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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA

A POLITÉCNICA

ISA

INSTITUTO SUPERIOR ABERTO

BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS

DIREITO DA INTREGRAÇÃO REGIONAL

Estudante:

Ivone Filipe

Maputo, Novembro de 2021


Índice
INTRODUÇÃO...............................................................................................................................2

BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS.................................................................................................3

Enquadramento Teórico...............................................................................................................3

Barreiras Técnicas...........................................................................................................................3

Estratégia da SADC para remoção das barreiras não tarifarias:......................................................5

Impacto das barreiras não tarifarias sobre a economia....................................................................6

Conclusão........................................................................................................................................8

Bibliogafia.......................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO

Com o presente trabalho pretende-se determinar os vários tipos de barreiras ao comércio


internacional, os seus efeitos sobre a economia mundial e de Moçambique em particular e, em
face disso, debruçarmo-nos sobre as políticas adoptadas por Moçambique no sentido de
substituir as importações. As barreiras ao comércio aparecem como instrumentos de política
económica e são amplamente usadas em quase todos os países do mundo, principalmente
naqueles em que se regista um fraco desenvolvimento económico, que as utilizam para proteger
da concorrência estrangeira as suas indústrias emergentes. Não obstante, países industrializados
como o Japão, a Inglaterra e os Estados Unidos da América também as empregam de forma
muito disfarçada. As barreiras comerciais são muitas vezes aplicadas com pretextos económicos,
quando objectivam arrecadar receitas fiscais e, noutros casos, como instrumento de protecção,
quando incidem principalmente sobre produtos importados que concorrem com sectores da
economia nacional.
BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS

Enquadramento Teórico

Diferentemente das barreiras tarifárias que consistem no emprego de tarifas aduaneiras para
restringir o fluxo internacional de mercadorias com a arrecadação de receitas fiscais que oneram
as mercadorias de importação, as barreiras não tarifárias apesar de no fundo terem efeitos
equivalentes elas apresentam uma figura completamente diferente, mas que concorre para o
mesmo objectivo, o de proteger sectores da economia que concorrem com as importações. Nesta
conformidade, as barreiras não tarifárias (BNTs) são consideradas como sendo restrições à
entrada de mercadorias importadas que possuem como fundamentos requisitos técnicos,
sanitários, ambientais, laboratoriais, restrições quantitativas (quotas de importação), bem como
políticas de valoração aduaneira. Estas têm como objectivo proteger bens jurídicos de domínio
público tutelados pelo Estado, como a segurança nacional, a protecção do meio ambiente e do
consumidor, e ainda, a saúde dos animais e das plantas. No entanto, este tipo de protecção é
muitas vezes considerada como uma forma mascarada de protecção ao comércio em virtude de
não haver fundamentos plausíveis que justifiquem a sua imposição, situação que muitos críticos
denominam como de um neoprotecionismo, ou seja, uma prática discriminatória que reflecte a
criação de restrições disfarçadas ao comércio internacional com o único objectivo de proteger
determinados sectores da economia que concorrem com as importações. As barreiras não
tarifárias podem ser de vários tipos como abaixo se descreve:

Barreiras Técnicas

As barreiras técnicas são restrições ao fluxo de comércio relacionadas com as características dos
produtos a serem importados ou ao seu processo e métodos de produção. Estas restrições
baseiam-se as vezes no conteúdo do produto ou nos testes que indicam a conformidade destes
aos padrões exigidos pelo importador. Um padrão técnico diz respeito à terminologia, símbolos,
embalagens, marcas e etiquetas aplicadas aos produtos ou aos seus processos e métodos de
produção (wikpédia enciclopédia livre). Ainda no âmbito das barreiras técnicas importa
debruçar-se sobre a problemática da origem das mercadorias que Medeiros (1985), considera
como sendo uma matéria importante no quadro do Direito Aduaneiro que é a parte da
jurisprudência aduaneira que vela pelas matérias que regulam a circulação internacional de
mercadorias e a sua tributação no qual destaca dois aspectos importantes: Medeiros (1985),
considera que no campo restrito a origem das mercadorias constitui uma vertente dos princípios
gerais de tributação externa uma vez que é comum a pauta aduaneira ser aplicada pela escolha
dos direitos aduaneiros em função da origem das mercadorias e no âmbito das estatísticas de
comércio externo a origem das mercadorias permite a elaboração de estatísticas ultrapassando a
mera noção de proveniência. Medeiros argumenta também que no campo das políticas
económicas, a origem, na sua perspectiva técnica, tem a grande vantagem de permitir práticas
restritivas no comércio externo (restrições quantitativas, plafonds pautais, proibições de
importação) ou alternativamente poder ser aplicada ou exigida uma política pautal de natureza
preferencial. Contudo a ausência de transparência na matéria de determinação da origem das
mercadorias pode conduzir a um proteccionismo arbitrário e a desvios de tráfego.

