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TÚNEL DO TEMPO DO CÁLCULO

SEBENTA DE CÁLCULO DIFERENCIAL EM IRn

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Índice

1. ALGUNS FACTOS HISTÓRICOS DO CÁLCULO.........................................................................4


2. TEMA: ESPAÇOS MÉTRICOS E NORMADOS.............................................................................5
3. TEMA: FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS.................................................................................9
3.1. FUNÇÕES DE DUAS VARIÁVEIS...............................................................................................9
3.1.1. CURVA DE NÍVEL....................................................................................................................9
3.2. FUNÇÕES DE TRÊS VARIÁVEIS..............................................................................................10
4. TEMA: DOMÍNIO DE FUNÇÕES DE DUAS VARIÁVEIS..........................................................13
4.1. GRÁFICO DE FUNÇÕES DE DUAS VARIÁVEIS............................................................................................................14
5. TEMA: LIMITE E CONTINUIDADE DE FUNÇÕES DE DUAS VARIÁVEIS.............................17
5.1. LIMITES DE FUNÇÕES DE DUAS VARIÁVEIS..............................................................................................................17
5.2. CONTINUIDADE................................................................................................................................................18
5.3. REGRA DOS DOIS CAMINHOS...............................................................................................................................19
6. TEMA: DERIVADAS PARCIAIS...................................................................................................22
6.1. DIFERENCIABILIDADE.........................................................................................................................................23
7. TEMA: DIVERGENTE, GRADIENTE, ROTACIONAL, JACOBIANO E LAPLACIANO.........26
7.1. O JACOBIANO..................................................................................................................................................27
7.2. O LAPLACIANO..........................................................................................................................28
7.3. FUNÇÃO HARMÓNICA............................................................................................................28
8. TEMA: EXTREMOS DE FUNÇÕES DE DUAS VARIÁVEIS......................................................30
8.1. EXTREMOS CONDICIONAIS....................................................................................................31
8.2. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE.....................................................................................31
9. TEMA: FÓRMULA DE TAYLOR PARA FUNÇÕES DE DUAS VARIÁVEIS............................34
10. BIBLIOGRAFIA BÁSICA............................................................................................................36

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1. ALGUNS FACTOS HISTÓRICOS DO CÁLCULO

O cálculo é a matemática dos movimentos e das variações. Onde há movimento ou crescimento e


onde forças variáveis agem produzindo aceleração, o cálculo é a matemática a ser empregada.
Isso era verdade quando essa disciplina surgiu e continua a valer hoje.

O cálculo foi inventado inicialmente para atender às necessidades matemáticas – basicamente


mecânicas – dos cientistas dos séculos XVI e XVII. O cálculo diferencial lidou com o problema
de calcular taxas de variação de grandezas (como a inclinação de uma recta). Ele permitiu que as
pessoas definissem os coeficientes angulares de curvas, calculassem a velocidade e a aceleração
de corpos em movimento e determinassem os ângulos a que seus canhões deveriam ser
disparados para obter o maior alcance, além de prever quando os planetas estariam mais
próximos ou mais distantes entre si.

O cálculo foi criado como uma ferramenta auxiliar em várias áreas das ciências exactas.
Desenvolvido simultaneamente por GOTTFRIED WILHELM LEIBNIZ (1646-1716) e por
ISAAC NEWTON (1643-1727), em trabalhos independentes. O Cálculo auxilia em vários
conceitos e definições na Matemática, química, física clássica, física moderna e economia. O
estudante de cálculo deve ter um conhecimento em certas áreas da Matemática, como funções
(modular, exponencial, logarítmica, par, ímpar, afim e segundo grau, por exemplo) ,
trigonometria, polinômios, geometria plana, espacial e analítica, pois são a base do cálculo. O
cálculo tem inicialmente três "operações-base", ou seja, possui áreas iniciais como o cálculo de
limites, o cálculo de derivadas de funções e a integral de diferenciais.

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DELEGAÇÃO DE MONTEPUEZ

Departamento de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática


Licenciatura em ensino de Matemática com Habilitações em Física

Cadeira:Cálculo Diferencial em IRn


2o ano/1o semestre

AULAS I & II

2. TEMA: ESPAÇOS MÉTRICOS E NORMADOS

+
Seja M um conjunto qualquer, com M ≠∅ e seja d: MxM → IR ma função.

Indiquemos por d(x, y) a imagem de um par (x, y) ∈ MxM , através da função d.


Se d satisfaz as seguintes propriedades:
i) d(x,y) = 0 se x= y ;

ii) d(x, y) > 0 se x≠ y ;


iii) d(x , y) = d(y , x);
iv) d(x, z) ¿ d(x, y) + d(y z), para todo x, y, z , ∈ M
então d é chamada uma métrica sobre M.

