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Universidade Pedagógica de Nampula, 2018

Autor da Pesquisa: Osvaldo Manuel Viqueleque1

Correio-electrónico: manuelviqueleque@gmail.com

Nampula- Moçambique, 2018

A PROBLEMÁTICA DA DESCENTRALIZAÇÃO DEMOCRÁTICA EM


MOÇAMBIQUE: O CASO DA GOVERNAÇÃO LOCAL, FACE A GOVERNAÇÃO
CENTRAL NA CIDADE DE NAMPULA.

Resumo

O presente artigo tem como objectivo, levar a conhecer a problemática da descentralização


democrática em Moçambique que, por sua vez, coloca frente a frente a governação local e a
governação central, não obstante, o artigo em alusão tem como área de abrangência a cidade de
Nampula. O mesmo tem como método2 a entrevista3 e o questionário4. No que tange a sua
metodologia5 foi essencialmente de pesquisa bibliográfica, baseando-se nos artigos e livros pelos
quais foi possível a sua elaboração. Todavia, a descentralização fiscal que, por sua vez, é uma
variante da descentralização democrática e que, consiste no processo pelo qual, a lei e os teóricos
concebem que, deve haver transferência de recursos fiscais para escalões inferiores do governo,
em que não há concessão e nem influência sobre o orçamento e decisões financeiras, isto é, há
autonomia sobre impostos, orçamento próprio e se confia os funcionários desconcentrados que
prestam contas a comunidade local, assim sendo, pretende-se a partir de testemunhos validos
demostrar que, o cenário funcional até então vigente no conselho Municipal da cidade de
Nampula é, completamente contraditório, todavia, reinado uma situação concretamente
divergente com as explicações teóricas sobre a descentralização fiscal. Como implicação o
Conselho Municipal da cidade de Nampula, adquire receitas muito limitadas para a gestão dos
serviços básicos locais, saúde, a educação e as infra-estruturas e não só, torna-se dependente da
governação central, congestionando de certa forma as actividades de desenvolvimento
económico local; o saneamento do meio ambiente; manutenção da ordem e segurança comercial

1
Estudante do terceiro ano do curso de Licenciatura em ensino de História com Habilitação em Filosofia,
ministrado na Universidade Pedagógica de Moçambique- Delegação de Nampula, 2018.
2
“Método é o caminho para atingir um objectivo, os métodos, são assim, meios adequados para realizar os
objectivos”.Cf. In: LIBANIO, José Carlos. Didáctica. São Paulo: Cortez Editora, 1990.
3
“A entrevista desenvolve-se de maneira metódica e proporciona ao entrevistador, verbalmente, a informação
necessária para a sua pesquisa”. É uma outra técnica de colecta de dados, através do diálogo face a face.
(MARCONI & LAKATOS, 1999, apud IVALA, HEDEZ & LUIZ, 2007).
4
O questionário é um instrumento de colecta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem
ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. (IVALA, HDEZ & LUÍS, 2007, p.26)
“Metodologias são os procedimentos adequados a serem seguidos na realização de uma determinada pesquisa”. Cf.
5

In: IVALA, Adelino Zacarias, HDEZ, Jorge Martino e LUÍZ, Alberto. Orientação para elaboração, de Projectos e
Monografias Científicas. Nampula: Universidade Pedagógica, 2007.
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formal e informal que, por sua vez, constituem acções da governação local, esta que conhece os
verdadeiros problemas do dia-a-dia da sua comunidade.
Palavras-chaves: Democracia, descentralização, governação central, descentralização fiscal,
governação local e cidade de Nampula.

Introdução

Em 1989 devido as imposições das instituições do Bretton Woods, isto é, Banco Mundial e
Fundo Monetário Internacional e do antagonismo existente entre a FRELIMO e a RENAMO. A
FRELIMO separou o partido do Estado, abrindo assim a mão para o processo de democratização
no país e consequentemente, independência dos tribunais, realização de eleições livres e garantia
dos direitos individuais. A constituição de 1990, no artigo 73 capitulo IV, estabelecendo direitos,
deveres, liberdades e garantias de participação política, nestes termos, legitimando também a
realização periódica de eleições nacionais para a escolha do chefe do Estado e não só,
realizando-se simultaneamente eleições a nível local para escolha do presidente do Conselho
Municipal e outros membros da Assembleias Municipais em cidade e vilas consideradas
municípios pela Assembleia da República (MUSSA, 2008). Todavia, possibilitava assim, o
germinar da descentralização democrática e governação local em Moçambique.

Não obstante, a descentralização é um processo pelo qual a lei transfere atribuições e


poderes de decisão, até aí pertencentes aos órgãos do Estado, para órgãos próprios de
entidades independentes do Estado, designadamente autarquias locais (ZAVALE, 2011:47).
Porém, a primeira fase do processo de descentralização democrática começa em 1994, marcada
pela aprovação da lei que cria as cidades e vilas consideradas municipais. Entretanto, antes que
este projecto tivesse avançado para a sua concretização, uma nova fase se abriu em 1996, com a
correcção da constituição da República, forçada principalmente pelo antigo líder da RENAMO,
Afonso Dhalakama e dessa correcção surgiu a lei fundamental do país que, consagra as
autarquias locais, como pessoas colectivas públicas, dotadas de órgão representativos próprios.
Contudo, o artigo em alusão está organizado, tendo em consideração o resumo, introdução,
desenvolvimento e por fim o referencial bibliográfico que, por sua vez, foi utilizado para a
compilação dos tópicos que serão abordados na presente pesquisa.
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1.Breves Considerações inerente a Presente Pesquisa Científica

Antes de iniciarmos a analisar os conteúdos inerentes a problemática da descentralização


democrática em Moçambique e compreendendo-se dessa analise a dialéctica existente entre a
articulação da governação local, face a governação central na cidade Nampula, assim como as
implicações originárias do embate entre esses dois itens supracitados, demanda primeiramente, a
necessidade de se perceber em termos mais preciso como é que se procedeu a administração ou
governação do Estado moçambicano livre da pilhagem colonial.
No entanto, para posteriormente prosseguirmos com uma análise cuidadosa inerente aos
primórdios originário da descentralização democrática na nossa pátria e sem deixar de lado a
essência da presente pesquisa, me refiro aqui, ao fenómeno da governação central, face a
governação local na cidade de Nampula. Não obstante, a partir de uma análise fenomenológica
inerente a esse fenómeno em alusão, apresentar-se-á progressivamente as possíveis implicações
para a região de abrangência do estudo em referência, assim como as sugestões do protagonista
do presente artigo como se pode chamar, para tentar mitigar esse comportamento até então
vigente.

2.Momentâneo Historial inerente a Governação do Estado Moçambicano emancipado da


pilhagem colonial.

A independência de moçambicana nasceu da guerra de libertação nacional de 1964-1974.


