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CAPÍTULO I – INTRODUÇÀO
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como tema HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS na cadeira de ciȇncias
Politicas e Direito Constitucional, do curso de Direito que é ministrado no regime pos laboral,
oferecidos pela Universidade Pὺngué, em Chimoio.
Colocam-se em relação a esta matéria conteudos que serão desenvolvidos com um pouco mais
de detalhe e propriedade nos capítulos subsequentes,
De tudo exposto, é de referir que irei debruçar em torno dos diferentes pensamentos
sociopolíticos decorridos na Grécia Antiga e em Roma, dando maior destaque a implantação
da democracia ateniense e a formação da Republica nos respectivos territórios, sustentando-
se de pensadores da época, nomeadamente, Platão, Aristóteles, Drácon, Sólon, Clístenes,
entre outros.
OBJECTIVO GERAL
OBJECTIVOS ESPECIFICOS
METODOLOGIA
Atenas foi fundada na Ática, península do mar Egeu, pelo jônios, que ali se estabeleceram de
forma pacífica, ao lado de eólios e aqueus, antigos habitantes da região. No início, o poder
político estava sob o controle dos eupátridas, donos das terras mais produtivas. Na cidade, um
soberano, chamado basileus, comandava a guerra, a justiça e a religião. Uma espécie de
conselho, o Areópago, limitava seu poder. Com o tempo, os basileus perderam a supremacia e
se transformaram em simples membros de um órgão denominado Arcontado. A partir do
século VIII a.C.
Drácon tornou-se legislador em 621 a.C. e foi responsável pela introdução do registro por
escrito das leis em Atenas até então elas eram orais. A cidade passou a ser governada com
base em uma legislação e não mais conforme os costumes. A mudança enfraqueceu o poder
dos eupátridas, mas não resolveu os problemas sociais, e os conflitos continuaram. Em 594
a.C., Sólon deu início a reformas mais profundas. Perdou as dívidas e as hipotecas que
pesavam sobre os pequenos agricultores, e aboliu a escravidão por motivo de dívida. Criou a
Bulé, um conselho formado a princípio de quatrocentos membros, responsável pelas funções
administrativas e pela preparação das leis. Tais leis tinham de ser submetidas à apreciação da
Eclésia, ou Assembleia, formada por indivíduos livres do sexo masculino. Além de votar as
propostas de leis, a Eclésia deliberava sobre assuntos de interesse geral.
Alguns antigos atenienses acreditavam que as reformas de Sólon no começo do século VI a.C.
marcaram o início da democracia na Grécia. No entanto, o termo democracia (dimokratia)
parece ter surgido apenas uma geração após as reformas de Clístenes, convencionalmente
chamado o "pai da democracia" e principal defensor. Clístenes ampliou consideravelmente o
poder da eclésia, e permitiu a existência do que os homens da época chamaram de isonomia,
ou seja, igualdade sob a lei, isegoria, os direitos iguais para falar e isocracia, acesso igualitário
aos cargos políticos e participação directa. Em 507 a.C., Clístenes assumiu o comando de
Atenas e realizou um vasto programa de reformas, no qual se estendeu os direitos de
participação política a todos os homens livres nascidos em Atenas: os cidadãos. Desse modo,
consolidava-se a democracia ateniense.
A participação política, contudo, era restrita a 10% dos habitantes da cidade. Ficavam
excluídos da vida pública, entre outros, estrangeiros residentes em Atenas (os chamados
metecos), escravos e mulheres, ou seja, a maior parte da população. Que na época era de 400
000, dividida em 40 000 "cidadãos", 100 000 de metecos (ou estrangeiros), 200 000 de
escravos e 60 000 de mulheres e crianças. Apesar desses limites, a democracia ateniense foi a
forma de governo que, no mundo antigo, mais direitos políticos estendeu ao indivíduo. Com as
reformas de Clístenes, as funções administrativas ficaram a cargo da Bulé, ou Conselho dos
500. Seus integrantes eram sorteados entre os cidadãos. Clístenes fortaleceu ainda a Eclésia,
que passou a se reunir uma vez por mês para discutir e votar leis, além de outros temas de
interesse geral dos cidadãos. Os assuntos militares ficaram sob a responsabilidade dos
estrategos.
