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Dinis Carlitos Carlos

Correntes Teóricas da Antropologia

(Licenciatura em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário)

Instituto Superior dos Transportes, Turismo e Comunicações


Nacala-Porto
2023
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Dinis Carlitos Carlos

Correntes Teóricas da Antropologia

Trabalho de carácter avaliativo na cadeira de


Antropologia Cultural de Moçambique, 2º ano,
leccionada pelo docente:

Dr. Luís Pereira

Instituto Superior dos Transportes, Turismo e Comunicações


Nacala-Porto
2023
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Índice

Introdução..................................................................................................................................4

Correntes Teóricas da Antropologia..........................................................................................5

1.Conceito de Antropologia.......................................................................................................5

1.1.Principais Correntes da Antropologia..................................................................................5

1.1.1.Estruturalismo...................................................................................................................5

1.1.1.1.Origem do Estruturalismo..............................................................................................6

1.1.1.2.Método Estruturalista.....................................................................................................6

1.1.1.3.Características do Estruturalismo...................................................................................7

1.1.2.Evolucionismo...................................................................................................................7

1.1.2.1.Características do Evolucionismo..................................................................................7

1.1.2.2.Teoria Evolucionista......................................................................................................8

1.1.3.Culturalismo......................................................................................................................9

1.1.3.1.Características do Culturalismo.....................................................................................9

1.1.4.Difusionismo...................................................................................................................10

1.1.4.1.Escolas do Difusionismo..............................................................................................10

1.1.5.Funcionalismo.................................................................................................................11

1.1.5.1.Características do Funcionalismo................................................................................11

Conclusão.................................................................................................................................13

Referencias Bibliográficas.......................................................................................................14
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Introdução

O trabalho debruça acerca das correntes teóricas da Antropologia. Espera-se que a


experiência decorrente da aplicação desse trabalho possa promover importantes ajustes ao
longo do tempo, sobretudo, na necessidade de introdução de métodos e procedimentos que
sejam determinantes para a modernização. O presente trabalho tem como objectivo geral de
estudar as correntes teóricas da antropologia. E tem os seguintes objectivos específicos:
Conceituar a Antropologia, Identificar as correntes teóricas da antropologia e Descrever as
características das correntes teóricas da antropologia.

Para a concretização do trabalho baseou-se em algumas fontes bibliográficas, electrónicas. O


trabalho apresenta a seguinte estrutura: elementos pré-textuais, textuais e os elementos pós-
textuais.
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Correntes Teóricas da Antropologia

1. Conceito de Antropologia

Tomás (1997), define antropologia como sendo

Uma área de estudos das ciências humanas que pretende investigar as origens e as
características do ser humano da maneira mais ampla possível. A antropologia, sendo
a ciência da humanidade e da cultura, tem um campo de investigação extremamente
vasto: abrange, no espaço, toda a terra habitada; no tempo, pelo menos dois milhões
de anos e todas as populações socialmente e devidamente organizadas.

Conforme Santos (2002),

Antropologia é uma ciência que se dedica ao estudo do ser humano em sua


totalidade. O ser humano é compreendido pela antropologia em sua dimensão
biológica, cultural e social, simultaneamente. Os estudos antropológicos têm
o objectivo de entender como os povos viveram até chegar no modo de hoje, como
os seres humanos formaram-se e como a cultura foi desenvolvida.

A antropologia é uma ciência que estuda o ser humano de modo amplo, investigando sua
origem e vivência em determinado contexto. Seus objectos de estudo são: cultura, língua,
objectos, parentesco, dentre outros.

1.1. Principais Correntes da Antropologia


1.1.1. Estruturalismo

Segundo Tomás (1997), O estruturalismo é uma corrente de pensamento que busca identificar
as estruturas que sustentam todas as coisas. De acordo com a teoria, os fenómenos da vida
podem ser identificados através de suas inter-relações. Ou seja, através da análise de partes,
avalia-se um todo. Partindo desse pressuposto, o estruturalismo foi aplicado para entender o
intelecto humano, suas ideias, sua linguagem e a estrutura geral da sociedade.

Para Mello (2003, p.118), o estruturalismo é um mecanismo de análise que surgiu na


psicologia e acabou influenciando outras áreas, como a sociologia, linguística, filosofia e
antropologia. O método, que ganhou força entre os intelectuais, explica como uma estrutura
geral se repete em todos os níveis ou em todas as suas partes.
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O estruturalismo, apesar de ser tomado como uma corrente de pensamento, é um modo


ou método de análise das ciências humanas que teve sua origem na psicologia e perpassou a
linguística, a sociologia, a antropologia e a filosofia no século XX, ganhando destaque entre
intelectuais franceses.

