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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Instrumentos da política ambiental em Moçambique

Olívia Eusébio Manuel Tomé: 708215208

CURSO: Curso de Gestão Ambiental

Disciplina: Introdução a Politicas Ambientais

2o Ano

Docente: Eugénio Fernando Alexandre

Pemba, Agosto, 2022


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Classificação
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tutor
 Capa 0,5
 Índice 0,5

 Introdução 0,5
Estrutura Aspectos
organizacionai  Discussão 0,5
s  Conclusão 0,5
 Bibliografia 0,5
 Contextualização
(Indicação clara do 1,0
problema)
Introdução  Descrição dos 1,0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2,0
do trabalho
 Articuladores e
domínio do discurso
Conteúdo académico (expressão 2,0
escrita cuidada,
coerência / coesão
Análise e textual
discussão  Revisão bibliográfica 2,0
nacional e
internacionais
relevante na área de
estudo
 Exploração dos dados 2,0
Conclusão  Contributos teóricos 2,0
práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
gerais Formatação paragrafo, 1,0
espaçamento entre
linhas
Referencias Normas APA  Rigor e coerência das
Bibliográfic 6ª edição em citações/refecias 4,0
as citações e bibliográficas
bibliografia
Índice

Introdução ................................................................................................................................... 4

1.0. INSTRUMENTOS DA POLÍTICA AMBIENTAL EM MOÇAMBIQUE ....................... 5

1.1. Conceito política nacional do ambiente............................................................................... 5

1.2. Política nacional do ambiente .............................................................................................. 5

1.3. Princípios da política nacional do ambiente ........................................................................ 6

1.4. Educação e divulgação ambiental........................................................................................ 6

1.5. Consciencialização e divulgação ambiental ........................................................................ 7

1.6. Estratégias da educação formal ........................................................................................... 7

1.7. Estratégias da educação não-formal .................................................................................... 8

1.8. Instrumentos da política ambiental em Moçambique ......................................................... 8

1.8.1. Fundamentos por detrás do Uso de IEs ............................................................................ 9

1.8.2. As três principais funções e benefícios dos IEs na gestão do meio ambiente ................ 10

1.8.3. As vantagens ou benefícios do uso dos IEs .................................................................... 11

1.9. Instrumentos de Prevenção do Dano Ambiental ............................................................... 13

Conclusão ................................................................................................................................. 15

Bibliografia ............................................................................................................................... 16
4

Introdução

O meio ambiente corresponde aos aspectos que nos rodeiam, e a melhor conservação deste
meio é de extrema relevância para a natureza. E para o processo relativo a conservação do
meio ambiente existem instrumentos que propiciam para a ocorrência deste facto, assim como
existe apolítica nacional do ambiente. A política nacional do ambiente representa o
instrumento através do qual o governo reconhece de forma clara e inequívoca a
interdependência entre o desenvolvimento e o ambiente. A utilização efectiva dos recursos
naturais, a necessidade de adopção de tecnologias apropriadas às condições reais de
Moçambique bem como o profundo reconhecimento das dinâmicas sociais são premissas
fundamentais em que assenta a presente política, dada a sua inseparabilidade no processo de
desenvolvimento nacional. a política do ambiente representa a base para um desenvolvimento
sustentável de Moçambique, visando a erradicação progressiva da pobreza e a melhoria da
qualidade de vida dos moçambicanos bem como a redução dos danos sobre o ambiente.
Portanto, trabalho em destaque vai falar sobre os Instrumentos da política ambiental em
Moçambique.

Objectivos

Objectivo geral

 Conhecer os instrumentos da política ambiental em Moçambique.

Objectivos específicos

 Definir o conceito de política nacional do ambiente;


 Apresentar os diversos detalhes referentes a política ambiental;
 Descrever os instrumentos da política ambiental em Moçambique.