O escravo criado por Atenas, e que é base do modo de produção escravista, é de outro tipo: é
o chamado escravo -mercadoria, vendido e comprado num mercado internacional de escravos
e que, desvinculado totalmente de sua terra de origem, de sua família e comunidade, tornava-
se apenas, para usar a expressão célebre de Aristóteles, coisa viva, ou seja, um mero
instrumento de trabalho, uma mera ferramenta de produção. De acordo com (BENOIT, 1996,
p. 20)
A cidadania era muito mais imediata e tangível para um ateniense do que para o cidadão de
uma nação moderna. O ateniense vivia numa cidade cujo corpo de cidadãos nunca passou de
50 mil (aproximadamente a oitava parte da população total, por volta do ano 400 a.C.). Todo
ano havia para o cidadão ateniense a expectativa de servir no exército ou na frota, poderia
reunir-se com outros milhares na Eclésia ou ser colocado na lista anual de 6 mil pessoas entre
as quais, segundo as necessidades, eram sorteados os jurados para os tribunais populares. No
mundo grego antigo, porém, isso significava que Atenas tinha uma população de cidadãos bem
maior do que a de qualquer outro das centenas de Estados gregos espalhados desde a Espanha
até o sul da Rússia de hoje. Além disso, Atenas era uma cidade extraordinariamente
cosmopolitana. Um ateniense podia observar milhares de imigrantes temporários ou
permanentes de outras cidades novos deuses. Conforme relata Platão, col. Os Pensadores, p.
108-109).
SOCIEDADE DE ATENAS
O prestígio de Atenas, no século V a.C., não derivava apenas do poderio que atingira no mundo
helénico. A sua forma de organização social e política, a democracia, tornou-se um modelo
imitado por muitas outras cidades. Constituíam-se como grupos sociais os cidadãos, metecos,
escravos e mulheres. Cidadãos a este grupo pertenciam os homens residentes em atenas e
filhos de pais atenienses, com maior de 20 anos (ou mais) e com serviço militar cumprido.
(estrangeiros) - sem privilégios políticos. Podiam, entretanto, exercer actividades sociais e
intelectuais, eram obrigados a pagar impostos e prestar serviços militares.
Para Platão, o conhecimento (que para ele era fruto da reflexão do homem), dependia, para
ser atingido, da argumentação e da discussão que eram forma de se validar cada passo da
reflexão. Platão acreditava que a obtenção de conhecimento e a sua transmissão não eram
tarefas de e para todos os homens, mas apenas daqueles que, por natureza (por sua alma),
tinham as condições para tanto. Estes, por meio de conhecimento, transformavam-se em
homens melhores e preparavam-se para o governo da cidade.
Para Platão os homens são criados desiguais; não meramente no sentido superficial da
desigualdade no físico, na riqueza ou posição social, mas desiguais na alma, moralmente
desiguais. Alguns homens são potencialmente capazes de uma conduta completamente
racional e, por conseguinte, de juízo moral correcto; a maior parte não o é. Por conseguinte, a
governação deveria ser entregue à minoria moralmente superior idealmente, nas mãos dos
filósofos autênticos.
Platão estabelecia três actividades fundamentais para a cidade: a produção, garantida pelos
artesãos; a defesa, garantida pelos soldados; e a administração interna pelos guardiães,
defendia que era preciso descobrir, em cada indivíduo, sua predisposição dominante para que
se lhe pudesse atribuir sua função, seu papel na polis e, assim, garantir sua felicidade, o bem-
estar e a justiça da polis.
