𝑗 = 𝑉𝑓 √2[1 − cos(𝛼𝑖 − 𝛼𝑗 )] = 𝑉𝑓 √2(1 − cos 120o ) = √3𝑉𝑓

Exemplo 2.5
Na Figura 2.4 está representado o diagrama fasorial das tensões de fase de um sistema
hexafásico. O módulo da tensão de fase é V. Determine os módulos das tensões de linha entre
a fase a e cada uma das fases restantes.
Solução
1
|𝑉̅𝑎𝑏 | = 𝑉√2 (1 − ) = 𝑉
2
1
|𝑉̅𝑎𝑐 | = 𝑉√2 (1 + ) = √3𝑉
2
|𝑉̅𝑎𝑑 | = 𝑉√2(1 + 1) = 2 𝑉
|𝑉̅𝑎𝑒 | = |𝑉̅𝑎𝑐 |
|𝑉̅𝑎𝑓 | = |𝑉̅𝑎𝑏 |

Figura 2.4. Sistema hexafásico (Vide exemplo 2.5).

2.6 Fator de Potência de Circuitos Polifásicos

Por definição, o fator de potência de um sistema polifásico equilibrado é o cosseno do


ângulo entre tensão de fase e corrente de fase, qualquer que seja o tipo de ligação da carga.
Supondo-se que o sistema polifásico apresentado na Figura 2.3 equilibrado e simétrico, tenha
𝑉̅𝑎𝑛 como referência e sequência de fases direta (a, b, c, 𝛾). Pode-se então escrever:

Va n = Vb n = . . . = 𝑉𝛾 𝑛 = Vf

e mais:
a = 0
b = − θ
c = − 2θ
.
.
.
𝛼𝛾 = − (n – 1)θ
De modo análogo, para as correntes de fase:
𝐼𝑎 = 𝐼𝑏 = 𝐼𝑐 = ⋯ = 𝐼𝛾 = 𝐼𝑓

e mais:
Φ𝑎 = Φ𝑏 = Φ𝑐 = ⋯ = Φ𝛾 = 𝛼𝑎 − 𝛽𝑎

onde o fator de potência do sistema é cos Φ𝑎 .


A Figura 2.5 mostra o diagrama fasorial correspondente ao circuito representado na
Figura 2.3, tendo-se adotado, por conveniência, a tensão 𝑉̅𝑎 𝑛 como referência.

Figura 2.5. Diagrama fasorial correspondente à Figura 2.3.

2.7 Potência em Circuitos Polifásicos Equilibrados

A obtenção da potência ativa (ou potência média) em sistemas polifásicos equilibrados


tem por base os cálculos por fase. Sendo Vf o módulo da tensão de fase, If o módulo da
corrente de fase, e Φ𝑓 o ângulo entre tensão e corrente, a potência por fase é Pf = Vf If cosΦ𝑓 .
A potência ativa em todas as n fases de um sistema polifásico equilibrado será:

Pn f = n Pf = n Vf If cosΦ𝑓 . (2.14)

Por analogia, para a potência reativa e a potência aparente pode-se escrever:

Qn f = n Vf If senΦ𝑓 (2.15)
Sn f = n Vf If (2.16)
A potência complexa que na Figura 2.3 flui da rede A para a rede B é expressa por:
S̅nf = V
̅an 𝐼𝑎∗̅ + V
̅bn 𝐼𝑏∗̅ + ⋯ + V
̅γn 𝐼γ∗̅ =
(2.17)
γ ̅ ̅
∗ γ ̅
= ∑k=a Vkn 𝐼𝑘 = ∑k=a Sk

onde:
V̅kn = Vkn / 𝛼𝑘
Ik̅ = Ik / 𝛽𝑘
S̅k = Vkn Ik / 𝛼𝑘 − 𝛽𝑘 = Vkn Ik / Φ𝑘
resultando para a potência ativa e potência reativa, as expressões que seguem:
γ
Pnf = ∑k=a Vkn Ik cos Φk (2.18)
γ
Qnf = ∑k=a Vkn Ik sen Φk (2.19)

2.8 Ligação de Impedâncias em Circuitos Polifásicos Equilibrados

Considere-se uma vez mais a Figura 2.3, onde a rede B é passiva e composta por n
elementos de igual impedância. Esses elementos só podem ser interconectados de duas
maneiras diferentes, de modo a manter o equilíbrio do sistema: conexão em estrela e conexão
em malha.

2.8.1 Conexão em Estrela

A conexão em estrela, mostrada na Figura 2.6, caracteriza-se pela existência de um


ponto comum de ligação de todas as impedâncias e alimentação da rede nas outras
extremidades.

Figura 2.6. Conexão em estrela. Figura 2.7. Diagrama fasorial da conexão em


Estrela.

Adotando-se 𝑉̅𝑎𝑛 como referência (diagrama fasorial da Figura 2.7), as tensões de fase
são expressas por:

𝑉̅𝑎𝑛 = 𝑉/ 0o , 𝑉̅𝑏 𝑛 = 𝑉/ −θ, . . ., 𝑉̅𝛾 𝑛 = 𝑉 /−(𝑛 − 1)θ

̅ + 𝐼𝑏𝑌
As correntes 𝐼𝑎𝑌 ̅ , . . . , 𝐼𝛾𝑌
̅ têm o mesmo módulo e diferem no ângulo de fase.
Como o sistema é equilibrado, pode-se escrever:

̅ + 𝐼𝑏𝑌
𝐼𝑎𝑌 ̅ + . . . + 𝐼𝛾𝑌
̅ = − 𝐼𝑛´𝑛
̅ =0

Portanto, nenhuma corrente flui pelo neutro n'n, o que significa que eletricamente os
̅ pode ser calculada como:
pontos n e n' coincidem. A corrente 𝐼𝑎𝑌

̅𝑎𝑛
𝑉 𝑉/ 0o
̅ =
𝐼𝑎𝑌 = (2.20)
𝑍̅𝑌 𝑍̅𝑌
Exemplo 2.6 A tensão de fase de um sistema dodecafásico (12 fases) equilibrado, sequência
de fases direta, conectado em estrela, tem módulo igual a 50 V. Qual é o valor
da tensão de linha entre duas fases adjacentes do sistema em apreço?

Solução
360o
θ = 12 = 30o
𝑉̅𝑎𝑏 = 𝑉̅𝑎𝑛 − 𝑉̅𝑏𝑛 = 50/ 0o − 50/ −30o =
= 50,0 – 43,3 + j25,0 = 6,7 + j25,0
|𝑉̅𝑎 𝑏 | = 25,8 𝑉
Exemplo 2.7 Certa carga hexafásica (6 fases) equilibrada, sequência de fases a-b-c-d-e-f,
ligação estrela, solicita 1.200 kVA de uma fonte cuja tensão de fase é igual a
1.000 V. O fator de potência da carga é igual a 0,9, atrasado. Pede-se:
a) a corrente em cada linha;
b) a tensão fase-fase 𝑉̅𝑎𝑒 .

Solução
a) a intensidade da corrente em cada linha será:
𝑆6Φ 1.200.000
6 6
𝐼𝑎 = = = 200 𝐴
𝑉𝑎 1.000

b)
𝑉̅𝑎𝑒 = 𝑉̅𝑎 − 𝑉̅𝑒 = 1.000 0o − 1.000 −240o = 1.732/ −30o

2.8.2 Conexão em Malha

A conexão em malha, apresentada na Figura 2.8, é caracterizada pela disposição em


série das impedâncias, com a rede de alimentação conectada nos pontos de ligação de cada
duas impedâncias.

Figura 2.8. Conexão em malha.

̅ pode ser calculada em função das correntes de fase 𝐼𝑎𝑏


A corrente de linha 𝐼𝑎Δ ̅ e 𝐼𝛾𝑎
̅ ;
̅ pode ser calculada em função das correntes de fase 𝐼𝑎𝑏
Por sua vez, 𝐼𝑏Δ ̅ e 𝐼𝑏𝑐̅ ; e assim
̅ . As correntes de fase (correntes fluindo pelas
sucessivamente, até a corrente de linha 𝐼𝛾Δ
impedâncias) são:
̅𝑎𝑏
𝑉
̅ =
𝐼𝑎𝑏 (2.21)
𝑍̅Δ

̅𝛾𝑎
𝑉
̅ =
𝐼𝛾𝑎 (2.22)
𝑍̅Δ

Portanto:
̅ ̅
̅ = 𝐼𝑎𝑏
𝐼𝑎Δ ̅ = 𝑉𝑎𝑏 − 𝑉𝛾𝑎
̅ − 𝐼𝛾𝑎
𝑍̅ 𝑍̅ Δ Δ

Fazendo uso da equação 2.11, tem-se:


̅ = 1 (𝑉̅𝑎𝑛 − 𝑉̅𝑏𝑛 + 𝑉̅𝑎𝑛 − 𝑉̅𝛾𝑛 )
𝐼𝑎Δ (2.23)
𝑍̅ Δ

ou seja:
̅ = 𝑉 (1/ 0o − 1/ −θo + 1/ 0o − 1/θ) =
𝐼𝑎Δ 𝑍̅ Δ
𝑉
= 𝑍̅ {2 − [cos θ + 𝑗 sen(−θ)] − [cosθ + 𝑗 senθ]} =
Δ
𝑉
= (2 − 2 cosθ)
𝑍̅Δ

Afinal:
̅ = 2 𝑉 (1 − cosθ)
𝐼𝑎Δ (2.24)
𝑍̅ Δ

̅ = 𝐼𝑎Δ
Para a conexão estrela ser equivalente à conexão em malha é necessário que 𝐼𝑎Y ̅ .
Portanto, igualando-se as expressões 2.20 e 2.24, tem-se:
𝑉 𝑉
= 2 𝑍̅ (1 − 𝑐𝑜𝑠θ)
𝑍̅𝑌 Δ

e por fim:
𝑍̅Δ = 2(1 − 𝑐𝑜𝑠θ)𝑍𝑌̅ (2.25)

A Equação 2.25 é utilizada para se efetuar a conversão de circuito ligado em estrela para
circuito ligado em malha, e vice-versa. Na situação particular de um circuito trifásico, em que
θ = 120°, ter-se-á:

𝑍̅Δ = 3𝑍𝑌̅ (2.26)

Exemplo 2.8 Em um sistema hexafásico equilibrado, ligação em malha, sequência de fases


direta, as correntes de fase têm modulo igual a 100 A. Determine o módulo
das correntes de linha no sistema, adotando como referência a corrente de
̅ .
fase 𝐼𝑎𝑏

Solução
360o
θ = 6 = 60o
𝐼𝑎̅ = 𝐼𝑎𝑏
̅ − 𝐼𝑓𝑎
̅ = 100/ 0o − 100 /−300o = 100 /−60o

Portanto, o módulo das correntes de linha é igual a 100 A.

