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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ

CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

ANGÉLICA DA COSTA ALVES


FRANCISCO JAIRTON OLÍMPIO
GILMARCOS ARAÚJO LIMA
PEDRO HENRIQUE CONRADO CAMPELO
RAFAEL LIMA BEZERRA
SILVIO BANDEIRA NOJOSA

GUIA PRÁTICO: FUNDAÇÕES

FORTALEZA
2023
ANGÉLICA DA COSTA ALVES
FRANCISCO JAIRTON OLÍMPIO
GILMARCOS ARAÚJO LIMA
PEDRO HENRIQUE CONRADO CAMPELO
RAFAEL LIMA BEZERRA
SILVIO BANDEIRA NOJOSA

GUIA PRÁTICO: FUNDAÇÕES

Trabalho apresentado ao Curso de Graduação


em Engenharia Civil do Centro Universitário
Estácio do Ceará, como requisito parcial à
obtenção de nota na disciplina de Tecnologia da
Construção. Área de concentração: Construção
Civil.

Orientador: Prof. Dr. Pedro Henrique Nogueira


Garcia.

FORTALEZA
2023
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 3

2 FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS .................................................................... 4

2.1 Blocos ............................................................................................................... 4

2.1.1 Conceito ........................................................................................................... 4

2.1.2 Dimensionamento ............................................................................................ 4

2.1.3 Execução .......................................................................................................... 5

2.1.3.1 Escavação do terreno........................................................................................ 5

2.1.3.2 Execução das fôrmas ........................................................................................ 6

2.1.3.3 Lastro ................................................................................................................ 6

2.1.3.4 Concretagem ..................................................................................................... 6

2.1.3.5 Adensamento mecânico ..................................................................................... 6

2.1.4 Vantagens e Desvantagens .............................................................................. 7

2.1.4.1 Vantagens .......................................................................................................... 7

2.1.4.2 Desvantagens .................................................................................................... 7

2.2 Alicerce ............................................................................................................ 7

2.2.1 Conceito ........................................................................................................... 7

2.2.2 Dimensionamento ............................................................................................ 8

2.2.3 Execução .......................................................................................................... 8

2.2.3.1 Escavação do terreno........................................................................................ 8

2.2.3.2 Lastro ................................................................................................................ 8

2.2.3.3 Alvenaria ........................................................................................................... 9

2.2.3.4 Regularização ................................................................................................... 9

2.2.3.5 Impermeabilização ............................................................................................ 9

2.2.4 Vantagens e Desvantagens ............................................................................ 10

2.2.4.1 Vantagens ........................................................................................................ 10

2.2.4.2 Desvantagens .................................................................................................. 10


2.3 Sapatas ........................................................................................................... 11

2.3.1 Conceito ......................................................................................................... 11

2.3.1.1 Tipos de sapatas .............................................................................................. 11

2.3.1.1.1 Sapata isolada ................................................................................................. 11

2.3.1.1.2 Sapata corrida ................................................................................................. 12

2.3.1.1.3 Sapata associada ou radier parcial .................................................................. 12

2.3.1.1.4 Sapata alavancada ........................................................................................... 13

2.3.1 Dimensionamento .......................................................................................... 14

2.3.1.1 Calcular a área ............................................................................................... 14

2.3.1.2 Determinar valor de B .................................................................................... 15

2.3.1.3 Determinar valor de A .................................................................................... 15

2.3.1.4 Verificar as dimensões .................................................................................... 16

2.3.1.5 Determinar as alturas ..................................................................................... 17

2.3.2 Execução ........................................................................................................ 17

2.3.2.1 Escavação do terreno...................................................................................... 17

2.3.2.2 Aplicação de camadas .................................................................................... 18

2.3.2.3 Enformar ......................................................................................................... 18

2.3.2.4 Inserir armaduras ........................................................................................... 19

2.3.2.5 Concretagem ................................................................................................... 19

2.3.2.6 Desenformar ................................................................................................... 19

2.3.3 Vantagens e Desvantagens ............................................................................ 20

2.3.3.1 Vantagens ........................................................................................................ 20

2.3.3.2 Desvantagens .................................................................................................. 20

2.4 Radier ............................................................................................................ 20

2.4.1 Conceito ......................................................................................................... 21

2.4.1.1 Tipos de radier ................................................................................................ 21

2.4.1.1.1 Radier estaqueado ........................................................................................... 21


2.4.1.1.2 Radier nervurado: ........................................................................................... 21

2.4.1.1.3 Radier com concreto protendido (Figura 25): ................................................ 22

2.4.1.1.4 Radier com concreto armado (Figura 26) ....................................................... 23

2.4.1 Dimensionamento .......................................................................................... 23

2.4.2 Execução ........................................................................................................ 24

2.4.3 Vantagens e Desvantagens ............................................................................ 25

2.4.3.1 Vantagens ........................................................................................................ 25

2.4.3.2 Desvantagens .................................................................................................. 26

3 FUNDAÇÕES PROFUNDAS ...................................................................... 27

3.1 Estacas ........................................................................................................... 27

3.1.1 Conceito ......................................................................................................... 27

3.1.1.1 Tipos de estacas .............................................................................................. 27

3.1.1.1.1 Estaca escavada .............................................................................................. 27

3.1.1.1.2 Estaca Franki .................................................................................................. 28

3.1.1.1.3 Estaca Strauss ................................................................................................. 28

3.1.1.1.4 Estaca raiz ....................................................................................................... 29

3.1.1.1.5 Estaca hélice contínua .................................................................................... 30

3.1.1.1.6 Estaca pré-moldada de concreto ..................................................................... 30

3.1.1.1.7 Estaca metálica ............................................................................................... 31

3.1.1.1.8 Estaca de madeira ........................................................................................... 31

3.1.1.1.9 Estaca prancha ................................................................................................ 32

3.1.1.1.9.1 Tipos de estacas prancha ................................................................................. 32

3.1.1.1.9.1.1 Estaca prancha metálica.................................................................................. 32

3.1.1.1.9.1.2 Estaca prancha de concreto............................................................................. 33

3.1.1.1.9.1.3 Estaca prancha de vinil ................................................................................... 33

3.1.1.1.9.1.4 Estaca prancha de madeira ............................................................................. 33

3.1.2 Dimensionamento .......................................................................................... 34


3.1.2.1 Estaca escavada .............................................................................................. 34

3.1.2.2 Demais estacas ............................................................................................... 35

3.1.2.2.1 Avaliação do solo............................................................................................ 35

3.1.2.2.2 Determinação das Cargas da Estrutura ........................................................... 35

3.1.2.2.3 Seleção do Diâmetro ....................................................................................... 35

3.1.2.2.4 Capacidade de Carga e Comprimento da Estaca ............................................ 35

3.1.2.2.5 Fator de Segurança ......................................................................................... 35

3.1.2.2.6 Verificação de detalhamento de projeto.......................................................... 36

3.1.2.2.7 Execução e Inspeção ....................................................................................... 36

3.1.2.2.8 Monitoramento ............................................................................................... 36

3.1.3 Execução ........................................................................................................ 36

3.1.3.1 Estaca escavada .............................................................................................. 36

3.1.3.2 Estaca Franki .................................................................................................. 37

3.1.3.2.1 Locação das estacas ........................................................................................ 37

3.1.3.2.2 Perfuração do solo .......................................................................................... 37

3.1.3.2.3 Execução da base alargada ............................................................................. 38

3.1.3.2.4 Colocação da armadura .................................................................................. 38

3.1.3.2.5 Concretagem dos furos ................................................................................... 38

3.1.3.3 Estaca Strauss ................................................................................................. 38

3.1.3.4 Estaca raiz ...................................................................................................... 39

3.1.3.4.1 Perfuração do furo .......................................................................................... 39

3.1.3.4.2 Colocação da armadura .................................................................................. 40

3.1.3.4.3 Execução da moldagem do fuste .................................................................... 40

3.1.3.5 Estaca hélice contínua .................................................................................... 40

3.1.3.5.1 Perfuração do solo .......................................................................................... 40

3.1.3.5.2 Concretagem dos furos ................................................................................... 41

3.1.3.5.3 Colocação da armadura .................................................................................. 41


3.1.3.6 Estaca pré-moldada de concreto .................................................................... 41

3.1.3.6.1 Locação no canteiro de obras: ........................................................................ 41

3.1.3.6.2 Posicionamento e içamento ............................................................................ 42

3.1.3.6.3 Desaprumo das estacas ................................................................................... 42

3.1.3.6.4 Emendas ......................................................................................................... 42

3.1.3.6.5 Cravação ......................................................................................................... 42

3.1.3.6.6 Reaproveitamento de estacas .......................................................................... 43

3.1.3.6.7 Nega e repique (diagrama de cravação) ......................................................... 43

3.1.3.6.8 Penetração no bloco de coroamento ............................................................... 43

3.1.3.6.9 Reparos ........................................................................................................... 43

3.1.3.7 Estaca metálica ............................................................................................... 43

3.1.3.8 Estaca de madeira .......................................................................................... 44

3.1.3.9 Estaca prancha ............................................................................................... 44

3.1.4 Vantagens e Desvantagens ............................................................................ 44

3.1.4.1 Vantagens ........................................................................................................ 44

3.1.4.1.1 Estaca escavada .............................................................................................. 44

3.1.4.1.2 Estaca Franki .................................................................................................. 45

3.1.4.1.3 Estaca Strauss ................................................................................................. 45

3.1.4.1.4 Estaca raiz ....................................................................................................... 46

3.1.4.1.5 Estaca hélice contínua .................................................................................... 46

3.1.4.1.6 Estaca pré-moldada de concreto ..................................................................... 46

3.1.4.1.7 Estaca metálica ............................................................................................... 46

3.1.4.1.8 Estaca de madeira ........................................................................................... 47

3.1.4.1.9 Estaca prancha ................................................................................................ 47

3.1.4.2 Desvantagens .................................................................................................. 47

3.1.4.2.1 Estaca escavada .............................................................................................. 47

3.1.4.2.2 Estaca Franki .................................................................................................. 47


3.1.4.2.3 Estaca Strauss ................................................................................................. 47

3.1.4.2.4 Estaca raiz ....................................................................................................... 48

3.1.4.2.5 Estaca hélice contínua .................................................................................... 48

3.1.4.2.6 Estaca pré-moldada de concreto ..................................................................... 48

3.1.4.2.7 Estaca metálica ............................................................................................... 49

3.1.4.2.8 Estaca de madeira ........................................................................................... 49

3.1.4.2.9 Estaca prancha ................................................................................................ 49

3.2 Tubulões ......................................................................................................... 49

3.2.1 Conceito ......................................................................................................... 49

3.2.1.1 Tipos de tubulões ............................................................................................ 50

3.2.1.1.1 Tubulão a céu aberto ....................................................................................... 50

