Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Informativo 622-STJ
Márcio André Lopes Cavalcante
Julgado não comentado por não ter relevância para concursos públicos: IUJur no CC 144.433-GO. Leia-o ao final.
ÍNDICE
DIREITO CIVIL
SEGURO
Súmula 609-STJ.
O contratante do seguro de vida em grupo não tem direito à renovação da apólice sem a concordância da
seguradora nem pode exigir a restituição dos prêmios pagos.
ARBITRAGEM
Se a parte quiser arguir a nulidade da cláusula arbitral, deverá formular esse pedido, em primeiro lugar, ao próprio
árbitro, não sendo possível que proponha diretamente ação judicial.
PODER FAMILIAR
Discussão sobre a possibilidade de o filho ajuizar ação de exigir contas em relação aos valores recebidos pelos pais
em nome do menor.
INVENTÁRIO
Possibilidade de a parte já ingressar direto na via ordinária por entender que o juízo do inventário não é competente
para a demanda.
SUCESSÃO DE COMPANHEIRO
Se o falecido deixou apenas companheira (sem ascendentes ou descendentes), ela herdará a totalidade da herança.
DIREITO DO CONSUMIDOR
APLICAÇÃO DO CDC
Súmula 608-STJ.
INVENTÁRIO
Possibilidade de a parte já ingressar direto na via ordinária por entender que o juízo do inventário não é competente
para a demanda.
DIREITO PENAL
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e descaminho?
Súmula 606-STJ.
Furto de “cofrinho” contendo R$ 4,80 de uma instituição de combate ao câncer, mediante induzimento de filho de
9 anos.
FURTO
O pagamento do débito oriundo de furto de energia elétrica antes do oferecimento da denúncia é causa de
extinção da punibilidade?
LEI DE DROGAS
Súmula 607-STJ.
Não incide a causa de aumento de pena do art. 40, III, da LD se o crime foi praticado em dia e horário no qual a
escola estava fechada e não havia pessoas lá.
DIREITO TRIBUTÁRIO
ICMS
Responsabilidade pelo pagamento da diferença de alíquota caso tenha havido tredestinação da mercadoria.
IMPOSTO DE RENDA
Ganho de capital obtido com a venda de imóvel residencial é isento de IR se ele for utilizado para pagamento de
parcelas de outro imóvel residencial comprado anteriormente.
DIREITO CIVIL
SEGURO
Súmula 609-STJ
seguro-saúde); o contrato poderá prever que ela estará sujeita a uma carência de 24 meses, de forma que,
neste período, não terá direito a cirurgia ou internação decorrente deste câncer.
E se o consumidor sabe que possui essa doença, mas omite tal informação no momento da assinatura
do contrato? Em outras palavras, se o contratante omite a doença preexistente?
Neste caso, o consumidor age de má-fé e não terá direito à cobertura securitária, conforme prevê o art.
766 do Código Civil:
Art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ou omitir
circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito
à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido.
A seguradora pode se recusar a arcar com a cobertura securitária sob a alegação de que o sinistro
ocorreu em virtude de doença preexistente?
SIM. Essa recusa será considerada lícita, no entanto, para isso, é necessário que a operadora:
1) Tenha realizado exames médicos no usuário antes da assinatura do contrato, constatando-se que ele
possuía essa doença; ou
2) Se a operadora não fez esses exames prévios, ela terá que provar agora (já durante o contrato) que o
consumidor agiu de má-fé e ocultou intencionalmente a existência da doença.
Em outras palavras, antes de concluir o contrato, a seguradora pode exigir do segurado a realização de
exames médicos para constatação de sua efetiva disposição física e psíquica. Se a operadora não realizou
os exames no contratante, ela assumiu os riscos por essa sua postura. Logo, somente poderá recusar o
tratamento se provar que o segurado agiu de má-fé.
Má-fé = omissão intencional de doença preexistente.
Seguro de vida
A seguradora que não exigiu exames médicos previamente à contratação, não pode descumprir a
obrigação indenizatória sob a alegação de que houve omissão de informações pelo segurado quanto à
doença preexistente, salvo quando ficar provado que o contratante agiu de má-fé.
STJ. 3ª Turma. AgRg no REsp 1.286.741-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 15/8/2013 (Info 529).
Seguro saúde
A jurisprudência desta Corte firmou entendimento de que é ilícita a recusa da cobertura securitária, sob a
alegação de doença preexistente à contratação do seguro-saúde, se a seguradora não submeteu o
segurado a prévio exame de saúde e não comprovou má-fé.
STJ. 4ª Turma. EDcl nos EDcl no AREsp 567.144/PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 15/03/2016.
Plano de saúde
Não se justifica a recusa à cobertura de tratamento necessária à sobrevida do segurado, ao argumento de
se tratar de doença pré-existente, quando a administradora do plano de saúde não se precaveu mediante
realização de exames de admissão no plano ou prova inequívoca de má-fé a qual não ocorreu.
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 998.163/DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/02/2017.
Exceção à má-fé:
Como vimos, em regra, se o segurado omitir, de má-fé, que possuía alguma doença preexistente, a
seguradora poderá recusar a cobertura.
Existe, no entanto, uma exceção a essa regra. Há uma situação na qual mesmo que o segurado omita
doença preexistente, ainda assim ele terá direito à cobertura securitária. Trata-se da hipótese na qual essa
doença somente vem a se manifestar e exigir alguma providência por parte da seguradora muitos anos
após a assinatura do contrato. Neste caso, fica demonstrado que o contratante, mesmo apresentando a
doença, estava em boas condições de saúde. Veja:
(...) 1. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de não ser possível à seguradora eximir-se do
dever de pagamento da cobertura securitária sob a alegação de omissão de informações por parte do
segurado, se dele não exigiu exames médicos prévios à contratação do seguro. Precedentes.
1.1. Consoante cediço no STJ, a suposta má-fé do segurado (decorrente da omissão intencional de doença
preexistente) será, excepcionalmente, relevada quando, sem sofrer de efeitos antecipados, mantém vida
regular por vários anos, demonstrando que possuía razoável estado de saúde no momento da
contratação/renovação da apólice securitária. (...)
STJ. 4ª Turma. AgRg no REsp 1359184/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 06/12/2016.
SEGURO
O contratante do seguro de vida em grupo não tem direito à renovação da apólice sem
a concordância da seguradora nem pode exigir a restituição dos prêmios pagos
Não é abusiva a cláusula contratual que prevê a possibilidade de não renovação automática
do seguro de vida em grupo por qualquer dos contratantes, desde que haja prévia notificação
da outra parte.
À exceção dos contratos de seguro de vida individuais, contratados em caráter vitalício ou
plurianual, nos quais há a formação de reserva matemática de benefícios a conceder, as
demais modalidades são geridas sob o regime financeiro de repartição simples, de modo que
os prêmios arrecadados do grupo de segurados ao longo do período de vigência do contrato
destinam-se ao pagamento dos sinistros ocorridos naquele período.
Dessa forma, nos contratos de seguro de vida em grupo não há direito à renovação da apólice
sem a concordância da seguradora ou à restituição dos prêmios pagos em contraprestação à
cobertura do risco no período delimitado no contrato.
Vale ressaltar que a seguradora pode decidir não mais renovar o contrato de seguro de vida,
mesmo que não comprove que houve desequilíbrio atuarial-financeiro. Trata-se de um
verdadeiro direito potestativo.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.569.627-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 22/02/2018 (Info 622).
Vale ressaltar que havia uma cláusula no contrato prevendo que o pacto tinha prazo determinado, sendo
possível a sua renovação automática, salvo se a seguradora ou segurado comunicasse o desinteresse nessa
renovação 30 dias antes do término da vigência.
Os autores argumentaram que essa cláusula seria abusiva e que a seguradora deveria ser obrigada a:
• renovar a apólice; ou
• restituir os prêmios pagos pelos segurados.
Se o risco não se concretizar durante o prazo de vigência do contrato, não há razão para devolver o prêmio
Em se tratando de contrato por prazo determinado, a obrigação da seguradora (garantir os riscos
combinados previamente) restringe-se ao período contratado.
Se o risco se concretizar durante o período contratado, a seguradora será responsável pelo pagamento da
respectiva cobertura.
Em contrapartida, se o risco não ocorrer durante o prazo de vigência do contrato, não significa que tenha
havido qualquer inadimplemento contratual por parte da seguradora. Logo, mesmo que o risco não se
concretize, o segurado não tem o direito de reaver os valores pagos ou sequer um percentual destes.
