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Índice Pág.

Índice de tabelas…………...………..…………………………………………………………….ii
Lista de figuras……………….……………………………………………………………… iii
Lista de abreviaturas………………...……………………………………………………………iv
I. INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................2
1.1. OBJECTIVOS ....................................................................................................................................2
1.1.2. Geral .............................................................................................................................................2
1.1.3. Específicos ....................................................................................................................................3
II. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA DE ESTAGIO ............................................................................................4
2.1. Organigrama da empresa ....................................................................................................................5
III. ABORDAGEM TEÓRICA DA AREA DE ESTAGIO ..........................................................................................7
3.1. Machongos ..........................................................................................................................................7
3.2. Condutivímetro ...................................................................................................................................7
3.3. Piezômetro ..........................................................................................................................................8
3.4. Drenagem ............................................................................................................................................9
IV. MATERIAIS E METODOLOGIA ..................................................................................................................11
4.1. Visita as estações de bombagem ......................................................................................................12
4.2. Visita aos machongos ........................................................................................................................14
VI. ANALISE E DISCUSSAO.............................................................................................................................20
VIII. RECOMENDAÇÕES ................................................................................................................................23
IX. REFERE.NCIAS BIBLIOGRAFICAS ..............................................................................................................24
X. APÊNDICES ...............................................................................................................................................25
XI. ANEXOS ...................................................................................................................................................26
Gestão de água nos Machongos

I. INTRODUÇÃO
Quando se fala de qualidade da água de irrigação se tem a certeza que se trata de qualidade em
relação com a salinidade no sentido amplo do termo. Neste caso, a qualidade da água se define
em função de três critérios básicos: salinidade em sentido restrito, sodicidade e toxicidade
(ALMEIDA, 2010).

A utilização das águas de drenagem é factível quando é devidamente misturada com quantidades
disponíveis de água de irrigação tais como as perdas operacionais e as do tramo final dos canais
de irrigação, escorrimento superficial de irrigação, com efluentes de estações de tratamento de
águas depuradas e águas de despejos doméstico e industrial. O acesso capilar da água subterrânea
pode chegar a ser também parte do fluxo de água de drenagem. Certamente que a água de áreas
húmidas alimentadas pela chuva é geralmente de alta qualidade (ALMEIDA, 2010).

O presente trabalho vai reportar o estudo feito na qualidade de água usada para a irrigação de
campos agrícolas, em todas estacões de bombagem da empresa RBL e outros parceiros.
Na mesma área de jurisdição da empresa, tem uma porção de terra com características
hidromorficas (Machongos), também foram alvo de estudo no concernente ao comportamento do
lençol freático em oscilação da sua profundidade nas áreas de produção.

1.1. OBJECTIVOS

1.1.2. Geral
 Estudar o comportamento do lençol freático e a qualidade de água de irrigação nas áreas
de produção da empresa RBL

Juvêncio Mário Tomo


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1.1.3. Específicos
 Visitar todas estacões de bombagem da empresa RBL e parceiros;
 Visitar todo o machongos e locais onde estão instalados os piezômetros, no baixo
limpopo;
 Fazer a medição da qualidade de água em todas estações de bombagem;
 Fazer a leitura do nível de água em todos os piezômetros instalados no Machongos do
baixo limpopo;
 Analisar os dados colectados, na qualidade de água e do comportamento do nível de água
nos piezômetros.

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II. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA DE ESTAGIO


O RBL localiza-se na província de Gaza, no município e no distrito de Xai-Xai, perto da foz do
rio Limpopo, a cerca de 200 km a norte de Maputo. A sua história desde meados da década de 80
foi marcada por considerável sub-investimento e desastres naturais. Apesar da sua reabilitação ter
sido planeada em meados da década de 1990, realizou-se apenas entre 2004 e 2008 e de forma
incompleta. A reabilitação das infra-estruturas e o desenvolvimento institucional deu-se sob a
alçada do Projecto de Reabilitação da Barragem de Massingir e Desenvolvimento Agrícola
(PRBMDA), financiado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (GANHO, 2014).