Exemplo 2.9 Certa fonte hexafásica equilibrada tem sequência de fases a-b-c-d-e-f e tensão
de fase igual a 500 V. Ela fornece 720 kVA a uma carga equilibrada cujo fator
de potência é 0,866 atrasado. Obtenha:
a) a corrente de linha;
b) a impedância equivalente em estrela;
c) a impedância equivalente em malha.
Solução
a) a corrente da linha a terá para módulo:
720
|𝐼𝑎̅ | = 6
= 0,24 𝑘𝐴 = 240 𝐴
500

Seu ângulo: arc(cos 0,866) = 30º. Então:

𝐼𝑎̅ = 240/ −30o 𝐴.

b) a impedância equivalente em estrela é calculada por:


𝑉̅ 500 /0o
𝑍𝑌̅ = 𝑎 = = 2,08 /30o
𝐼𝑎̅ o
240 /−30

c) a impedância equivalente em malha é obtida por:


𝑍Δ̅ = 2𝑍̅𝑌 (1 − cos60o ) = 2 ∙ 2,08 /30o (1 − cos 60o ) = 2,08 /30o

2.9 Sistemas Trifásicos Equilibrados

A quase totalidade da energia elétrica utilizada no mundo é gerada e transmitida por


intermédio de sistemas de tensões trifásicos equilibrados.
Dentre todos os sistemas polifásicos, em igualdade de condições, o trifásico é o mais
econômico no que se refere à quantidade de material condutor necessária à transmissão de
energia elétriea. Para o mesmo tamanho, geradores e motores trifásicos possibilitam a
obtenção de potências maiores que os monofásicos. Sob regime permanente, em circuitos
equilibrados, o valor instantâneo da potência trifásica é constante, ao passo que nos circuitos
monofásicos a potência instantânea é pulsante. Sistemas trifásicos possibilitam oferecer dois
valores distintos de tensões ao usuário (fase-fase e fase-neutro), sendo portanto mais versáteis
que os monofásicos. Motores trifásicos geralmente partem sozinhos, sem necessidade de
dispositivos adicionais; os monofásicos (exceto os de coletor) não têm partida própria.
A geração de tensões trifásicas foi abordada anteriormente neste capítulo, no item 2.2.
Geradores de corrente alternada trifásicos são fabricados com potências que variam de 100
kW a 1.300 MW, para operação em tensões que se estendem de 480 V a 25 kV. Nos sistemas
trifásicos podem ocorrer dois tipos de ligações:
ligação em estrela
ligação em triângulo (ou delta)
Note-se que estrela e malha são termos gerais, aplicáveis a sistemas com qualquer
número de fases. Todavia, estrela e triângulo (ou delta) são termos específicos para sistemas
trifásicos.

2.9.1 Ligação em Estrela

Considere-se a ligação em estrela mostrada na Figura 2.9. Se o sistema apresenta


tensões de alimentação equilibradas, com sequência de fases direta (a, b, c), pode-se escrever
para as tensões de fase:

𝑉̅𝑎 = 𝑉/0o 𝑉̅𝑏 = 𝑉/ −120o 𝑉̅𝑐 = 𝑉/ 120o


Figura 2.9. Ligação trifásica em estrela.

e para as tensões de linha:

𝑉̅𝑎𝑏 = 𝑉̅𝑎 − 𝑉̅𝑏 = √3 𝑉/ 30o = √3𝑉̅𝑎 /30o


𝑉̅𝑏𝑐 = 𝑉̅𝑏 − 𝑉̅𝑐 = √3 𝑉/ −90o = √3𝑉̅𝑏 /30o
𝑉̅𝑐𝑎 = 𝑉̅𝑐 − 𝑉̅𝑎 = √3 𝑉/ 150o = √3𝑉̅𝑐 /30o

Então, para um sistema trifásico simétrico, equilibrado, ligação estrela, com sequência
de fases direta, a tensão de linha é igual à tensão de fase multiplicada por √3 /30o . Se a
sequência de fases for inversa, mantidas as demais condições, a tensão de linha será igual à
tensão de fase multiplicada por √3/−30o .
A soma das correntes de fase é nula, sendo nula também a corrente do neutro 𝐼𝑛̅ . Como
os pontos n' e n encontram-se no mesmo potencial, o circuito da Figura 2.9 pode ser resolvido
como se fosse constituído por três circuitos monofásicos, tal como na Figura 2.10 (fase a
tomada como referência). Esta forma de representação é denominada circuito monofásico
equivalente e se aplica somente a sistemas equilibrados. As tensões e correntes nas outras
fases são obtidas a partir do circuito monofásico equivalente, através da rotação de ± 120º e
levando-se em conta a sequência de fases.

Figura 2.10. Circuito monofásico equivalente.

O diagrama fasorial correspondente às tensões e correntes na ligação em estrela é


mostrado na Figura 2.11.
Figura 2.11. Diagrama fasorial para um sistema trifásico em estrela.

Exemplo 2.10 Certa carga equilibrada ligada em estrela é suprida por um sistema trifásico
simétrico com sequência de fases direta. Sendo 𝑉̅𝑏 = 100 /60o V, determine:
a) as tensões de fase;
b) as tensões de linha.

Solução
a) Tendo em vista a sequência de fases estabelecida, os máximos de tensão ocorrem na
seguinte ordem: 𝑉̅𝑏 , 𝑉̅𝑐 , 𝑉̅𝑎 .

Portanto:
𝑉̅𝑏 = 100 /60o 𝑉
𝑉̅𝑐 = 𝑎2 𝑉̅𝑏 = 100 /60o − 120o = 100 /−60o 𝑉
𝑉̅𝑎 = 𝑎𝑉̅𝑏 = 100 /60o + 120o = 100 /180o 𝑉

b) As tensões de linha são:


𝑉̅𝑎𝑏 = 𝑉̅𝑎 − 𝑉̅𝑏 = (−100) − 100 /60o = √3 100 /210o 𝑉
𝑉̅𝑏𝑐 = 𝑉̅𝑏 − 𝑉̅𝑐 = 100 /60o − 100 /−60o = √3 100 /90o 𝑉
𝑉̅𝑐𝑎 = 𝑉̅𝑐 − 𝑉̅𝑎 = 100 /−60o − (−100) = √3 100 /−30o 𝑉

Exemplo 2.11 Resolva o exemplo anterior supondo agora sequência de fases inversa.

Solução
a) Para a sequência de fases inversa, a ordem dos máximos das tensões passa a ser: 𝑉̅𝑏 ,
𝑉̅𝑎 , 𝑉̅𝑐 . Então, as tensões de fase assumem os seguintes valores:
𝑉̅𝑏 = 100 /60o V
𝑉̅𝑎 = 𝑎2 𝑉̅𝑏 = 100 /60o − 120o = 100 /−60o V
𝑉̅𝑐 = 𝑎𝑉̅𝑏 = 100 /60o + 120o = 100 /180o =−100 V
b) Para as tensões de linha pode-se escrever:
𝑉̅𝑎𝑏 = 𝑉̅𝑎 − 𝑉̅𝑏 = 100 /−60o − 100 /60o = √3 100 /−90o 𝑉
𝑉̅𝑏𝑐 = 𝑉̅𝑏 − 𝑉̅𝑐 = 100 /60o − 100 /180o = √3 100 /30o 𝑉
𝑉̅𝑐𝑎 = 𝑉̅𝑐 − 𝑉̅ 𝑎𝑏 = 100 /180o − 100 /−60o = √3 100 /150o 𝑉

2.9.2 Ligação em Triângulo (ou Ligação em Delta)

Conforme mostra a Figura 2.12, a ligação em triângulo apresenta tensões de linha iguais
às tensões de fase Por outro lado, as correntes de linha 𝐼𝑎̅ , 𝐼𝑏̅ , 𝐼𝑐̅ , são diferentes das correntes
̅ , 𝐼𝑏𝑐
de fase 𝐼𝑎𝑏 ̅ , 𝐼𝑐𝑎
̅ (correntes que circulam nas impedâncias da carga).
Admitindo que a sequência de fases seja
𝑉̅𝑎𝑏 = 𝑉𝑓 /0o , 𝑉̅𝑏𝑐 = 𝑉𝑓 /−120o , 𝑉̅𝑐𝑎 = 𝑉𝑓 /120o

Figura 2.12. Ligação trifásica em triângulo.

pode-se escrever para as correntes de fase:


̅ 𝑉 /0o
̅ = 𝑉𝑎𝑏 = 𝑓
𝐼𝑎𝑏 (2.30)
𝑍̅∆ 𝑍̅∆
̅ 𝑉 /−120o
𝐼𝑏𝑐̅ = 𝑉𝑎𝑐 = 𝑓 (2.31)
𝑍̅∆ 𝑍̅∆
𝑉̅𝑐𝑎 𝑉𝑓 /120o
𝐼𝑐̅ 𝑎 = 𝑍̅ = 𝑍̅ (2.32)
∆ ∆

E a partir delas obtém-se as correntes de linha por:


𝑉 /0o −𝑉𝑓 /120o
𝐼𝑎̅ = 𝐼𝑎𝑏 ̅ = 𝑓
̅ − 𝐼𝑐𝑎 =
𝑍̅∆
(2.33)
𝑉𝑓
= √3 ̅ √3 /−30o A
/−30o = 𝐼𝑎𝑏
𝑍̅∆

𝑉𝑓 /−120o 𝑉𝑓 /0o 𝑉𝑓
𝐼𝑏̅ = 𝐼𝑏𝑐
̅ − 𝐼𝑎𝑏
̅ = − = √3 /−150o =
𝑍̅∆ 𝑍̅∆ 𝑍̅∆
(2.34)
𝑉𝑓
= /−120o ∙ √3 /−30o = 𝐼𝑏̅ 𝑐 √3 /−30o A
𝑍̅∆
𝑉𝑓 /120o 𝑉𝑓 /−120o 𝑉𝑓
𝐼𝑐̅ = 𝐼𝑐𝑎
̅ − 𝐼𝑏𝑐
̅ = − = 𝑗√3 =
𝑍̅∆ 𝑍̅∆ 𝑍̅∆
(2.35)
𝑉
̅ √3 /−30o A.
= 𝑍̅𝑓 /120o ∙ √3 /−30o = 𝐼𝑐𝑎

As três últimas equações permitem a seguinte conclusão: para um sistema trifásico


simétrico, equilibrado, ligação em triângulo, com sequência de fases direta, a corrente de linha
é igual à corrente de fase multiplicada por √3/−30o . Se a sequência de fases for inversa,
mantidas as demais condições, a corrente de linha será igual à corrente de fase multiplicada
por √3/30o .
O diagrama fasorial correspondente às correntes na ligação em triângulo é mostrado na
Figura 2.13.