Uma das principais lições a extrair da guerra em Moçambique, é que a libertação não consiste
num expulsar da autoridade burguesa, mas também em construir um novo país, devendo está
construção ser levada a cabo com o próprio processo da destruição do Estado colonial. Sendo
assim, de acordo com MONDLANE (1995:132),

A estrutura política emergente em Moçambique abarca consigo o modelo característico


da democracia uni-partidária, e a FRELIMO, para além de ser força motora da luta de
libertação, constituiu também o governo das áreas libertadas. A estrutura básica do
partido foi definida em 1962, durante o seu primeiro congresso. Mas dado que nessa
altura não havia território libertado, nem havia a possibilidade de exercer uma actividade
política-legal, o modelo inicial estava virado para a organização clandestina .

No entanto, alicerçando-se no raciocínio do autor acima citado, torna-se relevante destacar


as palavras de GAMEIRO & PROENÇA (2005:43) que alegam que, apôs as independências
africana, a instituição do partido único foi um modelo que se generalizou nos vários países
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africanos, mesmo antes da independência o movimento nacional africano previa uma


organização política unificada de modo a ir ao encontro das aspirações nacionais em oposição
ao poder colonial. No que diz respeito a governação uni-partidária em áfrica, segundo
KIZERBO (1972:387), esse comportamento poderá ser explicado pelo facto dos líderes políticos
africanos terem desenvolvido uma acção essencialmente baseada na guerrilha contra a
descolonização. No entanto, Moçambique não se distanciou da instituição desse modelo de
governação, a organização clandestina observada logo a prior da independência, acabou por
sofrer uma evolução posterior para cumprir eficazmente a função de um governo legal nas áreas
que passaram para controle da FRELIMO.

2.1. A Instauração do Sistema Político de Partido-Único em Moçambique

A longa marcha moçambicana que iniciou em 1975, foi marcada primeiramente por uma
estratégia de desenvolvimento fundamentada na orientação socialista, onde a economia era
centralmente planificada, revertendo-se as antigas propriedades dos colonos em empresas
estatais. (JOSÉ, 2005:03). Porém, esse modelo de desenvolvimento representou uma ruptura
com o sistema colonial português, ao propor construir uma sociedade sem classes. Segundo
GENTILI (2006:315),

Os dirigentes moçambicanos inspirados por uma ética humanista socialista compõem


ideologias provenientes quer de aliança com partidos e governos da área socialista no
decorrer da luta armada de libertação nacional, particularmente com a União Soviética e a
China popular, que apoiavam as lutas pela independência, quer da experiência de
guerrilha no terreno e da mobilização das populações rurais, que tinham sido as mais
penalizadas pelo colonialismo.

A FRELIMO, como expressão de uma comunidade moral, logo a seguir à independência, foi
concebido pelos moçambicanos como guia indispensável para a construção da unidade nacional
e o desenvolvimento do país. A ideologia do partido único que foi elaborada nos primeiros anos
de independência em Moçambique e reside até hoje, com as suas diferenças e morfologias,
segundo NGOENHA (1993:333), pode ser resumida nos seguintes pontos, o partido único
exprime e concretiza a unidade nacional fundamental; não reconhece nem admite divisões
étnicas, tribais, regionais ou de classe; qualquer oposição ao partido único é considerada
ilegítima; finalmente o partido único é democrático uma vez que nele está representado todo
povo.
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No entanto, o problema do partido único em Moçambique pós-independente, reside no


fundamento de que, se durante a fase da colonização, a unidade expressa por um partido
dominante ou único era considerada necessária para apresentar uma frente única que desse força,
e creia-se asas para a conquista da independência, após a instauração do monopartidarismo,
justificava-se como a expressão da nação unida, construção entendida não como um processo de
mediação entre as partes, mas como unidade. O colonialismo tinha destruído a democracias
tradicional moçambicana, aquela que na visão de KIZERBO (1972:377),

Cingia-se na perspectiva participativa e que havia atingido um certo grão de humanismo.


Claro que, nem tudo era cor-de-rosa, houve casos de tirania, mas abstenhamo-nos de
julgar com uma mentalidade acromática os Homens de outrora. Porém, pode parecer
paradoxal falar de democracia tradicional moçambicana, onde parece ter residido o
absolutismo. Mas a palavra e a essência da democracia nem sempre se encontram juntas
uma com a outra, por via de regra, esta sociedade não era totalitárias, a todos os níveis,
eram com frequência protegidos os direitos das pessoas pelo facto de a autoridade ser
limitada pelo costume. Este espírito profundamente democrático era ainda confinado pelo
culto do verbo para o diálogo.

Sendo assim, o partido único era assim responsável pela construção da comunidade
alargada da nação, através de uma revolução moral e política, isto é, com o alcance da
independência deveria emergir assim, a afirmação da vontade unitária de um povo como única
fonte legítima de poder político. Segundo NGOENHA (1993:333),

O partido único que deveria ser o instrumento principal de mobilização das massas
populares em Moçambique transformou-se em instrumento das classes dirigentes do
partido que controlavam o Estado, eles beneficiaram-se de uma máxima legitimidade nos
primórdios da independência. Foi a construção dessa legitimidade que negou-se os
marcos de diferença e estratificação, também nisso a semelhança com o autoritarismo
colonial não escapou o quotidiano da população.

Não obstante, refere ainda o autor supracitado que, na era colonial, eramos simplesmente
chamados a executar futuros inventados por outros e em benefício deles. Na conjuntura pós-
independente, a Frelimo, na categoria de Partido-Estado convidava-nos a participar nos assuntos
de governação da nossa pátria de uma maneira arquitectada e com cores bem precisas, traços
bem determinados.

Mas uma vez, não nos foi perguntado qual o tipo de futuro que sonhávamos para nós e
para os nossos filhos; uma vez mais se pretendia que fôssemos rápidos a responder com
as nossas energias planos e projectos que, na elaboração dos quais não tínhamos
participado e uma vez mais os militares estavam lá para nos obrigar a traduzir em actos,
os planos daqueles que tinham o privilégio divino de saber o que era bom para todos.
(Ibidem)
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Contudo, o Estado moçambicano independente e guiado pelos trilhos do movimento de


libertação nacional FRELIMO, encontrou-se perante um país com uma economia atrasada, frágil
e em grande parte destruída pelas calamidades naturais, para além disso rodeada pela hostilidade
de vizinhos poderosos, a África do Sul do Apartheid e a Rodesia do Sul que, de certa forma
influenciaram para o surgimento da guerra civil que, acabou por destruiu drasticamente a
economia nacional. Não obstante, no fim dos anos setenta, Moçambique, encontrava-se a gerir
níveis exacerbados de divida pública para com bancos públicos e privados internacionais muito
acima da sua capacidade financeira.