Para Platão a polis perfeita era aquela que visava o bem de todos e não de grupos, isso seria
possível se os seus governantes conhecessem o Bem e se cada cidadão realizasse a função
para a qual era, por natureza, mais apto e para qual tivesse sido educado. Assim, cada homem
deveria trabalhar para o benefício da cidade, segundo suas aptidões e, desse modo, a cidade
se manteria íntegra e justa, atendendo a todos. A Democracia que ressaltava a importância do
homem, como indivíduo que era capaz de governar a si e aos demais, como cidadão capaz de
construir a sociedade por meio do encaminhamento de propostas e de soluções aos
problemas enfrentados, sem dúvida alguma, marcaram o pensamento de Platão.
ARISTÓTELES: A POLÍTICA E A ÉTICA
A CRISE REPUBLICANA
Os irmãos Graco
Triunvirato
O primeiro Triunvirato foi composto por César, Pompeu e Crasso. Com a morte de Crasso,
César e Pompeu travam uma disputa pelo poder, resultando na vitória de Júlio César e no
início de seu poder pessoal, que dura até o ano de 44 a.C., ano de seu assassinato. O segundo
Triunvirato era formado por Caio Octávio (sobrinho de Júlio César), Marco António e Lépido.
Aqui também haverá uma intensa disputa pelo poder pessoal. No ano de 31 a.C., com a vitória
de Caio Octávio sobre Marco António tem início o poder pessoal de Octávio, que se tornará o
primeiro imperador romano.
Assim, era fundamental que se garantisse a cada um os seus direitos e que cada membro da
comunidade garantisse o que é seu, e no caso de desavenças sobre propriedades, as
reparações deveriam ser definidas rapidamente. Foram estas noções que iniciaram o próprio
princípio da justiça na Antiguidade Romana. A não reparação de uma injustiça ou a não
punição de um crime abalavam toda a sociedade e se transformavam em verdadeiros
sacrilégios. Por isso, todos os julgamentos deveriam ser feitos em recintos abertos, para a
admiração de todos, e na presença da estátua de uma divindade, que, de certa forma, presidia
e verificava o julgamento realizado pelos homens segundo (Grimal, 1988:91-95).
O IMPÉRIO
Caio Octávio será o primeiro imperador de Roma e receberá uma série de títulos, tais como:
Augusto (honra dada somente aos deuses), Tribuno da Plebe vitalício e Príncipe (o primeiro
cidadão do Senado). O seu governo vai do ano 31 a.C. até o ano 14 d.C.
Realizou reformas que contribuíram para a sua popularidade: ampliou a distribuição gratuita
de trigo para a plebe e de espaços para a diversão pública (a famosa Política do Pão e Circo),
efectuou uma distribuição de terras aos soldados veteranos e foi um protector dos artistas
romanos. Seu período é conhecido como a PAX ROMANA, dado ao fortalecimento do exército,
a amenização das tensões sociais - graças à política do pão e circo - e a pacificação das
províncias do império. O período imperial romano é dividido em dois momentos: o Alto
Império, marcado pelo apogeu de Roma e Baixo-império, que representa a decadência e
queda de Roma.
ALTO IMPÉRIO
A partir do ano de 235, inicia-se um período de crises em virtude do enorme custo para a
manutenção do exército. Os gatos militares minavam as finanças do Estado, que era obrigado
a aumentar os impostos. Esta política provoca tumultos e revoltas nas províncias. A crise
militar acarreta o fim do expansionismo romano, contribuindo - a médio prazo e de forma
contínua - para diminuir a entrada de mão-de-obra escrava em Roma. A chamada crise do
escravismo está na raiz da queda de Roma.
Toda a riqueza do Império Romano advinha do uso da mão-de--obra escrava, conseguida pela
expansão territorial.
À partir do século III, como forma de conter os excessivos gastos militares, Roma cessou suas
conquistas territoriais, acarretando uma diminuição no número de escravos e,
consequentemente, uma expressiva queda na produção agrícola. Como resultado desta crise
económica o Estado romano passa a aumentar, de forma sistemática, os impostos. O aumento
dos impostos reflecte em um aumento no preço das mercadorias, gerando um processo
inflacionário. Diante desta situação, a política de pão e circo deixa de existir -pois o Estado não
pode mais arcar com a distribuição gratuita de alimentos -contribuindo para aumentar as
tensões sociais. Como se não bastasse tudo isto, as fronteiras do Império Romano começam a
ser invadidas pelos chamados povos bárbaros, trazendo um clima de insegurança e pânico a
todos.