Metodologia e estrutura do trabalho

O trabalho foi feito com base no método de pesquisa bibliográfico, e quanto a estrutura o
trabalho compõe-se de: Capa, Folha de Feedback, Índice, Introdução, Desenvolvimento,
Conclusão, Bibliografia.
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1.0. INSTRUMENTOS DA POLÍTICA AMBIENTAL EM MOÇAMBIQUE

1.1. Conceito política nacional do ambiente

Segundo o Boletim da República (1995):

A política nacional do ambiente representa o instrumento através do qual o governo reconhece


de forma clara e inequívoca a interdependência entre o desenvolvimento e o ambiente. É um
meio para a execução, no país, de políticas sócio e macroeconómicas ambientalmente
aceitáveis, visando promover e impulsionar um crescimento económico que se fundamente,
tanto quanto possível, nos preceitos universais do desenvolvimento sustentável.

Este Boletim ainda estabelece que:

A utilização efectiva dos recursos naturais, a necessidade de adopção de tecnologias


apropriadas às condições reais de Moçambique bem como o profundo reconhecimento das
dinâmicas sociais são premissas fundamentais em que assenta a presente política, dada a sua
inseparabilidade no processo de desenvolvimento nacional.

A despeito das transformações mundiais nos últimos anos, Moçambique continua a enfrentar
séries dificuldades económicas, com a maioria da população vivendo num estado de absoluta
pobreza. Grande parte dos recursos naturais do País está sob imensa pressão, em virtude da
população carente ver-se forçada a ter que recorrer à exploração desregrada daquelas, como
garantia da sua sobrevivência, facto que constitui para acelerar a degradação ambiental.

É no espírito dos esforços nacionais e internacionais, tendentes a reduzir a crescente


degradação do ambiente, de modo a que este esteja disponível às gerações futuras, nas
melhores condições possíveis, que se apresenta a presente política nacional do ambiente.

1.2. Política nacional do ambiente

Segundo o Boletim da República (1995), “a política do ambiente representa a base para um


desenvolvimento sustentável de Moçambique, visando a erradicação progressiva da pobreza e
a melhoria da qualidade de vida dos moçambicanos bem como a redução dos danos sobre o
ambiente”.

O objectivo principal da política do ambiente é de assegurar um desenvolvimento sustentável


do país, considerando as suas condições específicas, através de um compromisso aceitável e
realístico entre o progresso socioeconómico e a protecção do ambiente. Com esta finalidade a
política visa:

 Assegurar uma qualidade de vida adequada aos cidadãos;


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 Assegurar a gestão dos recursos naturais e do ambiente em geral, de modo a e


mantenham a sua capacidade funcional e produtiva para as gerações presentes e
futuras;
 Desenvolver uma consciência ambiental da população, para possibilitar a participação
pública na gestão ambiental;
 Assegurar a integração de considerações ambientais na planificação socioeconómica;
 Promover a participação da comunidade local na planificação e tomada de decisões
sobre o uso dos recursos naturais;
 Proteger os ecossistemas e os processos ecológicos essenciais;

1.3. Princípios da política nacional do ambiente

A política do ambiente será implementada de acordo com os princípios seguintes:

 O Homem é um componente importante do ambiente e é o beneficiário principal da


sua gestão adequada;
 A utilização dos recursos naturais deve ser optimizada;
 Devem ser aplicadas leis, incentivos e desincentivos para a gestão ambiental;
 O poluidor deve repor a qualidade do ambiente danificado e/ou pagar os custos para a
prevenção e eliminação da população por si causada;
 Deve ser garantida a participação pública na tomada de decisões com impactos
ambientais;
 As comunidades locais devem beneficiar da distribuição dos rendimentos provenientes
do uso racional dos recursos naturais;
 Deve-se reconhecer e valorizar o conhecimento tradicional das comunidades locais na
gestão ambiental.

1.4. Educação e divulgação ambiental

A educação ambiental desempenha um papel fundamental na criação e elevação da


sensibilidade dos cidadãos para o seu crescente envolvimento na procura dr soluções pata os
problemas ambientais. Consequentemente, a estratégia da educação ambiental para o país
passa por:

 Proporcionar uma educação ambiental extensiva a todos os níveis do sistema


educativo;
 Elaborar programas específico e disponibilizar verbas para o efeito;
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 Rever os métodos e práticas de ensino usados nas instituições públicas responsáveis


por iniciativas de educação ambiental.