As principais maneiras de se praticar o proteccionismo através de barreiras não tarifárias. Entre


elas estão as restrições quantitativas de produtos (quotas), subsídios, licenciamento de
importação, medidas antidumping e compensatórias, safeguards, medidas sanitárias e
fitossanitárias e as barreiras técnicas ao comércio.

 A sua classificação técnica para os tipos de barreiras não é:

 Regras Quantitativas: aquela que impõem quantidade limite de importação de alguns


bens;
 Regulamentos técnicos: de acordo com definição do INMETRO, principal órgão
regulamentador deste tipo de barreira, são barreiras comerciais as “derivadas da
utilização de normas ou regulamentos técnicos não-transparentes ou não-embasados em
normas internacionalmente aceitas ou, ainda, decorrentes da adopção de procedimentos
de avaliação da conformidade não-transparentes e/ou demasiadamente dispendiosos, bem
como de inspecções excessivamente rigorosas.”;
 Regulamento sanitário e fitossanitário: essas barreiras possuem o objectivo de proteger a
vida, a saúde humana, animal e a sanidade vegetal do país, através da aplicação de
normas, procedimentos e controles aplicáveis ao comércio internacional de produtos
agrícolas.
 Padrões privados / Normas Voluntárias: essa forma de barreira se caracteriza pelas
exigências estabelecidas por entidades privadas, referentes à segurança, qualidade ou
sustentabilidade de produtos e seu processo de produção.
 Serviços: elas podem ocorrer de duas formas: (1) com as limitações ou proibições de que
algum serviço estrangeiro seja prestado no país e (2) aplicação de tratamento
discriminatório ao prestador de serviço de origem estrangeira.
 Subsídios: ocorrem quando o governo oferta algum tipo de contribuição financeira (que
podem ser efectivadas de diversas maneiras) a certos sectores específicos da economia,
ou a empresas de determinada região, para impulsionar a conectividade dos beneficiários,
em detrimento de seus concorrentes estrangeiros;
 Propriedade intelectual: as leis de protecção à propriedade intelectual, como as patentes,
marcas, direitos autorais, entre outros, são importantes para que diversos produtos
possam competir em mercados estrangeiros. Previnem contra práticas de concorrência
desleal;
 Compras governamentais: os produtos de origem estrangeira enfrentam algumas barreiras
frente aos nacionais quando o comprador for o governo. Os entes governamentais devem
dar preferência aos produtos nacionais;
 Regras de origem: são as regras de origem os critérios utilizados para determinar a
origem de um produto. Para que um produto seja considerado originário de um país, ele
deve ter passado por transformação industrial relevante, ou agregação de valor, naquele
país.

Estratégia da SADC para remoção das barreiras não tarifarias:

O processo e as modalidades para a eliminação faseada das barreiras tarifárias e não-tarifárias


serão determinados pelo Comité de Ministros de Comércio, responsáveis pela área das trocas
comerciais, tomando em devida consideração os seguintes princípios:

(a) Os acordos de comércio preferencial existentes entre os Estados Membros.

(b) A eliminação das barreiras comerciais será alcançada dentro de um período de oito (8) anos,
a contar da data de entrada em vigor do presente Protocolo.
(c) Os Estados Membros que considerarem a possibilidade de serem ou que tenham sido
afectados negativamente, pela remoção das barreiras tarifárias e não-tarifárias sobre o comércio
poderão, mediante uma solicitação ao CMC, ser concedidos um período de graça de modo a lhes
permitir um tempo adicional para a eliminação das barreiras tarifárias e não-tarifárias. O CMC
elaborará critérios apropriados para a consideração dos referidos pedidos.

