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DIVISÃO DE ENGENHARIA

ENGENHARIA DE MINAS
MECÂNICA APLICADA
2° ANO TURMA-A

PROPRIEDADES DO MACIÇO ROCHOSO

Docente: Ph.D. Jacques Mpoyi Kanda

Tete, Novembro 2022


PROPRIEDADES DO MACIÇO ROCHOSO

Discentes:
 João Anastácio António
 Joelma Daudo Pangaia
 Joel Mussa Jó
 Jaime Zeca Jaime Castigo
 Jaime Juliao Massinga
 Judson Ggodinho Karimo
 Henoque Da lima Adelino

Trabalho de pesquisa apresentado ao


Instituto Superior Politécnico de Tete,
elaborado no âmbito de avaliação da
cadeira de Mecânica Aplicada orientada
pelo Ph.D. Jacques Mpoyi Kanda

Tete, Novembro 2022


Índice
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 2

2 OBJECTIVOS .................................................................................................................... 3

2.1 Gerais .......................................................................................................................... 3

2.2 Específicos .................................................................................................................. 3

3 MACIÇOS ROCHOSOS .................................................................................................... 4

3.1 Caracterização dos maciços rochosos ......................................................................... 4

4 CRITÉRIO DE HOEK-BROWN GENERALIZADO ....................................................... 9

5 PROPRIEDADES DAS ROCHAS INTACTAS ............................................................. 12

5.1 Porosidade ................................................................................................................. 13

5.2 Peso volúmico ........................................................................................................... 14

5.3 Permeabilidade .......................................................................................................... 15

5.4 Durabilidade .............................................................................................................. 15

5.5 Velocidades de ondas sísmicas ................................................................................. 16

6 INFLUÊNCIA DA DIMENSÃO DE AMOSTRA .......................................................... 17

7 ÍNDICE DE RESISTÊNCIA GEOLÓGICA (Geological Strength Index) GSI .............. 18

7.1 Ensaio de compressão simples ou uniaxial ............................................................... 19

7.2 Classificação da resistência das rochas ..................................................................... 20

8 MÓDULO DE DEFORMAÇÃO ..................................................................................... 20

9 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 23

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 24


1 INTRODUÇÃO
Propriedades das rochas têm uma importância particular no planeamento, execução e custo
dos projectos de engenharia civil nos quais estão envolvidas modificações do estado in-situ
(tensão e deformação) de maciços rochosos. O conhecimento destas propriedades índice, que
podem ser avaliadas a partir de testes em laboratório ou no campo, possibilita a classificação
das rochas e dos maciços rochosos de acordo com vários critérios técnicos. A classificação
dos maciços rochosos depende naturalmente do estado da matriz rochosa (rocha intacta) e das
superfícies de descontinuidades que intersectam o maciço. Num documento diferente serão
abordados os parâmetros em que se baseiam as diferentes classificações dos maciços
rochosos.
Para as rochas não há ainda sistemas de classificação geomecânica aceites pela generalidade
da comunidade técnica. Contudo, os critérios mais correntes de classificação do "material
rocha" baseiam-se, na sua maioria, nos parâmetros módulo de elasticidade (E), resistência à
compressão simples (sc) e velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas (Vp e Vs), por
serem, por um lado, valores que facilmente podem ser obtidos através de ensaios e, por outro,
por caracterizarem de modo significativo o comportamento mecânico da rocha. Os ensaios
para obtenção destes parâmetros são frequentemente realizados sobre amostras cilíndricas
colhidas nas sondagens executadas durante a fase de prospecção geotécnica.
As características de qualidade de maciços rochosos são fundamentalmente consequência do
seu estado de alteração e de fracturação. A ocorrência de água percolando nos maciços atua
também, com frequência, na respectiva estabilidade. Importa desde já referir os dois
primeiros parâmetros considerados. (Azevedo e Marques, 2002)
O estado de alteração é vulgarmente indicado à custa da sua descrição baseada em métodos
expeditos de observação. Em solos, por exemplo, é de grande utilidade a indicação da
facilidade com que se desmonta o material com determinados tipos de ferramentas. Em
rochas é costume referir-se a maior ou menor facilidade com que se parte o material,
utilizando um martelo de mão, ou a sua coloração e brilho como consequência da alteração de
certos minerais como feldspatos e minerais ferromagnesianos.

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2 OBJECTIVOS

2.1 Gerais

 Conhecer as propriedades do maciço rochoso.

2.2 Específicos
 Demostrar abordagem baseada principalmente nas características das
descontinuidades e no estado de tensões actuantes no maciço rochoso;
 Compreender os parâmetros, geralmente usados, para caracterização geomecânica de
maciços rochosos;
 Conhecer o parâmetro mais importante que governa o comportamento dos maciços
rochosos.

2.3 Metodologia
Para o desenvolvimento do presente trabalho foi usada a revisão bibliográfica por meio de
consulta a livros, artigos e revistas em sites de internet, tendo enfrentado algumas
dificuldades para aquisição de informação relativamente ao tema em causa e por conta disso
o grupo traz em linhas gerais sobre o tema.

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3 MACIÇOS ROCHOSOS
Os maciços rochosos consistem em unidades geológicas que compõem a superfície da Terra.
Eles são essencialmente formados por aglomerados de rochas, sejam elas ígneas,
sedimentares ou metamórficas, bem como pelas descontinuidades. Também são compostos
por um conjunto de blocos originados da rocha intacta, sendo limitados pelas
descontinuidades.