Se houvesse essa devolução, isso iria descaracterizar um dos pilares do contrato de seguro, que é
justamente o mutualismo.
Da mesma forma, o segurado não terá como exigir da seguradora que mantenha o vínculo contratual.
ARBITRAGEM
Se a parte quiser arguir a nulidade da cláusula arbitral, deverá formular esse pedido, em
primeiro lugar, ao próprio árbitro, não sendo possível que proponha diretamente ação judicial
Regulamentação
A arbitragem, no Brasil, é regulada pela Lei nº 9.307/96, havendo também alguns dispositivos no CPC
versando sobre o tema.
Convenção de arbitragem
As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de
arbitragem (art. 3º).
Convenção de arbitragem é o gênero, que engloba duas espécies:
• a cláusula compromissória e
• o compromisso arbitral.
Exemplo:
"Cláusula 5.1.2 Eventuais controvérsias que porventura surgirem na interpretação ou execução deste
contrato serão resolvidas por meio de arbitragem, segundo a Lei nº 9.307/96 e o Código de Processo Civil
brasileiro (este aplicado de forma apenas subsidiária à Lei de Arbitragem e ao Regulamento da Câmara de
Arbitragem)."
O Poder Judiciário pode decretar a nulidade de cláusula arbitral (compromissória) sem que essa questão
tenha sido apreciada anteriormente pelo próprio árbitro?
REGRA: NÃO.
Segundo a Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307/96), antes de judicializar a questão, a parte que deseja arguir a
nulidade da cláusula arbitral deve formular esse pedido ao próprio árbitro, nos termos do art. 8º, parágrafo
único:
Art. 8º (...) Parágrafo único. Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as
questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que
contenha a cláusula compromissória.
Assim, por expressa previsão legal, não pode a parte ajuizar ação anulatória para desconstituir acordo com
base na nulidade da cláusula compromissória ali presente antes de submeter o assunto ao árbitro.
Luiz Antônio Scavone Júnior explica esse art. 8º, parágrafo único:
“O significado do dispositivo, portanto, indica que qualquer alegação de nulidade do contrato ou da
cláusula arbitral, diante de sua existência e seguindo o espírito da lei, deve ser dirimida pela arbitragem e
não pelo Poder Judiciário.
A lei pretendeu, neste sentido, "fechar uma brecha" que permitiria às partes, sempre que alegassem a
nulidade da cláusula arbitral ou do contrato, ignorar o pacto de arbitragem e acessar o Poder Judiciário
para dirimir o conflito.
Em resumo, ainda que o conflito verse sobre a nulidade do próprio contrato ou da cláusula arbitral, a
controvérsia deverá ser decidida inicialmente pela arbitragem e não pelo Poder Judiciário, (...)” (Manual
de Arbitragem. 4ª ed. São Paulo: RT, 2010, p. 87).
Vale ressaltar que não haverá prejuízo à parte considerando que, mesmo se o árbitro entender que a
cláusula é válida (e julgar a arbitragem), essa questão da nulidade poderá ser apreciada pelo Poder
Judiciário em momento posterior. Isso porque, para fazer cumprir a sentença arbitral, o credor terá que
ajuizar uma execução judicial. Nesse momento, o devedor poderá se defender por meio de embargos à
execução alegando a nulidade da cláusula arbitral e, consequentemente, da sentença arbitral.
Questões atinentes à existência, validade e eficácia da cláusula compromissória deverão ser apreciadas
pelo árbitro, a teor do que dispõem os arts. 8º, parágrafo único, e 20 da Lei n. 9.307/1996. Trata-se da
denominada kompetenz-kompetenz (competência-competência), que confere ao árbitro o poder de
decidir sobre a própria competência, sendo condenável qualquer tentativa das partes ou do juiz estatal
de alterar essa realidade.
STJ. Corte Especial. SEC 12.781/EX, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 07/06/2017.
EXCEÇÃO:
O STJ relativizou esta regra e decidiu que se a nulidade da cláusula compromissória for muito evidente,
será possível ao Poder Judiciário declarar a sua invalidade mesmo sem que este pedido tenha sido
formulado, em primeiro lugar, ao próprio árbitro. Veja trecho da ementa e fique atento para a expressão
"compromisso arbitral patológico", que poderá ser cobrada em sua prova:
O Poder Judiciário pode, nos casos em que prima facie é identificado um compromisso arbitral
"patológico", isto é, claramente ilegal, declarar a nulidade dessa cláusula, independentemente do estado
em que se encontre o procedimento arbitral.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.602.076-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/9/2016 (Info 591).
Trata-se de exceção à regra geral de prioridade do Juízo arbitral. Esta exceção é também admitida por
alguns doutrinadores:
“(...) A doutrina, de qualquer forma, ainda não tem posicionamento firme no sentido de identificar com
exatidão quais os limites dos poderes investigativos do juiz acerca da invalidade da convenção de
arbitragem. Emmanuel Gaillard sugere que o juiz só possa declarar a invalidade da convenção arbitral
quando o vício for reconhecível prima facie, ou seja, de pronto, sem necessidade de maior exame . Parece
que o ilustre professor parisiense tem razão, já que a limitação da cognição do juiz apenas a aspectos que
desde logo pode detectar, sem maiores indagações (cognição sumária, portanto), harmoniza-se com o
princípio da Kompetenz-Kompetenz adotado pela Lei. Se assim for, poderia o juiz togado reconhecer a
invalidade de um compromisso arbitral a que falte qualquer de seus requisitos essenciais, ou a
impossibilidade de fazer valer uma convenção arbitral que diga respeito a uma questão de direito
indisponível; mas não poderia determinar o prosseguimento da instrução probatória para verificar o
alcance da convenção arbitral ou para aferir se algum dos contratantes teria sido forçado ou induzido a
Informativo 622-STJ (20/04/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 11
Informativo
comentado
celebrar o convênio arbitral”. (CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo. 3ª ed. São Paulo: Atlas,
2009, p. 177)
Em suma:
A previsão contratual de convenção de arbitragem enseja o reconhecimento da competência do Juízo
arbitral para decidir com primazia sobre o Poder Judiciário as questões acerca da existência, validade e
eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.550.260-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 12/12/2017 (Info 622).
PODER FAMILIAR
Discussão sobre a possibilidade de o filho ajuizar ação de exigir contas
em relação aos valores recebidos pelos pais em nome do menor
O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar, são usufrutuários dos bens dos filhos
(usufruto legal), bem como têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua
autoridade, nos termos do art. 1.689, incisos I e II, do Código Civil.
Por essa razão, em regra, não existe o dever de prestar contas acerca dos valores recebidos
pelos pais em nome do menor, durante o exercício do poder familiar. Isso porque há
presunção de que as verbas recebidas tenham sido utilizadas para a manutenção da
comunidade familiar, abrangendo o custeio de alimentação, saúde, vestuário, educação, lazer,
entre outros.
Excepcionalmente, admite-se o ajuizamento de ação de prestação de contas pelo filho, sempre
que a causa de pedir estiver fundada na suspeita de abuso de direito no exercício desse poder.
Assim, a ação de prestação de contas ajuizada pelo filho em desfavor dos pais é possível
quando a causa de pedir estiver relacionada com suposto abuso do direito ao usufruto legal e
à administração dos bens dos filhos.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.623.098-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/03/2018 (Info 622).
emitindo cheques e pagando contas próprias, ou seja, fazendo gastos que não eram em benefício de Lucas.
Este argumentou, ainda, que, apesar de ter direito a essa verba, sempre viveu com dificuldades, tendo
sofrido abandono material por parte da mãe.
Diante disso, Lucas ajuizou ação de exigir contas de todo o período em que sua mãe administrou os
depósitos, isto é, entre a data do falecimento de seu pai e a data em que atingiu a maioridade.
O juízo de primeiro grau, ainda na vigência do CPC/1973, julgou extinto o processo, sem resolução de
mérito, sob o fundamento de impossibilidade jurídica do pedido (art. 267, VI), considerando que não se
pode pedir a prestação de contas a quem não tem o dever de prestá-las.
O magistrado alegou que os pais, detentores do poder familiar, são usufrutuários dos bens dos filhos
impúberes e responsáveis pela sua administração, nos termos do art. 1.689 do Código Civil:
Art. 1.689. O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar:
I - são usufrutuários dos bens dos filhos;
II - têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade.
Assim, como mãe e detentora do exercício do poder familiar, Maria estaria livre, por disposição legal, para
administrar os bens de seu filho, revelando-se, assim, ausente o dever de prestar contas.