ÊXODO URBANO: marcada pela saída da população urbana para o campo, fugindo da crise
económica e dos bárbaros. No campo, esta população tinha uma oportunidade de trabalho
pois, em virtude da diminuição do número de escravos, os grandes proprietários passam a
necessitar de força de trabalho.
O COLONATO: como solução para a falta de força de trabalho e de uma forte onda
inflacionária, desenvolve-se no campo o regime de colonato, onde o grande proprietário
arrenda lotes de terras para os camponeses que, em troca, trabalhavam e produziam para o
grande proprietário. O colono passa a ser um homem preso à terra. A economia passa a ser
auto-suficiente.
INFLAÇÃO: com a queda da produção agrícola, o Estado tem sua arrecadação de impostos
diminuída e, em contrapartida, um aumento das despesas -como a manutenção do exército
para a defesa das fronteiras dos ataques bárbaros. Na falta de dinheiro, o Estado passa a
exercer uma política emissionista (emissão de moeda) provocando uma desvalorização do
dinheiro. Sem dinheiro, o Estado inicia a sua falência.
CRISE MILITAR: sem recursos para manter o exército, o Estado romano passa a recrutar
bárbaros para defender as suas fronteiras, que em troca do serviço prestado recebiam terras.
No campo, a ausência militar e a necessidade de garantir a propriedade, leva o grande
proprietário a contratar mercenários para a defesa da terra, criando um exército pessoal.
O CRISTIANISMO: um outro elemento que contribuiu para a crise de Roma foi a difusão da
religião cristã. O
IDADE MEDIA
Os principais pensadores políticos da Idade Média foram Santo Agostinho e São Tomás de
Aquino.
Santo Agostinho (354-430) tem influência platónica em seu pensamento. Em seu livro "A
cidade de Deus" defende a existência de duas cidades: a de Deus (ou celeste) e a dos homens
(ou terrena). O Estado deve estar sempre subordinado à Igreja, pois seus objectivos, uma vez
que são temporários, são menores em relação aos da Igreja que proporciona a paz eterna às
almas humanas. Santo Agostinho afirmou que o estado devia ter por finalidade o culto de Deus
e velar pelos costumes de acordo com a moral cristã. Defendeu também uma divisão de
poderes: o poder espiritual que ficaria a cargo da Igreja e o poder temporal que pertenceria ao
estado. Estas ideias irão ser largamente aplicadas ao longo da Idade Média.
PENSAMENTO POLITICO DE SÃO TOMÁS AQUINO
O Estado, para Tomás de Aquino, é concebido como instituição natural, cuja finalidade
consistiria em promover e assegurar o bem comum. A Igreja, por outro lado, seria uma
instituição dotada fundamentalmente de fins sobrenaturais. Assim o Estado não mais
precisaria subordinar-se à Igreja São Tomás Aquino, retoma e desenvolve um conceito greco-
romano, o do Bem Comum. Defende que este princípio ético-político, deveria orientar não
apenas o Estado, mas também a cidade e ser assumido pelos indivíduos no seu dia-a-dia. O
objectivo é unir num só princípio teórico política, religião e ética. No século XIII, santo Tomás
de Aquino, o grande pensador político do cristianismo medieval, definiu em linhas gerais a
teocracia. Retomou os conceitos de Aristóteles e os adaptou às condições da sociedade cristã.
Afirmou que a acção política é ética e a lei um mecanismo regulador que promove a felicidade.
Como Aristóteles, considerou ideal um regime político misto com as virtudes das três formas
de governo, monarquia, aristocracia e democracia. Na senda teológica, justifica a escravidão,
que considera natural. Em relação ao senhor, o escravo "é instrumento, pois entre o senhor e
o escravo há um direito especial de dominação".