Além das medidas directamente relacionadas com a educação formal, o governo


implementará programas de educação não-formal, com o propósito de abranger as crianças
em idade escolar, público em geral e grupos específicos como associações empresárias,
comerciais, mulheres, a juventude, decisores e os meios de comunicação social.

1.5. Consciencialização e divulgação ambiental

O esforço e o sucesso nacional de implantação de uma política de desenvolvimento


sustentável passam por uma educação ambiental de boa qualidade e extensiva a todos os
sectores de actividade. Para tal é urgente a promoção de actividades de informação, formação,
consciencialização e sensibilização de todos os cidadãos para o seu maior envolvimento na
identificação das causas da degradação do ambiente, bem como na busca de soluções dos
problemas ambientais no interesse do desenvolvimento sustentável.

A estratégia global de solução das carências de educação ambiental sistemática pressupõe a


definição de uma política de educação ambiental que se fundamente na cooperação
intersectorial e que oriente a integração dos aspectos ambientais no processo de edição formal
e não-formal.

1.6. Estratégias da educação formal

 Promover a definição de uma política de educação ambiental, baseada na realidade


nacional e no princípio fundamental de coordenação dos sectores envolvidos;
 Promover e apoiar a integração gradual dos aspectos ambientais nos programas
escolares dos diferentes níveis de ensino formal;
 Elevar a capacidade técnico-profissional nos ministério da Educação, Ministério para a
Coordenação da Acção Ambiental, Universidade pedagógica, Universidade Eduardo
Mondlane e outras instituições de ensino, na área da educação ambiental;
 Priorizar a revisão dos programas escolares do ensino primário, da formação de
professores, de alguns programas chave do ensino superior bem como a integração dos
aspectos ambientais nos programas dos cursos da capacidade dos professores;
 Alicerçar a revisão curricular, em relação aos aspectos ambientais, nos problemas
prioritários do país e possibilidades para sua solução;
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 Garantir, no processo de revisão curricular, a consideração do carácter


multidisciplinar dos aspectos ambientais e da necessidade da integração em paralelo,
de métodos pedagógicos participativos e actividades práticas no processo de ensino;
 Promover o estudo das possibilidades de introdução de actividades ambientais no
ensino que contribuam para o melhoramento da situação do sector a nível local;
 Promover actividades de educação ambiental não-formal nas escolas, para apoiar o
processo de integração gradual das questões ambientais, com fundamentos práticos,
nos programas de ensino formal.

1.7. Estratégias da educação não-formal

 Promover a cooperação intersectorial na área de educação ambiental não-formal;


 Incentivar a cooperação permanente entre o Ministério para a Coordenação de Acção
Ambiental e os meios de comunicação social;
 Activar a cooperação entre o Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental e as
Organizações Não-Governamentais activas na área de educação cívica e/ou ambiental;
 Priorizar a sensibilização ambiental de grupos chave, tais como mulheres, professores
e decisores;
 Promover a integração gradual de aspectos ambientais nos programas de formação da
educação não-formal;
 Promover e apoiar a criação de Organizações Não-Governamentais nacionais
ambientais;
 Promover a produção de programas ambientais radiofónicos e televisivos e de outros
materiais audiovisuais;
 Promover o desenvolvimento de meios efectivos de comunicação para a divulgação de
assuntos ambientais.

1.8. Instrumentos da política ambiental em Moçambique

Dum modo geral, as políticas ambientais para redução da poluição e minimização da


degradação ambiental podem ser implementadas através da introdução de vários instrumentos,
incluindo, os instrumentos do tipo “comando e controlo”, instrumentos económicos,
instrumentos de educação ambiental e sensibilização, entre outros (MCAA , 2014, p.22).

A MCAA (2014), os Instrumentos do tipo “comando e controlo” (ou normas ou regulamentos)


são os instrumentos ambientais mais comuns, tanto nos países desenvolvidos, como nos
países em desenvolvimento, como é o caso de Moçambique. A abordagem de comando e
controlo consiste num “comando”, que define um padrão que pode ser p.ex., o nível máximo
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de poluição permitida ou a tecnologia que deve ser usada, e um “controlo” para monitorar e
executar o padrão.