Nos termos do art. 1.689 do Código Civil, extrai-se que o pai e a mãe, enquanto no exercício do poder
familiar, são usufrutuários dos bens dos filhos (usufruto legal), bem como têm a administração dos bens
dos filhos menores sob sua autoridade.
Por esse motivo, em regra, não existe o dever de prestar contas acerca dos valores recebidos pelos pais
em nome do menor durante o exercício do poder familiar. Isso porque há presunção de que as verbas
recebidas tenham sido utilizadas para a manutenção da comunidade familiar, abrangendo o custeio de
alimentação, saúde, vestuário, educação, lazer, entre outros.
Ocorre que esse munus deve ser exercido sempre visando atender ao princípio do melhor interesse do
menor, introduzido em nosso sistema jurídico como corolário da doutrina da proteção integral,
consagrada pelo art. 227 da Constituição Federal, o qual deve orientar a atuação tanto do legislador
quanto do aplicador da norma jurídica, vinculando-se o ordenamento infraconstitucional aos seus
contornos.
Em outras palavras, o fato de os pais serem usufrutuários e administradores dos bens dos filhos menores,
em razão do poder familiar, não lhes confere liberdade total para utilizar, como quiserem, o patrimônio
de seus filhos, o qual, a rigor, não lhes pertence.
Não por outra razão que o art. 1.691 do Código Civil determina que “não podem os pais alienar, ou gravar
de ônus real, os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites
da simples administração, salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia
autorização do juiz”.
Assim, partindo-se da premissa de que o poder dos pais, em relação ao usufruto e administração dos bens
de filhos menores, não é absoluto, deve-se permitir, em caráter excepcional, o ajuizamento da ação de
prestação de contas pelo filho, sempre que a causa de pedir estiver fundada na suspeita de abuso de
direito no exercício desse poder, como ocorrido na espécie.
Ora, inviabilizar, de plano, o ajuizamento da ação de prestação de contas nesse tipo de situação, sob o
fundamento de impossibilidade jurídica do pedido para toda e qualquer hipótese, acabaria por cercear o
direito do filho de questionar judicialmente eventual abuso de direito de seus pais no exercício dos
encargos previstos no art. 1.689 do Código Civil, contrariando a própria finalidade da norma em comento,
isto é, de preservação dos interesses do menor.
Flexibilização do procedimento
Vale ressaltar que deverá ser flexibilizada a forma de prestação das contas, pois não seria razoável admitir,
sobretudo em razão da excepcionalidade do caso, que a mãe do autor tenha um “livro-caixa”
especificando todas as receitas e despesas tidas com seu filho.
Assim, neste caso concreto, basta que a ré demonstre, com elementos mínimos, que garantiu os direitos
básicos de seu filho, não tendo o abandonado materialmente.
INVENTÁRIO
Possibilidade de a parte já ingressar direto na via ordinária por entender que o juízo do
inventário não é competente para a demanda
Inventário
Inventário é o processo instaurado com o objetivo de se apurar quais foram os bens deixados pelo falecido
e, após isso, realizar a partilha entre os herdeiros.
Consiste, portanto, na descrição pormenorizada dos bens da herança, tendente a possibilitar o
recolhimento de tributos, o pagamento de credores e, por fim, a partilha.
Judicial ou extrajudicial
O inventário pode ser:
a) judicial: realizado por processo judicial decidido por sentença.
b) extrajudicial: realizado por meio de escritura pública lavrada pelo tabelião de notas.
CC/2002. Art. 2.015. Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha amigável, por escritura
pública, termo nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz.
Vale ressaltar que o inventário extrajudicial é facultativo, de forma que os herdeiros, mesmo preenchendo
todos os requisitos, podem escolher realizar o inventário judicial.
O julgado comentado trata sobre inventário judicial.
O juízo do inventário poderá decidir toda e qualquer questão jurídica relacionada com a herança ou com
os herdeiros?
NÃO.
• O juízo do inventário decide todas as questões que dependerem apenas de prova documental.
• Se os fatos precisarem ser comprovados por outros meios de prova (exs: testemunha, perícia etc.),
então, neste caso, deverão ser decididas pelas vias ordinárias (ex: vara cível, vara de família etc, a
depender da lei de organização judiciária). É o que prevê o art. 612 do CPC/2015:
Art. 612. O juiz decidirá todas as questões de direito desde que os fatos relevantes estejam
provados por documento, só remetendo para as vias ordinárias as questões que dependerem de
outras provas.
Essa regra existe porque o procedimento especial de inventário não foi feito para nele haver dilação
probatória. As provas produzidas e analisadas são apenas documentais.
Vale ressaltar que se a questão envolver tema jurídico de alta complexidade, mas que possa ser decidido
apenas com base em prova documental, neste caso deverá ser decidida no juízo do inventário.
Qual é o recurso cabível contra a decisão do juiz que se nega a decidir uma questão no juízo do inventário
e remete o julgamento para as vias ordinárias?
Agravo de instrumento, nos termos do art. 1.015, parágrafo único, do CPC/2015:
Art. 1.015 (...)
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias
proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de
execução e no processo de inventário.
Guilherme entendeu que sua irmã (Sarah) havia dilapidado o dinheiro do pai no período em que estava
cuidando dele, nos últimos momentos de vida do patriarca.
Diante disso, Guilherme ajuizou, na vara cível, uma ação de exigir contas contra Sarah.
Ao ser citada na ação de exigir contas, Sarah arguiu a incompetência da vara cível afirmando que há um
processo de inventário tramitando na vara de sucessões e que este juízo é que seria competente para
decidir o tema.
Sarah argumentou que o art. 612 do CPC/2015 é um comando destinado ao magistrado e que somente
ele é que pode decidir se remete ou não o tema para as vias ordinárias, não podendo a parte, desde logo,
propor diretamente ação autônoma. Assim, para Sarah, Guilherme deveria ter feito o pedido de prestação
de contas no juízo do inventário e, se este entendesse que o tema exigiria mais provas, remeteria as partes
para as vias ordinárias.
A tese de Sarah foi acolhida pelo STJ? Havendo questão de alta indagação no inventário, a remessa das
partes às vias ordinárias para apuração dos fatos de maior complexidade é uma tarefa exclusiva do
magistrado ou a parte, antevendo a questão de alta indagação, pode ajuizar desde logo uma ação
autônoma em outro juízo que não o do inventário?
A tese de Sarah não foi acolhida.
É cabível o ajuizamento de ação autônoma perante o juízo cível quando se constatar, desde logo, a
necessidade de dilação probatória incompatível com o rito especial do inventário.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.480.810-ES, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/03/2018 (Info 622).
O fato de a parte, vislumbrando desde logo a necessidade de uma atividade instrutória diferenciada e
ampla, propor ação autônoma em juízo distinto do inventário não acarreta nulidade de nenhuma espécie.
Trata-se, ao contrário, de medida que atende aos princípios da celeridade e da economia processual.
O art. 984 do CPC/1973 (atual art. 612 do CPC/2015) não proíbe a parte de buscar, pelas vias ordinárias, o
acolhimento de pretensão incompatível com o rito do inventário.
O que esse artigo diz é apenas que, se a parte fizer um pedido que envolva uma questão de alta indagação
no juízo do inventário, deverá o magistrado remetê-la às vias ordinárias. Não está dito, todavia, que está
excluída a possibilidade de a parte deduzir a sua pretensão de modo autônomo, inclusive porque o juízo
cível também deve examinar a sua própria competência, sendo-lhe lícito, por exemplo, reconhecer que a
questão a ele submetida não era de alta indagação e que, em razão disso, a competência era do juízo
universal do inventário.
Admitir a tese defendida pela requerida (Sarah) significa dizer que a parte, mesmo ciente da complexidade
da controvérsia e da necessidade de ampla instrução, estaria obrigada a deduzir a sua pretensão perante
o juízo incompetente apenas para ter uma resposta negativa e, somente então, ingressar com a ação no
juízo correto. Trata-se de raciocínio que fere os princípios da razoável duração do processo, da celeridade,
e da economia processual.
SUCESSÃO DE COMPANHEIRO
Se o falecido deixou apenas companheira (sem ascendentes ou descendentes),
ela herdará a totalidade da herança
Importante!!!
Na falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge ou
companheiro sobrevivente, não concorrendo com parentes colaterais do de cujus.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.357.117-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/03/2018 (Info 622).
Já que o art. 1.790 é inconstitucional, o que se deve fazer no caso de sucessão de companheiro? Quais
as regras que deverão ser aplicadas para a partilha dos bens de João?