3.2.1.1.2 Tubulão a ar comprimido................................................................................ 51

3.2.2 Dimensionamento .......................................................................................... 52

3.2.2.1 Tubulão a céu aberto ...................................................................................... 52

3.2.2.2 Tubulão a ar comprimido ............................................................................... 53

3.2.3 Execução ........................................................................................................ 54

3.2.3.1 Tubulão a céu aberto ...................................................................................... 54

3.2.3.2 Tubulão a ar comprimido ............................................................................... 55

3.2.4 Vantagens e Desvantagens ............................................................................ 56

3.2.4.1 Vantagens ........................................................................................................ 56

3.2.4.2 Desvantagens .................................................................................................. 57

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 58
3

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem o objetivo de apresentar de forma concisa os principais


pontos sobre o tema fundações. Através do guia prático, os profissionais da área da construção
civil poderão, de forma rápida e clara, fazer consulta acerca do conceito, dimensionamento,
execução, vantagens e desvantagens de cada método construtivo, tais como outros fatores que
são necessários tomar conhecimento no momento do planejamento e execução da respectiva
obra.
As fundações são responsáveis pela transmissão das cargas das edificações ao
solo, seja de forma direta, por fundações superficiais, seja de forma indireta, por fundações
profundas. As fundações superficiais, diretas ou rasas são representadas pelas sapatas, blocos,
radier, sapatas associadas, vigas de fundação e sapatas corridas. As fundações profundas são
representadas, basicamente, pelas estacas e tubulões.
4

2 FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS

2.1 Blocos

2.1.1 Conceito

De acordo com a NBR 6122/2022 - Projeto e execução de fundações, bloco é um


elemento de fundação rasa ou superficial de concreto que geralmente tem a sua base em
planta quadrada ou retangulares, não deve ter dimensões menores que 60 cm e são
recomendados para pequenas obras em solos com boa capacidade de suporte. Podem ser
realizados com concreto simples, usinado ou ciclópico e são dimensionados sem a
necessidade de utilização de armadura pois as tensões de tração atuantes nesses elementos
podem ser resistidas pelo concreto devido as dimensões do bloco (Figura 1).

Figura 1 - Esquema de bloco de fundação com


concreto ciclópico

Fonte: Escola Engenharia (2017).

Fonte: Escola Engenharia (2017).

2.1.2 Dimensionamento

Os blocos de fundação podem ser dimensionados de tal maneira que o ângulo β,


expresso em radianos e mostrado na Figura 2, satisfaça à equação:
5

tan 𝛽 𝜎 𝑎𝑑𝑚 (1)


≥ +1
𝛽 𝜎 𝑐𝑡

Sendo σadm a tensão admissível; σct a tenção de tração no concreto (σct = 0,4
ƒtk ≤ 0,8 Mpa); ƒtk é a resistência característica à tração do concreto, cujo valor pode ser
obtido a partir da resistência característica à compressão (ƒck) pela equação (2);

𝑓𝑡𝑘
𝑓𝑡𝑘 = 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑐𝑘 ≤ 18 𝑀𝑃𝑎 𝑜𝑢
10 (2)
𝑓𝑡𝑘 = 0,06 𝑓𝑐𝑘 + 0,7 𝑀𝑃𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑐𝑘
> 18 𝑀𝑃𝑎

Com respeito à distribuição das pressões sob a base do bloco, aplica-se o já


disposto para as sapatas.
As vigas e placas de fundação podem ser calculadas pelo método do coeficiente
de recalque ou por método que considere o solo como meio elástico contínuo.

Figura 2 - Distribuição de pressões de fundações


apoiadas em rocha

Fonte: NBR 6120 - Cargas para o cálculo de estruturas de


edificações (2022)

2.1.3 Execução

2.1.3.1 Escavação do terreno

o primeiro passo é a abertura da vala para a execução do bloco. Deve-se realizar a


escavação de acordo com as cotas e dimensões estabelecidas em projeto.
6

2.1.3.2 Execução das fôrmas

Após a verificação das cotas de apoio e as marcações dos pilares, faz-se a


montagem das formas para que seja feita a concretagem posteriormente.

2.1.3.3 Lastro

Se o bloco não for assentado diretamente em rocha, é necessária a realização de


uma camada de concreto simples (Figura 4) de no mínimo 5 cm que ocupe toda a extensão do
bloco para proteger o elemento da umidade e da perda rápida da água durante a cura.

2.1.3.4 Concretagem

Neste tipo de fundação não se faz necessária a utilização de armaduras.

2.1.3.5 Adensamento mecânico

Aplicado para remoção de vazios da peça (Figura 3).

Figura 3 - Adensamento de concreto Figura 4 - Bloco de fundação em concreto


lançado em bloco de fundação simples já curado

Fonte: MAQFORT (2018) Fonte: Habitíssimo (2023)


7

2.1.4 Vantagens e Desvantagens

2.1.4.1 Vantagens

Quando se fala de Blocos, a principal vantagem é a economia que se têm, sendo


uma das maiores a ausência de vergalhões visto que são projetadas dentro dos limites para
suportarem a tração oferecida pela própria peça. Outra economia que se deve falar é a baixa
cota de escavação necessária visto que são consideradas fundações superficiais.

2.1.4.2 Desvantagens

A principal desvantagem dos Blocos é a baixa capacidade de carga que podem


sobre elas ser trabalhadas, assim deve-se estar certo da carga da edificação, geralmente casas,
e das características dos solos para não impactar de forma negativa em relação a segurança da
estrutura.

2.2 Alicerce

2.2.1 Conceito

Segundo o Professor do Centro Paula Souza (CPS-SP,2023) é um tipo de base


executada com elementos de alvenaria (Figura 5), concreto simples, ou ciclópico formando
uma estrutura de fundação cujo objetivo é o de transmitir para o solo as cargas da edificação.
São estruturas práticas e econômicas e podem ser utilizados em obras de pequeno porte como
casas térreas ou mesmo em sobrados e de maneira simples, funcionam como um alargamento
da base das paredes, dificultando sua penetração no terreno. Geralmente indicados para solos
arenosos, muito comum em zonas litorâneas, como também para solos argilosos (cor
avermelhada).
8

Figura 5 - Esquema de Alicerce em bloco maciço

Fonte: Apostila de Fundações Rasas – Obras de Pequeno Porte – Marco Pádua (2018)

2.2.2 Dimensionamento

Por se tratar de um elemento estrutural não normatizado, não há um procedimento


de cálculo padrão, sendo na maioria das vezes executada com conhecimentos adquiridos na
prática por pedreiros, mestres de obras e engenheiros que executam obras de pequeno porte.

2.2.3 Execução

2.2.3.1 Escavação do terreno

É o primeiro passo, trata-se da abertura da vala para a execução do alicerce


segundo o gabarito de obra (Figura 6) garantindo as cotas e as dimensões estabelecidas em
projeto. Por se tratar de uma abertura de pouca profundidade, geralmente faz-se manualmente.
A largura da vala dever ser mais larga que a do alicerce para possibilitar a impermeabilização
lateral evitando contato direto com o solo.

2.2.3.2 Lastro

Se o alicerce não for assentado diretamente em rocha, é necessária a realização de


uma camada de concreto simples, ou comumente chamado concreto magro de no mínimo 5cm
9

de espessura que ocupe toda a extensão do alicerce para proteger o elemento da umidade do
solo garantindo uma cura de qualidade.

2.2.3.3 Alvenaria

Executada em bloco maciço ou furado, cerâmico ou estrutural, ou pedra de mão


respeitando sempre a cota definida em projeto.

2.2.3.4 Regularização

Regular de forma lateral e superior da base com argamassa de reboco para receber
impermeabilização (Figura 8). Esse processo melhora a condição para aderência da
impermeabilização e reduz a quantidade de material impermeabilizante posteriormente
aplicada.

2.2.3.5 Impermeabilização

Aplicação da camada de impermeabilização (Figura 7) conforme técnica para o


produto escolhido. Sendo alternativas mais comuns: manta asfáltica, argamassa polimérica,
manta liquida além de outras.

Figura 6 - Vala para execução de Figura 7 - Alicerce em tijolo e


alicerce impermeabilizado

Fonte: Portal construção fácil (2018) Fonte: Habitissimo (2023)


10

Figura 8 - Alicerce em Pedra de mão e argamassa a


impermeabilizar

Fonte: Obra Salinas em Sobral -CE (2022)

2.2.4 Vantagens e Desvantagens

2.2.4.1 Vantagens

Por se tratar de fundações superficiais, igualmente aos blocos, a principal


vantagem é a economia que se têm, sendo uma das maiores a ausência de vergalhões visto que
são projetadas dentro dos limites para suportarem a tração oferecida pela própria peça. Outra
economia que se deve falar é a baixa cota de escavação necessária visto que são consideradas
fundações superficiais.

2.2.4.2 Desvantagens

Possui as mesmas desvantagens de blocos, tendo como principal a baixa


capacidade de carga que podem sobre elas ser trabalhadas, assim deve-se estar certo da carga
da edificação, geralmente casas, e das características dos solos para não impactar de forma
negativa em relação a segurança da estrutura.
11

2.3 Sapatas

Em ocasiões que necessite de uma fundação rasa, superficial ou também chamada


de fundação direta, usa-se sapatas isso ocorre pelas devidas funcionalidades e características
que cada tipo de fundação acarreta, pela sondagem do solo, acessibilidades e outras devidas
condições, assim como a maior parte da engenharia civil, o dimensionamento e a execução é
essencial, caso não seja calculado corretamente ou executado, trará certos problemas
futuramente (PANCIERA,2014). As fundações rasas geralmente estão situadas a uma altura
entre um metro e meio a dois metros da superfície do solo essas características fazem com que
a fundação seja considerada pequena dando então o sentido de fundações rasas (MORAES,
1997.), é afirmado pela NBR 6122/2022 - Projeto e execução de fundações - sobre a
profundidade mínima, por aspectos de segurança a profundidade não deverá ser menor que
cento e cinquenta centímetro.

2.3.1 Conceito

Sapata é um elemento de fundação rasa ou superficial de concreto armado que


geralmente tem a sua base em planta quadrada, retangular ou trapezoidal. As sapatas de
fundação são dimensionadas para que as tensões de tração que atuam sobre a fundação sejam
resistidas pela armadura e não pelo concreto, quanto a tipologia das sapatas podem ser
divididas em quatro tipos: sapata isolada, sapata corrida, sapata associada e sapata alavancada,
sapatas são indicadas para regiões onde e solo é estável e com boa resistência nas camadas
superficiais e suportam grande capacidade de cargas comparadas a outros tipos de fundação
rasa ou direto como blocos não armados, radier e viga baldrame.

2.3.1.1 Tipos de sapatas

2.3.1.1.1 Sapata isolada

É um dos tipos de fundação superficiais mais simples e comuns na construção


civil. Ela é dimensionada para suportar a carga de apenas um pilar ou coluna.
12

Figura 9 - Ilustração 3d de uma sapata

Fonte: site construindo casas (2023)

2.3.1.1.2 Sapata corrida

É utilizada para suportar cargas oriundas de elementos contínuos que possuem


cargas distribuídas linearmente como muros, paredes e outro elementos alongados (Figuras 10
e 11).