Em 2010, a responsabilidade da sua gestão foi atribuída à empresa estatal Regadio do Baixo
Limpopo, EP (RBL-EP), que iniciou as actividades no ano seguinte. O RBL tem sido promovido
e elogiado como um esquema modelo2, devido ao investimento estrangeiro e à componente de
“transferência de tecnologias” para os produtores moçambicanos num dos projectos. Enfrenta,
porém, múltiplos desafios, em especial devido a três factores: em primeiro lugar, a sua
localização, numa planície de baixa altitude e a jusante de quatro países vizinhos, propensa a
inundações e secas; em segundo lugar, a sua dispendiosa manutenção, devido às condições
naturais e extensão das infra-estruturas (água, estradas e electricidade); e, por último, devido à
complexidade e custos do apoio aos produtores moçambicanos nas vertentes de produção e
comercialização. Esta combinação de factores que, apesar das especificidades do momento actual
tem já antecedentes históricos, contribui para tornar a agricultura uma actividade difícil e
dispendiosa (GANHO, 2014).

O perímetro do RBL foi identificado por altura da reabilitação como tendo pouco menos de
12.000 ha (11 787 ha) de área bruta e foi recentemente expandido para 70 000 ha. Os seus 12.000
ha foram organizados em duas áreas principais (ver mapa 1). Os blocos de irrigação são
reservados para a agricultura comercial de média e larga escala, dos quais são utilizados
sobretudo Ponela, Chimbonhanine e partes dos Magula. Destes, apenas a área Ponela sul foi
incluída na reabilitação do PRBMDA.
A segunda área consiste em “blocos de drenagem”, situados ao longo dos extremos sul e oriental,
que acolhem pequenos produtores (o chamado “sector familiar”).

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Existem sete blocos de drenagem, organizadas como “casas agrárias” – antigas cooperativas –
que albergam associações de camponeses locais e a quem devem prestar serviços como aluguer
de máquinas e comercialização dos factores de produção agrícolas.
Machongos são solos Hidromórficos em que a existência de uma toalha de água freática, próxima
da superfície (0-25 cm) ou acima desta, determinou a evolução do perfil do solo e da sua aptidão
natural. No caso dos solos da área de estudo, que ocupam o sopé das encostas e as baixas de
transição entre a serra e o vale, a condição de encharcamento permanente ou quase, ao longo do
ano, através da água proveniente do escoamento lateral das dunas arenosas, resulta numa situação
anaeróbica fundamental no processo de formação dos solos orgânicos, turfosos, conhecidos por
machongos (MAFACUSSE et al. 2006).
Em anexo pode se ver o mapa da zona de estudo.

2.1. Organigrama da empresa

Figuar1: Organigrama da Empresa (RBL, 2014)

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A profundidade do lençol freático influi directamente no desenvolvimento vegetal, pois


determina as condições de humidade do perfil, das condições de aeração e nas propriedades
térmicas do solo (PIZARRO, 1985 e CRUCIANI, 1987).
A qualidade da água de irrigação pode variar significativamente, conforme o tipo e a quantidade
de sais dissolvidos. A medida que o conteúdo de sais aumenta, agravam se os problemas do solo
e das culturas, sendo necessária a adopção de estratégias de manejo para alcançar produtividades
aceitáveis das culturas.
Os problemas mais comuns, usados para avaliar os efeitos da qualidade da água, são salinidade
velocidade de infiltração e ainda problemas associados a PH normal da água (Informe Agro-
pecuário, 2010).
Assim se torna necessário o estudo do comportamento do lençol freático bem como a análise da
qualidade de água usada para irrigação dos campos de produção, para garantir a maior produção
das culturas. Esta análise será no sentido de controlar que o lençol freático não dever alcançar a
profundidade radicular das culturas, através do controle do sistema de drenagem já instalado.
Em anexo o mapa da área de estudo.

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III. ABORDAGEM TEÓRICA DA AREA DE ESTAGIO

3.1. Machongos
São solos organo-hidromórficos formados por prevalência de condições anaeróbicas que provoca
a formação de um horizonte superior orgânico de material vegetal semi-decomposta de cores
cinzento-escuro a preto. A profundidade e espessura da camada da turfa foi um dos critérios
usados no mapeamento dos machongos que varia de mais de 3 m de profundidade junto as
encostas, a 30 cm junto ao vale. A área actualmente ocupada pelos machongos da margem
esquerda do rio limpopo, é entre Nhancutse (mais a montante) e Inhamissa (a jusante nas
proximidades de Xai-Xai), apresenta no geral graves problemas de drenagem estando muitas das
áreas da maioria dos blocos inundadas, encontrando se apenas actualmente aproveitadas para a
produção agrícola cerca de 5%da área total (MAFALACUSSE et al, 2006).

3.2. Condutivímetro

É um medidor combinado portátil, completo, versátil, com amplo mostrador LCD e à prova de
salpicos, desenhado com a máxima precisão e simplicidade. O instrumento fornece medições nas
gamas de PH, EC e TDS, facilmente seleccionáveis através do teclado no painel frontal.

