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TEMA
DISCENTES:
Angelina Severiano do Balar
Eliseu Jerreses Osvaldo Venâncio
Gimo Manlana
Guiness Samora Cuhuaio
Momade Sualehe Saide
Saifa Chomar
Sírio Zacarias da Cruz
Zita de Baptista Rafael Seis Ncumbadi
O DOCENTE:
Msc. Tomás Nevila Carimo
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Angelina Severiano do Bacar
Eliseu Jerreses Osvaldo Venâncio
Gimo Maulana
Guiness Samora Cuchuaio
Momade Sualehe Saíde
Saifa Chomar
Sírio Zacarias da Cruz
Zita de Baptista Rafael Seis Ncumbadi
Introdução ................................................................................................................................... 5
1. ORIGEM, CONCEITO E CONTEXTOS DA ADMINISTRAÇÃO AUTÁRQUICA ......... 6
1.1. Pressupostos históricos da administração autárquica em Moçambique .............................. 6
1.1.1. Processo evolutivo das autarquias e eleições municipais em Moçambique ................... 10
1.2. Conceito e características de uma autárquica .................................................................... 11
1.3. Classificação das autarquias .............................................................................................. 13
1.4. Contextos da Administração Autárquica ........................................................................... 13
Bibliografia ............................................................................................................................... 20
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Introdução
Toda governação tem o seu fundamento, na maioria dos países africanos o seu modelo de
governação é o reflexo da forma administrativa do período colonial. O modelo adptado em
Moçambique é semelhando ao adotado no período colonial pelos portugueses, embora que
este tenha mudado algumas leis e formas organizações do Estado resultante do período pós-
colonial. O modelo actual adoptado em Moçambique, compreende-se a partir do governo
central – são tomadas todas decisões, o governo provincial – acata as decisões e coloca em
prática em administrações distritais e municípios. O presente trabalho tem como assunto
principal de fundamento a “Origem, conceito e contextos da administração autárquica”, onde
a abordagem do tema baseou-se nos seguintes pontos principais: pressupostos históricos da
administração autárquica em Moçambique - administração no período colonial e pós-
independência; conceito, características e classificação de uma autárquica; Contextos da
Administração Autárquica – autarquias locais.
Objectivo geral
Objectivos específicos
Importa destacar que para a efectividade do trabalho, teve-se como base no método de
pesquisa bibliográfico, que consistiu na busca/procura de fontes/obras em diversos autores
com vista a descrever os pontos precedentes. E quanto a estrutura o trabalho apresenta: capa,
índice, introdução, desenvolvimento, conclusão e bibliografia.
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1. ORIGEM, CONCEITO E CONTEXTOS DA ADMINISTRAÇÃO AUTÁRQUICA
A administração autárquica teve a sua origem nos tempos remotos na maioria dos países do
ocidente e África. Em Moçambique, a administração autárquica teve como ponto de partida
no período colonial cuja a sua implementação era destinada ao controle das actividades
comerciais dos colonizadores no território dos colonizados.
Segundo Rodrigues (1998), “em 1763, foram criados municípios na Ilha de Moçambique e em
Quelimane; no ano seguinte, no Ibo, Sena, Tete e Zumbo; e em data desconhecida, entre o
final de 1763 e Maio de 1764, em Sofala e Inhambane”.
O sul e o distrito de Moçambique foram administrados de forma directa pelo governo colonial.
No centro e no norte, o território foi arrendado a grandes companhias capitalistas, algumas das
quais, a Companhia de Moçambique e a Companhia do Niassa, tinham poderes majestáticos.
Estas companhias majestáticas não exploraram apenas economicamente o território, como
asseguraram o exercício da autoridade administrativa nas áreas concessionadas (Newitt, 1997,
p.321).
E segundo este autor, na sequência da ocupação efectiva imposta pela conferência de Berlim,
o Estado português optou por uma administração indirecta, que assentava na diferenciação
entre europeus e nativos. Os primeiros estavam sujeitos ao direito e às instituições europeias,
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nomeadamente as municipais; os segundos, aos direitos costumeiros e às autoridades
tradicionais, legitimadas por poder colonial. Alguns moçambicanos, uma pequena minoria,
tinham emprego na economia capitalista e sabiam ler e escrever português, pelo que tinham o
estatuto de “assimilados”, mas tinham uma posição inferior à dos europeus.
Os Conselhos Municipais eram dirigidos por autoridades civis, sendo os mais importantes
presididos por um presidente de câmara, e dividiam-se em freguesias. As circunscrições eram
governadas por administradores e decompunham-se em postos administrativos, que podiam
existir igualmente nas áreas rurais dos concelhos, a cargo de chefes de posto.
