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CURSO DE

DIREITO DE FAMÍLIA
CURSO DE
DIREITO DE FAMÍLIA

MÓDULO II

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MÓDULO II

Apresentação

Diversas situações do dia a dia, como o casamento, a separação, o divórcio,


o falecimento, a partilha de bens, o direito e o dever de prestar alimentos, envolvem
as relações de parentesco. Por isso, é essencial conhecer as regras sobre o
parentesco para entender melhor como são estabelecidos juridicamente os vínculos
entre as pessoas.
Neste módulo vamos estudar:

Conceito de parentesco;
Os tipos de parentesco e a previsão lega;
As regras que definem o tipo, a linha e
o grau de parentesco;
Curiosidades sobre o parentesco;
Conceito de adoção;
Quem pode adotar;
Procedimento para adoção;
Parentesco socioafetivo;
A filiação;
Presunção de paternidade;
Reconhecimento dos filhos;
Contestação da paternidade;
Contestação da maternidade;
Posse do estado de filho.

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6 O QUE É PARENTESCO?

Para o Direito, o parentesco é o vínculo que une duas ou mais pessoas da


mesma família, gerando consequências jurídicas, como os direitos de filiação, de
sucessão, de alimentos. A origem etimológica da palavra parentesco nos remete ao
verbo pario-ere, que significa dar à luz, gerar. Mas, assim como diversos conceitos
do Direito de Família, o conceito de parentesco foi sendo reformulado de acordo
com as necessidades e mudanças sociais, motivo pelo qual hoje, juridicamente, o
parentesco é o vínculo que une as pessoas por consanguinidade, por disposição
legal (adoção), pelo casamento e união estável, bem como pela socioafetividade.

6.1 OS TIPOS DE PARENTESCO E A PREVISÃO LEGAL

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O parentesco pode ser consanguíneo, civil ou por afinidade, conforme
estudaremos a seguir. As regras sobre o parentesco estão concentradas no Livro IV
do Código Civil, a partir do artigo 1591. Todavia, outros ramos do Direito também se
utilizam do conceito de parentesco para suas definições. O Direito Processual Civil,
tal como o Direito Processual Penal, utiliza-se do conceito de parentesco para tratar
sobre o segredo de justiça, sobre os impedimentos e algumas medidas provisionais.
Da mesma forma, o Código Penal utiliza-se deste conceito na tipificação de
determinados crimes, como o crime de infanticídio. O conceito de parentesco ainda
é utilizado pelas legislações previdenciárias e tributárias. A Constituição Federal, por
sua vez, utiliza-se do conceito para tratar da entidade familiar, da paternidade
responsável, deveres entre pais e filhos, bem como de critérios de inelegibilidade.
Por isso a importância de se apropriar desse conceito. Então, mãos à obra!

6.2 TRÊS REGRAS SOBRE O PARENTESCO

Há três regras que você precisa saber para entender os tipos de


parentescos existentes na lei brasileira e a forma como os graus de parentescos são
contados. Vale lembrar que o grau de parentesco indica a proximidade do
parentesco. Quanto menor o grau, mais próximo é o parente e, portanto, tem
preferência em alguns direitos em relação aos mais distantes, como no caso dos
direitos de sucessão.

Primeira regra: tipos de parentesco.

Para a lei, o parentesco pode ser:

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Consanguíneo: é o parentesco natural, genético. É o caso dos pais com
os filhos; avós e netos.

Civil: é o que decorre de outra origem, que não a consanguínea. É o caso


da adoção; da inseminação artificial heteróloga, ou seja, aquela realizada com
material genético de terceiros (geralmente ocorre em bancos de sêmen); e do
parentesco socioafetivo, que é o decorrente do comportamento.

Por afinidade: é o vínculo existente entre as pessoas que se casam ou


estabelecem união estável e os ascendentes, descendentes e irmãos do outro
cônjuge ou companheiro.

Segunda Regra: linhas de parentesco

Além disso, o parentesco pode ocorrer em linha reta ou colateral. São


parentes em linha reta: as pessoas que têm relação de ascendência ou
descendência. Já os parentes na linha colateral são as pessoas que possuem um
parente em comum, mas não têm relação de ascendência ou descendência. É o
caso do tio e do sobrinho e dos primos, por exemplo.

Terceira Regra: graus de parentesco

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Os graus de parentesco são contados da seguinte forma:

Na linha reta: pelo número de gerações. Assim, na contagem ascendente,


ou seja, do mais novo para o mais velho, o filho é parente em primeiro grau do pai e
em segundo grau do avô. Na linha descendente, ou seja, do mais velho para o mais
novo, o avô é parente em primeiro grau do filho e em segundo grau do neto.