Figura 10 – Foto em campo de uma Figura 11 - Ilustração 3d de uma sapata


sapata corrida corrida

Fonte: site escola engenharia (2010) Fonte: site escola engenharia (2023)

2.3.1.1.3 Sapata associada ou radier parcial

É uma sapata comum a vários pilares (Figura 12). São normalmente empregadas
quando a posição de duas sapatas isoladas ficarem muito próximas por falta de espaço ou
opção estrutural. Neste caso, as bases das sapatas poderiam ficar sobrepostas ou influenciar na
outra estruturalmente fazendo com que o uso de uma única sapata associada pudesse receber
as cargas de dois ou mais pilares próximos.
13

Figura 12 - Ilustração em perspectiva de uma


sapata associada

Fonte: site escola engenharia (2023)

2.3.1.1.4 Sapata alavancada

É utilizada quando a base da sapata não coincide com o centro de gravidade do


pilar por estar próximo a alguma divisa ou outro obstáculo (Figura 13).

Figura 13 - Ilustração 3d de uma


sapata associada

Fonte: site escola engenharia (2023)


14

2.3.1 Dimensionamento

Com o intuito de facilitar o entendimento sobre a forma de dimensionamento de


uma sapata, será descrito o passo a passo para dimensionar uma sapata isolada. A tensão

admissível do solo (σadm) é calculada em função do laudo SPT (sondagem), as seções e


cargas do pilar são calculadas em outras etapas do projeto estrutural.
Primeiramente, deve-se majorar a carga centrada (Figura 14) através de um
coeficiente de segurança de 1,1, ou seja, 10% a mais de carga (essa carga extra de 10% é
considerada como sendo o peso próprio da sapata).

𝑃𝑃 = 𝑁𝑘 𝑥 1,1 (3)

Onde PP é o peso próprio da sapata; Nk é a carga centrada.

Figura 14 – Representação da
carga centrada

Fonte: canal youtube eng.estruturas


(2022)

2.3.1.1 Calcular a área

A área da sapata pode ser definida facilmente através da fórmula de tensão:

𝑁𝑘 𝑃𝑃 (4)
𝐴𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 = 1,1 𝑥 =
𝜎𝑎𝑑𝑚 𝜎𝑎𝑑𝑚
15

Sendo Asapata a área da sapata; Nk a carga centrada; σadm a tensão admissível.

2.3.1.2 Determinar valor de B

Com a área e as dimensões do pilar em mãos (Figura 15), a menor dimensão da


sapata pode ser obtida através da equação desenvolvida no método dos balanços iguais,
utilizada para o caso de se obter uma sapata retangular.

(5)
𝑏−𝑎 (𝑏 − 𝑎)2 + 𝐴𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎
𝐵= +√
2 4

Onde B é a menor dimensão da base da sapata; A é a maior dimensão da base da


sapata; b é a menor dimensão da base do pilar; a é a maior dimensão da base do pilar

Figura 15 – Dimensões do pilar


e da sapata

Fonte: canal youtube eng.estruturas


(2022)

2.3.1.3 Determinar valor de A

Para encontrar a maior dimensão da sapata, existem duas opções (6.1 e 6.2). Por
norma, a menor dimensão aceita para sapatas é de 60 cm.

𝐴𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 (6.1)
𝐴=
𝐵
𝐴=𝐵−𝑏+𝑎 (6.2)
16

Geralmente, os cálculos retornam valores inviáveis para a execução da sapata


isolada. Portanto, é recomendável que o valor encontrado seja arredondado para um múltiplo
de 5 cm imediatamente acima.

2.3.1.4 Verificar as dimensões

Definida a dimensão da sapata, o próximo passo será realizar a sua conferência.


Para tal, basta verificar que a área obtida é igual ou superior à necessária. Alguns construtores
aumentam as dimensões mesmo após os cálculos, visando o aumento da margem de
segurança.
A sapata sofre a influência do momento, é necessário considerar a excentricidade
das cargas geradas, verificando se ela está no núcleo de inércia, assim, deve-se fazer um teste
de excentricidade através da fórmula:

𝑀𝑘 𝐴 (7)
𝑒= ;𝑒 <
1,1 𝑥 𝑁𝑘 6

Onde e é o valor da excentricidade; Mk é o momento; Nk é a carga centrada.


Passado no teste de excentricidade, é aplicada a equação simplificada para
obtenção das tensões mínima e máxima na sapata.
É através do cálculo da tensão máxima que ocorrerá análise se a tensão máxima
irá ultrapassar a tensão admissível, com isso, não será apresentado o cálculo da tensão
mínima.

1,1 𝑥 𝑁𝑘 𝑒 (8)
σMáx = = (1 + 6 𝑥 )
𝐵𝑥𝐴 𝐴

Se σMáx ≥ σAdm deve-se aumentar ambas as dimensões da sapata em 5 cm e


refazer o cálculo de excentricidade.
Se σMáx < σAdm conclui-se que foi encontrado a dimensão adequada para a
sapata.
17

2.3.1.5 Determinar as alturas

Com a base calculada, pode-se então calcular a altura total e a altura da aba da
sapata (Figura 16):

𝐴−𝑎 (9)
ℎ≥
3

Sendo h a altura da sapata (cm); A a maior dimensão da sapata (cm); a a maior


dimensão da seção do pilar (cm).

Figura 16 - Altura de sapata isolada

Fonte: Nelso Schneider (2019)

Já a altura da aba da sapata deve ser o maior valor entre:

≥ 15 𝑐𝑚 (10)
ℎ0 { ℎ

3

Onde h é a altura total da sapata e ho é a altura da aba da sapata.

2.3.2 Execução

2.3.2.1 Escavação do terreno

Onde será feita a sapata, de acordo com o projeto de fundações, seguindo as


dimensões e cotas indicadas e realiza a compactação do solo da cava (Figura 17).
18

Figura 17 - Escavação do terreno

Fonte: educacivil (2023)

2.3.2.2 Aplicação de camadas

Aplicar uma camada de concreto magro no fundo do terreno escavado e nas suas
laterais essa camada de regularização no fundo deve ter no mínimo 5 cm e sua função é
proteger a armadura da sapata contra a umidade do solo. Nas laterais, uma camada de
chapisco já basta (Figura 18).

Figura 18 - Aplicação de
camadas

Fonte: educacivil (2023)

2.3.2.3 Enformar

Colocar as fôrmas de acordo com o projeto de locação de obra. Deve-se conferir


as marcações dos pilares e checar o nível da sapata (Figura 19).

Figura 19 – Etapa de
colocar fôrmas

Fonte: educacivil (2023)


19

2.3.2.4 Inserir armaduras

Coloca-se armadura de acordo com o projeto de fundações. Ao colocar a armadura


de fundo deve usar espaçadores parar garantir o cobrimento do aço pelo concreto já o
posicionamento da armadura do pilar que sairá da sapata isolada. Deve-se fixar os arranques
dos pilares com arames de aço (Figura 20).

Figura 20 – Etapa de inserir armaduras

Fonte: educacivil (2023)

2.3.2.5 Concretagem

Realiza-se a concretagem da sapata, o concreto deve atender a resistência definida


no projeto estrutural assim como garantir o adensamento do concreto recomenda-se uso de
vibrador com a agulha definida em projeto (Figura 21).

Figura 21 – Etapa de concretagem

Fonte: educacivil (2023)

2.3.2.6 Desenformar

Esperar a cura do concreto e realizar a desforma da sapata e o devido reaterro da


20

cava da sapata (Figura 22).

Figura 22 - Etapa de tirar fôrmas

Fonte: educacivil (2023)

2.3.3 Vantagens e Desvantagens

2.3.3.1 Vantagens

As vantagens das sapatas em uma fundação são o seu baixo custo, rapidez de
execução e a capacidade de construção sem equipamentos e ferramentas especiais. Uma
fundação em sapatas bem dimensionada pode ser executada com pouca escavação e baixo
consumo de concreto.

2.3.3.2 Desvantagens

As desvantagens do uso de sapatas é especifica de cada tipo adotado: sapata


isolada elas dependem da característica da obra, por exemplo, em casos que as sapatas
estejam muito próximas, deixa de ser vantajoso, sendo uma melhor opção o radier; sapata
corrida este tipo de sapata pode sair com o custo benefício mais alto que uma sapata simples,
por precisar de vigas, baldrames e colunas para uma melhor distribuição de cargas; sapata
associada elas só devem ser usada caso dois pilares estejam muito próximos, assim
necessitando associar duas sapatas para que se tornem uma.

2.4 Radier
Para que as fundações rasas ou diretas sejam tecnicamente viáveis, o terreno
precisa atender a, pelo menos, duas condições básicas. “A primeira é a de que o solo de apoio
apresente capacidade de carga adequada aos esforços previstos”, fala Ludemann. Já a segunda
21

é a de que as alterações previstas no subsolo sejam compatíveis com as deformações


aceitáveis para a estrutura em seu estado limite.

2.4.1 Conceito
Radier é um tipo de fundação superficial (rasa), que descarrega as cargas da
edificação por meio da resistência da base, a fundação radier pode ser explicada como uma
laje de concreto armado que se estende por toda a área da edificação. Esse tipo de construção
está em contato direto com o solo, distribuindo uniformemente o peso da estrutura sobre o
solo. É uma opção comum para edificação de pequena ou médio porte, onde a carga é
uniformemente distribuída.

2.4.1.1 Tipos de radier

2.4.1.1.1 Radier estaqueado

É um tipo de fundação mista composta por dois elementos (Figura 23): um


horizontal (o radier) e outro vertical (as estacas).

Figura 23 - Radier estaqueado

Fonte: CarLuc Engenharia (2023)

2.4.1.1.2 Radier nervurado:

São utilizados em casas e edifícios residenciais de múltiplos pavimentos de média


22

altura onde a fundação necessita de rigidez (Figura 24).

Figura 24 - Radier nervurado

Fonte: CarLuc Engenharia (2023)

2.4.1.1.3 Radier com concreto protendido (Figura 25):

A estrutura é formada por uma tela com cabos de aço coberta com concreto.
Depois de aplicado o concreto e antes da secagem completa (cura), os cabos de aço são
esticados (tensionados) com um macaco hidráulico. Após a secagem completa do concreto, o
macaco hidráulico é retirado. Esse tipo de fundação radier é muito usado na construção de
salões de festas e estacionamentos.

Figura 25 - Radier com concreto protendido

Fonte: CarLuc Engenharia (2023)


23

2.4.1.1.4 Radier com concreto armado (Figura 26)

A estrutura é composta por telas ou malhas de aço cobertas com concreto, sendo
muito usada em construções de pequeno porte.