A administração pós-independência
Uma das primeiras medidas do novo governo foi abolir a dualidade administrativa entre zonas
predominantemente rurais (circunscrições administrativas) e urbanas (concelhos), na
sequência da orientação política saída do Conselho de Ministros, de 9 de Junho do 1975.
Esta ideia constituiu uma das principais tarefas levadas a cabo pelo Governo da Frelimo, para
o qual a dualidade administrativa do modelo colonial deveria ser abandonada, enquanto se
instituía um novo conceito, as aldeias comunais, como estratégia política de desenvolvimento
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rural. A estratégia era apoiada pelas populações que a entendiam como um meio para
assegurar a melhoria das suas condições de vida.
O contexto das estruturas locais era de serem meros receptoras e executores das decisões a
nível central. A grande novidade foi a criação de assembleias do povo a nível local, distrital e
provincial (Lei no 7/78, de 22 de Abril). Os Conselhos Executivos eram fortemente
dependentes do poder central.
Em Maio de 1992, o Governo aprovou o Programa de Reforma dos Órgãos Locais (PROL),
que tinha por objectivo a reformulação do sistema de administração local do Estado e a sua
transformação em órgãos locais com personalidade jurídica própria e doptados de autonomia
administrativa e financeira. Em consequência, foi aprovada a Lei 3/1994, de 13 de Setembro,
que estabeleceu a “institucionalização dos distritos municipais e representando o primeiro
instrumento normativo de descentralização” (Trindade, 2003).
Assim, em 1997, foi publicada nova Lei (2/97, de 18 de Fevereiro), que serviu de quadro
normativo às primeiras eleições municipais em 1998, feitas em 33 Municípios.
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Diferenças entre as leis Lei nº 3/94 e Lei nº 2/97
Segundo Faria e Chichava (1999), “existe a diferença entre a Lei nº 3/94 com a Lei nº 3/94.
As diferenças resultaram por causa das mudanças ocorridas e reformulação de certos padrões
administrativos”.
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As funções dos governos locais são reduzidas em questões essenciais (como o uso da
terra) e condicionadas à existência de recursos financeiros locais;
Representação dos órgãos de administração central na jurisdição territorial das
autarquias. Possibilidade de controlo e participação destes no governo local (dupla
administração);
Autonomia administrativa, fiscal, patrimonial e de organização. Subordinação
administrativa das autarquias ao princípio da “unidade do poder político”;
Autonomia administrativa, fiscal, patrimonial e de organização. Subordinação
administrativa das autarquias ao princípio da “unidade do poder político”;
A participação das autoridades tradicionais é substancialmente limitada e sujeita a
regulamentação ministerial;
Não há referência ao direito de associação dos municípios;
Princípio do gradualismo. A lei da criação das autarquias (elaborada, discutida e
aprovada posteriormente) limita o número de autarquias na primeira fase a 33;
Tutela legal e financeira dos municípios por parte do MAE e do MPF, respectivamente.
A lei da tutela administrativa do Estado sobre as autarquias locais (elaborada,
discutida e aprovada posteriormente) determina que a tutela pode ser delegada aos
governos provinciais.
Ainda segundo a Comissão Nacional de Eleições (2018), a Constituição foi alterada em Maio
e as leis ordinárias adaptadas em Julho. E no que toca às autarquias, a principal mudança é
que um boletim autónomo para eleger o Presidente do Conselho Municipal: Os eleitores põem
a cruz apenas num boletim, para a Assembleia Municipal, e o cabeça de lista vencedor é o
presidente da autarquia.
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Nesta senda, em 14 de Dezembro de 2022 a Assembleia da República aprovou a proposta do
governo para a criação de mais 12 autarquias, elevando o número
de municípios em Moçambique para 65. Onde as recentes eleições municipais de 2023
contaram com um total de 65 municípios.
Segundo Romita, “o conceito de Autarquia pode ser expresso através destes três aspectos:
etimologicamente – governo próprio; politicamente – forma da acção intervencionista do
Estado; juridicamente – pessoa jurídica de direito público, distinta das formas de organização
política do Estado” (p.143).
Decreto – Lei nº 200/1967 afirma que “autarquia é o serviço autónomo, criado por lei, com
personalidade jurídica, património e receita próprios para executar actividades típicas de
Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa
e financeira descentralizada”.
Para Neto (2018), “a jurisprudência entende autarquia como gênero, com as seguintes
espécies: autarquia comum ou ordinária; autarquia sob regime especial; autarquia fundacional
e associação pública”.