Com a queda do poder feudal, verifica-se um fortalecimento do poder dos Reis, que se
desenvolveu paralelamente ao crescimento das actividades comerciais e ao surgimento das
cidades. A centralização e o aumento do poder real (executivo, legislativo e
judiciário),submissão da nobreza feudal que se torna nobreza cortesã e a aliança entre o rei e a
burguesia, levaram a emergência das monarquias nacionais.
O primeiro estado nacional a surgir foi Portugal, por volta do século XII. Os reis portugueses
conseguiram expulsar os muçulmanos e com o apoio da burguesia consolidaram o seu poder.
Em seguida vieram a Espanha, Inglaterra e França. A Espanha, união entre Fernando de Aragão
e Isabel de Castela, aliada ao fim da Guerra da reconquista garante a formação do Estado da
Espanha. A Inglaterra, o estado se consolida após a guerra das duas Rosas, dando origem, com
aliança entre a família York e a família lancaster, dando origem à dinastia Tudo. A França, a
Guerra dos Cem anos ajuda a fortalecer o poder real, consolidando a formação do Estado
Nacional.
A Idade Média na Europa foi um período compreendido entre os séculos V e XV, que se
estendeu por mil anos na história. Tal época se divide da seguinte forma: Alta Idade Média e
Baixa Idade Média; a primeira com início marcado pelas invasões germânicas (bárbaras), e a
segunda finalizada pela retomada comercial e pelo renascimento urbano. Relatos históricos e
renascentistas definiam o mundo medieval.
A Idade Média ocorreu aproximadamente entre os séculos V e XV. Sobre esse período pode-se
afirmar que
o seu início foi precipitado pela queda do Império Romano do Oriente com as invasões
bárbaras.
nele, a sociedade feudal pode ser caracterizada como de classes distintas: oradores, belatores
e laboratores, com a supremacia da primeira sobre as demais.
nele, Carlos Magno invadiu o Império Romano, causando sua queda. E - nele, a economia era
baseada no comércio e exploração das especiarias vindas do Oriente.
A Europa de fins da Idade Média e início da Idade Moderna testemunhou, a formação dos
chamados Estados Modernos, também conhecidos como Nacionais ou Absolutistas. Grandes
proprietários rurais conhecidos como senhores feudais ou nobres firmaram um pacto que
possibilitou a formação de tais Estados que seriam governados por um monarca de poderes
absolutos (daí essa forma de governo ficar conhecida como absolutismo). A necessidade do
surgimento dessa figura de governante com muitos poderes veio em virtude de uma série de
revoltas camponesas que ocorriam na época. Mas, apesar de seu poder ser absoluto, o rei não
podia ferir os interesses da nobreza feudal e devia também buscar satisfazer uma burguesia
nascente, que era pagadora de impostos. O rei precisava negociar a sua autoridade e observar
os governos da época dentro de uma visão exclusivamente autoritária leva a uma análise
altamente reducionista. Um rei com poderes absolutos deveria saber exercer a sua autoridade
e negociá-la no momento certo, principalmente depois da expansão marítima e da obtenção
de domínios ultramarinos, onde a presença do rei era muito distante. Assim, verifica-se o
reflorescimento do pensamento da Antiguidade, com seus valores e princípios, a construção e
o desenvolvimento do conceito de indivíduo e o destaque à faculdade humana da
racionalidade que fundamenta o pensamento político moderno, s que subsistem até os dias
actuais.
contexto histórico em que surgiu o movimento renascentista, veremos que o mundo medieval
era repleto de um sentimento de insegurança, provocado pelas infindáveis guerras e conflitos
que ocorriam na Europa. A fome, as epidemias e as guerras (muitas permanentes durante a
Idade Média) levaram o homem medieval a buscar na religiosidade formas de escapar do
mundo. A partir de então surgiram diversas utopias (na religião, na literatura), que idealizavam
a sociedade pretendida pela população, conduzida por leis diferentes da dura realidade
cotidiana. Essas utopias conduziam o tempo presente a partir de uma reflexão e análise
pautada no pessimismo, enquanto o tempo futuro era repleto de esperanças. A visão utópica
do mundo continuou sendo uma prática dos homens contemporâneos até os renascentistas
modernos. Segundo o historiador francês Fernand Braudel , as sociedades são permeadas por
mentalidades, que são perpassadas pelo tempo da longa duração, em que tudo se move mais
lento. O indivíduo e a sociedade não modificam seus valores morais, éticos e culturais de um
ano para outro, ou de um dia para o outro. Para a sociedade modificar sua mentalidade são
necessários séculos (tempo da longa duração). Portanto, dentro dessa perspectiva da longa
duração de Braudel, podemos compreender por que o homem renascentista continuou
produzindo utopias.