1.1.1.1. Origem do Estruturalismo

Conforme Tomás (1997, p.155),

O principal estudioso do funcionalismo na antropologia foi Claude Lévi-Strauss. O


antropólogo apontou que as estruturas culturais são produtos da mente humana. Os
antropólogos que integram a Escola Estruturalista buscam identificar as regras
estruturantes da cultura que estão presentes na mente humana. Seus estudos se atêm à
construção dos significados dentro de uma cultura, um processo que envolve inter-
relações entre diferentes elementos ligados à linguagem, sistemas de signos e ao
imaginário dos indivíduos.

O estruturalismo na antropologia demonstrou que as sociedades consideradas primitivas não


representavam uma etapa atrasada na história da humanidade. Esse era o produto do
pensamento positivista. Na antropologia, o estruturalismo permitiu relativizar o pensamento e
entender que a maneira de organização das sociedades depende das estruturas culturais.

1.1.1.2. Método Estruturalista

De acordo com Mello (2003, p.127), o método estruturalista é a análise da realidade social
baseado na construção de modelos que expliquem como se dão as relações a partir do que
chamam de estruturas. A estrutura é um sistema abstracto em que os fatos não são isolados e
dependem entre si para determinar o todo.

São elementos inter-relacionados em que se percebe a força da estrutura e se vê que nem todo
o fato pode ser entendido pelo que está à mostra, que existem elementos implícitos. Com isto,
o estruturalismo acredita que os acontecimentos estão sempre relacionados, não existindo
fatos isolados (Santos, 2002).

O estruturalismo é uma abordagem de pensamento compartilhada pela psicologia, filosofia,


antropologia, sociologia e linguística que vê a sociedade e sua cultura formadas por
estruturas sob as quais baseamos nossos costumes, língua, comportamento, economia, entre
outros factores.
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1.1.1.3. Características do Estruturalismo

Conforme Mello (2003, p.132), as principais características do estruturalismo são:

 Ruptura intelectual com o tradicionalismo.


 Metodologia que visa compreender os elementos culturais, através de suas relações
com um sistema abrangente.
 Busca da identificação das estruturas que mantém os diversos aspectos da vida dos
seres humanos (religiosidade, crenças, comportamentos, sentimentos, manifestações
culturais, etc.).
 Entendimento de que o significado é produzido e reproduzido no interior de uma
cultura através de várias práticas, fenómenos, acções sociais e atividades que
funcionam como sistemas de significação.

1.1.2. Evolucionismo

Segundo Colleyn (2005, p.152),

Evolucionismo é uma teoria que defende o processo de evolução das espécies de


seres vivos, através de modificações lentas e progressivas consoantes ao ambiente em
que habitam. Evolucionismo refere-se às teorias antropológicas e económicas de
desenvolvimento social segundo as quais acredita-se que as sociedades têm início em
um estado primitivo e gradualmente tornam-se mais civilizadas com o passar do
tempo.

Conforme Mello (2003, p.83), evolucionismo é uma teoria elaborada e desenvolvida por
diversos cientistas para explicar as alterações sofridas pelas diversas espécies de seres vivos
ao longo do tempo, em sua relação com o meio ambiente onde elas habitam.

O evolucionismo é um pensamento que visou refutar cientificamente o criacionismo, a ideia


tradicional de que os seres vivos foram criados por Deus e não sofrem mudança ou evolução.

1.1.2.1. Características do Evolucionismo

Os pensadores que contribuíram para a Escola Evolucionista, de modo geral, defendiam uma
espécie de evolucionismo das sociedades humanas. Segundo essa lógica, as sociedades ditas
primitivas poderiam se tornar civilizadas.
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Para Mello (2003, p.87), as principais características do evolucionismo resumem-se em:

 Vastidão do objecto: O objecto do evolucionismo é tão vasto que se confunde com o


da Antropologia no geral, pois, abrange a cultura como um todo ligado à espécie
humana. O evolucionismo não trata sobre manifestações culturais de um povo
particular, mas diz respeito à cultura como um património comum a toda a
humanidade, procurando explicar os aspectos culturais comuns aos povos.
 Factor tempo: O evolucionismo levou em consideração o factor cronológico, tendo
criado uma temporização nova designada “tempo cultural” por meio do qual são
caracterizados os estádios de cultura vividos pelos povos, daí resulta a utilização do
conceito “paralelismo cultural” que assenta no pressuposto de que tanto os povos
primitivos como os civilizados têm uma origem cultural simultânea, diferindo no
facto de os povos primitivos terem-se retardo na evolução cultural devido ao facto de
se terem apegado aos valores e tradições do passado.
 Uso do método comparativo: O evolucionismo faz interpretações das instituições
do passado através da reconstrução do próprio passado, por intermédio do método
comparativo, explicando o desconhecido por aquilo que se conhece.
 Introdução de novos temas e conceitos: Os principais temas abordados pelo
evolucionismo são a religião e a família e em qualquer destes temas a preocupação é
explicar que a cultura obedece a uma evolução universal, isto é, que a cultura surgiu
simultaneamente em todas as partes.

1.1.2.2. Teoria Evolucionista

Segundo Colleyn (2005, p.158),

A teoria evolucionista é fruto de um conjunto de pesquisas, ainda em


desenvolvimento, iniciadas pelo legado deixado pelo cientista inglês Charles Darwin.
O evolucionismo tenta formalizar o pensamento social com os pensamentos
científicos conforme a teoria da evolução, isso pareceu razoável, marcando o início
do antropologismo, abandonando completamente as ideias impostas pela igreja.

Conforme Santos (2002), esse tipo de pensamento evolucionista ia contra alguns pensadores
que fizeram várias críticas, entre elas está: a teoria é etnocentrista, estudava culturas já em
desenvolvimento, igualava as culturas com culturas materiais, igualava a evolução com o
progresso e adaptação, era constantemente confrontada por evidências.
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A partir daí, conclui-se que as características biológicas dos seres vivos passam por um
processo dinâmico onde factores de ordem natural seriam responsáveis por modificar os
organismos vivos.

1.1.3. Culturalismo

Para Mello (2003, p.122), culturalismo é um termo usado em estudos culturais que define a
importância da vida humana diária no seu tempo e espaço próprios. Culturalismo é a corrente
que defende a importância central da cultura como uma força organizadora nos assuntos
humanos.

De acordo com Colleyn (2005, p.176),

Pode-se dizer também que o culturalismo è a postura da vertente da psicologia e das


ciências sociais em geral que destaca o papel da cultura na explicação dos fenómenos
psicológicos individuais e dos fenómenos colectivos. No campo da psicologia, o
culturalismo atribui à cultura o papel determinante no desenvolvimento do carácter e
da personalidade.

Culturalismo é um ramo da antropologia nascido nos Estados Unidos entre as décadas de


1930 a 1950 sob o estímulo principal de Ruth Benedict e Ralph Linton que estudavam a
descrição da sociedade sob a perspectiva combinada da antropologia e da psicanálise.

1.1.3.1. Características do Culturalismo

Os principais conceitos do culturalismo são os de padrão de cultura e de personalidade de


base. Os adeptos do culturalismo defendem que as formas e orientações culturais são relativas
inclusive em áreas consideradas como mais naturais como a educação na primeira infância, as
relações entre sexos, entre outras.

Para Colleyn (2005, p.177),

O ser humano é movido a grandes descobertas, mas não só as invenções tecnológicas


ocupam a sabedoria do homem, que também se aplica aos estudos da humanidade e
de si próprio como um todo, tema de conhecimento da Antropologia. Esta ciência
está dividida em duas vertentes a Antropologia Biológica e a Antropologia Cultural,
cada uma defende teses e conhecimentos de maneira diferenciada, focando um
aspecto de ser e viver do ser humano, de acordo com o tempo, a vida em sociedade e
a cultura.
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O estudo do culturalismo na Antropologia é feito a partir da diversidade cultural dos povos e


culturas, de seu modo de ver a vida, de suas religiões e sua maneira particular de cultuar seu
Deus ou seus deuses, da interacção que uma religião ou um povo tem para com outro, seus
saberes, suas descobertas, suas danças, suas músicas, enfim, tudo o que o ser humano vive e
faz interessa à Antropologia (Santos, 2002).

1.1.4. Difusionismo

De acordo com Presotto (2006),

O difusionimo é uma corrente antropológica que, na teoria da evolução das


sociedades, coloca a tónica no fenómeno da difusão, um processo pelo qual os
elementos culturais são adoptados e se expandem para além da sua área cultural de
origem. Assim, e de acordo com o difusionismo, a mudança sociocultural processa-se
essencialmente através de contactos entre culturas, e a humanidade evolui mais por
imitações e transmissões de diverso tipo, do que por invenções.

O difusionismo, também conhecido por historicismo, opunha-se à corrente evolucionista


partindo da ideia segundo a qual, na história da humanidade, as verdadeiras inovações são em
número reduzido e propagam-se a partir de centros culturais, ou seja, sustenta que as
inovações são iniciadas numa cultura específica, para só então serem difundidas de várias
maneiras a partir desse ponto inicial (Colleyn, 2005).

O difusionismo foi uma abordagem diacrónica para explicar a diversidade da cultura. Os


dados sobre as diferenças entre os povos acumulados exponencialmente desde as grandes
navegações não possuíam coerência.