3.1 Caracterização dos maciços rochosos


Os maciços rochosos são comummente heterogéneos, anisotrópicos, formados por blocos de
rochas sobrepostos, apresentando uma matriz denominada rocha intacta e superfícies de
descontinuidades que o compartimentam. Essa heterogeneidade e anisotropia apresentada
pelos maciços conduzem a diferentes tipos litológicos, presença de descontinuidades e
variados graus de alteração. O maciço rochoso deve ser reconhecido como um material
descontínuo, que pode ter propriedades diversas em pontos e direcções diferentes. Não é um
material fabricado, mas um material que foi frequentemente submetido a acções mecânicas,
térmicas e químicas ao longo de milhões de anos (Azevedo e Marques, 2002). A
caracterização de maciços visa à identificação de características das rochas e das
descontinuidades para efeito de aplicação em problemas de engenharia de rochas. Vaz (1996)
ressalta que a presença de estruturas (fracturas, falhas, contactos, etc.) e as condições
hidrogeológicas são factores que governam as características dos maciços rochosos. Neste
processo de caracterização é importante que se quantifique as propriedades dos maciços
rochosos, como salientado por Ojima (1982). Os ensaios e técnicas de caracterização são
fundamentais na quantificação dessas propriedades. Na caracterização do maciço rochoso as
propriedades que interferem na qualidade do maciço, do ponto de vista da engenharia,
associam-se basicamente a: litologia, coerência, descontinuidades e estado de alteração Este
trabalho discute a influência do estado de alteração nas propriedades física e mecânica de
rochas brandas.

As características de qualidade de maciços rochosos são fundamentalmente consequência do


seu estado de alteração e de fracturação. A ocorrência de água percolando nos maciços atua
também, com frequência, na respectiva estabilidade. Importa desde já referir os dois
primeiros parâmetros considerados, estado de alteração e grau de fracturação e fazer
considerações sobre os critérios de classificação de maciços neles baseados.

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O estado de alteração é vulgarmente indicado à custa da sua descrição baseada em métodos
expeditos de observação. Em solos, por exemplo, é de grande utilidade a indicação da
facilidade com que se desmonta o material com determinados tipos de ferramentas. Em
rochas é costume referir-se a maior ou menor facilidade com que se parte o material,
utilizando um martelo de mão, ou a sua coloração e brilho como consequência da alteração de
certos minerais como feldspatos e minerais ferromagnesianos

O número de graus a considerar em relação ao estado de alteração de uma dada formação


varia necessariamente com o tipo de problema e, consequentemente, com a necessidade de
pormenorizar a informação respectiva. Na maioria dos casos parece adequado considerarem-
se cinco graus de alteração dos maciços rochosos conforme se esquematiza na Tabela abaixo.

Símbolos Designações Características


𝑊1 são sem quaisquer sinais de
alteração
𝑊2 pouco alterado sinais de alteração apenas
nas imediações das
descontinuidades
𝑊3 alteração visível em todo o
medianamente alterado maciço rochoso mas a rocha
não é friável
𝑊4 muito alterado alteração visível em todo o
maciço e a rocha é
parcialmente friável
𝑊5 o maciço apresenta-se
Decomposto (saibro) completamente friável com
comportamento de solo
Tabela 1 − Graus de alteração de maciços rochosos

Sempre que se realizam sondagens com recuperação contínua de amostra, um indicador


muito utilizado para informar quanto ao estado de alteração das rochas atravessadas, mas
também influenciado pelo estado de fracturação destas, é o da percentagem de recuperação

5
resultante das operações de furação. A percentagem de recuperação obtém-se multiplicando
por 100 o quociente entre a soma dos comprimentos de todos os tarolos obtidos numa
manobra e o comprimento do trecho furado nessa manobra.

Quanto ao estado de fracturação de um maciço há vários critérios razoavelmente semelhantes


entre si que caracterizam em regra, o espaçamento entre diaclases. No geral contêm
igualmente 5 classes correspondendo cada uma às designações de muito próximas, próximas,
medianamente afastadas, afastadas e muito afastadas. Apresenta-se na Tabela abaixo a
classificação elaborada pela respectiva comissão da ISRM.

Símbolos Intervalo entre fracturas Designação


(cm)
𝐹1 > 200 muito afastadas
𝐹2 60 - 200 afastadas
𝐹3 20 - 60 medianamente afastadas
𝐹4 6 - 20 próximas
𝐹5 <6 muito próximas
Tabela 2 − Graus de fracturação de maciços rochosos

A avaliação do grau de fracturação de um maciço pode ser igualmente feita através da


contagem do número de diaclases por metro. É evidente que embora exista uma relação entre
este índice e os valores anteriores, a extrapolação dos resultados só será aceitável se o
afastamento entre descontinuidades for idêntico.

Relacionado com os estados de alteração e fracturação, Deere (1967) desenvolveu um


sistema de classificação baseado num índice que designou por RQD (“Rock Quality
Designation”), indicativo da qualidade de maciços rochosos, definido a partir dos
testemunhos de sondagens realizadas com recuperação contínua de amostra.

