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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

UNIDADE ACADÊMICA DE ENGENHARIA ELÉTRICA

CENTRO DE ENGENHARIA ELÉTRICA E INFORMÁTICA

ENGENHARIA ELÉTRICA

CARLOS EDUARDO ALVES MAMEDE FILHO

YGOR DE ALMEIDA PEREIRA

MATERIAIS MAGNÉTICOS, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES

CAMPINA GRANDE
2023
CARLOS EDUARDO ALVES MAMEDE FILHO

YGOR DE ALMEIDA PEREIRA

MATERIAIS MAGNÉTICOS, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES

Trabalho para o 3° Estágio do Curso de


Engenharia Elétrica da Universidade
Federal de Campina Grande - UFCG,
como requisito parcial para a obtenção de
pontuação na disciplina de
Eletromagnetismo.

Orientador: Prof. Ms. Mário de Sousa


Araujo Filho

CAMPINA GRANDE
2023
RESUMO

Este trabalho faz uma definição dos materiais dielétricos, abordando as suas
características mais significativas, embasado na sua polarização, permissividade,
condutividade, resistividade e ruptura dielétrica. Além de discorrer sobre as suas
propriedades químicas e físicas, apontando suas principais aplicações e suas
devidas compatibilidades para sua utilização.

Palavras-chave: Propriedades. Aplicações. Dielétricos. Polarização. Capacitância.


ABSTRACT

This work makes a definition of dielectric materials, addressing their most significant
characteristics, based on their polarization, permittivity, conductivity, resistivity and
dielectric breakdown. In addition to discussing their chemical and physical properties,
pointing out their main applications and their due compatibilities for their use.

Keywords: Properties. Applications. Dielectrics. Polarization. Capacitance.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 6

1.1 OBJETIVOS .................................................................................................7

1.1.1 Objetivos Gerais .......................................................................................... 7

1.1.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 7

1.2 MÉTODO DE PESQUISAS...........................................................................7

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................... 8

2.1 MATERIAIS MAGNÉTICOS..........................................................................8

3 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................. 9

3.1 TIPOS DE MATERIAIS MAGNÉTICOS ........................................................ 9

3.2 INDUÇÃO MAGNÉTICA .............................................................................13

3.3 PERMEABILIDADE MAGNÉTICA ...............................................................14

3.4 SUSCETIBILIDADE MAGNÉTICA ..............................................................15

3.5 MAGNETIZAÇÃO .......................................................................................16

3.6 CONDIÇÕES DE FRONTEIRA ...................................................................20

3.7 APLICAÇÕES MATERIAIS MAGNÉTICO ...................................................23

3.7.1 MACIOS .............................................................................................25

3.7.2 DUROS ..................................................................................................... 27

3.7.3 OUTROS MATERIAIS ............................................................................... 27

4 CONCLUSÃO ....................................................................................................28
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 29
1 INTRODUÇÃO

As percepções da existência do fenômeno magnético remontam do século XXVII


a.c, na China, onde indícios indicam que foram usadas espécies de agulhas magnéticas
em carruagens como o uso de uma bússola, a qual aponta fixamente em uma direção,
para guiar caravanas e tropas.

Para além da China, são vistos registros de fenômenos magnéticos na Grécia


antiga no século VI a.C. onde Tales de Mileto viu a propriedade de deslocar ferro como um
tipo de alma que algumas pedras encontradas na região de Magnésia possuíam. Outros
filósofos seguiram tal linha partilhando a alma até pelos objetos inanimados.

Em referências literárias, outros filósofos como Santo Agostinho se mostram


estupefatos ao conhecer o imã e sua propriedade de atração e repulsão. O primeiro
equipamento tecnológico que a ciência do magnetismo produziu foi sem dúvidas a
bússola, está que se viu de suma importância nas cruzadas e nas grandes navegações.

Hans Christian Oersted, físico moderno revolucionou os estudos do magnetismo ao


descobrir e conseguir expressar que fenômenos elétricos e magnéticos estão inter-
relacionados, de forma que cargas elétricas em movimento geram um campo magnético, e
que a variação do campo magnético, por sua vez cria uma corrente elétrica.

O magnetismo é onipresente na tecnologia moderna. Ímãs permanentes são


usados em motores elétricos, alto-falantes e discos rígidos de computadores. Geradores e
transformadores são fundamentais na distribuição de eletricidade. A ressonância
magnética nuclear (RMN) é uma técnica de imagem amplamente usada na medicina para
diagnóstico. Além disso, os ímãs desempenham um papel crucial na indústria, sendo
usados em sistemas de transporte, levitação magnética e até mesmo em trens-bala. Em
resumo, o magnetismo evoluiu de conceitos rudimentares de "almas magnéticas" na
antiguidade para uma compreensão científica sofisticada e uma ampla gama de aplicações
em nosso mundo moderno. O que são materiais magnéticos:

São componentes que exibem propriedades magnéticas, o que significa que eles
podem interagir com campos magnéticos e, por sua vez, gerar campos magnéticos. A
compreensão dos materiais magnéticos é fundamental em diversas aplicações, como na
fabricação de dispositivos eletrônicos, motores elétricos, geração de energia elétrica e
muitos outros campos da ciência e engenharia.
1.1 OBJETIVOS

Esta seção tem como propósito apresentar o objetivo global, desdobrar os


objetivos específicos e delinear o âmbito deste projeto.

1.1.1 Objetivos Gerais

O objetivo geral deste relatório é investigar os materiais magnéticos, suas


aplicações e propriedades, considerando diversos parâmetros, como permissividade,
indução, condições de fronteira, entre outros, com o propósito de dissipar eventuais
incertezas relacionadas a esses materiais. Portanto, após a leitura, o leitor estará apto a
identificar o material mais adequado para a resolução de problemas específicos.