Figura 2.13. Diagrama fasorial para correntes trifásicas na ligação em triângulo.

Exemplo 2.12 Uma carga equilibrada ligada em triângulo apresenta em cada lado (fase) uma
resistência de 12 ohms em série com uma reatância capacitiva de 16 ohms.
Tensões de linha equilibradas de 115 V são aplicadas à carga, em sequência
de fases direta. Determine os módulos das correntes de fase e das correntes de
linha.

Solução
A impedância de cada lado do triângulo é 𝑍̅ =12 – j16 e tem módulo igual a 20 Ω.
Portanto:
115
|𝐼𝑓̅ | = 20 = 5,75 𝐴
|𝐼𝑙̅ | = √3|𝐼𝑓̅ | = √3 ∙ 5,75 = 9,95 𝐴

2.9.3 Associação de Cargas Trifásicas Equilibradas, em Paralelo

A composição de várias cargas trifásicas equilibradas em paralelo pode ser efetuada da


maneira seguinte: elege-se um tipo de ligação (estrela ou triângulo), transforma-se todas as
cargas para o tipo eleito; e a seguir, pela aplicação da lei que governa circuitos em paralelo,
chega-se à impedância final. Recai-se, então, num dos casos já vistos. Pode-se, ainda,
trabalhar com os valores das potências das várias cargas, somando-se algebricamente as
potências ativas e reativas. Logo, a potência aparente total será obtida por 𝑆 = √𝑃2 + 𝑄 2 .
Por convenção, considera-se positiva a potência reativa de circuitos indutivos e negativa
a potência reativa de circuitos capacitivos (convenção do Institute of Eletrical and Electronics
Engineers (IEEE)).
Exemplo 2.13 Cada lado de uma carga equilibrada conectada em triângulo tem 6 ohms de
resistência e 9 ohms de reatância capacitiva, em série. Cada parte de uma
carga equilibrada ligada em estrela apresenta 8 ohms de resistência e 6 ohms
de reatância indutiva, em série. As duas cargas são ligadas em paralelo e
alimentadas através de tensões de linha trifásicas de 100 V. Calcule a corrente
de linha resultante para alimentar essas cargas.

Solução
Transformando o triângulo em estrela, conforme expressão 2.26, cada lado terá a
6−𝑗9
impedância igual a: 3 = 2 − 𝑗 3 Ω.
A estrela final equivalente terá, por fase, a impedância resultante da associação em
paralelo de 2 −j3 com 8 + j6, cujo módulo é igual a 8,45 Ω. Portanto:
100

|𝐼𝑙̅ | = √3
= 16,7 𝐴
3,45

2.9.4 Resolução de Circuito Equilibrado com Gerador e Carga Ligados em Estrela

No circuito trifásico da Figura 2.14 estão representados um gerador ligado em estrela,


uma carga ligada em estrela, e uma linha de transmissão que interliga o gerador e a carga
citados.

Figura. 2.14. Circuito trifásico equilibrado com gerador e carga ligados em estrela.

Como o sistema é suposto equilibrado, o potencial nos pontos n e n' são iguais e a soma
das correntes 𝐼𝑎̅ , 𝐼𝑏̅ , 𝐼𝑐̅ nesses pontos é nula. Conclui-se daí que 𝐼𝑛̅ = 𝐼𝑎̅ + 𝐼𝑏̅ + 𝐼𝑐̅ = 0. O
circuito dado pode então ser reduzido ao monofásico equivalente mostrado na Figura 2.15,
tendo a fase a como referência.
Figura 2.15. Circuito monofásico equivalente.

A corrente na fase a é calculada por:


V /0o
Ia̅ = ̅g +Z
̅l +Z
̅
(2.36)
Z
E nas demais fases, por:
𝐼𝑏̅ = 𝑎2 𝐼𝑎̅
(2.37)
𝐼𝑐̅ = 𝑎𝐼𝑎̅

2.9.5 Resolução de Circuito equilibrado com Gerador e Carga Ligados em Triângulo

Em sistemas trifásicos não é comum a utilização de geradores ligados em triângulo.


Nessa situação, a tensão gerada resulta não senoidal devido à presença de harmônicos de
terceira ordem. Essas tensões provocam o surgimento de correntes que ficam circulando
dentro do triângulo, originando aquecimento indesejável. Apesar disso, segue-se a abordagem
desse tipo de circuito, tendo em vista fins didáticos.
Na Figura 2.16, as tensões aplicadas à carga são supostas equilibradas e com sequência
de fases a, b, c.

Figura 2.16. Circuito trifásico equilibrado com gerador e carga ligados em triângulo.

Não é possível, como foi feito no item precedente, substituir, de imediato, o circuito
dado pelo circuito monofásico equivalente. Torna-se necessário, preliminarmente, converter
para estrela as ligações em triângulo do gerador e da carga.
A conversão triângulo-estrela das impedâncias da carga é efetuada mediante o uso da
expressão 2.26, vista anteriormente. Por outro lado, as tensões de linha do gerador em
triângulo podem ser convertidas em tensões de fase, para um circuito em estrela, utilizando-se
as expressões 2.27, 2.28, 2.29, igualmente já vistas anteriormente. O circuito inicial, da Figura
2.16, é transformado, assim, no circuito visto na Figura 2.17.
Para que os dois circuitos sejam equivalentes, as suas equações devem ser iguais. A
equação da tensão de linha correspondente ao circuito da Figura 2.16 pode ser escrita:

𝐸̅𝑎𝑏 = 𝑉̅𝑎𝑏 − 𝑍𝑔̅ 𝐼𝑎𝑏


̅ (2.38)
Figura 2.17. Circuito trifásico equivalente ligado em estrela.

Ela deve corresponder exatamente à seguinte equação da tensão de linha, do circuito da


Figura 2.17 (ligação em estrela):

𝐸̅𝑎𝑏 − 𝑉̅𝑎𝑌 − 𝑉̅𝑏𝑌 − (𝑍𝑔𝑌


̅ 𝐼𝑎̅ − 𝑍𝑔𝑌
̅ 𝐼 ̅𝑏 ) =
(2.39)
= 𝑉̅𝑎𝑏 − 𝑍𝑔𝑌
̅ (𝐼𝑎̅ − 𝐼 ̅𝑏 )√3 /0o 𝑉̅𝑎𝑌 ̅ (𝐼𝑎̅ − 𝐼𝑏̅ )
− 𝑍𝑔𝑌

Igualando-se as Equações 2.38 e 2.39, deduz-se que


̅𝑎𝑏
𝑉
𝑉̅𝑎𝑌 = (2.40)
√3 /30o

𝑍𝑔̅ 𝐼𝑎𝑏
̅ = 𝑍𝑔𝑌
̅ (𝐼𝑎̅ − 𝐼𝑏̅ ) (2.41)

A partir da Equação 2.40, por rotações de fase de ± 120°, são obtidas as tensões das
outras fases.
Levando-se em conta que as correntes de linha são as mesmas nos dois circuitos, pode-
se escrever, a partir da Figura 2.16:

𝐼𝑎̅ = 𝐼𝑎𝑏
̅ − 𝐼𝑐𝑎
̅ 𝑒 𝐼𝑏̅ = 𝐼𝑏𝑐
̅ − 𝐼𝑎𝑏
̅

Portanto:

𝐼𝑎̅ − 𝐼𝑏̅ = 2𝐼𝑎𝑏


̅ − 𝐼𝑐𝑎
̅ − 𝐼𝑏𝑐
̅ = 3𝐼𝑎𝑏
̅

Conclui-se então, da Equação 2.41, que:

̅
𝑍𝑔̅ 𝐼𝑎𝑏
̅ = 3𝑍𝑔𝑌
̅ 𝐼𝑎𝑏
̅ 𝑜𝑢 ̅ = 𝑍𝑔
𝑍𝑔𝑌 (2.42)
3

Chegar-se-ia a este mesmo resultado caso se usasse a expressão 2.26.


Agora, tendo a fonte e a carga ligadas em estrela, é válido substituir o circuito da Figura
2.17 pelo circuito monofásico equivalente apresentado na Figura 2.18, onde:
̅𝑎𝑏
𝑉 𝑉
𝑉̅𝑎𝑌 = = /𝛼 − 30o (2.43)
√3 /30o √3

Figura 2.18. Circuito monofásico equivalente à


Figura 2.17.

Exemplo 2.14 Um gerador trifásico ligado em triângulo tem impedância por fase igual a j0,6
Ω e está ligado a uma linha de transmissão cuja impedância por fase é de 0,2
+ j0,4 Ω. A outra extremidade da linha de transmissão está conectada a duas
cargas trifásicas equilibradas, em paralelo: a primeira, em estrela, tem
impedância de 2 +jΩ por fase; a segunda, em triângulo, apresenta por fase
impedância de 6 Ω. Sabe-se que a tensão interna do gerador é de 380 V.
Adote sequência de fases direta e determine:
a) as correntes na linha de transmissão;
b) as correntes de fase, nas cargas;
c) as tensões de fase e as tensões de linha, nas cargas.

Solução
a) Escolhendo-se como referência a tensão 𝑉̅𝑎𝑏 , tem-se o circuito ilustrado na Figura
2.19.

Figura 2.19. Vide exemplo 2.14.