As medições de condutividade são automaticamente compensadas pelas alterações da


temperatura com um sensor de temperatura incorporado. O coeficiente de temperatura é fixo a
2%/°C.
É um medidor de PH/EC/TDS desenhado para uma utilização simples na realização de medições
de PH, mS/cm, mg/L e temperatura. Adequado para aplicações em hidroponia, estufas,
agricultura, em água subterrânea e superficiais (Manual de Instruções Hanna Instruments
Portugal)
Existem vários modelos de Condutivímetro desde os de mesa em laboratórios (como os de
bancada micro processado, modelo W12D) ate os portáteis; do grupo que faz parte o instrumento
usado no estudo durante o estágio.
a) PH
Segundo Colombo (2011), PH é uma grandeza que varia de 0 a 14 e indica a intensidade da acidez
(PH <7,0), neutralidade (PH = 7.0) ou alcalinidade (PH> 7.0) de uma solução aquosa. É uma das
ferramentas mais importantes e frequentes utilizadas na análise da água.

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A influência directa do PH nos ecossistemas aquáticos é exercida por seus efeitos sobre a
fisiologia das diversas espécies. O efeito indirecto também ocorre, pois determinadas condições
de PH podem contribuir para a precipitação de elementos químicos tóxicos como metais pesados.

b) Condutividade Eléctrica (CE)


Se refere a capacidade que uma solução aquosa possui em conduzir corrente eléctrica. Esta
capacidade depende basicamente da presença de iões, da concentração total, mobilidade,
valência, concentrações relativas e medidas de temperatura. Soluções da maior parte dos ácidos,
bases e sais inorgânicos são relativamente boas condutoras. Já as moléculas de compostos
orgânicos que não dissociam em solução aquosa, em sua maioria, conduzem pouca corrente
eléctrica. A condutividade é medida por Condutivímetro e é expressa em µS/cm ou mS/cm
(CLESCERI et al. citado por COLOMBO, 2011)
A condutividade eléctrica pode ser expressa por diferentes unidades e, principalmente, por seus
múltiplos. No Sistema Internacional de Unidades (S.I.), é reportada como Siemens por metro
(S/m). Entretanto, em realizadas em amostras de água, utiliza-se preferencialmente microSiemens
(μS/cm) ou miliSiemens por centímetro (mS/cm). Para reportar dados de condutividade eléctrica
em unidades S.I., segue se a relação 1mS/cm = 10 μS/cm. Os Estados Unidos adoptam-se a
unidade mho/cm, mantendo a relação mho/cm = S/cm.
A condutividade eléctrica é uma propriedade que depende expressivamente da temperatura.
Devido a isso, os dados de condutividade eléctrica devem ser acompanhados da temperatura na
qual foi medida (PINTO, 2007)
Para propósitos comparativos de dados de condutividade eléctrica, defina-se uma das
temperaturas de referência (20 °C ou 25°C). Na operação da Rede Hidrometeorológica, adopta-se
a temperatura de referência de 20 °C (Banco de dados HIDRO citado por M.C. Ferreira Pinto,
200

3.3. Piezômetro

O mais simples dos manómetros é o tubo piezométrico, ou simplesmente PIEZÔMETRO. A


medição da pressão é realizada inserindo-se um tubo transparente, geralmente graduado, na
canalização ou recipiente cuja pressão se deseja conhecer.

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O líquido ascenderá no Piezômetro até certa altura, função da pressão interna, através da qual se
conhece, segundo o princípio de Stevin, a pressão no recipiente ou canalização.
Piezômetro: é o medidor mais simples para medida de pressões em líquidos. Consiste de um
tubo aberto montado verticalmente no recipiente onde se deseja medir a pressão
Assim tem-se: p A A + y hA = p B A ou p B - p A = y h, sendo p B a pressão absoluta e (p B - p
A), a pressão efectiva ou manométrica no ponto B.
Os tubos deverão ter diâmetros superiores a 1 cm para que se possam desprezar os efeitos da
capilaridade (HGP, 2012).

O nível piezométrico ao perfurar um poço em aquífero confinado, a água se descomprime e


ascende pelo tubo ate alcançar uma posição acima do troço do aquífero. A altura que alcança a
água se denomina nível piezométrico e corresponde sempre a pressão existente sobre um ponto
de aquífero no qual esta instalado o poço ou sonda.