Em comparação com os instrumentos de tipo “comando e controlo”, os instrumentos


económicos para a gestão ambiental estimulam o poluidor a reduzir as emissões ou a mudar o
seu comportamento nocivo usando os sinais de mercado (ou incentivos económicos), em vez
de normas explícitas. Exemplos de IEs incluem taxas, subsídios, licenças negociáveis, direitos
de propriedade, garantias de execução, e outros. Em geral, os IEs tendem a ser mais eficazes
porque eles incentivam o poluidor a encontrar a forma mais eficaz de reduzir a poluição; além
disso, os IEs oferecem incentivos para a inovação tecnológica e alguns dos IEs podem gerar
receitas para o governo.

Além disso, os instrumentos do tipo “comando e controlo” requerem o uso generoso de


recursos tais como o capital, a receita do governo, competências para gestão, capacidades
administrativas e repressivas, os mesmos factores que são escassos nos países em vias de
desenvolvimento e em transição. A procura de instrumentos de gestão ambiental nestes países
é uma procura por instrumentos de desenvolvimento sustentável.

Os instrumentos económicos satisfazem a maioria destas condições (aceitam soluções


diferenciadas e ajustam-se de forma flexível às mudanças) e são óptimos para a integração da
política ambiental e económica e podem ser concebidos para promover o desenvolvimento
sustentável. Assim, a concepção e a aplicação de IEs para a gestão ambiental pode encontrar
consenso na sua aplicação gradual e seleccionada, adaptando-os às condições locais para dar
flexibilidade, apoio financeiro, e maior eficiência ao regime regulamentar existente (MCAA ,
2014, p.33)

1.8.1. Fundamentos por detrás do Uso de IEs

De acordo com a MCAA (2014):

Os instrumentos de política são concebidos como instrumentos económicos (IEs) de gestão


ambiental para transmitir a mensagem de que o seu efeito é de influenciar a tomada de
decisões e o comportamento para que as alternativas escolhidas levem a uma situação
ambientalmente mais desejável do que na sua ausência. São “económicos”, porque afectam as
estimativas de custos e benefícios das alternativas ou escolhas livres dos agentes poluidores
(p.23).

O princípio do poluidor pagador: Os IEs têm sido usados para a gestão ambiental,
principalmente porque o mecanismo de mercado não lida com muitos problemas ambientais.
Os mercados podem excessivamente fornecer certos tipos de bens e serviços (p. ex.: carvão
mineral) que apresentam efeitos negativos externos (p. ex., poluição), ao mesmo tempo que
presta serviços que têm benefícios externos (p. ex., serviços de ecossistemas, como florestas e
regimes hidrológicos, ou rios e peixe de consumo local – todos eles podem ser afectados
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negativamente pela poluição criada através da mineração; mas os grupos ou indivíduos que
beneficiam da mineração não são os mesmos que os que sofrem as consequências negativas
da poluição). O Estado, então, intervém de forma mais eficaz sobre os poluidores – produtores
e consumidores de bens – e estes por sua vez absorvem os custos de que são susceptíveis de
impor à sociedade (p. ex., através da negligência) na sua produção e decisões de consumo.
Desta forma, os poluidores não haveriam de perceber o meio ambiente como um “bem livre”
e não haveriam de transferir os seus custos associados à poluição para outros segmentos da
sociedade ou para as gerações futuras.

O princípio beneficiário-pagador: o Governo também usa os IEs para premiar empresas e


indivíduos que adoptam práticas sustentáveis de gestão ambiental que beneficiam a sociedade
(p. ex., a gestão de bacias hidrográficas, a conservação do ecossistema). Para reconhecer o seu
contributo, o Governo compensa-os em nome da sociedade pelo esforço extra que eles fazem
para garantir outros benefícios sociais. Assim, os IEs podem ser concebidos para desencorajar
práticas indesejáveis (desincentivos) ou para incentivar boas práticas (incentivos).