Todavia, na década de 80, dificuldades sucessivas de origem interna e externa


comprometeram o seu desenvolvimento económico normal, principalmente com o insucesso dos
primeiros planos económicos, isto é, P.P.I e P.E.C, e com afastamento de Moçambique em
relação as políticas do COMECON, e consequentemente, a queda do Bloco socialista, esses
aspectos complicaram ainda mas a situação económica nacional. De acordo com NEWITT
(1995:480), Já em 1981, Machel visitou os Estados Unidos e começou a procurar o auxílio
ocidental para o desenvolvimento do país. Ele e o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros,
Joaquim Chissano, aceitaram o investimento ocidental quando este lhe foi oferecido.

2.2.A Instauração do Sistema Político Democrático em Moçambique

A dificuldade da economia moçambicana de se reproduzir com a ausência do financiamento


internacional, na visão de NGOENHA (1993:380), Permitiu a audácia dos dirigentes
Moçambique em relação as politicas do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial
como uma única possibilidade para a negociação da divida e o acesso a novas fontes de
financiamento. Porém, para os dirigentes moçambicanos conseguirem a garantia de ajuda das
instituições financeiras de Bretton Woods, exigia-se que, aceitassem os programas de
ajustamento estrutural6. Na visão de NGOENHA (1993:333),

Em 1989, o Banco Mundial, definiu os problemas moçambicanos pós-independente como


problemas de governação, sendo assim, a pré-condição para o financiamento e

“Os programas de ajustamento estrutural em diferentes pacotes, compreendiam essencialmente as seguintes


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medidas, de ordem macro-económica, destinada em reduzir as despesas públicas e privadas de consumo e


investimento; aumentar as receitas públicas e privadas, favorecendo a produção; modificar os comportamentos e as
estruturas em matéria de preço, comercio, gestão de empresas pública no sentido de uma liberalização e para
incentivar as privatizações com fins de suscitar maior dinamismo por parte dos agentes económicos privados”. Cf.
NGOENHA, Severino Élias. Filosofia Africana: Das Independências as Liberdades, p.333.
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desenvolvimento sustentável que se pretendia na nossa pátria, eram a recuperação da


legitimidade política. Todavia, foram postas condições para a concessão de ajuda e
financiamento, essencialmente demostrar a vontade de instaurar a democracia, o
pluralismo político e governo parlamentar.

Não obstante, foi os Estados Unidos, que concedeu ajuda constituinte para Moçambique,
esses doadores entendiam por democratização principalmente a abolição do sistema político de
partido único a favor da instauração do sistemas político multipartidário. No entanto, o processo
de transformação política levada a cabo em Moçambique são inerentes conflitos e tensões entre
diferentes pólos de interesses e de poder, reflectindo as alterações da conjuntura internacional e
as dinâmicas políticas e sociais internas. (JOSÉ, 2005:03). Todavia, o estabelecimento da
democracia em Moçambique iniciou logo após ao Acordo Gerais de Paz, assinados em Roma
que, por sua vez, dois anos depois, culminaram com a realização das primeiras eleições
multipartidárias realizadas em 1994, que marcaram formalmente o fim da guerra civil e
construíram igualmente o passo inicial no caminho tortuoso ruma a uma estabilidade política e à
implementação de estruturas democráticas.

O sistema multipartidário implantado em Moçambique caracterizou-se, desde o início, pelo


legado do anterior conflito e pelo antagonismo existente entre a FRELIMO e a RENAMO.
(LAILA & OSTHEIMER apud DAUCE, 2013:55). Com o efeito, os acordos de paz assinados
pelo Governo da Frelimo e pela Renamo em 1992 na Cidade de Roma (Itália), colocaram as
bases política e jurídicas que moldaram significativamente o contexto subsequente. Como refere
FORQUILHA & OCORRE apud DAUCE (2013:55),

O acordo de paz, na política, constituía como uma carta de transição política para
Moçambique, na medida em que trava não só de questões militares, tais como o cessar-
fogo, a desmilitarização e a formação do novo exército, como também as bases do
processo de democratização do país, nomeadamente os critérios e modalidade de
formação dos partidos políticos, as questões eleitoras e a garantia das liberdades
fundamentais sob o plano constitucional.

Ainda assim, os autores supracitados argumentam ainda que, o processo de transição política
dependia, em grande medida, do sucesso da pacificação do país, facto que teve efeito
significativo na estruturação do campo político pós-transição, marco por uma forte bipolarização
política e por um lugar marginal para partidos políticos, cuja origem não esteve directamente
ligada à guerra civil. O objectivo principal da democratização de Moçambique era de criar a
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legitimidade do sistema político e do Estado, de modo que este possa garantir níveis razoáveis
de segurança, sobrevivência e serviços sociais básicos. (DAUCE, 2013:55).

No entanto, a FRELIMO separou o partido do Estado em 1989 e retirou as referências de


Marxismo-leninismo dos estatutos do partido, abrindo assim a mão para o processo de
democratização, independência dos tribunais, eleições livres e garantia dos direitos individuais.
(LALÁ & OSTHEIMER apud DAUCE, 2013:55). No entanto, esta ideia, não veio somente do
processo de paz e de subsequente implementação de estruturas democráticas com vistas as
eleições multipartidárias realizadas em Outubro de 1994. Caracterizaram-se também
essencialmente por pressões exercidas pela comunidade internacional, a ONUMOZ uma força
internacional apoiou pacificamente o processo de transição política até à realização das eleições
gerais pluripartidárias e que culminou com a formação dum exército unificado e com a
organização das primeiras eleições gerais multipartidárias, em 1994.

Conquanto, a constituição de 1990, no artigo 73 capitulo IV, estabelece direito, liberdade e


garantias de participação política, nestes termos, Moçambique realiza periodicamente eleições
a nível nacional para a escolha do chefe do estado. (MUSSA, 2008:155). Ainda assim, se
baseando nos argumentos do autor acima referido, torna-se relevante enaltecer que, similarmente
realizam-se eleições a nível local, para a escolha do presidente do Conselho Municipal e dos
membros das Assembleias Municipais, em cidades e vilas consideradas municípios pela
Assembleia da República. Nestes termos, vê-se o germinar na nossa pátria dos primeiros
vestígios inerentes a descentralização democrática e governação local.