Portanto, cada ponto de um aquífero confinado tem um nível piezométrico e só se manifesta onde
tem uma perfuração, a parte superior dos aquíferos livres, o nível piezométrica e o nível freático
(ARELLANO, 2008).

3.4. Drenagem

Segundo Millar (1978), a drenagem é a remoção da água gravitacional da superfície do solo e da


zona radicular dos cultivos do ponto de vista do processo natural e do ponto de vista da
engenharia é o controlo que se exerce sobre a altura do lençol freático com o objectivo de
proporcionar humidade e aeração óptima para o desenvolvimento radicular das culturas.

Millar (1978), afirma que o excesso de água, proveniente da irrigação, normalmente apresenta-se
como água superficial ou subterrânea. A proporção relativa depende das perdas ocorridas nos
canais, métodos de irrigação usados e tipo de solo.
No delineamento de um sistema de drenagem um dos factores mais importantes é o espaçamento
de drenos.

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Em geral, a profundidade e espaçamento de drenos varia muito com a condutividade hidráulica


do solo, culturas, praticas de maneio das culturas, solo e natureza de drenagem superficial.

Na área de estudo, está construída uma rede de drenagem superficial composta por drenos de
campo (com formato rectangular, distribuídos pelos campos de produção). Drenos colectores em
número 33 valas com formato trapezoidal, que recebem as águas dos drenos do campo e conduzi-
la aos drenos principais. Drenos principais em número de 14 valas com formato trapezoidal,
recebem todas as águas trazidas pelos drenos colectores e conduzi-la até a albufeira onde é
armazenada para ser bombeada para o reaproveitamento na irrigação dos campos de produção
agrícola.

Foi esclarecido também que quando a albufeira enche de água drenada dos machongos é
controlada por comportas de tipo gaveta que dão acesso ao rio. Em casos extremos (cheias)
recorre se as electrobombas para a drenagem rápida e eficiente para o rio limpopo.

As comportas construídas nas valas de drenagem dos machongos, são controladas por um
trabalhador da RBL em coordenação com as casas agrárias. Em caso de necessidade, o presidente
da casa agrária liga telefonicamente para o ferreiro, e este se desloca para o local indicado para
proceder com a abertura ou fechamento consoante a necessidade.

Este esta munido de uma bicicleta para a sua movimentação aos locais, bem como fazer as
actividades rotineiras dos machongos (visitar todas as comportas do machongos, para identificar
possíveis roubos e sabotagem do sistema).

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IV. MATERIAIS E METODOLOGIA


Para o estudo da qualidade de água nas estacões de bombagem (UMBAPE, PONELA,
CHIMBONHANINE e MAGULA) foi usado o Condutivímetro portátil de bolço. Com
capacidade de medir o valor de PH, a condutividade eléctrica (CE) da água a temperatura.
Medição
A determinação da condutividade eléctrica é realizada pelo método Condutivímetro, que se
baseia na medição da resistência da amostra e dado em condutância específica (condutividade
eléctrica a 20 ou 25 °C).

Figura 2: Condutivímetro usado no estudo (AUTOR)

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Algumas etapas do procedimento são consideradas comuns a todos os equipamentos, o que


permite estabelecer um roteiro simplificado, como descrito a seguir:
 Ligar o aparelho;
 Deixar o equipamento ligado durante aproximadamente 10 minutos;
 Introduzir o aparelho na água, esperar 05 minutos ate os números estabilizarem o
aparelho de leitura;
 Registar o número lido numa ficha de levantamento;
 Com o botão de comando, comanda se para outra leitura (PH/CE) e prossegue se de
mesmo modo ate ao fim do levantamento.
Para a situação actual, o Condutivímetro usado é de campo e portátil, não necessitando de
calibração.
Conhecido o aparelho usado para estas medições, seguiu se a aprendizagem do seu uso que
consiste: Ligar o aparelho, ligado monstra opções que está dotado para medir, com os botões de
comando selecciona se a opção PH, ou CE que corresponde a condutividade eléctrica da água a
ser medida. Em seguida, introduz se o aparelho na água ate a parte do sensor medidor estar
totalmente mergulhada na água. O aparelho vai fazendo a contagem até estabilizar num numero
que não muda mais, regista se o numero numa ficha de registo desses dados; em seguida,
comanda se com o uso do botão de comando para a opção seguinte procedendo se da mesma
maneira que a leitura anterior.

Antes de fazer as leituras do PH e CE é feita a leitura do nível de água do rio, que é lido numa
régua graduada com cor preta e fundo amarelo, junto a margem do rio.

