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Emergência Económica
Emergência Económica
Nicoolai, Hine e Wales (2015) referem que “a educação em situações de emergência económicas
prolongadas é importante por diversas razões”.
Por um lado, ao propiciar espaços seguros durante situações que necessitam reduzir e
desenvolver outras actividades para lidar com a emergência económica, a educação salvaguarda
vidas e proporciona apoio psicossocial, fundamental para o desenvolvimento a longo prazo de
crianças, jovens e comunidades. Por outro lado, é crucial para o sucesso da intervenção noutros
setores, como sejam o do abastecimento de água e de cuidados de saúde. A educação é vital para
a paz e a estabilidade dos países (INEE, 2010) e é frequentemente identificada, pelas próprias
comunidades afetadas, como um setor altamente prioritário (Save the Children e NRC, 2014).
Neste sentido, olhamos a política educacional como um dos instrumentos para se projetar a
formação dos tipos de pessoas de que uma sociedade necessita para resolver os problemas
concernes a emergência económica na educação. Ao contrário da educação, que ajuda a pensar
tipos de mulheres e homens, a política educacional ajuda a fazer esses tipos, definindo a forma e
o conteúdo do saber que vai ser passado de pessoa a pessoa para contribuir e legitimar seu
mundo, e visando, com isso, garantir a sobrevivência dos vários tipos de sociedade.
A política educacional ajuda a formar tipos de seres humanos, visa assegurar a sobrevivência dos
tipos de sociedade. É justamente nesse momento que a política educacional revela sua dupla face:
política e econômica (Santos).
Entre a economia e política educacional há uma interdependência entre ambas as vertentes. Nessa
interdependência, o teor econômico pesa mais que o político.
De acordo com Martins (1993), “o significado econômico da política educacional é bem mais
recente que seu teor político, que só nasceu a partir da questão da igualdade social”.
A política educacional é responsável por assegurar o direito à educação para todos os cidadãos.
Junto a outras políticas sociais asseguradoras de seus respectivos direitos, ela tem por fim
proporcionar condições mais igualitárias de vida, dando assim, ao menos em teoria,
oportunidades iguais de existência para todos.
Assim, a política educacional, que teoricamente é a responsável pela universalização do ensino,
concretamente, não consegue assegurar sequer oportunidades iguais de escolarização a todos os
cidadãos, quanto mais igualdade social (Silva & Silva, 2022).
Santos refere que “a educação para o desenvolvimento constitui uma estratégia, pois ela deve
visar à formação de recursos humanos aptos a participar da dinâmica do processo econômico”.
À medida que um país se desenvolve, ele passa a depender menos dos recursos naturais e cada vez
mais da tecnologia e do trabalho qualificado. Formação profissional, tecnologia e
desenvolvimento económico-social são situações e atitudes que se integram ou ainda termos de
uma equação. A educação oferece ao educando algumas opções, sejam elas em função do grau do
ensino, sejam em função da escolha da especialização (Baptista & Filho, 1975).
“Do ponto de vista econômico, um país que inicia seus esforços de desenvolvimento com um
sistema escolar rudimentar poderia conceder uma prioridade demasiado alta à expansão da
educação primária em relação a outros níveis de educação” (Silva, 2019).
Moçambique tem enfrentado constantes emergências nos últimos anos. Depois da destruição
causada pela passagem dos ciclones Idai e Kenneth, das inundações, das incursões dos
insurgentes no Norte, dos ataques da Junta Militar no centro, acresce-se agora o desafio de fazer
face à uma pandemia.
Além do impacto forte causado pelo período chuvoso 2019-2020, as populações de Cabo
Delgado e da região centro do país também enfrentam desafios com os insurgentes devido a uma
crescente onda de insegurança registada nos últimos meses e ataques armados da Junta Militar da
Renamo. Os ataques recentes de grupos malfeitores em Cabo Delgado e na região centro têm
vandalizado instituições de ensino e causam abandono escolar de alunos e professores
(MINEDH, 2020). Outrossim, a pandemia COVID-19 está a causar perturbações na
aprendizagem de milhões de crianças e adultos em Moçambique.
Depreende-se que estas situações acrescem o risco de abandono escolar, principalmente das
raparigas e crianças em situação de vulnerabilidade, como as deslocadas, com problemas de
saúde e de famílias monoparentais devido ao encerramento das escolas.
Para garantir a continuidade das aulas em zonas afectadas por estes eventos, são normalmente
necessárias, espaços temporários de aprendizagem, material para os alunos, professores e
equipamentos escolar, fundos adequados e uma logística profissional incluindo processos de
aquisição rápida de materiais, transporte, armazenamento e contratação de empresas para a
reabilitação de obras. E, igualmente a criação de condições sanitárias para decurso seguro das
aulas, em caso de aumento de casos de COVID-19. Dada a tipologia das salas de aulas (material
convencional, misto, local) e a situação económica do país, o sector da educação apresenta
algumas dificuldades para lidar com estas situações.
Bibliografia