3. Descentralização Democrática

A descentralização democrática7 remota a Europa ocidental no início dos anos 90, como
reacção das sucessivas falhas do Estado centralizado que vigorou durante vários anos. (DEVAS
apud DAUCE, 2013:19). Assim sendo, a maior parte destas mudanças, deve-se as políticas da
união europeia que incentivou a criação de governos a nível local. Segundo LANE apud DAUCE

“A palavra democracia tem origem no grego antigo demokraía que é composta por demo, isto é, povo e kratos, isto
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é, poder. Neste sistema político, o poder é exercido pelo povo através do sufrágio universal. Uma das principais
funções da democracia é a protecção dos direitos humanos fundamentais, como liberdade de expressão, de religião,
a protecção legal, e as oportunidades de participação na vida política, económica, e cultural da sociedade”.
Disponível em htpp/: www.significados.com.br
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(2003:19), As principais reformas que ocorreram no velho continente entre 1991 e 1992,
condicionaram a uma significativa privatização da propriedade, um grande declínio dos
partidos comunistas e a ascensão de um sistema eleitoral partidário competitivo. Ainda assim, o
autor supracitado refere que, de modo geral, a descentralização é entendida como a transferência
de recursos e poderes a nível central para o local.

Não obstante, de acordo com ZAVALE (2011:47), a descentralização é um processo pelo


qual a lei transfere atribuições e poderes de decisão, até aí pertencentes aos órgãos do Estado,
para órgãos próprios de entidades independentes do Estado, designadamente autarquias locais.
Na visão de MANOR (1999) apud DAUCE (2013:19), existem três modelos de descentralização,
isto é, desconcentração ou descentralização administrativa; descentralização fiscal e devolução
ou descentralização política. Não obstante, olharemos logo a seguir cada uma das definições
inerente aos conceitos supracitados. Desconcentração ou descentralização administrativa “é a
recolocação dos funcionários dos escalões superiores do governo em diferentes pontos do
território nacional, com objectivo de fortificar a autoridade do governo, aqui os funcionários
limitam-se por obedecer decisões que são tomadas pelo governo central”. (FUZIKAWA, 2007
apud DAUCE, 2013: 20).

Para KULIPOSSA apud DAUCE (2013), A descentralização fiscal é a transferência de


recursos fiscais para escalões inferiores do governo, em que não há cedência e nem influência
sobre o orçamento e decisões financeiras, há autonomia sobre impostos, orçamento próprio e se
confia os funcionários desconcentrados que prestam contas a comunidade local. Por sua vez,
devolução ou descentralização política é a transferência do poder, isto é, tomada de decisões,
funções e recursos do governo central para o governo local este último, que por sua vez, são
eleitos pela comunidade local e prestam contas a ela. (DIAS, 2005 apud DAUCE, 2013:20).

Porém, em virtude disso tudo acima referenciado, urge a necessidade de enaltecer que, a
ênfase da presente pesquisa em alusão, irá recair meramente na análise da descentralização em
níveis fiscais ou mesmo financeiros, numa tentativa de se averiguar a articulação da governação
local, face a governação central na cidade de Nampula e, tendo fundamentalmente em
consideração a dimensão da descentralização que, pretende-se tratar na presente pesquisa. Sendo
assim, provavelmente irá se expor progressivamente as implicações no bem comum, que por sua
vez, constitui a finalidade de qualquer política mundana.
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No entanto, como se diz na gíria popular a pressa é a mãe da imperfeição, torna-se imperioso
conhecermos a descentralização e a governação local no contexto moçambicano, isto é, tendo
como pano de fundo a sua génese teórica.

3.1.Descentraliação Democrática e Governação Local em Moçambique

3.1.1.A Descentralização Democrática no Contexto Moçambicano

Durante muito tempo, as comunidades locais em África e em particular em Moçambique


tinham sistemas de liderança próprios em que o poder local8 assentava em crenças e religiões.
(VIEIRA, 2004 apud DAUCE, 2013:32). Assim sendo, o autor acima citado argumenta ainda
que, este facto fazia com que o régulo fosse o único representante legítimo das comunidades em
que ele dominava, tudo estava concentrado no régulo e era ele quem definia como a sociedade
podia comportar-se. O líder tradicional era considerado do modo geral o descendente mais
velho da linhagem mais antiga do clã que fundou ou conquistou este território, sendo
considerado de mágico e grande feiticeiro capaz de defender a comunidade de todos os inimigos
exteriores ou interiores. (VIEIRA, 2004 apud 2013, DAUCE:33)

No entanto, essa forma de funcionamento do poder local tornou-se mais fragilizado e menos
credível com a invasão imperialista no século XV no território moçambicano, onde Portugal,
com a sua máquina administrativa totalmente trazida da metrópole, controlava completamente
toda a estrutura da sociedade tradicional moçambicana até então existentes. Assim sendo, nessa
conjuntura temporal com a instalação da administração directa oriunda da mãe-metrópole, as
autoridades tradicionais foram criadas como forma de controlar recursos e necessidades da
população que os administradores não conseguiam por si só ter uma informação concreta. Uma
das suas funções era auxiliar a administração colonial na cobrança de impostos, fazer com que as
leis modernas sejam cumpridas ao pé da letra, auxiliar na captura de rebeldes e outras
actividades.

Conquanto, no que diz respeito a autoridade tradicional moçambicana, continha o régulo


como a figura máxima e este tinha autoridades sobre a população. Todavia, inserindo nessa linha

Segundo ZAVALE (2011:30), “o poder local, enquanto tal, no contexto pré-colonial em Moçambique, queria
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significar, para o individuo, o lugar onde vivia, praticando as suas actividades ou acções em relacionamento com
outro seu próximo, tanto as que encontrou de forma natural, como as que foi produzindo pela sua própria acção, até
à emergência das outras relações exógenas”.
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de pensamento o grande filósofo moçambicano no sentido verídico do termo, me refiro aqui, a


personalidade de NGOENHA (1993:333), O Estado moçambicano independente, não se
reconstrói com base em valores tradicionais, mas sim da própria representação dos valores que
o Estado colonial tinha, marginalizando a autoridade tradicional. Esse raciocínio também é
corroborado por GENTILI (2006:315) ao afirmar categoricamente que,

O Estado moçambicano independente herda a mesma concepção absolutista de gestão do


poder político, para com quem qualquer divergência é denominada como produto de
tribalismo, no entanto, a que se deu a conotação negativa de comportamento obscurista
contrário, à modernização e ao desenvolvimento na constituição de 1975 .

É neste contexto todo que, DIAS (2005) apud DAUCE (2013:32) considera, o processo de
descentralização Democrática em Moçambique, como devolução do poder, isto é, tomadas de
decisões, funções e recursos do governo central para o governo local. Assim sendo, no que diz
respeito a decentralização em Moçambique, refere CABRAL (2011) citado por DAUCE
(2013:34), aparece como um meio de reduzir a pobreza e como forma de mobilizar os recursos
locais, fomentar a participação loca na governação e melhorar a prestação de serviço públicos
e na prestação de contas.