4.1. Visita as estações de bombagem


Em seguida, foi feita a visita dos pontos onde são feitas as leituras (todas as estacões de
bombagem de água para a irrigação dos campos de produção agrícola) que são nomeadamente
UMBAPI, PONELA1, PONELA2, CHIMBONHANINE SUL, CHIMBONHANINE NORTE e
MAGULA.

Para o levantamento, a empresa disponibilizou uma moto de marca Honda XL-125, que pertence
a equipe técnica da estação de bombagem para ser usada durante o período de estudo.

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Iniciou se com a feitura das leituras nos respectivos pontos. De referir que estas leituras deviam
ser feitas 3 (três) vezes por dia mas, por dificuldade de transporte esta só é feita uma vez por dia e
com algumas falhas pela indisponibilidade do mesmo.

No geral, as águas nascidas das dunas arenosas em direcção ao vale são águas de boa qualidade
para irrigação, com PH neutro (7.0) e CE (1.8 dS/m) abaixo do nível máximo admissível; (CE
2,25 dS/m e PH 8.5) Contudo, para garantir a produção agrícola e reduzir o risco de solenização
dos solos bem como o encharcamento do vale, deve se controlar a dinâmica do lençol freático
controlando a sua subida e descida através de um bom esquema de drenagem, com o uso bem
controlado da rede de drenagem já existente.

Nas zonas expansão da rede de irrigação no baixo limpopo, é notória a salinização dos solos de
algumas áreas de produção agrícola, devido a deficiência de drenagem por longo tempo.

Nas comportas da estação Ponela e as de descarga da água dos machongos por gravidade no rio,
quando o nível do rio é alto se observam fugas; o que quando o nível do rio esta alto afecta a
qualidade de água destas estacões, (PH tendente a acido e CE alto); como mostram os gráficos no
terceiro trimestre de Agosto, em todas estacões de bombagem.

Com os dados levantados, constata se que as estacões de UMBAPI e PONELA tem água de
melhor qualidade para a irrigação dos campos agrícolas, com condutividade eléctrica baixa (de
0.5 a 1.0 dS/m) e PH neutro (de 0.6 a 7.0). Nestas três estacões de bombagem, é bombeada água
vinda da drenagem dos machongos e reaproveitada para a irrigação dos campos agrícolas.

Com a intrusão das águas do mar, a qualidade de água das estacões de bombagem de
Chimbonhanine e de Magula, apresenta uma qualidade de CE alto (de 1.5 para 1.89 dS/m) e PH
baixo (8.16 para 6.61); o que revela a mistura da água do rio com a água marinha.

No terceiro trimestre do mês de Agosto, observou se uma onda de água do rio infiltrar nas
estações de Ponela devido ao alto nível do rio e com fugas nas comportas de barramento; o que se
observa pela qualidade da água com PH baixo e CE alto em todas estações, como mostram os
gráficos nos apêndices.

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No geral, as estacões de CHIMBONHANINE e de MAGULA estão no rio limpopo e as leituras


apresentam qualidade de água com condutividade eléctrica relativamente alta e o PH também
tendente a ácida. Contudo, estes não ultrapassam os valores de PH e CE máximo desejável que é
de 8.5 e 2.250 ds/m respectivamente (ARA-SUL, 2015).

4.2. Visita aos machongos


Foi feita visita a todo o Machongos onde a empresa opera, desde Nhancutse a Inhamissa. A
mesma se estendeu as zonas onde estão instalados os piezômetros, especificamente nos blocos de
NHOCUENE.NHAMPONZOENE, INHAMISSA, POIOMBO. Neste local estão instalados
piezômetros em número de 1 em cada zona nos blocos de produção agrícola. Estes foram
instalados com objectivo de monitorar a dinâmica do lençol freático nos blocos de produção. É
neste contexto que foi seleccionado o tema de estudo de gestão de água nos machongos.

O nível de água nos piezômetros encontra se abaixo do nível da profundidade radicular das
culturas produzidas; no entanto nos dias de céu nublado e tempo fresco O nível eleva se nos
piezômetros; o mesmo se observa quando os agricultores fecham as comportas para puderem
semear as suas culturas.

Assim, o trabalho rotineiro foi de fazer a medição diária do nível de água nos piezômetros para
posterior análise de dados colectados, como mostra a figura.

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Figura 3: Levantamento do nível de água nos piezômetros (AUTOR).

Por dificuldades de transporte, não foi possível obedecer o calendário pré-estabelecido para a
colecta desta informação (três vezes por dia), passando apenas a ser feito uma vez por dia e com
falha de alguns dias.