A união estável deve receber o mesmo tratamento conferido ao casamento. Logo, em caso de sucessão
causa mortis do companheiro (como foi o caso de João), deverão ser aplicadas as mesmas regras da
sucessão causa mortis do cônjuge, regras essas que estão previstas no art. 1.829 do CC. Em outras
palavras, mesmo João e Maria sendo companheiros (união estável), devem ser aplicadas as regras de
sucessão como se eles fossem casados. Tais regras estão no art. 1.829 do CC:
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge* sobrevivente, salvo se casado este com o
falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640,
parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado
bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge*;
III - ao cônjuge* sobrevivente;
IV - aos colaterais.
* Pela decisão do STF, onde se lê: “cônjuge”, deve-se agora ler: “cônjuge ou companheiro(a)”.
Pelas regras do art. 1.829, se o falecido morreu sem deixar descendentes (filhos, netos etc.) ou
ascendentes (pais, avós etc.), o cônjuge/companheiro terá direito à totalidade da herança, sem ter que
repartir nada com os demais parentes colaterais (como irmãos, tios, sobrinhos etc.).
Isso significa dizer que, como João deixou companheira, a situação se amolda ao inciso III do art. 1.829 do
CC acima transcrito.
Diante disso, Pedro (irmão do falecido, portanto, colateral) não terá direito a nada, salvo se não houvesse
companheira, considerando que, neste caso, o fato se enquadraria no inciso IV do art. 1.829.
Resumindo:
Na falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge ou
companheiro sobrevivente, não concorrendo com parentes colaterais do de cujus.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.357.117-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/03/2018 (Info 622).
DIREITO DO CONSUMIDOR
APLICAÇÃO DO CDC
Não se aplica o CDC ao contrato de plano de saúde administrado por entidade de autogestão
Súmula 608-STJ: Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde,
salvo os administrados por entidades de autogestão.
STJ. 2ª Seção. Aprovada em 11/04/2018, DJe 17/04/2018.
A relação entre a empresa de plano de saúde constituída sob a modalidade de autogestão e os seus
filiados é regida pelo Código de Defesa do Consumidor?
NÃO.
Não se aplica o CDC às relações existentes entre operadoras de planos de saúde constituídas sob a
modalidade de autogestão e seus filiados.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.285.483-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/6/2016 (Info 588).
Por conta dessas diferenças, os atos regulamentares da ANS conferem tratamento diferenciado para os
planos de saúde de autogestão, com a finalidade de atender às características próprias dessa modalidade
de operadora, possibilitando a redução dos custos de sua manutenção, cujos serviços são prestados, não
mediante contraprestação pecuniária com a finalidade de obtenção de lucro, mas a partir de contribuições
dos participantes calculadas, em regra, com base nos seus salários/aposentadorias etc., observando-se,
com isso, os princípios do mutualismo e da solidariedade.
Por essas razões, as regras do CDC não se aplicam às relações envolvendo entidades de planos de saúde
constituídas sob a modalidade de autogestão. Isso porque tais entidades não oferecem serviços no
mercado e não exercem empresa com o intuito de lucro, razão pela qual não se lhes aplica o conceito de
fornecedor estabelecido no art. 3º, § 2º do CDC.
O tratamento legal a ser dado na relação jurídica entre os associados e os planos de saúde de autogestão,
os chamados planos fechados, não pode ser o mesmo dos planos comuns, sob pena de se criar prejuízos
e desequilíbrios que, se não inviabilizarem a instituição, acabarão elevando o ônus dos demais associados,
desrespeitando normas e regulamentos que eles próprios criaram para que o plano se viabilize (STJ. 3ª
Turma. REsp 1121067/PR, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 21/06/2011).
Na mesma sessão que aprovou a Súmula 608, o STJ decidiu cancelar o enunciado 469, considerando que
ele não excepcionava os planos de saúde de autogestão. Assim, a Súmula 608, por ser mais completa, veio
substituir o enunciado 469, que está cancelado.
GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Possibilidade de concessão de gratuidade da justiça a estrangeiros não residentes no Brasil
Importante!!!
Novo CPC
O estrangeiro residente no Brasil tem direito à gratuidade da justiça?
SIM. O estrangeiro residente no Brasil possui direito à gratuidade da justiça. Isso é previsto no
CPC/2015 e também já era garantido na Lei nº 1.060/50.
A gratuidade da justiça passou a poder ser concedida a estrangeiro não residente no Brasil após a
entrada em vigor do CPC/2015.
STJ. Corte Especial. Pet 9.815-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 29/11/2017 (Info 622).
E se o pedido de gratuidade foi negado pelo estrangeiro não residente na época do art. 2º da Lei nº
1.060/50 e o processo perdurou durante o CPC/2015? Exemplo:
Em 2015, antes do novo CPC, Juan, nacional da Colômbia, residente em Bogotá, propôs ação no Brasil e
requereu a concessão dos benefícios da gratuidade da justiça.
O pedido foi negado pelo fato de ele não ser residente no Brasil, conforme exigia o art. 2º da Lei nº 1.060/50.
Juan não se conformou e recorreu contra a decisão.
Antes que o TJ julgasse o recurso, entrou em vigor o CPC/2015.
O TJ poderá aplicar a nova regra do art. 98 e conceder a gratuidade da justiça?
SIM. Isso porque se trata de norma de direito processual, portanto, a sua incidência é imediata, aplicando-
se aos processos em curso, consoante dispõe o artigo 14 do CPC/2015:
(...) 1. O artigo 2º da Lei 1.060/50 fora revogado pelo Novo Código de Processo Civil, cuja matéria passou
a ser disciplinada no artigo 98 do CPC/2015 (...)
1.1. Trata-se de norma de direito processual, portanto, a sua incidência é imediata, aplicando-se aos
processos em curso, consoante dispõe o artigo 14 do CPC/2015.
2. Em que pese à época da apreciação da matéria pelo Tribunal de piso, a legislação em vigor não prever
a possibilidade de concessão da assistência judiciária ao estrangeiro residente no exterior, com a vigência
das novas regras processuais passou-se a admitir tal hipótese.
2.1. O caput do artigo 98 do Código de Processo Civil vigente ampliou o rol dos sujeitos que podem ser
beneficiados pela concessão da assistência judiciária, em relação ao disposto no revogado artigo 2º da Lei
1.060/50. Portanto, não há qualquer impeditivo legal à pessoa estrangeira residente no exterior de
postular a assistência judiciária gratuita e ter deu pedido apreciado pelo juízo. (...)
STJ. 4ª Turma. REsp 1225854/RS, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 25/10/2016.
Assim, negado o pedido de gratuidade de justiça, com base no art. 2º da Lei nº 1.060/50, vigente à época,
o estrangeiro não residente no Brasil pode voltar a formulá-lo, já sob a vigência do atual CPC.
DIREITO PENAL
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Súmula 606-STJ
Segundo a tese do MPF, o provedor de acesso à Internet via radiofrequência (internet via rádio)
desenvolve dois serviços:
• um serviço de telecomunicações (Serviço de Comunicação Multimídia); e
• um Serviço de Valor Adicionado (Serviço de Conexão à Internet).
Dessa forma, a chamada “internet via rádio” pode ser considerada também um serviço de telecomunicação.
A jurisprudência acolhe a tese do MPF? A conduta de transmitir sinal de internet, via rádio, como se fosse
um provedor de internet, sem autorização da ANATEL, configura algum crime? Amolda-se ao art. 183 da
Lei nº 9.472/97?
SIM. É pacífico no STJ que a transmissão clandestina de sinal de internet, via radiofrequência, sem
autorização da ANATEL, caracteriza, em tese, o delito previsto no art. 183 da Lei nº 9.472/97.
Não há se falar em atipicidade do delito pela previsão de que se trata de serviço de valor adicionado, uma
vez que referida característica não exclui sua natureza de efetivo serviço de telecomunicação.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1077499/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/09/2017.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 971.115/PA, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 27/04/2017.
E no STF?
Apesar de existir um recente julgado em sentido contrário (STF. 1ª Turma. HC 127978, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 24/10/2017. Info 883), o entendimento que prevalece no STF é o mesmo do STJ. Veja:
O desenvolvimento clandestino de atividade de transmissão de sinal de internet, via rádio, comunicação
multimídia, sem a autorização do órgão regulador, caracteriza, por si só, o tipo descrito no artigo 183 da Lei
nº 9.472/97, pois se trata de crime formal, inexigindo, destarte, a necessidade de comprovação de efetivo
prejuízo.
STF. 1ª Turma. HC 152118 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 07/05/2018.