1.1.2 Objetivos Específicos

● Realizar uma investigação aprofundade sobre esse tipo de material;

● Apresentar imagens ilustrativas e situações comuns em nosso cotidiano;

● Destacar materiais frequnetemente utilizado diariamente, ainda que suas


propriedades permaneçam amplamente desconhecidas;

1.2 MÉTODO DE PESQUISAS

O trabalho tem como base a realização de pesquisas por meio da consulta a uma
variedade de fontes de informação, incluindo livros, artigos científicos e revistas
científicas relacionadas aos materiais magnéticos.

Os dados coletados serão submetidos a uma análise minuciosa e comparativa,


alinhada com os princípios teóricos pertinentes, possibilitando a elaboração de
comparações significativas entre eles.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 MATERIAIS MAGNÉTICOS

No que diz respeito a natureza dos materiais magnéticos obter resultados


quantitativos exatos só é possível pelo uso da teoria quântica, no entanto, a partir do
modelo atômico simples de Bohr, no qual ao redor do núcleo os elétrons estão em órbita
circular e distribuídos em camadas, podemos encontrar resultados quantitativos razoáveis
e uma teoria qualitativa satisfatória. Para tal devemos considerar o elétron em órbita como
uma pequena espira de corrente, assim, essa pequena espira sofre um torque em um
campo magnético externo, de modo que esse torque tende a alinhar o campo magnético
produzido pelo elétron em órbita com o campo magnético externo.

Acrescentamos ainda um segundo momento, atribuído ao spin do elétron, que de


maneira simples é o movimento angular do elétron, os cálculos desse segundo momento
são assimilados a matemática da teoria quântica relativista. O experimento de Stern-
Gerlach demonstra que o elétron possui um momento magnético intrínseco µ. Utilizando
desses cálculos é possível mostrar que um elétron pode ter um momento magnético de
spin de aproximadamente: ±9 𝑥 10−24 𝐴. 𝑚2 . A capacidade do sinal ser positivo ou
negativo indica que alinhamentos aditivos ou subtrativos ao campo magnético externo são
possíveis.

Uma outra contribuição para o momento de um átomo é o spin do núcleo, no


entanto este não possui efeito significante sobre as propriedades magnéticas dos materiais
em velocidade dos elétrons no sentido de evitar qualquer mudança no campo magnético
produzido pelo átomo. Vejamos:
Assim, devido a cada átomo possuir sua estrutura particular, no geral eles contêm
muitos componentes de momentos diferentes e a partir dessa combinação de momentos
são determinadas as características magnéticas do material e sua classificação magnética
geral.

3 DESENVOLVIMENTO

3.1 TIPOS DE MATERIAIS MAGNÉTICOS

Nesse momento iremos tratar de diferentes tipos de materiais magnéticos e seus


comportamentos quando sujeitos a um campo magnético. Para tal análise vamos
considerar as seguintes variáveis:

Momento magnético: 𝑚
⃗⃗

Campo magnético: 𝐵

Os materiais chamados por diamagnéticos são aqueles que não apresentam um


momento magnético externamente, ou seja, não possuem pólos magnéticos, isso ocorre
pois nessas substâncias os pequenos campos magnéticos produzidos pelo movimento dos
elétrons em suas órbitas se cancelam com os gerados pelo spin eletrônico, assim o
momento magnético permanente 𝑚
⃗⃗⃗⃗⃗0 de cada átomo é zero.
𝑚
⃗⃗ ó𝑟𝑏𝑖𝑡𝑎 + 𝑚
⃗⃗ 𝑠𝑝𝑖𝑛 = 0 𝐵𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 < 𝐵𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜 𝐵𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 ≡ 𝐵𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜

No entanto, na presença de um campo magnético externo ocorre uma mudança na

⃗ 0 produz uma força para fora no


No caso da figura, o campo magnético aplicado 𝐵
elétron em órbita, pode ser visto pela regra da mão direita lembrando que o elétron tem
carga de sinal negativo. Todavia o raio da órbita é quantizado e não pode ser modificado,
dessa maneira, o desbalanço de forças deve ser contrabalanceado por uma velocidade
orbital menor, que implica em um momento orbital e um campo interno também menores.
Para o caso de um átomo com 𝑚 ⃗ 0 opostos, a força magnética estaria direcionada
⃗⃗ e 𝐵
para dentro, a velocidade e o momento orbital aumentariam ocasionando em um maior
⃗ 0, ainda implicando em um campo interno menor.
cancelamento de 𝐵

Em outras palavras, se o campo magnético de um elétron, estiver ou não, na


direção do campo aplicado, o elétron se confronta a tal campo, diminuindo ou aumentando
sua velocidade, mas nesse ponto o momento magnético do átomo é menor. Ou seja,
enquanto estiver sob a presença do campo externo, o resultado de todos os átomos do
material é uma reação oposta a esse campo. Então, quando visto macroscopicamente o
material só tem reação quando sujeito a um campo aplicado e tende a se afastar dele. O
Bismuto, o Cobre e a Prata são exemplos de elementos diamagnéticos.

Vale ressaltar que o diamagnetismo ocorre em todos os materiais, no entanto


reconhecemos por materiais diamagnéticos apenas aqueles cuja propriedade se vê
evidente.

Observemos um outro material que não apresenta efeitos magnéticos sem a


presença de um campo magnético externo. A classe de material que trataremos é
chamado de paramagnético. Diferente do anterior os efeitos do spin do elétron e do
movimento orbital não se anulam totalmente oferecendo um átomo com um momento
magnético pequeno, porém como a orientação dos átomos é aleatória quando vistos em
conjunto o momento magnético médio é nulo. Apesar disso, quando um campo externo é
aplicado se origina um pequeno torque em cada momento atômico, tais momentos tendem
a se alinhar com o campo externo, como uma espira de corrente, e aumentar o valor de
campo dentro do material em comparação com o valor exterior, mesmo assim o efeito
diamagnético de resistência ao campo externo ainda ocorre. Caso o resultado líquido for
⃗ 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 o material ainda é um diamagnético, no entanto, se houver
uma diminuição de 𝐵
⃗ 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 o material é chamado de paramagnético. De forma clara, um material
aumento de 𝐵
paramagnético se alinha com o campo magnético externo, exemplos de materiais
paramagnéticos são: O potássio, o oxigênio, o tungstênio e o alumínio.