(d) No processo da eliminação das barreiras tarifárias e não-tarifárias, poderão ser aplicadas
diferentes linhas tarifárias dentro de um cronograma acordado para diferentes produtos. (e) O
processo e método de eliminação das barreiras sobre o comércio intra SADC e os critérios da
selecção dos produtos para consideração especial, serão negociados dentro do contexto do Fórum
de Negociações sobre Comércio.

Impacto das barreiras não tarifarias sobre a economia

As maiores Barreiras não tarifarias que afectavam negativamente as exportações sumarizavam-


se em três grandes grupos em Moçambique, nomeadamente: processuais, serviços e
macroeconómicos, como se segue:

i)Processo de exportação: tal como referido acima, este processo leva em média 39 dias para
completar uma série de procedimentos para exportar bens. Contudo, as tramitações aduaneiras
cruciais poderiam ser realizadas num só dia, o manuseamento nos portos e terminais leva dois
dias enquanto para o desbloqueamento nos pontos interiores (fronteiras) levam um dia. O sector
que mais sofre com esta morosidade no procedimento é o sector de exportação de frutas,
hortícolas e flores. Este sector estimou que 24 horas seria o tempo ideal para exportar produtos
que caso contrario incorreriam em avultados custos. Infelizmente esta estimativa não está sendo
praticada, criando sérios problemas ao sector.

ii) Falta de informação de mercados: vários exportadores têm-se queixado da falta de


informação ou não informados acerca de procedimentos específicos tais como restrições
comerciais e proibições, padrões e procedimentos sanitários e fitossanitários a serem seguidos.

iii) Custos e Taxas Aduaneiras em Insumos Importados para Exportação: os insumos ou


produtos importados para exportação em princípio deviam beneficiar-se de isenção de taxas. A
prática actual é de que o operador paga adiantado os referidos custos para evitar demoras na
libertação dos produtos e após a reexportação, o operador pede o reembolso.

iv) Instabilidade e disponibilidade de moeda: esta constitui outra preocupação que aflige os
exportadores. Devido a instabilidade de moeda, os exportadores várias vezes perdem dinheiro
durante o processo de exportação.

v) Restrições: Moçambique tem restrições sobre exportação de certos produtos como castanha e
Madeira não processada como forma de proteger a indústria nacional, segundo Boletim da
República Nº 52 - Decreto Nº 29/2002. Na opinião dos exportadores, apesar de a medida ser
justificada, a indústria nacional ainda não tem capacidade de processar internamente todo o
produto produzido no país. Mas até ao momento, a lista de produtos actualmente na lista de
produtos proibidos para exportação continha apenas produtos de arte pertencentes ao património
nacional cultural, moedas e notas, marfim e seus produtos, produtos pirateados e produtos
alimentares deteriorados.

Presentemente, produtos restritos a exportação já incluem minerais, substâncias venenosas e


tóxicas, ouro e prata, manuscritos e marcas arqueológicas ou com valor histórico, animais e
produtos animais. Embora seja justificável estabelecer proibição a exportação destes produtos,
uma legislação adequada não existe, o que constitui uma BNT.
Conclusão

De forma conclusiva, podemos afirmar que seria oportuno a criação de um mercado continental
único de bens e serviços, com livre circulação de pessoas e investimentos como caminho para o
estabelecimento da União Aduaneira Continental livre de disparidades nas politicas e
procedimentos de comercio entre os Estados Membros e com um mínimo de barreiras não-
tarifarias.

A remoção das barreiras não tarifarias e por não as tarifarias também e imprescindível para a
implementação da agenda de desenvolvimento económico, social e cultural e da integração das
economias africanas.

Este processo passa pelo fortalecimento auto confiança económica e minimização de acções
protecionistas que são a principal origem das barreiras não- tarifarias.
Bibliogafia

 https://portogente.com.br/portopedia/112174-barreiras-comerciais-5-coisas-que-voce-
precisa-saber;
 Autoridade Tributária de Moçambique (2010). Relatório sobre a Implementação da Zona
de Comércio Livre da SADC - 2009. Maputo: Ministério das Finanças;
 República de Moçambique. (2006). Estratégia de Moçambique para o processo de
Integração Regional da SADC. Maputo, Moçambique.

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