Em sua defesa, João invocou o princípio da insignificância, considerando que seu provedor operava com
a potência de 0,5 Watts, que é muito baixa. Tal alegação é aceita pela jurisprudência majoritária?
Informativo 622-STJ (20/04/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 22
Informativo
comentado
NÃO. Não é possível a aplicação do princípio da insignificância no crime do art. 183 da Lei nº 9.472/97.
Isso porque a instalação de estação clandestina de radiofrequência, sem autorização, já é, por si, suficiente
para comprometer a segurança, a regularidade e a operabilidade do sistema de telecomunicações do país,
não podendo, portanto, ser vista como uma lesão inexpressiva.
Diante do entendimento pacificado, o STJ editou a Súmula 606.
Essa é também a posição do STF: 1ª Turma. HC 118400/RO, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
04/10/2016 (Info 842).
O acusado argumentou também que não deveria ser condenado, considerando que não ficou provado
que ele causou prejuízo, seja para os clientes, seja para os serviços de telecomunicações. Essa alegação
é acolhida pelos Tribunais?
NÃO. O delito do art. 183 da Lei nº 9.427/97 é crime de perigo abstrato. Isso significa que, para a sua
consumação, basta que alguém desenvolva de forma clandestina as atividades de telecomunicações, sem
necessidade de demonstrar prejuízo concreto para o sistema de telecomunicações (STJ. 5ª Turma. AgRg
no REsp 1560335/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 21/06/2016).
Confira julgado que sintetiza esses entendimentos:
(...) 1. Este Superior Tribunal de Justiça pacificou sua jurisprudência no sentido de que a transmissão de
sinal de internet via rádio sem autorização da ANATEL caracteriza o fato típico previsto no artigo 183 da
Lei nº 9.472/97, ainda que se trate de serviço de valor adicionado de que cuida o artigo 61, § 1º, da mesma
lei.
2. É também pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que a instalação de estação de
radiodifusão clandestina é delito de natureza formal de perigo abstrato que, por si só, é suficiente para
comprometer a segurança, a regularidade e a operabilidade do sistema de telecomunicações do país, não
tendo aplicação o princípio da insignificância mesmo que se trate de serviço de baixa potência. (...)
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1566462/SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 15/03/2016.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e descaminho?
Importante!!!
Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando
o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor
do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n.
75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.688.878-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso
repetitivo) (Info 622).
STF. 2ª Turma. HC 155347, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/04/2018.
Existe algum limite máximo de valor para que possa ser aplicado o princípio da insignificância nos crimes
tributários?
SIM. A jurisprudência criou a tese de que nos crimes tributários, para decidir se incide ou não o princípio
da insignificância, será necessário analisar, no caso concreto, o valor dos tributos que deixaram de ser
pagos.
ii) não é possível majorar o parâmetro previsto no art. 20 da Lei nº 10.522/2002 por meio de uma portaria
do Ministro da Fazenda. A portaria emanada do Poder Executivo não possui força normativa passível de
revogar ou modificar lei em sentido estrito.
Em suma, para o STJ, o valor máximo para aplicação do princípio da insignificância no caso de crimes contra
a ordem tributária (incluindo o descaminho) continuava sendo de 10 mil reais.
Nesse sentido:
AgRg no AREsp 331.852/PR, julgado em 11/02/2014.
AgRg no AREsp 303.906/RS, julgado em 06/02/2014.
Em suma, qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e descaminho?
Tanto para o STF como o STJ: 20 mil reais (conforme as Portarias 75 e 132/2012 do MF).
Esse valor deve ser calculado quando? No momento da sentença, ele deve ser atualizado com juros e
correção monetária para saber se passa do teto de R$ 20 mil?
NÃO. Para se verificar a insignificância da conduta, deve-se levar em consideração o valor do crédito
tributário apurado originalmente no procedimento de lançamento.
Assim, os juros, a correção monetária e eventuais multas de ofício que incidem sobre o crédito tributário
quando ele é cobrado em execução fiscal não devem ser considerados para fins de cálculo do princípio da
insignificância.
Em outras palavras, o valor a ser considerado para fins de aplicação do princípio da insignificância é aquele
fixado no momento da consumação do crime e não aquele posteriormente alcançado com a inclusão de
juros e multa por ocasião da inscrição desse crédito na dívida ativa.
STJ. 5ª Turma. RHC 74.756/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 13/12/2016.
Para o STF, é possível aplicar o novo limite (de 20 mil reais) mesmo que o fato tenha ocorrido antes da
Portaria 75/2012?
SIM. Para o STF, o limite imposto por essa portaria (20 mil reais) pode ser aplicado de forma retroativa
para fatos anteriores à sua edição considerando que se trata de norma mais benéfica (STF. 2ª Turma. HC
122213, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, julgado em 27/05/2014).
Esse valor é considerado insignificante tanto no caso de crimes envolvendo tributos federais, como
também estaduais e municipais?
NÃO. Esse parâmetro vale, a princípio, apenas para os crimes que se relacionam a tributos federais,
considerando que é baseado no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, que trata dos tributos federais. Assim, esse
é o valor que a União considera insignificante.
Para fins de crimes de sonegação fiscal que envolvam tributos estaduais ou municipais, deve ser analisado
se há lei estadual ou municipal dispensando a execução fiscal no caso de tributos abaixo de determinado
valor. Esse será o parâmetro para a insignificância. Veja como decidiu o STJ:
(...) 4. Para a aplicação do referido entendimento aos tributos que não sejam da competência da União,
seria necessária a existência de lei estadual no mesmo sentido, até porque à arrecadação da Fazenda
Nacional não se equipara a das Fazendas estaduais. Precedentes e doutrina.
5. Inviável a aplicação do referido entendimento ao caso em análise, no qual o paciente foi denunciado
por, em tese, suprimir o valor de R$ 819,00 (oitocentos e dezenove reais) de Imposto sobre a Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS), de competência dos estados, de acordo com o art. 155, II, da
Constituição Federal.
6. Um dos requisitos indispensáveis à aplicação do princípio da insignificância é a inexpressividade da lesão
jurídica provocada, que pode se alterar de acordo com o sujeito passivo, situação que reforça a
impossibilidade de se aplicar referido entendimento de forma indiscriminada à sonegação dos tributos de
competência dos diversos entes federativos da União. (...)
STJ. 6ª Turma. HC 165003/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/03/2014 (Info 540).
Por que se aplica o princípio da insignificância para o descaminho, mas não para o contrabando?
No delito de contrabando, o objeto material sobre o qual recai a conduta criminosa é a mercadoria
PROIBIDA (proibição absoluta ou relativa). Em outras palavras, o objetivo precípuo dessa tipificação legal
é evitar o fomento de transporte e comercialização de produtos proibidos por lei.
No contrabando não se cuida, tão somente, de sopesar o caráter pecuniário do imposto sonegado, mas
principalmente, de tutelar, entre outros bens jurídicos, a saúde pública.
Em suma, no contrabando, o desvalor da conduta é maior, razão pela qual se deve afastar a aplicação do
princípio da insignificância. Veja:
O princípio da insignificância não incide na hipótese de contrabando de cigarros, tendo em vista que “não
é o valor material que se considera na espécie, mas os valores ético-jurídicos que o sistema normativo-
penal resguarda.
STF. 2ª Turma. HC 118.359, Min. Cármen Lúcia, DJ 11/11/2013.
Em sede de contrabando, ou seja, importação ou exportação de mercadoria proibida, em que, para além
da sonegação tributária há lesão à moral, higiene, segurança e saúde pública, não há como excluir a
tipicidade material tão-somente à vista do valor da evasão fiscal, ainda que eventualmente possível, em
tese, a exclusão do crime, mas em face da mínima lesão provocada ao bem jurídico ali tutelado, gize-se, a
moral, saúde, higiene e segurança pública.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1418011/PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
03/12/2013.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Furto de “cofrinho” contendo R$ 4,80 de uma instituição de combate ao câncer,
mediante induzimento de filho de 9 anos
O STJ entendeu que, no caso concreto, não se podia falar em mínima ofensividade nem havia reduzido
grau de reprovabilidade do comportamento. Isso porque para conseguir a subtração do bem, a ré induziu
que seu próprio filho fosse pegar o objeto. Além disso, o crime foi praticado contra uma instituição sem
fins lucrativos que dá amparo a crianças com câncer. Ainda que irrelevante a lesão pecuniária provocada,
porque inexpressivo o valor do bem, a repulsa social do comportamento é evidente.
Deve-se reconhecer, portanto, presente tipicidade conglobante do comportamento em tela.