6.3 PARENTES EM LINHA RETA

Avós

Pais

Filhos

O filho é parente consanguíneo, em linha reta, em primeiro grau, dos pais.


Mas é parente consanguíneo, em linha reta, em segundo grau, dos avós. Da mesma
forma, os pais são parentes consanguíneos, em linha reta descendente, em primeiro
grau, de seus filhos e são também parentes consanguíneos, em linha reta
ascendente, em primeiro grau, de seus pais.

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Na linha colateral: a contagem também é feita pelo número de gerações,
mas, neste caso, deve-se subir de um dos parentes até o ascendente comum e
descer até encontrar o outro parente. Para o caso de um pai que teve dois filhos, o
parentesco entre os irmãos se conta da seguinte forma:

6.4 PARENTES NA LINHA COLATERAL

Pai

Filho 1 Filho 2

O ascendente comum entre os irmãos é o pai. Ele é o parâmetro para a


contagem. Do filho 1 até o pai, primeiro grau; do pai até o filho dois, segundo grau.
Portanto, os irmãos são parentes consanguíneos na linha colateral em segundo
grau. No caso de o filho 1 ter um outro filho. O filho do irmão é o sobrinho. Qual o
parentesco do sobrinho com o tio (filho 2)?
O ascendente comum entre o sobrinho e o tio é o avô. Então: dele até o pai,
primeiro grau; dele até o avô, segundo grau; deste até o tio, terceiro grau. Portanto,
são parentes consanguíneos na linha colateral em terceiro grau.

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Se este tio tiver um filho, o seu sobrinho será primo de seu filho. E qual será
o parentesco entre eles? O ascendente comum aos primos continua sendo o avô.
Então, dele até o pai, primeiro grau; dele até o avô, segundo grau; dele até o tio,
terceiro grau; e dele até o primo, quarto grau. Portanto, são parentes consanguíneos
na linha colateral em quarto grau.

6.5 PARENTES AFINS EM LINHA RETA

Para a contagem do grau em caso de parentesco por afinidade, o cônjuge


que é parente consanguíneo dos demais, deve ser substituído pelo outro na posição
dos gráficos. Qual é, então, o grau de parentesco entre a sogra e a nora? A nora fica
no lugar do seu cônjuge na linha, ou seja, na posição de filho. A partir daí se conta:

Mãe Sogra

Filho
Nora

Do filho para a mãe, primeiro grau. A nora, assumindo o lugar do filho,


estabelece com a sogra o parentesco afim em linha reta em primeiro grau também.

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6.6 PARENTES AFINS EM LINHA COLATERAL

Da mesma forma como na linha reta, o cônjuge ou companheiro que é


parente consanguíneo dos demais deve ser substituído pelo outro cônjuge.

Pai Sogro

Filho 1 Filho 2 Nora Cunhado

A esposa assume o lugar do marido em relação aos outros parentes dele.


Por se tratar de linha colateral, deve-se achar o parente comum para calcular o grau.
Neste caso específico, o parente comum é o pai. Do filho até o pai, primeiro grau; do
pai até o outro filho, segundo grau. Fazendo a substituição no gráfico, temos: da
nora até o sogro, primeiro grau; do sogro até o cunhado, segundo grau. Portanto, a
esposa passa a ser parente afim na linha colateral em
segundo grau de seu cunhado.

Curiosidades

Você pode perder a esposa, mas nunca a sua sogra! Isso acontece
porque a lei, para evitar a confusão no parentesco e no patrimônio, estabelece que a

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afinidade na linha reta não se extingue com a dissolução do casamento e da união
estável e impede que os parentes afins em linha reta se casem.
A afinidade não tem reflexo em relação aos alimentos e ao direito
sucessório.
O parentesco civil é equiparado ao consanguíneo e, portanto, contado da
mesma forma.
São chamados de contraparentes aqueles que ostentam entre si laços de
família remotos que não chegam a caracterizar o parentesco.

7 ADOÇÃO

A adoção é o ato pelo qual uma pessoa, seguindo as formalidades da lei,


estabelece com outra um vínculo de filiação, trazendo-a para sua família na
condição de filho, mesmo não tendo com ela parentesco consanguíneo ou afim. A
adoção atribui a situação de filho ao adotado, desligando-o de qualquer vínculo com
os pais e parentes consanguíneos, salvo quanto aos impedimentos para o
casamento.

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7.1 QUEM PODE ADOTAR?