Segundo este autor, a autarquia comum ou ordinária é aquela que se enquadra, sem nenhuma
peculiaridade, ao que está previsto no regime jurídico do Decreto – Lei nº 200/1967. A
autarquia em regime especial é aquela que a lei conferiu prerrogativas especificas (a título de
exemplo, a estabilidade de seus dirigentes) e não aplicáveis às autarquias em geral (comum ou
ordinária). A autarquia funcional é uma fundação pública instituída por lei especifica, com
personalidade jurídica de direito público.
Segundo Romita,
Os elementos essências ou características fundamentais da autarquia são, no elenco de CAIO
TÁCITO: a) instituição mediante ato legislativo; b) personalidade jurídica de direito público
interno; c) especialização dos fins ou actividades; d) autonomia administrativa; e) autonomia
patrimonial ou financeira; f) controle ou tutela administrativa (p.143).
Acto Legislativo (em sentido formal e material), este reside no facto de a criação da
autarquia ser algo que constituído por leis especificas.
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Através do fundamentos acima referenciados, os autores do trabalho entendem que no acto
legislativo é onde são enumeradas pessoas jurídicas de direito público interno, e estes são
definidos sob o ponto de vista categórico, ou seja, quem responder à quem por ordem
hierárquica.
Especialização dos fins ou actividades, nesta característica cada entidade (autarquia) dedica
suas actividades para acções tipicamente públicas, como a prestação de serviço ou actividade
política administrativa, em prol de beneficiar a sociedade como um todo.
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Na percepção dos autores, a autónima patrimonial ou financeira diz respeito a
responsabilidade pública da autarquia onde conta com um controle financeiro próprio,
podendo esse estar sujeito à fiscalização do Estado.
Segundo Di Pietro (2014), quanto a classificação das autarquias, temos os seguintes critérios:
capacidade administrativa, estrutura e nível federativo.
Nessa perspectiva, Paulodo (2013) afirma que “as autarquias são instituídas para
prestar serviço social e desempenhar actividades que possuam prerrogativas públicas, de
forma especializada, técnica, com organização própria, administração ágil e não sujeita a
decisões políticas pertinentes aos seus assuntos” (p.608).
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1.4.1. Autarquias locais
Segundo Freitas (2003), em termos práticos, desempenha uma tripla função, permitindo
identificar a autarquia local:
Com estes pontos o grupo entende que não podem existir autarquias locais quando é
administrada por membros não representativos sob o ponto de vista da população a ser
tutelada.
Por sua vez, inerente à existência de autarquias locais surge o conceito jurídico-político
da descentralização consiste no desempenho das tarefas da Administração Pública por várias
pessoas colectivas (descentralização em sentido jurídico) e, por outro lado, numa auto-
administração pelas populações (descentralização em sentido político) e o princípio da
autonomia local como garantia do pluralismo dos poderes políticos (e, consequentemente,
como um instrumento de limitação do Poder político indissociável do Estado de Direito
Democrátic (Alexandrino, 2015).
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A descentralização apoia-se na iniciativa e na capacidade das populações e actua em
estreita colaboração com as organizações de participação dos cidadãos.
Assim, a Lei Fundamental atribui objectivos a descentralização que este deverá prosseguir.
Contudo, a realização destes objectivos precisa de estruturas e um grau de autonomia
suficiente para permitir a realização concreta dos interesses e fins consagrados pela
Constituição. A criação das autarquias locais não liberta o Estado da sua responsabilidade
global sobre o país e o funcionamento das diversas instituições constitucionalmente existentes;
deve, por conseguinte, exercer algum controlo sobre as autarquias locais.
Nas estruturas do poder local, encontramos duas perspectivas devem ser abordadas. Em
primeiro lugar, tratar-se-á de descrever a organização, o funcionamento e as competências dos
órgãos das autarquias locais e, em segundo lugar, apresentar as relações entre os órgãos destas
mesmas autarquias locais.
A administração das autarquias locais é confiada à dois tipos de órgãos: um órgão deliberante
e representativo: a assembleia municipal; e órgãos executivos: o conselho municipal e o
presidente do conselho municipal.
A Assembleia Municipal
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No que diz respeito ao funcionamento das assembleias municipais, é regulado pelo Decreto
n.º 35/98, de 7 de Julho que estabelece os princípios fundamentais dos regulamentos das
assembleias municipais (princípio de legalidade, princípio de legitimidade democrática do
eleito local, princípio de especialidade, princípio de participação dos cidadãos residentes e
princípio de publicidade). Esses princípios devem ser introduzidos em cada um dos
regulamentos das assembleias municipais.
Esta assembleia municipal realiza cinco sessões ordinárias por ano. O calendário das sessões
ordinárias é fixado pela assembleia municipal na ocasião da primeira sessão ordinária de cada
ano. As sessões da assembleia municipal ou povoação são públicas. As competências da
assembleia municipal ou da povoação são, principalmente, definidas pelos artigos 45, 46, 77 e
78 da Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro. Pode-se agrupar estas competências em duas categorias.