Figura 26 - Radier com concreto armado

Fonte: CarLuc Engenharia (2023)

2.4.1 Dimensionamento

Para que o dimensionamento do elemento seja realizado de forma adequada, o


lançamento deve ser realizado de acordo com o porte da estrutura, de forma com que os
esforços solicitantes no elemento possam ser suportados. A escolha dos coeficientes de
recalque vertical e horizontal do solo é uma questão importante e devem ser definidos de
acordo com estudos geotécnicos no solo existente no local da obra.
A obtenção dos deslocamentos reais do radier e dos seus esforços internos pode
ser alcançada através de uma análise da interação solo-estrutura. Segundo Dória (2007) estes
esforços podem ser obtidos diretamente através da análise da interação ou, indiretamente, por
meio das pressões de contato. Assim, a determinação das pressões de contato é necessária
para o cálculo dos esforços internos no radier, a partir do qual é realizado o seu
dimensionamento.
De acordo a hipótese de Winkler, o solo é modelado por molas distribuídas
continuamente ao longo da superfície do elemento, e as pressões de contato são proporcionais
24

aos recalques, até ser atingida a pressão que leva a plastificação do solo.
A pressão de contato em um ponto qualquer no interior do elemento de placa será
calculada pela seguinte expressão:

ps= kv.d (11)

Onde kv é o coeficiente de reação vertical do terreno, e d a deflexão vertical no


ponto considerado.
O dimensionamento adequado do radier depende das propriedades do solo de
suporte. Estudos de Mitchell (1993) e Terzaghi (1943) destacam a importância da análise do
solo para determinar a capacidade de carga e distribuição de tensões no radier. A metodologia
do Método dos Elementos Finitos, conforme discutido por Zienkiewicz (1977), tem sido
empregada para analisar o comportamento do radier sob diferentes condições de carga.

2.4.2 Execução

Conforme a NBR 6122/2022 - Projeto e execução de fundações - a fundação


radier é um elemento de fundação rasa dotado de rigidez para receber mais de 70% cargas da
estrutura. Logo esse tipo de fundação tem a finalidade de absorver as cargas de pilares,
alvenaria ou qualquer elemento que venha se sobrepor. Torna-se indispensável a realização de
análise da topografia e sondagem de solo para avaliação das camadas e índices de resistência
do solo do terreno.
A fundação radier também é muito utilizada quando se deseja evitar o recalque do
solo por meio de uma melhor distribuição de cargas para o solo, o radier por sua vez distribui
as cargas de toda edificação uniformemente no terreno.
Antes de começar o procedimento de execução, um dos cuidados principais é que
a equipe de topografia verifique se o solo está rigorosamente nivelado. Caso não esteja bom,
precisam ser realizados ajustes no solo antes de iniciar os trabalhos com a fundação.
Quando o subsolo atende aos requisitos mínimos, o processo construtivo é
bastante simples. A execução do radier, primeiramente deve ser realizada a limpeza da
superfície do terreno e a escavação até a cota de implantação. Depois disso, o terreno deve ser
nivelado e compactado adequadamente. É colocada uma lona apropriada para a
impermeabilização e um lastro de brita, que tem como objetivo proteger a armadura do radier
das matérias orgânicas, componentes e umidade do solo. Também são colocadas formas de
25

madeira na lateral, de modo a fazer o fechamento da área que será concretada conforme
previsto e indicado no projeto de fundações e estrutural.
São inseridas as armaduras dimensionadas no projeto estrutural, tendo como base
as informações do estudo geotécnico. O espaçamento entre elas, assim como as dimensões,
depende das particularidades de cada edificação, assim como dos parâmetros de
deformabilidade e resistência do solo.
No geral, as armaduras são reforçadas sob as paredes e pilares, permitindo que
essas cargas aplicadas possam migrar para as áreas próximas, promovendo uma espécie de
repartição desses esforços
Instalações hidrossanitárias e elétrica devem ser posicionadas e executadas antes
da concretagem, evitando furos e cortes após a execução, reduzindo o retrabalho e a elevação
do custo da fundação. Em seguida, é realizada a concretagem e deve ser realizada a cura
apropriada, a fim de evitar manifestações patológicas.
Mesmo em terrenos com solos moles sujeitos a recalque por adensamento ou em
terrenos porosos cujo risco de colapso estrutural é maior, a fundação radier poderá ser
aplicada mediante estudos e projetos geotécnicos específicos, evitando acidentes e colapsos
durante a construção, uso e operação da edificação.

2.4.3 Vantagens e Desvantagens

2.4.3.1 Vantagens

A construção de um radier é relativamente simples, exigindo menos etapas


complexas. Em comparação com outras fundações, o radier pode ser mais econômico,
especialmente para edificações menores. A laje de fundação ajuda a distribuir uniformemente
as cargas da estrutura sobre o solo, minimizando recalques diferenciais.
O processo executivo é simples e não demanda grandes escavações e não há
grande movimentação de terra. O processo de nivelamento e compactação é mais simples,
assim como os demais processos, como montagem das formas e armaduras. Dessa maneira, a
redução do tempo de execução é significativa, gerando também uma economia para o
construtor e para o cliente.
26

2.4.3.2 Desvantagens

Caso seja necessário aumentar a resistência do radier devido às cargas atuantes na


laje, será necessário aumentar o volume do concreto, o que pode encarecer e dificultar a
construção da fundação.
A necessidade de realizar as instalações hidrossanitárias precocemente pode ser
um fator negativo quando o projeto não está definido ou o planejamento não for feito de
forma adequada.
É essencial que o tipo de solo do terreno apresente as características necessárias
para a viabilidade da fundação radier, conforme impõe a NBR 6122/2022 - Projeto e execução
de fundações.
27

3 FUNDAÇÕES PROFUNDAS

3.1 Estacas
São utilizadas para transferir as cargas das construções para camadas mais
profundas do solo, garantindo a estabilidade e a segurança das edificações.

3.1.1 Conceito

As estacas são elementos de fundação que tem como objetivo transmitir as cargas
da edificação atuantes na superfície para o solo. A transmissão das cargas para o solo é feita
de duas formas, pelo atrito lateral entre a estaca e o solo e pela resistência de ponta da estaca.
Em alguns casos, é considerado somente a resistência obtida pelo atrito lateral. Elas podem
ser feitas de madeira, aço, concreto pré-moldado, concreto moldado in situ ou mistos.

3.1.1.1 Tipos de estacas

Existem vários tipos de estacas: escavada; Franki; Strauss; raiz; hélice contínua;
pré-moldada de concreto; metálica; de madeira; prancha.
A definição da melhor opção de estaca para uma obra deverá levar em
considerações informações importantes, como as características do terreno, as cargas da
edificação, os recursos financeiros disponíveis e as técnicas utilizadas na região da
construção. Para conhecer as características do terreno é necessário a execução de sondagens
do solo. O tipo de sondagem mais comum é o SPT “Teste Padrão de Penetração”, que fornece
uma descrição das características das camadas do solo, a posição do lençol freático e também
uma estimativa da resistência do solo.
As características da edificação são encontradas nos projetos de arquitetura e
principalmente no projeto estrutural. É pelo projeto estrutural que o engenheiro geotécnico
terá acesso às cargas atuantes na superfície.
As principais diferenças entre cada tipo de estaca são referentes ao material
constituinte ou então ao processo executivo.

3.1.1.1.1 Estaca escavada

As estacas escavadas (estacas moldadas) são elementos de concreto armado que


28

são executados in situ, em buracos escavados com recurso a maquinaria própria. Em algumas
regiões é conhecida como estaca trado (Figuras 27 e 28).

Figura 27 - Execução de estaca tipo Figura 28 - Execução de estaca tipo


escavada escavada

Fonte: Mapa da obra (2019). Fonte: Mapa da obra (2019).

3.1.1.1.2 Estaca Franki


A estaca Franki é um tipo de estaca cravada que é moldada no próprio local de sua
execução. A estaca do tipo Franki se caracteriza pela utilização de uma base alargada ou bulbo
preenchido com material granular (bucha seca) ou concreto. A bucha seca pode ser um tampão
de brita com areia ou concreto magro (Figuras 29 e 30).

Figura 29 - Execução de estaca Franki Figura 30 - Execução de estaca Franki

Fonte: Dry Plan (2017) Fonte: Dry Plan (2017)

3.1.1.1.3 Estaca Strauss

A estaca Strauss é uma fundação de concreto (simples ou armado), moldada no


29

local e executada com revestimento metálico recuperável. Pode ser empregada em locais
confinados ou terrenos acidentados, devido à simplicidade do equipamento utilizado. São
estacas muito flexíveis e que alcançam uma ótima capacidade de carga. Sua execução não
causa vibrações (Figuras 31 e 32).

Figura 31 - Execução de estaca Strauss Figura 32 - Execução de estaca Strauss

Fonte: CarLuc Engenharia (2023) Fonte: Escola Engenharia (2017)

3.1.1.1.4 Estaca raiz

A Estaca Raiz é uma estaca argamassada "in loco" e de elevada tensão de trabalho
do fuste. Caracteriza-se principalmente por ser uma estaca executada com o emprego de
revestimento, que permite atingir grandes comprimentos, em rocha ou em solo. Possui uma
variação de diâmetro de 10 a 50 centímetros, com profundidade de até 60 metros (Figuras 33
e 34).

Figura 33 - Execução de estaca raiz Figura 34 - Execução de estaca raiz

Fonte: Tecno Geo (2022) Fonte: FS Projetos de Fundações (2022)


30

3.1.1.1.5 Estaca hélice contínua

A estaca hélice contínua é um dos principais tipos de estacas utilizados nos


grandes centros urbanos. É uma estaca moldada in loco, a escavação é feita por meio de um
trado helicoidal que possui um tubo acoplado ao longo do seu eixo. Após a conclusão da
escavação é feita a concretagem através do tubo acoplado com simultânea retirada do trado
helicoidal (Figuras 35 e 36).

Figura 35 - Execução de estaca tipo Figura 36 - Perfuração com trado


hélice contínua helicoidal

Fonte: Pedreirão (2018) Fonte: Pedreirão (2018)

3.1.1.1.6 Estaca pré-moldada de concreto

São peças de concreto pré-fabricadas que são cravadas no solo através de bate
estacas e podem ter diferentes formas geométricas, também podem ser maciças ou vazadas.
Existem dois tipos de estacas pré-moldadas de concreto, as estacas de concreto armado e as
estacas de concreto protendido. As estacas pré-moldadas de concreto possuem um grande
diferencial em relação às estacas moldadas no local, que é o controle de qualidade, por serem
elementos industrializados (Figuras 37 e 38).
31

Figura 37 - Execução de estaca pré- Figura 38 - Execução de estaca pré-moldada


moldada de concreto de concreto

Fonte: Bueno fundações (2023) Fonte: Eroico (2020)

3.1.1.1.7 Estaca metálica

As estacas metálicas são constituídas de perfis metálicos, tubos de chapa dobrada


ou trilhos metálicos também utilizados nas ferrovias. São elementos estruturais produzidos
industrialmente. As estacas de aço devem resistir à corrosão pela própria natureza do aço ou
por tratamento adequado, porém dispensam tratamento se estiverem inteiramente enterradas
em terreno natural (Figuras 39 e 40).