Qualquer pessoa maior de 18 anos pode adotar; desde que tenha, pelo
menos, 16 anos a mais que o adotado. O adotante pode ser solteiro, viúvo,
separado ou divorciado. Também podem adotar, conjuntamente, os cônjuges ou
companheiros, desde que pelo menos um deles tenha completado 18 anos e que
seja comprovada a estabilidade da família.
O cônjuge ou companheiro pode adotar o filho do outro. Neste caso, os
vínculos de filiação entre o adotado e o pai ou mãe biológica e os respectivos
parentes são mantidos. O estrangeiro também pode adotar, mas o estágio de
convivência deverá ser realizado aqui no Brasil.

Você precisa saber:

O novo Código Civil não distingue mais filhos legítimos de ilegítimos.


Dessa forma, o filho adotado tem a mesma proteção jurídica que o filho
consanguíneo.
Os irmãos, avós e outros parentes consanguíneos não podem adotar.
Todavia, podem pedir a guarda dos outros irmãos e netos. Já os tios e primos
podem adotar.
À mãe adotiva é concedido o direito à licença maternidade. A doutrina e a
jurisprudência bem como parte da legislação têm entendido que também o pai
adotivo tem direito à licença em caso de adoção.
A “adoção” irregular feita diretamente pelos interessados, sem processo
judicial de adoção, é atitude ilegal e pode, no futuro, gerar problemas tanto para
quem registrou, como para a pessoa registrada.

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É comum os pais biológicos arrependerem-se e procurarem o filho dado à
outra família.

A adoção depende do consentimento dos pais ou representantes legais de


quem se deseja adotar e da concordância deste, se tiver mais de 12 anos. O
consentimento, porém, não é necessário se ficar provado que se trata de pessoa
exposta, de menor cujos pais são desconhecidos ou estejam desaparecidos ou
tenham sido destituídos do poder familiar sem nomeação de tutor, ou, ainda, quando
se trata de órfão não reclamado por qualquer parente por mais de um ano.

7.2 PROCEDIMENTO PARA ADOÇÃO

Quando o interessado está em busca de uma criança ou adolescente para


adoção, cinco passos devem ser seguidos.

O primeiro passo é dirigir-se ao Juizado da Infância e Juventude e


inscrever-se para o programa de colocação de crianças e adolescentes em família

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substituta. Posteriormente, o interessado será submetido a uma entrevista com
psicólogos e assistentes sociais e indicará o perfil da pessoa que quer adotar.

O segundo passo é a análise da ficha pelo Juizado. Sendo deferido


o cadastro, o interessado torna-se pessoa apta a adotar.

O terceiro passo é a localização da pessoa a ser adotada.

Localizada a pessoa, o próximo passo é o estágio de convivência. Este


estágio pode ser dispensado se a pessoa for menor de um ano ou se já convive há
algum tempo com o interessado.

Por fim, cumpridos os passos anteriores, o quinto passo é a


concretização da adoção, que ocorre por meio de sentença judicial. Por ordem do
juiz, o registro é feito em nova certidão.

A adoção não constará do registro, mas os documentos pertinentes ficarão


arquivados no Cartório.

7.3 IRREVOGABILIDADE DO ATO

A adoção é ato irrevogável, ou seja, o adotante não pode futuramente


arrepender-se e devolver a criança.

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7.4 ADOÇÃO POR PESSOAS DO MESMO SEXO (RELAÇÃO HOMOAFETIVO)

No que se refere à adoção por homossexuais, a legislação continua com


certa resistência com relação à tal questão, mesmo sabendo que a cada dia a está
mais aflorada na sociedade o tema orientação sexual.
Anteriormente, ninguém podia ser adotado por duas pessoas, salvo se
fossem marido e mulher ou se vivessem em união estável. As pessoas que vivem
em união homoafetiva, portanto, segundo a lei, não podiam conjuntamente adotar.
Mas a Justiça Brasileira tem evoluído no sentido de possibilitar a adoção por casais
homoafetivos. Cumpre lembrar, contudo, que, apesar de o ordenamento jurídico
brasileiro não prever a união homoafetiva como união estável, essa situação foi
alterada pela decisão do STF em 2011 de equiparar a união homoafetiva à união
estável (heterossexual) tal como prevista em lei, como veremos a seguir:

Não existe legislação específica dizendo que a adoção por casais


homossexuais seja permitida ou proibida. Isso vai depender da interpretação do juiz
de cada Vara da Infância. Diante da inexistência de proibição na legislação em vigor,
a Justiça brasileira tem admitido a adoção de crianças e adolescentes por casais
homoafetivos.
Em julgamento considerado histórico pelos próprios ministros, a 4ª Turma do
STJ (Superior Tribunal de Justiça) reconheceu, por unanimidade, que casais
formados por homossexuais têm o direito de adotar filhos. A Turma, formada por
cinco ministros, analisou um caso de duas mulheres que tiveram o direito de adoção
reconhecido pela Justiça Federal do Rio Grande do Sul. O Ministério Público do
Estado, porém, recorreu ao STJ, o tribunal negou o pedido, ao entender que em
casos do tipo é a vontade da criança que deve ser respeitada.
Para o STJ, a matéria relativa à possibilidade de adoção de menores por
casais homossexuais vincula-se obrigatoriamente à necessidade de verificar qual é
a melhor solução a ser dada para a proteção dos direitos das crianças, pois são
questões indissociáveis entre si, de acordo com o artigo 43 do Estatuto da Criança e
do Adolescente: “Art. 43 - A adoção será deferida quando apresentar reais
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos”.

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Esse julgamento é histórico, pois dá dignidade ao ser humano, dignidade
aos menores e às duas mulheres, afirmou o relator, Luís Felipe Salomão. Cabe
ressaltar que existem projetos de lei na Câmara dos Deputados sendo analisados,
que visam facilitar processo de adoção e Projeto que proíbe adoção de crianças por
casais do mesmo sexo. Podemos citar:

PROJETO DE LEI Nº 2153/11, DE 2011.

(Da Sra. Janete Rocha Pietá)


Altera o § 2º do art. 42 da Lei n. 8.069de 13 de junho de 1990, para permitir
a adoção de crianças e adolescentes por casais homoafetivos.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º O § 2º do art. 42 da Lei nº 8.069, de 13 de junho de 1990, passa a
vigorar com a seguinte redação:
“Art. 42. (...)
§ 2º Para adoção conjunta é indispensável que os adotantes sejam casados
civilmente, ou mantenham união estável ou homoafetiva, comprovada a
estabilidade familiar.
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
Inegáveis são as mudanças sofridas pela sociedade brasileira em meio ao
dinamismo do mundo globalizado, onde surgem novos núcleos familiares
que merecem a proteção jurídica do Estado. Dentre estes núcleos, temos a
família homoparental, formada por pares homoafetivos que, diante da
impossibilidade biológica de gerarem filhos entre si, recorrem à adoção
como meio de realizar o desejo da maternidade ou da paternidade afetiva,
contraindo todos os direitos e deveres do referido instituto em face das
crianças e adolescentes que, por motivos diversos, não gozam do amparo e
do amor dos pais biológicos. De outro lado, “temos, no Brasil, cerca de 200
mil crianças institucionalizadas em abrigos e orfanatos”. A esmagadora
maioria delas permanecerá nesses espaços de mortificação e desamor até
completarem 18 anos porque estão fora da faixa de adoção provável. Tudo
o que essas crianças esperam e sonham é o direito de terem uma família no
interior das quais sejam amadas e respeitadas. Graças ao preconceito e a
tudo aquilo que ele oferece de violência e intolerância, entretanto, essas
crianças não poderão, em regra, ser adotadas por casais homossexuais.
Alguém poderia me dizer por quê? Será possível que a estupidez histórica
construída escrupulosamente por séculos de moral lusitana seja forte o
suficiente para dizer: - "Sim, é preferível que essas crianças não tenham
qualquer família a serem adotadas por casais homossexuais?” Ora, tenham
a santa paciência. O que todas as crianças precisam é cuidado, carinho e
amor. Aquelas que foram abandonadas foram espancadas, negligenciadas
e/ou abusadas sexualmente por suas famílias biológicas. Por óbvio, aqueles
que as maltrataram por surras e suplícios que ultrapassam a imaginação
dos torturadores; que as deixaram sem terem o que comer ou o que beber,
amarradas tantas vezes ao pé da cama; que as obrigaram a manter
relações sexuais ou atos libidinosos eram heterossexuais, não é mesmo?
Dois neurônios seriam, então, suficientes para concluir que a orientação
sexual dos pais não informa nada de relevante quando o assunto é cuidado
e amor para com as crianças. Poderíamos acrescentar que aquela
circunstância também não agrega nada de relevante, inclusive, quanto à
futura orientação sexual das próprias crianças, mas isso já seria outro tema.
Por hora, me parece o bastante apontar para o preconceito vigente contra
as adoções por casais homossexuais com base numa pergunta: - "que valor

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moral é esse que se faz cúmplice do abandono e do sofrimento de milhares
de crianças?"
Desta forma, devemos pensar muito mais no interesse dos menores do que
nos preconceitos da sociedade; isto porque os filhos, gerados ou adotados
de forma responsável, como fruto do afeto, merecem a proteção legal,
mesmo quando vivam no seio de uma família homoafetiva. Por este motivo,
conto com o apoio dos ilustres pares para a aprovação desta proposição.
JANETE ROCHA PIETÁ
Deputada Federal – PT/SP

PROJETO DE LEI Nº PL 7018/10, DE 2010.