Os dados são colectados com ajuda de um caniço e uma fita métrica, são registados em mapas
para a produção de uma tabela que vai reflectir o comportamento do nível do lençol freático
nos machongos em que estão instalados os piezômetros.

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A actividade rotineira e continua durante o estágio, e a colecta de dados de condutividade


eléctrica da água de todas as estações de bombagem, com o fim de saber a qualidade de água que
se bombeia para a irrigação e de que modo esta afecta a qualidade do solo em que se esta a
trabalhar com essa qualidade da agua.

A outra actividade rotineira é a colecta de dados dos piezômetros, que estão instalados nas três
zonas de machongos do baixo limpopo. Os piezômetros da zona de Nhocuene, foram construídos
com tubos de PVC de três polegadas (110mm) e comprimento de 2,8 metros. Os mesmos estão
instalados em terrenos de diferentes cotas entre eles, o que automaticamente afecta a variação do
comportamento freático.

Figura 4: piezômetros de Nhokwene (AUTOR).

Nas zonas de Inhamissa e Nhamponzoene, foram usados piezômetros para o uso de aparelho
electrónico que mede a pressão e o nível da água no seu interior bem como a qualidade dessa
água. Estas leituras são feitas em programa computacional, que actualmente não esta ainda em
uso na empresa; esperando por uma capacitação do tal uso. As características dos mesmos estão
patentes na figura 5 abaixo e, as suas características em anexo.

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Figura 5: piezômetros de Inhamissa e Nhamponzoene (AUTOR).

No Piezômetro de Nhocuene, na primeira década do mês de Outubro, observa se uma subida que
ultrapassa o nível de profundidade média radicular; nesta década os agricultores fecharam as
comportas, para elevar o nível do lençol freático para realizarem as sementeiras da primeira
época da campanha agrícola, o que se pode observar o gráfico em apêndices.

A oscilação do nível do lençol freático dos blocos de Inhamissa e de Nhamponzoene não chega a
alcançar a profundidade média do sistema radicular das culturas em campo no entanto,
conseguem garantir humidade que garanta a produção agrícola, graças a eficiência do sistema de
drenagem instalado e manutenção deste por limpezas periódicas.

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Para saber o nível freático nas leituras feitas, foi feita uma conta com a fórmula abaixo.
Nf= Ct- Tf- Vl onde
Nf- nível freático
Ct- comprimento total do tubo (m)
Tf- tubo fora (m)
Vl- valor lido no levantamento
A profundidade radicular média das culturas praticadas na área de estudo (machongos), é de 40
cm (0.4 m) (SOUSA, 2010).

Outra actividade realizada durante o estágio foi de fazer levantamento de dado de CE e PH da


água do colector Lumane; esta é usada pela empresa parceira de RBL, companhia Agro-Social
IGO-samartine, para a irrigação de milho e arroz na baixa de Lumane.
Este levantamento consistiu na leitura da qualidade de água (PH e CE), do nível de água no
colector bem como a temperatura desta, das 7:00h ate as 13:00h diariamente durante 10 dias.
Neste, foi usado o mesmo Condutivímetro e uma régua graduada de madeira que era mergulhada
no colector ate a profundidade máxima, em seguida lia se o nível da graduação do nível que a
água atingia, em cada hora. Este levantamento era feito também nas valetas que alimentam o
colector em número de 10; para saber a contribuição desta valetas em qualidade da água que
entra no colector.

O comportamento do nível de água do colector Lumane tem sazonalidade diária (níveis altos no
período matinal e baixa durante o dia, e no por do sol este nível tende a subir novamente.

A maior parte da maré alta no colector, tem sido de água salina pela intrusão salina pelo rio
limpopo. A qualidade da água deste colector é de difícil caracterização por variar tanto o P H e CE
diariamente e durante o período do dia. Contudo, quando a recarga é da água das valetas, a
qualidade é boa para a irrigação, PH tendente a neutro (5.85 a 6.99) e CE a baixar (de 5.9 a 2.13
dS/m).

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Quando há ocorrência de precipitação, a qualidade da água no colector é boa com P H neutro e CE


muito baixo (6.5 e 0.98dS/m respectivamente), devido a qualidade da água das chuvas que é de
boa qualidade (PH neutro e CE de 0.002 dS/m) muito boa para a irrigação; a mistura melhora a
qualidade de água local.

