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Curso PSICOLOGIA

Disciplina ANTROPOLOGIA
Nº da Aula Aula 2 semipresencial
Prof. Conteudista Prof. Dr. Antonio Walter Ribeiro de Barros Junior

Título da Aula
Os elementos constitutivos do pensamento Antropológico: estudo dos
princípios básicos, objetivos e métodos da abordagem antropológica.

Texto da aula (fonte Times New Roman – tamanho 12 e títulos 14), espaçamento

Prezados Estudantes,
Nesta aula continuaremos a conceituação de ANTROPOLOGIA a partir do estudo dos
princípios básicos, objetivos e métodos da abordagem antropológica.
Após uma reflexão sobre o texto da aula passada e as atividades complementares
sugeridas, podemos relembrar que a Antropologia é uma ciência específica por adotar
métodos e procedimentos próprios, objetivos claros e uma sistematicidade singular. Não há
um conceito único e definitivo sobre o que é a antropologia. Segundo Marconi & Presotto
(2007), a Antropologia seria uma ciência do biológico e do cultural, tendo como objeto de
estudo, o homem e suas obras.
Podemos afirmar , ainda, que a Antropologia é a ciência do homem. Contudo esta é
uma definição demasiadamente ampla e simplória que pode nos fazer perder o sentido real do
que vem a ser esta ciência. Podemos começar pela definição etimológica da palavra
“antropologia” (que deriva de duas palavras gregas, anthropos, que quer dizer “homem”, e
logos, que quer dizer “estudo ordenado”).
Saiba Mais:
As origens da Antropologia remontam à Grécia Antiga. Neste sentido, inúmeros
filósofos gregos realizaram reflexões sobre as sociedades, o homem e o seu
comportamento social. Na Antiguidade Clássica podemos destacar o pensamento do
grego Heródoto (484 -425 a.C) que é considerado o pai da História e da Antropologia.
No entanto, foi somente com o Movimento Iluminista no século XVIII que a
Antropologia se desenvolveu como ciência social, através do aprimoramento de
métodos e classificações para a raça humana. Neste período, o relato de viajantes,
missionários e comerciantes sobre os hábitos dos nativos das novas terras descobertas
e os debates sobre a condição humana, foram muito importantes para o
desenvolvimento dos estudos antropológicos.

Contudo, isso não é suficiente para entendermos o que é a Antropologia como ciência
hoje. Por meio de uma abordagem social, busca conhecer o homem como grupo social e seus
aspectos organizacionais. Por meio de uma abordagem humana, também procura conhecer as
expressões humanas no planeta, sua história, crenças, costumes, arte, manifestações políticas e
culturais, entre outras. Por fim, por uma abordagem natural, procura conhecer o
desenvolvimento e a adaptação do homem no planeta.
Hoebel e Frost (1981), por sua vez, definem a Antropologia como “a ciência da
humanidade e da cultura. Como tal, é uma ciência social e comportamental (...). “No empenho
do antropólogo de sentir e comunicar o modo de viver total de povos específi-cos, é também
uma disciplina humanística.”
Deste modo, podemos pensar a Antropologia como uma ciência preocupada com o
estudo do humano em uma dimensão bio-sócio-existencial. Por isso a Antropologia procura
desvelar o humano:
- Como ser gregário, membro de uma sociedade, ora vendo-o sob uma perspectiva
histórica, ora sob uma perspectiva estrutural, ora filosófica;
- Como ser composto de várias dimensões, dentre as quais se destacam: a biológica, a
psicológica e a social/cultural.
Assim, cabe à Antropologia fazer uma análise a mais ampla possível de todas as
manifestações ou fenômenos mais significativos ligados à expressão humana, na expectativa
de obter respostas satisfatórias para o mistério: “Quem” ou “o que” é o homem?
A partir deste questionamento, podemos começar a desvendar alguns enigmas sobre
nós, seres humanos.
Continuando nosso estudo, definiremos e exemplificaremos, a seguir, os elementos
constitutivos do pensamento antropológico1, seus objetivos, métodos e técnicas.

1
Op. Cit. Pag. 26 a 29.
O Discóbolo (do grego Δισκοβόλος, Diskobólos, lançador de disco) é uma estátua
do escultor grego Míron, que representa um atleta momentos antes de lançar um
disco. Através do estudo do homem, os gregos desenvolveram uma que voltava-se
para o gozo da vida presente. Assim, contemplando a natureza, o artista se
empolga pela vida e tenta, através da arte, exprimir suas manifestaçõescriando
uma arte que buscava a perfeição, de elaboração intelectual, em que predominam
o ritmo, o equilíbrio, a harmonia ideal. Cópia Townley em mármore do Museu
Britânico, Londres – 2004 (Foto do Autor)
1. Os Elementos Constitutivos do Pensamento Antropológico
1.1 Estrutura da Antropologia
Como já destacamos, a Antropologia é uma ciência e, como tal, se caracteriza por seu
rigor, profundidade, métodos e técnicas, que vamos explicitar um pouco para melhor
entendermos a abrangência, seriedade e importância desta ciência.
A divisão que apresentaremos a seguir, em essência, é a mesma apresentada por
diversos autores e, de modo particular, por Marconi & Pressoto (2007), a qual se mostra
razoavelmente apropriada para esta introdução.