Figura 39 – Estacas metálicas Figura 40 – Estacas metálicas

Fonte: Sondarello engenharia (2019) Fonte: Martelos hidráulicos (2018)

3.1.1.1.8 Estaca de madeira

As estacas de madeira não são tão comuns atualmente, mas esta foi um dos
primeiros tipos de estacas utilizados como elemento de fundação. Nada mais são do que
32

troncos de árvores, os mais retos possíveis, cravados no maciço de solo. As principais


madeiras utilizadas são o ipê, a peroba e a aroeira e fundações provisórias também é utilizado
o eucalipto. Este tipo de estaca funciona bem em situações submersas e em locais onde há
grande variação do nível da água é indicado evitá-la, pois, à estaca poderá apodrecer nestas
condições (Figura 41).

Figura 41 – Estacas de madeira

Fonte: Sondarello engenharia (2019)

3.1.1.1.9 Estaca prancha

As estacas pranchas são utilizadas em estruturas de contenção de solo e água. O


elemento é cravado no solo de forma justaposta, formando uma barreira de contenção, que
pode ser usada como solução provisória ou definitiva. Algumas de suas aplicações são:
trincheiras para obras, diques e barragens, proteção em túneis de acesso, margens de lagos e
escoramentos, além de servir como barreira de proteção contra cheias e solos contaminados.

3.1.1.1.9.1 Tipos de estacas prancha

As estacas pranchas podem ser categorizadas de acordo com seu material,


podendo ser metálica (de aço), de concreto e de vinil. Excepcionalmente, para contenções
provisórias, podem ser utilizadas estacas pranchas de madeira (Figura).

3.1.1.1.9.1.1 Estaca prancha metálica

É o tipo mais utilizado devido a sua resistência aliada à facilidade de manutenção


e manuseio. As estacas pranchas metálicas costumam associar o maior módulo elástico
33

possível, menor peso e melhor qualidade de aço para a necessidade em questão (Figura 42).

Figura 42 - Estaca prancha metálica

Fonte: VPA equipamentos (2018)

3.1.1.1.9.1.2 Estaca prancha de concreto

Disponibilizadas como pré-moldados, as estacas pranchas de concreto são pouco


utilizadas devido ao seu peso e dificuldade de transporte. Normalmente são utilizadas apenas
como anteparos em rios, mar e afins, com o auxílio de âncoras enterradas.

3.1.1.1.9.1.3 Estaca prancha de vinil

Também conhecidas como estacas pranchas sintéticas ou de plásticos, são feitas


de pvc e apresentam maior resistência e menor custo quando comparadas às demais, também
se diferenciando por serem recicláveis. Seu uso é indicado em aplicações marítimas.

3.1.1.1.9.1.4 Estaca prancha de madeira

Estacas pranchas de madeira são utilizadas apenas de forma provisória, por ser
uma estrutura feita de um material que demanda de inúmeros tratamentos a fim de se evitar
deterioração, tornando uma opção onerosa e com baixo grau de confiabilidade (Figura 43).
34

Figura 43 - Estaca prancha de madeira

Fonte: Martelos hidráulicos (2020)

3.1.2 Dimensionamento

3.1.2.1 Estaca escavada

Realizar ensaios de penetração do solo (SPT - Standard Penetration Test) para


determinar a resistência do solo em diferentes profundidades. O SPT mede o número N-SPT,
que é o número de golpes necessários para cravar uma amostra padrão de solo em uma
determinada profundidade.
Com base nos resultados dos ensaios de SPT, deve-se calcular a capacidade de
carga admissível (Qa) das estacas usando fórmulas ou tabelas geotécnicas. A fórmula básica
pode ser a seguinte:

𝑄𝑎 = 𝑁 𝑥 𝐴 𝑥 𝜎𝑣 (12)

Onde N é o número de golpes do SPT; A é a área transversal efetiva da estaca; 𝜎𝑣


é a pressão vertical efetiva no nível da base da estaca.
Com a capacidade de carga admissível ajustada pelo fator de segurança, pode-se
determinar o diâmetro e a profundidade da estaca que atenderão aos requisitos de capacidade
de carga.
A capacidade de carga calculada (Qa) deve ser ajustada aplicando um fator de
segurança adequado para garantir a estabilidade e a segurança da fundação. O valor do fator
de segurança depende das condições específicas do projeto, mas geralmente varia de 2 a 3
35

3.1.2.2 Demais estacas

O dimensionamento das estacas varia de acordo com o tipo, seções, formas


geométricas, entre outros fatores. Porém, é possível utilizar um passo a passo geral para a
verificação de cada etapa do dimensionamento.

3.1.2.2.1 Avaliação do solo

Realizar ensaios geotécnicos, como sondagens ou ensaios de penetração do solo,


para obter informações detalhadas sobre as características do solo, incluindo resistência,
coesão, ângulo de atrito e profundidade do lençol freático.

3.1.2.2.2 Determinação das Cargas da Estrutura

Calcular as cargas verticais e horizontais que a estrutura exercerá sobre o tipo de


estaca escolhido. Considerar o peso da estrutura, cargas vivas, cargas de vento e outras cargas
aplicáveis.

3.1.2.2.3 Seleção do Diâmetro

Escolher o diâmetro adequado do tipo da estaca com base nas condições do solo,
nas cargas da estrutura e nas especificações do projeto. O diâmetro da estaca influenciará sua
capacidade de carga.

3.1.2.2.4 Capacidade de Carga e Comprimento da Estaca

Determinar a capacidade de carga da estaca usando métodos geotécnicos


apropriados, como análises de resistência à compressão e à tração, levando em consideração
as características do solo e o diâmetro da estaca. Calcular o comprimento da estaca necessário
para suportar as cargas da estrutura.

3.1.2.2.5 Fator de Segurança

Aplicar um fator de segurança adequado às estimativas de capacidade de carga


36

para garantir a segurança e a estabilidade das estacas em serviço. O valor do fator de


segurança pode variar de acordo com normas e regulamentos locais.

3.1.2.2.6 Verificação de detalhamento de projeto

Verificar desenhos e especificações detalhadas que descrevam o layout, o


diâmetro, o comprimento, o espaçamento e outros detalhes de construção das estacas.

3.1.2.2.7 Execução e Inspeção

Durante a instalação das estacas, é necessário realizar inspeções para garantir que
elas estejam sendo construídas de acordo com o projeto e que o processo de cravação ou
instalação esteja ocorrendo conforme o planejado.

3.1.2.2.8 Monitoramento
Em alguns casos, é aconselhável monitorar o desempenho das estacas ao longo do
tempo para garantir que elas continuem a atender aos requisitos de carga e estabilidade.

3.1.3 Execução

3.1.3.1 Estaca escavada

O processo executivo da estaca escavada tem como etapas principais a


perfuração/escavação, o posicionamento de armaduras e a concretagem. A escavação é
realizada com trado helicoidal. O diâmetro deste tipo de estaca pode variar muito, de 30 a 180
centímetros. Estas estacas podem chegar a profundidades de até 70 metros.
Uma vez instalado e nivelado, o equipamento é posicionado na ponta do trado
sobre o piquete de locação e é iniciada a perfuração. O trado é automaticamente esvaziado
através da força centrífuga. Assim, essa operação é repetida várias vezes até se atingir a cota
previamente estabelecida. Dessa forma, assim que chegar essa cota, a característica do solo é
confirmada para, logo, colocar a armadura e, posteriormente, fazer a concretagem da estaca.
Existem algumas características do concreto que devem ser levadas em
consideração, como o abatimento ou “slump test” igual a 9 – mais ou menos dois centímetros;
37

o fck deve ser igual a 20 Mpa; e, por sua vez, o consumo de cimento não pode ser inferior a
300 kg/m³.

3.1.3.2 Estaca Franki

3.1.3.2.1 Locação das estacas

Primeiramente, deve-se realizar a locação das estacas no terreno e suas posições


devem seguir rigorosamente o projeto de fundações realizado por engenheiro calculista
responsável pelo dimensionamento.

3.1.3.2.2 Perfuração do solo

A estaca Franki é cravada no solo por meio de golpes de um pilão bate estacas.
Esse processo de cravação gera muitas vibrações no solo, podendo causar danos as
edificações vizinhas.
Para estacas de até 15 metros de profundidade, deve-se utilizar pilão com massa
mínima de 1,0 a 3,0 toneladas com o diâmetro variando de 300 a 600 milímetros, conforme
tabela 1 (conforme NBR 6122/2022):

Tabela 1 - Variação de diâmetro da estaca

Diâmetro da estaca (mm) Massa mínima do pilão (t) Diâmetro mínimo do pilão (mm)

300 1,0 180

350 1,5 220

400 2,0 250

450 2,5 280

520 2,8 310

600 3,0 380

Fonte: NBR 6122 - Projeto e execução de fundações (2022)


38

Para estacas de comprimento maior do que 15 metros, deve-se aumentar a massa


mínima do pilão.

3.1.3.2.3 Execução da base alargada

A base alargada ou o bulbo da estaca Franki pode ser realizado com bucha seca de
material granular ou com concreto magro. A bucha é socada pelo pilão até a formação do
bulbo. A quantidade de material do bulbo será definida no projeto de fundações.

3.1.3.2.4 Colocação da armadura

De acordo com a NBR 6122/2022 - Projeto e execução de fundações, as estacas


Franki podem ser executadas sem o uso de armaduras em casos especiais. Porém,
normalmente mesmo quando as solicitações de carga em que as estacas estarão submetidas
não indiquem o uso de armadura, utiliza-se uma armadura mínima por motivos de ordem
construtiva. Geralmente, as armaduras dessas estacas são longitudinais, ao longo de seu
comprimento, e transversais, formadas pelos estribos que podem ser colocados de um a um ou
realizados em espiral.

3.1.3.2.5 Concretagem dos furos

Depois de realizada a cravação dos furos e a devida colocação das armaduras,


realiza-se o processo de concretagem das estacas. O consumo mínimo de cimento deve ser de
350kg/m3 e o concreto deve ser lançado em pequenas quantidades com sucessivas
compactações e retirada do tubo de revestimento.