𝑚
⃗⃗ ó𝑟𝑏𝑖𝑡𝑎 + 𝑚
⃗⃗ 𝑠𝑝𝑖𝑛 = 𝑝𝑒𝑞𝑢𝑒𝑛𝑜 𝐵𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 > 𝐵𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜 𝐵𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 ≡ 𝐵𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜

Nos materiais ferromagnéticos, os dipolos desemparelhados alinham-se facilmente


com o campo magnético imposto.

Outro tipo de magnetismo é o ferromagnetismo, os materiais ferromagnéticos


possuem magnetização significativa mesmo na ausência de um campo magnético externo,
diferentemente do paramagnetismo e do diamagnetismo. Essa característica ocorre devido
os átomos possuírem um momento de dipolo grande, com isso as forças interatômicas
conseguem alinhar esses momentos de forma paralela em regiões que são conhecidas por
domínios. Vale ressaltar que cada domínio possui sua direção de alinhamento, além disso,
apesar do ferromagnetismo e o paramagnetismo dependerem de elétrons
desemparelhados, apenas os materiais ferromagnéticos possuem formação de domínios.

Os domínios podem apresentar formas e tamanhos diferentes. Um material


ferromagnético virgem, isto é, nunca exposto a um campo magnético externo, possui
domínios quaisquer em direções aleatórias, por conta disso, o efeito macroscópico é um
cancelamento dos momentos dos domínios. Quando colocado sob um campo externo os
domínios cuja orientação do momento está na direção do campo aplicado tendem a
aumentar de tamanho à custa dos domínios com orientações menos favoráveis, à vista
disso o campo magnético interno aumenta bastante em relação ao aplicado externamente.
Ao remover o campo externo o material ferromagnético, agora não mais virgem, não se
desalinha completamente, ele ainda apresenta indícios de um alinhamento no qual esteve
sujeito e um campo de dipolo residual permanece em uma vista macroscópica. Esse tipo
de memória que o estado magnético do material possui com base na sua história
magnética é denominado de histerese.
⃗⃗⃗⃗⃗ 𝑠𝑝𝑖𝑛 | ≫ |𝑚
|𝑚 ⃗⃗ ó𝑟𝑏𝑖𝑡𝑎 | 𝐵𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 ≫ 𝐵𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜

A curva de histerese ferromagnética é de alta importância para a análise de


materiais ferromagnéticos e suas implementações no mercado, a curva é própria para
cada material e pode ser vista na figura a seguir:

A curva de histerese é um gráfico que mostra como o campo magnético de um


material B se comporta em relação ao campo magnético aplicado 𝐻 = µ0 𝑛𝐼. Quando
aumentamos a corrente elétrica gradualmente a partir do zero, o campo magnético B
começa a aumentar a partir do zero, seguindo uma trajetória que vai da origem (O) até o
ponto P1, chamada de curva de magnetização. À medida que nos aproximamos de P1, a
curva se torna horizontal, indicando que a magnetização do material está próxima de sua
saturação, ou seja, a maioria dos momentos magnéticos no material está alinhada na
mesma direção. Após a saturação, o campo B continua aumentando apenas devido ao
aumento do campo aplicado H, que é proporcional à corrente elétrica. Quando diminuímos
gradualmente o campo aplicado H a partir do ponto P1, não vemos uma diminuição
correspondente na magnetização. Isso ocorre porque as mudanças na orientação dos
domínios magnéticos no material ferromagnético não são completamente reversíveis, e
parte da magnetização permanece no material mesmo quando reduzimos o campo
aplicado H até zero. O valor do campo magnético no ponto r, quando H é zero, é chamado
de magnetização residual Br, que indica quanto da magnetização permanece no material.

Quando invertemos a corrente elétrica, o campo aplicado H também muda de


direção, e o campo magnético B começa a diminuir até atingir zero no ponto c, que é
chamado de campo coercitivo HC. O campo coercitivo indica o quão difícil é desmagnetizar
o material. Para alcançar o outro ponto de saturação, P2, basta aumentar a corrente na
direção oposta. O ciclo é completado quando a corrente é reduzida a zero no ponto P3 e
depois aumentada novamente até o ponto P1.

Quando removemos bruscamente um campo magnético aplicado em um material,


ocorre o fenômeno de relaxação magnética. Nesse processo, os momentos magnéticos no
material diminuem rapidamente devido à ausência do campo magnético, a depender do
material em questão a curva de histerese pode ser mais estreita ou mais larga.

Ao contrário dos materiais ferromagnéticos, os materiais antiferromagnéticos tem


momentos atômicos alinhados de forma antiparalela, o momento magnético é zero, o que
faz com que os materiais antiferromagnéticos sejam poucamente afetados pela presença
de um campo magnético externo. Algumas substâncias antiferromagnético são: O óxido de
níquel (NIO), o sulfeto de ferro(FeS) e os elementos como o manganês e o crómio No geral
esse efeito é que ele só se faz presente em temperaturas baixas.

O Ferrimagnetismo ocorre em materiais que possuem momentos magnéticos com


magnitudes diversas e, apresentam alinhamento antiparalelo de momentos atômicos
adjacentes, tais momentos são de magnitudes diversas. Esse fenômeno pode ser visto em
certos materiais cerâmicos, dentro desses os mais importantes são os conhecidos como
ferrites, nos quais possuem baixa condutividade e são aplicados em núcleos de
transformadores que atuam em altas frequências. O ferrimagnetismo desaparece quando
acima da temperatura de Curie, também denominada de ponto Curie, é a temperatura em
que um material ferromagnético ou um ímã perde suas propriedades magnéticas.