Nessas condições cada imagem d(x, y) recebe o nome de distância de x a y e o


par (M, d), onde d é uma métrica sobre M, é o que se chama de espaço métrico.
+
Proposição: Seja d: MxM → IR uma função tal que:

¿
(a) d(x,y) 0

(b) d(x, z) ¿ d(x,y) + d(z, y), para todo x, y, z ∈ M . Então d é uma métrica.
+
Exemplo 1: Considere o conjunto dos números reais IR e d a função de IRxIR→ IR

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definida por d(x, y) = |x−y| (função módulo). Mostraremos que d é uma métrica
em IR.
+
i) Hipótese: Considere o conjunto dos números reais IR e d a função de IRxIR→ IR
definida por d(x, y) = |x−y| (função módulo).

ii) Tese: d( x, y )=|x−y| é uma métrica sobre IR.


iii) Demonstração

a) Como |x−y|≥0, então d( x, y )≥0. Por outro lado, |x− y|=0⇔ x= y , logo
d ( x , y )=0 ⇔ x= y .
b) d( x, y )=|x− y|=|−(−x+ y)|=|−1|⋅|y−x|=|y−x|⇒ d( x , y)=d( y , x).
c) d( x, z)=|x−z|=|x− y+ y−z|=|( x− y ) + ( y−z )|≤|x− y|+|y−z|=d(x , y)+d( y ,z )
Assim, d ( x , z)≤d ( x , y )+d( y , z), ∀ x , y , z ∈ IR . Portanto, (IR, d) é um espaço métrico.

c.q.d

Exemplo 2:
+
Seja d : IRxIR→ IR definida por d(x, y)

2 2
i) d ( x , y )≻0 para x≠ y pois ( x− y ) ≥0 e ( x− y ) =0 ⇔ x= y .

2 2
ii) d ( x , y )=( x− y ) =( y−x ) =d ( y , x ).

A função cumpriu as duas primeiras condições. Mas veremos que o item (iii)d(x, z) ¿
(x,y)+ (y,z), ∀ x , y , z∈ IR não valerá para qualquer x,y,z ∈ IR.

Seja, por exemplo, x = 2, y = 4 e z = 5

2 2 2 2 2 2
d(x , z) = (2−5 ) =(−3) =9 , d ( x , y )=( 2−4 ) =(−2 ) =4 , d ( y , z )=( 4−5 ) =(−1 ) =1 . Se

d(x, z) <(x, y) + (y, z) então 9≤4+1 ,ou seja, 9≤5 absurdo.Portanto, como a função não

cumpriu a condição (iv) para qualquer x,y,z ∈IR , d(x, y) = (x-y) 2não é uma métrica em IR.

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Definição:Chama-se espaço normado a um par ( V ,‖‖) , onde V é um espaço vectorial sobre um
+
corpo IK (IR ou C) e ‖‖:V → IR é uma função que verifica as seguintes condições, para
quaisquer u , v ∈V , λ ∈ IK :

1. |u|≥0, isto é; se u≠0⇒|u|≻0;

2. |λu|=|λ|⋅|u|;

3. |u+v|≤|u|+|v|. (desigualdade triangular)


2
Exemplo: Sejam u,v ∈ IR 2
, sendo IR um espaço vectorial sobre IR e λ ∈ IR . Mostre que ( IR 2 , f ),

onde f (u)=|u| é um espaço normado.


Resolução:

Hipótese: Sejam u,v ∈ IR


2 2
, sendo IR um espaço vectorial sobre IR e λ ∈ IR , onde f (u)=|u| .
2
Tese: ( IR , f ) é um espaço normado.

Demonstração:

u=( x1 , y 1 ) v =( x 2 , y 2 )
i) Sejam e , assim, teremos:


|u|=|( x 1 , y 1 )|= x 2 + y 2 >0 ∀ u≠0∧ x 2 + y 2 =0 ⇔u=0 .
1 1 √ 1 1

ii)

|λu|=|λ ( x1 , y 1 )|=|( λx 1 , λy 1 )|= ( λx 1 )2 + ( λy 1 ) 2= √ λ 2⋅ x 2 + y 2 =|λ|⋅|u|.
√ 1 1

|u+ v|=|( x 1 , y 1 ) + ( x 2 , y 2 )|=|[ ( x1 + x 2 ) ,( y 1 + y 2 ) ]|=


2 2
√( x + x ) + ( y + y
1 2
2
1 2
2
)⇔
⇔|u+ v|2 =( x 1 + x 2 ) + ( y 1 + y 2 ) =x 2 + 2 x 1 x 2 + x 2 + y 2 +2 y 1 y 2 + y ⇔
1 2 1 22
⇔|u+ v| =( x 2 + y
2
)+ ( x 22 + y 22 ) +2 ( x 1 y 1 + x 2 y 2 )=|u| +|v| + 2u⋅v
2 2
1 12

iii)

De acordo com a propriedade a propriedade modular −|x|≤x≤|x|, ter-se-á o seguinte:

|u+v|2 ≤|u2|+|v|2 +2|u|⋅|v|⇔|u+v|2 ≤(|u|+|v|)2 , pela radiciação, teremos:

|u+v|≤|u|+|v|.
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2
De i),ii) e iii) conclui-se de que ( IR , f ) é um espaço normado.

c.q.d

Observações:

(1) Sempre que se considerar um espaço normado sobre C dir-se-áespaço normado


complexo.

(2) A função ‖‖ chama-se norma.

(3) Todo o espaço normado é em particular um espaço métrico, com a métrica d : V ×V →R+
definida por d( x, y )=‖x− y‖.

TAREFAS
2 2
1. Prove que d ( x , y )=x + y não é uma métrica em IR.

2. Seja d:M xM —>IR uma métrica. prove que afunção também é uma métrica:
d( x, y)
β (x , y )=
1+d ( x , y )

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AULAS III ,IV, V& VI

3. TEMA: FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

3.1. Funções de duas variáveis

DEFINIÇÃO : Uma função de duas variáveis reais a valores reais é uma função f : AIR, onde
A IR2que associa a cada par ( x, y ) A, um único número ( x, y ) IR. O
domínio é todo o plano xy ou parte dele.

Exemplos :

a) ( x, y ) = x2 – 2xy b) g( x, y ) = x – y c) z = x2 + y2

O gráfico de uma função f( x, y ) é uma superfície que representa o conjunto de pontos ( x, y, z )


IR3 para os quais ( x, y) IR2 e z = ( x, y ).

