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Licenciatura em Engenharias
Faculdade de Ciências
Departamento de Matemática e Informática
2 Derivadas parciais
Derivadas parciais de primeira ordem
Diferencial total da função
Aplicação do diferencial total
Motivação
1 Em Análise Matemática I, aprendemos funções com uma variável independente,
isto é, y = f (x), onde x é independente e y depedente;
2 Em Análise Matemática II, vamos estender o conhecimento para 2 ou mais
variáveis, isto é, z = f (x, y), w = f (x, y, z), . . . ,
por exemplo:
• a área de superfı́cie do corpo de uma pessoa depende do seu peso e altura;
• o custo de um determinado produto pode depender do custo de trabalho, preço dos
materiais e despesas gerais;
• o volume ocupado por um gás confinado é directamente proporcional à sua
temperatura e inversamente proporcional a sua pressão, etc.
Pergunta
No exemplo anterior, identifique as variáveis independentes e dependentes.
Definição
Seja D um conjunto de pares ordenados (x, y). A correspondência f a qual para cada par
(x, y) ∈ D atribui um e somente um valor z ∈ R chama-se função de duas variáveis
definida no conjunto D com imagem em R, isto é, f : D ⊂ R2 → R, com z = f (x, y)
onde x e y são variáveis independentes e z variável dependente.
O conjunto D chama-se domı́nio de definição, ao conjunto dos valores de z chamaremos
de conjunto das imagens ou contradomı́nio.
p
Figura: Domı́nio de z = 1 − x2 − y 2 .
x
Determine o domı́nio da função f (x, y) = arcsin .
y2
Resolução:
x x
A função f (x, y) = arcsin 2 está definida se y 6= 0 e −1 ≤ 2 ≤ 1, ou
y y
x ≤ −y 2
. Logo, o domı́nio é uma parte do plano que se situa entre as parábolas
x ≤ y2
2 2
y = x e y = −x, com excepção do ponto (0, 0).
Exemplo
x y
Esboce o gráfico da função f (x, y) = 3 1 − − , 0 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ 4 − 2x
2 4
x y
O gráfico tem a equação z = 3 1 − − ou seja 6x + 3y + 4z = 12 que representa
2 4
um plano.
Para representar o plano, primeiro achamos as intersecções com os eixos coordenados:
• Fazendo z = y = 0, obtém-se 6x = 12 ⇒ x = 2 → P (2, 0, 0);
• Fazendo x = z = 0, obtém-se 3y = 12 ⇒ y = 4 → Q(0, 4, 0);
• Fazendo z = y = 0, obtém-se 4z = 12 ⇒ z = 3 → R(0, 0, 3)
A seguir representamos os pontos P , Q e R no sistema tridimensional de coordenadas e
traçamos o triângulo determinado por estes pontos obtendo-se deste modo o traço do
plano na região 0 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ 4 − x.
Ck = {(x, y, k) ∈ R3 : (x, y) ∈ D}
Sk = {(x, y, z, k) ∈ R4 : (x, y, z) ∈ R}
Definição
Seja z = f (x, y) uma função definida numa certa vizinhança no ponto M0 (x0 , y0 ), com
excepção talvez do próprio ponto M0 (x0 , y0 ). Diremos que f (x, y) tende para L, quando
p ε > 0 existe um δ > 0 tal que todos x 6= x0 e
(x, y) tende para (x0 , y0 ), se para qualquer
y 6= y0 e que satisfazem a desigualdade (x − x0 )2 + (y − y0 )2 < δ cumpre-se a
desigualdade |f (x, y) − L| < ε.
e observando que
p p
|x − 2| = (x − 2)2 ≤
(x − 2)2 + (y − 1)2 < δ
p p
|y − 1| = (y − 1)2 ≤ (x − 2)2 + (y − 1)2 < δ
resulta que
|2(x − 2) + (y − 1)| ≤ 2|x − 2| + |y − 1| = 2δ + δ = 3δ.
ε
Portanto, ε ≤ 3δ, donde δ ≥ .
3
Limites iterados
A fim de que a função f (x, y) tenha limite no ponto (x0 , y0 ) é necessário, mas não
suficiente que os limites iterados
lim lim f (x, y) e lim lim f (x, y)
x→x0 y→y0 y→y0 x→x0
sejam iguais.
Em outras palavras, se
lim lim f (x, y) 6= lim lim f (x, y)
x→x0 y→y0 y→y0 x→x0
então f (x, y) não em limite no ponto (x0 , y0 ). A igualdade entre limites iterados,
contudo, não assegura a existência do limite de f (x, y) no ponto (x0 , y0 ).
2x2 − y 2 2x2
lim lim = lim lim
x→0 y→0 x2 + 3y 2 x→0 y→0 x2
= lim (2)
x→0
=2
2x2 − y 2 −y 2
lim lim = lim lim
y→0 x→0 x2 + 3y 2 y→0 x→0 3y 2
= lim (−1/3)
y→0
1
=−
3
onde resulta que o limite não existe.
Esta regra é usada apenas para mostrar que o limite não existe e o procedimento é exibir
dois caminhos (curvas) nos quais os limites são distintos.
Exemplo
x2 (y − 1)
Investigar a existência ou não do limite da função f (x, y) = , no ponto
x4+ (y − 1)2
(0, 1).
x2 (y − 1)
Resolução: Se na expressão substituirmos x por 0 e y por 1, chegaremos
+ (y − 1)2
x4
à forma indeterminada. Investigaremos o limite no ponto P0 (0, 1), o qual deve ser ponto
que satisfaça os dois caminhos.