3.2 INDUÇÃO MAGNÉTICA

De forma geral um campo magnético pode ser visualizado através de linhas que
nesse contexto podem ser caracterizadas como linhas de indução magnética. Em cada
ponto, essas linhas têm como funcionalidade indicar a direção e sentido do vetor de
indução magnética. O vetor B é denominado densidade de fluxo magnético ou ainda
indução magnética, que tem suas unidades definidas em Tesla (T) e Weber por metro
quadrado (Wb/𝑚 2 ).
Diante da apresentação feita a respeito da parte conceitual, faz-se necessário
pensar em que tal propriedade é analisado no contexto geral, assim pode-se deduzir que
quando um campo magnético é submetido ao vácuo, o número de linhas de fluxo gerado,
ou simplesmente a densidade de fluxo pode ser expresso pela equação:

𝐵 = 𝐻𝜇0

𝜇0 - permeabilidade magnética do vazio, valor de 4𝜋 . 10−7 (T.m/A ou H/m)


H - vetor de intensidade do campo magnético

A indução magnética, ainda pode ser obtido pela soma do campo magnético com o
campo exterior que é resultado da magnetização do material. O momento magnético
induzido, por unidade de volume, pode ser entendido por a magnetização, vetor M, medido
em A/m:

𝐵 = 𝜇0 (𝐻 + 𝑀)

3.3 PERMEABILIDADE MAGNÉTICA

Outra situação que pode ser observada é quando um material ferromagnético é


relacionado com um campo magnético inserido a um aumento de intensidade de campo
magnético. Para se calcular o contexto em que o material é submetido ao aumento de
magnetização, é usado a permeabilidade magnética, 𝜇, definida como:

𝐵
𝜇=
𝐻

Pode-se admitir que a permeabilidade magnética é um dos parâmetros mais


importantes para classificação dos materiais magnéticos macios, já que indica a
quantidade de indução magnética que é desenvolvida por um material quando submetido a
ação de um determinado campo magnético.
Outro tipo de Permeabilidade abordada nesse tema é a relativa, que tem como
principal diferença a amplificação do campo magnético, representada pela equação:

𝜇
𝜇𝑟 =
𝜇0

Esse tipo de permeabilidade é comumente utilizada para medir a intensidade do


campo magnético induzido. Outra curiosidade é a análise feita a respeito dos valores,
como por exemplo o ferromagnético que não é constante e varia conforme o material é
magnetizado. Sendo assim como forma de generalizar tais medições pode-se definir que a
permeabilidade magnética é medida pela permeabilidade inicial 𝜇𝑖 , e têm-se um valor a
partir do declive da parte inicial da curva, e também da análise da permeabilidade máxima,
𝜇𝑚á𝑥 , definido pela origem e ponto de inflexão contida na indução magnética .

Figura: Representa a parte inicial da curva de magnetização B-H de um material ferromagnético. O


declive 𝜇𝑖 é a permeabilidade magnética inicial e o declive 𝜇𝑚á𝑥 é a permeabilidade magnética máxima.

Por fim, pode-se concluir que os melhores materiais magnetizáveis são aqueles que
possuem altas permeabilidades magnéticas máximas.

3.4 SUSCETIBILIDADE MAGNÉTICA

Como visto nas propriedades anteriores, a magnetização pode ser totalmente


relacionada com a proporcionalidade entre campo magnético aplicado, tendo isso em
consideração é um fato que a suscetibilidade magnética se insere nesse contexto, assim:

𝑀
𝑥 =
𝐻

Essa propriedade desempenha um papel fundamental na representação das


respostas magnéticas de materiais que exibem fraca intensidade magnética.
Frequentemente, essa característica é utilizada para a amplificação do campo magnético
gerado pelo material. Tanto a permeabilidade relativa quanto a suscetibilidade magnética
possuem significados intrinsecamente interligados, e sua relação pode ser estabelecida da
seguinte forma:

𝜇𝑟 = 1 + 𝑥

3.5 MAGNETIZAÇÃO

O deslocamento da carga elétrica, que é representada pelo elétron, desencadeia a


manifestação de forças e campos magnéticos. No contexto dos materiais, o fenômeno do
magnetismo é igualmente causado pela mobilidade dos elétrons, porém, em uma situação
particular, os campos e forças magnéticas surgem devido às características intrínsecas do
spin dos elétrons e seu movimento orbital ao redor dos núcleos correspondentes.

Cada elétron possui dois momentos magnéticos, um de natureza positiva e outro de


natureza negativa. O momento magnético pode ser entendido como a força intrínseca do
campo magnético associada ao elétron. Em grande parte dos átomos, os elétrons
encontram-se em pares, o que resulta na anulação dos momentos magnéticos positivos e
negativos. Por outro lado, quando um elétron solitário e não emparelhado contribui para a
criação do momento magnético em um material ferromagnético ou ferrimagnético, esse
fenômeno é denominado de magnetão de Bohr:

𝑞ℎ
𝜇𝐵 =
4𝜋𝑚𝜀
q - carga do elétron
h - constante de Planck
m𝜀 - massa do elétron

Sendo assim, cabe ressaltar o momento de dipolo magnético (m), que está
relacionado com a corrente 𝐼𝑏 que se movimenta ao redor do caminho que define a área
diferencial dS, que estabelece o momento do dipolo (𝐴. 𝑚 2):

𝑚 = 𝐼𝑏 𝑑𝑆

Em contextos gerais, na hipótese de a presença de n dipolos magnéticos por


unidade volumétrica, é viável considerar um volume 𝛥𝑣, a partir do qual é possível
determinar o dipolo magnético mediante uma operação de soma vetorial:
𝑛 𝛥𝑣

𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∑ 𝑚𝑖
𝑖

Infere-se que cada um dos 𝑚𝑖 podem ser diferentes dependendo do contexto,


sendo assim dando a magnetização M como momento de dipolo magnético, têm-se:
𝑛 𝛥𝑣
1
𝑀 = 𝑙𝑖𝑚 ∑ 𝑚𝑖
𝛥𝑣→0 𝛥𝑣
𝑖

Neste momento, procederemos à análise do efeito resultante do alinhamento dos


dipolos magnéticos, decorrente da aplicação de um campo magnético. Examinaremos
esse alinhamento ao longo de um percurso parcialmente delineado, conforme ilustrado na
figura. A figura apresenta diversos momentos magnéticos (m) que formam um ângulo θ
com o elemento do percurso dL. Cada momento magnético é gerado por uma corrente Ib
que circula ao redor de uma área dS. Estamos, assim, a considerar um pequeno volume,
dS cos θ dL, dS . dL, no qual se encontram ndS . dL dipolos magnéticos. Quando se passa
de uma orientação aleatória para esse alinhamento parcial, a corrente ligada que
atravessa a superfície envolvida pelo percurso aumenta de Ib para cada um dos ndS . dL
dipolos. Portanto, a alteração diferencial na corrente líquida Ib sobre o segmento dL será:

𝑑𝐼𝑏 = 𝑛𝐼𝑏 𝑑𝑆. 𝑑𝐿 = 𝑀. 𝑑𝐿

Dentro de um caminho fechado inteiro, têm-se

𝐼𝑏 = ∮ 𝑀. 𝑑𝐿

Figura: Uma seção dL de um caminho fechado ao longo do qual dipolos magnéticos são parcialmente
emparelhados pro um campo magnético externo. Esse alinhamento fez com que a correte que passa
pelo caminho fechado aumente.
A última equação mencionada apresenta uma notável semelhança com a Lei
Circuital de Ampère, o que possibilita a generalização da relação entre B e H, tornando-a
aplicável a diferentes meios, não se restringindo ao espaço livre. A fundamentação desse
modelo, como exposto anteriormente, está fundamentada na análise das forças e torques
que atuam sobre espiras de corrente localizadas em B, considerando B como nossa
grandeza fundamental. Esta abordagem estimula a busca por aprimoramentos em H.
Portanto, é possível definir a Lei Circuital de Ampère expressa em termos da carga total:

𝐵
𝐼𝑇 = ∮ . 𝑑𝐿
𝜇0
Em que
𝐼𝑇 = 𝐼𝐵 + 𝐼

I - corrente total livre envolvida pelo caminho fechado

Combinando as equações pode-se definir que:

𝐵
𝐼 = 𝐼𝑇 − 𝐼𝐵 = ∮ ( − 𝑀) 𝑑𝐿
𝜇0

Considerando as propriedades anteriormente mencionadas, tornou-se pertinente


estabelecer uma relação entre elas, com o propósito de derivar expressões que contribuam
para a compreensão da conexão subjacente entre essas propriedades. Nesse contexto,
podemos definir a intensidade de campo magnético H, em termos de B e M, da seguinte
maneira:
𝐵
𝐻= −𝑀
𝜇0

Ainda assim, podemos relacionar o H mais uma vez como:

𝐼=∮ 𝐻. 𝑑𝐿

Obtendo a Lei Circuital de Ampère em termos de correntes livres.

Analisando outros contextos, pode-se ser visto outra maneira de calcular as


correntes, a partir da densidades:
𝐼𝐵 = ∫ 𝐽𝐵 . 𝑑𝑆
𝑠

𝐼𝑇 = ∫ 𝐽𝑇 . 𝑑𝑆
𝑠

𝐼 =∫ 𝐽 . 𝑑𝑆
𝑠

Utilizando ainda outra ferramentas matemáticas como o Teorema de Stokes,


podemos transformar algumas equações em rotacionais equivalentes:

𝛻 𝑥 𝑀 = 𝐽𝐵

𝐵
𝛻𝑥 = 𝐽𝑇
𝜇0

𝛻𝑥𝐻= 𝐽

Por fim, é relevante destacar, como foi evidenciado nas leis de análise do campo
magnético, especificamente na Lei de Biot-Savart e na Lei Circuital de Ampère, as quais
foram concebidas para considerações em espaço livre. Portanto, é apropriado estender a
aplicação desses princípios para a análise de campos magnéticos que possam ser
caracterizados pela permeabilidade relativa 𝜇𝑟 .
Portanto, assim como ocorre em materiais dielétricos anisotrópicos, a
permeabilidade de um material magnético anisotrópico deve ser representada por uma
matriz 3x3, ao passo que tanto B quanto H são expressos como matrizes 3x1, logo:

𝐵𝑥 = 𝜇𝑥𝑥 𝐻𝑥 + 𝜇𝑥𝑦 𝐻𝑦 + 𝜇𝑥𝑧 𝐻𝑧

𝐵𝑦 = 𝜇𝑦𝑥 𝐻𝑥 + 𝜇𝑦𝑦 𝐻𝑦 + 𝜇𝑦𝑧 𝐻𝑧

𝐵𝑧 = 𝜇𝑧𝑥 𝐻𝑥 + 𝜇𝑧𝑦 𝐻𝑦 + 𝜇𝑧𝑧 𝐻𝑧

Nesse contexto, nos materiais mencionados previamente, a igualdade 𝐵 =


𝜇𝐻assume a forma de uma equação matricial. Contudo, a expressão𝐵 = 𝜇0 (𝐻 + 𝑀)
mantém sua validade, mesmo quando B, H e M não necessariamente mantêm uma
relação paralela em um contexto geral.