Transformando-se para estrela as tensões e impedâncias que se apresentam em


triângulo, resulta o circuito monofásico equivalente visto na Figura 2.20, onde 𝐼𝑎̅ é a corrente
na linha de transmissão (linha a). Determinando-se a impedância equivalente no circuito
monofásico, chega-se ao circuito da Figura 2.21.
Por fim, obtém-se:
220 /−30o
𝐼𝑎̅ = o
o = 145,6 /−63,55 𝐴.
1,5107 /33,55

E para as demais correntes da linha de transmissão:


𝐼𝑏̅ = 𝑎2 𝐼𝑎̅ = 145,6 /−183,55o 𝐴
𝐼𝑐̅ = 𝑎𝐼𝑎̅ = 145,6 /56,45o 𝐴

Figura 2.20. Circuito monofásico equivalente referente ao exemplo 2.14.

Figura 2.21. Circuito simplificado correnpondente à Figura 2.20.

b) As correntes de fase nas cargas podem ser calculadas por intermédio do divisor de
corrente. Assim procedendo, a corrente de fase correspondente à fase a, na carga em
estrela, será:
(1) 2 2
Ia̅ = 2+2+j1 Ia̅ = 4,123 /14,04o ∙ 145,6 /−63,55o = 70,63 /−77,59o 𝐴
e nas demais fases:
(1) (1)
I̅ = a2 Ia̅ = 70,63 /−197,59o 𝐴
b
(1) (1)
Ic̅ = aIa̅ = 70,63 /42,41o 𝐴.

Para a carga em triângulo calcula-se inicialmente:


(2) 2+j1 2,236 /26,57o
Ia̅ = 2+2+j1 Ia̅ = 4,123 /14,04o ∙ 145,6 /−63,55o 𝐴 =
= 78,96 /−51,02o 𝐴

e a seguir obtém-se as correntes de fase desejadas:


(2)
(2)
I̅a 78,96 /−51,02o
̅ =
Iab = = 45,59 /−21,02o 𝐴
√3 /−30o √3 /−30o
̅(2) = a2 I̅(2) = 45,59 /−141,02o 𝐴
Ibc ab
(2)
̅Ica ̅ (2)
= aIab = 45,59 /98,98o 𝐴

c) Na carga ligada em estrela as tensões de fase são expressas por:


̅a(2) = (2 + j1)Ia̅(1) = 2,236 /26,57o ∙ 70,63 /−77,59o =
V
= 157,93 /−51,02o V
̅a(1) = 157,93 /−171,02o V
̅ (1) = a2 V
V b
̅a(1) = 157,93 /68,98o V
̅c(1) = aV
V

e as tensões de linha por:


̅ (1) = √3 /30o ∙ 157,93 /−51,02o = 273,54 /−21,02o 𝑉
Vab
̅ (1)
V = a2 V ̅a(1) o
bc b = 273,54 /−141,02 𝑉
V
(1)
̅ca ̅a(1)
=a∙V o
b = 273,54 /98,98 𝑉

As tensões de fase da carga ligada em triângulo são iguais às tensões de linha e, no caso,
têm o mesmo valor das tensões de linha da carga ligada em estrela, já que as duas cargas estão
conectadas em paralelo. Portanto:
V̅ (2) = 273,54 /−21,02o 𝑉;
ab
̅ (2) = 273,54 /−141,02o 𝑉;
Vbc
̅ (2)
Vc a = 273,54 /98,98o 𝑉

2.9.6 Potência em Circuitos Trifásicos Equilibrados

Suponha-se um sistema trifásico equilibrado, simétrico, com sequência de fases direta,


tendo a tensão e a corrente da fase a expressas por 𝑉̅𝑎 = 𝑉/θ, 𝐼𝑎̅ = 𝐼/β. A correspondente
potência complexa trifásica é obtida por:

𝑆3̅ Φ = 𝑉̅𝑎 𝐼𝑎∗̅ + 𝑉̅𝑏 𝐼𝑏∗̅ + 𝑉̅𝑐 𝐼𝑐∗̅ =


= 𝑉̅𝑎 𝐼𝑎∗̅ + (𝑎2 𝑉̅𝑎 )(𝑎−2 𝐼𝑎∗̅ ) + (𝑎𝑉̅𝑎 )(𝑎−1𝐼𝑎∗̅ ) ∙= 3𝑉̅𝑎 𝐼𝑎∗̅ = 3𝑉𝐼/θ − 𝛽 (2.44)

A expressão (2.44) pode ser posta na forma:


̅ = 3𝑉𝐼cosΦ + 𝑗3𝑉𝐼senΦ = 𝑃3Φ + 𝑗𝑄3Φ
𝑆3Φ (2.45)

onde:
cosΦ = é o fator de potência;
𝑃3Φ = 3VIcosΦ - é a potência ativa trifásica (watt);
𝑄3Φ = 3VIsenΦ - é a potência reativa trifásica (VAr);
𝑆3Φ = 3VI - é a potência aparente trifásica (VA).
Na prática, é mais frequente o uso de valores de linha, em vez de valores de fase. Ao se
fazer a conversão dos termos da expressão 2.45 para valores de linha, duas situações podem
resultar, em função do tipo de ligação da carga:

a) Carga ligada em estrela


Tem-se: 𝑉𝑙 = √3 𝑉, 𝐼𝑙 = 𝐼𝑓 , portanto:
𝑃3Φ = 3𝑉𝐼cosΦ = √3 √3 𝑉𝐼cosΦ = √3 𝑉𝑙 𝐼𝑙 cosΦ
𝑄3Φ = 3𝑉𝐼senΦ = √3 √3 𝑉 𝐼 senΦ = √3 𝑉𝑙 𝐼𝑙 senΦ
𝑆3Φ = 3𝑉𝐼 = √3 √3 𝑉 𝐼 = √3 𝑉𝑙 𝐼𝑙
b) Carga ligada em triângulo:
Vl = V, Il = √3 I; portanto:
𝑃3Φ = 3𝑉𝐼cosΦ = √3 𝑉√3 𝑉 𝐼 cosΦ = √3 𝑉𝑙 𝐼𝑙 cosΦ
𝑄3Φ = 3𝑉𝐼senΦ = √3 𝑉√3 𝑉 𝐼 senΦ = √3 𝑉𝑙 𝐼𝑙 senΦ
𝑆3Φ = 3𝑉𝐼 = √3 𝑉√3 𝑉 𝐼 = √3 𝑉𝑙 𝐼𝑙

Conclui-se, das equações integrantes dos itens a e b, recém abordados, que as


expressões para a determinação da potência trifásica são as mesmas, quer a carga esteja ligada
em estrela, quer a carga esteja ligada em triângulo.

Exemplo 2.15 Certa carga trifásica equilibrada, fator de potência indutivo igual a 0,8,
absorve 20 kW de um sistema trifásico simétrico, sequência de fases direta.
Sabendo que a tensão de referência 𝑉̅𝑎𝑏 = 380 /0o , calcule as correntes de
linha.

Solução
A intensidade da corrente de linha é obtida por:
𝑃 20.000
𝐼𝑙 = = = 37,98 𝐴.
√3𝑉𝑙cosΦ √3∙380∙0,8

Não foi especificado o tipo de ligação da carga. Supondo-se que ela esteja ligada em
estrela, a tensão da fase a será:
380 /0o
𝑉̅𝑎𝑛 = o = 220 /−30
o
√3 /30

Ao fator de potência 0,8 corresponde o ângulo de 36,9 graus. Como o circuito é


indutivo, a corrente estará atrasada de 36,9 graus em relação à tensão de fase e portanto o
ângulo de fase da corrente de linha será −30° − 36,9° = −66,9°. As correntes de linha são:
𝐼𝑎̅ = 37,98 /−66,9o 𝐴, 𝐼𝑏̅ = 37,98 /173,1o 𝐴, 𝐼𝑐̅ = 37,98 /53,1o 𝐴.
O mesmo resultado seria obtido, caso fosse suposto que a carga fosse ligada em
triângulo.

2.10 Circuitos Trifásicos Desequilibrados (Desequilíbrio de Carga)

Diz-se que um circuito trifásico é desequilibrado (desequilíbrio da carga) quando a


impedância em uma ou mais fases difere da impedância das outras fases. E o caso típico de
cargas desequilibradas, submetidas a tensões trifásicas equilibradas simétricas impostas pela
fonte. A teoria de circuitos (método das correntes de malha ou método nodal) pode ser
aplicada na resolução de circuitos do tipo em apreço, com grande risco de se cair em sistemas
de equações de manuseio muito trabalhoso.
Os procedimentos doravante abordados conduzem a soluções mais simples para os
seguintes casos:
a) carga desequilibrada ligada em triângulo;
b) carga desequilibrada ligada em estrela (sistema a 3 condutores);
c) cargas desequilibradas conectadas em triângulo e em estrela, associadas em paralelo
(sistema a 3 condutores);
d) carga desequilibrada ligada em estrela (sistema a 4 condutores);
e) carga desequilibrada, sistema estrela-estrela, com conexão dos neutros;
f) carga desequilibrada, sistema estrela-triângulo.
Sempre será assumido que as tensões aplicadas são conhecidas e supostas equilibradas e
simétricas. Será assumido também que a sequência de fases será direta, a menos quando for
explicitamente informada.

2.10.1 Carga Desequilibrada Ligada em Triângulo

Na Figura 2.22, a sequência de fases das tensões aplicadas à carga e os valores destas
tensões são impostos pela fonte, sendo portanto conhecidos. Tendo-se a tensão através de
cada impedância pode-se calcular, de imediato, as correntes de fase e em seguida as correntes
de linha.

Figura 2.22. Carga desequilibrada ligada em triângulo.