Finalmente, o fundamento para o uso de IEs é a redução dos custos de cumprimento de metas
ambientais em relação à confiança exclusivamente nas leis de “comando e controlo”. Em vez
de forçar cada empresa a cumprir com normas específicas, os IEs oferecem flexibilidade e
incentivos para premiar a adopção de novas tecnologias ou outros meios de cumprimento de
normas ao mais baixo custo (MCAA , 2014, p.24).

1.8.2. As três principais funções e benefícios dos IEs na gestão do meio ambiente

O âmbito e a função dos IEs não se limitam à gestão de problemas ambientais domésticos,
mas estendem-se à gestão do património global, como a conservação das florestas tropicais, a
preservação da biodiversidade e a protecção do clima global para além da camada de ozono.
A função de cada IE, seu modo de funcionamento, irá determinar a sua melhor utilidade por si
só, ou em combinação com outros instrumentos de política. Os IEs estão estruturados para
que atinjam em conjunto três (3) principais funções, a seguir sintetizadas, e depois
examinadas separadamente:

 Corrigir os problemas de direitos de propriedade que contribuem para a poluição ou a


má gestão dos recursos (no caso de Moçambique são direitos de uso e aproveitamento,
uma vez que a terra e os recursos nela existentes são propriedade do Estado – art. 4 da
Lei n.º 14/2002, de 26 de Junho);
 Estabelecer e impor preços para os recursos utilizados e para a degradação ambiental
associados à produção; e
 Subsidiar a transição para condutas adequadas e sustentáveis (MCAA , 2014, p.24).
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1.8.3. As vantagens ou benefícios do uso dos IEs

As vantagens do uso dos instrumentos económicos (IEs), em comparação com os


instrumentos de “comando e controlo” (ICCs) são: (i) rentabilidade económica e flexibilidade;
(ii) incentivo para o uso de tecnologias de redução de emissões; (iii) alocação de recursos
naturais àqueles que mais os valorizam; (iv) auto-regulação através do alinhamento entre os
interesses públicos e privados; (v) transparência; e (vi) recuperação de custos dos serviços
prestados publicamente.

De acordo com a MCAA (2014):

Rentabilidade económica e flexibilidade: Os IEs podem reduzir o custo global de redução


de emissões e da proteção dos recursos naturais, são menos onerosos de administrar que os
ICCs, porque com incentivos e multas os usuários monitoram o cumprimento dos padrões de
conservação dos seus pares, e mais flexíveis de implementar que os ICCs, por permitir que as
empresas decidam sobre o tempo e a magnitude de redução dos níveis de poluição. Em suma,
os IEs podem oferecer ganhos significativos de rentabilidade quando comparados com os
ICCs ao permitir que o mercado determine quais firmas controlam determinados níveis de
poluição. A flexibilidade ou dinâmica dos IEs vê-se igualmente quando permitem que as
firmas decidam sobre quando adaptar-se a tecnologias de ponta (upgrade), ou seja não
limitam o tipo de tecnologias específicas a usar, pelo contrário, deixam que os grupos-alvo
decidam se preferem controlar o produto das emissões, alterar as componentes iniciais ou
fazer uma mistura de ambos.

Incentivo para o uso de tecnologias de redução de níveis de poluição: A facilidade que os


agentes poluidores do ambiente têm de poder exceder os níveis de poluição através do
pagamento de taxas/impostos adicionais faz com que sempre optem por experimentar novas
tecnologias que reduzam o nível das emissões ou o desgaste de recursos. Devido a estas
dinâmicas que causam mais inovações e forçam o desenvolvimento de tecnologias novas e
mais limpas, mesmo que estejam dentro dos limites autorizados.

Alocação eficiente dos recursos naturais: Os IEs que leiloam o acesso a recursos de
propriedade pública (petróleo, minerais, terras de pastagens, etc.), permitem que estes sejam
usufruídos por aqueles que mais os valorizam. Quando bem fundamentados, os IEs à base

de leilão encorajam mais o uso sustentável dos recursos inesgotáveis (i.e., terras de pastagens
e água) e o uso mais cuidadoso dos recursos esgotáveis (i.e., petróleo e carvão), como também
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o aumento de receitas para o governo. Em contrapartida, os ICCs, por regra alocam recursos
duma forma monótona, sem considerar o seu valor em relação a diferentes grupos.