3.1.3.3 Estaca Strauss

A escavação é realizada por meio de uma sonda metálica onde toda a superfície é
protegida por meio de revestimento metálicos que são introduzidos até a profundidade final da
estaca e sua concretagem é realizada com o lançamento e apiloamento do concreto, com à
medida que a estaca é concretada o revestimento metálico é retirado.
O equipamento para a colocação da estaca Strauss é conhecido como bate-estaca
39

Strauss e consiste basicamente em um guincho, um tripé com uma roldana fixada no topo,
tubos guia, pilão e sonda. A escavação é feita através de um tubo que pesa em torno de 700
kg com um diâmetro um pouco menor do que o tubo de revestimento.
Para o início da escavação abre-se um furo no terreno com um soquete para
colocação do primeiro tubo. Aprofunda-se o furo com golpes de sonda de percussão.
Conforme a descida do tubo, rosqueia-se o tubo seguinte até a escavação atingir a
profundidade determinada.
Atingida a cota prevista no projeto de fundação da edificação, o operador dos bate
estacas Strauss faz a checagem se a piteira já não entra tanto no solo. Isso ocorre quando se
atinge um nível em que o SPT é 20. Se isto acontecer, autoriza-se a concretagem.
O concreto é, então, lançado no tubo e apiloa-se o material com o soquete na base
da estaca. Para formar o fuste o concreto é lançado na tubulação e apiloado, enquanto as
camisas metálicas são retiradas com guincho manual.

3.1.3.4 Estaca raiz

Sua escavação é feita por meio de perfuração rotativa ou roto-percussiva, que


durante toda a escavação é utilizado revestimento metálico. Estas estacas são muito utilizadas
em fundações que precisam perfurar rochas ou solos com grande quantidade de matacões,
pois seu sistema de escavação consegue ultrapassar este tipo de material.

3.1.3.4.1 Perfuração do furo

A perfuração do furo na vertical ou inclinada é executada mediante a utilização de


equipamentos mecânicos apropriados denominados perfuratrizes (hidráulicas, mecânicas ou
pneumáticas). Essa abertura é executada por rotação ou roto – percussão com circulação de
um fluído de circulação constituído de água ou lama bentonítica (em casos especiais) com a
introdução no solo de elementos tubulares de aço rosqueáveis em cuja extremidade existe uma
coroa especial com elevado poder de corte. O fluxo do fluído de circulação carregando os
resíduos de perfuração, se processa pelo lado externo do revestimento conferindo ao furo um
diâmetro maior do que o diâmetro dos tubos utilizados na perfuração. À medida que se
prossegue a abertura, o tubo de perfuração penetra no terreno e os vários segmentos são
ligados entre si por juntas rosqueadas. Essa etapa se prossegue até ser atingida a cota prevista
no projeto.
40

3.1.3.4.2 Colocação da armadura

Terminada a perfuração, se foi utilizado lama bentonítica deverá ser efetuado uma
lavagem com água para ser retirada totalmente essa lama empregada; após isso é colocada a
armadura metálica no interior do tubo de perfuração. A armadura pode ser constituída de uma
ou mais barras montadas em feixe ou gaiolas conforme especificados pelo projeto estrutural
da estaca.

3.1.3.4.3 Execução da moldagem do fuste

Desce-se no canal de perfuração um tubo até o fundo, através deste tubo é injetada
a argamassa (cimento e areia) preparada em um misturador de alta turbulência. A injeção da
argamassa é processada de baixo para cima, o que provoca o deslocamento da água existente
no furo para fora. Esta operação é executada com o furo totalmente revestido com o tubo de
perfuração, portanto, realizado com o máximo de segurança para a continuidade do fuste da
estaca. Quando o tubo de perfuração estiver totalmente cheio com a argamassa, a sua
extremidade superior é tamponada e aplicada uma pressão com ar comprimido. A pressão
aplicada na argamassa é função da absorção pelo terreno da mesma e deve ser, no mínimo de
4,0kgf/cm². Esta pressão provoca a penetração da argamassa no solo aumentando
substancialmente o atrito lateral e garantindo a continuidade do fuste. Inicia-se o saque dos
tubos de perfuração por intermédio de macacos hidráulicos, procedendo-se a cada trecho de
elementos de tubo sacado, a complementação do nível de argamassa no interior do tubo e a
aplicação de uma nova pressão. Continuando com este procedimento até o fuste da estaca
ficar totalmente concluído com a retirada de todos os tubos de perfuração.

3.1.3.5 Estaca hélice contínua

3.1.3.5.1 Perfuração do solo

A escavação da estaca hélice contínua é feita por meio da rotação da hélice pela
aplicação de torque até a profundidade estabelecida em projeto. A hélice não deve ser retirada
do solo em momento algum até que se atinja a profundidade desejada. Isso garante a
estabilidade do furo até a concretagem tanto em solos coesivos como arenosos, na presença ou
não de lençol freático.
41

3.1.3.5.2 Concretagem dos furos

A concretagem ocorre antes da colocação da armadura e deve ser iniciada após ser
atingida a profundidade de projeto. O concreto deve ser bombeado pela haste central do trado
ao mesmo tempo em que se é retirado o solo escavado. Neste momento, não deve haver
rotação do trado. De acordo com a NBR 6122/2022 - Projeto e execução de fundações, o
concreto deve apresentar resistência característica (fck) de 20 MPa.

3.1.3.5.3 Colocação da armadura

Na execução da estaca hélice contínua, a armadura só pode ser colocada após a


realização da concretagem. Deve ser introduzida por gravidade ou com o auxílio de um pilão
de pequena carga.

3.1.3.6 Estaca pré-moldada de concreto

Elas são introduzidas no terreno por meio de golpes sucessivos de martelos em


equipamentos de bate estaca do tipo: queda livre, explosão, hidráulico ou vibração. Seu
processo de execução não inclui a etapa de escavação, uma vez que os elementos de fundação
são introduzidos no terreno pelos golpes do bate estaca. Assim, passam a deslocar o solo.
O martelo não pode ser inferior a 2000 quilos e deve apresentar um peso mínimo
que seja igual a 75% do total da estaca projetada. No caso de estacas que apresentam carga de
trabalho que varia entre 70 e 130 toneladas, o peso do martelo não pode ser menor que 4000
quilos. Já quando forem utilizados os martelos automáticos e vibratórios, as recomendações a
serem seguidas são as fornecidas pelos fabricantes.
A etapa inicial de execução das estacas pré-moldadas de concreto é no processo
armazenamento e transporte, que deve acontecer de acordo com as especificações dos
fabricantes para evitar a quebra e o fissuramento excessivo. As etapas posteriores são:

3.1.3.6.1 Locação no canteiro de obras:

A locação deve ser feita com um furo do mesmo diâmetro da estaca.


Posteriormente, ele deve ser preenchido com areia. Dessa forma, quando os equipamentos e
as pessoas transitarem pelo canteiro, as sinalizações de onde as estacas serão executadas não
42

serão danificadas. Esse furo será a guia para a cravação do primeiro elemento de cada estaca.

3.1.3.6.2 Posicionamento e içamento

Tanto o posicionamento quanto o içamento das estacas são realizados pelo


equipamento de bate estaca, por meio de um cabo auxiliar do guincho que traga junto a torre e
coloque-a na posição vertical, possibilitando o assentamento no local definido para a
cravação. Essa etapa deve ser feita obedecendo a seguinte ordem: primeiro, a torre do bate-
estacas é aprumada; segundo, apruma-se a estaca. Os prumos de face frontal e lateral também
devem ser verificados.

3.1.3.6.3 Desaprumo das estacas

Não é necessário verificar a estabilidade e resistência e nem realizar medidas


corretivas para eventuais desvios de execução, desde que sejam menores que 1/100.

3.1.3.6.4 Emendas

As estacas podem ser emendadas, desde que apresentem capacidade de resistência


a todas as solicitações que ocorrerem nelas durante transporte, cravação e utilização. As
emendas devem ser realizadas por meio de anéis soldados ou de dispositivos que permitam a
transferência dos esforços de flexão, tração e compressão.

3.1.3.6.5 Cravação

A introdução da estaca no solo ocorre por meio da deformação permanente,


resultante da energia aplicada pelo martelo em queda livre. Para reduzir o desperdício das
estacas, é possível utilizar um elemento suplementar, também conhecido como prolonga ou
suplemento. Esse dispositivo pode ser feito em aço ou concreto e garante o bom
posicionamento da estaca no final da cravação. Contudo, a utilização desse recurso limita-se a
três metros.
43

3.1.3.6.6 Reaproveitamento de estacas

O reaproveitamento é permitido, desde que o comprimento mínimo da sobra seja


de dois metros. Só é possível utilizar um segmento por estaca, devendo ser sempre o primeiro
elemento a ser cravado.

3.1.3.6.7 Nega e repique (diagrama de cravação)

Para qualquer estaca é realizada a medição das negas e dos repiques. Segundo a
NBR 6122/2022 - Projeto e execução de fundações, a nega consiste na penetração permanente
da estaca que é causada pela aplicação do golpe de pilão. Ela é medida por uma série de dez
golpes. O repique é a parcela elástica de deslocamento máximo obtido ao final da cravação,
em uma seção da estaca, decorrente também do golpe de pilão. O controle é feito ao final da
cravação, nos últimos dez golpes. O procedimento para a obtenção da nega e do repique
ocorre quando a estaca se aproxima da porção do solo impenetrável. Prende-se então uma
folha nela, é feita uma linha e apoia-se um lápis que produzirá picos de nega e repique durante
os golpes seguintes.

3.1.3.6.8 Penetração no bloco de coroamento

Quando a armadura da estaca não apresenta função de resistência, não precisa ser
penetrada no bloco de coroamento. Porém, quando tem essa função, deve haver o reparo da
cabeça e ligação com o bloco, para transmitir a solicitação correspondente.

3.1.3.6.9 Reparos

Quando a estaca está danificada abaixo da cota de arrasamento, deve ser feita a
demolição cautelosa da parte comprometida para que essa possa ser recomposta com
materiais de resistência superior.

3.1.3.7 Estaca metálica

A execução destas estacas consiste na cravação dos elementos por meio de um


bate-estaca, conforme descrito no tópico de execução de estacas pré-moldadas de concreto. É
44

importante estar atento ao tipo de solo onde estas estacas serão executadas, pois são inviáveis
em solos muito duros ou com presença de muitos matacões.

3.1.3.8 Estaca de madeira

Assim como as estacas metálicas e as pré-moldadas de concreto, as estacas de


madeira enquadram-se na categoria das estacas de deslocamento, caracterizadas por sua
introdução no terreno através de processo que não promova a retirada de solo. A cravação é
geralmente executada com martelo de queda livre. O topo da estaca de madeira deve ter
diâmetro maior do que 25 cm e devem ser protegidos para não sofrerem danos durante a
cravação. Já a ponta da estaca de madeira deve ter diâmetro maior do que 15 cm e devem ser
protegidas com ponteira de aço quando for necessário penetrar camadas resistentes do solo.