3.6 CONDIÇÕES DE FRONTEIRA

Não obstante as conclusões obtidas na análise de materiais magnéticos e


condutores, é relevante salientar que a condição de fronteira em materiais magnéticos
segue uma abordagem conceitualmente consistente com as observações realizadas nas
grandezas B, H e M na interface de dois materiais dielétricos. Essa concordância
demonstra uma correspondência próxima com os resultados previamente apresentados.

A figura apresentada tem como finalidade a representação de uma condição de


fronteira estabelecida entre dois materiais magnéticos. Estes materiais são considerados
homogêneos, isotrópicos, lineares e possuem permeabilidades magnéticas distintas,
denominadas 𝜇1 e 𝜇2 . Com a finalidade de analisar esta figura, adota-se uma abordagem
que envolve a realização de um corte em uma superfície gaussiana cilíndrica. Tal
procedimento permite a definição das condições de fronteira aplicadas às componentes
normais.

Diante das considerações expostas, ao empregar a Lei de Gauss para o campo


magnético, é possível derivar as seguintes expressões matemáticas:

Aplicando a equação vista em aulas anteriores:

∮ 𝐵 . 𝑑𝑆 = 0
𝑆

Tem-se que:

𝐵𝑁1 𝛥𝑆 − 𝐵𝑁2 𝛥𝑆 = 0
Ou ainda

𝐵𝑁1 = 𝐵𝑁2
Sendo assim,

𝜇1
𝐻𝑁2 = 𝐻
𝜇2 𝑁1

Uma observação de relevância substancial reside na continuidade dos principais


termos magnéticos, destacando a análise da continuidade da componente normal de B, a
qual se mantém contínua de acordo com as equações estabelecidas. Entretanto, a
componente normal de H apresenta descontinuidade em conformidade com a razão
considerada.

Nesse contexto, é crucial ressaltar que, diante do ponto de continuidade


mencionado, a relação entre as componentes normais de M pode ser nitidamente
associada, desde que o contexto envolvendo as componentes normais de H seja
conhecido. Para a análise de materiais magnéticos lineares, esse procedimento assume
uma importância fundamental na dedução da seguinte equação:

𝜇1 𝑋𝑚2 𝜇1
𝑀𝑁2 = 𝑋𝑚2 𝐻𝑁1 = 𝑀
𝜇2 𝑋𝑚1 𝜇2 𝑁1

Prosseguindo com a exploração das propriedades das condições de fronteira, outra


consideração de igual relevância diz respeito à Lei Circuital de Ampère, na qual:

∮ 𝐻. 𝑑𝐿 = 𝐼

Essa equação é empregada na aplicação da análise das correntes ao longo de um


caminho fechado que se encontra intrinsecamente disposto em um plano normal à
superfície de fronteira, conforme ilustrado na figura previamente apresentada. Quando se
efetua a integração completa ao longo desse percurso no sentido horário, obtém-se:

𝐻𝑡1 𝛥𝐿 − 𝐻𝑡2 𝛥𝐿 = 𝐾𝛥𝐿

Nessa situação, é apropriado considerar que, em uma superfície circular dada,


existe uma densidade de corrente superficial designada como K, cujo componente normal
ao plano do percurso fechado é representado por K. Portanto:

𝐻𝑡1 − 𝐻𝑡2 = 𝐾
Figura: Uma superfície gaussiana e um caminho fechado são construídos na fronteira entre os
meios 1 e 2, que têm permeabilidades 𝜇1 e 𝜇2 . Disso, pode ser determinado que as condições de
fronteira 𝐵𝑁1 = 𝐵𝑁2 e 𝐻𝑡1 − 𝐻𝑡2 = 𝐾, sendo assim, o componente da densidade superficial de corrente
está direcionado para dentro da página

Outro ponto de considerável relevância reside na especificação das direções, com


maior precisão, por meio da aplicação do produto vetorial, para a determinação das
componentes tangenciais, isto é:

(𝐻1 − 𝐻2 ) 𝑥 𝑎𝑁12 = 𝐾

Em que 𝑎𝑁12 é denominado o vetor unitário normal de fronteira no contexto de


análise da região 1 para a região 2. Uma formulação equivalente alternativa, expressa
através dos componentes vetoriais tangenciais, pode apresentar-se como uma abordagem
mais apropriada no que concerne ao campo H:

𝐻𝑡1 − 𝐻𝑡2 = 𝑎𝑁12 𝑥 𝐾

Para B tangencial, observa-se que:

𝐵𝑡1 𝐵𝑡2
− =𝐾
𝜇1 𝜇2
Portanto, como conclusão, observa-se que a condição de fronteira aplicada à
componente tangencial da magnetização em materiais lineares é a seguinte:
𝑋𝑚2
𝑀𝑡2 = 𝑀𝑡2 − 𝑋𝑚2 𝐾
𝑋𝑚1

Por fim, é importante observar que as três últimas condições de fronteira relativas
às componentes tangenciais tornam-se mais facilmente tratáveis quando a densidade
superficial de corrente é nula. Essa densidade, que representa uma corrente superficial
livre, deve ser igual a zero caso nenhum dos materiais utilizados seja condutor.

3.7 APLICAÇÕES MATERIAIS MAGNÉTICOS

Neste ponto, serão abordadas algumas das aplicações do magnetismo e sua


influência no mundo moderno. A criação de novos materiais e aplicações se baseia, em
grande parte, no conhecimento adquirido de eletromagnetismo e mecânica quântica.

É importante ressaltar que esta descrição não tem a intenção de abranger todas as
áreas de aplicação do magnetismo, nem de detalhá-las exaustivamente. A intenção é
fornecer uma visão geral das vastas possibilidades nesse campo, onde ciência e
tecnologia se combinam de maneira imaginativa. Essas áreas abrangem desde tecnologia
da informação baseada no magnetismo até aplicações na medicina.