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3.1.1. Curva de nível

Uma curva de nível de uma função f( x, y ) é a curva f( x, y ) = c ( c = cte ) no plano xy,


logo a curva de nível consiste dos pontos ( x, y ) IR2 onde a função tem valor c .

1. Achar o dominio de cada uma das funções seguntes definida por :

a) f (x , y)= √ x− y+1 b) g( x , y )=ln ( x− y )


2

2. Considerando as funções acima, determine:

a) ( 12, 4 ) c) g( 0, –e )

Resolução

1. a) D f = {( x , y ) ∈ IR : x− y +1≥0⇔ y≤x +1 } b) D g = {( x , y ) ∈ IR : x≥ y }
2 2 2

2. a) f (12 , 4 )=√12−4 +1=√ 9=3 b) g(0 ,−e )=ln [ 0+ (−e )2 ]=ln e2 =2

3.2. Funções de três variáveis

Definição : Uma função de três variáveis reais, definida em A IR3, é uma função que associa,
a cada terno ( x, y, z ) A, um único número real w = ( x, y, z ) IR. O domínio é
todo o IR3 ou parte dele.

Exemplos

( x, y, z ) = x2 + 2xy – z b) g( x, y, z ) = x2 + y2– z3 c) w = x2– 4z2 + y

O gráfico de uma função de três variáveis é um subconjunto do espaço de quatro di -


mensões e, como tal, não há a possibilidade de representá-lo em um desenho. Diz-se que se trata
de uma hipersuperfície de IR4.

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De modo geral, o gráfico de uma função f : A  IR , onde A IRn é uma hipersuperfície do
espaço IRn+1.

Como já foi dito não é possível visualizar o gráfico de uma função de três variáveis, pois o
gráfico é em 4 dimensões. Em vez disso, considera-se suas Superfícies de Nível. Uma superfície
de nível de f( x, y, z ) é uma superfície f( x, y, z ) = c no IR3, onde a função tem valor constante.
Exemplos
2 2 2
1. Dada a função f (x , y , z )=x + y +z , determine:
a) domínio de f b) f (0,2,−1)

2 2
2. Dada a função f (x , y )=x + y +7 , represente:
a) O gráfco da função;
b) O conjunto de 2 curvas de nível.

Resolução

3 2
1. D f =IR
2
b) f (0,2,−1)=0+2 + (−1 ) =5

2. a) se x=0 ⇒ {f ( x , y )=7+ y } é parábola uma sobre o plano yz.


2

se y=0 ⇒ {f ( x , y )=7 + x } é uma parábola sobre o plano xz.


2

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b) se c=8 ⇒ { 7+ x + y =8 ⇔ x + y =1 } é uma circunferência centra na origem do
2 2 2 2

S.C.O e de raio 1.
Se c=11 ⇒ { 7+ x + y =11⇔ x + y =4 } é uma circunferência centra na origem do
2 2 2 2

S.C.O e de raio 2. y

TAREFAS 

       
1. Dada a função 







x
f (x , y , z)= + y+ z−1
2 , determine:
a) O domínio da função;
b) Represente o gráfico da função;
c) f (1,−1,2) ;
d) O contradomínio da função.

2 2
x y 2
f (x , y , z )=z + +
2. Represente o gráfico da função 4 9
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AULAS VII & VIII

4. TEMA: DOMÍNIO DE FUNÇÕES DE DUAS VARIÁVEIS

O domínio de uma função de duas variáveis é, em geral, representado por uma relação binária. A
representação do domínio pode ser dada lógica ou graficamente.

Exemplo

Determina e representa graficamente o domínio de cada função:

2
a. g( x , y )=ln ( x − y ) b.
2
f (x , y )=3 x √ y−1

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Solução:

2 2
a. f (x , y )=ln ( x − y ) está definida somente para x − y>0 , ou seja,
2
y <x . Assim sendo
2 2
D(f )={( x , y )∈ IR |y <x } .
2
Na representação gráfica do domínio usamos o facto de que a curva y=x separa a região onde
2 2 2
y <x da região onde y >x . Para determinar a região onde y <x , podemos selecionar um
2 2 2
“ponto teste” fora da fronteira y=x e verificar se y <x ou y >x no ponto-teste. Por
exemplo, se ( x , y )=( 0,1 ) , então 1<0 não é uma relação verdadeira. Logo, este ponto não está
2

2
na região onde y <x . A região correspondente ao domínio é aquela quey não contém o ponto
teste.

x
Representação gráfica do
domínio def ⇒

2
b. Como f (x , y )=3 x √ y−1 , devemos ter y≥0 . Assim, D(f )={( x , y )∈ IR 2|y≥0}
y

Representação gráfica do
domínio da f ⇒ y≥0

TAREFAS

Determine e represente graficamente o domínio das funções abaixo definidas:

1. f (x , y )=ln( y−2 x )

2. f (x , y )= √ x 2 + y 2 −4

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f (x , y )=
√ 4−x 2
3. y 2 +3

4.1. Gráfico de Funções de Duas Variáveis

A representação gráfica de funções reais de duas variáveis gera superfícies no IR 3. Em geral, essa
representação pode se tornar bastante complexa sem o auxílio de uma ferramenta computacional.
No entanto, há alguns casos que são importantes de serem lembrados:

Equação Superfície Gerada Exemplo

z=ax +by +c Plano.

z=ax 2 +by 2 +c Parabolóide elíptico.