Este índice, que tem vindo a ser muito utilizado internacionalmente, é definido como a
percentagem determinada pelo quociente entre o somatório dos troços de amostra com
comprimento superior a 10 cm e o comprimento total furado em cada manobra. Em função
dos valores do RQD, são apresentadas na Tabela abaixo as designações propostas por Deere
para classificar a qualidade dos maciços rochosos. Em princípio, a determinação do RQD
deve ser feita apenas em sondagens com diâmetro superior a 55 mm, cuidadosamente
realizadas em que sejam utilizados amostradores de parede dupla ou tripla.

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RQD Qualidade do Maciço Rochoso
0 - 25% Muito fraco
25 - 50% Fraco
50 - 75% Razoável
75 - 90% Bom
90 - 100% Excelente

Tabela − Classificação dos maciços com base no RQD

Quando não haja amostragem obtida por sondagens mas sejam identificáveis os traços das
descontinuidades em afloramentos rochosos ou em escavações, poder-se-á estimar o valor do
RQD recorrendo à relação proposta por Palmström (1982):

O parâmetro RQD deve representar a qualidade do maciço rochoso “in situ”. Quando se
realizam sondagens em maciços com forte anisotropia, nos quais se incluem muitas das
formações xistentas que ocorrem em Portugal, é frequente o desenvolvimento de novas
fracturas no material das amostras, segundo os planos de fraqueza, resultantes da
descompressão que se regista em consequência da sua retirada do maciço. Quando da
observação de amostras obtidas por furação, deverá ter-se cuidado de distinguir as fracturas

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naturais das decorrentes do processo de furação ou daquelas que foram causadas quer pelo
manuseamento do equipamento, devendo estas últimas ser ignoradas na determinação do
RQD.

Descrição Geotécnica Básica (“Basic Geotechnical Description” - BGD)

Este sistema classificativo constitui um passo interessante no sentido estruturar


a informação essencial tendo em vista as aplicações aos domínios da engenharia
civil. Proposta pela ISRM, a “descrição básica” foi elaborada com as seguintes
intenções:ser um código de linguagem que permita a descrição de maciços
rochosos, com referência, em particular, ao seu comportamento mecânico, de
forma não ambígua, isto é, que diferentes observadores de um dado maciço
rochoso o classifiquem da mesma forma;

 Conter informação tanto quanto possível quantitativa que possibilite a


resolução de problemas práticos;
 Ser baseada, de preferência, em medições muito simples em vez de o ser
apenas na observação directa dos maciços rochosos ou de tarolos de
sondagem neles realizados.

A aplicação da "descrição básica" deve fazer-se após realizado um zonamento


prévio do maciço a classificar, isto é, depois de identificar as zonas em que,
dentro de cada uma, haja certa uniformidade de propriedades. Este zonamento
pode ser feito com base em variações de litologia, de estado de alteração, de
grau de fracturação, etc..

No que respeita à caracterização geológica é recomendado fazer referência por


um lado à classificação litológica e petrográfica, composição mineralógica,
textura, cor, etc., por outro lado ao grau de alteração das rochas (W1 ... W5 –), à
natureza das descontinuidades e das estruturas geológicas (dobras, falhas,
atitude das famílias de descontinuidades, etc.) dos maciços rochosos.

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Em relação às duas características estruturais, o espaçamento das
descontinuidades que constituem fracturas e a espessura das camadas, a ISRM
propôs que fossem adoptados idênticos valores para os limites das várias
classes. As designações das classes dos espaçamentos das fracturas (F1 ... F5) e
as das espessuras das camadas (L1 ... L5) (cujos valores são coincidentes) são,
respectivamente apresentadas nas Tabela abaixo.

Símbolos Espessura da camada Designação


(cm)
𝐿1 > 200 muito espessas
𝐿2 60 - 200 espessas
𝐿3 20 - 60 espessura mediana
𝐿4 6 - 20 delgadas
𝐿5 <6 muito delgadas

são apresentadas, respectivamente, as classificações relativas às duas


características mecânicas: a resistência à compressão simples (S1 ... S5) e o
ângulo de atrito das descontinuidades (A1 ... A5), este definido a partir da
tangente à envolvente de rotura correspondente à tensão normal de 1 MPa.

4 CRITÉRIO DE HOEK-BROWN GENERALIZADO


(Hoek e Brown, 1980; Hoek, 1994; Hoek et al., 2002) Como uma medida alternativa à retro
análise para determinar a resistência dos maciços rochosos fracturados, pode ser estabelecida
através de métodos empíricos. No entanto, ensaios in situ e em laboratório devem sempre ser
utilizados nesta quantificação.
Deste modo, baseado em dados experimentais e através de bases teóricas de mecânica da
fractura das rochas, Hoek e Brown (1980) estabeleceram, para rochas intactas, a partir da
teoria original de Griffith, o designado critério de resistência de Hoek e Brown, traduzido
pela seguinte expressão:

9
0.5
𝜎3
𝜎1 ′ = 𝜎3′ + 𝜎 (𝑚 ′ + 𝑆)
𝜎𝑐𝑖

Em que σ1’ e σ3’ são, respectivamente, as tensões principais efectivas máxima e mínima na
ruptura e mi é uma constante da rocha intacta. Assim, a relação entre as tensões principais na
ruptura para uma dada rocha é definida por dois parâmetros: a resistência à compressão
simples σci e a constante mi.
Sempre que possível, os valores destas constantes devem ser determinados através de uma
análise estatística de resultados de uma série de ensaios triaxiais levados a cabo segundo as
recomendações da ISRM (1981).
Os valores do parâmetro mi podem ser estimados a partir da Tabela 2.1 estão no anexo 1
(Hoek, 1994).
Os mesmos autores apresentaram, também, um critério de resistência para os maciços
rochosos, que resultou da modificação da equação 2.1, e cuja versão actual é dada por:
𝜎3 𝑎
𝜎1 = 𝜎3 + 𝜎𝑐𝑖 (𝑚𝑏 + 𝑆)
𝜎𝑐𝑖

Onde:
𝝈𝟏 : Tensão efectiva principal maior;
𝝈𝟑 : Tensão efectiva principal menor;
𝝈𝒄𝒊 : Resistência à compressão simples da rocha intacta;
𝒎𝒃 : Valor reduzido da constante do material mi ou constante do maciço rochoso;
s e a: São constantes para o maciço rochoso.

Assim, os parâmetros do critério de ruptura de Hoek e Brown podem ser determinados a


partir das seguintes relações (Hoek et al., 2002):

𝐺𝑆𝐼 − 100
𝑚𝑏 = 𝑚𝑖 exp ( )
28 − 14𝐷

Onde:

10
mi: Constante da rocha intacta
GSI: Índice de resistência geológica;
D: factor de perturbação.
As constantes s e a são obtidas pelas seguintes equações:
𝐺𝑆𝐼 − 100
𝑠 = exp ( )
9 − 3𝐷

1 1 (−𝐺𝑆𝐼) −20
𝑎= + (𝑒 15 − 𝑒 ( 3 ) )
2 6

O factor D depende do grau de perturbação ao qual o maciço rochoso foi submetido devido a
danos oriundos de desmonte e da relaxação de tensões. Este valor varia entre 0 para maciços
não perturbados e 1 para maciços muito perturbados. Na Tabela 2.2 (Anexo1) são dadas
orientações para a escolha do valor de D no caso da escavação de túneis (Hoek et al., 2002).
O valor de mb pode ainda ser estimado pela seguinte expressão (Hoek e Brown, 1997), válida
para valores de GSI superiores a 25: mb= ms .s1 / 3
As tensões normais e de cisalhamento estão relacionadas com as tensões principais foram
apresentadas por Balmer (1952), tendo posteriormente sido revistas por Hoek et al. (2002),
obtendo-se:
𝑑𝜎1′

𝜎1′ + 𝜎3′ 𝜎1′ + 𝜎3′ 𝑑𝜎3′ − 1
𝜎𝑛 = − ∗ ′
2 2 𝑑𝜎1
+1
𝑑𝜎3′

𝑑𝜎1′

𝑑𝜎3′
𝜏 = (𝜎1′ − 𝜎3′ ) ∗
𝑑𝜎1′
+1
𝑑𝜎3′

Onde:

𝑎−1
𝑑𝜎1′ 𝑚𝑏′ 𝜎3′
= 1 + 𝑎. 𝑚𝑏 . ( )
𝑑𝜎3′ 𝜎𝑐𝑖 + 𝑠

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Na grande maioria dos programas geotécnicos é expresso em termos dos parâmetros de
resistência de Mohr-Coulomb, sendo necessária estimar a coesão e o ângulo de atrito interno
equivalentes aos parâmetros estimados do critério de Hoek-Brown. A determinação destes
parâmetros é feita ajustando-se uma relação linear à envoltória não-linear, a gama de tensões
a considerar deve estar compreendida entre (Hoek et al.2002).
No caso para a obtenção do módulo de deformabilidade do maciço rochoso,
Hoek et al., (2002) propuseram as seguintes expressões:

𝐷 𝜎𝑒
𝐸𝑚 = (1 − )√ . 10(𝐺𝑆𝐼 − 10)
2 100

𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝜎𝑐 ≤ 100𝑀𝑝𝑎

𝐷
𝐸𝑚 = (1 − ) . 10((𝐺𝑆𝐼 − 10)/40)
2
Para valores de σc> 100Mpa

Hoek et al. (1995) resume as características do maciço, nos quais o critério de ruptura de
Hoek-Brown assume que a rocha e ou maciço rochoso altamente fracturados se comportam
como um material homogéneo e isótropo, e utiliza uma aproximação de meio contínuo. Não
deve ser aplicado quando o tamanho dos blocos é da mesma ordem de grandeza da obra a
construir ou quando uma das famílias de descontinuidades é significativamente menos
resistente do que as outras. Para casos em que o comportamento do maciço rochoso esteja
governado por descontinuidades ou sistemas de juntas, critérios que descrevem a resistência
ao cisalhamento de juntas devem ser usados (critério de Barton - Bandis e o critério de Mohr-
Coulomb aplicado para descontinuidades).

5 PROPRIEDADES DAS ROCHAS INTACTAS


A rocha intacta é constituída por uma assemblagem mais ou menos compacta de grãos
cristalinos e, nalguns casos, matéria amorfa. O termo matriz rochosa poderá ser mais correcto
uma vez que poderá existir já algum grau de alteração e fracturação nesse aglomerado de
grãos. A Figura abaixo apresenta alguns exemplos de matrizes rochosas com texturas
diferentes características dos tipos de rochas referidos. As rochas são assim sólidas

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policristalinas, descontínuas e que podem exibir uma certa anisotropia derivada de uma
orientação preferencial na sua estrutura.