Auto-regulação através do alinhamento entre interesses públicos e privados: Os IEs que


conciliam o interesse público e o privado, encorajam a auto-regulação. Empresas e indivíduos
ficam auto-motivados (interesse manifesto) a usar adequadamente os recursos e na emissão
apenas de níveis de poluição autorizados. A implicação reside na criação de um sistema de
mais descentralizado de implementação da política ambiental, reduzindo assim o ónus de
execução para o estado. Isto flexibiliza igualmente a venda/transferência de direitos/quotas de
poluição de agentes excedentários àqueles deficitários.

Maior Transparência: Diferentemente dos ICCs, a maioria dos IEs (taxas de poluição,
licenças negociáveis) oferecem maior abertura à informação relacionada com a eficácia dos
projectos ou programas levados a cabo por empresas/indivíduos que tenha sido reportada ao
governo. Isto é possível através do acesso a relatórios sobre o nível de transacções, de preços,
e de recibos de pagamento de taxas, o que possibilita a avaliação dos prós e contras, porém,
dificultando os lobbies que determinados agentes de má-fé poderão tentar fazer para obter
privilégios especiais ou tratamento excepcional.

Recuperação de custos dos serviços prestados por entidades públicas: Os recursos de


propriedade pública ou fornecidos ao público, tais como a água potável ou os direitos
prospecção de petróleo podem ser vendidos ao preço de mercado, ou pelo menos a níveis que
permitam a recuperação do custo total de fornecimento. Tais vendas geram receitas que
podem ser utilizadas para financiar o contínuo fornecimento de serviços públicos e estimular
uma melhor conservação do ambiente. As políticas de recuperação de custos, por vezes,
requerem subsídios para mitigar o impacto dos encargos sobre os pobres ou outras partes
lesadas. No entanto, mesmo com tais subsídios, uma recuperação de custos de serviços
públicos bem gerida, ajuda a financiar a extensão dos serviços públicos – i.e., o fornecimento
de água potável – para áreas que não disponham desses serviços de forma adequada.

Os IEs geram receitas: Eles geram quantidades substanciais de renda que pode ser usada
para outros projectos ambientais. Os IEs podem constituir incentivos ou penalizações/multas.
Os incentivos farão com que as organizações adoptem boas práticas ambientais, enquanto que
as multas farão com que organizações adoptem tecnologias ambientalmente limpas.
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1.9. Instrumentos de Prevenção do Dano Ambiental

Segundo Silveira (2010):

Aos Instrumentos de Prevenção do Dano Ambiental cumprem responder ao “como” levar


a cabo esta gestão sã e racional do ambiente, ou seja, como implementar os princípios
ambientais supra referidos, principalmente, o da precaução e o da prevenção, uma vez que, os
danos ao ambiente são de difícil ou quase impossível reparação, pelo que, importa actuar antes
de o mal se concretizar e, assim, acautelar a ocorrência de danos ao ambiente, ou ao Homem
através do ambiente (p.17).

Este autor, nas suas abordagens ainda aponta que cabe ao Governo, a pessoa colectivo de
direito público a tarefa de elaborar e executar as políticas em matéria ambiental, como tal, é
em sede administrativa que a prevenção e precaução do dano devem ser primeiramente
levadas em consideração e defendidas. A Lei do Ambiente aponta, também, nesse sentido ao
identificar o licenciamento ambiental, a avaliação de impacto ambiental e as auditorias
ambientais como os principais meios de prevenção de danos ambientais.

Neste caso, temos:

Licenciamento ambiental

Nos termos do n.º 1, do art.º 15.º da Lei do Ambiente, “o licenciamento é o registo das
actividades que, pela sua natureza, localização ou dimensão, sejam susceptíveis de provocar
impactos significativos sobre o ambiente, são feitos de acordo com o regime a estabelecer
pelo Governo, por regulamento específico”. E o n.º 2 acrescenta que, “a emissão de licença
ambiental é baseada numa avaliação do impacto ambiental da proposta de actividade e
precede a emissão de quaisquer outras licenças legalmente exigidas para cada caso”.