Contudo, a constituição de 1990 em Moçambique, como se falou logo a priori do desenrolar


da pesquisa, abriu espaço para a instalação do sistema multipartidário e a possibilidade de uma
maioria participação dos cidadãos na eleição dos seus representantes. De acordo com ROSARIO
(2011) apud ELIAS (2012:03), tinha como objectivo a reformulação do sistema democrático
centralizado, pouco eficiente e desequilibrado, então em vigor. A primeira fase do processo de
descentralização democrática começa em 1994, marcada pela aprovação da Lei 3/94 de
Setembro do mesmo ano, que cria os distritos municipais. Entretanto, antes que este projecto
tivesse avançado para a sua concretização, uma nova fase se abriu em 1996, com a correcção da
constituição da República, forçada principalmente pelo antigo líder da RENAMO, Afonso
Dhalakama, dessa correcção brotava a Lei 9/96 de Novembro que, segundo GIL (2013), constitui
a lei fundamental do país, consagrando as autarquias locais, como pessoas colectivas públicas,
dotadas de órgãos representativos próprios.

De acordo com NGUENHA (2009:08), Através da Lei 10/97, de 31 de Maio e da Lei


03/2008, de 2 de Maio, foram criados 43 Municípios em Moçambique, sendo vinte e três com a
categoria de cidade e vinte com a categoria de vila. Porém, o autor supracitado refere ainda que,
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os quarenta e três municípios distribuem-se da seguinte feição, catorze na região norte, dezasseis
na região centro e os restantes treze na região sul. Esse pensamento também é corroborado pelo,
Instituto Nacional de Estatística (2007) apud NGUENHA (2009:08) ao afirmar que, ao todo
vivem em espaços municipalizados perto de 5.500.00 habitantes, representando quase cerca
26% da população moçambicana.

Todavia, da leitura que se faz do objectivo da criação das autarquias locais em Moçambique,
identifica-se alguns elementos importantes, organização dos cidadãos para facilitar o diálogo
com o Estado ou Governo, seu principal parceiro; o aprofundamento e consolidação da
democracia como principal meio de alcançar o desenvolvimento local, sendo este o seu fim.
(Ibidem). Esse pensamento supracitado também é parafraseado por GIL (2013) ao afirmar que, o
processo de descentralização parte do reconhecimento das capacidades e iniciativas dos
cidadãos organizados nas suas organizações.

3.1.1.A Governação Local em Moçambique

De acordo com SHAH (2006) apud DAUCE (2013:22), a governação local é a formulação
e execução de uma acção colectiva a nível local, englobando as funções de normas informais,
governação comunitária e associações de bairro na continuação da acção colectiva, definindo o
quadro de interacção entre os cidadãos e estes com o Estado na tomada de decisões e na
preservação de serviços públicos. Assim sendo, se fundamentando nas abordagens dos autores
supracitados, pode-se perceber que, a governação local é entendida como regra de governação
por processos, através do qual, os residentes de uma determinada área participam na sua própria
governação e que, por sua vez, é limitada pelos interesses locais.

Todavia, na visão de TALES (2010) citado por DAUCE (2013:23), toda governação local
necessita de um líder, pois o exercício de liderança é fundamental para as agências politicas,
mesmo em democracias contemporâneas. É devido a essa teorização supracitada que, não há
duvida quando STOKER (1998) citado por DAUCE (2013:23) refere que, o exercício de poder
necessita de ser legitimado de modo a dar o suficiente poder ao líder na mobilização da
população local para a resolução dos seus próprios problemas, para tal, é necessário que venha
deste governo local um espírito motivador de participação e não o contrario. No entanto, o autor
supracitado enaltece ainda que, o poder autárquico é considerado como um espaço da
Universidade Pedagógica de Nampula, 2018

democracia participativa, política e social, assim sendo, a governação local deve procurar
valorizar a participação da sociedade civil9 na sua governação.

Porém, como no parágrafo anterior enfatizou-se sobre descentralização e a governação


local, no contexto Moçambicano, todavia, urge a necessidade de se compreender em termos mais
precisos o que significa autoridade comunitária, uma vez que, o poder local em Moçambique é
ambíguo, a ambiguidade reside na pluralidade de poderes locais existentes no país, todos em
constante conflito, na procura da afirmação no espaço local, dentro desse espaço intervém
também a autoridade comunitária. (ZAVALE, 2011:32). Não obstante, de acordo com ELIAS
(2012:19), a autoridade comunitária são pessoas que exercem uma certa forma de autoridade
sobre determinada comunidade ou grupo social, tais como chefe tradicional, secretário do
bairro ou aldeia e outros líderes legitimados como tais pelas respectivas comunidades ou grupo
social.

4.Localização Geográfica e breve descrição da Cidade de Nampula

Para melhor se compreender a problemática da descentralização democrática em


Moçambique e tendo como base a análise da governação local, face a governação central na
cidade de Nampula, e dessa análise norteando-se do método crítico filosófica que, por sua vez,
possibilitará a obtenção de um rescaldo inerente as implicações desse fenómeno ainda vigente no
local que importa a pesquisa. Assim sendo, o protagonista do presente artigo como se pode
chamar apresenta logo a seguir fundamentos teóricos inerentes a localização geográfica e
descrição da cidade de Nampula que, por sua vez, constitui a área de abrangência do presente
estudo.

De acordo com ARAÚJO apud KOK (2012:06), A cidade de Nampula, é a capital da


província de Nampula. Esta foi fundada com fins de controlo militar da penetração colonial
para o interior, desde 1896. Inicialmente fundada como posto militar, após sucessivas
transformações, em 26 de Agosto de 1956, Nampula foi elevada a categoria de cidade. Não
obstante, a autora supracitada, progressivamente refere que, a cidade de Nampula constitui um

9
“Sociedade civil, são as pessoas que tendem a lutar pelos seus direitos como cidadão e indivíduo no meio social,
protestando e reivindicando as suas vontades e direitos. Sendo assim, fazemos parte da sociedade civil, quando
exercermos a cidadania com o direito ao voto, manifestando a nossa satisfação ou insatisfação em relação aos actos
realizados pelo governo” Disponível em: http://www.Significadosbr.com. Acessado no dia 19/08/2018.
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município, tendo um governo local eleito pela população local e é formado por seis postos
administrativos urbanos que são Central, Muhala, Namicopo, Napipine e Natikiri e são também
compostos por dezoito bairros periféricos10.

De acordo com os dados provenientes do recenseamento geral da população e habitação na


província de Nampula em 2007, divulgados pelo instituto nacional de estatística, há população
da cidade de Nampula tange uma cifra de 471.717 habitantes e distribuem-se percentualmente
por sexo e idade, num número estimável de 11.8%, tendo em conta que numa operação
estatística complexa com simplesmente o recenseamento nem sempre é possível incluir todos os
habitantes.