Admitindo-se, para o circuito figurado, a sequência de fases 𝑉̅𝑎𝑏 , 𝑉̅𝑏𝑐 , 𝑉̅𝑐𝑎 , calculam-se as
seguintes correntes de fase:
̅ ̅ ̅
̅ = 𝑉𝑎𝑏 , 𝐼𝑏𝑐
𝐼𝑎𝑏 ̅ = 𝑉𝑏𝑐 , 𝐼𝑐𝑎
̅ = 𝑉𝑐𝑎
𝑍̅𝑎𝑏 𝑍̅𝑐𝑎 𝑍̅𝑐𝑎

e chega-se às correntes de linha pela aplicação da lei de Kirchhoff nos nós a, b, c:


̅ = 𝐼𝑎𝑏
𝐼𝑎´𝑎 ̅ − 𝐼𝑐𝑎 ̅
̅ = 𝐼𝑏𝑐
𝐼𝑏´𝑏 ̅ − 𝐼𝑎𝑏 ̅
̅𝐼𝑐´𝑐 = 𝐼𝑐𝑎
̅ − 𝐼𝑏𝑐̅

Exemplo 2.16 Dada a carga desequilibrada da Figura 2.23, onde as impedâncias estão
expressas em ohms, calcule as correntes de fase e as correntes de linha
sabendo que a sequência de fases é 𝑉̅𝑎𝑏 , 𝑉̅𝑐𝑎 , 𝑉̅𝑏𝑐 e que 𝑉̅𝑎𝑏 = 110/0o 𝑉.

Solução
Para a sequência de fases estipulada, tem-se:
𝑉̅𝑎𝑏 = 110/0o , 𝑉̅𝑐𝑎 = 110 /−120o , 𝑉̅𝑏𝑐 = 110 /120o

Figura 2.23. Vide exemplo 2.16.


Cálculo das correntes de fase:
̅ 110 /0o 110 /0o
̅ = 𝑉𝑎𝑏 =
𝐼𝑎𝑏 = =
𝑍̅ 𝑎𝑏3−𝑗4 5 /−53,13o
= 22 /53,13o = 13,20 + 𝑗17,6 𝐴
̅
𝑉 110 /−120o
̅ = 𝑐𝑎 =
𝐼𝑐𝑎 = 11 /−120o = −5,50 − 𝑗9,53 𝐴
𝑍̅ 𝑐𝑎 10
̅
𝑉 110 /120o 110 /120o
̅ = 𝑏𝑐 =
𝐼𝑏𝑐 = 2,24 /63,43o =
𝑍̅ 𝑏𝑐 1+𝑗2
o
= 49,11 /56,57 = 27,06 + 𝑗40,99 𝐴

Cálculo das correntes de linha:


̅ = 𝐼𝑎𝑏
𝐼𝑎´𝑎 ̅ − 𝐼𝑐𝑎̅ = 13,20 + 𝑗 17,60 + 5,50 + 𝑗 9,53 = 32,95 /55,42o 𝐴
̅ = 𝐼𝑏𝑐
𝐼𝑏´𝑏 ̅ − 𝐼𝑎𝑏̅ = 27,06 + 𝑗 40,99 − 13,20 − 𝑗 17,60 = 27,19 /59,35o 𝐴
̅ = 𝐼𝑐𝑎
𝐼𝑐´𝑐 ̅ − 𝐼𝑏𝑐̅ = −5,50 − 𝑗 9,53 − 27,06 − 𝑗 40,99 = 60,10 /−122,80o 𝐴

2.10.2 Carga Desequilibrada Ligada em Estrela (Sistema a 3 Condutores)

Há duas alternativas:
a) solução através da conversão da carga em estrela para carga em triângulo, recaindo
no item precedente;
b) solução através do cálculo da tensão de deslocamento do neutro.

a) Solução através da conversão da carga em estrela para carga em triângulo.


A substituição de um sistema de impedâncias ligadas em estrela por um sistema de
impedâncias em triângulo, e vice-versa, pode ser efetuada se valores apropriados forem
atribuídos às impedâncias substituídas. Assim, na Figura 2.24, a impedância equivalente entre
os terminais ab, na ligação estrela, deve ser igual à impedância equivalente entre os terminais
ab, na ligação triângulo. Ou seja: 𝑍1̅ em série com 𝑍̅2 deve ser igual ao arranjo de 𝑍𝑎̅ em
paralelo com a ligação série de 𝑍̅𝑏 e 𝑍𝑐̅ . Matematicamente pode-se escrever:

̅ ]𝑌 = [𝑍̅𝑎𝑏 ]∆
[𝑍𝑎𝑏

Figura 2.24. Transformação estrela-triângulo,

ou seja:
𝑍̅ (𝑍̅ +𝑍̅ )
𝑍1̅ + 𝑍2̅ = 𝑍̅𝑎 +𝑍̅𝑏 +𝑍𝑐̅ (2.46)
𝑎 𝑏 𝑐

Analogamente, para os terminais bc deve-se ter:


[𝑍̅𝑏𝑐 ]𝑌 = [𝑍̅𝑏𝑐 ]∆

ou seja:
𝑍̅ (𝑍̅ +𝑍̅ )
𝑍̅2 + 𝑍̅3 = 𝑍̅𝑏 +𝑍̅𝑐 +𝑍𝑎̅ (2.47)
𝑎 𝑏 𝑐

E para os terminais ca:


[𝑍̅𝑐𝑎 ]𝑌 = [𝑍𝑐𝑎
̅ ]∆

ou seja:
𝑍̅ (𝑍̅ +𝑍̅ )
𝑍1̅ + 𝑍3̅ = 𝑍̅𝑐 +𝑍𝑎̅ +𝑍𝑏̅ (2.48)
𝑎 𝑏 𝑐

Desejando-se substituir uma estrela pelo triângulo equivalente, deve-se resolver o


sistema de equações formado por 2.46, 2.47 e 2.48, buscando 𝑍̅𝑎 , 𝑍𝑏̅ , 𝑍̅𝑐 , em função de
𝑍1̅ , 𝑍̅2 , 𝑍̅3. Assim procedendo obtém-se:
𝑍̅ ∙𝑍̅ +𝑍̅ ∙𝑍̅ +𝑍̅ ∙𝑍̅
𝑍̅𝑎 = 1 2 2 3 1 3 (2.49)
𝑍̅3

̅ ̅ ̅ ̅
𝑍 ∙𝑍 +𝑍 ∙𝑍 +𝑍 ∙𝑍 ̅ ̅
𝑍̅𝑏 = 1 2 2𝑍̅ 3 1 3 (2.50)
1

̅ ̅ ̅ ̅
𝑍 ∙𝑍 +𝑍 ∙𝑍 +𝑍 ∙𝑍 ̅ ̅
𝑍̅𝑐 = 1 2 2𝑍̅ 3 1 3 (2.51)
2

Observe-se que a impedância de um lado do triângulo é obtida por uma fração que tem
para numerador a soma de todos os produtos possíveis das três impedâncias da estrela
tomadas duas a duas e cujo denominador é a impedância "oposta" à impedância do triângulo
que está sendo calculada (Figura 2.24).
Caso se deseje substituir um triângulo pela estrela equivalente, deve-se resolver o
sistema de equações formado por 2.46, 2.47 e 2.48, buscando 𝑍1̅ , 𝑍̅2 , 𝑍̅3 em função de
𝑍̅𝑎 , 𝑍𝑏̅ , 𝑍𝑐̅ . Desta forma, obtém-se:
𝑍̅𝑎 ∙𝑍̅𝑐
𝑍1̅ = (2.52)
𝑍̅𝑎 +𝑍̅𝑏 +𝑍̅𝑐

𝑍̅𝑎 ∙𝑍̅𝑏
𝑍̅2 = 𝑍̅ ̅𝑏 +𝑍̅𝑐
(2.53)
𝑎 +𝑍

𝑍̅𝑏 ∙𝑍̅𝑐
𝑍̅3 = 𝑍̅ ̅𝑏 +𝑍̅𝑐
(2.54)
𝑎 +𝑍

Observe-se que a impedância de um lado da estrela é obtida por uma fração cujo
numerador é igual ao produto das impedâncias "adjacentes" do triângulo e cujo denominador
é igual a soma de todas as impedâncias do triângulo (Figura 2.24).

Exemplo 2.17 Para a carga trifásica desequilibrada vista na Figura 2.25, onde as
impedâncias estão expressas em ohms, calcule as correntes de linha e as
correntes de fase. Sequência de fases: 𝑉̅𝑎𝑏 , 𝑉̅𝑐𝑎 , 𝑉̅𝑏𝑐 . Adote: 𝑉̅𝑎𝑏 = 220 /90o
V.
Figura 2.25. Vide exemplo 2.17.
Solução
De acordo com os dados, as tensões aplicadas são:
𝑉̅𝑎𝑏 = 220 /90o , 𝑉̅𝑐𝑎 = 220 /−30o , 𝑉̅𝑏𝑐 = 220 /−150o

Transformando-se a estrela em triângulo, resultam as seguintes impedâni (Figura 2.26):


10∙(6−𝑗 8)+(6−𝑗 8)(4+𝑗 3)+10∙(4+𝑗 3)
𝑍̅𝑎𝑏∆ = =
4+𝑗 3
148−𝑗64
= = 16 − 𝑗 28 Ω
4+𝑗3
148−𝑗64
𝑍̅𝑏𝑐∆ = 10 = 14,8 − 𝑗 6,4 Ω
148−𝑗64
𝑍̅𝑐𝑎∆ = 6−𝑗8 = 14 + 𝑗 8 Ω

Figura 2.26. Vide exemplo 2.17.

As correntes de fase no triângulo equivalente são calculadas por:


̅ 220 /90o
̅ = 𝑉𝑎𝑏 =
𝐼𝑎𝑏 = 6,82 /150,26o 𝐴
𝑍̅𝑎𝑏 16−𝑗 28
̅𝑏𝑐
𝑉 220 /−150o
̅ =
𝐼𝑏𝑐 = = 13,65 /−126,61o 𝐴
𝑍̅𝑏𝑐 14,8−𝑗 6,4
𝑉̅𝑐𝑎 220 /−30o
̅ =
𝐼𝑐𝑎 = = 13,65 /−59,74o 𝐴
𝑍̅ 𝑐𝑎 14−𝑗 8

E as correntes de linha desejadas são:


̅ = 𝐼𝑎𝑏
𝐼𝑎´𝑎 ̅ − 𝐼𝑐𝑎̅ = 6,82 /150,26o − 13,65 /−59,74o = 19,85 /130,16o 𝐴
̅ = 𝐼𝑏𝑐
𝐼𝑏´𝑏 ̅ − 𝐼𝑎𝑏̅ = 13,65 /−126,61o − 6,82 /150,26o = 14,51 /−98,80o 𝐴
̅ = 𝐼𝑐𝑎
𝐼𝑐´𝑐 ̅ − 𝐼𝑏𝑐̅ = 13,65 /−59,74o − 13,65 /−126,61o = 15,04 /−3,16o 𝐴

b) Solução através do cálculo da tensão de deslocamento do neutro


Admita-se, na Figura 2.27, que tensões equilibradas e simétricas, com sequência de fases
𝑉̅𝑎𝑏 , 𝑉̅𝑐𝑎 , 𝑉̅𝑏𝑐 , sejam aplicadas à carga desequilibrada ligada em estrela, caracterizada pelas
admitâncias 𝐼𝑎̅ , 𝐼𝑏̅ , 𝐼𝑐 .

