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Reunião de coordenadores(as) das escolas

de Educação Infantil

SE/SSAPE/DEI/SEPUB

Data: 12/04/2022 (terça-feira)


Manhã: 08:00 horas
Tarde: 14:00 horas
Leitura compartilhada
Alfabetização, Letramento,
Práticas de Leitura e Escrita: afinal, o
que compete à Educação Infantil?
Consensos formulados
ao longo de algumas
décadas de estudo e
discussão no campo da
Educação Infantil...
Primeiro consenso: a pré-escola não é uma escola de
Ensino Fundamental adaptada para crianças menores

Na Educação Infantil é preciso considerar, dentre outros aspectos:


• Reconhecimento das especificidades dos sujeitos (bebês e crianças);
• Aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivo/linguísticos e sociais das crianças
de zero a seis anos;
• Organização dos tempos e espaços em uma escola voltada para crianças;
• Projeto curricular diferenciado que que considere os saberes e as experiências das
crianças e bebês na organização dos tempos e dos espaços, na seleção e no uso de
materiais didáticos (livros, brinquedos, equipamentos, materiais de artes, jogos),
nas interações entre crianças e adultos (profissionais da escola e familiares) e delas
entre si;
• Variável geracional que reconhece as especificidades da infância, da pré-
adolescência, da adolescência, da fase adulta (já se fala em primeiríssima infância,
fase da gestação aos três anos de idade);
• Pedagogia própria, que requer ações, práticas e estratégias adequadas a bebês e
crianças.
Segundo consenso: o conceito de
alfabetização
“[...] hoje, quando dizemos que as crianças devem estar
alfabetizadas, no máximo, até o final do terceiro ano do Ensino
Fundamental, conforme o Plano Nacional de Educação, Lei
13.005/2014, nos acercamos da noção de que a essa criança deve
ter sido assegurada “a aprendizagem do sistema alfabético e de
suas convenções e, indissociavelmente, deve ter sido introduzida às
práticas sociais da língua escrita, ou, mais amplamente, à cultura do
escrito” [...].” (Baptista, M.C., 2022, p. 18)
Terceiro consenso: o processo de alfabetização, tal
como revelam as pesquisas, ainda vem sendo
desenvolvido de maneira inadequada
Quarto consenso: o momento ideal para se
iniciar o processo de apropriação da linguagem
escrita

• Compreendida como um largo e complexo processo, a apropriação


da linguagem escrita inicia-se quando a criança chega ao mundo;
• É preciso considerar que as crianças, desde muito cedo,
demonstram interesses pelo funcionamento da linguagem escrita;
• A pergunta não é se devemos ou não ensinar as crianças na pré-
escola a ler e a escrever ou quando iniciar o processo de ensino-
aprendizagem da língua escrita; mas como construir práticas
comprometidas com as infâncias e com seu direito de participar
das culturas do escrito e como apoiá-las em seu processo de
apropriação da linguagem escrita.
Quinto consenso: o trabalho com a literatura infantil,
oral e escrita, e o contato com livros infantis são
condições fundamentais para aproximar as crianças
das culturas do escrito
A Importância da literatura presente nos livros infantis:
• Ensina bebês e demais crianças desde bem pequenas, a apropriarem-se de
comportamentos típicos das culturas do escrito (manusear o livro, passar suas páginas,
compreender a necessidade de ficar em silêncio para ouvir a narrativa ou de saber
quando e como interrompê-la);
• Nas situações de leitura, as crianças aprendem como operam as narrativas (inícios,
meios e fins);
• Apropriam-se de novas palavras, enriquecendo seu vocabulário;
• Apropriando-se de elementos do discurso narrativo ficcional, apoiando-se nas
estruturas fixas (por exemplo, das histórias cumulativas, as crianças vão construindo
discursos híbridos, que marcam a gênese desse processo até que passam a narrar
autonomamente);
• As crianças experimentam situações de afeto e amparo, mergulham em sentimentos e
emoções diversas, conhecem outras vidas, experimentam outras existências possíveis;
• O contato com a literatura permite às crianças fantasiar, imaginar, transpor sua própria
realidade e exercitar a alteridade.
“[...] é urgente tomarmos em consideração as
especificidades de cada etapa educativa, no processo
de apropriação da linguagem escrita pelas crianças.
Uma relação solidária entre Educação Infantil e Anos
Iniciais do Ensino Fundamental, no que se refere à
alfabetização, favorece a construção de práticas
educativas pautadas na ampliação das experiências
das crianças com a leitura e a escrita, compreendidas
como práticas sociais que marcam o dia a dia de uma
sociedade organizada em torno da linguagem
escrita.” (Baptista, M.C., 2022, p. 16).
O que é leitura?

• Ler não envolve apenas saber ler palavras - é dar


sentido às coisas;
• Rostos, falas, gestos, olhares, pinturas, momentos são
uma variedade de textos a serem lidos;
• Sendo assim, antes de entrarem na escola, as crianças
já são leitoras e produtoras de textos;
• As relações estabelecidas entre texto e leitor não são
únicas nem uniformes (conceito de experiência).
Quando começa essa história de ser leitor?