Sejam as rectas γ1 : y − 1 = mx, m ∈ R e a parábola γ2 : y − 1 = x2 , teremos
x2 (y − 1) mx3
γ1 : lim f (x, y) = lim = lim 4 =0
(x,y)→(0,1) (x,y)→(0,1+mx) x4 + (y − 1) 2 x→0 x + m2 x2
x2 (y − 1) x4 1
γ2 : lim f (x, y) = lim = lim 4 =
(x,y)→(0,1) (x,y)→(0,x2 ) x4 + (y − 1) 2 x→0 x + x4 2
Observamos que o limite é zero ao longo de uma infinidade de rectas e, ainda assim, o
1
limite não existe, porque ao longo da parábola γ2 o valor do limite é .
2
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EXERCÍCIO 2
x2 − y 2
Calcule lim .
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
Resolução:
Vamos aproximar-nos do ponto (0, 0) pela recta y = kx, onde k é um número real.
Então,
x2 − y 2 x2 − k2 x2
lim = lim 2
(x,y)→(0,0) x2 + y 2 x→0 x + k 2 x2
1 − k2
= lim
x→0 1 + k 2
1 − k2
= .
1 + k2
x2 − y 2
A função z = não possui limite no ponto (0, 0), pois para diferentes valores de k
x2 + y 2
o limite da função não é o mesmo.
x2 − y 2
Portanto, lim não existe.
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
Certos
limites na origem podem ser calculados com auxı́lio das coordenadas polares
x = r cos(θ) p
, onde 0 ≤ θ ≤ 2π. Como r = x2 + y 2 , segue que (x, y) → (0, 0)
y = r sin(θ)
se, e só se, r → 0 e, assim, se o valor do limite, com r → 0, não depender da direcção θ,
esse será o valor do limite original, com (x, y) → (0, 0).
Exemplo
3x2 y
Usando coordenadas polares, mostre que lim
= 0.
(x,y)→(0,0) x2
+ y2
Resolução: Efectuando a mudança para coordenadas polares, obtemos
é independente da direcção θ.
Definição
A função z = f (x, y) é contı́nua no ponto (x0 , y0 ) se:
1 Está definida neste ponto e numa certa vizinhança deste ponto;
2 Possui limite lim f (x, y);
(x,y)→(x0 ,y0 )
Os pontos onde se viola a continuidade, isto é, não se cumpre pelo menos uma das três
condições de continuidade no ponto chama-se ponto de descontinuidade desta função.
Os pontos de descontinuidade da função z = f (x, y) podem formar linhas de
2
descontinuidade. Por exemplo, a função z = possui a linha de descontinuidade que
x−y
é a primeira bissectriz y = x.
Resolução:
No conjunto R2 \ {(0, 0)}, isto é, nos pontos (x, y) 6= (0, 0) a função é contı́nua, porque
é uma função racional com denominador diferente de zero.
Por outra lado, de acordo com a resolução do exemplo acima, que
lim f (x, y) = 0 = f (0, 0) e, portanto, f é contı́nua, também em (0, 0).
(x,y)→(0,0)
O conjunto de continuidade de f é o plano R2 .
p xy
, se (x, y) 6= (0, 0)
f (x, y) = x2 + y 2 .
1, se (x, y) = (0, 0)
Resolução:
SOLUÇÃO DO EXERCÍCIO 3:
A única descontinuidade f ocorre em (0, 0). Defacto, lim f (x, y) = 0 e como
(x,y)→(0,0)
f (0, 0) = 1, então (0, 0) é uma descontinuidade removı́vel de f.
Definição
Se z = f (x, y), supondo por exemplo, y inalterável ou constante, obteremos a derivada
∂z f (x + ∆x, y) − f (x, y)
= lim = fx (x, y)
∂x ∆x→0 ∆x
que recebe o nome de derivada parcial da função z em relação á variável x.
É evidente que para achar as derivadas parciais podem utilizar-se as fórmulas ordinárias
de derivação.
∂z ∂f
Notação: zx (P0 ), fx (P0 ), (P0 ) ou (P0 ), representam a derivada parcial de
∂x ∂x
primeira ordem em relação a variável x, no ponto P0 (x0 , y0 ).
0 0
∂z 1 x 1 1 x 1 1 1 2
= x tan = x · x · = · x · x =
∂x tan y
y tan y
cos2 y
y y tan y
cos2 y y sin 2 xy
0
fx = 3x2 + 5xy − 4y 2 x
= 6x + 5y
0
fy = 3x2 + 5xy − 4y 2 y
= 5x − 8y.
Portanto,
fx (1, 3) = 6 · 1 + 5 · 3 = 21 e fy (1, 3) = 5 · 1 − 8 · 3 = −19.
Definição
Chama-se acréscimo total da função z = f (x, y) à diferença
p
Achar a diferencial total da função z = x2 + y 2 .
Resolução:
∂z ∂z
Apartir da definição do diferencial da função z = f (x, y), isto é, dz =
dx + dy,
∂x ∂y
segue que, para valores suficientemente pequenos de ∆x e ∆y tem lugar a aproximação
∆z ≈ dz, por conseguinte, ∆x = dx, ∆y = dy.
Sabendo que, o acréscimo total
então
∂f ∂f
f (x + ∆x, y + ∆y) ≈ f (x, y) + ∆x + ∆y. (1)
∂x ∂y
Esta fórmula (1), aplica-se quando se pretende fazer o cálculo aproximado.
Muito Obrigado!!!
Previna-se da Covid-19.1
1
Fica em casa, lave frequentemente as mãos.
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