5. O caso da Governação Local, face a Governação Central na Cidade de Nampula

No que tange ao assunto que, pretende-se tratar já no ápice da presente pesquisa, me refiro
aqui, a governação local, face a governação central na cidade de Nampula, temos que ter em
consideração que, o destaque vai meramente se fundamentar na análise da descentralização em
níveis fiscais ou tributarias como já se falou antes e, dessa analise progressivamente irá se expor
as prováveis implicações e as possíveis sugestões do autor do presente artigo para tentar mitigar
esse comportamento até então vigente nas actividades fiscais ou tributarias do Conselho
Municipal da cidade em alusão.

5.1.Dialéctica sobre o predomínio ou não da Descentralização Fiscal no Município da


Cidade de Nampula

Para a obtenção dos dados inerente ao predomínio ou não da descentralização fiscal na


cidade de Nampula, importa frisar que, foi mediante a utilização de uma técnica denominada por
entrevista11 e um questionário12. Sendo assim, o questionário foi direccionado para duas

“Os seus bairros centrais foram, no período colonial, habitados exclusivamente por populações brancas e alguns
10

mulatos e assimilados e actualmente são habitados por indivíduos de alta renda per capital. Os bairros destes postos
administrativos, também denominado de bairros periféricos ou subúrbios, eram os bairros segregados dos bairros
centrais, ali habitavam populações negras que se aproximavam da cidade de cimento à procura de trabalho, assim
áreas rurais habitadas pelos camponeses”. (Ibidem)
“A entrevista desenvolve-se de maneira metódica e proporciona ao entrevistador, verbalmente, a informação
11

necessária para a sua pesquisa”. É uma outra técnica de colecta de dados, através do diálogo face a face.
(MARCONI & LAKATOS, 1999, apud IVALA, HEDEZ & LUIZ, 2007).
12
O questionário é um instrumento de colecta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem
ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. (IVALA, HDEZ & LUÍS, 2007, p.26)
Universidade Pedagógica de Nampula, 2018

funcionarias do Conselho Municipal da Cidade de Nampula, onde das quais uma desempenham
actualmente funções de directora dos recursos humanos e outra desempenha funções de directora
do departamento de promoção económica.

Todavia, importa referir ainda que, o Conselho Municipal da cidade em alusão, tem levado a
cabo suas actividades fiscais ou tributarias à luz do Boletim da República de Moçambique, série
número três publicado no ano de 2008, onde no seu artigo três sobre autonomia financeira e
patrimonial argumenta categoricamente que,
Os Conselhos Municipais gozam de autonomia financeira, possuindo finanças e
património próprios geridos autonomamente pelos respectivos órgãos, possuem também
poderes de elaborar, aprovar, alterar e executar planos de actividade e orçamento; dispor
de receitas próprias e arrecadar quaisquer outras que por lei sejam destinadas; ordenar e
processar as despesas orçamentais; realizar investimentos públicos; elaborar e aprovar as
respectivas contas de gerência. (Boletim da República Série I, N.°3, 2008).

Não obstante, de acordo com a Dr.ª Ana Alchandra Castilho, actual directora dos recursos
humanos do Conselho Municipal da cidade de Nampula, as fontes de receitas do Município da
cidade de Nampula, tendo em consideração a descentralização fiscal em Moçambique definida
pelo quadro institucional legal da descentralização e autonomia fiscal, conforme a lei sobre as
finanças autárquicas do Boletim da República, são oriundas do imposto pessoal autárquico
(IPA); imposto predial autárquico (IPRA); imposto autárquico de sisa (ISISA); imposto sobre
veículos (IAV); uso do solo autárquico (DUAT); taxa por actividades económicas (TAE); uso de
espaços públicos, isto é, mercados e feiras; recolha, depósito e tratamento de lixo.

Ainda assim, esse pensamento supracitado também é corroborado pela Dr.ª Armanda
Ussene, actual directora do departamento de promoção económica do Conselho Municipal da
cidade de Nampula, ao afirmar que, a descentralização fiscal ou financeira, predomina sim no
Conselho Municipal da cidade de Nampula. O conselho Municipal da cidade de Nampula, goza
até então da legitimidade de elaborar, aprovar, alterar e executar planos de actividade e
orçamento sem fugir dos princípios estabelecidos no Boletim da República I série, número três
de 2008 que, por sua vez, estabelece leis que definem o regime financeiro, orçamental e
patrimonial das autarquias locais e o sistema tributário autárquico.

Ainda assim, segundo os dados fornecidos pela directora de promoção económica do


Conselho Municipal da cidade de Nampula, a fiscalização ou a base tributaria levada a cabo
Universidade Pedagógica de Nampula, 2018

pela instituição em alusão, fragmenta-se em duas dimensões distintas, isto é, a dimensão-micro e


a dimensão-macro.

A fiscalização ou base tributária de carácter dimensional-macro, segundo os argumentos da


Dr.ª Armanda Ussene, fundamentam-se na cobrança de impostos de grande relevância, como
por exemplo, imposto predial autárquico (IPRA); imposto autárquico de sisa (ISISA); imposto
sobre veículos (IAV) e as de carácter micro-dimensional, fundamentam-se essencialmente na
cobrança de Imposto Pessoal Autárquico (IPA); Uso do Solo Autárquico (DUAT); Taxa por
Actividades Económica (TAE); Uso de espaços públicos (Mercados e Feiras); Recolha, depósito
e tratamento de lixo. Não obstante, referiu ainda a Dr.ª Armanda Ussene que, infelizmente a
fiscalização ou a base tributária de carácter macro-dimensional não fazem parte do orçamento
financeiro do governo local, isto é, são cobradas pelo governo central e as taxas de resíduos
sólidos, por sua vez, são arrecadas pela EDM que, transfere os valores colectados de uma forma
muito esporádicas e alarmante para o município da Cidade de Nampula, sem nenhuma
documentação que suporte sobre a base dessa colecta e o número dos seus clientes, chegam até
a cobrar 25% do valor da colecta, isto é, como custo administrativo pelo seu serviço.

Contudo, referiu ainda a entrevistada supracitada que, é em virtude disso tudo que, o
Conselho Municipal da cidade de Nampula, arrecada numa vertente também esporádica e
preocupante verbas oriundas da governação central, como por exemplo, Fundo de
Compensação Autárquica (FCA) que, por sua vez, deriva do Fundo de Investimento de
Iniciativas Locais (FIIL), no entanto, em reconhecimento daquilo que é, a pilhagem consecutiva
das suas fontes financeiras, isto é, exploradas pelo governo central numa dimensão de carácter
macro-dimensional.

Figura I: Historiógrama inerente a colecta de imposto pelo Conselho Municipal da Cidade de


Nampula, primeiro semestre de 2018.
Universidade Pedagógica de Nampula, 2018

Imposto (Imposto Imposto (Imposto (Uso do Taxa por Uso do Recollha,


Pessoal Predial Autarquico sobre Solo Actividade espaço deposito e
Autarquico Autarquico) de Sisa Veiculos Autarquico Economica público tratamento
(IPA) (IPRA) (ISISA) (IAV) (DUAT) (TAE) (Mercado e de lixo
Feiras)

Fonte: Nenine Bernardo Vilas, actual director do Departamento de Finanças e Património do


Conselho Municipal da Cidade de Nampula, e cálculos feitos pelo autor do artigo, na base de
folha de cálculo do Microsoft Excel, 2018.