Figura 2.27. Tensões equilibradas simétricas aplicadas a carga desequilibrada.

O diagrama fasorial destas tensões é visto na Figura 2.28, com o ponto neutro, n,
localizado no centro geométrico do triângulo abc, sendo um ponto fictício de referência. Na
carga, por ser desequilibrada, o ponto comum às três admitâncias não se apresenta no mesmo
potencial do neutro, ponto n, mas sim no potencial do ponto designado por O. A diferença de
potencial entre os pontos n e O, 𝑉̅𝑛𝑜 , é denominada tensão de deslocamento do neutro.
Para obter a expressão que permite calcular a tensão de deslocamento do neutro, no
circuito da Figura 2.27, começa-se por escrever as correntes de linha:
̅ = 𝑉̅𝐴𝑂 ∙ 𝑌̅𝐴
𝐼𝑎𝐴
𝐼𝑏𝐵̅ = 𝑉̅𝐵𝑂 ∙ 𝑌̅𝐵 (2.55)
̅𝐼𝑐𝐶 = 𝑉̅𝐶𝑂 ∙ 𝑌̅𝐶

̅ + 𝐼𝑏𝐵
No ponto O, aplicando-se a lei de Kirchhoff das correntes, vale a igualdade 𝐼𝑎𝐵 ̅ +
̅ = 0. E a partir das equações 2.55 conclui-se que:
𝐼𝑐𝐶
𝑉̅𝐴𝑂 𝑌̅𝐴 + 𝑉̅𝐵𝑂 𝑌̅𝐵 + 𝑉̅𝐶𝑂 𝑌̅𝐶 = 0 (2.56)

Da Figura 2.28:
𝑉̅𝐴𝑂 = 𝑉̅𝑎𝑛 + 𝑉̅𝑛𝑜
𝑉̅𝐵𝑂 = 𝑉̅𝑏𝑛 + 𝑉̅𝑛𝑜 (2.57)
𝑉̅𝐶𝑂 = 𝑉̅𝑐𝑛 + 𝑉̅𝑛𝑜

Figura 2.28. Diagrama fasroail incluindo o ponto


neutro n fictício

Introduzindo as Equações 2.57 em 2.56 obtém-se:


(𝑉̅𝑎𝑛 + 𝑉̅𝑛𝑜 )𝑌̅𝐴 + (𝑉̅𝑏𝑛 + 𝑉̅𝑛𝑜 )𝑌̅𝐵 + (𝑉̅𝑐𝑛 + 𝑉̅𝑛𝑜 )𝑌̅𝐶 = 0

de onde se extrai:
̅ ̅ ̅
−(𝑉 𝑌 +𝑉 𝑌𝐵 +𝑉𝑐𝑛 𝑌𝐶 ) ̅ ̅ ̅
𝑉̅𝑛𝑜 = 𝑎𝑛 𝑌𝐴̅ +𝑌̅𝑏𝑛+𝑌
̅
(2.58)
𝐴 𝐵 𝐶

O conhecimento da tensão de deslocamento do neutro e o uso das Equações 2.57


permitem obter as correntes de linha do circuito. O exemplo seguinte ilustra o procedimento.

Exemplo 2.18 Aplicando o cálculo da tensão de deslocamento do neutro, determine as


correntes de linha que percorrem o circuito mostrado na Figura 2.29
(impedâncias expressas em ohms). A sequência de fases é inversa
(𝑉̅𝑏𝑐 , 𝑉̅𝑎𝑏 , 𝑉̅𝑐𝑎 ) e 𝑉̅𝑏𝑐 é a referência (𝑉̅𝑏𝑐 = 230 /0o 𝑉).

Figura 2.29. Vide exemplo 2.18.

Solução
As tensões de linha aplicadas são definidas como:
𝑉̅𝑏𝑐 = 230 /0o 𝑉, 𝑉̅𝑎𝑏 = 230 /−120o 𝑉, 𝑉̅𝑐𝑎 = 230 /120o V.

correspondem as seguintes tensões de fase:


230 /0o
𝑉̅𝑏𝑛 = o = 132,79 /30
o
V
√3 /−30
𝑉̅𝑎𝑛 = 132,79 /−90o V
𝑉̅𝑐𝑛 = 132,79 /150o V

Por outro lado:


𝑌̅𝐴 = 0,20 /30o S
𝑌̅𝐵 = 0,25 /0o S
𝑌̅𝐶 = 0,10 /−60o S

E mais:
𝑌̅𝐴 + 𝑌̅𝐵 + 𝑌̅𝐶 = 0,47 /1,22o

Ainda:
𝑉̅𝑎𝑛 𝑌̅𝐴 + 𝑉̅𝑏𝑛 𝑌̅𝐵 + 𝑉̅𝑐𝑛 𝑌̅𝐶 = 42,59 /9,30o

Então:
42,59 /9,30o
𝑉̅𝑛𝑜 = 0,47 /1,22o = −90,62 /8,08o V

Pode-se agora calcular:


𝑉̅𝐴𝑂 = 𝑉̅𝑎𝑛 + 𝑉̅𝑛𝑜 = 132,79 /−90o − 90,62/8,08o = 170,96 /−121,65o V
𝑉̅𝐵𝑂 = 𝑉̅𝑏𝑛 + 𝑉̅𝑛𝑜 = 132,79 /30o − 90,62/8,08o = 59,32 /64,77o V
𝑉̅𝐶𝑂 = 𝑉̅𝑐𝑛 + 𝑉̅𝑛𝑜 = 132,79 /150o − 90,62/8,08o = 211,64 /165,31o V

e obter as correntes de linha desejadas:


̅ = 𝑉̅𝐴𝑂 ∙ 𝑌̅𝐴 = 170,96 /−121,65o ∙ 0,20/30o = 34,16 /−91,65o 𝐴
𝐼𝑎𝐴
̅ = 𝑉̅𝐵𝑂 ∙ 𝑌̅𝐵 = 59,32 /64,77o ∙ 0,25/0o = 14,83 /64,77o 𝐴
𝐼𝑏𝐵
𝐼𝑐𝐶̅ = 𝑉̅𝐶𝑂 ∙ 𝑌̅𝐶 = 211,64 /165,31o ∙ 0,10/−60o = 21,16 /105,31o 𝐴

2.10.3 Cargas desequilibradas conectadas em triângulo e em estrela, associadas em


paralelo (sistema a 3 condutores)

Quando tensões de linha equilibradas e simétricas são aplicadas a cargas


desequilibradas conectadas em triângulo e em estrela, associadas em paralelo, sistema a 3
condutores, a solução é facilmente conseguida convertendo-se para triângulo as cargas em
estrela. O sistema resultante, com todas as cargas ligadas em triângulo, em paralelo, pode ser
simplificado para um sistema com carga igual ao triângulo equivalente. Recai-se, então, no
caso 2.10.1, abordado anteriormente.

xemplo 2.19 O sistema de tensões trifásico equilibrado aplicado nos terminais a, b, c do


circuito da Figura 2.30, apresenta tensão de linha com módulo igual a 120 V.
Adote sequência de fases 𝑉̅𝑏𝑐 , 𝑉̅𝑎𝑏 , 𝑉̅𝑐𝑎 . Escolha 𝑉̅𝑏𝑐 como referência e
̅ , 𝐼𝑏𝐵
calcule as correntes de linha 𝐼𝑎𝐴 ̅ , 𝐼𝑐𝐶
̅ . As impedâncias estão expressas em
ohms, na figura citada.

Figura 2.30. Vide exemplo 2.19.

Solução
As tensões aplicadas são, no caso:
𝑉̅𝑏𝑐 = 120 /0o ,∙ 𝑉̅𝑎𝑏 = 120 /−120o , 𝑉̅𝑐𝑎 = 120 /120o

A transformação para triângulo, da carga ligada em estrela, conduz a dois triângulos em


paralelo e, por fim, ao triângulo equivalente que aparece na Figura 2.31. As correntes de fase
neste triângulo equivalente são calculadas por:
120 /0o
̅ =
𝐼𝐵𝐶 o = 24,1523 /−46,76 𝐴,
o ̅ =4,9685/46,76o 
𝑍𝐵𝐶
4,9685 /46,76
120 /−120o
̅ =
𝐼𝐴𝐵 = 14,2253 /−113,55o 𝐴, ̅ =8,4357/−6,45o 
𝑍𝐴𝐵
8,4357 /−6,45o
120 /120o
̅ =
𝐼𝐶𝐴 = 14,6667 /156,80o 𝐴, ̅ =8,1818/−36,80o 
𝑍𝐶𝐴
8,1818 /−36,80o

Figura 2.31. Vide exemplo 2.19.

As correntes de linha solicitadas são obtidas por:


̅ = 𝐼𝐴𝐵
𝐼𝑎𝐴 ̅ − 𝐼𝐶𝐴̅ = 14,2253 /−113,55o − 14,6667 /156,80o =
= 20,3691 /−67,50o 𝐴
̅ = 𝐼𝐵𝐶
𝐼𝑏𝐵 ̅ − 𝐼𝐴𝐵̅ = 24,1523 /−46,76o − 14,2253 /−113,55o =
= 22,6915 /−11,58o 𝐴
𝐼𝑐𝐶̅ = 𝐼𝐶𝐴
̅ − 𝐼𝐵𝐶̅ = 14,6667 /156,80o − 24,1523 /−46,76o =
= 38,0507 /142,10o 𝐴

2.10.4 Cargas desequilibradas ligadas em estrela (sistema a 4 condutores)

Em sistemas a 4 condutores e carga desequilibrada em estrela, a tensão aplicada em


cada impedância da carga permanece constante e igual à tensão de fase da fonte. No neutro
circula uma corrente igual à soma fasorial das correntes de fase.