(Do Sr. Zequinha Marinho)


Veda a adoção de crianças e adolescentes por casais do mesmo sexo.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º Esta lei altera o parágrafo 2º do artigo 42 da Lei nº
8.069, de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente, para proibir a
adoção por casais do mesmo sexo
Art. 2º O parágrafo 2º do artigo 42 da Lei nº 8.069, de 1990, passa a vigorar
com a seguinte redação:
“Art. 42. ...................................
§ 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam
casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a
estabilidade da família, sendo vedada a adotantes do mesmo sexo.
........................................ (NR)”
Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
O projeto de lei que ora submeto à apreciação da Câmara dos Deputados
visa a tornar explícita a proibição da adoção de crianças e adolescentespor
“casais” compostos por homossexuais. Tais “casais” – por assim dizer -- não
constituem uma família, instituição que pode apenas ser constituída por um
homem e uma mulher unidos pelo matrimônio ou pela estabilidade de sua
união. A adoção por casais homossexuais exporá a criança a sérios
constrangimentos. Uma criança, cujos pais adotivos mantenham
relacionamento homoafetivo, terá grandes dificuldades em explicar aos seus
amigos e colegas de escola porque tem dois pais, sem nenhuma mãe, ou
duas mães, sem nenhum pai.
É dever do Estado colocar a salvo a criança e o adolescente de situações
que possam causar-lhes embaraços, vexames e constrangimentos. A
educação e a formação de crianças e adolescentes deve ser processada
em ambiente adequado e favorável ao seu bom desenvolvimento
intelectual, psicológico, moral e espiritual.
Por essa razão, a lei, adequando-se aos preceitos constitucionais, deve
resguardar os jovens de qualquer exposição que possa comprometer-lhes a
formação e o desenvolvimento.
Note-se que o ordenamento jurídico brasileiro não permite a adoção por
“casais” homossexuais. Ao mesmo tempo, não torna explícita a proibição.
Essa ambiguidade tem levado certos juízes de primeira instância a
conceder tais adoções – que são, posteriormente, tornada nulas pelos
tribunais superiores.
Creio, portanto, que devemos seguir o exemplo de países como a Ucrânia,
que recentemente tornou explícita a proibição de que estamos a tratar.
Assim, conto com o apoio dos membros desta Casa, no sentido da
aprovação desta proposição.
Deputado ZEQUINHA MARINHO

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Para o caso de adoção conjunta, o estatuto exige que os adotantes sejam
casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da
família. O texto proposto pelo autor acrescenta a esses requisitos a vedação
explícita de os casais serem constituídos por pessoas do mesmo sexo. Mas desde o
momento em que a Resolução n° 175, de 14 de maio de 2013, onde o Ministro
Joaquim Barbosa reconheceu a inconstitucionalidade de distinção de tratamento
legal às uniões estáveis constituídas por pessoas de mesmo sexo, onde os cartórios
de todo o País não podem recusar a celebração de casamentos civis de casais do
mesmo sexo ou deixar de converter em casamento união estável homoafetiva.
Entende-se então, que o casal homoafetivo pode participar do processo de
adoção conjuntamente, pois houve uma mudança no entendimento do Supremo
Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que passou a
considerar casais também aqueles constituídos por pessoas do mesmo sexo. Essa
resolução acima mencionada abriu uma brecha. Antes, apenas homossexuais
solteiros tinham o direito de adotar uma criança, agora eles podem participar desse
processo conjuntamente.
Para isso acontecer, basta o casal apresentar uma declaração de que vive
junto. Depois disso o juiz encaminha para a residência do casal uma assistente
social para comprovar a veracidade da declaração e verificar se o casal tem ou não
condições de adotar.
O STF decidiu expressamente que as conjugalidades homoafetivas também
repousam sua existência nos vínculos de solidariedade, exsurgindo o afeto como
valor das relações de família. Em resumo, se o menor estiver sendo
convenientemente cuidado, não se apresentando prejuízo à sua formação moral e
ao seu desenvolvimento psíquico, caberia a guarda ou mesmo a adoção por
homossexual. No entanto, a relação familiar padrão para a maioria dos brasileiros,
ainda é o casamento civil, que pressupõe a união heterossexual.
À evidência, as relações homoafetivas não proporcionam esse padrão social
médio, que foi fixado como o mais relevante dentre os vínculos de família. Mesmo
assim, isso não significa que não se afigura a adoção por homossexuais. Não se
pode esquecer que não existe nenhum padrão exemplar de comportamento para
uma boa formação biopsíquica da criança pelo fato de os seus pais terem optado
por ser envolver em uma relação homoafetiva, nem na chamada relação padrão, isto