5.2. Reminiscência sobre a Descentralização Democrática e Governação Local em


Moçambique

5.2.1.Descentralização Democrática

A descentralização é um processo pelo qual a lei transfere atribuições e poderes de decisão,


até aí pertencentes a órgãos do Estado, para órgãos próprios de entidades independentes do
Estado, designadamente autarquias locais ou poder local (ZAVALE, 2011:47). Não obstante,
esse pensamento acima citado também é corroborado por MANOR (1999) apud DAUCE
(2013:19) ao afirmar que, “existem três modelos de descentralização, isto é, desconcentração ou
descentração administrativa; descentralização fiscal e devolução ou descentralização política”.

Todavia, nesse parágrafo, vamos somente reminescênciar ou mesmo lembrar a definição da


descentralização fiscal que, por sua vez, nas palavras de KULIPOSSA apud DAUCE (2013)
significa, a transferência de recursos fiscais para escalões inferiores do governo, em que não há
cedência e nem influência sobre o orçamento e decisões financeiras, há autonomia sobre
impostos, orçamento próprio e se confia os funcionários desconcentrados que prestam contas a
comunidade local. Não obstante, esse pensamento supracitado, também é corroborado pelo
Boletim da República Série número I (2008:7) ao afirmar categoricamente que, os conselhos
Universidade Pedagógica de Nampula, 2018

municipais gozam de autonomia financeira, possuindo finanças e património próprios geridos


autonomamente pelos respectivos órgãos, possuem também poderes de elaborar, aprovar,
alterar e executar planos de actividade e orçamento; dispor de receitas próprias.

5.2.2.Governação Local em Moçambique

De acordo com SHAH (2006) apud DAUCE (2013:22), a governação local é a formulação
e execução de uma acção colectiva a nível local, englobando as funções de normas informal,
governação comunitária e associações de bairro na continuação da acção colectiva, definindo o
quadro de interacção entre os cidadãos e este com o Estado na tomada de decisões e na
preservação de serviços públicos. Porém, a governação local é entendida aqui, como regra de
governação por processos, através do qual os residentes de uma determinada área participam na
sua própria governação e que, por sua vez, é limitada pelos interesses locais.

Não obstante, na sua abordagem refere TALES (2010) citado por DAUCE (2013:23), toda
governação local necessita de um líder, pois o exercício de liderança é fundamental para as
agências politicas, mesmo em democracias contemporâneas. Conquanto, é em virtude dessa
teorização supracitada que, não há duvida quando STOKER (1998) citado por DAUCE
(2013:23) refere que, o exercício de poder necessita de ser legitimado de modo a dar o suficiente
poder ao líder na mobilização da população local para a resolução dos seus próprios
problemas.

5.3. Resultados Alcançados com a Realização da Presente Pesquisa

A partir da discussão levada a cabo no parágrafo anterior do presente artigo científico em


alusão, pode-se claramente perceber que, o governo central manipula directamente as actividades
financeiras do Conselho Municipal da cidade de Nampula, o que de certa forma o torna
dependente e com certeza implicando directamente na consecução das suas actividades de
desenvolvimento económico local e na melhoria da renda e, consequentemente da qualidade de
vida do cidadão.
Todavia, é em virtude disso tudo que, se por um lado os bairros centrais urbanos, estes que
por sua vez, são constituídos essencialmente de indivíduos que habitam no palácio dos
destinados, pessoas que procuraram reproduzir um estilo de vida ocidental e completamente
fanáticos de um capitalismo cruel, potenciador do crescimento em progressão geométrica das
Universidade Pedagógica de Nampula, 2018

desigualdades (NGOENHA, 2017). Por outro lado, nos bairros periféricos existe alguma
persistência do modo de vida completamente precário não só, pela precariedade de habitações
mas também das relações sociais13.
Ainda assim, importa frisar que, esse problema abarca consigo implicações muito negativas
até no âmbito do saneamento do meio ambiente, manutenção da ordem e segurança comercial
formal e informal que, por sua vez, constituem acções da governação local. A descentralização
fiscal, sendo um processo a partir do qual, a lei transfere os recursos fiscais para escalões
inferiores do governo como por exemplo, as autarquias locais, onde não pode haver influência
sobre o orçamento e decisões financeiras, há autonomia sobre impostos e orçamento próprio, no
entanto, o comportamento funcional até então vigente no Conselho Municipal da Cidade de
Nampula é, completamente contraditório.

Contudo, referem autores como ZAVALA (2011), não basta a sua configuração formal ou
melhor legal é, necessário tornar a descentralização fiscal verdadeira, sensível e concreta. A
capacidade de financiamento e a autonomia financeira das autarquias locais, constituem
elementos que, dão consciência à autonomia política do poder local, ao desembocarem na
elaboração, aprovação e alteração de planos financeiros, na mobilização dos recursos
atribuídos por lei as autarquias.

Em última analise, GIL (2018) argumenta que, a verdadeira descentralização é uma questão
financeira ou melhor descentralização fiscal. Enquanto tudo depender do orçamento central,
afirmou, a descentralização não terá sucesso. No entanto, é em virtude disso tudo que, importa
frisar que, o governo central com a sua moral ignorante acabou por se esquecer que, o poder
autárquico é considerado como um espaço de consolidação da democracia, onde os cidadãos se
organizam para facilitar o seu diálogo com o Estado, seu parceiro como um principal meio para
alcançar o desenvolvimento local e esqueceram também que, a necessidade de um poder forte
que domina radicalmente, como condição para a construção de um Estado de desenvolvimento,
serviu aqui e ali para provocar guerras, mas nunca para melhorar as condições de vida dos
cidadãos (NGOENHA, 1993:160).

“Em Moçambique, as Autarquias locais, possuem normalmente limitada receita e autoridade para a gestão dos
13

serviços básicos locais, como a saúde, a educação e as infra-estruturas, têm pouca legitimidade relativamente ao
nível central do governo”. (DAUCE, 2013:38).
Universidade Pedagógica de Nampula, 2018

Considerações Finais

A descentralização que, por sua vez, fragmenta-se em três níveis diferentes, assim sendo,
fazendo também parte desses níveis divergentes a descentralização fiscal esta que, constitui a
coluna vertebral da presente pesquisa e não só, consiste na transferência de recursos fiscais para
escalões inferiores do governo em que, não há concessão e nem influência sobre o orçamento e
decisões financeiras, isto é, há autonomia sobre impostos, orçamento próprios e se confia os
funcionário desconcentrados estes que, por sua vez, prestam contas a comunidade local, todavia,
importa frisar que, o autor responsável pela elaboração da pesquisa constatou que, o
comportamento funcional até então vigente no Conselho Municipal da Cidade de Nampula, local
este que, constituiu a área de abrangência do presente estudo, revela-se completamente
contraditório analogiando-se com os princípios e normas que regem a descentralização fiscal.