FURTO
O pagamento do débito oriundo de furto de energia elétrica antes do
oferecimento da denúncia é causa de extinção da punibilidade?
O pagamento do débito oriundo de furto de energia elétrica (art. 155, § 3º do CP) antes do
oferecimento da denúncia é causa de extinção da punibilidade, nos termos do art. 9º da Lei nº
10.684/2003?
6ª Turma do STJ: SIM
O valor fixado como contraprestação de serviços públicos essenciais como a energia elétrica e
a água, conquanto não seja tributo, possui natureza jurídica de preço público, aplicando-se,
por analogia, as causas extintivas da punibilidade previstas para os crimes tributários.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 796.250/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 26/09/2017.
Antes do recebimento da denúncia, João pagou toda a dívida cobrada pela concessionária de energia
elétrica referente aos meses em que houve “gato”. Em razão disso, a defesa pediu a extinção da
punibilidade, com base no art. 9º da Lei nº 10.684/2003. Será que esse pedido de João será acolhido?
Vamos entender com calma.
Lei nº 12.382/2011
Em 2011, foi editada a Lei nº 12.382, que alterou o art. 83 da Lei n. 9.430/96 e passou a dispor sobre os
efeitos do parcelamento e do pagamento dos créditos tributários no processo penal. Veja o que diz a Lei:
Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária
previstos nos arts. 1º e 2º da Lei n. 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos crimes contra a
Previdência Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 (Código Penal), será encaminhada ao Ministério Público depois de proferida a decisão
final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente.
(Redação dada pela Lei nº 12.350/2010)
(...)
§ 2º É suspensa a pretensão punitiva do Estado referente aos crimes previstos no caput, durante
o período em que a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos
crimes estiver incluída no parcelamento, desde que o pedido de parcelamento tenha sido
formalizado antes do recebimento da denúncia criminal. (Incluído pela Lei 12.382/2011)
§ 3º A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva. (Incluído
pela Lei 12.382/2011)
§ 4º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no caput quando a pessoa física ou a pessoa
jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos,
inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento. (Incluído pela Lei
12.382/2011)
Estelionato previdenciário não está previsto nas Leis n. 9.430/96 e 10.684/2003:
O art. 9º da Lei nº 10.684/2003 e o art. 83 da Lei nº 9.430/96 mencionam os crimes aos quais são aplicadas
suas regras:
• arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137/90;
• art. 168-A do CP (apropriação indébita previdenciária);
• Art. 337-A do CP (sonegação de contribuição previdenciária).
Repare, portanto, que o furto de energia elétrica (art. 155, § 3º do CP) não está listado nessas duas leis.
Mesmo sem o furto de energia elétrica estar previsto, não é possível aplicar essas regras por analogia
em favor do réu? O pagamento do débito oriundo de furto de energia elétrica (art. 155, § 3º do CP) antes
do oferecimento da denúncia é causa de extinção da punibilidade, nos termos do art. 9º da Lei nº
10.684/2003?
6ª Turma do STJ: SIM
O valor fixado como contraprestação de serviços públicos essenciais como a energia elétrica e a água,
conquanto não seja tributo, possui natureza jurídica de preço público, aplicando-se, por analogia, as
causas extintivas da punibilidade previstas para os crimes tributários.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 796.250/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 26/09/2017.
Já nos crimes patrimoniais, como o furto de energia elétrica, existe previsão legal específica de causa de
diminuição da pena para os casos de pagamento da “dívida” antes do recebimento da denúncia. Em tais
hipóteses, o Código Penal, em seu art. 16, prevê o instituto do arrependimento posterior, que em nada
afeta a pretensão punitiva, apenas constitui causa de diminuição da pena.
Outrossim, a jurisprudência se consolidou no sentido de que a natureza jurídica da remuneração pela
prestação de serviço público, no caso de fornecimento de energia elétrica, prestado por concessionária,
é de tarifa ou preço público, não possuindo caráter tributário. Não há como se atribuir o efeito
pretendido aos diversos institutos legais, considerando que o disposto no art. 34 da Lei nº 9.249/1995
e no art. 9º da Lei nº 10.684/2003 fazem referência expressa e, por isso, taxativa, aos tributos e
contribuições sociais, não dizendo respeito às tarifas ou preços públicos.
STJ. 5ª Turma. HC 412.208-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 20/03/2018 (Info 622).
LEI DE DROGAS
Súmula 607-STJ
A defesa alegou que o agente não chegou a atravessar a fronteira de nenhum país, de forma que não
houve transnacionalidade. Logo, não deveria incidir a causa de aumento do inciso I. Essa tese é aceita pela
jurisprudência? Para incidir essa causa de aumento, é necessário que o agente atravesse a fronteira?
NÃO.
Para a incidência da causa especial de aumento de pena prevista no inciso I do art. 40 da Lei de Drogas, é
irrelevante que haja a efetiva transposição das fronteiras nacionais, sendo suficiente, para a configuração
da transnacionalidade do delito, que haja a comprovação de que a substância tinha como destino/origem
localidade em outro País.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 377.808/MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 12/09/2017.
A incidência da majorante, que tem como objetivo apenar com maior severidade a atuação do traficante
direcionada para além das fronteiras do País, não exige o transporte efetivo para o exterior, basta que se
identifique a intenção.
STF. 2ª Turma. HC 127221, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 25/08/2015.
Súmula 528-STJ
A explicação da Súmula 607 do STJ acabou. No entanto, se você ainda tiver um tempo, vamos relembrar
um tema conexo, qual seja, a súmula 528 do STJ.
Súmula 528-STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via
postal processar e julgar o crime de tráfico internacional.
Qual foi o delito em tese praticado pela pessoa que seria destinatária da droga (que encomendou o
entorpecente)?
Tráfico transnacional de drogas (art. 33 c/c art. 40, I, da Lei nº 11.343/2006). Essa pessoa, em tese,
importou a droga.
Por que?
O CPP prevê que a competência é definida pelo local em que o crime se consumar:
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou,
no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
A conduta prevista no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006 constitui delito formal, multinuclear, sendo
que, para sua consumação, basta a execução de qualquer das condutas previstas no dispositivo legal.
No caso em tela, a pessoa que encomendou a droga praticou o verbo “importar”, que significa “fazer vir
de outro país, estado ou município; trazer para dentro.” Logo, pode-se afirmar que o delito se consumou
no instante em que o produto importado tocou o território nacional, entrada essa consubstanciada na
apreensão da droga.
Vale ressaltar que, para que ocorra a consumação do delito de tráfico transnacional de drogas, é
desnecessário que a correspondência chegue ao destinatário final. Se chegar, haverá mero exaurimento
da conduta. Também não importa, para fins de consumação e competência, se a pessoa que encomendou
a droga já foi identificada ou não pela polícia. A consumação (importação) ocorreu quando a encomenda
entrou no território nacional.
Dessa forma, o delito se consumou em São Paulo, local de entrada da mercadoria, sendo esse o juízo
competente, nos termos do art. 70 do CPP.
LEI DE DROGAS
Não incide a causa de aumento de pena do art. 40, III, da LD se o crime foi praticado
em dia e horário no qual a escola estava fechada e não havia pessoas lá
Importante!!!
A prática do delito de tráfico de drogas nas proximidades de estabelecimentos de ensino (art.
40, III, da Lei 11.343/06) enseja a aplicação da majorante, sendo desnecessária a prova de que
o ilícito visava atingir os frequentadores desse local.
Para a incidência da majorante prevista no art. 40, inciso III, da Lei nº 11.343/2006 é
desnecessária a efetiva comprovação de que a mercancia tinha por objetivo atingir os
estudantes, sendo suficiente que a prática ilícita tenha ocorrido em locais próximos, ou seja,
nas imediações de tais estabelecimentos, diante da exposição de pessoas ao risco inerente à
atividade criminosa da narcotraficância.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1558551/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/09/2017.
STJ. 6ª Turma. HC 359.088/SP. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 04/10/2016.
Não incide a causa de aumento de pena prevista no art. 40, inciso III, da Lei nº 11.343/2006,
se a prática de narcotraficância ocorrer em dia e horário em que não facilite a prática
criminosa e a disseminação de drogas em área de maior aglomeração de pessoas.
Ex: se o tráfico de drogas é praticado no domingo de madrugada, dia e horário em que o
estabelecimento de ensino não estava funcionando, não deve incidir a majorante.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.719.792-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 13/03/2018
(Info 622).
Situação 1:
Ricardo é preso vendendo droga em um beco que fica a 240m da escola pública do bairro.