Os órgãos executivos das autarquias locais são constituídos pelo Conselho Municipal e pelo
Presidente do Conselho Municipal .
As que têm por objecto organizar a sua participação na elaboração da gestão municipal
(por exemplo, apresentar à assembleia municipal os pedidos de autorização e exercer
as competências autorizadas nas matérias previstas pela lei);
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As de natureza normativa (por exemplo, o conselho municipal ou de da autarquia local;
e em segundo lugar, a assembleia municipal avalia a política seguida por estes
mesmos órgãos.
Na separação das funções sustenta que a legitimidade democrática de que dispõe cada um
dos principais órgãos da autarquia local a assembleia municipal e o presidente do conselho
municipal faz com que nenhum dos referidos órgãos não possa sobrepor-se ou substituir-se à
outro no exercício das suas competências pelo facto de cada um deles foi atribuído uma
função distinta.
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Como estabelece o Artigo 15, da Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro, “os órgãos das autarquias
locais só podem deliberar ou decidir no âmbito das suas competências e para a realização das
atribuições que lhes são próprias”.
Na colaboração dos órgãos, diz respeito a concentração de poderes a nível “do órgão
presidencial”, onde a concentração é mais aparente do que real, uma vez que o presidente do
município precisa da colaboração e de apoio dos outros órgãos para a aprovação dos
instrumentos essenciais para o funcionamento da autarquia local.
Portanto, se existir uma separação de poderes, existe, também, uma real obrigação para os
diferentes órgãos, de coordenar o exercício das suas acções. Assim, o cruzamento das
competências torna-se uma necessidade. O executivo municipal precisa da colaboração da
assembleia da autarquia local para traduzir em decisões normativas o seu programa político.
Sem a adesão do órgão representativo da autarquia local, o conselho municipal e o seu
presidente não podem conduzir, praticamente, nenhuma reforma substancial.
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Conclusão
Chegado ao culminar do trabalho que tinha como propósito central descrever a origem,
conceito e contextos da administração autárquica, concluímos que a administração autárquica
em Moçambique teve a sua origem no período colonial e foi dando continuidade até o actual
período pós colonial. No período colonial a administração era controlada pelos colonizadores,
onde o seu maior propósito era de controlar o comércio a partir de pontos definidos, a titulo
de exemplo, temos a ilha de Moçambique. No período pós colonial encontramos duas leis – a
Lei nº 3/94 de 13 de Setembro e a Lei nº 2/97 de 18 de Fevereiro, estas duas leis foram
adaptadas para fins das actividades governamentais do Estado Moçambicano. Actualmente o
nosso país (Moçambique) tem se baseado na Lei nº 2/97 de 18 de Fevereiro, esta que veio
substituir a Lei nº 3/94 de 13 de Setembro. No total o país conta com 65 autarquias, onde
todas actividades concernentes da sua administração são autónomas, mas elas são
subordinadas ao Estado. Todas autarquias nacionais têm como características: a) instituição
mediante acto legislativo; b) personalidade jurídica de direito público interno; c)
especialização dos fins ou actividades; d) autonomia administrativa; e) autonomia patrimonial
ou financeira; f) controle ou tutela administrativa. Portanto, autarquia é o serviço autónomo,
criado por lei, com personalidade jurídica, património e receita próprios para executar
actividades típicas de Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento,
gestão administrativa e financeira descentralizada.
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Bibliografia
Alexandrino, M. (2015). Direito administrativo descomplicado. (23ª ed.). São Paulo, Brasil:
Método.
Di Pietro, M. S. Z. (2014). Direito Administrativo (28ª ed.). São Paulo, Brasil: Atlas.
Lei n.º 3/94 – Cria os distritos municipais”. Maputo, Moçambique: Imprensa Nacional de
Moçambique.
Lei n.º 7/78 – Cria os conselhos executivos das assembleias municipais e conselhos
executivos das assembleias das cidades. de 22 de Abril. Boletim da República, I Série, n.º
48, 22 de abril de 1978. Maputo, Moçambique: Imprensa Nacional de Moçambique.
Paludo, A. (2013). Administração pública (3ª ed.). Rio de Janeiro, Brasil: Elsevier.
Rodrigues, E. (1998). Municípios e poder senhorial nos Rios de Sena na segunda metade do
século XVIII. Funchal: Centro de Estudos de História do Atlântico (CEHA).
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Trindade, C. (2003). Rupturas e continuidades nos processos políticos e jurídicos. Porto,
Portugal: Afrontamento.
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