3.1.3.9 Estaca prancha

A cravação da estaca prancha depende de inúmeras variáveis, sendo a principal o


reconhecimento das condições do local que se pretende realizar o procedimento,
possibilitando a escolha do melhor método.
Diante disso, caso a sondagem de solo identifique um local de baixa resistência
pode ser utilizados marteletes pneumáticos leves para a cravação no solo. Enquanto para solos
de elevada resistência é usual utilizar equipamentos mais pesados, como bate-estaca e martelo
vibrador hidráulico.
Outros procedimentos utilizados para a cravação de estacas pranchas são:
percussão, vibração, jetting, explosão, furação, penetração estática, vibroflutuação.

3.1.4 Vantagens e Desvantagens

3.1.4.1 Vantagens

3.1.4.1.1 Estaca escavada

Uma das vantagens desta estaca é que pode ser utilizada em diferentes tipos de
solo. Entretanto, em solos com presença de nível de água ou que apresentam camadas
45

susceptíveis à desmoronamento deve ser tomados alguns cuidados especiais. Pode-se destacar
também o custo que é inferior em relação a outros tipos ou ainda sapatas diretas em volume
de concreto, escavação e material.
Outra vantagem está na mobilidade do equipamento e em sua qualidade e rapidez
de produção, que permite a amostragem do solo escavado, atingindo a profundidade
determinada em projeto. Além disso, esse modelo oferece uma ausência de vibração, podendo
ser executada próximo à divisa sem danos às construções vizinhas.
Além disso, esse método garante um conhecimento imediato e real de todas as
camadas do solo que foram atravessadas e possibilidade de uma segura avaliação de
capacidade de carga da estaca, mediante a coleta de amostra e seu eventual exame em
laboratório.
Ele também resiste a cargas elevadas; pode ser executado em locais inclinados e
que não possui nível de água – lençol freático -; e, também, dá a possibilidade da utilização
das estacas para execução de estruturas de contenção - cortina de estacas justapostas.
A colocação dos arranques dos pilares é feita de forma direta, eliminando a
confecção de blocos de capeamento, e, otimiza, assim, o cronograma geral da obra.

3.1.4.1.2 Estaca Franki

Uma das grandes vantagens deste tipo de estaca é que ela pode ser construída em
diferentes tipos de solo, com presença ou não de água. O que faz dela um dos tipos de estacas
mais flexíveis. Além disso, podem suportar grandes cargas; apresentam boa resistência lateral
e de ponta, contribuindo para a dissipação das cargas no solo; atingem camadas profundas do
solo.

3.1.4.1.3 Estaca Strauss

Não gera vibrações no solo suficientes para danificar edificações vizinhas. No


entanto, é sempre recomendado realizar laudo pericial em todas as edificações no entorno da
obra. Outro ponto é o fator custo/benefício favorável. A estaca Strauss é recomendada nas
seguintes situações: terrenos planos; solos colapsivos; solos de baixa resistência; locais
confinados; terrenos acidentados.
46

3.1.4.1.4 Estaca raiz

Umas das vantagens é a ausência de vibração e descompressão do terreno,


podendo então ser utilizada em terrenos com construções vizinhas. Outra vantagem é a
Utilização em terrenos com presença de matacões, rochas e concreto, com capacidade de
perfuração de matérias rígidas. Além disso, há a possibilidade de execução em áreas de
espaço limitado, devido ao equipamento ser de pequeno e médio porte. Também há a
possibilidade de combater esforços de flexão, possui ótima resistência à tração. A utilização
da estaca raiz permite a execução com maiores inclinações (0 a 90º) e não provoca poluição
sonora.

3.1.4.1.5 Estaca hélice contínua

Esta estaca possui inúmeras vantagens como alta capacidade de carga, baixa
vibração do solo, alta produtividade, grande variação do diâmetro e monitoramento eletrônico
durante a execução.

3.1.4.1.6 Estaca pré-moldada de concreto

A estaca pré-moldada é uma das melhores soluções em estacas para obras de


grande porte atualmente. Possuem concreto de alta qualidade dificilmente alcançado por
estacas moldadas in loco; permitem a medição de nega e repique elástico, possibilitando
maior controle de qualidade; podem ser executadas abaixo do N.A.; podem alcançar grandes
profundidades, devido à possibilidade de emendas; podem ser dimensionadas para trabalhar a
cargas elevadas; contam com a ação do empuxo passivo que colabora para a condição de alta
resistência, além de apresentar menores deslocamentos (recalques).

3.1.4.1.7 Estaca metálica

As estacas metálicas são facilmente emendadas, têm elevada resistência à tração e


compressão, não fissuram, não trincam e não quebram e possui pouca vibração durante sua
cravação.
47

3.1.4.1.8 Estaca de madeira

As estacas de madeira podem ser facilmente emendadas e tem duração prolongada


quando utilizadas abaixo do nível d’água.

3.1.4.1.9 Estaca prancha

Estas estacas possuem um ótimo desempenho em estruturas de contenção, são


comumente utilizadas em subsolos de edificações, construção de piers e cais, calados de
portos, contenções submersas, acesso de túneis e tantas outras opções.

3.1.4.2 Desvantagens

3.1.4.2.1 Estaca escavada

Elas têm a necessidade de um local nas proximidades para deposição de solo


escavado; são susceptíveis a estrangulamento da seção em caso de solos compressíveis; a falta
de detalhamento de como ela ficou depois de pronta a estaca, uma vez que não é possível
saber como os materiais nela se encontram.

3.1.4.2.2 Estaca Franki

Seu uso em locais próximos a edificações existentes deve ser avaliado


criteriosamente, visto que a execução da estaca gera muita vibração do solo, o que pode
comprometer edificações vizinhas. É recomendado realizar laudo pericial em todas as
edificações vizinhas antes do início de sua execução e registrar as condições das estruturas no
entorno da obra. É necessário espaço amplo no canteiro de obras para o manuseio de seus
equipamentos. Além disso, durante o processo de cravação, deve ser constantemente
supervisionada pois pode ocorrer levantamento das estacas já instaladas. Outra desvantagem é
que as estacas Franki demandam tempo na sua execução e isso pode ocasionar maiores custos
com mão-de-obra e equipamentos.

3.1.4.2.3 Estaca Strauss


48

Geralmente produz muita lama, o cliente as vezes se sente desconfortável no


aspecto visual da lama. Outra desvantagem é a capacidade de carga baixa, uma estaca
Strauss pode ter até metade da capacidade de carga de uma estaca pré-moldada. Além disso,
apresenta dificuldade para escavar solo mole de areia fofa por causa do estrangulamento do
fuste. A estaca Strauss é recomendada nas seguintes situações: solos com lençol freático alto;
areia saturada e argila muito mole; solos de alta resistência; matacão; rochas; argilas Rijas;
entre outros solos com alta resistência.

3.1.4.2.4 Estaca raiz

A estaca raiz possui algumas desvantagens, das quais pode-se citar: custo elevado;
alto consumo de cimento; alto consumo de ferragens para as armaduras; grande impacto
ambiental; obra alagada devido ao grande consumo de água.

3.1.4.2.5 Estaca hélice contínua

É um equipamento grande e por isso necessita-se de uma área ampla na obra e de


terreno plano ou pouco inclinado para a sua instalação. Não podem ser executadas em
terrenos com presença de rochas e matacões. Outra desvantagem é o custo relativamente alto
se comparado a outros métodos de execução de fundações devido a mobilização dos
equipamentos.

3.1.4.2.6 Estaca pré-moldada de concreto

Geralmente são cravadas por percussão, um procedimento que gera vibração e


ruídos excessivos, então, se executadas em centros urbanos, muitos cuidados devem ser
tomados e, mesmo assim, pode haver problemas com a vizinhança. Devido às solicitações de
transporte e manuseio, as estacas devem ser completamente armadas, mesmo que esta
armadura não seja necessária durante sua vida útil após a cravação, isso encarece a solução.
O processo de cravação apresenta dificuldades para atravessar camadas de solos
mais resistentes, além disso, mesmo com os cuidados com a escolha do martelo e
dimensionamento da estaca, é comum que cerca de 5% das estacas quebrem durante o
processo.
49

3.1.4.2.7 Estaca metálica

Alto custo se comparadas as estacas pré-moldadas, estacas Franki e estacas


Strauss e poucos fornecedores.

3.1.4.2.8 Estaca de madeira

Este tipo de estaca, por ser de madeira, é mais difícil de se encontrar e não podem
ser utilizadas acima do NA por sofrerem ataque de microrganismos.

3.1.4.2.9 Estaca prancha

O processo de cravação produz muito ruído e muita vibração e é feito com um


grande bate estaca. Este tipo de estaca não é indicado para solos muito duros, por ser
impossível a cravação dos perfis.

3.2 Tubulões

3.2.1 Conceito

Segundo o estudo científico publicado pela UFSC, Tubulões são fundações de


forma cilíndrica com base alargada ou não, que resistem por compressão a cargas elevadas.
São compostos por três partes: cabeça, fuste e base. A cabeça é executada em concreto armado
com a armadura sendo disposta em forma de círculos concêntricos. O fuste deverá ser de
concreto armado quando o tubulão for submetido apenas à flexo-compressão, e de concreto
ciclópico quando for submetido apenas à compressão. A base alargada deve ter formato
circular ou elíptico, principalmente em tubulões de divisa. A execução de tubulões é
recomendada em solo argiloso, pois há risco de desmoronamento durante sua execução, que
em parte é manual.
Conforme NBR 6122/2022 - Projeto e execução de fundações, estes elementos de
fundação são executados com escavação manual ou mecânica. Os tubulões escavados
manualmente podem ser dotados de base alargada tronco-cônica, só podendo ser executados
acima do nível d’água, natural ou rebaixado, ou em casos especiais em que abaixo do seu
nível seja possível bombear a água sem que haja risco de desmoronamento ou perturbação no
50

terreno de fundação. Os tubulões escavados mecanicamente devem empregar equipamento


adequado, podendo, neste caso, a base alargada ser aberta manual ou mecanicamente, quando
em seco.

3.2.1.1 Tipos de tubulões

De acordo com o método de escavação os tubulões (Figura 44) se classificam em:


a céu aberto e ar comprimido. Em ambos os casos, quando houver riscos de desmoronamento,
pode-se utilizar, total ou parcialmente, escoramento de madeira, aço ou concreto.

Figura 44 - Tipos e modelos de tubulões

Fonte: UFSC – Portal virtuhab (2023)

3.2.1.1.1 Tubulão a céu aberto

Tubulão a céu aberto é um elemento estrutural de fundação constituído


concretando-se um poço aberto no terreno, geralmente dotado de uma base alargada. O
tubulão a céu aberto trata-se de uma fundação profunda, escavado manual ou mecanicamente,
em que, pelo menos na sua etapa final, há descida de pessoal para alargamento da base ou
limpeza do fundo quando não há base (Figura 45).
51

Figura 45 - Execução de tubulão a céu aberto

Fonte: Escola Engenharia (2015)

Este tipo de fundação é empregado acima do lençol freático, ou mesmo abaixo


dele, nos casos em que o solo se mantenha estável sem risco de desmoronamento. No caso de
existir apenas carga vertical, o tubulão a céu aberto não é armado, colocando-se apenas uma
ferragem de topo para ligação com o bloco de coroamento ou de capeamento.