Os materiais ferromagnéticos e ferrimagnéticos são amplamente utilizados devido a


uma característica única em relação a outros metais, polímeros ou cerâmicas: a
capacidade de amplificar um campo magnético aplicado externamente. Essa propriedade é
fundamental para a existência da maioria das máquinas elétricas, como motores,
geradores e transformadores.

Em termos de aplicações, os materiais magnéticos podem ser submetidos a dois


grupos: Os macios e os duros.

A respeito dos macios, há muito tempo, eram reconhecidas as notáveis propriedades


do ferro como material magnético maleável. Além disso, era bem sabido que essas
características podiam ser aprimoradas mediante o processo de purificação do metal.

A introdução de elementos em qualquer um dos metais ferromagnéticos resulta em


modificações em suas propriedades. Quando o elemento adicionado é ferromagnético, o
efeito na indução de saturação depende de seu momento magnético. No caso do ferro, a
adição de níquel leva a uma diminuição na saturação, enquanto a adição de cobalto resulta
em um aumento.

De forma geral, as impurezas tendem a deteriorar as propriedades magnéticas, e


entre essas impurezas, as mais prejudiciais para o ferro são o carbono, o oxigênio e o
nitrogênio.

Nos materiais macios o ciclo histerético deve ser estreito para que o material seja
capaz de magnetizar com facilidade e possua uma alta permeabilidade magnética. Além
disso, para a maioria das aplicações, é importante que o material magnético macio tenha
uma elevada indução de saturação, a saturação magnética ocorre quando um material
magnético atinge seu limite máximo de magnetização em resposta a um campo externo.
como propriedade essencial.

Sobre os duros, conhecemos os ímãs permanentes desde as aplicações mais


antigas e perceptíveis dos materiais magnéticos, cuja função é de criar um campo
magnético externo. Atualmente os ímãs permanentes são utilizados em dispositivos
eletromagnéticos e eletro-acústicos, robótica, instrumentação eletrônica e em diversos
outros equipamentos. Um material considerado duro, tem sua curva de histerese mais
larga, por conta disso é necessário um aplicar um campo maior para desmagnetizar a
estrutura.
3.7.1 Macios

• Ferro puro: O ferro sem impurezas é utilizado na produção de núcleos, relés e ímãs
para corrente elétrica contínua, nas telas magnéticas e nas partes magnéticas de
máquinas elétricas, entre outros usos.

• Ferro: Caracterizado por uma baixa resistividade e alta permeabilidade para valores
altos de indução, o ferro é útil em aplicações de corrente contínua, que requerem
elevadas induções quando expostos a pequenos campos magnéticos.

• Ferro silício: Subdivido de acordo com a porcentagem de Si em suas ligas, esse é


caracterizado a partir de: com menos de 0,5% de silício são utilizadas na fabricação
de motores de pequeno porte de custo acessível, bem como nas seções de circuitos
magnéticos em que uma grande permeabilidade a baixos níveis de indução
magnética assume circunstancial relevância do que a minimização das perdas.
Com valores compreendidos entre 1 e 2,5% são predominantemente destinados à
aplicação em geradores e motores de desempenho intermediário. Elas são
frequentemente empregadas na produção de transformadores de custo mais
acessível, sendo geralmente preferidas em situações em que o aspecto financeiro
assume maior prioridade em detrimento do desempenho aprimorado. As ligas entre
2,5% a 3% são comumente mais usadas na construção médio e pequenos
transformadores e geradores em que o bom rendimento é um critério distintivo
relevante. Por último, no caso das ligas que abrangem teores de silício de 3% a
4.5%, observa-se que elas são empregadas na concepção de transformadores de
potência destinados a operações em frequências industriais, bem como em
alternadores e em componentes de outras máquinas elétricas. Esse cenário se
diferencia notavelmente das categorias previamente mencionadas, uma vez que a
minimização das perdas assume um papel de destaque em prol de um
desempenho substancialmente elevado.

• Ferro - níquel: Caracterizados por apresentarem elevadas permeabilidades iniciais


em condições de baixas induções magnéticas, estas ligas desfrutam de ampla
aplicação no âmbito das telecomunicações. São empregadas em transformadores
especiais, transformadores de instrumentos de medida, bobinas utilizadas em
filtros, cabos submarinos e em uma ampla variedade de componentes especiais,
como relés de resposta rápida e armaduras de instrumentos de medição. Essas
ligas encontram aplicação em máquinas de baixa potência e dispositivos de
controle de temperatura ou transformação de sinal. São particularmente úteis
quando se busca combinar características como dimensões reduzidas, peso
reduzido e baixa potência, como no caso de pequenos motores de baixa potência.

• Ferrites macias - A notável resistividade das ferrites macias constitui uma


propriedade singular que as torna excepcionalmente adequadas para uma ampla
gama de aplicações, abrangendo desde frequências da ordem de alguns megahertz
até micro-ondas. Essa característica deriva de sua capacidade de minimizar as
perdas por correntes de Foucault, que se referem à corrente elétrica induzida em
um material condutor quando sujeito a um campo magnético variável, conforme
estabelecido pela lei de indução de Faraday. Um dos avanços mais significativos
nas aplicações de materiais magnéticos nas últimas décadas ocorreu na área da
gravação magnética. Um exemplo clássico desse avanço é a evolução das
memórias de computadores. No início da computação, essas memórias eram
construídas em forma de tambores magnéticos rotativos, mas posteriormente foram
substituídas por núcleos de ferrite, marcando uma transição fundamental nesse
campo.

• Aço elétrico: Produzido em folhas finas, obtidas por meio da laminação. Essas
folhas são empregadas na construção de núcleos de transformadores, nos circuitos
magnéticos de máquinas elétricas e em dispositivos que operam com corrente
contínua e alternada.