O Ministério Público denuncia Ricardo pela prática de tráfico de drogas (art. 33 da Lei nº 11.343/2006)
com a causa de aumento de pena prevista no art. 40, III, considerando que a infração foi cometida nas
imediações de uma escola.
A defesa questionou a incidência da causa especial de aumento de pena do art. 40, III, alegando que não
houve comprovação de que o réu se utilizou daquele local com maior concentração de pessoas para
potencializar a disseminação da droga. Além disso, a venda não foi feita para nenhum aluno, funcionário
ou frequentador da escola.
Para a incidência da majorante prevista no art. 40, inciso III, da Lei nº 11.343/2006 é desnecessária a
efetiva comprovação de que a mercancia tinha por objetivo atingir os estudantes, sendo suficiente que
a prática ilícita tenha ocorrido em locais próximos, ou seja, nas imediações de tais estabelecimentos,
diante da exposição de pessoas ao risco inerente à atividade criminosa da narcotraficância.
STJ. 6ª Turma. HC 359.088/SP. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 04/10/2016.
Justamente por essa razão, o STJ entende que esta causa de aumento de pena tem natureza objetiva, de
forma que não importa a intenção do agente:
Em relação à causa de aumento do art. 40, inciso III, da Lei de Drogas, cumpre destacar que a respectiva
majorante tem caráter objetivo, prescindindo da análise da intenção do acusado em comercializar
drogas com alunos das instituições de ensino.
STJ. 5ª Turma. HC 359.467/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 18/08/2016.
Situação 2:
João, viciado em droga, liga para Pedro, traficante, pedindo para comprar cocaína.
Eles combinam de se encontrar no domingo, às 2h da madrugada, em frente à escola pública existente no
bairro.
No momento em que o traficante está entregando o entorpecente, aparece a viatura da polícia e efetua
a prisão em flagrante do agente.
O Ministério Público denuncia Pedro pela prática de tráfico de drogas (art. 33 da Lei nº 11.343/2006) com
a causa de aumento de pena prevista no art. 40, III, considerando que a infração foi cometida nas
imediações de uma escola.
A defesa questionou a incidência da causa especial de aumento de pena do art. 40, III, alegando que a
mera proximidade da escola não basta para configurar a referida majorante, mesmo porque, pelo dia e
horário do crime, o estabelecimento de ensino encontrava-se fechado.
A questão chegou até o STJ. Afinal de contas, neste caso concreto, deve incidir ou não a causa de
aumento de pena do art. 40, III?
NÃO.
Não incide a causa de aumento de pena prevista no art. 40, inciso III, da Lei nº 11.343/2006, se a prática
de narcotraficância ocorrer em dia e horário em que não facilite a prática criminosa e a disseminação
de drogas em área de maior aglomeração de pessoas.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.719.792-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 13/03/2018 (Info 622).
No caso concreto, o crime foi praticado durante a madrugada, em um domingo, ou seja, em horário em
que obviamente a escola não estava em funcionamento. Assim, a proximidade da escola foi um elemento
meramente circunstancial, sem qualquer relação real e efetiva com a traficância realizada pelo acusado.
Ainda que se trate de majorante de cunho precipuamente objetivo - ou seja, não é necessário demonstrar
que o acusado pretendesse atingir as pessoas (notadamente alunos) do estabelecimento de ensino, mas
apenas beneficiar-se de sua proximidade - também não se pode, por outro lado, esquecer de uma
interpretação teleológica da norma em tela. Ora, o aumento de pena imposto àquele que trafica nas
dependências ou imediações de estabelecimento de ensino justifica-se nos benefícios advindos ao agente
com a mercancia nas proximidades de tal estabelecimento, diante da maior circulação de pessoas e da
possibilidade de se atingir os frequentadores do local.
Essa conclusão não retira o caráter objetivo da majorante, pois continua sendo desnecessária a
demonstração de que o acusado tivesse o dolo de atingir aquele público específico. Mas é preciso que o
cometimento do tráfico naquele local (ou seja, nas proximidades da escola) represente um proveito ilícito
maior ao agente, maximizando o risco exposto àqueles que frequentam a escola (alunos, pais, professores,
funcionários etc).
DIREITO TRIBUTÁRIO
IMPOSTO DE RENDA
Ganho de capital obtido com a venda de imóvel residencial é isento de IR se ele for utilizado
para pagamento de parcelas de outro imóvel residencial comprado anteriormente
A isenção prevista no art. 39, § 2º, da Lei nº 11.196/2005, alcança as hipóteses nas quais o
produto da venda de imóvel por pessoa física seja destinado, total ou parcialmente, à quitação
ou amortização de financiamento de outro imóvel residencial que o alienante já possui.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.668.268-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 13/03/2018 (Info 622).
STJ. 2ª Turma. REsp 1469478/SC, Rel. Min. Herman Benjamin, Rel. p/ Acórdão Ministro Mauro
Campbell Marques, julgado em 25/10/2016 (Info 594).
Ex: João comprou seu apartamento por R$ 3 milhões; dois anos depois, vendeu este imóvel por R$ 4
milhões, tendo “lucrado” R$ 1 milhão com o negócio. Diz-se que seu ganho de capital foi de R$ 1 milhão.
Em princípio, João teria que pagar imposto de renda sobre esse ganho de capital. Ocorre que o art. 39
acima transcrito garante uma isenção do imposto caso ele utilize este valor recebido para adquirir outro
imóvel residencial.
I - à hipótese de venda de imóvel residencial com o objetivo de quitar, total ou parcialmente, débito
remanescente de aquisição a prazo ou à prestação de imóvel residencial já possuído pelo alienante;
Da leitura do art. 39 da Lei nº 11.196/2005, podem ser extraídos os requisitos necessários para a concessão
da isenção:
a) tratar-se de pessoa física residente no País;
b) alienação de imóveis residenciais situados em território nacional; e
c) aplicação do produto da venda no prazo de 180 dias na aquisição de outro imóvel residencial no País
O STJ entende que o art. 2º, §11, I, da Instrução Normativa-SRF nº 599/2005 é ilegal e que a isenção do
art. 39 da Lei nº 11.196/2005 se aplica mesmo que o dinheiro obtido seja utilizado para pagar as
prestações de um imóvel residencial que o contribuinte já possuía e que estava quitando parceladamente.
Nesse sentido:
A isenção do Imposto de Renda sobre o ganho de capital nas operações de alienação de imóvel prevista
no art. 39, da Lei nº 11.196/2005 se aplica à hipótese de venda de imóvel residencial com o objetivo de
quitar, total ou parcialmente, débito remanescente de aquisição a prazo ou à prestação de imóvel
residencial já possuído pelo alienante.
STJ. 2ª Turma. REsp 1469478/SC, Rel. Min. Herman Benjamin, Rel. p/ Acórdão Ministro Mauro Campbell
Marques, julgado em 25/10/2016 (Info 594).
A isenção prevista no art. 39, § 2º, da Lei nº 11.196/2005, alcança as hipóteses nas quais o produto da
venda de imóvel por pessoa física seja destinado, total ou parcialmente, à quitação ou amortização de
financiamento de outro imóvel residencial que o alienante já possui.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.668.268-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 13/03/2018 (Info 622).
A restrição imposta pela instrução normativa da Receita Federal torna a aplicação do art. 39 da Lei nº
11.196/2005 quase que impossível. A grande maioria das aquisições imobiliárias das pessoas físicas é feita
mediante contratos de financiamento de longo prazo (até trinta anos). Isso porque o mais comum é que
as pessoas não tenham liquidez para adquirir um imóvel à vista.
Além disso, pessoa física geralmente adquire o "segundo imóvel" ainda "na planta" (em construção), o
que dificulta a alienação anterior do "primeiro imóvel", já que é necessário ter onde morar. A regra então
é que a aquisição do "segundo imóvel" se dê antes da alienação do "primeiro imóvel".
Sendo assim, a finalidade do art. 39 da Lei nº 11.196/2005 é mais bem alcançada quando se permite que
o produto da venda do imóvel residencial anterior seja empregado, dentro do prazo de 180 (cento e
oitenta dias), na aquisição de outro imóvel residencial, compreendendo dentro deste conceito de
aquisição também a quitação do débito remanescente do imóvel já adquirido ou de parcelas do
financiamento em curso firmado anteriormente.
Ademais, se você observar a redação do art. 39, verá que ele exige apenas a aplicação do "produto da
venda na aquisição de imóveis residenciais localizados no País". Não existe uma exigência do momento
em que deve ocorrer esta aquisição. Não há qualquer registro na Lei de que as aquisições de que ela fala
sejam somente aquelas cujos contratos ocorreram depois da venda do primeiro imóvel residencial.