Ilustração 1: rocha metamórfica Ilustração 2: rocha ígnea

As rochas são então constituídas por grãos minerais sólidos interligados e por
descontinuidades ou vazios existentes entre esses grãos. As propriedades da matriz rochosa
dependem, assim, das características destes grãos (mineralogia), sendo muito influenciadas
pelo tamanho e arranjo espacial dos grãos minerais (estrutura ou textura da rocha) e também
pela forma, quantidade e distribuição das descontinuidades ou vazios. A determinação da
composição mineralógica das rochas conduz, juntamente com a sua textura, tamanho dos
grãos, cor, e outras propriedades, à sua classificação geológica.
Referem-se em seguida algumas propriedades físicas mais importantes na identificação das
rochas.

5.1 Porosidade
As descontinuidades representam os defeitos ou vazios existentes no meio contínuo formado
pelos minerais constituintes da matriz rochosa. A presença e o desenvolvimento destes vazios
estão estreitamente relacionados com a deformação e a roptura das rochas. A quantidade de
vazios é avaliada pela porosidade (n) que é a razão entre o volume de vazios de uma amostra
de rocha e o seu volume total.
𝑉𝑣
𝑛= (× 100)
V

A porosidade é normalmente expressa em percentagem considerando-se para as rochas 10%


como um valor médio, 5% um valor baixo e 15% um valor alto. Nos solos, onde os grãos
minerais se podem separar mais facilmente (pelo menos por agitação na água), a porosidade
assume valores substancialmente maiores. Os vazios são constituídos pelos poros e fissuras
da rocha e não estão necessariamente todos interligados. A porosidade total (n) resulta assim
da porosidade correspondente aos poros (np) e da porosidade das fissuras (nf).
Por esta razão, são por vezes definidos dois tipos de porosidade para as rochas: a total e a
efectiva, esta última correspondente ao volume de vazio acessível à passagem de fluidos,

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normalmente a água. A uma escala maior, para os maciços rochosos, podemos ainda
distinguir a porosidade primária correspondente ao volume dos poros entre os fragmentos das
rochas clásticas e a porosidade secundária produzida pela fracturação e alteração posteriores
da rocha. A primeira é característica de toda a massa rochosa e a segunda depende da história
de alteração da rocha, podendo variar muito no mesmo maciço rochoso.

Tipo de rocha ou solo Porosidade máxima (%)


Solo > 50
Areia e seixo 20 – 47
Argila > 49
Areia cimentada 5 – 25
Arenito 10 – 15
Calcário e mármore 5
Calcário oolítico 10
Cré Até 50
Rochas ígneas <1,5
Rochas metamórficas Geralmente muito baixa
Tabela 1: Valores da porosidade de solos e rochas.

5.2 Peso volúmico


Peso volúmico ou peso específico (𝛾) é o peso da unidade de volume da rocha. Atendendo à
variabilidade da quantidade de água presente na rocha considera-se o peso volúmico seco (𝛾d)
da rocha como um parâmetro mais representativo.

𝑊 𝑊𝑠
𝛾= 𝛾=
𝑉 𝑉

Onde:
W – Peso total da amostra de rocha
Ws – Peso total da amostra de rocha seca na estufa
V – Volume total da amostra de rocha

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5.3 Permeabilidade
A facilidade de escoamento da água através de um meio contínuo é avaliada através do
coeficiente de permeabilidade (k). A permeabilidade das rochas, em comparação com a dos
solos, é geralmente muito baixa. O seu valor cresce sensivelmente com a fissuração e o grau
de alteração. O nível de anisotropia2 da permeabilidade depende da orientação preferencial
das fissuras.
O estado de tensão na rocha influencia consideravelmente a sua permeabilidade. O aumento
das tensões de compressão provoca o fecho das fissuras e a diminuição da permeabilidade,
mas, a partir de um certo limite, o aumento das tensões pode iniciar o aparecimento de novas
fracturas provocando o aumento da permeabilidade. A variação da permeabilidade da rocha
pode também variar com a pressão da água que circula nos seus vazios e descontinuidades: o
aumento da pressão da água tende a abrir as fissuras aumentando a permeabilidade.
Rocha n k (m / seg.)
Areia uniforme 29 - 50 5,0 x 10-5 – 2,0 x 10-3
Areia e seixo 20 – 47 1,0 x 10-5 – 1,0 x 10-3
Areia siltosa 23 – 47 1,0 x 10-5 – 5,0 x 10-5
Argilas > 49 1,0 x 10-10 – 1,0 x 10-7
Granodiorito 0,004-0,005 9,8 x 10-11
Granito 0,008 1,96 x 10-10
Basalto 0,007 2,94 x 10-10
Calcário 1 0,004 9,8 x 10-11
Calcário 2 0,03 9,8 x 10-10
Calcário 3 0,39 7,65 x 10-6
Tabela 2: Permeabilidades de solos e rochas.