• Os bebês nascem abertos ao mundo querendo entender o que os


rodeia e são envolvidos por diferentes ruídos, imagens, sons,
cheiros e sabores;
• Comunicam-se através do choro, gritos, balbucio, sorriso, gestos e
silêncios;
• Os adultos utilizam a fala para se comunicarem com os bebês e as
palavras vão se tornando ponte entre crianças e mundo;
• Ao ouvirem os acalantos, as brincadeiras cantadas, as parlendas,
as crianças vão criando um campo de significados afetivos e
poéticos – esse é o encontro inicial com a literatura.
Por que ler para as crianças?
• Os primeiros textos que chegam até os bebês são a voz e o rosto
da sua mãe – o primeiro contato delas com a literatura é feito por
meio da voz que canta e recita palavras que encantam e
consolam;
• Isso ajuda as crianças a entenderem o que sentem, para que
servem as coisas, como solucionar problemas, como encontrar
respostas... Compreendem o mundo a partir da relação com o
outro e se desenvolvem e desenvolvem suas emoções, medos,
alegria, tristeza e outros sentimentos;
• O aconchego ao colo no momento da leitura de livros de
literatura é mais uma forma de continuar a demonstrar carinho
por elas.
O que ler para as crianças?

• No caso de bebês é interessante escolher livros que retratem


fatos e coisas do seu universo (alimentos, brinquedos, hora do
banho, animais, expressões faciais);
• As experiências dos bebês com a palavra podem ser ampliadas
com poemas, histórias curtas sobre peripécias de animais,
imitação de sons e gestos;
• Não são somente os livros com desenhos simples e muito
coloridos podem atrair a atenção dos pequenos – as histórias
cumulativas são um bom exemplo!
O que ler para as crianças?

• As ilustrações são outro texto que as crianças leem;


• Por fim, ilustrações mais texto escrito ajudam a contar a história e
enriquecem a imaginação dos pequenos leitores – as cores, os
desenhos, as formas e o uso do espaço na folha podem se
constituir como verdadeira obra de arte que encanta os olhos,
desafia a inteligência e alimenta a alma;
• Atenção aos livros somente com imagens, histórias de medo e
faixa etária indicada!
Como ler para as crianças?

• Escolha primeiramente um livro que você, leitor, goste;


• Use e abuse da criatividade para fazer com que as crianças
entendam que os personagens têm diferentes personalidades;
• Lembre-se que a capacidade de interpretação varia de pessoa
para pessoa e o que uma criança é capaz de entender não pode
ser determinado – não mude palavras de difícil compreensão, não
explique o trecho que você acha complicado, não altere ou reduza
trechos do livro, não conte com suas palavras em vez de ler o que
o autor escreveu;
• Abra espaço para uma gostosa conversa após a leitura e alimente
a imaginação das crianças – perceba que às vezes somente a
leitura pode ser suficiente.
Como ajudar uma criança a gostar de ler?
• Crie um momento para ler histórias diariamente;
• Converse sobre as histórias lidas;
• Frequente uma biblioteca para que vocês conheçam livros e
ambientes especializados;
• Componha sua própria biblioteca em casa;
• Deixe os livros em local acessível à criança;
• Leve a criança à livrarias para que possa fazer suas escolhas.
“[...] Está comprovado: as experiências dos
primeiros anos de vida influenciam diretamente
o desenvolvimento cognitivo, social e
emocional de cada pessoa. Oferecer a literatura
às crianças, desde os primeiros meses de vida,
contribui para que cada uma delas possa
exercer, em condições de igualdade, seu direito
de se transformar e de transformar o mundo
por meio do pensamento, da imaginação e da
criação.” (MEC/SEB, 2016, Encarte).
LÊ MUNDO – LITERARTE
Que relação estabelecemos com a leitura e
escrita, na nossa vida cotidiana?
• Quem lembra do título do último livro de literatura lido
integralmente?
• Há quanto tempo vocês terminaram a leitura de um
livro de literatura?
• Quantas de vocês estão lendo um livro de literatura
atualmente? Sobre o que trata esse livro?
• Quantos livros de literatura vocês leem em um ano?
• Quais são os temas, os gêneros, os autores de
literatura preferidos por
Imagem de Mariana Massarani vocês?
(coleção Leitura e Escrita na
Educação Infantil)
• Vocês consideram que a quantidade de livros de
literatura que vocês leem em um ano é suficiente ou
não? Por quê?
Inspirações e fundamentação teórica – Paulo Freire

A leitura do mundo precede a


leitura da palavra.
A prática da leitura é
caracterizada em representar a
consolidação do sujeito, de sua
história como produtor de
linguagem e de sua
FREIRE, Paulo. A importância do
singularização como intérprete ato de Ler: em três artigos que se
do mundo que o cerca. completam. 44 ed. São Paulo:
Cortez, 2003.
(FREIRE, 2003)
Inspirações e fundamentação teórica – Antônio Cândido