• Aço silício: Compõem a classe dos aços elétricos. Os aços planos ligados ao silício,
conhecidos como Grão Orientado (GO) e Grão Não Orientado (GNO), são utilizados
em aplicações elétricas. O aço silício GO possui propriedades magnéticas
otimizadas na direção de sua laminação, enquanto o GNO apresenta boas
propriedades em qualquer direção. O aço silício GO é empregado em
transformadores de potência e distribuição de energia elétrica, enquanto o GNO
encontra aplicação principal em geradores de usinas hidrelétricas, motores
elétricos, reatores de lâmpadas fluorescentes e compressores herméticos (carcaça
com motor e compressor selados) usados em geladeiras, freezers e sistemas de ar
condicionado.

• Os metais amorfos: Também conhecidos como vidros metálicos, apresentam ciclos


histéricos bastante estreitos, resultando em perdas de energia por histerese muito
baixas. Essa característica tem possibilitado o desenvolvimento de núcleos de
transformadores de potência de várias camadas, utilizando vidros metálicos, nos
quais as perdas no núcleo representam apenas 70% das perdas encontradas em
núcleos convencionais de ferro-silício. Houve uma série de pesquisas e
desenvolvimentos direcionados à aplicação desses materiais em transformadores
de potência, com o objetivo de reduzir ainda mais as perdas. Os vidros metálicos
tiveram um impacto particularmente significativo em duas áreas específicas: altas
frequências e aplicações eletrônicas. Alguns dos fatores que contribuíram para o
sucesso desses materiais incluem seu custo e sua relativa alta resistividade. Dentre
as aplicações desses materiais, destacam-se os núcleos de transformadores com
baixas perdas de energia, sensores magnéticos e cabeças de gravação.

3.7.2 Duros

• Os ímãs de Alnico foram pioneiros no desenvolvimento de materiais magnéticos e


tiveram uma ampla utilização comercial. Ainda hoje, sua estabilidade em diferentes
faixas de temperatura os torna ideais para instrumentos e dispositivos que
requerem consistência térmica. Suas aplicações incluem sensores, medidores de
energia e motores.

• Os ímãs permanentes cerâmicos de ferrite dura são amplamente empregados em


geradores, relés e motores. Na eletrônica, são utilizados como ímãs para alto-
falantes, discos e receptores de telefones. Além disso, encontram aplicação em
fechaduras e trincos de portas, bem como em diversos brinquedos.

3.7.3 Outros Materiais

• Magnéticos macios nanocristalinos: No que diz respeito aos materiais magnéticos


macios nanocristalinos, é relevante salientar que a tecnologia já atingiu um nível de
desenvolvimento considerável. Isso viabiliza a diminuição do volume, simplificação
da construção e, como resultado, a redução dos custos associados à produção de
dispositivos. No que concerne às aplicações, destacam-se cenários específicos,
como os núcleos associados em transformadores de alta frequência, o setor das
telecomunicações e as áreas de leitura e gravação utilizadas em dispositivos
digitais.

• Ferrofluidos: As aplicações dos materiais ferrofluidos abrangem uma ampla área


de setores, embora a maioria delas ainda esteja em estágio de pesquisa e
desenvolvimento, com apenas algumas tendo alcançado sucesso comercial.
Algumas empresas estão direcionando seus esforços para explorar a utilização de
ferrofluidos em áreas como reciclagem e em transformadores de potência.Outro
ramo de atuação bem importante é o biomédico, especialmente considerado um
dos desafios mais recentes para pesquisadores e cientistas. Neste domínio, um
dos principais objetivos é a criação de um material ferrofluido com um design
específico que possa possibilitar o transporte direcionado de medicamentos para
diversas regiões do corpo por meio da aplicação de campos magnéticos.

4 CONCLUSÃO

Este trabalho apresenta a definição dos materiais magnéticos, bem como suas
propriedades e aplicações. Uma das características primordiais dos materiais magnéticos
reside em sua habilidade de responder a campos magnéticos, podendo tornar-se ímãs
permanentes ou temporários quando submetidos a influências magnéticas externas. A
intensidade dessa resposta é avaliada por meio da permeabilidade magnética, que indica
a capacidade do material de conduzir linhas de campo magnético. Quanto maior a
permeabilidade magnética, maior a capacidade do material de conduzir campos
magnéticos.

Além disso, os materiais magnéticos apresentam baixa perda magnética, o que


significa que eles dissipam uma quantidade mínima de energia quando sujeitos a campos
magnéticos alternados. Essa característica torna esses materiais particularmente
vantajosos em aplicações de alta frequência, onde a eficiência energética é crucial.

É fundamental destacar que os materiais magnéticos variam em suas propriedades


dependendo de sua composição e estrutura. Exemplos de materiais magnéticos incluem
aço, ferro, ligas metálicas e materiais permanentes, cada um com propriedades
magnéticas específicas para aplicações particulares.

Portanto, é evidente que os materiais magnéticos desempenham um papel crucial


em diversas áreas da tecnologia moderna devido às suas propriedades magnéticas
distintas. Sua capacidade de conduzir campos magnéticos, resistência ao magnetismo e
baixa perda magnética tornam-nos valiosos em aplicações como transformadores,
motores elétricos, núcleos de indutores e uma variedade de dispositivos magnéticos
essenciais para a indústria.
REFERÊNCIAS

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2023.

PINHO, Luís Carlos Almeida Bastos. Materiais Magnéticos e suas Aplicações. FEUP.
Disponível em < https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/59887/1/000135917.pdf >.
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R. N. Faria, L. F. C. P. Lima. Introdução ao magnetismo dos materiais. Editora Livraria da


Física, São Paulo, 2005. Acesso em 21 de out 2023.

JR, William D. Callister. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. Editora LTC.
Disponível em < https://brogdomonzao.files.wordpress.com/2013/10/cic3aancia-e-
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Tonidandel, N. A. V., Araújo, A. E. A., & Boaventura, W. C. História da Eletricidade e do


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Martins, Ialy Fernanda Gonzaga. Dependência angular da coercividade para arranjos de


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