5.4 Durabilidade
A durabilidade é a resistência da rocha aos processos de alteração e fragmentação sendo
também conhecida por alterabilidade. O contacto da rocha com a água e o ar, muitas vezes
através de obras de engenharia civil como escavações e terraplenos, pode ocasionar a
degradação das suas características mecânicas.
O ensaio “slake durability test”, consiste em submeter material rochoso previamente
fragmentado a ciclos normalizados de secagem, humidificação e acção mecânica. Os
fragmentos são colocados dentro de redes metálicas cilíndricas com determinada abertura
parcialmente imersas na água que rodam em torno de um eixo horizontal. O choque dos

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fragmentos de rocha entre si e o contacto com a água favorecem a sua desagregação e
alteração. A secagem dos fragmentos é realizada em estufas após o que pode seguir-se outra
humidificação e acção mecânica.
O índice de durabilidade (ID) corresponde à percentagem de rocha seca que fica retida nos
tambores de rede metálica após 1 ou 2 ciclos completos (ID1 ou ID2).

Figura 1: Ensaio “slake durability test”.

5.5 Velocidades de ondas sísmicas


As propriedades elásticas das rochas são determinadas por um lado pela elasticidade dos
minerais que as compõem e por outro lado pela importância e pela morfologia das
descontinuidades, nomeadamente fissuras e fracturas. Em particular, as velocidades de
propagação das ondas sísmicas longitudinais, Vl ou Vp (ondas de compressão), e das ondas
transversais Vs variam significativamente com a presença de descontinuidades.
A realização de ensaios, não destrutivos, para determinação destas velocidades em provetes,
que vão ser submetidos posteriormente a ensaios de compressão uniaxial, é muito frequente
existindo vários métodos que permitem a determinação dos valores quer da velocidade de
propagação das ondas longitudinais (Vp), quer das ondas transversais (Vs).
Conhecidos estes valores, torna-se possível determinar as características elásticas dinâmicas
através das seguintes expressões:
 Módulo de elasticidade longitudinal:
(3𝑉𝑝2 − 4𝑉𝑠2 )
𝐸𝑑 = 𝜌𝑉𝑠2
(𝑉𝑝2 − 𝑉𝑠2 )

 Módulo de elasticidade transversal:

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𝐸𝑑
𝐺𝑑 = 𝜌𝑉𝑠2 =
2(1 + 𝑣𝑑 )

 Coeficiente de Poisson:

𝑉𝑝2 − 2𝑉𝑠2
𝑣𝑑 =
2(𝑉𝑝2 − 𝑉𝑠2 )

 (𝜌 representa a massa específica)


Teoricamente, as velocidades das ondas que atravessam o provete de rocha dependem
exclusivamente das suas características elásticas e da sua massa específica. Na prática a rede
de fissuras do provete vai fazer diminuir o valor das velocidades.
A velocidade de propagação das ondas pode então ser utilizada para detectar a presença de
descontinuidades nas rochas e mesmo quantifica-las através da razão entre o valor medido de
Vp na rocha estudada e o valor de Vp* máximo para a rocha com porosidade nula. Este valor
não é o mesmo para todas as rochas e depende essencialmente da velocidade de propagação
das ondas nos diferentes minerais presentes na rocha e da percentagem presente de cada um
dos minerais constituintes da rocha.

 A velocidade padrão das rochas é determinada pela relação:


1 𝐶𝑖

=∑
𝑉𝑝 𝑉𝑝,𝑖
𝑖

Onde:
Ci: é a percentagem em volume do constituinte mineral i da rocha;
Vp,i: é a velocidade das ondas longitudinais no mineral i.

6 INFLUÊNCIA DA DIMENSÃO DE AMOSTRA


As sondagens e as amostras colectadas por meio delas representam informações pontuais de
sub-superfície. Essas informações devem ser organizadas de tal modo que possam ser
utilizadas correctamente nos processos de interpretação e modelagem dos corpos de minério e
de suas encaixastes. Assim, as coordenadas topográficas (SN; WE; cota altimétrica) da
“boca” dos furos de sondagem devem ser necessariamente acompanhadas pelas seguintes
informações mínimas:

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I) Inclinação e direcção do furo de sondagem;
II) Comprimento total do furo;
III) Recuperação parcial dos furos em cada etapa de acoplamento de novos barriletes;
IV) Diâmetro do furo e do testemunho.
A descrição dos testemunhos de sondagem, principalmente para o caso de cilindros obtidos
por sondagens diamantadas, segue os mesmos quesitos discutidos para o mapeamento de
trincheiras, poços e galerias. Poder-se-ia, grosso modo, comparar a descrição dos
testemunhos de sondagem com o mapeamento de uma galeria, ou de uma trincheira onde
fosse esticada uma trena métrica à meia altura e a descrição das feições geológicas ficasse
restrita apenas às proximidades da trena. Nesse sentido, os testemunhos de sondagem
representam, pontualmente, a intersecção das feições geológicas de sub-superfície com uma
linha vertical ou inclinada.

Figura 2: Caixa de sondagem com indicação das profundidades e ensaios a realizar.