Com a subida da temperatura, a CE eleva se e o PH desce tendente a ácido. Isto devido a


mobilidade das substâncias dissolvidas, que com a elevação da temperatura estes ficam mais
solúveis e afectam a CE e o PH, (PINTO, 2007).

As valetas que alimentam o colector, escoam água de boa qualidade para a irrigação, com PH
tendente a neutro (de 6.5 a 7.10) e CE muito baixo (1.012 a 0.41dS/m).

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VI. ANALISE E DISCUSSAO


A subida da CE da água nas estacões de Ponela, Chimbonhanine e de Magula deve se a mistura
da água do rio com a do oceano, que entra da foz do rio com a subida do nível da água do mar
que tem uma CE elevada (50-60 dS/m) (LANNETTA e COLONNA, No 3), assim torna a
imprópria para a irrigação comparada as características químicas pré definidas para a irrigação
(PH entre 6.5 e 8.5 e CE de 2,25 dS/m).

O PH é um parâmetro indicativo do grau de acidez ou alcalinidade do meio. No caso das águas de


irrigação, o PH normal está compreendido entre 6.5 e 8.4; um PH fora deste intervalo normal, é
um bom indicador de uma qualidade ou presença de um ion tóxico, que pode incidir muito
negativamente na população microbiana do solo, alterar os equilíbrios existentes no mesmo e
inclusive danificar o sistema radicular das plantas (ALMEIDA, 2010).

Comparada a qualidade de água usada na Espanha, em condições climáticas similares as da zona


de estudo, é de CE 0.4 a 1.0 dS/m e PH de 6’0 a 8.6 (ALMEIDA, 2010). Assim a qualidade de
água estudada nas estacões de bombagem do baixo limpopo é admissível, mas com o decorrer do
tempo de uso de água com esta qualidade, poderá alterar a qualidade do solo.

Para o caso da área de estudo, garantir estes parâmetros é necessário fazer a análise da qualidade
desta água do rio, antes da sua bombagem para irrigação; de modo a evitar bombear água com
mistura da água marinha, CE elevada (50 a 60 dS/m) e PH baixo (menos de 6.5). (COLONNA, N
3)

A CE das águas das nascentes das dunas arenosas a alimentar os vales, tem sido de boa
qualidade, com CE baixo (0.41 dS/m) e PH neutro (6.8 a 7.0)) boa para a irrigação, mas esta tem
sofrido influência ambiental devido a presença de ions dissolvidos e ou misturados. Essa
propriedade varia com a concentração total de substancias ionizadas dissolvidas em água, com a
temperatura, com a mobilidade de ions com a valência dos ions e com a concentração real e
relativa de cada ion (PINTO, 2007). Com esta base da para concluir que a qualidade de água
vinda das nascentes pode ser/está a ser influenciada com materiais de origem dissolvidas na água
corrente ao vale; é o caso da qualidade de águas do colector Lumane que apresenta oscilação
acentuada da sua composição química, como mostram as tabelas e gráficos em apêndices.

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Gestão de água nos Machongos

Torna se difícil a sua classificação sem fazer o estudo dos elementos dissolvidos na água e da
PST, para ajudar a perceber as razões da sua oscilação, bem como saber o grau de danos que
pode causar a estrutura do solo.

Com a água das valetas a alimentar o colector principal, com relativa turbidez é sinal de haver
interferência de matéria orgânica, o que influencia na qualidade desta por baixar o valor de PH e
elevar a CE durante o dia, (PINTO, 2007). A mesma tem teores que a desqualificam para a
irrigação, podendo ser ligeiramente tolerada pelas culturas praticadas mas, o efeito cumulativo
poderá afectar negativamente a qualidade do solo em que se trabalha (salinização e possível
destruição da estrutura deste).

Nos gráficos de piezômetros em anexo, é notória a oscilação do nível do lençol freático, tanto
pelo fechamento das comportas pelos agricultores, para a realização das sementeiras, bem como
com o comportamento da variação do tempo climático.

No caso de estudo da oscilação dos níveis do lençol freático nos machongos, deve se observar a
profundidade tanto do lençol freático bem como a profundidade radicular das culturas praticadas
nos blocos de estudo, para poder se drenar o machongos sem prejudicar a produção agrícola nos
blocos. O comportamento local do lençol freático periga as culturas em campo nos dias de
precipitação e com mau tempo (céu nublado e humidade relativa alta); é quando se observa a
necessidade de se intensificar a drenagem, mediante o aumento do caudal de descarga nas
comportas de controlo das águas no machongos. Em análise com a profundidade radicular média
das culturas praticadas localmente (40 cm= 0.4 m) (SOUSA, 2010).