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é, a relação heterossexual. Há vários exemplos de abusos e violências praticados
por pais heterossexuais e diversos casos igualmente semelhantes realizados por
homossexuais.
Entende-se que, não é a opção sexual, de fato, que serve de norte para se
concluir se a pessoa tem ou não discernimento ou compreensão para cuidar de
outra pessoa. O puro e simples veto à adoção de crianças e adolescentes por
homossexual ou casal homoafetivo é uma atitude preconceituosa e, além disso, a
mídia vem demonstrando diariamente histórias de parceiros de mesmo sexo que
tem comportamento social adequado e levam uma vida saudável, ao lado de uma
criança, obtida por meio de guarda ou adoção.
Sabemos que a concessão de adoção em prol de parceiros homoafetivos
somente se afigura possível, tal como ocorre com pretendentes heterossexuais, se o
relatório de estudo social e avaliação psicológica dos pretendentes e do menor
concluírem que é improvável uma repercussão negativa da relação heteroafetiva ou
homoafetiva sobre o adotando.
São as condições econômicas, social e psicológica que serão
disponibilizadas à criança ou ao adolescente que devem ser levadas em
consideração. Logo, o pedido de adoção por parceiros do mesmo sexo não deve ser
indeferido de plano pelo simples fato da opção sexual por eles adotada, porém, deve
ser levada em consideração para que se verifique, por intermédio de assistente
social e do psicólogo, se tal fato se projetará de forma positiva ou negativa no
desenvolvimento biopsíquico do adotando.
Na primeira hipótese, será possível a adoção, na outra, ela não será
recomendável. Prevalece, portanto, não a opção sexual do pretendente à adoção,
mas o princípio do melhor interesse da criança ou do adolescente. Esta é a postura
do STJ, que admite o reconhecimento de adoção por casal homoafetivo, levando-se
em conta a situação consolidada por fortes vínculos afetivos entre as crianças ou
adolescente e a pretendente, por se tratar do melhor interesse das crianças e dos
adolescentes.

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7.5 PARENTESCO SOCIOAFETIVO

O parentesco consanguíneo não é o único elemento a ser avaliado pelos


juízes nas decisões sobre Direito de Família, especialmente sobre paternidade.
Atualmente, os critérios para avaliação da existência da paternidade levam em conta
principalmente a afetividade.
O parentesco socioafetivo surge da aparência social deste parentesco, da
convivência familiar duradoura. É, por exemplo, o pai que tem por filha determinada
pessoa e em um momento de sua vida toma conhecimento de que não é pai
biológico dela. Esta pessoa sempre recebeu os afetos e atenções de filha.
Socialmente e espiritualmente este pai a concebeu como filha.
É também o caso dos chamados “pais de criação”, que assumem a
paternidade de criança que sabem não serem pais, mas a tratam como se filha
fosse. Cada vez mais os juízes estão destacando a importância do parentesco
socioafetivo nas decisões pertinentes ao Direito de Família. O entendimento
moderno é de que o parentesco socioafetivo e o parentesco biológico são conceitos
diferentes e, portanto, a ausência de um não afasta a possibilidade de se reconhecer
o outro. Assim, mesmo que determinada pessoa não seja pai biológico da outra,
pode conseguir o reconhecimento da paternidade caso esteja presente a afetividade.

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8 A FILIAÇÃO

O Código Civil, no subtítulo das relações de parentesco, trata de forma


específica da filiação, a partir do Artigo 1596, abordando a igualdade de direitos dos
filhos havidos ou não de relação de casamento e a presunção de paternidade.

8.1 IGUALDADE DE DIREITOS E CONDIÇÕES

O Código Civil de 1916 discriminava os filhos havidos do casamento dos


filhos adotados, por exemplo, segregando o parentesco em legítimo e ilegítimo.
Hoje, esta concepção não é mais adotada pelo Direito Civil Brasileiro.
Para o atual Código Civil, os filhos havidos de relação de casamento ou não,
bem como os filhos adotados têm os mesmos direitos e qualificação. Da mesma
forma, os filhos socioafetivos não devem ser discriminados. Isto é, pelo princípio da
igualdade de tratamento aos filhos, não poderá haver discriminação de qualquer
espécie por causa da origem da filiação.
Todavia, quanto aos filhos havidos no casamento, a lei estabelece uma série
de circunstâncias que presumem a paternidade. Para os filhos havidos fora do
casamento, a lei oferece a opção de reconhecimento voluntário ou judicial, conforme
estudaremos a seguir.