7 ÍNDICE DE RESISTÊNCIA GEOLÓGICA (Geological Strength Index) GSI


Para a determinação dos parâmetros constantes da equação, Hoek (1994) apresentou um
sistema de classificação denominado por GSI (Geological Strength Index) que fornece um
parâmetro geotécnico que varia entre 0 e 100. Este sistema baseia-se no conceito de que a
resistência de um maciço rochoso depende não só das propriedades da rocha intacta, mas
também na liberdade que os blocos de rocha têm de escorregar ou rodar sob diferentes
condições de tensão.
À excepção de maciços rochosos de muito má qualidade, o valor do GSI de um maciço pode
ser estimado através do valor do RMR, utilizando um peso de 15 para a condição da presença
da água e de 0 para a orientação das descontinuidades. Assim, para maciços com RMR≥23, a
relação entre estes dois índices faz-se através da seguinte expressão tendo em consideração os
pesos anteriormente referidos: GSI = RMR – 5. Deve ser considerado um intervalo para o
valor de GSI (ou RMR) em vez da consideração de um único valor.

18
7.1 Ensaio de compressão simples ou uniaxial
Pese embora o facto de as rochas que constituem os maciços se encontrarem em geral
submetidas a estados de tensão triaxiais, tem interesse o estudo do comportamento das rochas
quando submetidas a compressão simples pois, tal estudo, permite pôr em evidência
fenómenos com interesse fundamental na mecânica dos maciços rochosos. O caso prático
mais importante em que os maciços rochosos se encontram submetidos a um estado de
compressão simples é o dos pilares de minas.
O ensaio de compressão simples é corrente na determinação das características mecânicas das
rochas. A resistência à compressão simples ou uniaxial é determinada num provete de rocha
de forma cilíndrica submetido a uma tensão normal 𝝈 nas bases igual à razão da força normal
N pela área da base A. Os provetes podem ter outras formas (cúbica ou prismática) mas
normalmente são retirados de tarolos recolhidos em sondagens. A preparação da amostra
deve ter um cuidado especial na rectificação da superfície das bases que irão sofrer
compressão para garantir uma forma cilíndrica perfeita.

Figura 3: Ensaio de compressão uniaxial.

O comportamento da rocha é normalmente não reversível, o que significa que a deformação


sofrida pela amostra nunca poderá ser recuperada na totalidade se houver uma descarga. Isso
deve-se ao facto de as fissuras iniciais presentes em qualquer rocha fecharem no início da
compressão levando a uma diminuição da compressibilidade da amostra (E0<Ec). Segue-se
uma fase de comportamento aproximadamente elástico.

19
7.2 Classificação da resistência das rochas
Finalmente, refira-se a possibilidade de ser possível, através de análises expeditas, realizadas
com o recurso ao martelo de geólogo ou a uma faca, estimar os valores da resistência à
compressão simples. Para tal, bastará recorrer à classificação proposta pela ISRM que em
função do grau de qualidade da rocha, correlaciona a resistência à compressão simples (𝜎c) e
o índice de carga pontual (IS(50)) com o comportamento do material face àquelas análises
expeditas.
𝝈c IS(50)
GRAU DESIGNAÇÃO ANÁLISE EXPEDITA
(MPa) (MPa)
Extremamente A rocha lasca depois de sucessivos golpes
R6 >250 >10
elevada de martelo e ressoa quando batida
Requer muitos golpes de martelo para
R5 Muito elevada 100-250 4 – 10
partir espécimes intactos de rocha
Pedaços pequenos de rocha seguros com a
R4 Elevada 50-100 2–4 mão são partidos com um único golpe de
martelo
Um golpe firme com o pico do martelo de
R3 Mediana 25-50 1–2 geólogo faz indentações até 5 mm; com a
faca consegue-se raspar a superfície
Com a faca é possível cortar o material,
R2 Baixa 5-25 (*) mas este é demasiado duro para lhe dar a
forma de provete para ensaio triaxial
O material desagrega-se com golpe firme
R1 Muito baixa 1-5 (*)
do pico de martelo de geólogo
Extremamente
R0 0,25 -1 (*) Consegue-se marcar com a unha
baixa
NB: (*) Não são consideradas minimamente fiáveis as correlações com a resistência à compressão simples .

8 MÓDULO DE DEFORMAÇÃO
O comportamento elástico de um meio contínuo anisotrópico depende em geral de 21
coeficientes independentes cuja determinação experimental é muito difícil de realizar de
modo completo. Através de um ensaio de compressão isotrópica realizado sobre uma amostra

20
cúbica de rocha instrumentada com extensómetros do modo esquematizado na é possível
identificar o tipo de anisotropia da rocha.

Figura 4: Orientação do cubo e posição dos extensómetros para um ensaio de compressão isotrópica.

Figura 5: Comportamento mecânico sob solicitação isotrópica.

De acordo com o nível de deformações observadas nas três direcções ortogonais (𝜺i = ∆li/li) a
rocha poderá ser classificada num dos seguintes casos:

a) 𝜺𝟏 = 𝜺𝟐 = 𝜺𝟑 => Rocha provavelmente isotrópica;


b) 𝜺𝟏 ≠ 𝜺𝟐 = 𝜺𝟑 => 𝑅𝑜𝑐ℎ𝑎 provavelmente isotrópica transversa;
c) 𝜺𝟏 ≠ 𝜺𝟐 ≠ 𝜺𝟑 => Rocha provavelmente ortotrópica.