Exemplo 2.20 Em certo sistema trifásico a 4 fios, a carga ligada em estrela apresenta as
seguintes impedâncias, expressas em ohms, conforme Figura 2.32:

𝑍̅𝑎𝑛 = 40 /50o Ω
𝑍̅𝑏𝑛 = 50 /−60o Ω
𝑍̅𝑐𝑛 = 25 /−30o Ω

A sequência de fases é inversa (𝑉̅𝑏𝑐 , 𝑉̅𝑎𝑏 , 𝑉̅𝑐𝑎 ). Escolha 𝑉̅𝑏 𝑐 = 173,2 V como referência e
obtenha:
a) correntes de linha;
b) corrente no neutro.
Figura 2.32. Vide exemplo 2.20.
Solução
a) Pelos dados do exemplo, tem-se para as tensões de fase os seguintes valores:
173,2 /0o
𝑉̅𝑏𝑛 = = 100 /30o 𝑉
√3 /−30o
𝑉̅𝑎𝑛 = 100 /30o − 120o = 100 /−90o 𝑉
𝑉̅𝑐𝑛 = 100 /30o + 120o = 100 /150o 𝑉

As correntes de linha, no caso, iguais às correntes de fase, são calculadas por:


̅ 100 /−90o
̅ = 𝐼𝑎𝑛
𝐼𝑎´𝑎 ̅ = 𝑉𝑎𝑛 = o = 2,50 /−140 𝐴
o
𝑍̅𝑎𝑛 40 /50
̅𝑏𝑛
𝑉 100 /30o
̅ = 𝐼𝑏𝑛
𝐼𝑏´𝑏 ̅ = = 50 /−60o = 2,00 /90o 𝐴
𝑍̅𝑏𝑛
̅
𝑉 100 /150o
̅ = 𝐼𝑐𝑛
𝐼𝑐´𝑐 ̅ = 𝑐𝑛 = = 4,00 /180o 𝐴
𝑍̅ 𝑐𝑛 25 /−30o

b) Corrente no neutro:
̅ = 𝐼𝑎𝑛
𝐼𝑛´𝑛 ̅ + 𝐼𝑏𝑛
̅ + 𝐼𝑐𝑛
̅ = 2,50 /−140o + 2,00 /90o + 4,00 /180o =
= 5,9282 /176,20o 𝐴

2.10.5 Cargas desequilibradas, sistema estrela-estrela com conexão dos neutros

Sistemas trifásicos a 4 fios, como o mostrado na Figura 2.33, são por vezes encontrados
no sistema de distribuição de energia elétrica.
O trabalho de resolução de circuitos deste tipo pode ser reduzido de maneira
considerável ao se tirar proveito da simetria das equações básicas das tensões. Assim:
𝑉̅𝑛´𝑎´ = 𝑍̅𝑙𝑎 ∙ 𝐼𝑎´𝑎̅ + 𝑍𝑎𝑛 ̅ ∙ 𝐼𝑎´𝑎 ̅ + 𝑍̅𝑛 𝐼𝑛𝑛´
̅ =
= (𝑍𝑙𝑎 ̅ + 𝑍𝑎𝑛 ̅ ) ∙ 𝐼𝑎´𝑎
̅ + 𝑍̅𝑛 𝐼𝑛𝑛´ ̅
𝑉𝑛´𝑏´ = 𝑍𝑙𝑏 ∙ 𝐼𝑏´𝑏 + 𝑍𝑏𝑛 ∙ 𝐼𝑏´𝑏 + 𝑍̅𝑛 𝐼𝑛̅ 𝑛´ =
̅ ̅ ̅ ̅ ̅ (2.59)
= (𝑍𝑙𝑏 ̅ + 𝑍̅𝑏𝑛 ) ∙ 𝐼𝑏´𝑏
̅ + 𝑍̅𝑛 𝐼𝑛𝑛´ ̅
𝑉̅𝑛´𝑐´ = 𝑍̅𝑙𝑐 ∙ 𝐼𝑐´𝑐
̅ + 𝑍̅𝑐𝑛 ∙ 𝐼𝑐´𝑐̅ + 𝑍𝑛̅ 𝐼𝑛𝑛´̅ =
= (𝑍𝑙𝑐 ̅ + 𝑍𝑐𝑛
̅ ) ∙ 𝐼𝑐´𝑐
̅ + 𝑍̅𝑛 𝐼𝑛𝑛´ ̅

E para as correntes de linha:


̅ ̅ ̅
̅ = 𝑉𝑛´𝑎´ −𝑍𝑛∙𝐼𝑛𝑛´
𝐼𝑎´𝑎 𝑍𝑙 𝑎 +𝑍𝑎 𝑛
̅ ̅ ̅
̅ = 𝑉𝑛´𝑏´ −𝑍𝑛∙𝐼𝑛𝑛´
𝐼𝑏´𝑏 (2.60)
𝑍 +𝑍 𝑙𝑏 𝑏𝑛
̅𝑛´𝑐´ −𝑍̅𝑛 ∙𝐼𝑛𝑛´
𝑉 ̅
̅ =
𝐼𝑐´𝑐 𝑍𝑙𝑐 +𝑍𝑐𝑛
Figura 2.33. Sistema em estrela com interligação dos neutros.

̅ = 𝐼𝑎´𝑎
Somando membro a membro as Equações 2.60 e levando em conta que 𝐼𝑛𝑛´ ̅ +
̅ + 𝐼𝑐´𝑐
𝐼𝑏´𝑏 ̅ , pode-se escrever após adequado manuseio:
̅
𝑉 ̅ ̅
𝑎´𝑛´´ + 𝑉𝑏´𝑛´ + 𝑉𝑐´𝑛´
̅ +𝑍
𝑍 ̅ 𝑎𝑛 𝑍 ̅ +𝑍 ̅ ̅ +𝑍
𝑍 ̅
̅ =
𝐼𝑛𝑛´ 𝑙𝑎
̅𝑛
𝑍
𝑙𝑏 𝑏𝑛
̅𝑛
𝑍
𝑙𝑐 𝑐𝑛
̅𝑛
𝑍
(2.61)
1+ ̅ ̅ 𝑎𝑛 +𝑍
̅ +𝑍 ̅ +̅ ̅
𝑍𝑙𝑎 +𝑍 𝑙𝑏 𝑏𝑛 𝑍𝑙𝑐 +𝑍𝑐𝑛

̅ através da Equação 2.61 e obter


A sistemática de cálculo consiste em se determinar 𝐼𝑛𝑛´
em seguida as correntes de linha por intermédio da Equação 2.60. O passo seguinte, consiste
na determinação das tensões de fase na carga, que é realizado através das equações:
𝑉̅𝑎𝑛 = 𝑍̅𝑎𝑛 ∙ 𝐼𝑎´𝑎
̅
̅ ̅
𝑉𝑏𝑛 = 𝑍𝑏𝑛 ∙ 𝐼𝑏´𝑏 ̅ (2.62)
̅ ̅ ̅
𝑉𝑐𝑛 = 𝑍𝑐𝑛 ∙ 𝐼𝑐´𝑐

Por fim, as tensões de linha na carga podem ser conseguidas com o uso das seguintes
equações:
𝑉̅𝑎𝑏 = 𝑍̅𝑎𝑛 ∙ 𝐼𝑛𝑏 ̅
𝑉̅𝑏𝑐 = 𝑍̅𝑏𝑛 ∙ 𝐼𝑛𝑐̅
̅ ̅
𝑉𝑐𝑎 = 𝑍𝑐𝑛 ∙ 𝐼𝑛𝑎̅

Exemplo 2.21 No circuito da Figura 2.34, a tensão fase-neutro no gerador é igual a 127 V,
sequência de fases positiva. Determine:
a) a corrente no neutro;
b) as correntes de linha.

Figura 2.34. Vide exemplo 2.21.

Solução:
a) Corrente no neutro.
Preliminarmente calculam-se os valores:
𝑍̅𝑙𝑎 + 𝑍𝑎𝑛
̅ = 1,04 /73,30o + 10 /0o = 10,35 /5,55o
𝑍̅𝑙𝑏 + 𝑍̅𝑏𝑛 = 1,04 /73,30o + 8 /−30o = 7,83 /−22,54o
𝑍̅𝑙𝑐 + 𝑍̅𝑐𝑛 = 1,04 /73,30o + 5 /53,13o = 5,99 /56,58o
𝑍̅𝑛 = 1,04 /73,30o

que introduzidos na Equação 2.61 possibilitam escrever:


127 /0o 127 /−120o 127 /120o
o + o +
10,35 /5,55 7,83 /−22,54 5,99 /56,58o
̅ =
𝐼𝑛𝑛´ 1,04 /73,30o 1,04 /73,30o 1,04 /73,30o =
1+ + +
10,35 /5,55o 7,83 /−22,54o 5,99 /56,58o
= 16,08 /−8,14o A

b) Correntes de linha
̅ ̅ ̅ 127 /0o −1,04 /73,30o ∙16,08 /−8,14o
̅ = 𝑉𝑎´𝑛´ −𝑍𝑛∙𝐼𝑛 𝑛´ =
𝐼𝑎´𝑎 =
𝑍̅ +𝑍̅
𝑙𝑎 𝑎𝑛 10,35 /5,55o
= 11,68 /−12,78o 𝐴
̅𝑏´𝑛´ −𝑍̅𝑛 ∙𝐼𝑛𝑛´
𝑉 ̅ 127 /−120o −1,04 /73,30o ∙16,08 /−8,14o
̅ =
𝐼𝑏´𝑏 = =
𝑍̅𝑙 𝑏 +𝑍̅𝑏 𝑛 7,83 /−22,54o
= 18,36 /−96,86o 𝐴
̅ 𝑐´𝑛´ −𝑍̅𝑛 ∙𝐼𝑛𝑛´
𝑉 ̅ 127 /120o −1,04 /73,30o ∙16,08 /−8,14o
̅ =
𝐼𝑐´𝑐 = =
𝑍̅𝑙 𝑐 +𝑍̅𝑐𝑛 5,99 /56,58o
o
= 19,72 /70,09 𝐴

2.10.6 Cargas desequilibradas, sistema estrela-triângulo

Sistemas deste tipo (Figura 2.35) são às vezes encontrados em distribuição de energia
elétrica ou em instalações industriais.
A transformação da carga em triângulo para carga em estrela possibilita a soma, por
fase, da impedância da linha com a impedância da carga. Recai-se, então, no caso já apreciado
no item 2.10.2 - Carga desequilibrada ligada em estrela, sistema a 3 condutores.