“Uma sociedade justa


pressupõe o respeito
dos direitos humanos,
e a fruição da arte e
da literatura em todas
as modalidades e em
todos os níveis como
(CÂNDIDO, Antônio: do ensaio “O
um direito inalienável”. direito à literatura”, no livro “Vários
escritos”. 3ª ed.. revista e ampliada.
São Paulo: Duas Cidades, 1995).
Inspirações e fundamentação teórica –
Bartolomeu Campos de Queirós
“É a literatura, enquanto espaço para compreensões,
construções, indagações, reformulações, que cria
condições para o conhecimento de mundos outros (da
ficção, da realidade); que oportuniza (des)
conhecimentos; que viabiliza (in)compreensões; que
dá amplidão aos olhares, aos fazeres, aos saberes.
A literatura democratiza o poder de criar, imaginar,
recriar, romper o limite do provável, acolhe a todos e
“Manifesto por um Brasil
Literário”- Bartolomeu
concorre para o exercício de um pensamento crítico,
Campos de Queirós ágil e inventivo. A literatura deve ser considerada um
direito a ser a acessível a todos”.
• Objetivo:

- Garantir o direito à leitura;

- Promover igualdade de oportunidade


de acesso a bens culturais
historicamente produzidos pela
humanidade, fomentando práticas
que envolvam a leitura em suas mais
amplas manifestações com crianças,
Imagem de Mariana Massarani profissionais e famílias.
(coleção Leitura e Escrita na
Educação Infantil)
Princípios gerais do projeto de leitura nas escolas:

-Valorização da literatura como prática fundamental


para a ampliação das experiências humanas;

-Concepção de que a literatura que deve estar


presente na formação cultural das(dos)
professoras(es), sendo um elemento essencial para o
exercício da docência;

-Necessidade da criação de condições para


experiências constantes e sistemáticas com a cultura
letrada como iniciativa essencial que não pode ser
Imagem de Mariana
Massarani (coleção
postergada.
Leitura e Escrita na
Educação Infantil)
PROJETO DE LEITURA NA ESCOLA: FUNDAMENTAÇÕES
-A Base Nacional Comum Curricular (BNCC): considera que
o trabalho com a literatura contribui para o desenvolvimento do
gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do
conhecimento de mundo. A BNCC ainda preconiza a
necessidade de participar de práticas de compartilhamento de
leitura/recepção de obras literárias/ manifestações artísticas,
como rodas de leitura, clubes de leitura, eventos de contação de
histórias, de leituras dramáticas, de apresentações teatrais,
musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, saraus,
slams, canais de booktubers, redes sociais temáticas (de
leitores, de cinéfilos, de música etc.), dentre outros.

-A Proposta Curricular da Rede Municipal de Juiz de Fora: traz a concepção de desenvolvimento


de práticas pedagógicas focadas nas diversas linguagens, valorizando e garantindo às crianças o
acesso aos bens e saberes historicamente construídos pela humanidade. A Proposta Curricular da
Rede Municipal, considera que o contato com a linguagem literária deve estar presente nas práticas
educativas como uma experiência que amplia a visão de mundo das crianças assim como suas
possibilidades de expressão.
Organização metodológica do Projeto de Leitura

-Projeto Intracurricular;
-Elaboração de um projeto de Leitura;
-Conhecimento do acervo literário da escola;
-Participação em formações na SE;
-Fomento de práticas de leitura na escola
(envolvendo crianças, professoras e
famílias).
-Organização do acervo literário e de
Imagem de Mariana Massarani
(coleção Leitura e Escrita na formação de professores da escola.
Educação Infantil)
Organização metodológica do Projeto de Leitura

• Organização de espaços de leitura na escola: salas de leitura, cantos de


leitura, instalação de leitura, estações de leitura;
• Desenvolvimento de ações permanentes envolvendo a leitura: empréstimo
de livros para as crianças, maleta viajante, saraus, varal de poesias, jornais
literários, entre outros;

• Entrada semanal nas turmas para o trabalho com diferentes gêneros


literários e empréstimo de livros;
• Apoio às(aos) professoras(es) no trabalho com a literatura;
• Desenvolvimento de ações com a comunidade;
• Registro do trabalho desenvolvido a partir da construção de Portfólios.
O PNBE é composto pelos seguintes gêneros literários:

• Romance • Obras clássicas


• Memória, da literatura
universal
• Diário
• Poema
• Biografia,
• Conto
• Relatos de
experiências • Crônica
• Livros de • Novela
imagens
• Teatro
• Histórias em
quadrinhos • Texto da
tradição popular
CONVITE PARA PENSAR E AGIR NO COTIDIANO…

Vamos selecionar fotos/vídeos das rotinas,


espaços e experiências promovidas pela
escola que ilustrem os consensos discutidos
no texto “As crianças e o processo de
apropriação da linguagem escrita: consensos
e dissensos nos campos da alfabetização e
da educação infantil”.
MATERIAL COMPLEMENTAR PARA
FORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

https://pt-br.padlet.com/creches/ue3jru1z2zjx6qdk
Agradecemos sua presença!

Supervisão das Escolas Públicas de Educação Infantil


E-mail: escolainfantil@edu.pjf.mg.gov.br
Tel. 3690-8391

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