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8.2 PROVA DA FILIAÇÃO

A prova da filiação é feita mediante certidão do termo de nascimento


registrada no Registro Civil. Na falta de prova, a filiação poderá ser provada por
qualquer modo admissível em Direito:
Quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais,
conjunta ou separadamente.
Quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos.

8.3 PRESUNÇÃO DE PATERNIDADE

O Código Civil enumera diversas circunstâncias que fazem presumir que


determinada pessoa é filha de outra, quando havida no casamento. Para este
Diploma Legal, presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:

Nascidos 180 dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência


conjugal.

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Nascidos nos 300 dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal,
seja por morte, separação, nulidade ou anulação de casamento. O Artigo 1528
complementa este inciso informando que se a mulher contrair novas núpcias e lhe
nascer algum filho, salvo prova em contrário, este se presume do primeiro marido, se
nascido dentro dos trezentos dias a contar da data do falecimento deste e, do
segundo, se o nascimento ocorrer após esse período e já decorrido o prazo.
Havidos por fecundação homóloga, mesmo depois de falecido o marido.
Havidos a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários,
decorrentes de concepção artificial homóloga.
Havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia
autorização do marido.

Curiosidades

A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide


a presunção de paternidade.
Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a
presunção de paternidade.

8.3.1 Reprodução Assistida

Duas são as técnicas de reprodução assistida verificadas por nosso sistema


legal: inseminação artificial e fertilização in vitro. Necessário se faz entender cada
uma das técnicas para que seja possível a compreensão do alcance das hipóteses
de presunção de paternidade acima expostas.

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8.3.2 Inseminação Artificial Homóloga e Heteróloga

A inseminação artificial ocorre quando o esperma é introduzido no corpo


feminino. Quando o doador do esperma for o marido, a inseminação artificial é
denominada homóloga; quando o doador do esperma for terceira pessoa, a
inseminação artificial é denominada heteróloga.
Portanto, de acordo com o Código Civil, presume-se a paternidade quando o
filho é havido de fecundação homóloga, ainda que o marido tenha falecido ao tempo
do nascimento do filho. De igual forma, a paternidade é presumida quando ocorre a
fecundação heteróloga, desde que o marido tenha consentido com o procedimento
antes de seu falecimento.

8.3.4 Fertilização In Vitro

A fertilização in vitro ocorre quando há a transferência de embriões para o


corpo feminino. Neste caso, os óvulos e os espermatozoides são postos em contato
em um meio de cultura onde ocorre a fecundação, formando-se o zigoto.
Posteriormente, o zigoto é inserido no corpo feminino.
Para este tipo de reprodução, diversos zigotos são produzidos. Destes, os
que não se formaram adequadamente são descartados; do restante, parte é inserido
no corpo feminino e parte pode ser congelada para implante posterior. A estes
últimos denominam-se embriões excedentários.

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Neste caso, a fertilização também pode ser homóloga ou heteróloga,
conforme o material genético utilizado seja do pai ou de terceira pessoa. De acordo
com a lei, quando ocorre a fertilização in vitro homóloga, a qualquer tempo,
presume-se a paternidade.

8.3.5 Reconhecimento dos Filhos

Os filhos havidos fora do casamento podem ser reconhecidos pelo pai e pela
mãe conjunta ou separadamente, voluntária ou judicialmente. O ato de reconhecer a
paternidade é personalíssimo, irrevogável e imprescritível, podendo também ser feito
por meio de testamento. Dessa forma, o reconhecimento dos filhos pode preceder o
nascimento deles ou, ainda, ser posterior ao falecimento deles, desde que tenham
deixado descendentes.

8.3.6 Formas de Reconhecimento dos Filhos

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De acordo com o Artigo 1.609 do Código Civil, o reconhecimento dos filhos
pode ser feito:
no próprio registro de nascimento;
por escritura pública ou escrito particular arquivado em cartório;
por testamento;
por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o objeto da
ação não seja a paternidade.

Estes são os casos de reconhecimento voluntário da paternidade,


decorrente de ato de vontade do próprio pai. Além desta hipótese de
reconhecimento, a paternidade pode ser reconhecida forçosamente pela via judicial.
Este tipo de reconhecimento decorre da procedência do pedido na ação de
investigação de paternidade, cuja legitimidade para propositura é exclusiva do filho,
ainda que representado pela mãe, se for menor de idade. Mas, é admitida a
propositura da ação pelos herdeiros se o filho morrer menor ou for incapaz.