1.1.4.1. Escolas do Difusionismo

Para Presotto (2006, p.186), há historicamente três linhas de pensamento difusionista:

a) Escola Inglesa: Defende a difusão como sendo a única causa da expansão e dinâmica
cultural, nega a teoria do paralelismo cultual exposta pelo evolucionismo e considera
a existência apenas de um centro cultural (difusão heliocêntrica), desde o qual todos
os traços culturais foram difundidos.
b) Escola Alemã: Os seus fundadores defenderam a teoria dos círculos culturais de
difusão que surgiram em determinados espaços e épocas e daí se difundiram. Estes
teóricos acreditavam que o progresso da difusão seria a via mais eficiente para o
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avanço da civilização e advogavam a necessidade de fortalecer os contactos dos povos


menos civilizados com os círculos culturais.
c) Escola Americana: A cultura é tão complexa que não permite um levantamento
histórico de carácter universal. A antropologia deve centrar os seus estudos em
pequenas comunidades culturais, nomeadamente clãs, tribos, castas e outras formas
primitivas de organização social.

1.1.5. Funcionalismo

O funcionalismo é um ramo da antropologia e das ciências sociais que procura explicar


aspectos da sociedade em termos de funções. Para ele, cada instituição exerce uma função
específica na sociedade e o seu mau funcionamento significa um desregramento da própria
sociedade (Presotto, 2006).

Segundo Tomás (1997, p.141), funcionalismo é uma estrutura que visa construir uma teoria
que considera a sociedade como um sistema complexo cujas partes trabalham juntas para
promover a solidariedade e a estabilidade.

Trata-se de compreender como funciona uma sociedade. Para isso, o conhecimento da sua
história pode ser útil, mas não necessário. Para se compreender como funciona uma língua,
estuda-se a gramática, a fonética, a fonologia, etc.

1.1.5.1. Características do Funcionalismo

Para Tomás (1997, p.144), há um conjunto de elementos que caracterizam o funcionalismo:

 O Pessoal: Pois toda a instituição funciona graças aos indivíduos que a compõem
cada um dos quais realizando uma função determinada.
 O Estatuto: É para o autor a posição que cada indivíduo ocupará na instituição e em
função da qual espera um certo reconhecimento por parte dos outros integrantes da
instituição.
 A Função: É justamente o papel que cada indivíduo irá desempenhar na instituição,
isto é, o conjunto de expectativas que os membros da instituição têm para com cada
um dos seus membros.
 As normas e sanções: Qualquer instituição só cumpre os propósitos para os quais foi
criada se cada membro do grupo cumprir as suas funções, isto é, se obedecer as
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normas da instituição. Observa ainda que fazer cumprir essas funções, o grupo institui
um conjunto de sanções ou de recompensas que orientam as actuações dos seus
membros.
 A satisfação de necessidades: Qualquer instituição só cumpre os propósitos para os
quais foi criada se cada membro do grupo cumprir as suas funções, isto é, se obedecer
as normas da instituição. Observa ainda que para fazer cumprir essas funções, o grupo
institui um conjunto de sanções ou de recompensas que orientam as actuações dos
seus membros.
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Conclusão

Conclui-se que a antropologia é uma ciência que estuda o ser humano de modo amplo,
investigando sua origem e vivência em determinado contexto. Seus objectos de estudo são:
cultura, língua, objectos, parentesco, dentre outros. Os estudos antropológicos têm
o objectivo de entender como os povos viveram até chegar no modo de hoje, como os seres
humanos formaram-se e como a cultura foi desenvolvida. O estruturalismo é um mecanismo
de análise que surgiu na psicologia e acabou influenciando outras áreas, como a sociologia,
linguística, filosofia e antropologia. Evolucionismo é uma teoria que defende o processo de
evolução das espécies de seres vivos. Conclui-se ainda que culturalismo é a corrente que
defende a importância central da cultura como uma força organizadora nos assuntos
humanos. O difusionimo é uma corrente antropológica que, na teoria da evolução das
sociedades, coloca a tónica no fenómeno da difusão, um processo pelo qual os elementos
culturais são adoptados e se expandem para além da sua área cultural de origem.
O funcionalismo é um ramo da antropologia e das ciências sociais que procura explicar
aspectos da sociedade em termos de funções.
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Referencias Bibliográficas

Colleyn, Jean (2005). Elementos de Antropologia Social e Cultural. Edições 70, Lisboa.

Mello, Luiz (2003). Antropologia Cultural. São Paulo: Ícone.

Presotto, Zélia Maria (2006). Antropologia: Uma Introdução. 6ª Ed. São Paulo: Atlas.

Santos, A. (2002). Antropologia Geral: Etnografia, Etnologia, Antropologia Social.


Universidade Aberta. Porto.

Tomás, Adelino (1997). Manual de Antropologia Sociocultural. Universidade Pedagógica


Sagrada Família. São Paulo: Cultrix.

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