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2 2 Parabolóide hiperbólico.
z=ax −by +c

z=√ r 2 −x 2− y 2 Metade de uma superfície


esférica de raio r.

z=√ x 2 + y 2 Metade de uma superfície


cônica.

TAREFA

y
z=x + +3 .
Represente graficamente a função 2

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AULAS IX,X & XI

5. TEMA: LIMITE E CONTINUIDADE DE FUNÇÕES DE DUAS VARIÁVEIS

5.1. Limites de Funções de duas Variáveis

Se os valores de uma função real f(x,y) estão próximos de um numero real fixado L para todos
os pontos ( x,y) suficientes próximos do ponto (x 0
, y 0 ), mas não iguais a (x 0 , y 0 ), dizemos que L

é o limite de f quando ( x,y) se aproxima de (x 0


, y 0 ), . Em símbolos escrevemos :

lim
( x , y )→( x x , y0 ))
f(x,y) = L .

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´
Ou seja ∀ ε≻0 :|( x , y )−( x o , y o )|≺ε⇔∃θ≻0:|f ( x , y )−f ( x o , y o )|≺θ .

Propriedades dos limites de funções de duas variáveis

lim lim
( x , y )→( x x , y0 )) ( x , y )→( x x , y0 ))
f(x,y) = L e f(x,y) = M, onde M, L e K são números reais.

lim
( x , y )→( x x , y0 ))
1-Regra da soma [f(x,y) + g(x,y)] = L + M

lim
( x , y )→( x x , y0 ))
2- Regra da diferença [f(x,y) - g(x,y)] = L – M

lim
( x , y )→( x x , y0 ))
3-Regra do produto [f(x,y). g(x,y)] = L . M

lim
( x , y )→( x x , y0 ))
4- Regra a multiplicação por uma constante k.f(x,y)= k.L

f ( x, y) L
lim ≠0
5-Regra do quociente ( x , y )→( x x , y0 )) g(x , y) = M , desde que lim g(x,y)

Calcue os seguintes limites: lim m m m


( x , y )→( x x , y0 )) n n n
6- Regra da potencia [f(x,y)] = L , para m e n inteiros e L seja real
x−xy+3
lim
( x, y)→(0,1 ) x +5 xy − y 2
2

a)

b)
lim
( x, y)→(3 ,−4 ) √ x2+ y 2
2
x −xy
lim
c) ( x, y)→(0,0 ) √ x− √ y

Resolução:

x−xy+3 0−0+3
lim 2 2 =−3
( x, y)→(0,1 ) x +5 xy − y = 0+0−1
a)

b)
lim
( x, y)→(3 ,−4 ) √ x2+ y 2 = √ 25 =5
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2
x −xy 0
lim
c) ( x, y)→(0,0 ) √ x− √ y = 0

x −xy x ( x− y ) x( √ x+ √ y )( √ x− √ y )
2

√ x− √ y = √ x−√ y = √ x−√ y
2
x −xy x ( √ x+ √ y )( √ x− √ y )
lim lim
Portanto ( x, y)→(0,0 ) √ x− √ y = ( x, y)→(0,0 ) √ x−√ y =

lim
= ( x, y)→(0,0 ) x ( √ x+ √ y ) = 0(0+0) = 0

5.2. Continuidade

Uma função f(x,y) é contínua no ponto ( x 0


, y 0 ) se :

1- f é definida em ( x 0
, y0 )

lim
( x, y)→( x0 , y0 )
2- 0 f(x,y) existe

lim f ( x , y )
3- ( x , y )→( x0 , y )
0 = f( x 0
, y0 )

Uma função é dita continua quando é contínua em todos os seus pontos do domínio

Teorema 1

São contínuas em todos os pontos de seu domínio as funções

a) polinomiais nas variáveis x e y

b) racionais nas variáveis x e y

Exemplos :
2 2
1) f(x,y) = x + y −2 xy ( função polinomial)

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x 2+ y 2
para qualquer xy≠1
2) f(x,y)= xy−1

Teorema 2

Se f(x,y) e g(x,y) são contínuas em ( x 0


, y 0 ), então serão também contínuas em ( x 0 , y 0 ), as
funções

1) f(x,y) + g(x,y) f (x, y)


(a >0)
6) a
2) f(x,y) - g(x,y)
7) log f( x, y) , ( f(x 0 , y 0 ) >0)
3) k f(x,y) , k ∈ IR
8) cos f ( x, y)
4) f(x,y) . g(x,y)
9) sen f(x,y)
f (x, y)
(g (x 0 , y 0 ))≠0
5) g (x , y )

5.3. Regra dos dois caminhos

Há casos em que o limite de uma função de duas variáveis não existe, então nesta situação,
para mostrar que o limite não existe, utilizamos conjuntos particulares convenientes( caminhos
) , dados geralmente por curvas que passem em ( xo, yo ) . Se para dois caminhos diferentes para
um mesmo ponto P resulta em dois limites diferentes, ou em um dos caminhos o limite não
existe, então esse tal limite não existe.
Determinar a continuidade por caminhos diferentes

Exemplos

xy 0
2 2 2
=0
f(x,y) = x + y . Vamos tomar x= 0, f(0,y)= y

0
2
=0
se fizermos y= 0, analogamente teremos f(x,0)= x , vamos pegar outro caminho y=x, f(x,x)
=1/2, portanto limites diferentes, a função não é continua em ( 0,0).
2 2 2 2
f(x,y) = x + y −xy , tomando x=0 ; f (0 , y )=0+ y −0= y . Agora se y=0, teremos:

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2 2 2 2 2
f (x , 0)=x +0−0=x f (x , 0)=x +0−0=x = y .
, como x=y, vem Por outro lado, para y=
2 2 2 2
f ( y , y )= y + y − y = y , portanto limites iguais, a função é continua em ( 0,0).
x, teremos:

TAREFAS

1. Calcule os limites
2 2
3 x − y +5
lim
a) ( x, y)→(0,0 ) x2 + y 2 +2

x
lim
b) ( x, y)→(0,4 ) √y
xsen x
e
lim
c) ( x, y)→(0,0 ) x
3
lim cos √|xy|−1
d) ( x , y )→(1,1)

lim cos y +1
π
( x , y )→( , 0)
2 y −sen x
e)

x+ y−4
lim
( x , y )→(2,2 ) √ x + y−2
f)

2
xy −5 x +8
lim
( x , y)→(−2,1) x 2 + y 2 +4 xy
g)

1 1 1
lim + + )
P →(1,3,4 ) ( x y z
h)

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2 xy + yz
lim 2 2
)
P →(1 ,−1 ,−1) ( x + z
i)

2. Verifique se a função é contínua no ponto (3,4) : f(x,y) = 2x +3y

calcule também o limite quando (x,y) → tende a (3,4)

x + y + 2, se (x, y) ≠ (1,1)
3. f(x,y) ={ 6 , se (x,y) = (1,1) , verifique se é continua em (1,1)

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AULAS XII,XIII & XIV

6. TEMA: DERIVADAS PARCIAIS

A definição de derivada parcial de uma função de duas variáveis é a mesma que a de funções de
uma variável. A única diferença aqui é que , como se tem duas variáveis , uma delas deve ser
mantida fixa enquanto se dá acréscimos para a outra.

Seja a função f(x,y), sua derivada em relação a x é

f ( x +Δx , y )−f ( x , y )
f x ( x , y )=lim Δx →0 , derivada parcial de f ( x , y ) em relação à x
Δx

f ( x , y + Δy)−f ( x , y )
f y ( x , y )=lim Δy →0 , derivada parcial de f ( x , y ) em relação à y
Δy

Um modo mais rápido de calcular uma derivada parcial é derivando a função em relação a
x ,considerando y constante e depois derivando a função em relação a y , considerando x
constante .

Notações :

A derivada parcial pode ser representada por

∂f
(x , y ), D x f ( x , y ) , f x ( x , y ).
∂x

Exemplos

Derive as seguintes funções em relação à x e depois em relação à y:

1. f(x, y) = 4x2 – 3xy, fx¿)


2. f(x, y) = (x2 + y2)1/2; fx(x, y) = ?, fy(x, y) = ?
3. f(x, y) = (x – 3y)/(x2 – y); fy(x, y) = ?

Resolução

f x ( x , y ) =8 x−3 y
1.

Docente: Selimane João Braimo Page 25


1 1
− −
1 1
f x ( x , y ) = ( x2 + y 2 ) ⋅x f y ( x , y )= ( x 2 + y 2 ) ⋅y
2 2
2 2
2.
−3 y ( x 2− y ) + ( x −3 y )
f y ( x , y )=
( x 2− y ) 2
3.

O procedimento é o mesmo para derivadas parciais com mais de duas variaveis.

4. f(x, y, z) = x3y – 4xy2 + 3yz; fx(x, y, z) = ?

f x ( x , y , z )=3 x2 y−4 y 2
.

5. f(r, s, t, u, v) = rstu + rstv + rsuv + rtuv+ stuv;  ft (r, s, t, u, v) = ?

f x ( x , y )=
Verificar se a função ln ( xy) + x + y satisfaz a equação

∂z ∂z
x −y =x− y
∂x ∂y

Resolução

1
f x ( x , y ) = +1
x
1
f y ( x , y )= +1
y
∂f ∂f 1 1
( ) ( )
x − y =x− y ⇔ x +1 − y +1 =x− y ⇔ x− y=x− y
∂x ∂y x y

f x ( x , y )= ∂z ∂z
−y =x− y
Logo a função ln ( xy) + x + y satisfaz a equação x ∂ x ∂y

6.1. Diferenciabilidade

Condição suficiente para diferenciabilidade

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∂f
Seja ( x o , y o ¿ , um ponto do domínio da função f(x,y). se f(x,y) possui derivadas parciais e
∂x
∂f
em um conjunto aberto A que contém ( x 0 , y 0 ) e se essas derivadas parciais são continuas
∂y
em ( x 0 , y 0 ), então f é diferenciável em ( x 0 , y 0 ).

Exemplos:

Verificar se as funções a seguir são diferenciáveis em I R2.

a) f(x,y) = x 2+ y 2
b) f(x,y) =3 xy 2+ 4 x ² y +2 xy
c) f(x,y) = sen(xy ¿¿ 2)¿
x
d) f(x,y)= 2 2
( x + y )²
e) f(x,y)=√ x ²+ y ²

∂f ∂f
a) = 2x e =2y. Essas derivadas parciais são continuas em I R2, deduzimos que f é
∂x ∂y
diferenciável em I R2.

∂f ∂f
b) =3 y 2 +8 xy+ 2 y = 6xy +4 x ²+ 2 y
∂x ∂y

Essas derivadas parciais são continuas em I R2, deduzimos que f é diferenciável em I R2.

∂f ∂f
c) = y ² cos( xy¿ ¿2) ¿ =2 xycos(xy ¿ ¿2) ¿
∂x ∂y

Essas derivadas parciais são continuas em I R2, deduzimos que f é diferenciável em I R2.