“Como tal, o processo de licenciamento ambiental tem em vista a obtenção de uma licença
com um conteúdo específico e característico, para além de licenças ou autorizações que, há
muito, são obrigatórias à luz da legislação sectorial” (Silveira, 2010, p.18)

Avaliação de Impacto Ambiental

Na perspectiva de Silveira (2010):

Identificada, então, como a última etapa do processo de Avaliação de Impacto Ambiental – a


Licença Ambiental – é extremamente relevante na questão da prevenção do dano, sendo
mesmo condição sine qua non para a emissão da licença sectorial. Importa, agora, passar para
uma análise mais detalhada do processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) ( p.20).

Assim, nos termos do disposto no art.º 16.º, “a avaliação de impacto ambiental tem como
base um estudo de impacto ambiental a ser realizado por entidades credenciadas pelo
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Governo”, e devem ser realizadas respeitando os moldes e demais formalidades previstas em


legislação específica.

Auditorias Ambientais

No entanto, porque existem actividades que à data da entrada em vigor da Lei do Ambiente já
se encontravam em funcionamento “…sem a aplicação de tecnologias ou processos
apropriados” (Artigo 18.º da Lei do Ambiente), estipula-se que as mesmas fiquem, então,
sujeitas a auditorias ambientais.

O Decreto n.º 32/2003, de 12 de Agosto veio regulamentar a matéria e prevê, no seu art.º 3.º,
a existência de dois tipos de auditoria ambiental consoante o estatuto dos sujeitos que a
promovam. Por um lado, se for realizada pelo órgão estatal competente para o efeito, teremos
a auditoria ambiental pública, por outro lado, se for realizada pelas próprias empresas, cuja
actividade seja potencialmente poluidora, temos a auditoria ambiental privada (p.26).
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Conclusão

Com base no trabalho, podemos concluir que a política nacional do ambiente representa o
instrumento através do qual o governo reconhece de forma clara e inequívoca a
interdependência entre o desenvolvimento e o ambiente. É um meio para a execução, no país,
de políticas sócio e macroeconómicas ambientalmente aceitáveis, visando promover e
impulsionar um crescimento económico que se fundamente, tanto quanto possível, nos
preceitos universais do desenvolvimento sustentável. A respeito das transformações mundiais
nos últimos anos, Moçambique continua a enfrentar séries dificuldades económicas, com a
maioria da população vivendo num estado de absoluta pobreza. Grande parte dos recursos
naturais do País está sob imensa pressão, em virtude da população carente ver-se forçada a ter
que recorrer à exploração desregrada daquelas, como garantia da sua sobrevivência, facto que
constitui para acelerar a degradação ambiental.

A política do ambiente representa a base para um desenvolvimento sustentável de


Moçambique, visando a erradicação progressiva da pobreza e a melhoria da qualidade de vida
dos moçambicanos bem como a redução dos danos sobre o ambiente. O objectivo principal da
política do ambiente é de assegurar um desenvolvimento sustentável do país, considerando as
suas condições específicas, através de um compromisso aceitável e realístico entre o
progresso socioeconómico e a protecção do ambiente.

Os instrumentos da política ambiental em Moçambique são do tipo “comando e controlo” (ou


normas ou regulamentos) são os instrumentos ambientais mais comuns, tanto nos países
desenvolvidos, como nos países em desenvolvimento, como é o caso de Moçambique.
Geralmente, estes instrumentos requerem o uso generoso de recursos tais como o capital, a
receita do governo, competências para gestão, capacidades administrativas e repressivas, os
mesmos factores que são escassos nos países em vias de desenvolvimento e em transição.
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Bibliografia

Boletim da República. (1995). Publicação Oficial da República de Moçambique - Série -


Número 49: Política Nacional de Ambiente. Maputo, Moçambique.

Ministério para a coordenação da acção ambiental (MCAA). (2014). Estudo sobre a Análise
de Instrumentos Económicos Ambientais para a Redução da Pobreza em Moçambique.
Maputo, Mozambique.

Silveira, P. De C. (2010). Algumas considerações sobre a lei do ambiente em Moçambique.


Beira, Moçambique.

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