O humanista Thomas Morus, com o seu livro Utopia, é um exemplo concreto da demora na
mudança das mentalidades. O escritor produziu um ensaio famoso em que construiu um
mundo fantástico, onde as injustiças sociais não ocorreriam com ninguém. Morus descreveu a
vida numa ilha, na qual tudo era dividido igualitariamente entre a população, um local sem
opressão e onde todos viveriam confortavelmente. Dessa maneira, a sociedade renascentista
criou espaços imaginários terrestres em que a vida seria vivida sem opressões, somente com
diversão, música e abundância de alimentos. Outra utopia produzida no período do
Renascimento foi a criação da fonte da juventude, no século XVI. Segundo essa utopia, os
velhos e doentes eram conduzidos até a citada fonte, e, após um rápido mergulho, as pessoas
saíam da fonte jovens e alegres. Enquanto a elite intelectual produzia suas utopias, as camadas
populares também o fizeram.
Nicolau Maquiavel viveu num período de transição (1469-1527) que é marcado pelo
enfraquecimento do poder feudal, haja vista o declínio da legalidade que sustentava toda a
estrutura da Idade Média, e, por outro lado, pelo aparecimento de um discurso político que irá
servir de base, ainda que insípida, para a Idade Moderna. Crises frequentes em repúblicas e
principados marcaram a fundo a história da Itália e servem de modelo para Maquiavel
desenvolver seus discursos.
Suas obras mais importantes são: O Príncipe e Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio.
A transição que define esse período da história também deixa suas marcas no espírito de
Maquiavel. Assim como pressupõe, em seus discursos a necessidade de trilhar um caminho
novo, ainda não proposto por nenhum outro pensador, Maquiavel tem a consciência de que
encontrar sistemas e métodos apresenta-se tão perigoso quanto a descoberta de novas terras.
Os discursos de Maquiavel traduzem esse momento e ganham o carácter de serem
preliminares ao pensamento político e estatal que se concretizará no século seguinte, além de
trazerem a caracterização que expõe a passagem da concepção medieval à concepção
moderna. As suas obras nascem de sua prática política e de sua relação com a família Médici.
Sua teoria do Estado, concebida a partir de uma meditação forçada no exílio, trouxe um
avanço na medida em que rompe com os limites da pura especulação filosófica, de tradição
secular. A investigação empírica proposta por Maquiavel será sustentada por duas
abordagens: de um lado a histórica e de outro a explicação do comportamento humano. Na
primeira, apresenta o fenómeno histórico como constituído por ciclos, que se repetem, a partir
de revoluções. Conhecer e entender os movimentos da história significa poder fazer uma mais
precisa leitura dos factos presentes. A observação do passado pode trazer o modelo de como
agir no presente. Na falta desse modelo, a acção política poderá se basear nas semelhanças
das circunstâncias históricas, passadas e presentes. Na análise sobre o comportamento
humano, conclui que todos
os homens, em todas as cidades e povos, são egoístas e ambiciosos e que somente são
obstados quando coagidos pela força da lei. As duas abordagens funcionam de forma a trazer
estabilidade a um pensamento que está alicerçado no método empírico-comparativo.
Sustentam não só as questões teóricas, mas também um conjunto de técnicas sobre como
governar. Contudo, não fornecem um manual pronto e acabado para a acção política, apesar
de destacar a repetição da história e a invariabilidade do comportamento humano, sugerem
uma profunda investigação das circunstâncias sobre as quais se quer agir (arte de bem
governar).