∂f y ²−x ² ∂ f −2 xy
d) = 2 2 = 2 2 . Essas derivadas são funções racionais, não definidas na
∂x ( x + y )² ∂ y ( x + y )²
origem . são contínuas em I R2 , para (x,y) ≠(0,0)

∂f x ∂f y
e) = 2 2 1 /2 == 2 2 1 /2 Essas derivadas são contínuas em I
∂x (x + y ) ∂y (x + y )
2
R , para (x,y) ≠(0,0)

TAREFAS

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I-Calcular as derivadas parciais de 1ª ordem.

1) f(x,y)=e 2 xy
2) f(x,y)= xy 3 -4 y x 4 +5 x 3
3) f(x,y)= x cos(2 x+ 3 y )2
4) f(x,y)=5 y ln ⁡( x 2 + y 3) +e x² + y ²
5) f(x,y)=√ x ²+ y ²

6) f(x,y)= √3 a ²−x ²− y ²
x ²− y ²
7) f(x,y)=
x ²+ y ²

8) g(x,y)= arc tg (y/x)


9) Z=sec( x²+y)
II- Calcule as derivadas parciais de 1 ordem das funções abaixo
1) f ( x , y , z )=x ² y 2+ xy z 2+ ¿ x 2z
xy ² z
2) f ( x , y , z )=
x ²+ y ³
3) f ( x , y , z )=arc tg ( x 2+ y 2 )- sen ( x²+y²)
4) f ( x , y , z )=sen ² y 2 +cos ⁡¿ x 2z

III
1- Verificar se as funções são diferenciáveis
a- f(x,y) = √ x 2/3 + y 2 /3 , na origem
b- f(x,y) = 2xy

2-Verificar se a função z = x³y² satisfaz a equação

1 ∂z 2 ∂z
− =0 , para x ≠ 0 e y ≠0
x ∂ y 3 y ∂x

4- Sabendo-se que a diferencial total de uma função é dada por

∂f ∂f
dz = dx + dy , calcule a diferencial total nos casos
∂x ∂y

a) z= xy - x²
b) z= sen² xy
c) z= ln(x+xy²)

6- Calcule a diferencial total nos pontos indicados

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x π
a)f(x,y) = e cos y , P (1, )
4

b) z= ln ( x² + y² ) P ( 1,1)

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Licenciatura em ensino de Matemática com Habilitações em Física

Cadeira: Cálculo Diferencial em IRn


2o ano/1o semestre
AULAS XV,XVI , XVII & XVIII

7. TEMA: DIVERGENTE, GRADIENTE, ROTACIONAL, JACOBIANO E LAPLACIANO

→ → → →
Consideremos um campo vetorial F =M i +N j +P k em IR3. Se pensarmos em  como um
vector de componentes /x, /y, /z, podemos escrever, simbolicamente, o produto escalar de
→ →
 por F , obtendo, assim, o escalar chamado divergente de F :

∂M ∂N ∂P
→ →+ +
F =  . F = ∂x ∂ y ∂z
div
→ → →
∇= i ∂ + j ∂ +k ∂
∂ x ∂ y ∂z
Onde
∇ tem a propriedade de , quando aplicado a uma função escalar f, produzir o gradiente de f:

Docente: Selimane João Braimo Page 29


→ ∂f → ∂f → ∂f ∂f → ∂f → ∂f →
∇ f =i +j +k i + j+ k
∂x ∂y ∂z = ∂x ∂ y ∂z .
→ → → → →
Exemplo 1: Se F ( x , y, z)=xz i +xyz j − y 2 k , ache div F .
∂M ∂N ∂P
→ → + +
F
div =  . F = ∂ x ∂ y ∂ z = z + xz – 0 = z (1 + x)
→ → →
Considerando o produto vetorial formal de  por , temos o vector  x = rot F ,
F F

chamado rotacional de F :

→ → →
i j k
∂ P ∂ N → ∂M ∂ P → ∂ N ∂ M →
|∂/∂ x ∂/∂ y ∂/∂ z |=( − )i +( − ) j +( − )k
→ ∂ y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂ y
rot F = M N P
→ → → → →
Exemplo 2: Se F ( x , y, z)=xz i +xyz j − y 2 k , ache rot F .
→ → →
i j k → → →
rot( F)=|∂/∂ x ∂/∂ y ∂/∂ z |=(−2 y−xy) i +( x−0) j +( yz−0)k =(− y(2+x), x, yz)
xz xyz − y 2

Síntese: Divergente é um operador que transforma campos vectoriais em campos escalares


Gradiente é um operador que transforma campos escalares em campos vectoriais e Rotacional
transforma campos vectoiais em campos também vectoriais.

7.1. O jacobiano

Consideremos uma função vectorial f : IR n →IR n de componentes ( f 1 , f 2 , f 3 , .. . , f n ) , o
∂f1 ∂f1 ∂f1
...
∂ x1 ∂ x2 ∂ xn
∂f2 ∂f2 ∂f2
j=|∂ x ∂ x ...
1 2 ∂ xn |
..... .... ...
∂fn ∂f n ∂fn
...
x1 x2 xn
jacobiano de f é dado pelo determinante

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→ → →
2 2 2
Exemplo: Calcule o jacobiano da função f (x , y )=xy i −2 xz j +xy z k

∂f1 ∂f1 ∂f1


∂x ∂y ∂z
∂f ∂f2 ∂f 2
j=| 2 |=
∂x ∂y ∂z
∂f3 ∂f3 ∂f3
∂x ∂y ∂z

y2 2 xy 0
2
| −2 z 0 −4 xz |=−8x 2 y 3 z 2 +4 x 2 y 3 z 2 +8x 2 y 3 z 2 .=4 x 2 y 3 z 2 .
2 2
y z 2 xyz xy

7.2. O laplaciano

2 2 2
2 ∂ f1 ∂ f2 ∂ fn
∇ f= + +. ..+ ;
∂x 2 ∂x 2 ∂x 2
Chama-se laplaciano ou operador de Laplace ao operador: 1 2 n
2
portanto, ∇ =div ( gradf ) .