No entanto, em muitos casos considera-se suficiente, para caracterizar a anisotropia de


deformação de uma rocha, determinar os módulos de deformação máximo e mínimo numa
amostra. Nas rochas com uma textura planar marcada (xistos, por exemplo) utiliza-se
normalmente uma simetria axial para caracterizar o comportamento anisotrópico.
Nas figuras a seguir apresentam-se resultados da determinação dos módulos de elasticidade e
dos coeficientes de Poisson dum filádio com simetria ortótropa. Esta simetria é conferida pela
xistosidade, representada na referida figura por traços contínuos, e por uma estrutura planar
disposta paralelamente à xistosidade. Os valores do módulo de elasticidade, maiores quando a
carga é aplicada paralela à xistosidade, e do coeficiente de Poisson, mais elevados e da

21
mesma ordem de grandeza nas direcções em que é potenciada a abertura normal aos planos
de xistosidade, evidenciam que esta é a principal responsável pela anisotropia manifestada
pela rocha. Digno de registo, é de referir o facto de que neste tipo de rocha, bem como
noutras em que a anisotropia conferida pela xistosidade ou pela estratificação é muito
acentuada, ser comum o valor mínimo do módulo de elasticidade ocorrer para uma direcção
intermédia entre a normal e a paralela àquelas descontinuidades estruturais.

Figura 6: Módulos de elasticidade e coeficientes de Poisson dum filádio

A maior deformabilidade (menor valor de E) das rochas na direcção perpendicular aos planos
de xistosidade (E1) explica-se pela existência de bandas de material mais compressível entre
os planos de xistosidade. Nesta direcção verifica-se também, como se verá adiante, a
resistência mais elevada à compressão.
Os maciços rochosos podem também exibir idêntico tipo de comportamento ditado pela
anisotropia da própria rocha ou pela orientação preferencial de descontinuidades. Tal
circunstância assume-se de elevada importância para alguns tipos de estruturas, como por
exemplo para barragens de grande porte, em que o comportamento anisotrópico das
fundações pode ser indesejável e obrigar a precauções especiais. Cada curva corresponde a
um local onde foram realizados ensaios segundo duas direcções. Como se vê a anisotropia é
acentuada, para todos os locais, e o andamento das curvas de variação do módulo de
deformabilidade (equivalente ao módulo de elasticidade para um material não elástico)
evidencia o facto, também verificado nos ensaios de compressão uniaxial, de o menor valor
se registar para uma direcção intermédia entre a normal e a paralela à xistosidade.

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9 CONCLUSÃO
Pode-se concluir que o critério de ruptura de Hoek-Brown resume que as características do
maciço, assume que a rocha e ou maciço rochoso altamente fracturado se comportam como
um material homogéneo e isótropo, e utiliza uma aproximação de meio contínuo.
Não deve ser aplicado quando o tamanho dos blocos é da mesma ordem de grandeza da obra
a construir ou quando uma das famílias de descontinuidades é significativamente menos
resistente do que as outras.
Para casos em que o comportamento do maciço rochoso esteja governado por
descontinuidades ou sistemas de juntas, critérios que descrevem a resistência ao cisalhamento
de juntas devem ser usados (critério de Barton - Bandis e o critério de Mohr-Coulomb
aplicado para descontinuidades). Deste modo, pode-se entender que os maciços rochosos são
comummente heterogéneos, anisotrópicos, formados por blocos de rochas sobrepostos,
apresentando uma matriz denominada rocha intacta e superfícies de descontinuidades que o
compartimentam. Essa heterogeneidade e anisotropia apresentada pelos maciços conduzem a
diferentes tipos litológicos, presença de descontinuidades e variados graus de alteração. O
maciço rochoso deve ser reconhecido como um material descontínuo, que pode ter
propriedades diversas em pontos e direcções diferentes. Não é um material fabricado, mas um
material que foi frequentemente submetido a acções mecânicas, térmicas e químicas ao longo
de milhões de anos (Azevedo e Marques, 2002).

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10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Azevedo, I.C.D. e Marques, E.A.G. (2002): Introdução à mecânica das rochas. Viçosa,
UFV.

Ávila, C.R. & Nascimento, P.C. (2005): Mapeamento Geológico-Geotécnico da Região do


Aglomerado da Serra e Adjacências, Zona Leste de Belo Horizonte-MG. TCC, UFMG, 113p.

BRUCE, S. (1990). “A Mechanical Stability Log”, 1990 IADC/SPE Drilling Conference,


SPE 19942, 275-281, Houston, Texas, USA, 27- 2 March.
DEER,W.A; Howe,R;A. & ZUssman, J. (1966)- In introduction to the rock
forming minerals.
DEERE, D.U &, MILLER, R.P.(1966)-Enginering classification and index
properties for intact rock, Technical report. N. AFWL.TR-65-116, Univ.of
Illions, Urbana,289P. Mnfi.
Ingeniería geológica / Luis I. González de Vallejo... [et al.]. - Madrid [etc.] : Prentice Hall,
2002.
ISRM(1981). Basic geotechnical description of rock masses. Int. society mechanics,
Commission on the classification of rocks and rock masses: int. J. Rock mechanics Min.SCI.
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OJIMA, L. M (1982)- Motodologia de classificacao de macico rochoso aplicavel a tuneis tese
especialista , LINEC, Lisboa, 204.
Practical Rock Engineering / Evert Hoek, 2000 Edition, http://www.rocscience.com
Mecânica das Rochas / por Manuel Rocha. - Lisboa : LNEC, 1981.

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