Figura 2.35. Sistema estrela-triângulo, com carga desequilibrada.

2.10.7 Fator de Potência Vetorial

Em um sistema polifásico desequilibrado cada fase tem o seu próprio fator de potência.
A média dos fatores de potência das fases individuais, que poderia ser chamado de fator de
potência médio, não é normalmente válida para definir o fator de potência de um sistema
desequilibrado. Isso porque não leva em consideração o efeito compensativo dos VArs
capacitivos e VArs indutivos. Recorre-se, então, ao fator de potência vetorial de um sistema
polifásico desequilibrado, definido como:

∑ 𝑉 𝐼 cosΦ
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟𝑖𝑎𝑙 =
√(∑ 𝑉 𝐼 senΦ)2 +(∑ 𝑉 𝐼 cosΦ)2
ou:
∑ 𝑉 𝐼 cosΦ
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟𝑖𝑎𝑙 = |∑ 𝑉 𝐼|
(2.63)
onde:
∑ 𝑉𝐼cosΦ = potência ativa total = soma aritmética das potências ativas individuais das
fases;
∑ 𝑉𝐼senΦ = potência reativa total = soma algébrica das potências reativas individuais
das fases.
De acordo com convenção do IEEE, considera-se positiva a potência reativa de circuitos
indutivos e negativa a potência reativa de circuitos capacitivos.
PROBLEMAS

2.1 Calcule o módulo das tensões de linha de um sistema pentafásico equilibrado, no qual a
tensão de fase tem módulo igual a 100 volts. Apresente o respectivo diagrama fasorial
das tensões, admitindo sequência de fases positiva.

2.2 Uma carga trifásica equilibrada tem fator de potência 0,9 indutivo. Ela absorve 10 kW
de um sistema trifásico equilibrado e simético cuja tensão de linha é igual a 440 V.
Supondo sequência de fases direta, determine:
a) a corrente de linha solicitada pela carga;
b) a potência reativa necessária para melhorar o fator de potência, igualando-o a 0,97
indutivo;
c) o novo valor do fator de potência, ao se conectar em paralelo com a carga, um motor de
indução trifásico de 5 kW, fator de potência 0,9 e rendimento de 95%.

2.3 Considere o circuito da Figura 2.P.1, no qual as impedâncias estão expressas em ohms.

Figura 2.P.1. Vide problema 2.3.


Obtenha:
a) as correntes de linha;
b) as tensões de linha na carga;
c) a potência consumida pela carga;
d) o fator de potência da carga;
e) o novo valor do fator de potência, ao se conectar um capacitor de valor – j2 Ω em
paralelo com cada elemento da carga trifásica.

2.4 Calcule as correntes de fase e as correntes de linha no circuito apresentado na Figura


2.P.2 (impedâncias expressas em ohms).

Figura 2.P.2. Vide problema 2.4.


2.5 Duas cargas trifásicas estão ligadas em paralelo através de um sistema equilibrado e
simétrico, a 3 fios, com tensão de linha igual a 380 V. A sequência de fases é direta e
são fornecidos os seguintes dados sobre as cargas:
- Carga 1 – Ligação triângulo:
𝑍̅𝑎𝑏 = 𝑍̅𝑏𝑐 = 𝑍̅𝑐𝑎 = 6 + 𝑗8 Ω

- Carga 2 – Ligação estrela:


𝑍̅𝑎 = 1 + 𝑗2 Ω, 𝑍𝑏̅ = 5/ 0o Ω, 𝑍𝑐̅ = 4/ 60o Ω
Pede-se calcular:
a) as correntes de fases;
b) a potência total solicitada pela instalação.

2.6 Certo sistema tetrafásico de tensões, simétrico e equilibrado, alimenta determinada


carga desequilibrada conforme Figura 2.P.3 (impedâncias expressas em ohms).
Considerando sequência positiva Vab = 100 V, determine:
a) a corrente 𝐼 ;̅
b) a potência total consumida pela carga.

Figura 2.P.3. Vide problema 2.6.


2.7 Determine o valor da corrente que percorre o neutro do circuito mostrado na Figura
2.P.4 (impedâncias em ohms).

Figura 2.P.4. Vide problema 2.7.

2.8 No circuito abaixo as impedâncias são dadas em ohms e a tensão de linha trifásica de
alimentação, equilibrada e simétrica, tem tensão de linha igual a 200 V.

Adote uma referência angular e com base nesta e nas informações acima, determine:

a) as correntes I1 e I2 no circuito;

b) a potência ativa que a rede elétrica fornece à carga;

c) as três correntes de linha que alimentam a carga;

d) a potência aparente para suprir a carga.

2.9 Determine, para o circuito da figura abaixo:

a) a potência ativa fornecida pelo gerador trifásico;


b) as correntes de fase na carga em triângulo;
c) a tensão de linha total alimentando as cargas;
d) a queda de tensão na linha (impedância 1+j2).
Suponha que as tensões no gerador sejam equilibradas e simétricas, sequência de fases direta. A
intensidade da tensão fase-neutro no gerador é de 100 V.

2.10 Dado o circuito da Figura abaixo. Pede-se resolver os itens a seguir.


a) Com a chave k aberta, determine as correntes de linha no gerador e a tensão VTa’;
b) Agora com a chave k fechada e com 𝑍̅𝑛 = 0, determine as correntes de linha e a tensão
𝑉̅𝑇𝑎′
c) Idem ao item b), porém, considerando 𝑍𝑛̅ = 1 ohm.
d) Calcule as correntes de linha no gerador, considerando o caso em que k está aberta e o
ponto T está conectado ao ponto n’.
e) Idem ao item d), porém o ponto T está conectado ao ponto a’.
f)

Suponha que as tensões no gerador sejam equilibradas e simétricas, sequência direta. A intensidade
da tensão fase-neutro no gerador é de 380 V.

2.11 Considere o circuito trifásico a seguir, no qual


Z a  1,5  j 0,6 , Z b  0,6  j 0,7 , Z c  0,3  j 0,8  Z1  0,5  j 0,6 , Z 2  0,6  j 0,6 , Z 3  0,3  j 0,2 
Sendo a alimentação através dos terminais A, B e C suprida pela rede elétrica da concessionária de
energia, com tensão de linha igual a 220 V, e alimentador com Z  0,5  por fase, calcular:

a) As potências trifásicas aparente, ativa e reativa que são supridas para as duas cargas em
paralelo;
b) A corrente que flui pelo alimentador (linha entre a carga e a rede da concessionária de
energia)
c) A perda no alimentador

2.12 Uma carga trifásica equilibrada é composta dos seguintes equipamentos trifásicos ligados em
paralelo:

- Motor de indução que absorve 1 kW com fator de potência igual a 0,8;

- Motor de indução que absorve 1,5 kW com fator de potência igual a 0,85;

- Carga que absorve 2 kW com fator de potência unitário.

a) Determine a potência aparente total suprida às cargas e o fator de potência resultante;

b) Calcule a potência reativa que deve ser suprida à carga resultante para que o fator de potência
seja melhorado para 0,95 indutivo. Qual a natureza da potência reativa a ser suprida: indutiva ou
capacitiva?

c) Se a tensão de suprimento da carga é 220 V, qual a intensidade de corrente de linha nos itens a) e
b)?

2.13 Um sistema trifásico com sequência de fases cba, a três condutores, 240 V entre fases,
alimenta uma carga em triângulo constituída por Zab=j25 , Zbc=13+j7,5  e Zca=20 .
Determinar as correntes de linha e a potência ativa da carga.
Resposta: Ia=6,06e/247,7o A Ib=25,6/-30o A Ic=27,1/137,2o P=6210 W.

2.14 Um sistema trifásico com sequência de fases abc, a quatro condutores, 208 V entre fases,
alimenta uma carga em estrela, onde Za=10 , Zb=15/30o  e Zc=/-30o . Determinar as
correntes de linha, a corrente do neutro e a potência ativa total da carga.
2.15 Suponha que duas cargas equilibradas são ligadas em paralelo a uma rede elétrica, cuja
tensão de linha é igual a 380 V. A carga I está ligada em triângulo, tendo impedância por fase
igual a 2+j1 . A carga II está conectada em estrela, tendo impedância por fase igual a 1-j2 .
Considerando essas condições, determine:
a) As correntes de linha geradas pela rede.
b) As tensões de fase em cada carga.
c) A potência ativa, reativa, e aparente absorvida por cada carga, bem como os respectivos
fatores de potência. As potências ativa, reativa e aparente fornecidas pela rede elétrica.

2.16 Uma carga trifásica equilibrada tem fator de potência 0,8 atrasado. Ela absorve 5 kW de um
sistema trifásico, equilibrado e simétrico cuja tensão de linha é igual a 380 V. Supondo
sequência de fases inversa, determine:
a) As correntes de linha (fases a, b, c) solicitadas pela carga;
b) A potência reativa necessária para elevar o fator de potência para 0,987 indutivo;
As correntes de linha na situação do item b).

2.17 Duas cargas em triângulo são compostas das seguintes impedâncias:

CARGA 1: ZA1=1+j2  ZB1=j2  ZC1=2 

CARGA 2: ZA2= -j2  ZB2= -2  ZC2=2+j3 

Calcule as correntes de linha nas três fases que alimentam individualmente as cargas,
sabendo-se que trata-se de sistema trifásico simétrico e equilibrado, tensão fase-fase de 50 V, sequência
de fases direta.

2.18 Uma carga trifásica equilibrada tem fator de potência 0,8 atrasado. Ela absorve 5 kW de um
sistema trifásico, equilibrado e simétrico cuja tensão de linha é igual a 380 V. Supondo sequência
de fases inversa, determine:
c) As correntes de linha (fases a, b, c) solicitadas pela carga;
d) A potência reativa necessária para elevar o fator de potência para 0,987 indutivo;
e) As correntes de linha na situação do item b).

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