8.1.7Contestação da Paternidade

É ato personalíssimo porque só o próprio pai pode praticá-lo. Todavia,


admite-se que seja feito por meio de procurador com poderes especiais.
É ato unilateral se o filho for menor de idade. Porém, o filho maior de
idade não pode ser reconhecido sem seu consentimento e o filho menor pode
impugnar seu reconhecimento no período de até quatro anos após completar a
maioridade ou ser emancipado. A lei não exige nenhuma justificativa para o pedido.

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É ato irrevogável e irretratável, ainda que manifestado por meio e
testamento.
É ato formal porque só pode ser feito no termo de nascimento, por
escritura pública ou escrito particular arquivado em cartório, testamento ou
declaração direta do juiz, ainda que seja outro o objeto do processo.
É ato puro e simples porque não admite termo ou condição.

É importante saber:

O pai com idade entre 16 e 18 anos, não depende de assistência para


reconhecer a paternidade. Todavia, se o pai for absolutamente incapaz só poderá
reconhecer a paternidade pela via judicial.
A legitimidade ativa para ação de reconhecimento de paternidade ou de
maternidade é sempre do pai ou da mãe, conforme o caso. Já a legitimidade para
propor ação de investigação de paternidade é sempre do filho, ainda que
representado pela mãe quando menor.

8.1.8 Contestação da Maternidade

A lei permite ao pai contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua


mulher, a qualquer tempo, por meio de ação negatória de paternidade. Esta ação é
imprescritível e, uma vez proposta, os seus herdeiros podem prosseguir na ação,
fato este que se constitui inovação trazida pelo atual Código Civil. Antes deste
Diploma Legal, a legitimidade para demandar era exclusiva do pai.
A mãe pode contestar a maternidade provando a falsidade do termo de
nascimento do filho ou das declarações nele contidas. A Lei de Registros Públicos

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(Lei 6.015/73), a partir do Artigo 50, estipula critérios seguros que viabilizam a
identificação da origem materna de forma mais segura. De acordo com esta lei, todo
o nascimento ocorrido no território nacional deverá ser registrado no Registro Civil,
no prazo de 15 dias, ou até 03 meses quando o local de nascimento for distante
mais de trinta quilômetros da sede do cartório, estando obrigados a declarar o
nascimento:
O pai.
Em falta ou impedimento do pai, a mãe. Neste caso a lei concede o prazo
de 45 dias.
No impedimento de ambos, o parente mais próximo, sendo maior e
achando-se presente.
Na falta ou impedimento do parente, os administradores do hospital, os
médicos ou parteiras que tiverem assistido o parto.
Pessoa idônea da casa onde o parto ocorrer, sendo fora da residência da
mãe.
E as pessoas encarregadas da guarda do menor.

Para evitar confusão quanto à maternidade, dispõe ainda a lei que:

Quando o oficial tiver motivos para duvidar da declaração, poderá ir até a


casa do recém-nascido para verificar sua existência ou exigir atestado do médico ou
parteira que tiver assistido o parto ou, ainda, testemunho de duas pessoas que não
forem os pais e tiverem conhecimento sobre o nascimento.
Tratando-se de registro fora do prazo legal, poderá o oficial requerer ao
juiz as providências que considerar necessárias para o esclarecimento do fato.

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8.1.9 Posse do Estado de Filho

A posse do estado de filho é a denominação doutrinária e jurisprudencial


sobre a condição pública e notória, contínua e uniforme de duas pessoas que se
tratam como pai e filho.
De acordo com a doutrina, a posse do estado de filho tem três requisitos:
O nome – é o uso do nome de família do pai pela pessoa tida como filho.
O tratamento – é a exteriorização da condição de pai por meio de
condutas específicas como fornecer alimentação, educação, assistência, afetividade
à pessoa considerada filha.
Reputação ou fama – é a publicidade deste relacionamento perante a
sociedade.

Deste conceito é que também decorre a socioafetividade como elemento


importante para o reconhecimento da paternidade. Vale ressaltar que, de acordo
com a tendência atual da doutrina e da jurisprudência, o vínculo do parentesco civil,
notadamente o socioafetivo, é reconhecido de tal forma que a investigação da
origem biológica não modifica as relações sociais e jurídicas já existentes. Em outras
palavras, não há impedimento para a propositura de medida judicial para
investigação da origem biológica de determinada pessoa, mas o resultado desta
pesquisa não modifica as relações já estabelecidas entre os parentes socioafetivos.

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É bom lembrar então, que nos casos de filiação socioafetiva, não cabe a
procedência da ação negatória de paternidade nem mesmo quando os interessados
se sujeitaram à realização do exame de DNA, cujo resultado foi negativo (STF, Resp
1.059.214-RS, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 16.2.2012, Dje12.3.2012).

----------- FIM DO MÓDULO II -----------

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