Em outras palavras, a Lei nº 11.196/2005 não faz qualquer exigência cronológica quanto à aquisição do
imóvel residencial nem exclui da isenção a quitação ou amortização de financiamento, desde que seja
respeitado o prazo de 180 dias e seja recolhido o IR sobre o valor não utilizado na aquisição.
Aliás, a lei nem poderia dizer isso, pois, como já descrevemos, destoaria da realidade do mercado
imobiliário para pessoas físicas que se faz com contratos a prazo, financiamentos, e o início da aquisição
do segundo imóvel antes mesmo da realização da venda do primeiro.
Desse modo, conforme já explicado, o art. 2º, § 11, inciso I, da Instrução Normativa SRF nº 599/2005, ao
restringir a fruição do incentivo fiscal com exigência de requisito não previsto em lei, afronta o art. 39, §
2º, da Lei nº 11.196/2005, padecendo, portanto, de ilegalidade.
ICMS
Responsabilidade pelo pagamento da diferença de alíquota
caso tenha havido tredestinação da mercadoria
Atenção! PGE
A empresa vendedora de boa-fé que evidencie a regularidade da operação interestadual
realizada com cláusula FOB (Free on Board) não pode ser objetivamente responsabilizada
pelo pagamento do diferencial de alíquota de ICMS em razão de a mercadoria não ter chegado
ao destino declarado na nota fiscal.
A despeito da regularidade da documentação, o Fisco pode tentar comprovar que a empresa
vendedora intencionalmente participou de eventual fraude para burlar a fiscalização,
concorrendo para a tredestinação da mercadoria (mediante simulação da operação, por
exemplo). Neste caso, sendo feita essa prova, a empresa vendedora poderá ser responsabilizada
pelo pagamento dos tributos que deixaram de ser oportunamente recolhidos.
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.657.359-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 14/03/2018 (Info 622).
Em nosso exemplo, como a venda era para outro Estado, a empresa vendedora foi obrigada a recolher a
alíquota interestadual do ICMS, que era de 7%.
Se a COOPERSUCAR tivesse vendido para dentro do Estado de São Paulo, ela teria que recolher a alíquota
interna de ICMS, que era de 25%.
A empresa vendedora adotou as cautelas de praxe e emitiu a nota fiscal com o destino correto, de forma
que agiu de boa-fé, não podendo ser responsabilizada objetivamente pelo pagamento do diferencial de
alíquota de ICMS em razão de a mercadoria não ter chegado ao destino declarado. Vale ressaltar que a
vendedora não tinha obrigação de fiscalizar o itinerário da carga.
O CTN determina que as convenções particulares não vinculam o Fisco no que tange à responsabilidade
pelo pagamento dos tributos (art. 123 do CTN). Apesar disso, deve-se levar em consideração que o negócio
jurídico foi realizado com a cláusula FOB, de sorte que a responsabilidade do frete ficou a cargo do
Importante esclarecer que, a despeito da regularidade da documentação, o Fisco pode tentar comprovar
que a empresa vendedora intencionalmente participou de eventual fraude para burlar a fiscalização,
concorrendo para a tredestinação da mercadoria (mediante simulação da operação, por exemplo). Neste
caso, sendo feita essa prova, a empresa vendedora poderá ser responsabilizada pelo pagamento dos
tributos que deixaram de ser oportunamente recolhidos.
A responsabilidade por infração (art. 136 do CTN) não alcança o vendedor de boa-fé, pois sua configuração
exige que o Fisco identifique o agente ou responsável pela tredestinação, não sendo possível atribuir
sujeição passiva por mera presunção, competindo à autoridade fiscal, de acordo com os arts. 116 e 142
do CTN, espelhar o princípio da realidade no ato de lançamento, expondo os motivos determinantes que
a levaram à identificação do fato gerador e o respectivo responsável tributário.
As grandes empresas vendedoras, como as indústrias, realizam uma grande quantidade de operações
interestaduais, com inúmeros compradores sediados em diversas unidades da Federação, de modo que
não se mostra razoável atribuir às empresas vendedoras um novo ônus tributário relacionado com a
efetiva entrega das mercadorias nos destinos informados pelos compradores, especialmente quando o
negócio é feito com a cláusula FOB, em que o frete se dá por conta e risco do comprador. Pensar de
maneira diferente, para reconhecer a responsabilidade objetiva das empresas vendedoras de boa-fé,
representa, na prática, impor mais um ônus financeiro a esse empresário, que injustamente passará a ser
garantidor da Administração para cobrir prejuízos na realidade provocados por infrações cometidas por
outras empresas.
EXERCÍCIOS
Julgue os itens a seguir:
1) A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença preexistente, é ilícita. ( )
2) (DPE/MG 2014) Se o segurado fizer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na
aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao
prêmio vencido. ( )
3) Nos contratos de seguro de vida em grupo não há direito à renovação da apólice sem a concordância da
seguradora ou à restituição dos prêmios pagos em contraprestação à cobertura do risco no período
delimitado no contrato. ( )
4) A previsão contratual de convenção de arbitragem enseja o reconhecimento da competência do Juízo
arbitral para decidir com primazia sobre o Poder Judiciário as questões acerca da existência, validade e
eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória. ( )
5) (Juiz TRF3 2015 banca própria) O instituto da “Kompetenz Kompetenz” (em vernáculo “Competência
Competência”) estabelece que todo Juiz, ainda que incompetente, tem competência para analisar sua
própria incompetência. ( )
6) A ação de prestação de contas ajuizada pelo filho em desfavor dos pais é possível quando a causa de
pedir estiver relacionada com suposto abuso do direito ao usufruto legal e à administração dos bens dos
filhos. ( )
7) É cabível o ajuizamento de ação autônoma perante o juízo cível quando se constatar, desde logo, a
necessidade de dilação probatória incompatível com o rito especial do inventário. ( )
8) (DPE/SC 2014) De acordo com as disposições do novo Código de Processo Civil, quanto ao inventário, o
juiz deve remeter às vias ordinárias a análise de questões que demandam qualquer outro meio de prova
que não seja a documental. ( )
9) Na falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão ao companheiro sobrevivente em
concorrência com os parentes colaterais do de cujus. ( )
10) Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor a todos os contratos de plano de saúde, salvo os
administrados por cooperativas. ( )
11) O estrangeiro, desde que residente no Brasil, possui direito à gratuidade da justiça. ( )
12) Segundo entendimento sumulado do STJ, aplica-se o princípio da insignificância a casos de transmissão
clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da
Lei n. 9.472/1997. ( )
13) Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito
tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art.
20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério
da Fazenda. ( )
14) Não se aplica o princípio da insignificância ao furto de bem de inexpressivo valor pecuniário de associação
sem fins lucrativos com o induzimento de filho menor a participar do ato. ( )
15) A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei nº 11.343/2006) configura-se com a prova
da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição de fronteiras. ( )
16) (PGE/TO 2018 FCC) Compete ao juiz estadual do local da apreensão da droga remetida do exterior pela
via postal processar e julgar o crime de tráfico internacional. ( ) E
17) A prática do delito de tráfico de drogas nas proximidades de estabelecimentos de ensino (art. 40, III, da
Lei 11.343/06) enseja a aplicação da majorante, sendo desnecessária a prova de que o ilícito visava atingir
os frequentadores desse local. ( )
18) Não incide a causa de aumento de pena prevista no art. 40, inciso III, da Lei nº 11.343/2006, se a prática
de narcotraficância ocorrer em dia e horário em que não facilite a prática criminosa e a disseminação de
drogas em área de maior aglomeração de pessoas. ( )
19) A isenção prevista no art. 39, § 2º, da Lei nº 11.196/2005, alcança as hipóteses nas quais o produto da
venda de imóvel por pessoa física seja destinado, total ou parcialmente, à quitação ou amortização de
financiamento de outro imóvel residencial que o alienante já possui. ( )
20) A empresa vendedora de boa-fé que evidencie a regularidade da operação interestadual realizada com
cláusula FOB (Free on Board) não pode ser objetivamente responsabilizada pelo pagamento do
diferencial de alíquota de ICMS em razão de a mercadoria não ter chegado ao destino declarado na nota
fiscal. ( )
Gabarito
1. E 2. C 3. C 4. C 5. C 6. C 7. C 8. C 9. E 10. E
11. E 12. E 13. C 14. C 15. C 16. E 17. C 18. C 19. C 20. C