Para o caso do colector Lumane a qualidade de água das valetas apresenta uma coloração turva,
tendente a ferralítico, o que pode estar a influenciar na sua CE.

A determinação da quantidade e qualidade de sólidos dissolvidos, vai ajudar a identificar as


razões da oscilação da qualidade. O nível de água no colector tem comportamento matinal
diferente do comportamento no período de tarde (alto de manha, a baixar durante a tarde e a noite
sobe drasticamente), por isso não foi possível fazer um estudo conclusivo da qualidade desta água
por 10 dias de levantamento, e somente no período em que foi.

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Contudo, o comportamento do nível de água no colector obedece o período do dia por as


nascentes terem maior recarga nas manhas e no período nocturno. No período de tarde, a sua
subida tem a ver com a entrada da água do rio limpopo, que altera negativamente na sua
qualidade tornando a imprópria para a irrigação.

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VIII. RECOMENDAÇÕES
Para garantir a boa qualidade de água para a irrigação das áreas de expansão do regadio, sem
riscos de afectar a qualidade dos solos, deve se identificar um período em que o nível do rio
esteja baixo e analisar a água antes do seu bombeamento, para ser bombeada para os campos de
produção.

Para o melhor estudo do comportamento geral do lençol freático no machongos, deve se


aumentar o número de piezômetros no machongos em numero de um (1) Piezômetro por bloco
e/ou por zona de casa agrária, e o levantamento deve ser nos dois períodos do dia (de manha e de
tarde).

Para o conhecimento real do comportamento da água do colector Lumane, deve se fazer o


levantamento de dados do nível da agua no colector obedecendo um calendário das 7:00h,
10:00h, 12:00h, 14:00h e 17:00h por dia e por um período de dois meses; para conseguir ter
dados reais da sua variação e analisar.

E para diminuir a influência da água do rio limpopo na qualidade de água do colector, deve se
construir uma obra hidráulica (comporta ou Válvula) na confluência do colector com o rio, que
vai controlar ou impedir a entrada da água do rio no colector; pois a mistura das águas do rio, que
estão afectadas pela água do mar, com as do colector afecta negativamente na sua qualidade
aumentando o valor de CE e diminui o de PH desapropriando a para o uso na irrigação.

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Gestão de água nos Machongos

IX. REFERE.NCIAS BIBLIOGRAFICAS

1. Ana Sofia Ganho, O dispertar de um gigante adormecido, Regadio do Baixo limpopo


(Xai Xai, Gaza) Maputo, 2014
2. ARA SUL/ Direcção Nacional das Aguas (2003/05), Reabilitação do perímetro de rega
e drenagem do Xai-Xai integrado no projecto de reabilitação da barragem de Massingir.
3. ARA-SUL (2015), XXX sessão do Comité de Bacia do limpopo.
4. COLOMBO (2011), Embrapa Florestas. Manual de procedimentos de amostragem
análise físico-químico de água
5. CRUCIANI (1987), Drenagem De Terras Agrícolas
6. Fernando Pizarro (1985), Drenagem Agrícola e Recuperação de solos salinos, 2.ª edição
7. Hanna Instruments Portugal, fracção I no 392, 4495-129 Amorim-Póvoa de Varzim.
Portugal, Manual de Instruções Hanna Instruments.
8. Ildeu de Sousa (2010), Janaúba, Plantio Irrigado de Bananeiras consociado com culturas
anuais, Minas gerais- Brazil.
9. M. C. Ferreira Pinto (2007), Medição in loco: temperatura, PH, condutividade Eléctrica e
Oxigénio Dissolvido.
10. M. lanneta e N. colonna, Série do Fasciculo: B, No 3, Salinização; LUCINDA
11. M. M. Arellano (2008), curso 2008-2009, hidrologia Subterrânea (ITOP), Hidrologia
(ITM); UPCT
12. M.R. marques, M. vilanculos e J. Mafalacusser (2006), Soil physics Scharaterization of
Agricultural Wetlands.
13. MILLAR, A.A.; Drenagem de Terras Agrícolas: Bases Agronómicas, São Paulo,
McGRAW – HILL, 1978, 276p.
14. Otávio Álvares de Almeida (2010), Qualidade da Água de Irrigação, Embrapa
15. Prof. Luiz A. Lima – ENG 158/UFLA, DRENAGEM DE TERRAS AGRICOLAS

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X. APÊNDICES

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XI. ANEXOS

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