3.2.1.1.2 Tubulão a ar comprimido

Os tubulões a ar comprimido (Figura 46) são fundações profundas, escavadas de


forma manual ou mecanizada, quando se pretende executar tubulões abaixo do nível de água.

Figura 46 - Escavação e execução de


um tubulão a ar comprimido

Fonte: Escola Engenharia (2015)


52

Se caracteriza pelo uso de revestimento de aço ou de concreto para auxiliar na


escavação do fuste. Neste tipo de tubulão pode-se encontrar base alargada ou não,
necessitando de pessoal para descida para executar o alargamento da base ou limpeza do
fundo quando não há base.
Essas fundações requerem grande cuidado e atenção pelos trabalhos serem
executado sob ar comprimido e deve atender aos requisitos da legislação trabalhista contidos
na NR 18- Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção e NR 33. A NR 33 -
Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados estabelece requisitos específicos
para a segurança e saúde dos trabalhadores que entram em espaços confinados, incluindo
treinamento, monitoramento da atmosfera, procedimentos de entrada e saída, equipamentos de
proteção individual (EPIs) e comunicação.
Para que qualquer serviço seja realizado sob pressões superiores a 0,15 MPa
algumas medidas devem ser tomadas como: disponibilização de equipe de socorro médico a
disposição da equipe de obra, câmara de descompressão, compressores e reservatórios de ar
comprimido de reserva e equipamentos para injeção de ar nas camisas de concreto ou aço para
satisfazer as condições para o trabalho humano.

3.2.2 Dimensionamento

3.2.2.1 Tubulão a céu aberto

O tubulão a céu aberto possui alguns elementos: cabeça, fuste e base.


A cabeça é o segmento inicial do tubulão, encarregado da redistribuição das
tensões existentes na base do pilar. Seu dimensionamento se compara ao de um bloco sobre
uma estaca. A cabeça pode ser substituída por um bloco sobre o topo do fuste (bloco de
transição).
O fuste é dimensionado como um pilar de concreto simples, submetido à
compressão simples. Se existir momento fletor na base do pilar, este deve ser considerado no
dimensionamento do fuste.
A base é o segmento inferior do tubulão que transfere a carga para o solo. Pode ser
alargada ou não.
Os tubulões a céu aberto podem ser executados com ou sem revestimento,
podendo este ser de aço ou de concreto. O fuste do tubulão normalmente é de seção circular,
adotando-se 70 cm como diâmetro mínimo para permitir a entrada e saída de operários. Já a
53

projeção da base poderá ser circular ou em forma de falsa elipse.


Seu dimensionamento é de acordo com algumas características gerais:
a) fuste pode ser escavado manualmente ou mecanicamente. A base é escavada
manualmente. O diâmetro mínimo do fuste é de 70 cm. Ângulo de 60° é
suficiente para que não tenha necessidade de colocação de armadura na base;
b) os tubulões somente recebem esforços verticais;
c) executado acima do lençol freático ou NA ou abaixo caso não haja risco de
desmoronamento;
d) executado em solos coesivos.

3.2.2.2 Tubulão a ar comprimido

As dimensões da base possuem diferenças em relação ao fuste, que é


dimensionado para que o concreto do tubulão trabalhe por compressão simples, já a base é
dimensionada para trabalhar com a tensão admissível (σadm) do material onde ele será
apoiado. A norma brasileira (NBR 6122/2022 - Projeto e Execução de Fundações), recomenda
que para a determinação da tensão admissível se utilize um fator de segurança global (FS)
igual a 2,00:

𝜎𝑟 (13)
𝜎𝑎𝑑𝑚 =
𝐹𝑆

Onde σadm é a tensão admissível do folhelho síltico; σr é a tensão de ruptura do


folhelho síltico; FS é o fator de segurança.
Para a determinação do diâmetro do fuste (d), aplica-se o método de Joppert Jr.
(2007):

𝑃 𝜋. 𝑑² (14)
𝐴𝑓𝑢𝑠𝑡𝑒 =
𝜎𝑐 4

Sendo Afuste a área necessária do fuste; P a carga do pilar; σc a tensão de trabalho


do concreto; d o diâmetro do fuste (mínimo = 70,00 cm).

Quando utilizar base de seção circular, para a determinação do diâmetro (D) pode-
54

se aplicar o método de Terzaghi (1943), para dimensionamento de fundações superficiais:

𝑃 𝑃 (15)
𝜎𝑎𝑑𝑚 = = 𝜋.𝐷²
𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 4

Onde σadm é a tensão admissível do folhelho síltico; P a carga do pilar; Abase é a


área necessária da base; D é o diâmetro da base (mínimo especificado pelo DNIT = 120,00
cm)

3.2.3 Execução

3.2.3.1 Tubulão a céu aberto

Escavação manual ou mecânica do fuste: O fuste pode ser escavado manualmente


por poceiros ou através de perfuratrizes até a profundidade prevista em projeto. Quando
escavado à mão, o prumo e a forma do fuste devem ser conferidos durante a escavação. Caso
ocorram irregularidades na instalação do sistema, especialmente desalinhamento do fuste e
dificuldade de abertura e concretagem da base, é preciso corrigir imediatamente, pois o
tubulão não pode ficar muito tempo aberto para não sofrer alívio de tensões e perda de
resistência do solo.
Alargamento da base e limpeza: Se for necessário o alargamento da base, a
descida de um operário para o serviço é imprescindível. Por mais arriscado que seja esta
prática, ainda não foi desenvolvido equipamento com preço acessível para realizar o
alargamento da base. Deve-se realizar todos os procedimentos de segurança e a utilização de
epi’s designados para esta operação. Depois de executado o alargamento da base de acordo
com as dimensões previstas em projeto, deve-se realizar a limpeza da base, retirando terras
soltas e impurezas do solo.
Conferência da base pelo engenheiro ou responsável da obra: Após o término do
alargamento e limpeza da base pelo operário, o engenheiro ou responsável da obra deve
descer no poço para verificação do serviço. Deve-se conferir as dimensões da base e o angulo
formado entre o fuste e a base. É comum nos canteiros de obra a prática da confiança do
engenheiro em seus operários. Porém, vale ressaltar que o engenheiro é a pessoa que possui
conhecimento técnico na obra capaz de decidir se o serviço foi bem executado ou não.
Colocação de armadura: A armadura do fuste deve ser colocada tomando-se o
55

cuidado de não permitir que, nesta operação torrões de solo sejam derrubados para dentro do
tubulão. Quando a armadura penetrar na base, ela deve ser projetada de modo a permitir a
concretagem adequada da base, devendo existir aberturas na armadura de pelo menos de 30 x
30 cm.
Concretagem: A concretagem do tubulão deve ser feita imediatamente após a
conclusão de sua escavação. Em casos excepcionais, nos quais a concretagem não tenha sido
feita imediatamente após o término do alargamento e sua inspeção, nova inspeção deve ser
feita, removendo-se o material solto ou eventual camada amolecida pela exposição ao tempo
ou por água de infiltração. A concretagem é feita com concreto simplesmente lançado da
superfície. Não é necessário o uso de vibrador. Por esta razão o concreto deve ter plasticidade
suficiente para assegurar a ocupação do todo o volume da base. Alguns engenheiros, porém,
recomendam o uso de vibrador e que a bomba de concreto alcance o fundo do tubulão. A
escolha ficará por conta do responsável da obra.

3.2.3.2 Tubulão a ar comprimido

Escavação: Para os tubulões a ar comprimido, deve-se concretar o revestimento de


concreto ou aprumado o revestimento metálico diretamente sobre a superfície do terreno,
tomando cuidados com o prumo e alinhamento da camisa. A escavação preliminar deve ter
dimensões maiores do que o diâmetro do revestimento. Os próximos segmentos do
revestimento metálico ou de concreto devem ser soldados ou concretados à medida que a
escavação manual do poço vai sendo realizada. Deve-se tomar cuidado para a introdução dos
revestimentos de concreto pois estes só devem ser colocados depois que o concreto atingir a
resistência suficiente para suportar a escavação.
Ao atingir o nível d’água deve-se realizar a instalação da campânula de ar
comprimido no topo da camisa para permitir a execução dos trabalhos a seco. Se a camisa for
de concreto, aplicar a pressão de ar comprimido somente quando o concreto atingir a
resistência especificada em projeto. Importante: Deve-se evitar a aplicação de pressão
excessiva para eliminar água acumulada no tubulão.
Uma das principais características da execução dos tubulões, é a etapa manual.
Porém, existem ferramentas que dispensam a entrada de um operário no subsolo, o serviço é
feito totalmente de forma mecânica utilizando a broca T-17 (chamada de Broca Tubulão).
A Broca Tubulão (Figura 47) é uma espécie de alargador de base. Em suma, ela é
acoplada a perfuratriz e possui duas hastes que ficam dobradas junto ao corpo da broca, dessa
56

forma, assim que a perfuratriz entra no furo da estaca já feito e chega na profundidade
desejada, começa um movimento rotacional e aos poucos as hastes vão se abrindo de forma
que o diâmetro da broca vai aumentando e desprendendo a camada de solo da parede, fazendo
com que a base seja alargada.

Figura 47 - Broca T-17 com diâmetro de 500mm a 1200mm

Fonte: Bristol (2021)

3.2.4 Vantagens e Desvantagens

3.2.4.1 Vantagens

Em função da disposição da sua estrutura, algumas das vantagens dos tubulões


são:
a) permite análises e inspeções do solo durante a execução da obra;
b) elevado custo-benefício quanto a mobilização e desmobilização dos
equipamentos;
c) pouca vibração e ruídos durante a escavação;
d) as dimensões podem ser alteradas caso necessário;
e) a escavação é capaz de penetrar vários tipos de materiais.
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3.2.4.2 Desvantagens

As desvantagens provenientes desse tipo de fundação advêm em grande parte da


forma que é realizada sua execução, por isso a necessidade de um projeto correto e o
acompanhamento de profissionais durante todo o procedimento. As principais desvantagens
são:
a) elevado risco de desmoronamento;
b) risco de envenenamento do ar, afetando diretamente os profissionais atuantes;
c) maior rigor nas verificações de pressão;
d) há limitações para o dimensionamento em função do tipo de solo e nível do
lençol freático, cujos quais devem ser previstos em projeto.
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REFERÊNCIAS

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out. 2023.

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BARROS, Márcia. Apostila de Fundações, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo –


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<https://www.rrarquiteturaereforma.com.br/single-post/2016/09/18/fundacao-radier-brasilia>.

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UNIVERSIDADE FEDERAL SC. Portal Virtuhab. Disponível em:


<https://portalvirtuhab.paginas.ufsc.br/blocos-e-alicerces>. Acesso em: 27 set. 2023.

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