7.3. Função harmónica

2
Uma função diz-se harmónica num dado domínio se ela obedece a equação de Laplace ∇ f =0 .

y
Exemplo: Verifique se a função f (x , y )=e cos x é harmónica.

Resolução

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∂f ∂2 f ∂f ∂2 f
=−e y senx ; 2 =−e y cos x ; =e y cox ; =e y cos x .
∂x ∂x ∂y ∂ y2
∂2 f ∂2 f
∇ 2 f = 2 + 2 =−e y cos x+ e y cos x=0 .
∂x ∂ y

Logo f é harmónica.

TEREFAS
→ → → →
1. Dada a finção F ( x , y, z)=2z i +3 x j +5 y k
. Determine:
a) O divergente de F;
b) O rotacional de F.
2
2. Determine o gradiente de f (x , y , z)=z +6 xy +5 yxz.
→ → →
2
3. Encontre rot ( gradf ) , sabendo que f (x , y , z)=x yz i +zy j +xy k
.
2 2 2
f (x , y , z)=x + y −2 z
4. Mostre que a função é harmónica.

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2o ano/1o semestre
AULAS XIX, XX & XXI

8. TEMA: EXTREMOS DE FUNÇÕES DE DUAS VARIÁVEIS

Suponha que as segundas derivadas parciais de f sejam contínuas num disco com centro (a,b), e
suponha que f x ( a ,b )=0 e f y (a ,b)=0 .[ou seja, (a,b) é um ponto crítico de f]. Seja
Δ=f xx (a ,b )f yy (a , b )−[ f xy ( a ,b ) ] =r⋅t−s , onde r=f xx ( a ,b ) , t=f yy ( a , b ) e s=f xy ( a ,b )
2 2

a) Se Δ >0 e f xx (a , b )>0 , então f (a , b) é um mínimo local.


b) Se Δ >0 e f xx (a , b )<0 , então f (a ,b) é um máximo local.
c) Se Δ <0, f (a ,b) não é nem mínimo local nem máximo local, o ponto (a,b) é chamado
ponto de sela.

Obs.: Se Δ = 0, o teste não fornece informação: f pode ter um máximo local ou um mínimo
local em (a,b), ou (a,b) pode ser um ponto de sela de f.]

Exemplos:

Docente: Selimane João Braimo Page 33


1) Determine os valores de máximo e mínimo locais e os pontos de sela de
4 4
f (x , y )=x + y −4 xy +1 .
3 3
f x ( x , y ) =4 x −4 y, f y ( x , y ) =4 y −4 x

{ 4 x3 − 4 y = 0 ¿ ¿ ¿ ¿
2 2
r=f xx ( 0,0 )=12⋅0 =0 , t=f yy ( 0,0 ) =12⋅0 =0 , f xy ( 0,0 )=−4
2
Δ=r⋅t−s 2 ⇔ Δ=0⋅0−(−4 ) =−16≺0 logo (0,0) é um ponto de sela.
2 2
r=f xx ( 1,1 ) =12⋅1 =12 , t=f yy ( 1,1 )=12⋅1 =12 , f xy ( 1,1 )=−4
2
Δ=r⋅t−s 2 ⇔ Δ=12⋅12−(−4 ) =128≻0 . Como Δ≻0∧r≻0 , então o ponto (1,1) é de
4 4
mínimo, que é f ( 1,1 )=1 +1 −4⋅1⋅1+1=−1 .
2 2
r=f xx (−1 ,−1 )=12⋅(−1 ) =12 , t=f yy (− 1,−1 )=12⋅(−1 ) =12 , f xy (−1,−1 )=−4
2
Δ=r⋅t−s 2 ⇔ Δ=12⋅12−(−4 ) =128≻0 Como Δ≻0∧r≻0, então o ponto (-1,-1) é de
4 4
mínimo, que é f (−1 ,−1 ) =(−1) +(−1 ) −4⋅(−1 )⋅(−1)+1=−1.

2 2
2) f (x , y )=x + y −4 xy +1 .
f x ( x , y ) =2 x−4 y , f y ( x , y )=2 y−4 x

{ 2 x −4 y =0 ¿ ¿ ¿ ¿
r=f xx ( x , y )=2 ,t=f yy ( x , y )=2 , f xy ( x , y )=−4 Δ=r⋅t−s 2 ⇔ Δ=2⋅2−(−4 )2=−12≺0 logo
f (x , y )=x 2 + y 2−4 xy +1 não tem extremos.

8.1. Extremos condicionais

Em muitas aplicações práticas da maximização e da minimização, o problema consiste

Docente: Selimane João Braimo Page 34


em maximizar ou minimizar, uma dada função sujeita a certas condições laterais ou restrições
sobre as variáveis envolvidas.