IDADE MODERNA
Modernamente, têm-se procurado romper com a crítica ao carácter ideológico das obras de
Maquiavel, como também se procura estabelecer um corte dotado de isenção sobre o ponto
de vista moral. Assim, torna-se inegável a sua imensa contribuição ao propor a sistematização
das questões políticas de seu tempo, pois enxerga a realidade com os olhos de um pensador
do Renascimento. No seu pensamento estão presentes as linhas que contornaram a visão
moderna de homem segundo uma concepção de indivíduo e a base para o entendimento do
que sejam as instituições do Estado, no momento histórico em que viveu.
Dante Alighieri (1265-1321) nasceu em Florença no seio de uma família de origem nobre. Com
grande actividade política no partido favorável ao imperador (guelfos brancos), chegou a ser,
nos últimos anos do século XIII, membro do conselho e priore de Florença. Foto: Dante
Alighieri Fonte: Grabriel Paizan in:http://.historiaehistoria.com.br Recebeu sua educação de
ordens religiosas (dominicanos e franciscanos), uma formação genuinamente escolástica, não
representando um clérigo ou tampouco um laico iletrado, mas antes um intelectual e um
escritor que conheceu e utilizou as argumentações filosóficas, canonistas, legistas e teológicas
sabendo vinculá-las entre si de modo independente e efectivo. Foi perseguido pela sua
actuação política e condenado à fogueira por baratteria, concussione e opposizione illegale al
pontefice, se refugiou em diversas cidades italianas, como Verona, Pádua, Treviso, Veneza e
Ravena, sempre sob a protecção de nobres ligados ao imperador. Morreu em 1321, sendo
enterrado em Ravena, onde actualmente encontram-se seus restos mortais. Os constantes
conflitos entre a esfera temporal e espiritual de poder, principalmente entre seus respectivos
representantes na Baixa Idade Média, Filipe IV e Bonifácio VIII, e a fracassada empreitada de
Henrique VII pela Itália, em conjunto às colisões entre as facções políticas guelfas e guibelinas,
forneceram a base empírica para o nascimento de pensadores originais em suas propostas
para a resolução desse complexo contexto. O Sacro
Império Romano Germânico passava por uma crise interna desde Frederico II, que não seria
resolvida até a Bula de Ouro (1356), acarretando uma ausência de autoridades, não só
imperiais, como eclesiásticas, tendo em vista, por exemplo, o exílio de Avinhão em 1307.
Dante Alighieri foi um dos que percebeu essas questões com maior agonia, seu desejo de
unidade e de resgate da figura régia fez com que produzisse em 1312-3 o tratado De
Monarchia, dividido em três problemas: Se o cargo de imperador universal é necessário para
o bem-estar e a boa ordem do mundo; Se o povo romano exerceu o Império legitimamente;
Se a auctoritas do domínio universal romano depende imediatamente de Deus ou do Papa.
Principalmente a partir do terceiro livro, Dante inicia o empenho em comprovar que o
Imperador derivava seu poder directamente de Deus e não por intermédio do Papa. Dante
Alighieri escreveu as obras Convívio (1304) e Monarchia(1312-3) partindo de objectos
aparentemente diferentes: respectivamente, discutir sobre
conhecimento, a qual não é isenta de dificuldades, tendo em vista a natureza humana ser
constituída também de uma parte sensível, barreira superada mediante o uso da razão. A vida
contemplativa não seria somente a bem-aventurança última e perfeita a ser obtida na outra
vida, como também a bem-aventurança menor e imperfeita que se pode alcançar nesta, uma
adequação/deformação do ideal platónico-aristotélico que exaltou a contemplação acima da
prática e a considerou a única digna do filósofo e do homem. A defesa da razão surge como o
principal pressuposto epistemológico de seu pensamento, como no início do Convívio
Jean Bodin nasceu na França por volta de 1530, em uma família burguesa, de prósperos
artesãos de origem judia e faleceu em 1596. Jurista, teórico do absolutismo
Em teoria política destaca-se por ser um autor que enaltece o absolutismo, o poder absoluto, e
o amplo exercício da soberania. A primeira exposição sistemática da soberania é normalmente
atribuída ao jurista francês Jean Bodin. Ele irá defender o fortalecimento do Estado, facto
justificado pelo seu contexto, que era de grande instabilidade política. Mas essa centralização
e fortalecimento do poder deverão passar pelas vias objectivas do direito, e não na virtude
política (virtú) de um deposta eficaz ou na entrega, pelos indivíduos, dos seus direitos
subjectivos a um Deus otal Estado.