O governo central manipula directamente as actividades financeiras de carácter local, na


medida em que, a fiscalização ou a base tributaria de carácter macro-dimensional não fazem
parte do orçamento financeiro do governo local, isto é, são cobradas pelo governo central e não
só, as taxas de resíduos sólidos, por sua vez, são arrecadas pela EDM que, transfere os valores
colectados de uma forma muito esporádicas e alarmante para o Município da cidade de Nampula,
sem nenhuma documentação que suporte sobre a base dessa colecta e o número dos seus clientes,
chegam até a cobrar 25% do valor da colecta, isto é, como custo administrativo pelo seu serviço.

Todavia, da leitura que se faz aos itens supracitados, o autor do presente artigo constatou
ainda que, estas cobranças feitas pelo governo central a nível local, isto é, no Conselho
Municipal da cidade de Nampula, são obviamente feitas em detrimento do interesse da
comunidade local, ainda assim, de certa forma o Conselho Municipal da cidade de Nampula,
acaba por se tornar dependente do governo central e, por sua vez, este último torna-se
representante principal da fonte de receita do Município em alusão com a transferência
esporádica e preocupante da verba oriunda do Fundo de Compensação Autárquica (FCA) este
que, deriva do Fundo de Investimento de Iniciativas Locais (FIIL), no entanto, em
reconhecimento daquilo que é, a pilhagem consecutiva das suas fontes financeiras.

Em última analise, o autor do presente artigo constatou similarmente que, essa influência
acima referida congestiona de certa forma as actividades de desenvolvimento económico local e
Universidade Pedagógica de Nampula, 2018

não só, o saneamento do meio ambiente, manutenção da ordem e segurança comercial formal e
informal que, por sua vez, constituem acções da governação local, esta que conhece os
verdadeiros problemas do dia-a-dia da sua população local.

Sugestões e opiniões

A criação das autarquias locais tem como objectivo último o bem-estar e a melhoria da
renda e da qualidade de vida do cidadão e a participação dos mesmos na solução dos seus
próprios problemas, isto é, da sua comunidade, todavia, o que é possível na minha óptica através
da descentralização fiscal. Como refere ZAVALE (2011), as autarquias representadas por um
governo local, tendo em consideração a descentralização fiscal, não podem depender da
orientação ou do controlo substancial do Estado, relativamente ao modo como actuam dentro da
orbita das suas atribuições por lei estabelecidas.

Ainda assim, o autor supracitado refere que, no caso mais corrente e digno, os órgãos
autárquicos, representam as populações respectivamente que os elegeram e devem prestar contas
a ela e não dependem, por isso, do governo ou de qualquer outro órgão da administração central,
por parte do Estado, somente deve fiscalizar e garantir o cumprimento da lei. Segundo GIL
(2018), a governação central parte de uma visão holística, isto é, global de cada região onde
garante o cumprimento da lei, estabilidade indispensável para a abundancia da unidade
nacional, onde o bem-estar das populações é a mediada de todas as coisas. Argumenta ainda o
autor supracitado, o Estado deve promover as iniciativas de cooperação e colaboração
intermunicipal e encorajar projectos e iniciativas comuns dos municípios vizinhos na provisão de
serviços públicos.

É em virtude disso tudo que, o autor do artigo propõe como sugestão ou opinião a
idealização de que, o governo moçambicano deve assumir uma posição mais clara acerca dos
processo de descentralização a nível fiscal no Municipal da Cidade de Nampula, isto é,
conciliando a teoria exibida no Boletim da República que, por sua vez, apologia e define o
regime financeiro, orçamental e patrimonial das autarquias e a sua prática, uma vez que, este
nível de descentralização supracitado possibilita ou melhor dá consciência à autonomia política
do poder local.
Universidade Pedagógica de Nampula, 2018

Segundo MONDIN (2008:82), Para Platão o que caracteriza o bom governo é aquele que
tem como finalidade o bem do homem. Aqui devemos recordar que não se trata de bem
qualquer, nem do bem tão carro, mas de bem que corresponde a concepção platónica para a
qual o homem é constituído essencialmente pela alma, obviamente nessa idealização, o
verdadeiro bem do homem, é o seu bem espiritual.

Ainda assim, o autor supracitado fala-nos que, assim fica assinalada o divisório que separa a
verdadeira da falsa política. Para Platão a verdadeira política tem por finalidade cuidar da alma
do homem, ao passo que a outra é relativo a dimensão inautêntica do homem. Conquanto, não
existe outro meio de cuidar da alma do homem se não por meio do conhecimento verdadeiro.
Não obstante, Aristóteles fala-nos que, o Estado surge pelos seguintes motivo: tornar possível
não só a vida, mais também a vida feliz. O escopo da vida humana é a felicidade; o escopo do
Estado é facilitar a consecução da felicidade. Só o Estado torna possível e completa as
realizações de todas as capacidades humanas. Partindo do princípio segundo o qual a
finalidade do Estado é facilitar a consecução do bem-comum. (MODIN, 2008:110).

Conquanto, tendo como fundamento o pensamento político dos clássicos supracitados e,


analogiando com o ambiente político vigorante até então no Município da Cidade de Nampula,
importa frisar que, o governo central, não implementa a verdadeira política, aquela que na
concepção platónica fundamenta-se no cuidar da alma. O governo central deve como sugestão ter
a concepção aristotélica imediatamente que, a finalidade de qualquer política mundana é, o bem
comum como antes se referiu. Todavia, é em virtude disso tudo que foi argumentado acima que,
importa frisar que, a governação central deve ser sinceira consigo mesmo em relação á política
de descentralização fiscal no Município da cidade de em alusão.

Contudo, predominando até então uma política de descentralização fiscal inautêntica e não
concreta no quotidiano da governação local da cidade de Nampula, referem autores como
ZAVALE (2011), existem algumas razões que fazem com que, tenhamos calma na
implementação dessa política em alusão, isto é, não existe em áfrica prova inequívoca de sua
conveniência; há ainda uma falta de clareza sobre o significado exacto da descentralização em
seus diferentes níveis fragmentários.
Universidade Pedagógica de Nampula, 2018

Referencial Bibliográfico

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patrimonial das autarquias locais e o sistema tributário autárquico. Assembleia da
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Fontes Orais

 Dr. Nenine Bernardo Vilas;


 Dr.ª Armanda Ussene;
 Dr.ª Ana Alchandra Castilho.

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