8.2. Multiplicadores de Lagrange

Finalidade : achar um ponto estacionário de uma função f(x,y,z) Vínculo g(x,y,z) = 0


(condição)

Função F(x, y, z, λ ) = f(x, y, z) - λ.ϕ( x, y ,z ) . Pontos estacionários (x, y, z, λ )

Resolvemos o sistema de equações F x = F y = F z = F λ = 0

∂f ∂g
− λ . =0
∂x ∂x

∂f ∂g
−λ. =0
∂y ∂y
∂f ∂g
−λ . =0
∂z ∂z

g(x, y, z) = 0

Aplicação

Achar o maior volume de uma caixa retangular sem tampa, de lados x, y e z cuja superfície
total seja de 12 m2

Solução

S = 2xz + 2yz + xy = 12 Condição

f(x, y, z) = V(x, y,z) = x.y.z

g(x, y, z) =2xz + 2yz + xy -12 = 0

F = x.y.z - λ .(2xz + 2yz + xy –12)

y.z - λ .(2z + y) = 0 (1)

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x.z - λ .(2z + x) = 0 (2)

x.y - λ .(2x + 2y) = 0 (3)

2xz + 2yz + xy -12 = 0 (4)

Multiplicando a equação (1) por x; (2) por y e (3) por z

x.y.z = λ .(2zx + yx) (5)

x.y.z = λ .(2yz + yx) (6)

x.y.z = λ .(2xz + 2yz) (7)

de (5) e (6) x = y

de (6) e (7) y = 2z

Substituindo em g(x,y,z) = 0
2 2 2
4z + 4z + 4z = 12
2
12.z = 12

z = 1, y = 2, x = 2
3
V = 1.2.2 = 4m

TAREFAS
2 2
1) Determine os valores extremais de f (x , y )= y −x .

Docente: Selimane João Braimo Page 36


2) Determine os valores extremos da função f(x,y) = x2 + 2y2 no círculo x2 + y2 = 1.

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2o ano/1o semestre
AULAS XXII & XXIII

9. TEMA: FÓRMULA DE TAYLOR PARA FUNÇÕES DE DUAS VARIÁVEIS

Definição: Seja A ⊂IR 2 um conjunto aberto, ( x o , y o ) ∈ A . Consideremos uma função


em série de Taylor no ponto ( o o ) da seguinte forma:
f : A→ IR . Desenvolve-se a função f x ,y

Docente: Selimane João Braimo Page 37


∂f ∂f
f (x , y )=f ( x o , y o )+
( x o , y o )( x−x o )+ ( x o , y o )( y − y o )+
∂x ∂y

[ ]
2 2
1 ∂ f 2 ∂ f ∂2 f
x , y o )( y− y o )2 +.. .
∂ x ∂ y ( o o )( o )( o) 2( o
+ ( x , y )( x−x ) +2 x , y x−x y− y +
2 ! ∂ x2 o o o
∂y
n
1 ∂n f
+ ∑ n−i i ( x o , y o )( x−x o ) n−i⋅( y− y o )i .
n ! i=0 ∂ x ∂ y

Exemplo: Encontre o polinio de ordem 2 associado a função f (x , y )=xsen( y ), no ponto ( 0,0 ) .

Solução

Procedimentos:

1o calcular todas as derivadas parciais da função f até a segunda ordem no ponto ( 0,0 ) .

∂f ∂f ∂f ∂f ∂2 f ∂2 f ∂2 f ∂2 f ∂2 f
=seny; (0,0 )=0; =xcosy, (0,0)=0; 2 =0; 2 −xseny, 2 (0,0 )=0∧¿¿ =cosy, (0,0 )=1.
i)
∂x ∂x ∂y ∂x ∂x ∂y ∂y ∂x∂y ∂x∂y
2o usar a fórmula de Taylor para desenvolver a função.

∂f ∂f
f (x , y )=f ( 0,0 ) + ( 0,0) ( x−0 ) + (0,0) ( y−0 ) +
∂x ∂y

+
[
1 ∂2 f
2! ∂x 2
(0,0) ( x−0 ) 2
+2
∂2 f
∂x∂ y
(0,0 ) ( x−0 )( y −0 ) +
∂2 f
∂y 2
(0,0 )( y −0 )2
]
1
f (x , y )= ⋅2 ( xy )=xy .
2

TAREFA
y +x
Encontre o polinio de ordem 3 associado a função f (x , y )=e , no ponto ( 0,ln 2 ) .

Docente: Selimane João Braimo Page 38


10. BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. AZENHA, A., JERÓNIMO, M. A. Elementos de Cálculo Diferencial e Integral em


n
IR e IR . Editora McGraw Hill, Lisboa - Portugal, 1995.
2. BARANENKOV, G., DEMIDOVITCH, B.. Problemas e Exercícios de Análise

Matemática. 4ª Edição, Editora Mir, 1979.


n
3. BEIRÃO, J. C. R. Cálculo Integral em R . ISP, Maputo, Moçambique, 1992.
CHOQUETE, G. Topologia. Masson et Cie editeurs, Paris, 1971.
4. D’AMBRÓSIO, U. Métodos de Topologia. Editora da FURB, Brasil, 1994.

5. LIMA, E. L. Espaços métricos. Instituto de Matemática Pura e Aplicada, R.J., 1992.


6. MACHADO, A. Topologia. Universidade Aberta, Lisboa, 1995.

Docente: Selimane João Braimo Page 39


7. PETGEN at al. Fractals for the classroom. Springer-Verlag, New York, 1992.

8. PISKONOUV, K. Cálculo Diferencial e Integral. Editora MIR, Moscovo, 1979.


9.

9. REED, M. & SIMON, B. Functional Analysis. Academic Press, California, 1980.

10. STEWART, J. Cálculo Volume I e II. EditoraThomson, São Paulo - Brasil, 2006.

11. SAATY, T. L. & ALEXANDER, J. M. Thinking with models. Mathemtical models


in the Physical, Biological and Social sciences. Editora Perganon Press, 1981

Docente: Selimane João Braimo Page 40

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