1.1.1 Objeto de Estudo


O objeto de estudo é o ser humano, no tempo e no espaço, bem como suas
manifestações, da dimensão fisiológica às manifestações materiais, caracterizadas por sua
complexidade e diversidade.
1.1.2 Objetivo do Estudo
Procurar compreender sistematicamente todo o processo que nos fez ser o que somos
hoje (Homo sapiens sapiens), utilizando para isso meios científicos, na tentativa de desvelar
erros do passado e propor uma consciência social menos preconceituosa para a humanidade.
Desta forma, o antropólogo tem condições de trazer um pouco mais de luz para responder ao
questionamento: O que somos nós e quem somos nós.
1.1.3 Métodos da Antropologia
A palavra grega que designa “método” é hadós, que significa “via, caminho”. Um
método, portanto, constitui-se como um meio de investigação profunda para se alcançar um
fim determinado. Todo método é composto de procedimentos que possibilitam elucidar uma
realidade com maior rigor, valendo-se de técnicas específicas.
Há inúmeros caminhos que podemos trilhar para compreender o homem. A
Antropologia constitui um deles. Ela procura investigar a realidade humana de modo
metódico. Todo método científico é composto por um conjunto de regras e de procedimentos
cuidadosos que visa, num primeiro momento, o levantamento de dados.
Para atingir seus fins, a Antropologia pode lançar mão de distintos métodos e técnicas,
como por exemplo:
- Método Histórico – Análise histórica do passado humano, de sua cultura e
manifestações;
- Método Estatístico – Análise da variação de dados quantitativos (nascimento, morte,
casamento, tipo de trabalho, etc.) e a comparação destes dados.
- Método Etnográfico – Análise descritiva das sociedades, principalmente das ágrafas
(sem escrita)
- Método Etnológico – Análise comparativa dos diferentes dados coletados (fósseis,
artefatos, costumes, estilos de vida, dentre outros.)
- Método Monográfico (Estudo de Caso) – Análise profunda de um determinado grupo
ou caso, sob todos os aspectos.
- Método Genealógico – Análise das estruturas de parentesco e suas implicações
sociais.
- Método Funcionalista – Análise das funções estruturais de um determinado grupo
(coletores, caçadores, artesãos, líderes, etc.)
1.1.4 Técnicas
Para atingirmos plenamente os objetivos propostos em cada método, o antropólogo
utiliza-se de técnicas que permitem, de maneira singular e específica, o estudo e a pesquisa do
homem e de sua cultura. Para cada método há técnicas e procedimentos próprios. Vamos
destacar algumas das principais, lembrando que novas técnicas podem surgir, na medida em
que avança o desenvolvimento tecnológico e intelectual humano.
Quando se trata de estudar os fósseis (restos humanos e/ou artefatos), a principal
técnica usada é a de datação radiométrica. Vejamos algumas modalidades:
 Carbono catorze – C14 – mede de 200 a 40 mil anos
 Potássio/argônio – KA – para idades compreendidas entre 1 e 3 milhões de anos
 Flúor – F – para fósseis achados em água (conchas e dentes)
 Urânio – U – para calcular tempo geológico
Por meio de aparelhos especiais (espectrofotômetro, radiômetro, contador geiger, etc.)
pode-se medir a quantidade de radiação emitida pelo fóssil e assim, comparando-o com a
quantidade emitida por seres vivos da atualidade, calcular a idade aproximada do fóssil.
Contudo, observe agora que há outras técnicas quando lidamos com a Antropologia
Cultural:
 observação sistemática – direta/indireta;
 entrevista;
 formulário;
 questionário.
Observação sistemática – Técnica bastante comum, usada na coleta de dados por meio da
verificação dos fenômenos apresentados pela comunidade. Pode ser “sistemática direta”,
quando os fatos são observados pessoalmente, no local da investigação; ou “indireta”, quando
a observação é relatada por algum membro da comunidade, sem a presença do investigador.
Entrevista – Técnica do contato face a face entre pesquisador e entrevistado, por meio do
diálogo ou do preenchimento do formulário, a fim de se obter os dados necessários a sua
pesquisa.
Formulário – É a técnica do preenchimento de um formulário de perguntas, que em geral se
caracteriza pelo padrão de perguntas fechadas e modelos.
Questionário – Técnica semelhante ao formulário, mas que tem como característica básica,
questões abertas, nas quais o pesquisado pode se expressar mais livremente.
Interativa – Técnica na qual o pesquisador intervém diretamente na vida cotidiana do grupo,
obtendo dados e marcando sua presença diferenciada entre os demais membros do grupo,
procurando compreender as relações internas do grupo e sua cultura.

Reflita:
Caro Estudante, após o estudo do capítulo, quais relações você poderia estabelecer
entre a Antropologia e a sua área de atuação profissional?

Segundo o texto que acabou de ler, quais são os aspectos e objetivos mais relevantes da
Antropologia?

Pesquise qual seria um bom significado da palavra “cultura” em seu sentido


antropológico.

Referências Bibliográficas:

BARROS, Antonio W R. et. Al. Antropologia: uma reflexão sobre o homem. 1ªed. Bauru:
EDUSC, 2011.

HOEBEL, E. Adamson e FROST, Everett L. Antropologia Cultural e Social. São Paulo:


Cultrix, 1981.

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