O monárquico é o Estado mais considerado para a República, pois uma análise histórica revela
a predilecção dos povos antigos por essa forma de governo; Ela vem das leis de Deus.
Grandes personalidades históricas afirmam que a monarquia é o melhor governo e mesmo na
lei de Deus é dito; A principal marca da república, que é o direito da soberania, se justifica em
um só soberano. Se forem mais de um soberano, ninguém é soberano.
Há algo que a soberania antepõe: são as leis naturais e as leis divinas. O detentor da soberania
está submetido à lei divina, segundo Bodin, porque é, antes de nada, um súbdito de Deus. O
soberano não pode transgredi-la em hipótese nenhuma. As leis divinas e naturais são,
portanto, um parâmetro para definir a diferença entre o monárquico e o tirânico. Mas a
acusação de crueldade, de impiedade e de injustiça no exercício da soberania não pode, em
hipótese alguma, justificar a resistência, mesmo que o soberano ordene coisas que são
consideradas contrárias às leis de Deus e da natureza. Não há autoridade que possa julgar o
soberano, pois isso seria uma afronta a soberania.
Bodin não dá ao povo o direito a resistência, sua escolha é pela manutenção do poder
soberano, causa e sentido da ordem social, que é melhor do que outro tipo de governo ou
mesmo a descentralização do poder. A anarquia, a desordem, o caos e o desgoverno são males
que Bodin quer afastar da sociedade. Por isso a ideia de soberania: indivisível, incontrastável e
absoluta. A ideia de poder absoluto de Bodin está ligada à sua crença na necessidade de
concentrar o poder totalmente nas mãos do governante; o poder soberano só existe quando o
povo se despoja do seu poder soberano e o transfere inteiramente ao governante. Para esse
autor, o poder conferido ao soberano é o reflexo do poder divino, e, assim, os súbditos devem
obediência ao seu soberano. A grande contribuição da obra de Bodin, para a formação do
Estado Moderno, é a afirmação da soberania como um poder absoluto e perpétuo. A
soberania é una e indivisível, porque num
mesmo Estado não se admite a convivência de duas soberanias, já que se configura como
poder superior a todos os demais existentes na sociedade política. Para o Direito, na ordem
interna, a soberania representa o poder dentro dos limites do território. Na ordem externa , é
sinónimo de independência, pois os Estados são unidades políticas igualmente soberanas e
independentes. Em razão disso, o conceito de soberania exposto por Bodin encontra
dificuldades de ser aplicado no plano internacional.
Dante Alighieri (1265-1321) produziu entre 1312-3 o tratado De Monarchia, para comprovar
que o Imperador derivava seu poder directamente de Deus e não por intermédio do Papa.
Neste tratado busca por uma unidade na universalidade, ou seja, o ideal de uma sociedade do
género humano. Assim, o principal postulado é a afirmação de que o poder temporal teria sua
origem directamente de Deus, fundamentando a defesa de um único sistema capaz de
estabelecer e garantir regras para o novo modo de conceber as relações políticas e sociais.
Esse aparato seria a Monarquia Universal, capaz de prover a felicidade necessária para a boa
condução da comunidade humana. O caminho da argumentação é duplo: defender a origem
divina e directa do poder temporal, representado pelo Sacro Império Romano Germânico e,
consequentemente redefinir o papel do poder espiritual da Igreja sobre a política mundana.
Dessa forma, afirma que não existe hierarquia entre os dois poderes, propondo a distinção
entre eles, antes que uma separação.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICA