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ORGANIZAÇÃO DIDÁTICA DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Sabe-se que, independentemente do nível de ensino, para que o

trabalho docente ocorra, é necessário planejamento, rotinas e avaliação,

com conteúdo e objetivos claros que garantam o processo de ensino-

-aprendizagem. Além disso, é fundamental que os professores e os

alunos possam contar com o amparo e auxílio do pedagogo.

Com base em todas essas questões, é ressaltado, no decorrer dos

capítulos deste livro, o papel do pedagogo – desde a educação infantil

até o ensino médio –, buscando reflexões que possam enriquecer o

significado da educação básica e sua qualidade.

PRISCILA CHUPIL

Código Logístico Fundação Biblioteca Nacional


PRISCILA CHUPIL
ISBN 978-85-387-6584-4

59181 9 788538 765844


Organização didática
da educação básica

Priscila Chupil

IESDE
2020
© 2020 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do
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SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C487o

Chupil, Priscila
Organização didática da educação básica / Priscila Chupil. - 1. ed. -
Curitiba [PR] : IESDE, 2020.
88 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6584-4

1. Ensino - Metodologia. 2. Prática de ensino. 3. Educação pré-escolar.


I. Título.
CDD: 371.3
19-61713
CDU: 37.026

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Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Priscila Chupil Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (PUCPR). Graduada em
Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná
(UFPR). Especialista em Psicopedagogia pelo Centro
Universitário Internacional (Uninter). Professora
no ensino superior, ministrando as disciplinas de
Didática e Gestão Escolar. Atua também como
psicopedagoga clínica.
SUMÁRIO
1 O trabalho do pedagogo na educação infantil 9
1.1 Características das crianças da educação infantil 10
1.2 A educação infantil e sua função social 17
1.3 Múltiplos papéis do pedagogo na educação infantil 20

2 Organização didática na educação infantil 23


2.1 Planejamento e práticas educativas 24
2.2 A metodologia no ensino de crianças pequenas 28
2.3 Avaliação na educação infantil 31

3 Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 37


3.1 Processo de transição e adaptação para o ensino fundamental 37
3.2 Identidade do pedagogo nos anos iniciais do ensino
fundamental 40
3.3 Planejamento com os professores 44
3.4 Métodos e metodologia para enriquecer o trabalho docente 46
3.5 Orientações para avaliação 52

4 Organização didática do ensino fundamental – anos finais 56


4.1 Da infância para a adolescência 56
4.2 O papel do pedagogo nos anos finais do ensino fundamental 59
4.3 Métodos para atrair a atenção dos alunos 61
4.4 Como avaliar? 63

5 Desafios do pedagogo no ensino médio 67


5.1 A idade da pressão 67
5.2 A formação continuada do professor para além da sua
especialização 70
5.3 O papel do pedagogo no ensino médio e na educação
profissional 73
6 Organização didática do ensino médio e da educação profissional 77
6.1 Envolvendo os professores e os alunos no aprendizado 77
6.2 Projetos interdisciplinares e o Enem 80
6.3 A escola e as novas exigências da sociedade contemporânea 83

7 Gabarito 85
APRESENTAÇÃO
Sabe-se que, independentemente do nível de ensino, para que o trabalho
docente ocorra, é necessário planejamento, rotinas e avaliação, com conteúdo
e objetivos claros que garantam o processo de ensino-aprendizagem. Além
disso, é fundamental que os professores e os alunos possam contar com o
amparo e auxílio do pedagogo.
Nesse viés, no primeiro capítulo, discorremos sobre o trabalho do
pedagogo na educação infantil, reconhecendo inicialmente as características
das crianças nessa faixa etária, a função social dessa etapa da educação, bem
como o papel do pedagogo nessa fase.
No segundo capítulo, tratamos da organização didática na educação
infantil em que, pautados nos conhecimentos do Capítulo 1, será possível
visualizar os planejamentos e práticas educativas, bem como metodologias e
a avaliação pertinente à criança pequena.
O terceiro capítulo propõe reflexões sobre a organização didática no ensino
fundamental – anos iniciais. Em especial, esse capítulo trata inicialmente da
transição entre a educação infantil e o ensino fundamental – anos iniciais e
suas implicações. Além dessa questão, é abordado o reconhecimento do papel
do pedagogo nesse nível, assim como sua atuação frente ao planejamento
dos professores, com metodologias que possam enriquecer o trabalho em
sala de aula e a avaliação.
Ainda a respeito do ensino fundamental, o quarto capítulo tratará dos
anos finais. Iniciamos com uma reflexão sobre o processo de transição entre a
infância e a adolescência. Veremos também o papel do pedagogo, bem como
sua atuação com os alunos e professores dessa etapa, fora de sala de aula.
No quinto capítulo, tratamos os desafios do pedagogo no ensino médio.
Inicialmente, refletimos sobre a idade típica do ensino médio, suas características
e desafios. Nesse contexto, surgem novos desafios para o pedagogo e para o
professor, que vão além de sua formação inicial. Tratar dessas questões e do
papel do pedagogo no ensino médio é uma questão necessária.
No último capítulo, abordamos a organização didática do ensino médio e da
educação profissional, assim como o envolvimento efetivo entre professores,
alunos e pedagogo nesse processo. Será ressaltada a necessidade de
reflexão sobre novas metodologias e projetos interdisciplinares que atinjam a
abrangência de exigências do aluno nessa faixa etária, voltadas a sua formação
para os vestibulares e o Enem.
Com base em todas essas discussões, será ressaltado, no decorrer
dos capítulos, o papel do pedagogo na educação básica, do início ao fim,
buscando reflexões que possam enriquecer o significado da educação básica
e sua qualidade.
Bons estudos!
1
O trabalho do pedagogo
na educação infantil
O trabalho do pedagogo na educação básica, em todos os
seus aspectos, seja em sala de aula ou no acompanhamento de
todos os processos dentro da escola, requer muita organização,
além de direcionamento e clareza. Isso é oportunizado pela for-
mação pedagógica.

Dessa forma, o pedagogo pode assumir o trabalho em sala de


aula como professor, desde a educação infantil até o quinto ano
do ensino fundamental, ou como gestor, coordenador e orienta-
dor no ensino fundamental anos finais e ensino médio, acompa-
nhando, assim, o trabalho dos demais professores.

Diante da complexidade que envolve todos esses níveis, inicial-


mente, é preciso compreender o trabalho do pedagogo no nível que
é base de desenvolvimento de todos os outros: a educação infantil.

Organizar os processos didáticos nessa fase escolar é um gran-


de e prazeroso desafio. Essa organização tem por responsabilida-
de o desenvolvimento humano, em que cada processo tem um
valor imensurável, especificidades únicas, e necessita de um cui-
dado especial.

Mas o que torna esse momento tão importante? Que caracte-


rísticas correspondem ao universo infantil da criança entre zero e
cinco anos? Para compreender melhor algumas questões iniciais,
vamos tratar, neste capítulo, da função social desse primeiro con-
tato da criança com a escola, o qual é determinante para todo o
seu desenvolvimento escolar.

Trataremos também das características das crianças da educa-


ção infantil, conhecimento fundamental para que o professor pos-
sa organizar, planejar e executar suas aulas. Vamos lá?

O trabalho do pedagogo na educação infantil 9


1.1 Características das crianças
Videoaula da educação infantil
Ao pensarmos nas características da criança de educação infan-
til e identificarmos a fase que se estende até os cinco anos de idade,
deparamo-nos com um mundo cheio de descobertas e novas possibi-
lidades que sustentam a base para o desenvolvimento integral do ser
humano, ou seja, frente aos aspectos cognitivos, emocionais, sociais e
motores. A criança é um todo integrado, composto por esses aspectos,
que geram seu desenvolvimento e aprendizagem.

Muitas pesquisas em relação ao desenvolvimento infantil foram e


são realizadas. Dentre os autores que trouxeram contribuições para
que hoje possamos compreender a relevância dessa fase, estão Piaget,
Vygotsky e Wallon. Recentemente, outros autores trouxeram conheci-
mentos voltados ao desenvolvimento motor como um dos pontos prin-
cipais nesse processo de evolução.

Outra área que muito tem contribuído para o entendimento do ser


humano é a neurociência, que busca, na compreensão do cérebro, no-
vas descobertas voltadas ao desenvolvimento e à aprendizagem. Va-
mos, então, conhecer um pouco sobre cada uma dessas contribuições.

Iniciaremos por Piaget, que acredita na aprendizagem como uma


“interpretação pessoal do mundo, ou seja, é uma atividade individuali-
zada, um processo ativo no qual o significado é desenvolvido com base
em experiências” (MOREIRA, 1995, p. 34). Para ele, essas experiências
são vivenciadas ao longo da primeira infância, em que o desenvolvi-
mento infantil ocorre em quatro estágios (MOREIRA,1995).

Estágio sensório-motor: compreende o primeiro estágio do desenvolvimento, desde


o nascimento até, aproximadamente, os dois anos de idade. Nesse estágio, a criança
começa a identificar o ambiente à sua volta, ou seja, suas capacidades sensoriais estão
sensíveis a essas novas descobertas e prontas para recebê-las. Além de compreender
esse meio, a criança começa a agir sobre ele, onde sua percepção atua na identificação
inicial do que é imediatamente percebido pelos seus sentidos.

10 Organização didática da educação básica


Esse momento proporciona ao professor a possibilidade de traba-
lhar diversos estímulos referentes aos cinco sentidos: tato, visão, olfa-
to, paladar e gustação. A partir do momento em que a criança começa a
compreender o mundo por meio desses sentidos, consequentemente,
a aquisição da aprendizagem será melhor.

Estágio pré-operacional: inicia-se aproximadamente aos dois anos de idade e estende-


-se até os seis ou sete anos. A principal característica a ser desenvolvida nesse momento
é a capacidade simbólica e o desenvolvimento da linguagem. Essas transformações
ocorrem no decorrer desse estágio, que deve ser o marco dos estímulos relacionados
à fala e aos materiais que compõem os espaços por elas vivenciados. Nesse estágio,
encontram-se as crianças de educação infantil, que já estão em fase de preparação para
o ingresso no ensino fundamental.

Nessa fase, graças ao início de uma capacidade maior de abstração,


a criança começa a interagir com o mundo da leitura e da escrita. Por
tratar-se de estágio de transição, é importante lembrar que as ativida-
des lúdicas e concretas ainda se fazem necessárias.

Estágio das operações concretas: ocorre dos seis aos doze anos, aproximadamente. Está-
gio em que a criança se torna apta a manipular mentalmente os símbolos internos que
construiu durante o período sensório-motor.

Nesse estágio, agora com a capacidade de abstração mais desen-


volvida, surge a necessidade de estimular ainda mais a autonomia de
pensamento e trabalho com regras e grupos.

Estágio operatório formal: inicia-se a partir dos onze anos. Nesse estágio, a criança
já possui capacidade de pensar abstratamente, criar hipóteses, observar, relacionar
e finalizar.

O trabalho do pedagogo na educação infantil 11


Nessa fase, a criança está com várias funções cognitivas já maduras,
porém os estímulos e desafios devem sempre fazer parte das aulas e
dos projetos em sala.

Figura 1
Os quatro estágios de desenvolvimento segundo Piaget

IESDE Brasil S/A


0 a 2 anos – Sensório-motor 2 a 7 anos – Pré-operacional

7 a 11 anos –
11 em diante – Operatório formal
Operações concretas

12 Organização didática da educação básica


Compreendidas as fases que, para Piaget, marcam o desenvol-
vimento infantil, podemos perceber que a criança, na educação
infantil, se encontra no estágio sensório-motor e pré-operacional.
Por isso, é essencial que o pedagogo conheça e compreenda as
possibilidades e os limites do trabalho efetivo com as crianças
nessas fases.

Os aspectos emocionais e sociais também fazem parte de todo


esse contexto de desenvolvimento. Associada a eles, surge a afe-
tividade, considerada por Piaget como a parte responsável pelo
desenvolvimento da inteligência na infância e por propiciar cons-
tantes interações (PIAGET, 2001). Esta, para o autor, é entendida
em dois aspectos:
• • A afetividade estimula, acelera e perturba as operações da
inteligência, ou seja, causa um movimento em suas ações
que a levam a desenvolver novas experiências.
• • A afetividade ajuda nas construções das estruturas cogniti-
vas, pois, ao viver novas experiências, interage, constrói, re-
solve problemas e busca soluções para diferentes situações.

Para o autor, a afetividade pode provocar modificações nas


estruturas de desenvolvimento da inteligência, porém “não pode
nem produzir nem modificar as estruturas” (PIAGET, 2001, p. 103).
Ainda, em sua perspectiva, o desenvolvimento psicológico é en-
tendido como único, pois, durante toda a vida, existe uma relação
entre as construções afetivas e cognitivas.

Henri Wallon também contribui fortemente para o entendi-


mento do desenvolvimento infantil. Seu trabalho sobre o tema
foi baseado no estudo das personalidades em cada faixa etária
e contemplou aspectos da motricidade e da inteligência. Ele con-
sidera cinco estágios principais do desenvolvimento da criança ,
sendo os três primeiros parte da educação infantil (WALLON apud
CARDOSO, 2015). São eles:

O trabalho do pedagogo na educação infantil 13


Sensório-motor e projetivo (1 ano Personalismo: divide-se em três
a 18 meses/3 anos): trata-se de etapas: crise de oposição (3 a
quando a criança começa a explorar 4 anos), idade da graça (4 a 5
Impulsivo emocional (0 a 3 me- o ambiente em que está inserida anos) e imitação (5 a 6 anos).
ses/3 meses a 1 ano): trata-se do nos aspectos físicos e a simbolizar, Nesse estágio, o que prevalece,
período em que os bebês estão conseguindo reconhecer certos de maneira geral, é a construção
desenvolvendo as condições objetos apenas pronunciando o das relações afetivas, a cons-
sensório-motoras, como olhar e nome, não havendo necessidade de trução de si. Contudo, a criança
pegar, explorando o ambiente e possuir ou tocar o objeto concreto. ainda não consegue desenvolver
as relações emocionais que ele Além disso, predominam aspec- a empatia, ou seja, ela ainda não
traz. O bebê começa sua desco- tos referentes à cognição, já que a consegue se colocar no lugar do
berta do mundo e de si próprio. criança compreende comandos, co- outro. Suas vontades imperam e,
É a fase em que o pedagogo meça a conceber a diferença entre o por isso, o entendimento do con-
tem as melhores oportunidades sim e o não, imita ações e reproduz vívio e das relações começa a ser
de desenvolver sentidos, como o que o adulto solicita, iniciando um desafio e a ganhar sentido.
o tato, a visão, entre outros, que o desenvolvimento de memória e
constituirão a base para os de- atenção com pequenas brincadeiras
mais desenvolvimentos ao longo e descobertas cotidianas.
de cada estágio.

0 a 1 ano 1 a 3 anos
3 a 6 anos
Impulsivo Sensório-motor
Personalismo
Emocional e Projetivo

14 Organização didática da educação básica


Adolescência (a partir de 11
anos): nesse estágio, a pessoa,
agora adolescente, está desen-
volvendo os valores morais e
pessoais. O que mais predomina
nessa idade é a afetividade, pois
se estabelecem fortes relações
sociais e, principalmente, há a
necessidade de se posicionar no
mundo, colocar suas ideias e ser
Categorial (6 a 11 anos): estágio aceito socialmente.
mais voltado para o desenvol-
vimento cognitivo em si, pois
a criança está em processo de
alfabetização. Lembrando que
esse processo se estende por
todo o ensino fundamental, no
sentido de aprimorar a escrita
ano a ano. A capacidade cogniti-
va e de abstração estão em pleno
desenvolvimento.

Iesde Brasil S/A

6 a 11 anos 11 em diante
3 a 6 anos
Pensamento Puberdade e
Personalismo
Categorial Adolescência

O trabalho do pedagogo na educação infantil 15


Desse modo, por meio das diferentes concepções voltadas às fases
do desenvolvimento infantil, percebemos que, desde o nascimento, a
criança passa por momentos intensos de transformação e que são pre-
dominantes em seu desenvolvimento.

Na educação infantil, além dos conhecimentos sobre as fases do


desenvolvimento e a importância da afetividade, outro fator de extre-
ma relevância é o desenvolvimento motor, que é marcado pelo aper-
feiçoamento das habilidades de locomoção e pela ampliação dessas
possibilidades. Dentro dessas habilidades, temos aquelas relacionadas
ao desenvolvimento motor amplo, como correr, saltar, pular em um
pé só, pedalar, entre outras, e ao desenvolvimento motor fino, como
o movimento de pinça – essencial para a escrita.

Tais conhecimentos nos trazem uma visão ampla sobre as caracte-


rísticas das crianças e o seu desenvolvimento. Porém, recentemente, a
neurociência trouxe novas contribuições, que complementam o papel
do pedagogo frente ao trabalho com o desenvolvimento infantil e nos
fazem refletir ainda mais sobre o assunto.

Todas as funções desenvolvidas nos aspectos citados anteriormen-


te estão diretamente ligadas ao sistema nervoso. Este desempenha vá-
rios papeis que fazem parte do controle do organismo. Normalmente,
as atividades rápidas do organismo são controladas pelo sistema ner-
voso, como as contrações musculares e os fenômenos viscerais que se
modificam depressa.

O sistema nervoso recebe milhares de estímulos a partir das infor-


mações de diferentes órgãos sensoriais. Na sequência, abrange todas
elas para designar a resposta a ser realizada pelo organismo. Se não
fossem os bilhões de células que formam o sistema nervoso, não seria
possível termos a capacidade sensitiva, tão importante durante toda a
vida, que começa a se desenvolver logo na primeira infância – no perío-
do sensório-motor.

Portanto, para entender o mecanismo de aprender, é preciso saber


um pouco sobre o funcionamento do sistema nervoso central, o orga-
nizador dos nossos comportamentos:
Cada tipo de habilidade ou comportamento pode ser bem rela-
cionado a certas áreas do cérebro em particular. Assim, há áreas
habilitadas a interpretar estímulos que levam à percepção visual

16 Organização didática da educação básica


e auditiva, à compreensão e à capacidade linguística, à cognição,
ao planejamento de ações futuras, inclusive movimento, e assim
por diante. (RELVAS, 2010, p. 14)

Sendo assim, o desenvolvimento humano é algo extraordinário e


complexo, desde o nascimento. Nesse âmbito, o pedagogo é o entende-
dor principal desse desenvolvimento, levando em consideração todos
os fatores que envolvem a aprendizagem, seu maior campo de atuação.

Compreender as características do desenvolvimento da criança de


educação infantil e como ela aprende leva o pedagogo a tornar seu
trabalho em sala de aula mais concreto e significativo, planejando aulas
de acordo com a capacidade cognitiva da criança e promovendo evolu-
ções constantes em seu desenvolvimento.

Não podemos esquecer que a educação infantil possui uma grande


função no desenvolvimento, em seus mais diferentes aspectos – afeti-
vo, cognitivo, motor –, e uma função social de grande relevância para a
formação do cidadão.

1.2 A educação infantil e sua função social


Videoaula Para compreender os aspectos específicos relacionados à educação
infantil e, assim, atribuir sentido à sua função social, vamos inicialmente
tratar da concepção de infância. Podemos nos basear, inicialmente, no
texto do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI):
A concepção de criança é uma noção historicamente construída
e consequentemente vem mudando ao longo dos tempos, não
se apresentando de forma homogênea nem mesmo no interior
de uma mesma sociedade e época. Assim é possível que, por
exemplo, em uma mesma cidade existam diferentes maneiras
de se considerar as crianças pequenas dependendo da classe
social a qual pertencem, do grupo étnico do qual fazem parte.
(BRASIL, 1998, p. 21)

Esse reconhecimento do ser individual se inicia na educação infantil,


que é o momento em que a criança tem o primeiro contato com o am-
biente escolar. Nesse instante, ela traz para si a responsabilidade de que
a apresentação a esse novo mundo, agora fora do ambiente familiar,
seja repleta de boas experiências e riqueza de novos conhecimentos.

O trabalho do pedagogo na educação infantil 17


Sabe-se que a criança de hoje não é a mesma de antigamente. Em
todo o mundo, a infância não é tida como um padrão único e imutá-
vel. Tal como todos os aspectos sociais que nos rodeiam, ela também
sofre mudanças.

Você faz parte do processo social e humano de constante trans-


formação. Essa transformação chega também ao ambiente escolar; à
construção de novos sujeitos, que, hoje, habitam diferentes configu-
rações de organização familiar, participam das diferentes práticas de
criação dos filhos e da divisão de tarefas; e aos papéis que modificam
a criação da criança pequena e, consequentemente, tornam cada vez
Livros
mais coletiva a responsabilidade sobre sua educação e seu cuidado.

Não podemos deixar de atribuir ainda mais valor e respeito à identi-


dade da educação infantil para o desenvolvimento da criança, além de
repensar constantemente a ação pedagógica que nela é aplicada.

Essa ação pedagógica deve ter o objetivo de desenvolver as habili-


dades cognitivas, motoras, emocionais e afetivas da criança, a fim de
formá-la e torná-la uma pessoa capaz de identificar suas próprias indi-
vidualidades e de atuar coletivamente. Nesse sentido, incentiva-se as
O livro Educação Infantil: habilidades socioemocionais, que são as competências que podem ser
teoria e práticas para
uma proposta pedagó- ensinadas, praticadas e aprendidas tanto na escola quanto em casa,
gica trata de questões por meio de diversas atividades, e que são consideradas a base do de-
amplas sobre a função
da educação infantil no senvolvimento humano.
desenvolvimento da
criança, além de trazer Dentro desse contexto de relevância social e cognitiva, devemos ter
exemplos de como essa claro, ainda, que a educação infantil desempenha um trabalho preven-
prática deve acontecer de
forma significativa. tivo quanto a dificuldades de aprendizagem, pois proporciona o supor-

AYRES, S. N. Petrópolis, RJ: Vozes,


te necessário para que as demais aprendizagens ocorram durante a
2012. vida escolar.

A responsabilidade da educação infantil é muito grande. Por esse


motivo, é preciso pensar seriamente sobre as possibilidades de atua-
1 ção, mediando os estímulos que serão oferecidos à criança em seu
O desenvolvimento biopsicosso- crescimento por meio de um processo evolutivo, visando atingir o mais
cial considera todos os âmbitos 1
amplo desenvolvimento biopsicossocial . A banalização ou a subvalo-
do desenvolvimento: o biológi-
co, o psicológico e o social. rização de sinais que apontam para o desenvolvimento infantil podem
adiar a tomada de decisão em oferecer à criança os atendimentos ne-
cessários, trazendo prejuízos na aprendizagem escolar e no desenvol-
vimento biopsicossocial da criança (AYRES, 2012).

18 Organização didática da educação básica


Além disso, os pedagogos precisam ter a consciência de que o tra-
balho com a realidade sociocultural que a educação infantil requer está
diretamente ligado ao ato de educar e de cuidar.

Apesar de sentidos distintos, educar e cuidar são premissas para a


educação infantil, pois segundo o RCNEI:
Educar é propiciar situações de cuidados, brincadeiras e apren-
dizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir
para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação
interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude de
aceitação, respeito e confiança, e o acesso pelas crianças aos co-
nhecimentos mais amplos da realidade cultural e social. (BRASIL,
1998, p. 23)

Assim, o ato de educar envolve questões de maneira direcionada,


com a intencionalidade que um objetivo deve ser alcançado. Precisa
ser pensado em prol da faixa etária das crianças a serem atendidas
e que desenvolvam questões necessárias para seu desenvolvimento,
sejam elas cognitivas, afetivas ou sociais.

Contudo, na educação infantil, além de educar é necessário tam-


bém cuidar, o que o RCNEI define do seguinte modo:
Cuidar significa a base do cuidado humano, é compreender como
ajudar o outro a desenvolver como ser humano. Cuidar significa
valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. O cuidado é um
ato em relação ao outro e a si próprio que possui uma dimensão
expressiva em procedimentos específicos. (BRASIL, 1998, p. 24)

Dessa forma, cuidar representa uma necessidade primária do ser


humano para que ele possa se desenvolver. Por meio das relações
estabelecidas, cuidar se torna parte até mesmo de uma necessidade.
Quando tratamos de educação infantil, esse cuidado, muitas vezes,
também é efetivo frente à dependência que crianças menores ainda
apresentam. Por isso, cuidar e educar caminham juntos nessa cons-
trução social e humana da criança na educação infantil, suprindo suas
necessidades básicas e agindo com intencionalidade no seu desenvol-
vimento cognitivo, afetivo, motor e social.

Por conta de todos esses aspectos e pela relevância destacada des-


se período do desenvolvimento infantil, cada vez mais os professores e
a sociedade podem visualizar a educação infantil como a base de sus-
tentação para toda a vida escolar e social das crianças. Trata-se de um
período único e de extrema importância em suas vidas.

O trabalho do pedagogo na educação infantil 19


1.3 Múltiplos papéis do pedagogo
Videoaula na educação infantil
Assim como em todos os níveis de ensino, na educação infantil são
vários os papéis assumidos pelo pedagogo. Porém, o que se diferencia
nesse nível é a delicadeza do momento, no sentido de compreender fa-
tores de adaptação diferentes dos demais níveis de construção de base
e desenvolvimento específico, que marcarão toda a vida escolar do alu-
no. Por isso, inicialmente, entende-se que seu papel principal é enten-
der o que representa essa fase cognitiva e de desenvolvimento infantil,
Filme assim como suas fases e os principais momentos em que cabem os
estímulos necessários para um desenvolvimento amplo e efetivo.

Dessa forma, entende-se que o pedagogo que trabalha com a edu-


cação infantil assume o papel de mediador do conhecimento, criando
oportunidades de desenvolver pensamento, imaginação, criatividade e
proporcionado integração social, refletindo constantemente sobre sua
ação frente a esses processos.
De acordo com o conceito de ação docente, a profissão de edu-
cador é uma prática social. Como tantas outras, é uma forma de
Baseado em uma história se intervir na realidade social, no caso, por meio da educação
real, Escritores da Liberda-
que ocorre não só, mas essencialmente, nas instituições de ensi-
de narra os desafios en-
frentados pela professora no. Isso porque a atividade docente é ao mesmo tempo prática e
Erin Gruwell ao perceber ação. (PIMENTA; LIMA, 2008, p. 41)
que os problemas da es-
cola são provenientes da Para que esse processo ocorra, o pedagogo deve utilizar sua base
comunidade e que eles
começam a agir sobre teórica de conhecimento, a fim de elaborar práticas que alcancem as
ela também. Esse filme necessidades da idade no contexto da educação infantil. Essas práticas
demonstra a importância
e o potencial da formação compreendem desde o ato de brincar até o investimento de rotinas
humana e as influências com intencionalidades diferenciadas, proporcionando adequações du-
do professor sobre ela,
reforçando os múltiplos rante o planejamento para que os projetos possam ser desenvolvidos
papéis do pedagogo/ de forma significativa para a criança, contemplando, assim, as mais va-
professor.
riadas dificuldades.
Direção: Richard LaGravenese. EUA:
Paramount Pictures, 2007. Além de educar, o professor também precisa ter cuidado e zelo pela
criança. Ele deve realizar tais atividades de maneira simultânea e inte-
grada. Esse cuidado envolve, também, acompanhar e orientar a família,
que precisa estar presente no desenvolvimento da criança e incorpora-
da a essa responsabilidade. Pedagogo, aluno e família devem caminhar
rumo ao melhor desenvolvimento da criança.

20 Organização didática da educação básica


Essa é uma das maiores peculiaridades da educação infantil, uma
vez que o desenvolvimento do trabalho necessita efetivamente do
cumprimento de todos esses personagens: escola, família e aluno. Por
ser pequena, a criança ainda se apresenta dependente em muitos as-
pectos, que se tornam parte integrante das responsabilidades da famí-
lia e da escola ao ingressar na vida escolar.

Assim, na educação, consideramos múltiplos os papéis do peda-


gogo, que são visualizados em dois aspectos: enquanto professor e
enquanto pedagogo. Dentre as características que mais contemplam
esse profissional, estão: conhecer a criança; planejar as atividades de
acordo com sua faixa etária; contemplar e respeitar cada momento do
seu desenvolvimento; e proporcionar relação saudável e próxima com
as famílias e demais envolvidos no trabalho pedagógico.

CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Compreender quem é a criança que está na educação infantil e a fun-
ção e a importância dessa fase escolar no desenvolvimento humano são
questões fundamentais. Durante o planejamento das aulas, o pedagogo, na
função de professor desse nível ou de coordenador pedagógico, deve ter
clareza dessa importância, fazendo uso de metodologias que respeitem os
aspectos emocionais da criança e da sua faixa etária.
Subestimar a capacidade infantil com metodologias ineficazes pode ser
prejudicial ao progresso da criança. Por isso, é importante sempre plane-
jar as aulas tendo em vista as fases do desenvolvimento infantil estudadas
neste capítulo.
Assim, cabe ao pedagogo a responsabilidade de, ao atuar como do-
cente ou coordenador da educação infantil, conhecer as características
e capacidades cognitivas da criança, para, então, propor uma atuação
significativa.

ATIVIDADES
1. Sabemos que, atualmente, o estímulo às habilidades é essencial para a
formação completa da criança. Com base nisso, escreva o significado de
habilidades socioemocionais e argumente o porquê de sua importância.

O trabalho do pedagogo na educação infantil 21


2. Sabendo que o período sensório-motor e o período pré-operacional
correspondem às fases em que a criança está na educação
infantil, como as características desses períodos determinam o
desenvolvimento da criança?

3. Na educação infantil, o pedagogo deve se preocupar com o ato de


educar seus alunos, mas também deve se preocupar com o ato de
cuidar. Comente a relação entre esses dois fatores: cuidar e educar.

REFERÊNCIAS
AYRES, S. N. Educação Infantil. Teoria e práticas para uma proposta pedagógica. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2012.
BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para
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Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em Pedagogia) – Universidade Estadual da
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Acesso em: 22 jan. 2020.
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PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência. São Paulo: Cortez, 2008.
RELVAS, M. P. Neurociência e Educação, potencialidades dos gêneros humanos em sala de
aula. Rio de Janeiro: WAK, 2010.

22 Organização didática da educação básica


2
Organização didática
na educação infantil
Além de um ato complexo, o trabalho com crianças da educação
infantil é um ato de grande amor, responsabilidade e organização,
pois, a cada ação, o pedagogo necessita de intencionalidade e de
planejamento frente ao que será executado. Para isso, iremos
refletir sobre a organização didática necessária ao trabalho na
educação infantil.
Inicialmente, o planejamento e as práticas educativas são
os grandes momentos nos quais o pedagogo irá pensar sobre
as mais amplas questões que envolvem a tomada de decisões
sobre os processos educacionais em sala de aula. Para optar
pela prática ou metodologia mais adequada, o planejamento
das aulas perpassa por preocupações voltadas à faixa etária da
criança e, consequentemente, pelas suas capacidades cognitivas
e pelas condições do espaço de atuação; ou seja, os recursos
que a escola disponibiliza. Paralelamente, o pedagogo deve se
preocupar com sua formação continuada e a busca por novas
possibilidades metodológicas.
A partir dessa preocupação inicial, é necessário, também,
refletirmos sobre a continuidade e a verificação desse processo, ou
seja, os resultados a serem avaliados. Precisamos nos perguntar:
a aula, ou o projeto, alcançou os objetivos propostos? Atingiu
os alunos a ponto de contribuir com novos conhecimentos e
sistematizá-los? A avaliação também serve para o próprio pedagogo
rever sua prática e repensar possíveis melhorias nesse processo.

Organização didática na educação infantil 23


Cada um desses elementos ganha proporção teórica
e direcionamento legal, uma vez pautados no Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI). Esse
documento trata justamente das referências base para todo o
desenvolvimento do trabalho na educação, sua significância e
cuidados em cada momento.
Então, vamos refletir mais a fundo sobre essas questões?

2.1 Planejamento e práticas educativas


Videoaula O ato de planejar faz parte da atividade humana. Planejamos nosso
dia, nossas férias, o quanto economizaremos para trocar de carro etc.
O planejamento está em nossas vidas nas formas mais amplas e, até
mesmo, nas atividades mais simples, como o que cozinhar para o jantar
ou que caminho seguir para chegar ao trabalho de maneira mais rápi-
da; enfim, planejamos constantemente.

Esse mesmo planejamento que faz parte do nosso dia a dia também
ocorre no ambiente de trabalho, independentemente da profissão. No
entanto, ao pensarmos especificamente sobre as atividades desenvol-
vidas em sala de aula, o planejamento certamente se torna o principal
aspecto que as move, pois também é o ponto de partida para que os pro-
cessos curriculares, cognitivos e organizacionais ocorram efetivamente.

Algumas escolas organizam reuniões pedagógicas no início e duran-


te o ano letivo, nas quais planejam suas ações anuais, e os professores,
por sua vez, organizam suas práticas e como elas irão ocorrer a cada
momento: os eventos, as avaliações, as tarefas, a metodologia a ser
utilizada e o material didático, isto é, o dia a dia em sala de aula.

Já o trabalho desenvolvido pelo pedagogo na educação infantil


deve ser seguido de intencionalidade, objetivos e recursos que tornem
essas práticas significativas. Nesse sentido, o que irá assegurar, em boa
parte, o sucesso dessas ações é a formação de pedagogos cientes da
importância de suas práticas.

É preciso formar os professores em sua prática docente diária e ins-


truí-los quanto ao saber prático, como profissionais da educação, em

24 Organização didática da educação básica


relação ao conjunto de recursos didáticos que podem ser usados no
exercício da docência (JULIATTO, 2013). É uma exigência dos alunos que
os profissionais do magistério exerçam a atividade com responsabilida-
de e competência. Assim sendo, a docência é um trabalho fundamental
prestado à coletividade, uma vez que dela decorrem consequências im-
portantes, que podem ser boas ou más.

A partir dessa reflexão sobre a relevância da prática docente, Livro


entendendo o planejamento como um dos principais pontos a serem
tratados, ele não deve ser considerado algo simples e óbvio, mas, sim,
ser visto com a delicadeza que o trabalho do professor requer, pois,
dessa forma, renderá bons frutos de modo organizado, estruturado,
eficiente e prazeroso, tanto para o pedagogo como para o aluno.

Para que esse alinhamento ocorra, o RCNEI (BRASIL, 1998) traz eixos
norteadores que indicam o trabalho a ser desenvolvido para um ensino
de qualidade nessa etapa e que, por isso, devem fazer parte do plane-
jamento do professor:
O livro Planejamento na Sala de
•• O primeiro deles trata de identidade e autonomia. Esse eixo aula traz, de maneira objetiva,
ressalta a importância de despertar na criança o sentimento de aspectos importantes e que
ser único, conhecendo suas qualidades e potenciais. Entendemos devem ser considerados pelo
professor ao planejar e executar
que, a partir do momento em que o aluno conhece e compreen- suas aulas. Trata, também, da
de a si mesmo, consequentemente as relações com os demais relação tão importante entre
será mais saudável e produtiva. planejamento e avaliação.

•• A matemática refere-se ao desenvolvimento, desde cedo, do GANDIN, D.; CRUZ, C. H. C. 4. ed. São
Paulo: Vozes, 2010.
raciocínio lógico e do raciocínio matemático, que formam a base
para toda a sequência de entendimentos da criança nos anos
posteriores relativos a esses temas e para a busca de solução
de problemas.
•• Natureza e sociedade trazem todas as discussões de mundo,
envolvendo conhecimentos de história, geografia e ciências de
maneira integrada. Em seu planejamento, o professor deve levar
a criança a se sentir como parte do meio em que vive e, automa-
ticamente, responsável por ele.
•• O trabalho com a música é outro fator importante, visto que esse
conhecimento, desde o início, proporciona grandes benefícios ao
desenvolvimento neuronal e à criatividade.
•• O movimento vem, também, como aspecto relevante, pois, na
educação infantil, o desenvolvimento motor está em um dos seus
períodos mais evidentes. Tanto a motricidade ampla (como correr,

Organização didática na educação infantil 25


saltar, organizar-se no espaço) quanto a motricidade fina (movi-
mentos de escrita) são elementos de extrema importância e que
devem, portanto, ser contemplados no planejamento do professor.
•• Diretamente ligada à motricidade está a linguagem oral e escri-
ta. O movimento da escrita e a expressão corporal possuem uma
forte ligação com os pré-requisitos para a alfabetização, que virá
nos anos posteriores. Essa ligação se dá ao fato de que a criança,
inicialmente, por meio de suas expressões corporais, desenvolve
a sua linguagem, a qual, quando bem estabelecida, abre cami-
nhos para que seja feito o seu registro no papel.
•• O trabalho com as artes visuais é outro fator que deve ser con-
siderado, pois contribui para o desenvolvimento das habilidades
motoras e desenvolve a criatividade e o conhecimento de ele-
mentos, tais como cores, formas e texturas, que levam a criança
a essa identificação de mundo, tão necessária nessa fase.

Além desses eixos, podemos falar em princípios e valores como


algo importante nessa etapa, para um ensino de qualidade. Eles de-
vem ser inseridos no cotidiano das aulas do professor, pois a fase de
zero a seis anos é uma época em que a socialização, o convívio com os
demais, o entendimento e a aceitação de regras começam a ser desen-
volvidos gradativamente.

Considerando esses eixos, devemos analisar quais fatores envol-


vem o ato de planejar na educação infantil. Desse modo, o número de
alunos em sala, inicialmente, é um fator de extrema importância ao se
pensar em um planejamento para uma aula ou, ainda, para um ano
letivo. Assim, pensar e elaborar a prática a partir do número de alunos
seria, até mesmo, o ponto principal desse planejamento.

As turmas de educação infantil, no geral, apresentam um número


reduzido de alunos em comparação às do ensino fundamental. Mesmo
com esse diferencial, faz parte da prática do pedagogo considerar o
número de alunos em sala para a concretização do que se imaginou.

Identificado o espaço a ser trabalhado, os recursos disponíveis a


serem utilizados e as possibilidades de realização, conforme a quanti-
dade de alunos, outro fator essencial para o planejamento adequado
do professor é conhecer a faixa etária dos alunos e o que cada uma de-
las significa. Afinal, as características das crianças em suas respectivas

26 Organização didática da educação básica


idades e as fases de desenvolvimento interferem no planejamento do
professor, que deve preparar atividades viáveis para essas realidades.

Além de o professor conhecer e aprofundar seus conhecimentos


sobre as fases do desenvolvimento infantil, ele deve também tomar
cuidado para que o planejamento e o direcionamento das atividades
estejam de acordo com as condições de aprendizagem dos alunos,
a fim de não desfavorecer suas capacidades, mas, sim, encorajar as
crianças em seu desenvolvimento, com o cuidado de não ultrapassar o
que é característico de cada fase.

Por isso, ao iniciar um novo ano, muitos pensamentos e dúvidas vêm


à cabeça dos pedagogos: será que a turma tem um comportamento agi-
tado? Será que terei muitos alunos com dificuldades de aprendizagem?

Boa parte dessa curiosidade inicial, e até mesmo de certa ansieda-


de, pode ser resolvida nas primeiras semanas de aula, quando se é
aconselhado realizar um levantamento inicial das facilidades e das di-
ficuldades de cada aluno. Ressalta-se, nesse momento, as facilidades
pelo fato de que o pedagogo deve identificar, também, os pontos em
que os alunos se destacam, visto que esta será uma informação precio-
sa no planejamento estratégico anual e, até mesmo, nos trabalhos em
grupos entre os alunos.

Por meio desse levantamento, a elaboração de estratégias será mais


direcionada, pois, conhecendo as dificuldades existentes, o pedagogo
poderá planejar a melhor maneira de encaminhar a aula para que
esses desafios sejam superados. No caso da educação infantil, ficam
evidentes as questões voltadas ao desenvolvimento motor, socialização
e oralidade.

Realizado esse levantamento e detectadas todas as características


iniciais que a turma e a instituição escolar apresentam, torna-se neces-
sário, então, planejar de acordo com esses aspectos.

Na educação infantil, os conteúdos vêm distribuídos de maneira


contínua e gradativa. Devemos lembrar que a criança, nessa faixa etá-
ria, aprende também por meio de repetições; assim, é preciso ensiná-la
diversas vezes e de diferentes formas um mesmo tema. Ou seja, algo
trabalhado em fevereiro deve ser relembrado mês a mês até dezem-
bro, para que, aos poucos, as novas descobertas ganhem sentido.

Organização didática na educação infantil 27


Outro momento que deve aparecer no planejamento do professor
e que é um fator a ser trabalhado é o aprender a compartilhar brin-
quedos, o que gera certa socialização. Este não é tema de aula, é algo
diário, assim como a hora da roda e outras metodologias que serão
vistas logo após.

Segundo Libâneo (2004, p. 222),


o planejamento é um processo de racionalização, organização e
coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e
a problemática do contexto social. A escola, os professores e os
alunos são integrantes da dinâmica das relações sociais; tudo o
que acontece no meio escolar está atravessado por influências
econômicas, políticas e culturais que caracterizam a sociedade de
classes. Isso significa que os elementos do planejamento escolar
– objetivos, conteúdos, métodos – estão recheados de implica-
ções sociais, têm um significado genuinamente político. Por essa
razão, o planejamento é uma atividade de reflexão acerca das
nossas opções; se não pensarmos detidamente sobre o rumo
que devemos dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos
rumos estabelecidos pelos interesses dominantes da sociedade.

Dessa forma, planejar uma aula é algo complexo, não óbvio, em que
deverá haver cautela com os detalhes e com as possibilidades. Assim,
nesse processo, também cabe ao professor a flexibilidade, a adaptação
do proposto com sua realidade e a predisposição para criar e inovar.

2.2 A metodologia no ensino de


Videoaula crianças pequenas
A escolha pela melhor metodologia em sala de aula envolve sele-
cionar métodos que possam colaborar de maneira significativa para o
desenvolvimento da criança.

Sabemos que o ser humano aprende em grupo, mas seu desenvol-


vimento ocorre de modo individual, pois cada um possui uma capaci-
dade e lógica diferentes frente ao que lhe é apresentado. Considerando
essa diversidade na forma de aprender, é necessário que, ao planejar
suas aulas, o pedagogo opte por metodologias e procedimentos que
contribuam para a evolução do processo de aprendizagem infantil.

Desse modo, dentro dessas metodologias existem rotinas utilizadas


em sala de aula que indiretamente trazem para a criança grandes pos-

28 Organização didática da educação básica


sibilidades de desenvolvimento oral, social e humano, além de conhe-
cimentos cognitivos.

É preciso ter claro que a metodologia é o caminho percorrido entre


a elaboração do planejamento e a verificação da aprendizagem com a
avaliação, esta que deve ter como objetivo não somente a verificação
do rendimento do aluno, mas também a função de ser um instrumento
de percepção, em que o professor refletirá sobre sua prática, readap-
tando-a se necessário. Para isso, o professor pode utilizar diferentes
estratégias, as quais podem, até mesmo, fazer parte da rotina da sala
de aula de educação infantil.

Um exemplo bastante conhecido e utilizado é a hora da roda. Mas,


por que esse momento é tão importante? Nele, as crianças inicialmente
sentam em forma de círculo no chão para iniciar a atividade, o que,
a princípio, já é um exercício desafiador para as crianças dessa faixa
etária, pois seu autocontrole motor ainda está em desenvolvimento.
Assim sendo, sentar e ouvir o outro é uma prática a ser treinada
e realizada diariamente. Além de executar essas ações, a criança
desenvolve oralidade, sequência temporal e memória, que são
Figura 1
elementos importantes no desenvolvimento infantil. A hora da roda promove
elementos importantes no
desenvolvimento infantil.

Organização didática na educação infantil 29


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O fato de relatar situações que já aconteceram, falando de forma a
ser entendido pelos demais, ajuda a desenvolver questões de oralida-
de essenciais à criança. Salvo esses importantes fatores, há também a
socialização e o respeito ao próximo; saber ouvir o que o outro tem a
dizer é uma habilidade a ser desenvolvida, assim como esperar sua vez
de falar, o que gradativamente contribui para a organização mental de
ideias e controle de ações da criança.

Outro exemplo de metodologia a ser utilizada na educação infantil


é o hábito de deixar claro para as crianças a rotina do dia. A partir do
momento em que a criança identifica o que acontecerá durante o pe-
ríodo em que ficará na escola, seu grau de ansiedade se estabiliza. Esse
hábito traz, também, benefícios para a organização mental da criança
e controle do tempo. Desse modo, o pedagogo pode expor essa rotina
de diferentes formas, como em formato de imagens, palavras ou sím-
bolos que representem cada momento: hora da roda, educação física,
lanche, atividade e assim por diante.

O dia do brinquedo é outra forma de tornar as aulas atrativas e di-


vertidas para a criança. No entanto, sua função é acima de tudo social.
Geralmente, as escolas elegem um dia específico da semana em que
os alunos trazem seus brinquedos para brincar na escola. Nesse dia,
a criança aprende a compartilhar, cuidar do que não é seu, respeitar a
vontade dos colegas e socializar. O pedagogo, ao planejar esse momen-
to, deve ter a consciência dessas questões e explorar situações de con-
flito que os alunos podem enfrentar, orientando-os adequadamente.

Figura 2
O dia do brinquedo tem
a socialização como
principal função.
Rawpixel.com/ Shutterstock

30 Organização didática da educação básica


Além disso, o dia do brinquedo também é um momento privilegiado no
que diz respeito ao desenvolvimento da imaginação e criatividade.

Projetos diferenciados fazem parte das metodologias utilizadas na edu-


cação infantil. Eles devem ser desenvolvidos nas aulas pela escolha de um
tema ou, ainda, pelo interesse das próprias crianças. Esses projetos podem
ter duração semanal, quinzenal ou se estender por um bimestre, semestre
ou ano. Trata-se de uma maneira especial de tornar o conhecimento inter-
disciplinar, com uma visão mais concreta e próxima da realidade da crian-
ça. Dessa forma, tem-se claro que as metodologias a serem utilizadas com
crianças pequenas requerem criatividade e intencionalidade.

Para que essa rotina aconteça, o RCNEI (BRASIL, 1998) traz algumas
sugestões relacionadas à organização didática, para que o professor
possa contemplar cada parte do processo.

A primeira seria com relação à organização do tempo, ou seja, o


tempo de trabalho educativo, de brincadeiras e do exercício das roti-
nas; isto é, do planejamento em si para que o tempo seja aproveitado
da melhor forma.

A segunda trata da organização do espaço e seleção de materiais,


que, na verdade, faz parte do planejamento do professor, separando
os materiais e espaços pertinentes a cada prática. Assim, não basta sa-
ber o que fazer, mas também quando e onde.

A observação, o registro e a avaliação formativa referem-se às


observações e aos registros constantes que o professor deverá fazer
ao longo de suas aulas, tema que será aprofundado na próxima seção.

Dessa forma, entende-se que a metodologia e as rotinas vivencia-


das em sala de aula precisam ser permeadas por intencionalidade, por
objetivos alicerçados na prática e por um conjunto de ações que levem
o professor a aprimorar cada vez mais as suas práticas.

2.3 Avaliação na educação infantil


Videoaula Executadas todas as estratégias e tomados todos os cuidados perti-
nentes à garantia do bem-estar e da educação da criança, como visua-
lizar os resultados desse processo?

Para essa questão, só existe uma resposta: avaliar. Esse ato na edu-
cação infantil está diretamente ligado à tomada de decisões. Decisões

Organização didática na educação infantil 31


essas relacionadas à própria atuação profissional do pedagogo, aos
processos que envolvem as rotinas da escola e a efetivação de sua pro-
posta curricular e à aprendizagem dos alunos.

Segundo Sousa (2008, p. 56),


o ato de avaliar deve estar fundamentado nos seguintes pontos:
1. Continuidade: a avaliação deve estar presente durante todo o
processo educacional, e não somente em períodos específicos;
2. Compatibilidade com os objetivos propostos: a avaliação deve
estar em conformidade com os objetivos definidos como nortea-
dores do processo educacional para que venha realmente cum-
prir a função de diagnóstico;
3. Amplitude: a avaliação deve estar presente em todas as pers-
pectivas do processo educacional, avaliando assim todos os com-
portamentos do domínio (cognitivo, afetivo e psicomotor);
4. Diversidade de formas: para avaliar devemos utilizar as várias téc-
nicas possíveis, visando também avaliar todos os comportamentos.

Após essas reflexões sobre a importância da continuidade, compati-


bilidade, amplitude e diversidade da avaliação, devemos também pen-
sar de modo mais prático a avaliação em momentos diferentes, porém
com mesmo grau de importância.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, sancionada em dezembro


de 1996, estabelece, na Seção II, referente à educação infantil, artigo
31, inciso I, que a avaliação deve ocorrer “mediante acompanhamento
e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promo-
ção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental” (BRASIL, 1996).

Assim, o primeiro momento seria o de avaliar os conhecimentos


prévios dos alunos, descobrindo o que eles já sabem sobre o que preci-
sa ser desenvolvido naquele estágio. Uma vez que as crianças sempre
têm algo a apresentar a partir da realidade social em que vivem, é im-
portante a sensibilidade do pedagogo, pois essa verificação inicial trará
informações para a elaboração do seu planejamento.

O momento da avaliação pode aparecer, no caso da educação infan-


til, no formato de brincadeiras, rodas de conversa e, também, realizan-
do uma entrevista com os pais para conhecer mais sobre a realidade da
criança, suas habilidades e possíveis dificuldades, levando em conside-
ração a perspectiva da família.

Um segundo momento está relacionado ao processo. As estraté-


gias ao longo do período, os erros, os acertos, as dificuldades encontra-

32 Organização didática da educação básica


das no caminho, as habilidades, as aprendizagens e os conhecimentos
Figura 3
adquiridos pelos alunos no decorrer das aulas devem ser considerados A participação da família
ao realizar a avaliação do aluno. no processo de avaliação
na educação infantil.
No caso da educação infantil, esse momento da avaliação pode
ocorrer por meio de instrumentos de acompa-
nhamento em que o professor faz anota-
ções diárias do rendimento dos alunos,
observando a evolução que tiveram e o
que ainda precisa ser alcançado. Esse
instrumento pode ser em formato
de fichas, em que o pedagogo irá
registrar diariamente a evolução
dos alunos. Outra forma impor-
tante de acompanhamento fre-
quente é a observação da
resolução das atividades. Dessas
duas formas, o pedagogo conse-
guirá observar de maneira proces- Phat1978/Shutterstock
sual e contínua a evolução da criança
nos âmbitos social e cognitivo.

De acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998), a avaliação nessa etapa deve


ser processual e destinada a auxiliar na evolução da aprendizagem, for-
talecendo a autoestima das crianças. Nesse documento, a avaliação é
entendida, prioritariamente, como um conjunto de ações que auxiliam
o professor a refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e,
com isso, ajustar sua prática às necessidades colocadas pelas crianças.
É um elemento indissociável do processo educativo que possi-
bilita ao professor definir critérios para planejar as atividades e
criar situações que gerem avanços na aprendizagem das crian-
ças. Tem como função acompanhar, orientar, regular e redirecio-
nar esse processo como um todo (BRASIL, 1998, p. 59).

Dessa forma, espera-se visualizar os resultados das aprendizagens,


ou seja, o que efetivamente foi desenvolvido e assimilado pelos alunos.
Essa etapa pode ocorrer com atividades direcionadas, que intencional-
mente analisam o que o aluno atingiu em termos de conhecimento e
desenvolvimento, como “avaliações finais”.

Organização didática na educação infantil 33


Torna-se importante visualizar, durante cada um desses tipos de avalia-
ção e em diferentes momentos, a diversidade que compõe a sala de aula.
Cada aluno é único em seu desenvolvimento, e o sucesso ou não de
sua aprendizagem dependerá de diferentes fatores que devem ser
considerados pelo professor. Sabe-se que os estímulos externos nessa
fase são um marco importantíssimo frente ao desenvolvimento do alu-
no. Crianças mais estimuladas desde cedo apresentarão desempenho
mais acelerado. Esses estímulos podem ocorrer com a simples exposi-
ção da criança a diferentes materiais desde cedo, com formas e cores
diversas, participando de contação de histórias e utilizando brinquedos
educativos. Porém, muitas podem não apresentar esses estímulos pre-
coces e, assim, se desenvolverão no seu tempo.

Nesse sentido, o planejamento de uma aula e, consequentemente,


a sua avaliação e a do aluno devem partir de princípios em que a diver-
sidade, bem como as dificuldades e deficiências, sejam consideradas.
Muitas vezes, esse momento necessita de um olhar diferenciado do pe-
dagogo, no que diz respeito à adaptação das avaliações para a capacida-
de cognitiva em que a criança se encontra, respeitando suas limitações.

Após todo esse acompanhamento e cuidado, outro momento


muito importante é a devolutiva das avaliações aos pais. Na maioria
das escolas de educação infantil, isso ocorre na forma de relatórios,
nos quais o desenvolvimento da criança é descrito sob a perspectiva
pedagógica em seus diferentes aspectos (afetivo, cognitivo, motor
e outros). A entrega desse relatório pode ocorrer bimestralmente,
Vídeo
trimestralmente ou semestralmente, com a presença dos pais em
No vídeo Reflexões sobre
a avaliação na escola reunião com o professor.
infantil, publicado pelo
canal Instituto Advento, Por se tratar de um momento importante do desenvolvimento in-
Jussara Hoffmann, em fantil, as famílias precisam acompanhar e atentar-se a todos os âmbitos
uma entrevista, relata
os processos e desafios de desenvolvimento de seus filhos. Nesse sentido, cabe ao pedagogo a
de avaliar na educação qualidade dessa devolutiva, sabendo apontar, com seus conhecimen-
infantil, tema tratado aqui
de maneira prática e pró- tos teóricos, quais os aspectos a serem trabalhados com a criança, o
xima à realidade aplicada por quê e de que forma. Dessa maneira, busca-se a aproximação com
em sala de aula.
a família em prol do desenvolvimento da criança, estabelecendo um
Disponível em: https://www.youtu- trabalho com união e parceria.
be.com/watch?v=FL3gjVUWs2M.
Acesso em: 22 jan. 2020. Por fim, o feedback que é dado às crianças com relação ao seu de-
senvolvimento tem uma grande importância nesse processo. Explicar
com clareza o que precisam fazer, o que se espera, e dizer como se

34 Organização didática da educação básica


saíram no resultado é motivador e importante para perceberem o ca-
minho a ser trilhado. Lembrando que a valorização das conquistas e do
quanto a criança conseguiu se desenvolver dentro de sua capacidade
deve ser vista pelo pedagogo.
No que se refere às crianças, a avaliação deve permitir que elas
acompanhem suas conquistas, suas dificuldades e suas possi-
bilidades ao longo de seu processo de aprendizagem. Para que
isso ocorra, o professor deve compartilhar com elas aquelas ob-
servações que sinalizam seus avanços e suas possibilidades de
superação das dificuldades (BRASIL, 1998, p. 60).

Assim, percebemos que avaliar é um processo importante, rico em


conhecimentos da individualidade de cada um, e é também uma ferra-
menta de autoavaliação para o pedagogo, pois, por meio desses resul-
tados, ele perceberá o quanto a sua prática está tendo sucesso em sala
de aula, ou o quanto é necessário revê-la.

CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Entendemos a educação infantil como a base que sustenta o de-
senvolvimento cognitivo, afetivo e motor do ser humano. Dessa forma,
ressaltamos a importância de o pedagogo ter claro os processos que a
compõem. Desde o planejamento à escolha pela metodologia adequada
e ao processo de avaliação, torna-se rico esse momento de descobertas e
de novas possibilidades de desenvolvimento.
Fica evidente que o pedagogo, como o principal profissional que
conduz os saberes nessa etapa da educação, deve prezar pelo bom
desenvolvimento da criança, favorecendo a criação das bases que o sus-
tentarão para toda a sua vida escolar e social. Lembrando que essa atua-
ção do professor-pedagogo deve pautar-se no profundo conhecimento
teórico e no entendimento das recomendações legais apresentados por
documentos como o RCNEI, que traz apoio e direcionamento ao tra-
balho do professor e é seu grande aliado no trabalho desenvolvido na
educação infantil.
Seja o professor em sala de aula ou o pedagogo escolar, o profissional
que atua na educação infantil tem a missão de fazer com que os proces-
sos ocorram da melhor forma, prezando por uma organização didática
que contemple todas as necessidades das crianças nesse momento.

Organização didática na educação infantil 35


ATIVIDADES
1. Discorra sobre as preocupações que o pedagogo deve ter ao realizar
o planejamento na educação infantil.

2. Dentre as diferentes metodologias utilizadas na educação infantil, o


dia do brinquedo possui um significado muito importante frente ao
desenvolvimento infantil. Escreva sobre seus benefícios.

3. Ao pensarmos sobre avaliação, podemos considerar que ela deve


ser feita nos primeiros momentos com a turma, sendo realizada
novamente durante o processo e, também, no final do período. O que
se espera obter com a avaliação em um segundo momento, durante o
processo de aprendizagem?

REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.
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JULIATTO, C. I. De professor para professor, falando de educação. Curitiba: Champagnat,
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SOUSA, C. P. Dimensões da avaliação educacional. São Paulo: Vozes, 2008.

36 Organização didática da educação básica


3
Organização didática
no ensino fundamental
– anos iniciais
Após a jornada que a criança percorre durante o período na
educação infantil e os desafios enfrentados, iniciamos um perío-
do cheio de possibilidades e que exige um novo olhar voltado ao
desenvolvimento. Nessa fase que se inicia, a criança se apresenta
um pouco mais madura e aberta às novas descobertas; é o mo-
mento em que novas capacidades cognitivas são experimentadas.

Os anos iniciais do ensino fundamental contam com a beleza


de uma criança capaz de compreender o próximo e de socializar
de uma maneira diferente, que a leva a uma integração mais efe-
tiva. Essa fase conta também com a inserção no mundo letrado
por meio da leitura e escrita aprendidas durante a alfabetização.

Corresponde, portanto, a uma fase de transição da educação


infantil para o ensino fundamental, em que é preciso compreender
o papel do pedagogo em relação à didática, metodologia e avalia-
ção empregadas pelos professores em sala de aula. Neste capítulo,
vamos refletir sobre esse tema e fatores como planejamento e mé-
todos pertinentes ao ensino fundamental – anos iniciais.

3.1 Processo de transição e adaptação


Videoaula para o ensino fundamental
O universo da educação infantil é repleto de criatividade, imagina-
ção, cor e movimento. Brincar faz parte do dia a dia e as atividades são
diversificadas e lúdicas. Porém, ao fim do último ano letivo dessa fase
da educação, a criança é inserida em uma nova realidade.

Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 37


Salas de aula diferentes, trabalho individualizado, silêncio e uma
gama diferente de atividades são disponibilizadas para as crianças, al-
gumas vezes esquecendo que o ingresso nessa nova etapa da educa-
ção básica não representa o final da infância. Tal processo, algumas
vezes, pode ocasionar certa resistência por parte das crianças, ou até
mesmo desmotivação com o ambiente escolar, por não encontrar tan-
to tempo de liberdade de criação, para brincar e resolver com esponta-
neidade suas atividades.

Esses fatores, mesmo não sendo uma regra, representam uma rea-
lidade comum nesse momento de transição da educação infantil para
o primeiro ano do ensino fundamental. Por isso, torna-se um motivo
de atenção e cuidado por parte do pedagogo que acompanha esse mo-
mento, a fim de que não se perca a infância com mudanças repentinas
de postura por parte do professor em sala de aula.

Em nosso país, esse momento de transição já foi discutido e modi-


ficado algumas vezes. A Lei n. 11.274 de 2006 reduziu para seis anos
a idade de ingresso da criança no ensino fundamental e, em 2016, a
Emenda Constitucional n. 59/2009 determinou que as crianças de qua-
tro e cinco anos devem ingressar na educação infantil.

Dessa forma, o ingresso da criança na escola passa a ser mais cedo,


o que nos faz pensar que esse ambiente deve estar adequadamente
Figura 1 apropriado para recebê-la, em todos os aspectos, desde os físicos e
A entrada no ensino curriculares até a formação de pedagogos e professores.
fundamental representa
grandes mudanças na vida Tanto a necessidade de uma transição tranquila para o ensino
da criança.
fundamental quanto a garantia de espaços adequados de
permanência na escola são ressaltados nas Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN), aprovadas em 2010.
Elas se preocupam em estabelecer
a relação entre esses dois pe-
ríodos – a educação infantil
e o ensino fundamental
– como uma continuida-
de, e não uma quebra
que possa afetar o de-
sempenho e a motivação
da criança em aprender
e em permanecer o
ock
Monkey Bu t terst ambiente escolar.
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38 Organização didática da educação básica


Para tanto, destaca-se que a formação do pedagogo, responsável
pelo trabalho nesses níveis, seja como professor seja como coordena-
dor pedagógico, deve estar voltada aos saberes e às peculiaridades que
essa fase apresenta, estando sempre ciente de questões como:
•• A contínua necessidade de brincar e a interação com os seus co-
legas por meio de atividades lúdicas.
•• A peculiaridade de cada um e o respeito às diferenças, relaciona-
das a fatores emocionais e cognitivos.
•• O desenvolvimento de uma proposta pedagógica que continue
priorizando o movimento durante as aulas, destacando a diver-
sidade de atividades propostas, os saberes prévios e o contexto
sociocultural.

Desse modo, se os procedimentos e cuidados utilizados até então


na educação infantil forem tratados como uma continuidade no ensino
fundamental, todos os aspectos maturacionais que se espera da crian-
ça virão gradativamente. As novas configurações de turma, professo-
res, ambiente, autonomia e hábitos diferentes de estudos, bem como
a curiosidade pelo novo, devem ser elementos de motivação e anseio
por novas experiências.

Dentro das novas experiências, vários fatores devem ser considera-


dos, estes que vão desde o planejamento e formação do professor até
elementos predominantes dessa mudança, como o processo de avalia-
ção, o qual deve ser visto como algo que faz parte da aprendizagem, e
não como um desafio negativo.

O conceito de avaliação deve ser recebido pelo aluno por meio de


um trabalho consciente e direcionado do professor ou pedagogo que
assume a turma. É ele que deve explicar o sentido, processo e objetivo
de cada atividade realizada, pois a prática de provas que geralmente
surge nesse período, muitas vezes, não é encontrada na educação in-
fantil. Sabe-se que muito do que o aluno levará para a sua vida acadê-
mica é respaldo de uma fase de base inicial, como o momento tratado
aqui, ou seja, os primeiros anos da educação básica. Na educação in-
fantil e no ensino fundamental, o aluno cria alicerces que serão a base
da sua vida acadêmica no que se refere à leitura, à escrita, ao letramen-
to e aos hábitos de estudos.

É preciso ainda ter cuidado quanto às expectativas das famílias em


relação aos novos desafios encontrados pelos filhos nessa nova fase de

Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 39


ensino. O pedagogo deve, nesse momento, adotar uma postura aco-
lhedora, de escuta e segurança, que transmita confiança e serenidade
frente às novas fases da vida escolar da criança. Ou seja, em todos os
momentos, o olhar do pedagogo durante essa transição deve ser per-
meado por sensibilidade e clareza, com o intuito de tornar esse mo-
mento algo prazeroso e significativo.

Artigo

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X1999000100007

Publicado no portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia, o artigo A


pré-escola e a construção da autonomia, das autoras Patrícia Ligocki Silva e Tâ-
nia Mara Sperb, traz uma reflexão sobre o preparo da criança na educação
infantil para se adaptar ao ensino fundamental.

Acesso em: 22 jan. 2020.

Por fim, cabe ressaltar que cada criança e cada família apresentam
peculiaridades, como tempos diferentes de aprendizagem, de adapta-
ção e formas diferentes de lidar com processos de mudanças. O peda-
gogo, como profissional à frente desse processo, deve ter estratégias,
de acordo com o ambiente em que atua, que as auxiliem nesse proces-
so de transição.

3.2 Identidade do pedagogo nos anos


Videoaula iniciais do ensino fundamental
Compor a própria identidade é extremamente relevante em todos
os aspectos da vida. Ao implantar nossa identidade, realçamos nosso
modo de pensar, agir e viver que foram construídos com base em nos-
sa educação e nossas vivências.

Nesse sentido, a identidade profissional também é desenvolvida


por meio de estudos, vivências e experiências, que devem nos levar a
acreditar e desenvolver o trabalho de maneira ética e coerente com o
papel que ocupamos. Essa mudança de papel, ora professor, ora coor-
denador, ou ainda atuando em ambientes empresariais, cabe muito
bem na formação do pedagogo, uma vez que o profissional de pedago-
gia pode atuar nas mais diferentes organizações voltadas ao trabalho
com educação, como escolas, empresas, ONGs e hospitais.

40 Organização didática da educação básica


Com relação à identidade do pedagogo, construída ao longo de seus
estudos e de sua experiência profissional, Marcelo (2009) reconhece a
identidade profissional como um processo de aprendizagem ao lon-
go da vida, visto que seu desenvolvimento é interminável. Nessa pers-
pectiva, faz-se necessário considerar que os professores e pedagogos
precisam constantemente questionar-se: “Quem eu quero ser?” e, com
isso, buscar saber qual é o seu espaço na sociedade.

Brzezinski (2011, p. 122) afirma também que


a identidade profissional é uma identidade coletiva, pois vai se
delineando. E no caso do pedagogo, tal como o professor, as re-
lações de trabalho se estabelecem no interior da escola, no con-
texto da comunidade, mas o pedagogo, por força de lei em vigor,
atua também em espaços não escolares.

Dessa forma, a atuação do pedagogo se amplia a diferentes áreas, e


sendo estas relevantes em todos os campos de atuação e níveis, vamos
pensar agora no que se refere especificamente ao ensino fundamental.
Quais saberes e questões devem ser considerados pelo pedagogo para
firmar sua identidade e personificação em sua prática?

Inicialmente, é preciso deixar evidente que a escola precisa dos sa-


beres e das práticas que o pedagogo realiza. Para Pimenta (1996, p.
248), o “fazer pedagógico que ultrapassa a sala de aula, configura-se
como essencial na busca de novas formas de organizar a escola para
que esta seja efetivamente democrática’’.

As DCN para o curso de Pedagogia definem o pedagogo como pes-


soa habilitada para atuar no ensino, na gestão e na organização de
projetos educacionais, sistemas, unidades e na produção e difusão do
conhecimento, nas mais diversas áreas da educação, tendo a docência
como base obrigatória de sua formação e identidade de profissional.
Com isso, o papel da formação inicial do pedagogo remete ao trabalho
em sala de aula. Porém, sua formação abrange outras áreas que se
responsabilizam frente ao trabalho docente e à organização escolar.

Nesse momento, vamos evidenciar a identidade do pedagogo en-


quanto professor do ensino fundamental e refletir sobre essa identida-
de, a qual é construída desde os anos iniciais de sua formação, durante
a graduação, até o que os anos de prática em sala de aula o transfor-
mam, por meio de suas experiências.

Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 41


Nesse sentido, podemos considerar a importância da práxis, isto é,
a relação entre teoria e prática, que traz sentido ao que o professor faz
em sala de aula e contribui para o desenvolvimento da sua identidade
frente a sua ação.

O conceito de práxis remete ao processo de reflexão-ação-reflexão.


O ato de refletir sobre a sua prática e agir sobre ela torna o profes-
sor muito mais próximo da realidade e capaz de pensar em estratégias
para mudar sua prática – mudanças essas tão necessárias diante dos
desafios diários da sala de aula, em especial no ensino fundamental.
Nessa etapa, os desafios do pedagogo/professor estão relacionados
inicialmente ao processo de alfabetização e letramento.
A alfabetização, além de representar fonemas (sons) em grafe-
mas (letras), no caso da escrita, e representar os grafemas (le-
tras) em fonemas (sons), no caso da leitura, os aprendizes, sejam
eles crianças ou adultos, precisam, para além da simples codi-
ficação/decodificação de símbolos e caracteres, passar por um
processo de ‘compreensão/expressão de significados do código
escrito’. (PARANÁ, 2015, p. 7)

O trabalho minucioso com fonemas e grafemas faz parte de um


primeiro momento e deve ser desenvolvido com total clareza, pois é
Figura 2 a base para uma boa compreensão escrita durante os processos de
A alfabetização é um dos alfabetização e letramento.
principais objetivos dos
anos iniciais. De acordo com Soares (2013), esses dois processos introduzem a
criança e o adulto que ainda não passou pelo processo de alfabetiza-
ção ao mundo da escrita. Segundo a autora, a alfabetização
é o processo pelo qual a criança adquire o sistema con-
vencional de escrita, enquanto o letramento
se refere ao desenvolvimento do uso
desse sistema em práticas de leitura
e escrita.

A alfabetização é um proces-
so complexo e que não
ocorre somente nos
anos iniciais. Ler e es-
crever é um dos princi-
pais objetivos dos anos
iniciais, porém letrar e
inserir o aluno em um
wave
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edia/Shutterstock

42 Organização didática da educação básica


mundo de criticidade e interpretação da realidade é um processo que se
estende por todo o ensino fundamental e que deve ser objeto de preocu-
pação e constante trabalho do pedagogo que atua nesse nível de ensino.
Saber as especificidades dessa etapa e desenvolver um trabalho
que venha ao encontro dessas características, muitas vezes, direciona
o pedagogo a se tornar um especialista em alfabetização – o que abran-
ge um campo de muitas descobertas e novas possibilidades.
Contudo, o ensino fundamental traz outros desafios, relacionados
à continuidade desse processo ao longo dos demais anos, e que vão
ser tratados na próxima seção. Por isso, a identidade do pedagogo en-
quanto professor dessa etapa vai se expandindo no que se refere à
formação continuada, para a compreensão especificamente em letra-
mento, criticidade e autonomia e, ao trabalhar com habilidades e com-
petências, contribui para o ser cidadão.
A identidade do pedagogo no ensino fundamental pode ser cons-
truída como professor e como gestor, ou seja, aquele que acompanha
o andamento do trabalho desenvolvido na escola, o trabalho do profes-
sor, seu sucesso e insucesso.
Conforme Lück (2013, p. 39),
é importante ter em mente que o fracasso escolar de um aluno
não acontece apenas no final do ano e nem por acaso, ou por
culpa do professor. Ele acontece no dia a dia, desde as primeiras
aulas do ano letivo, a partir de pequenas aprendizagens que dei-
xam de acontecer, que ficam desatendidas pelos professores e
que vão se acumulando no dia a dia, gerando mais dificuldade,
insucessos e construindo gradualmente uma atitude discente
negativa em relação ao processo de aprender.

Nessa perspectiva, o gestor assume grande responsabilidade sobre


o que acontece também em sala de aula, uma vez que participa indire-
tamente do planejamento do professor, com orientações, por meio do
contato com os pais, da estruturação do currículo e demais demandas
que envolvam a aprendizagem dos alunos.
Entendemos, assim, que a busca pela identidade do pedagogo no
ensino fundamental estará pautada na sua escolha de atuação, no
aprofundamento teórico realizado frente a essa escolha e, principal-
mente, na sua predisposição, tão característica da pedagogia, que sig-
nifica o compromisso transformador frente aos educandos, seja em
sala de aula seja como gestor desse processo.

Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 43


3.3 Planejamento com os professores
Videoaula Pensar no papel do pedagogo no ensino fundamental pode remeter
ao trabalho como gestor, direcionado aos professores, com orientação
direta de seu trabalho e planejamento. Ao pensar em planejamento
nessa etapa, inicialmente, o pedagogo deve orientar o professor sobre
alguns cuidados específicos, como a atenção relativa à diversidade cul-
tural e cognitiva que se pode encontrar nas turmas, principalmente no
período de alfabetização e letramento.

Outro fator que merece especial atenção do pedagogo ao realizar


essas orientações é a delicadeza da transição entre a educação infantil
e o ensino fundamental. O pedagogo, nesse sentido, é o profissional
responsável por abrir caminhos que tragam ao trabalho do professor
mais sentido e significado, buscando soluções para situações cotidia-
nas e processos em sala de aula.

Sabemos que, nos anos iniciais do ensino fundamental, o professor


é o responsável por ministrar praticamente todas as disciplinas, com
exceção de Arte e Educação Física, que competem aos profissionais for-
mados nessas áreas. Cabe então trabalhar com as demais disciplinas a
fim de tornar os saberes integrados e investir em desenvolver habilida-
des e competências nessas áreas.

Assim, planejar adequadamente cada aula e cada momento requer


criatividade, busca de soluções para contemplar os alunos que apresen-
tam dificuldades na aprendizagem, bem como para aqueles que possuem
facilidades ao aprender, uma vez que demandam um tempo de planeja-
mento individualizado com atividades complementares. Nesse momento,
o pedagogo surge como um apoiador desse processo, aquele que acom-
panha esse trabalho e, com o professor, busca caminhos e soluções.

Essas novas soluções abrangem a necessidade de inovar os pro-


cessos didáticos, propor novas metodologias, novas visões diante das
dificuldades e facilidades de aprendizagem. Abrir novos caminhos e
desenvolver novos pensamentos faz parte do trabalho do pedagogo
frente aos professores.

Essas orientações e esses acompanhamentos podem ocorrer confor-


me a organização de trabalho do pedagogo, sendo semanalmente ou
quinzenalmente, com reuniões específicas ou em grupo. O importante

44 Organização didática da educação básica


é a manutenção diante do que é feito e produzido e, principalmente, a
intencionalidade de melhorar e ampliar o que é feito. Além disso, o apoio
por parte do pedagogo é importante quando há contato dos professores
com os pais, oferecendo respaldo aos docentes diante de dúvidas e con-
flitos para que as informações sejam claras e direcionadas à necessidade
do momento.

Por ser o início de uma nova fase e novas adaptações, nesse período
do ensino fundamental, não somente as crianças, mas também as famílias
passam por um momento de dúvidas e descobertas. Consequentemente,
recorrem ao professor e ao pedagogo para que, por meio de um trabalho
integrado, prezem pelo desenvolvimento da criança.

Todo esse caminho a ser desenvolvido pela escola para que a apren-
dizagem da criança ocorra, bem como a forma de trabalho e o que será
desenvolvido, é registrado e seguido por meio do currículo, documento
que traz diretamente o que deve ser trabalhado em cada ano. Por isso, ele
deve ser revisto e atualizado com frequência.

Para esclarecer dúvidas de pais e apresentar a proposta curricular da


escola, o pedagogo deve ter o currículo como algo vivo e em constante
transformação. Nesse momento, ele deve contar com o auxílio do profes-
sor, pois é ele quem está à frente em sala de aula, logo, ele percebe o que
pode ser melhorado e ampliado a cada ano. Dessa forma, é perceptível
a necessidade, mais uma vez, de se estabelecer um trabalho integrado
entre professor e pedagogo, em que este realizará um trabalho não de
fiscalizador, mas de orientador da prática docente, integrado nas deman-
das diárias.

Dentro dessas demandas, o pedagogo precisa também preocupar-


-se com outras tarefas que envolvem sua função, como a de participar
da escrita e atualização do Projeto Político Pedagógico (PPP); realizar os
conselhos de classe; registrar atas; elaborar pautas a serem discutidas;
integrar-se no convívio com as famílias e, tudo isso, sem perder a essência
da atuação em sala de aula. Desse modo, seu trabalho estará mais voltado
às reais necessidades dos professores e da escola como um todo.

Portanto, ainda que em posição de gestor, o pedagogo deve pensar


na realidade da sala de aula e contribuir positivamente para esse espa-
ço em conjunto com o professor, visando um objetivo único: a aprendi-
zagem dos alunos. Por isso, a qualidade do trabalho dos professores é

Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 45


uma responsabilidade conjunta e de interação para garantir e otimizar
a aprendizagem.

Dessa maneira, o pedagogo deve priorizar uma boa comunicação,


clara e ética, que transmita informações necessárias, sem dúvidas, re-
ceios ou constrangimentos, com o intuito de um trabalho que vise ao
crescimento mútuo e à busca de um mesmo objetivo, e não que se
torne algo impositivo ou fiscalizador.

Esse auxílio frente ao planejamento e, consequentemente, à forma-


ção docente reflete nas relações de aprendizagem dentro da escola, pois
um educador-educando que permite que o educando, enquanto
aprende, também ensine, tornando-o um educando educador.
[…] Isso implica em todo educando e educador como sujeitos de
saberes, inacabados como seres humanos com possibilidades
de formarem-se como sujeitos críticos, reflexivos, capazes de re-
fletirem sobre sua própria prática, no sentido de transformá-la.
(SANTOS, 2009, p. 128)

Logo, o pedagogo e o professor aprendem mutuamente durante


todo o processo e constroem caminhos adequados à aprendizagem
dos alunos, superando desafios e elaborando práticas diferentes e sig-
nificativas a cada momento.

3.4 Métodos e metodologia para


Videoaula enriquecer o trabalho docente
Ao pensar em como a as aulas devem ser desenvolvidas no ensino
fundamental, inicialmente, devemos entender a diferença entre o que
é método e o que é metodologia, pois essa compreensão levará o pro-
fissional à clareza do que será elaborado.

O método de ensino se refere a uma postura geralmente adotada


pela escola e que reflete a forma de ensinar e conduzir os processos
em sala de aula daquela instituição. Podemos ter, por exemplo, os mé-
todos mais tradicionais de ensino, em que o centro do processo é o
professor e o aluno é um expectador e receptor de conhecimentos.

Outro exemplo é o método de ensino construtivista, em que as prá-


ticas têm como centro do processo de aprendizagem o aluno. Este pos-
sui um papel ativo e de construção do conhecimento com o professor,
em que trabalham e constroem juntos.

46 Organização didática da educação básica


Figura 3
Já a metodologia consiste na opção de práticas efetivas de sala para
O método de ensino
que a aprendizagem aconteça. Essas metodologias podem variar con- tradicional tem o professor
como centro do processo
forme a intencionalidade do professor, o número de alunos, ou até mes- de ensino-aprendizagem.
mo a proposta da escola. Por exemplo, uma escola que segue
um método construtivista, pode trabalhar com metodologias
ativas, pois elas colocam o aluno como protagonista da
sua aprendizagem e são responsáveis pelo
ato de aprender com autonomia e cri-
ticidade. Contudo, a metodologia
escolhida pelo professor em de-
terminado momento pode ser
também um trabalho individua-
lizado e mais voltado à atenção
sem, necessariamente, a inte-
ração entre alunos, ou seja, as
metodologias alteram conforme v/Shutte
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Iakov Filimono
cada aula e intenção.

Dessa forma, para que o pedagogo oriente o professor em seu pla-


nejamento, ele precisa ter claro inicialmente o método e a metodologia
adotados pela escola em que atua.

Após conhecer o método adotado, é o momento de escolher as me-


todologias adequadas para o ensino fundamental – ano iniciais. A esco-
lha da metodologia pode estar relacionada às características dos alunos
ou da turma no geral, uma vez que
adequações podem ser feitas para Figura 4
ir ao encontro das necessidades Metodologias recentes propõem mais
dos educandos. autonomia para que o aluno seja o prota-
gonista de sua aprendizagem.

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Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 47


As metodologias que compõem o dia a dia em sala de aula são as
mais variadas e contam com uma diversidade de possibilidades de ade-
quações, as quais podem ocorrer de um nível para outro, por exemplo,
um determinado tipo de trabalho em grupo no ensino médio pode ser
adaptado para ser utilizado no ensino fundamental.

Entre os recursos a serem utilizados nas metodologias em sala de


aula, a tecnologia é considerada um dos maiores desafios das escolas
contemporâneas. Isso porque não basta tê-la, é preciso saber usá-la
como ferramenta integrada às demais metodologias, uma vez que é um
instrumento próximo da realidade do aluno. Por exemplo, as tecnologias
podem ser utilizadas por meio de jogos interativos, apoio ou comple-
mento ao que se foi desenvolvido previamente.

Os recursos tecnológicos podem ser utilizados como metodologia de


diferentes formas: por meio de aplicativos para a realização de exercí-
cios, exposição de conteúdo via apresentações previamente preparadas
pelo professor, uso de vídeos e sites interativos para exemplificar teorias.
De qualquer modo, é um recurso que pode ser utilizado para o desenvol-
vimento de uma metodologia a fim de trazer diferentes possibilidades
de aprendizagem. O aluno do ensino fundamental já espera e acolhe
muito bem a utilização desses recursos nas aulas, pois estão em uma fai-
xa etária extremamente competitiva, curiosa e aberta a novos desafios e
conhecimentos, geralmente de maneira espontânea e interessada.

Artigo

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-85572002000200006&script=sci_abstract&tlng=pt

Publicado no portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia, o artigo Facilitar a aprendi-


zagem: ajudar aos alunos a aprender e a pensar, do autor Leandro S. Almeida, traz uma
reflexão sobre a forma com que o professor direciona suas aulas e estabelece o contato
com o aluno e o conhecimento. Esse contato ocorre durante todo o ano letivo, por meio
do planejamento e da execução das práticas do professor em sala de aula.
Acesso em: 22 jan. 2020.

Seja qual for o método ou a metodologia escolhida, o objetivo é o


mesmo: a formação sólida dos alunos, de modo que eles percebam a
beleza e a diversidade encontrada nas formas de aprender e obter o
conhecimento. Ninguém melhor do que o pedagogo, especialista em
aprendizagem e em métodos, para refletir e criar com sua equipe de
professores as melhores estratégias com esses recursos.

48 Organização didática da educação básica


Apesar disso, as metodologias ativas são o grande desafio encon-
trado nas escolas no ensino fundamental. Mas o que são essas meto-
dologias? Como planejá-las? Como aplicá-las? Nem sempre é tão fácil
inseri-las no cotidiano escolar pelo fato de ser algo novo e, muitas ve-
zes, ainda não incluso na formação docente.

3.4.1 Metodologias ativas


Para destacar a importância do uso das metodologias ativas, é ne-
cessário compreender de fato o que são essas abordagens e como a
forma de aprender está diretamente ligada a elas.

Moran (2017b, p. 2) define metodologias ativas da seguinte forma:


São estratégias de ensino centradas na participação efetiva dos
estudantes na construção do processo de aprendizagem, de
forma flexível, interligada, híbrida. [...] A junção de metodologias
ativas com modelos flexíveis, híbridos traz contribuições impor-
tantes para o desenho de soluções atuais para aprendizes de hoje.

A proposta das metodologias ativas apresenta um novo modelo para


permanência de interesse nos estudos na vida do aluno, com a intenção
de mostrar um novo olhar sobre a educação. Uma proposta de inovar
com projetos, aulas invertidas, pesquisas, discussões, prática, professor
mediador e aluno ativo são possibilidades de uma educação significativa
a todos os envolvidos dentro do processo de aprendizagem.

Para se trabalhar com metodologias ativas, inicialmente, é neces-


sário que a escola tenha bem definido fatores como as características
particulares que cada região do território brasileiro apresenta. Assim
como a economia e a cultura da comunidade escolar, que apresenta
uma grande diversidade nas regiões, a adaptação ao contexto é neces-
sária dentro da realidade de cada escola.

Por isso, generalizar o ensino é uma opção contraditória para o ce-


nário brasileiro. Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL,
2018), a igualdade é necessária somente no sentido de ofertar a todos
uma educação que compreenda as singularidades de atendimento de
cada aluno e garanta sua permanência na escola. Já a equidade tem um
viés de respeitar as particularidades do aluno e a região pertencente.

Assim, diante de todas as atribuições do pedagogo, vale ressaltar


também o seu papel em orientar e trazer esse novo contexto para o
dia a dia do professor, visto que as metodologias ativas devem ser suas
aliadas, auxiliando para aulas mais dinâmicas, compartilhamento dos
Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 49
conteúdos, envolvimento maior dos alunos nas atividades propostas e
uma visão mais ampla das dificuldades, construindo, assim, estratégias
para contorná-las.

Como argumento e comprovação da necessidade de práticas me-


todológicas diferenciadas, a pirâmide de Dale (1969 apud CAMARGO;
DAROS, 2018) apresenta formas diferentes de aprendizagem, asso-
ciadas ao percentual de retenção do conhecimento, em que o aluno
encontra-se passivo em assistir a uma palestra, realizar uma leitura,
utilizar recursos audiovisuais ou uma simples demonstração; em con-
trapartida, está ativo ao discutir em grupos com argumentos, praticar o
conhecimento e ensinar os outros.

Dessa forma, o pedagogo pode ter clareza da necessidade de me-


todologias inovadoras, e transmiti-la aos professores. Para um proces-
so de aprendizagem mais significativo, dentro da realidade, podemos
contar com alguns exemplos de metodologias ativas, como a apren-

Figura 5
Pirâmide de Dale

Passivo
Assistir a
Percentual de
5% uma palestra
retenção do
(escutar)
conhecimento
Ler
10%

Utilizar
20%
recursos
audiovisuais

30% Demonstrar/
uso imediato

Argumentar/
50%
discussão em
grupo

Praticar o
75%
conhecimento

Ensinar os
85%
outros
Ativo

Fonte: Camargo e Daros, 2018.


50 Organização didática da educação básica
dizagem em espiral, o mapa mental e o storytelling Figura 6
(narração de histórias), sugeridos por Camargo e Da- Aprendizagem em espiral
ros (2018).

Abert/Shutterstock
A aprendizagem em espiral desenvolve as com-
petências: ampliação de conceitos, síntese, siste-
Pensar
matização de conhecimentos, análise de conteúdos
mais complexos, comparação, expressão de opinião
(oral e escrita) acerca de um assunto, comunicação, Analisar

estudo colaborativo e associação de ideias.

Essa estratégia permite exercícios argumenta- Sintetizar


tivos e parte da ideia de que, de modo individual,
o aluno expõe seus pensamentos por meio de um Argumentar
texto selecionado pelo docente, mesmo que não tão
bem elaborado e com poucos argumentos.
Aplicar
O mapa mental desenvolve a capacidade de sin-
tetizar, ordenar, organizar e associar as ideias com o
intuito de aprimorar a aprendizagem e a memoriza-
ção. Utilizando uma abordagem não linear de encadeamento de infor-
mações, esse recurso permite ao cérebro conseguir armazená-las de
maneira sintetizada.

Ele retrata, nos mínimos detalhes, a relação conceitual entre as in-


formações do conteúdo ou texto a ser trabalhado, as quais tendem a
estar fragmentadas e difusas, tanto em textos curtos quanto longos,
dificultando a memorização e assimilação do conteúdo. Esse recurso
ilustra ainda ideias e conceitos – como a relação de simetria e de causa
e efeito – de modo inteligente, permitindo ligações rápidas em forma
de resumo para melhor compreensão.

O storytelling (narração de história) desenvolve as competências de


argumentação oral e escrita, criatividade, cooperação, colaboração e
empatia. Essa estratégia é utilizada para aprimorar as habilidades de
contar e inventar histórias por meio de um determinado personagem.
A personagem pode ser real ou inventada pelos alunos – isso muda de
acordo com a matéria e o assunto estudado. Para utilizar o storytelling,
é necessário iniciar a abordagem com uma situação-problema e pro-
porcionar aos alunos uma exposição do tema.

Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 51


A parte central dessa estratégia é a personagem,
Figura 7
O storytelling desenvolve a qual deverá ter desejos, necessidades, problemas,
competências como argu- conflitos ou obstáculos; além de passar por transfor-
mentação oral e escrita e
criatividade.
mações no decorrer da história. O aluno deverá tam-
bém criar algo concreto dessa personagem,
proporcionando mais vida e enriquecendo mais sua
história. Com essa estratégia, os conceitos abstratos
passam a ser mais concretos e os alunos vivenciam
uma sensibilidade maior com as histórias
compartilhadas.
nfsstudi0/Shutterstock

Tais metodologias enriquecem o trabalho em sala


de aula e, no geral, são muito bem aceitas pelos alu-
nos do ensino fundamental, que, por sua faixa etária,
se sentem mais motivados em expressar-se, expor
suas ideias, compartilhar e construir conhecimentos
com os colegas.

3.5 Orientações para avaliação


Videoaula Assim como as metodologias, as rotinas e a forma de condução das
aulas no ensino fundamental devem ter o cuidado necessário à fase do
desenvolvimento em que a criança se encontra, bem como a clara per-
cepção da delicadeza desse momento de transição da educação infan-
til para o ensino fundamental. Nesse contexto, as formas de avaliação
também são uma preocupação pertinente.

Por mais que os alunos agora passem a ser avaliados de maneira


diferente do que eram na educação infantil, os mecanismos escolhidos
devem fugir daqueles que simplesmente classificam os alunos sem o
intuito de trabalhar com as diferenças e estimular as potencialidades,
pois é preciso que haja mudanças de acordo com a realidade dos alu-
nos, levando sempre em consideração as habilidades e competências
de cada um.

De acordo com Luckesi (1995, p. 33), “a avaliação pode ser caracte-


rizada como uma forma de ajuizamento da qualidade do objeto ava-
liado, fator que implica uma tomada de posição a respeito do mesmo,
para aceitá-lo ou transformá-lo”. Ou seja, o objetivo de um processo de

52 Organização didática da educação básica


avaliação deve ser direcionado ao processo de ensino-aprendizagem, à
compreensão do que o aluno sabe, do que ele não sabe e quais os pon-
tos a serem reforçados e desenvolvidos para se atingir as habilidades
esperadas para o momento.

No que se refere à avaliação do aluno do ensino fundamental –


anos iniciais, é essencial considerar que os instrumentos de avaliação
não precisam necessariamente ser representados por meio de notas
expressas em provas e testes. Estes fazem parte do contexto escolar,
porém é necessário compreender que avaliar o rendimento do aluno
durante o processo de ensino-aprendizagem abre a possibilidade de,
ainda durante o processo, atuar sobre as dificuldades dos alunos e le-
var à superação de obstáculos.

Dessa forma, a avaliação deve estar em consonância com o plane-


jamento do professor de modo contínuo, por meio de atividades coti-
dianas que apenas situem o professor de como está o entendimento e
rendimento do aluno até determinado momento.

Para se ter nítido o caminho a seguir e como conduzir o processo


de avaliação, devemos conhecer os tipos de avaliação e suas intenções.
Conforme Hoffmann (2005), podemos destacar dois tipos de avaliação,
sendo a primeira conhecida como diagnóstica, que permite ao profes-
sor verificar inicialmente em que momento se encontra o desenvolvi-
mento do aluno, seu processo de evolução e detectar dificuldades para
que sejam trabalhadas, repensando seu planejamento quando neces-
sário. Ou seja, diagnosticar se aproxima de verificar, conhecer a situa-
ção de cada aluno.

A segunda maneira de avaliar é por meio da avaliação formativa, que


visa superar dificuldades verificadas anteriormente e formar, ao longo
do processo, o modo mais adequado para se trabalhar com o aluno no
momento em que ele se encontra, conforme suas necessidades.

Artigo

https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/21717_9248.pdf

O processo de transição da educação infantil para os anos iniciais do ensino fun-


damental: desafios e possibilidades, das autoras Joana Zanatta, Vera Inês Mar-
con e Maria Lucia M. Maraschin, apresentado durante o XII Congresso Nacio-
nal de Educação (EDUCERE), traz a aproximação da necessidade de um olhar
diferenciado do professor que trabalha na transição da educação infantil para
o ensino fundamental.

Acesso em: 22 jan. 2020.

Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 53


De qualquer forma, a avaliação no ensino fundamental deve ser um
processo contínuo, que possibilite o acesso ao conhecimento, de verifi-
cação da aprendizagem do aluno e de reflexão sobre a atuação docente.

CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Refletir sobre os anos iniciais do ensino fundamental é algo extre-
mamente instigante. A transição da educação infantil para o ensino
fundamental é um marco de mudança no crescimento da criança, e o
pedagogo, como profissional que atua diretamente com essa faixa etária,
sendo coordenador ou professor, tem a responsabilidade de tornar esse
momento tranquilo e significativo.
Para isso, vimos que a construção da identidade do pedagogo deve
estar ligada ao embasamento teórico, o qual torna a pessoa sensível
frente às necessidades das crianças no período de transição entre a
educação infantil e o ensino fundamental e de uma nova construção
de conhecimentos.
Nesse percurso, as reflexões sobre planejamento, métodos e avaliação
são instrumentos de constante cuidado e análise, uma vez que represen-
tam o caminho a ser percorrido na busca por métodos diferenciados que
contemplem a aprendizagem dos alunos, levem à superação de obstácu-
los de aprendizagem e tornem o aprender algo instigante e motivador.

ATIVIDADES
1. Ao orientar o professor, o coordenador pedagógico deve destacar
fatores que influenciam no fazer cotidiano da sala de aula, como os
saberes e as peculiaridades apresentados pela criança ao ingressar no
ensino fundamental. Com relação à proposta pedagógica, quais são
esses fatores envolvidos?

2. Um elemento muito importante no papel do coordenador pedagógico


é a práxis. Em que consiste esse termo?

3. Para um fazer significativo e planejado com objetividade em sala de


aula, é necessário que o pedagogo/professor identifique a diferença
entre método e metodologia. Qual é a diferença entre eles?

54 Organização didática da educação básica


REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério da Educação, 2018. Disponível
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.
pdf. Acesso em: 22 jan. 2020.
BRZEZINSKI, I. Pedagogo: Delineando Identidade(s). Revista UFG, n. 10, jul. 2011. Disponível
em: https://www.proec.ufg.br/up/694/o/10_iria_brzezinski.pdf. Acesso em: 22 jan. 2020.
CAMARGO, F.; DAROS, T. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar
o aprendizado ativo. Porto Alegre: Penso, 2018.
HOFFMANN, J. Pontos e contrapostos: do pensar ao agir em avaliação. 9 ed. Porto Alegre:
Mediação, 2005.
LUCKESI, C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez,
1995.
LÜCK, H. Avaliação e monitoramento do trabalho educacional. Petrópolis: Vozes, 2013.
MARCELO, C. Desenvolvimento Profissional Docente: passado e futuro. Revista de Ciência
da Educação, n. 8, p. 7-22, jan./abr. 2009. Disponível em: http://www.unitau.br/files/
arquivos/category_1/MARCELO___Desenvolvimento_Profissional_Docente_passado_e_
futuro_1386180263.pdf. Acesso em: 22 jan. 2020.
MORAN, J. Como transformar nossas escolas em instituições inovadoras?: Novas formas de
ensinar a alunos sempre conectados. 2017a. Disponível em: http://www2.eca.usp.br/
moran/wp-content/uploads/2017/08/transformar_escolas.pdf. Acesso em: 22 jan. 2020.
MORAN, J. Metodologias ativas e modelos híbridos na educação. 2017b. Disponível em:
http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2018/03/Metodologias_Ativas.pdf.
Acesso em: 22 jan. 2020.
PIMENTA, S. G. Panorama atual da didática no quadro das ciências da educação: Educação,
pedagogia e didática. In: PIMENTA, S. G. Pedagogia, ciência da educação? São Paulo: Cortez,
1996.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento
de Educação Básica. Alfabetização e Letramento. Curitiba, 2015. Disponível em: http://
www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/programa_aceleracao_estudos/
alfabetizacao_letramento.pdf. Acesso em: 22 jan. 2020.
SANTOS, A. R. J. Currículo, conhecimento e cultura escolar. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2009.
SOARES, M. Alfabetização e Letramento. São Paulo: Contexto, 2013.

Organização didática no ensino fundamental – anos iniciais 55


4
Organização didática
do ensino fundamental
– anos finais
Cada etapa da educação básica tem suas peculiaridades.
Assim como a educação infantil, o ensino fundamental apresenta
características próprias de trabalho, pois compreende uma
nova faixa etária do desenvolvimento do aluno, novos desafios e
demandas que tornam o trabalho do pedagogo diferenciado.
Neste capítulo, trataremos de questões voltadas à atuação
do pedagogo no ensino fundamental – anos finais, etapa a partir
do qual o pedagogo não atua mais em sala de aula, mas como
o organizador dos processos escolares. Essa reflexão acerca da
aplicação de saberes pedagógicos vista de fora da sala de aula e a
análise do comportamento de uma nova faixa etária são essenciais
para o desempenho do pedagogo na escola.
Trata-se de um novo desafio, pois, nessa etapa, o profissional
terá a oportunidade de colocar em prática todo o seu conhecimento
sobre aprendizagem, desenvolvimento humano e organização do
trabalho pedagógico em prol da relação dos professores com a
equipe escolar.

4.1 Da infância para a adolescência


Videoaula Com a conclusão do ensino fundamental – anos iniciais, o aluno ini-
cia uma nova fase do seu desenvolvimento humano com muitas mu-
danças e transformações, que implicam tanto na vida escolar como na
vida social dos, agora, pré-adolescentes. Esse período engloba os anos
finais do ensino fundamental, que compreende do 6º ao 9º ano. Nessa
fase, a criança está, aproximadamente, entre os onze e catorze anos,
ou seja, no período da puberdade.

56 Organização didática da educação básica


Calligaris (2000, p. 9), ao refletir sobre a adolescência, relata que
nossos adolescentes amam, estudam, brigam, trabalham. Bata-
lham com seus corpos, que se esticam e se transformam.
Lidam com as dificuldades de crescer no quadro
complicado da família moderna. Como se diz hoje,
eles se procuram e eventualmente se acham.
Mas, além disso, eles precisam lutar com a
adolescência, que é uma criatura um pouco
monstruosa, sustentada pela imagina-
ção de todos, adolescentes e pais.

Além de todas as mudanças físicas pe-


las quais os pré-adolescentes passam,
uma das características dessa fase, que se
apresenta de modo latente, é o desenvol-
vimento bastante acentuado e significativo
da linguagem, assim como da expressão oral e ck
Mo
nkey er sto
Busines hutt
escrita, agora mais madura e própria da idade. s Images/S

Juntamente com essa maturação, há uma expectativa de que nessa Figura 1


Na puberdade, ocorrem
idade o aluno consiga se expressar de maneira clara e objetiva e de que,
muitas mudanças: as bioló-
por meio da fala e da escrita, ele apresente melhor concordância, bem gicas, resultantes da idade,
e as sociais e educacionais,
como um pensamento organizado e bem expressado, o que traz novas resultantes da transição
responsabilidades à sua aprendizagem. Segundo Piaget (1998), espera- nas séries escolares.

-se que o aluno consiga realizar determinadas atividades, pois ele está
no estágio das operações formais, ou seja, já possui a noção de conser-
vação numérica, probabilidade, hipóteses e abstração de pensamento.

Artigo

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2005000100005

O estudo Infância e adolescência na sociedade contemporânea: alguns aponta-


mentos, da autora Leila Maria Ferreira Salles, publicado na revista Estudos de
psicologia, trata-se de uma visão psicológica desse momento de transforma-
ção que é a passagem da infância para a adolescência. Ótima leitura, pois
aproxima as discussões deste capítulo da necessidade de se conhecer quem
é esse aluno, agora pré-adolescente.

Acesso em: 22 jan. 2020.

Nessa fase, o pensamento lógico-concreto leva o pré-adolescente a


manipular mentalmente a representação do mundo que internalizou nas
fases anteriores. Apesar de conceitos abstratos ainda serem de difícil com-

Organização didática do ensino fundamental – anos finais 57


preensão para ele, as regras sociais começam a fazer sentido, permitindo-
-lhe se apresentar com mais autonomia e julgar o certo e o errado.

Outro fator considerável é a mudança hormonal, que proporciona


mudanças físicas e afeta também o humor desse pré-adolescente, que
busca, nesse momento, compreender a si e ao mundo. Assim, o desejo
de se posicionar e ganhar um papel na sociedade se mistura à necessi-
dade de proteção de uma criança.

Com todas essas mudanças sociais, emocionais e afetivas, o estudante


do ensino fundamental – anos finais enfrenta desafios de maior comple-
xidade que exigem de sua organização maior lógica de raciocínio e maior
reflexão sobre a aprendizagem nas diferentes áreas do conhecimento.

Nessa fase, o adolescente se compreende como sujeito em desen-


volvimento, com suas características individuais e culturais, e busca
identidade e inserção social, que demandam práticas diferenciadas nas
salas de aula.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais,


é frequente, nessa etapa, observar forte adesão aos padrões de
comportamento dos jovens da mesma idade, o que é evidencia-
Figura 2
A cultura digital possui do pela forma de se vestir e pela linguagem utilizada por eles.
forte influência sobre os Isso requer dos educadores maior disposição para entender e
pré-adolescentes, o que dialogar com as formas próprias de expressão das culturas juve-
requer novas estratégias
de trabalho na escola. nis, cujos traços são mais visíveis, sobretudo, nas áreas urbanas
mais densamente povoadas. (BRASIL, 2010, p. 110)
George Rudy/Air Art/Shutterstock

58 Organização didática da educação básica


Além dessas questões típicas da idade, é necessário considerar tam-
bém que, nos dias atuais, a cultura digital propõe mudanças ainda mais
significativas a essa faixa etária. As tecnologias da informação e comu-
nicação proporcionam ao pré-adolescente (e às demais fases) o acesso
a uma diversidade de conteúdos e um maior dinamismo em relação às
interações sociais, à cultura digital, às respostas imediatistas e a uma
grande gama de informações variadas. Ou seja, além de essa fase do
desenvolvimento humano trazer variadas transformações, também
conta com diferenciais do mundo externo que a tornam ainda mais
desafiadoras para o trabalho escolar.

Assim, essas mudanças influenciam o meio em que o pré-adoles-


cente vive, para que ele também mude e se adapte, principalmente
quando se trata do ambiente escolar. Nesse contexto, novas estraté-
gias e possibilidades de ensino devem ser consideradas a partir dessas
mudanças de caraterísticas que trazem novas necessidades de estímu-
los e vivências.

4.2 O papel do pedagogo nos anos


Videoaula finais do ensino fundamental
Sabendo de todo o contexto do qual faz parte a faixa etária dos alu-
nos de ensino fundamental – anos finais, percebemos que a escola tem
um grande desafio ao contribuir para a formação das novas gerações.
Essa contribuição abrange o compromisso em relação ao desenvolvi-
mento do aluno, em estimular reflexões e análises aprofundadas de
conhecimentos que contribuam tanto para o desenvolvimento indivi-
dual quanto para a sua ação como cidadão transformador do meio em
que vive.

Para que isso ocorra, é necessário que a escola internalize novas


formas de vivenciar a aprendizagem, com diferentes formas de comu-
nicação de abordagens democráticas e interativas, entre professor, alu-
no e mundo.

Nesse contexto – e para que essa educação ocorra –, o pedagogo é o


profissional responsável por tecer os caminhos que chegam a esses re-
sultados. Ele deve atuar juntamente com o corpo docente, delineando
projetos que, além de levar ao contexto do desenvolvimento escolar,
contribuirão para a reflexão sobre o futuro.

Organização didática do ensino fundamental – anos finais 59


Dessa forma, a atuação do pedagogo nesse nível de ensino é di-
ferente dos níveis anteriores, pois, antes, além de sua atuação como
gestor ou coordenador pedagógico, esse profissional poderia ser
também professor de sala de aula. Para ministrar aulas no ensino
fundamental – anos finais, o professor precisa necessariamente ser
um especialista, ou seja, ser licenciado em História, Geografia, Língua
Portuguesa, Matemática etc.

Nesse momento, o pedagogo surge como um orientador do ensino.


Ele irá trabalhar diretamente com professores, orientando a elabora-
ção e aplicação de planejamentos, atendendo aos alunos com ênfase
na orientação educacional, realizando todo o trabalho de coordenação
ou gestão pedagógica da escola, além de realizar a elaboração e a atua-
lização do Projeto Político Pedagógico (PPP) – o principal documento
que atribui identidade à escola por trazer, de maneira minuciosa, todos
os processos que a envolvem, regendo o trabalho escolar e refletindo a
proposta educacional da escola.

Pensando sobre cada etapa da atuação do pedagogo no ensino


fundamental – anos finais, podemos analisar diferentes momentos, a
iniciar pelo trabalho a ser desenvolvido com o professor licenciado em
diferentes áreas. É sabido que o pedagogo não domina, em sua forma-
ção, os conteúdos das áreas do conhecimento desse nível de ensino.
Por isso, nessa etapa, ele atuará como canal de comunicação entre os
professores, buscando estabelecer um trabalho interdisciplinar, orien-
tando os planejamentos de acordo com as características das turmas,
ou ainda nos casos de inclusão. O profissional pensará, juntamente
com cada professor, em estratégias diferenciadas para levar os alunos
a compreenderem determinados conhecimentos.

Sendo assim, o trabalho conjunto do pedagogo com o do professor


se torna complementar, pois, enquanto este possui seu conhecimento
específico da disciplina, aquele domina o trabalho com metodologias
diferenciadas e compreende as diferentes formas com que o ser hu-
mano aprende.

No que se refere ao aluno da etapa de aprendizagem em questão,


o pedagogo poderá ser o orientador educacional que guiará as turmas
em direção à resolução de conflitos em grupo ou à superação da falta
de hábitos de estudos, que são primordiais para o bom desenvolvimen-
to do aprendizado. Esse trabalho se estende também às famílias, uma

60 Organização didática da educação básica


vez que o apoio familiar é essencial para o sucesso Figura 3
Resistência às regras,
do estudante. Nesse momento, cabe ao pedago-
indisciplina e alguma
go compreender os contextos familiares e auxiliar rebeldia são características
da pré-adolescência.
aluno e família a conduzirem hábitos que possam
colaborar para a aprendizagem do aluno.

Algumas vezes, nessa fase de desenvolvimento, o


pedagogo precisará intervir em casos de conduta in-
disciplinar ou de não aceitação das regras, já que é
um momento de muitas mudanças e novidades
para os alunos.

A organização do ensino é outra forma de


atuação do pedagogo no ensino fundamental
– anos finais. Essa organização se inicia com as-
pectos legais, como a formulação ou atualização do PPP, já que é
por meio desse documento que as famílias e a comunidade escolar po-
dem ter conhecimento da identidade da escola, compreendendo como
ela funciona. Além de ser um documento com base legal, o PPP rege
o trabalho do pedagogo escolar, uma vez que esse profissional deve
fazer cumprir e zelar para seja cumprido tudo o que nele se apresenta.

tock
Dessa forma, podemos perceber que o papel do pedagogo nos anos

utters
finais do ensino fundamental ganha importância diferenciada e foco

h
ya/S
específico nas questões organizacionais e de contato com professores

Mari
mova
e alunos em situações específicas.

Ada
4.3 Métodos para atrair a atenção dos alunos
Videoaula Um dos maiores desafios do pedagogo em relação ao trabalho
de orientação aos professores é pensar uma metodologia adequada
aos alunos do ensino fundamental – anos finais. Ou seja, é preciso
considerar as peculiaridades da faixa etária dos alunos nessa etapa
de ensino, suprir as necessidades diferenciadas de aprendizagem,
de interação com o conhecimento e socializar adequadamente com
seus pares.

Por isso, ao se pensar em métodos que atraiam os pré-adolescen-


tes, é necessário considerar e lembrar que, nesse momento, as inte-
rações sociais estão em evidência, assim como a maior capacidade de
autonomia e abertura para diferentes práticas de ensino. De acordo

Organização didática do ensino fundamental – anos finais 61


com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ao longo do ensino
fundamental – anos finais,
os estudantes se deparam com desafios de maior complexidade,
sobretudo devido à necessidade de se apropriarem das diferen-
tes lógicas de organização dos conhecimentos relacionados às
áreas. Tendo em vista essa maior especialização, é importante,
nos vários componentes curriculares, retomar e ressignificar as
aprendizagens do Ensino Fundamental - Anos Iniciais no con-
Vídeo texto das diferentes áreas, visando ao aprofundamento e à am-
No vídeo Pré-adolescência, pliação de repertório dos estudantes. Nesse sentido, também é
adolescência e juventude, importante fortalecer a autonomia desses adolescentes, ofere-
publicado pelo canal A Melhor cendo-lhes condições e ferramentas para acessar e interagir criti-
Família do Mundo, o Dr. Italo camente com diferentes conhecimentos e fontes de informação.
Marsili fala sobre o programa
(BRASIL, 2018, p. 60)
do projeto do blog Como Educar
seus Filhos, sobre as várias eta- Cada um dos elementos trazidos pela BNCC reforça a importância
pas do desenvolvimento juvenil
e da adolescência – saberes de um processo contínuo entre as etapas de ensino. Assim como a
essenciais para o pedagogo transição da educação infantil para o ensino fundamental – anos ini-
que irá interagir com essa faixa
ciais requer a sensibilidade de um período transitório, com a retomada
etária.
de conceitos, a transição para o ensino fundamental – anos finais não é
Disponível em: https://www.youtu-
diferente. Nesse sentido, é preciso que as metodologias também sejam
be.com/watch?v=JoByaYWvAnA.
Acesso em: 22 jan. 2020. mantidas nessa linha de continuidade, pois não são apenas as crianças
que precisam de aulas diversificadas.

Para que isso ocorra, Dewey (apud TEIXEIRA, 1957, p. 21) já mencio-
nava que
o processo educativo não pode ter fins elaborados fora dele
próprio. Os seus objetivos se contêm dentro do processo e são
eles que o fazem educativo. Não podem, portanto, ser elabora-
dos senão pelas próprias pessoas que participam do processo.
O educador, o mestre é uma delas. A sua participação na elabo-
ração desses objetivos não é um privilégio, mas a consequência
de ser, naquele processo educativo, o participante mais experi-
mentado e, esperemos, mais sábio.

Assim, para possibilitar essa atuação do professor como participan-


te de um processo de construção do conhecimento, algumas ferramen-
tas e métodos – que suprem a necessidade dos pré-adolescentes – são
sugeridos por Camargo e Daros (2018):
•• Scribble Press: permite contar histórias com imagens e fotos.
•• StoryKit: permite que aluno crie conteúdo interativo, utilizando
som e imagem.

62 Organização didática da educação básica


•• Motion Math: jogo em 3D baseado no estudo de frações. Simula
uma viagem ao espaço, na qual, para avançar no percurso, o alu-
no deve mover frações para locais corretos na escala numérica.

Dentre as metodologias, uma boa sugestão é o debate inteligente,


que possibilita a troca e o gerenciamento de informações, argumenta-
ção, trabalho em equipe e desenvolvimento de ideias, ou seja, habili-
dades em evidência nos alunos de ensino fundamental – anos finais.

Para realizar esse método, o professor inicialmente escolhe um


tema, o qual deve ter diferentes pontos de vista. Os alunos formam
grupos com quatro integrantes, mas trabalham em dupla. Cada dupla
deve preparar uma apresentação de 10 a 15 minutos e colocar seus
apontamentos, defendendo seu posicionamento para a outra dupla.
Ao final das apresentações, a turma poderá discutir e trocar ideias so-
bre os pontos de vista.

Atividades como essa proporcionam o respeito mútuo, incentivando


o aluno a contra-argumentar respeitosamente em vez de criticar a pes-
soa, tentando entender as diferenças e os posicionamentos dos outros.

O pedagogo deve, portanto, orientar o professor a seguir uma linha


de metodologias e estratégias que contemplem questões que alcan-
cem o desenvolvimento cognitivo dos alunos nessa faixa etária.

4.4 Como avaliar?


Videoaula Avaliar na educação infantil e no ensino fundamental – anos iniciais
já é uma tarefa que requer cuidado e critério ao elaborar e pensar so-
bre essas etapas, e no ensino fundamental – anos finais isso não é di-
ferente. Avaliar o desempenho da aprendizagem requer instrumentos
capazes de identificar, por meio de diferentes perspectivas e observa-
ções, se o aluno alcançou os objetivos preestabelecidos inicialmente.
Caso isso não ocorra, com base também na avaliação, surge a possibi-
lidade de verificar quais são as formas de levá-lo a isso, seja com mu-
danças na metodologia em aula para auxiliar na compreensão do que
está sendo proposto, seja na própria forma de avaliar.

Para tanto, os instrumentos avaliativos devem ser os mais varia-


dos. Contudo, devemos dar preferência aos de caráter cumulativo
e contínuo, conforme orienta a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) – Lei

Organização didática do ensino fundamental – anos finais 63


n. 9.394/1996. Assim, os alunos poderão ser avaliados por diferentes
perspectivas, possibilitando que o professor verifique suas dificuldades.

Para aplicar as diferentes formas de avaliação, é necessário com-


preender o que elas significam, até porque, dentro do trabalho do
pedagogo, essa clareza sobre os tipos de avaliação pode e deve ser
repassada para todo o grupo docente.

Para compreender o que é a avaliação cumulativa, vamos recor-


rer ao próprio nome desse tipo de avaliação, que nos remete à pala-
vra acúmulo. Assim, é o acúmulo de possibilidades que o professor
cria ao acompanhar cotidianamente o rendimento do aluno, ao in-
tervir nos momentos oportunos e até mesmo ao orientá-lo a saber
como buscar a solução para suas dúvidas. Ela é cumulativa e contí-
nua porque não é realizada apenas no final de todo um processo,
mas considerada durante a aprendizagem.

Todo esse processo e cuidado cumulativo e contínuo, além de


demonstrar ao professor tais dados, leva em consideração o fato de
que cada aluno aprende de maneiras diferentes. Nesse caso, se o
professor planeja diferentes formas de avaliar, ele estará contem-
plando também os diversos modos de se expressar e de demonstrar
Figura 4 o conhecimento utilizados por cada aluno.
Atividades extraclasse,
como as feiras de ciências, Pensar sobre essa perspectiva ressalta ainda mais o trabalho do
são excelentes formas de
avaliação para essa etapa pedagogo escolar como coordenador, pois ele será o articulador
do ensino. que levará todos os professores a praticarem as avaliações de ma-
Pataporn Kuanui/Shutterstock neira contínua.

Entre as preocupações que o pedagogo deve ter para


conduzir esse trabalho de avaliação está o de sempre
ressaltar entre os professores a necessidade de co-
nhecerem seus alunos, analisando as carac-
terísticas de cada um, suas dificuldades
e até mesmo os aspectos familiares.
Dessa maneira, a condução do tra-
balho se dará de modo mais próxi-
mo das capacidades de cada um.

Nesse sentido, é importante


considerar que, muitas vezes, os
pré-adolescentes não atingem
o objetivo esperado em

64 Organização didática da educação básica


provas formais devido a questões emocionais relativas à pressão que
esse momento traz. Se o professor conhece bem seu aluno por acom-
panhá-lo continuamente, perceberá, consequentemente, se um baixo
rendimento em determinada prova se deve a um fator cognitivo ou
emocional.

Destacamos, mais uma vez, a necessidade de haver, além das


provas padrões – ainda utilizadas por muitas instituições escolares
–, avaliações diferenciadas. Uma das alternativas é investir em pro-
jetos extraclasse, como as feiras de ciências, as literárias e muitas
outras possibilidades, por meio das quais os alunos possam buscar co-
nhecimentos e expressá-los de diferentes formas.

Sabemos que, do 6º ao 9º ano, o aluno possui uma capacidade ainda


maior de expressão, criatividade, autonomia e busca por diferentes for-
mas de comunicação. Tais atividades diferenciadas de avaliação, além
de favorecerem esse momento do desenvolvimento do aluno, propi-
ciam a avaliação vista por diferentes olhares.

Cabe ressaltar, assim, que o papel do pedagogo no ensino funda-


mental – anos finais é essencial para dar sentido ao processo avaliativo,
uma vez que, além de aplicar as práticas citadas, ele precisa, também,
integrar todos os professores e levá-los a trabalharem a partir dessa
mesma perspectiva. Assim, a continuidade dos estudos do pré-adoles-
cente e a maneira que ele é visto serão justas e eficazes.

CONSIDERAÇÕES
FINAIS
O ensino fundamental – anos finais é uma fase tão especial quanto
as anteriores. É preciso disponibilizar o cuidado e a atenção que os alu-
nos dessa etapa precisam, visto que se trata de um momento de grandes
transformações e novidades, não somente físicas e psicológicas, mas tam-
bém escolares.
O olhar do pedagogo nesse período deve ter um foco diferente, uma
vez que seu papel, agora, é de coordenação dos processos, tanto do pon-
to de vista do aluno quanto do professor, que necessita do trabalho des-
se profissional para conduzir, alinhar e direcionar da melhor forma cada
caso de aprendizagem.
Essa variação do papel do pedagogo pode se dar de aluno para alu-
no, de ano para ano, de professor para aluno ou até mesmo para tratar

Organização didática do ensino fundamental – anos finais 65


de casos de inclusão. Dessa forma, reconhecemos o pedagogo como um
profissional indispensável no cotidiano escolar, não só em sala de aula,
mas também nesse momento, como um guia do trabalho docente.

ATIVIDADES
1. Em qual etapa do desenvolvimento humano se encontra o aluno
do ensino fundamental – anos finais e quais são as características
que o pedagogo deve conhecer para melhor lidar com essa fase no
ambiente escolar?

2. Analise por quais demandas o pedagogo é responsável em seu


trabalho junto aos professores do ensino fundamental – anos finais.

3. Quais são as indicações de como deve ocorrer o processo de avaliação


no ensino fundamental – anos finais?

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares
Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC; SEB; DICEI, 2010.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério da Educação, 2018. Disponível
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.
pdf. Acesso em: 6 jan. 2020.
CALLIGARIS, C. A adolescência. São Paulo: Publifolha, 2000.
CAMARGO, F.; DAROS, T. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar
o aprendizado ativo. Porto Alegre: Penso, 2018.
PIAGET, J. Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1998.
TEIXEIRA, A. Ciência e arte de educar. Educação e Ciências Sociais, v. 2, n. 5, p. 5-22, ago.
1957. Disponível em: http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/artigos/ciencia.html. Acesso
em: 22 jan. 2020.

66 Organização didática da educação básica


5
Desafios do pedagogo
no ensino médio
Já sabemos a relevância do pedagogo na educação infantil e no
ensino fundamental – anos iniciais e finais. Agora, vamos refletir
sobre sua atuação no ensino médio, que se torna ainda mais
ampla, pois suas preocupações são voltadas também à formação
profissional dos alunos.
Nessa fase, o aluno, agora adolescente, além de todos
os desafios que a idade traz, depara-se, também, com novas
decisões, com uma visão mais realista do futuro e dos estudos que
direcionarão os rumos de sua vida profissional.
Sendo assim, analisaremos, neste capítulo, as formas de
trabalho e os desafios encontrados pelo pedagogo nessa etapa
final da educação básica chamada ensino médio.

5.1 A idade da pressão


Videoaula É por volta dos quinze anos de idade que o adolescente ingressa no
ensino médio. Nessa fase, acontecem muitas alterações de humor, de
concentração e de interesse pelo que o rodeia. Por ser um momento
repleto de diferentes sensações, o pedagogo, que atua orientando os
professores desses alunos, deve compreender que, por conta dessas
diferentes sensações, algumas posturas são essenciais para o bom
convívio e desenvolvimento das aulas.

Ao se deparar com uma situação de conflito com os adolescentes, é


preciso ter sabedoria para lidar com o caso, pois suas reações podem
ser adversas. Dessa maneira, o confronto não é uma boa solução para
casos como esse, uma vez que, provavelmente, o adolescente está ape-
nas buscando uma forma de se expressar e de se impor na sociedade.

Desafios do pedagogo no ensino médio 67


Assim, o sentimento de companheirismo e parceria pode trazer uma
condução diferenciada para os momentos de aprendizagem.

Esse período de instabilidade requer momentos de escuta, acolhida


de sugestões e reflexões que levarão o adolescente a se sentir parte do
processo em que está inserido. Por consequência, com o desenvolvi-
mento desse relacionamento interpessoal e o interesse despertado, a
aprendizagem ocorrerá de maneira efetiva.

Para compreender ainda mais esse momento em que o aluno já se


encontra, que Piaget (2001) chama de estágio das operações formais, o
Glossário pedagogo pode buscar, em diferentes áreas, conhecimentos que em-
córtex frontal: área basarão sua orientação aos professores.
do cérebro responsável pelo
Uma dessas áreas é a Neurociência, que explica a instabilidade de
planejamento e controle das
emoções. humor e as reações dos adolescentes em uma mudança de sinapses.
É no córtex frontal que essas funções são reorganizadas, assim como
ocorre na primeira infância, permitindo novas conexões, que levarão o
adolescente à maturidade neural e à vida adulta.
Figura 1
As mudanças dessa fase, so- Essas questões vão ao encontro de um momento que, além de mui-
madas à cobrança, são algo
difícil para o adolescente. tas mudanças, traz também novas responsabilidades, principalmente
para os alunos do último ano do ensino médio. É a fase da vida em
que há uma grande cobrança, principalmente da família, em relação
ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ao vestibular e, conse-
quentemente, à escolha de uma profissão. Além disso, separar-se da
turma que até então o acompanhava por muito tempo pode ser um
dos fatores emocionais com o qual o adolescente tem dificulda-
de em lidar.

Como citado, uma das questões desafiadoras é o


Enem, que foi criado em 1998 para avaliar a qualidade
do ensino médio no país e, ao mesmo tempo, servir
como ingresso ao ensino superior; ou seja, é um mo-
mento em que, por meio de um exame, o aluno demos-
tra o conhecimento adquirido durante sua vida escolar.

Outro fator desafiador e que exige grande preparo


dos estudantes é o vestibular, conhecido exame para in-
gresso no ensino superior. Ele também é parte da pres-
são vivida pelo aluno, que deve se preparar para a prova
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tt e em si e escolher sua futura profissão.


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68 Organização didática da educação básica


Essa escolha, no entanto, pode ser feita ainda mais cedo, no próprio
ensino médio. A educação profissional é uma modalidade de ensino
encontrada na educação básica e sua oferta ocorre por meio de cursos
técnicos, de formação inicial e continuada. Esses cursos, a nível de en-
sino médio integrado, destinam-se aos alunos que concluíram o 9º ano
do ensino fundamental – anos finais.

Para além dessa preocupação quanto à formação profissional, qual


curso fazer, que profissão seguir etc., há, muitas vezes, a necessida-
de de conciliar estudo e trabalho. Tais desafios, em alguns momentos,
podem gerar a evasão escolar, ou seja, a desistência de estudar. É im-
portante deixar claro que a evasão não é somente responsabilidade
do próprio aluno ou da família, uma vez que a escola e os professores
podem ter sua parcela de responsabilidade.

Ao pensarmos no âmbito familiar, podemos considerar que a pre-


sença da família na escola, quando os alunos estão no ensino médio,
é bem menor em comparação aos outros níveis. Isso acontece porque
muitas famílias pensam que esse aluno já tem autonomia suficiente
para conduzir sua vida escolar. No entanto, nem todos conseguem li-
dar com essa fase de maneira autônoma. Assim, a ausência familiar
pode acarretar a falta de interesse e comprometimento do aluno para
com os estudos. Consequentemente, essa desmotivação gera desistên-
cia. Apesar dessa análise geral da situação de evasão escolar, é preciso
estudar os casos individualmente e com muita atenção, pois cada um
possui uma característica diferente.

Segundo Brandão, Baeta e Rocha (1983, p. 38),


o fenômeno da evasão e repetência está longe de ser fruto de ca-
racterísticas individuais dos alunos e suas famílias. Ao contrário,
reflete a forma como a escola recebe e exerce a ação sobre os
membros desses diferentes segmentos da sociedade.

Por isso, consideramos não somente a família, mas também a esco-


la como corresponsável pela evasão escolar. Isso porque é clara a falta
de tratamento individualizado ao aluno (BRANDÃO, 1983). A impressão
de que agora o aluno “cresceu” e de que ele não precisa de todos os
cuidados como no ensino fundamental não é verdadeira.

A individualidade diante das dificuldades, das facilidades e da cultu-


ra do aluno deve ser vista pelos pedagogos e professores em todos os
níveis de ensino, considerando as peculiaridades de cada um. A conse-
quência desse cuidado, juntamente com o apoio da família e um traba-

Desafios do pedagogo no ensino médio 69


lho direcionado de orientação a esses desafios, seria a diminuição de
alunos desistentes.
Figura 2
A descoberta da sexuali- Ainda entre os desafios está a necessidade de lidar com a sexualida-
dade e os relacionamentos
são desafios tanto para os de e o namoro, elementos novos para quem acabou de sair da infância.
alunos quanto para pedago- É nessa fase que os interesses pessoais mudam por conta da transfor-
gos e professores.
mação hormonal, que vai aos poucos inserindo o adolescente na idade
adulta. Por isso, focar nos estudos e pensar em namoro, nas obriga-
ções com a família, no Enem e no vestibular são demandas que
agora surgem na vida do adolescente com mais intensidade
em todo o período do ensino médio.

Em qualquer um desses momentos, o pedagogo


responsável por esses processos deve organizar as
formas efetivas de sucesso de aprendizagem e as
orientações e vivências dos alunos. Deve, ainda,
auxiliar o professor, que também enfrenta gran-
des desafios nessa fase, para que, em cada ano
do ensino médio, saiba adequar-se às necessi-
dades daquele momento.

Chegar ao ensino médio não é garantia de


maturidade para vivenciá-lo. A maturidade e a
forma como lidar com cada momento da vida
Ligh

eld escolar é reflexo das fases anteriores, desenvol-


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dios
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er stock vidas no ensino fundamental.

5.2 A formação continuada do professor


Videoaula para além da sua especialização
Sabemos que os professores que trabalham com os alunos de ensi-
no fundamental – anos finais e ensino médio são licenciados em uma
área específica. Nesse sentido, cabe ao pedagogo orientar os professo-
res sobre o trabalho integrado e auxiliá-los em possíveis dificuldades
que possam ter com as metodologias.

Hoje, o mercado de trabalho exige profissionais cada vez mais capa-


citados e inovadores, e o pedagogo também é o profissional competen-
te para trazer tal capacitação aos professores, por meio da formação
continuada na escola.

70 Organização didática da educação básica


Há algum tempo, a graduação era suficiente para conseguir bons
cargos e manter-se no mercado de trabalho. Hoje, devido à globaliza-
ção e à tecnologia, uma demanda diferenciada, em relação à maneira
da aquisição do conhecimento, exige que profissionais busquem sabe-
res aprofundados e novas formas de exercer a docência.

Dessa forma, ao pensarmos em uma atualização constante dos pro-


fissionais, estamos falando em uma formação continuada que abrange
os professores licenciados nas mais diversas áreas e o pedagogo. Figura 3
A formação continuada
coloca o professor de volta
na posição de estudante.

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Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) implementou


o conceito de formação continuada, que visa valorizar e orientar a for-
mação dos profissionais da educação. Sendo assim, ela é considerada
um direito de extrema importância para os profissionais da educação.

A orientação de que o profissional de pedagogia deve, durante sua


carreira, passar constantemente por formação continuada é algo que
os cursos de graduação em pedagogia precisam trazer desde o início.
Assim, o pedagogo que busca a formação para superar seus próprios
desafios diante da profissão e de situações vivenciadas no dia a dia
escolar terá subsídios para trabalhar com seu grupo de professores,
trazendo diferentes benefícios para o cotidiano escolar.

Desafios do pedagogo no ensino médio 71


Esses benefícios iniciam a partir do momento em que o professor
busca aprimorar suas práticas e dá um novo sentido e significado a
suas aulas. Isso pode ocorrer por meio de dinâmicas diferenciadas,
com metodologias que aproximem o aluno do conhecimento de ma-
neira ativa e participativa. Ao mesmo tempo, essa prática cria subsídios
que auxiliam o professor a perceber possíveis problemas no processo
de aprendizagem dos alunos.

Práticas tradicionais, em que o aluno é apenas o receptor do conhe-


cimento, estão totalmente ultrapassadas para as características das
crianças e dos adolescentes de hoje. Dessa forma, para que os alunos
possam aprender de maneira saudável em momentos de pressão, como
no ensino médio, eles precisam se sentir engajados e motivados na bus-
ca pelo conhecimento. Essa consciência de constante transformação da
prática docente só será evidente por meio da formação continuada.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como documento nor-


teador da educação em nosso país, também evidencia a formação
continuada como pauta obrigatória nas escolas diante da busca pela
educação de qualidade, estabelecendo a necessidade de que as esco-
las criem formas de:
•• criar e disponibilizar materiais de orientação para os professores,
bem como manter processos permanentes de formação docen-
te que possibilitem contínuo aperfeiçoamento dos processos de
ensino e aprendizagem;
•• manter processos contínuos de aprendizagem sobre gestão pe-
dagógica e curricular para os demais educadores, no âmbito das
escolas e sistemas de ensino. (BRASIL, 2018, p. 17)

Tais instrumentos e direcionamentos voltados à formação continua-


da levam o professor a compreender que a própria cultura escolar ne-
cessita se aprimorar quanto às exigências do mundo atual. Não basta
apenas formar alunos com saberes teóricos, é necessário desenvolver
habilidades que venham ao encontro das características das novas ge-
rações e do mercado de trabalho, que é uma das preocupações no en-
sino médio.

Sendo assim, desenvolver competências socioemocionais, saber


fazer uso das tecnologias digitais e agir de maneira efetiva na socie-
dade, com base nos conhecimentos adquiridos, é o que se espera da
formação atual para os alunos de ensino médio. O pedagogo à frente
da coordenação desse trabalho deve estar engajado em fazer com que

72 Organização didática da educação básica


essa realidade ocorra na escola. Uma das maneiras de efetivar esse
acontecimento é por meio da formação continuada. Vídeo
O vídeo Especialista em
Segundo o Parecer CNE/CEB (Conselho Nacional de Educação/Câ-
educação fala da formação de
mara de Educação Básica) n. 5, de 2011, é fundamental reconhecer: professores no Brasil, publicado
pelo canal TV Senado, traz uma
a juventude como condição socio-histórico-cultural de uma ca-
análise sobre a formação dos
tegoria de sujeitos que necessita ser considerada em suas múl- professores da educação básica
tiplas dimensões, com especificidades próprias que não estão no Brasil, tratando tanto dos pe-
restritas às dimensões biológica e etária, mas que se encontram dagogos quanto dos professores
articuladas com uma multiplicidade de atravessamentos sociais formados nas licenciaturas.
e culturais, produzindo múltiplas culturas juvenis ou muitas ju- Disponível em: https://www.
ventudes. (BRASIL, 2011, p. 12-13) youtube.com/watch?v=63h6U
4drFLU. Acesso em: 22 jan.
Dessa forma, considerando essa multiplicidade cultural e social, o 2020.
ensino não pode permanecer igual. Por isso, a forma de ver e agir em
educação se modifica e apropria-se conforme os novos tempos, as no-
vas realidades e as necessidades diferentes das instauradas até então.

5.3 O papel do pedagogo no ensino


Videoaula médio e na educação profissional
O pedagogo que atua no ensino médio, além de conhecer todos os
desafios vinculados a essa etapa da educação básica, deve conhecer as
possibilidades que esses mesmos desafios trazem à educação profis-
sional, a qual pode ocorrer durante o ensino médio.

Contudo, o papel do pedagogo está em torno da formação conti-


nuada do professor que trabalhará nesse nível de ensino – médio ou
profissional– e do auxílio constante nas demandas que surgirem aos
alunos. Nessa perspectiva, é necessário o entendimento inicial do que
é a educação profissional.

Prevista pela LDB, a educação profissional tem a finalidade de pre-


parar o indivíduo para a entrada no mundo do trabalho e exercer uma
profissão. Para isso, são disponibilizadas duas modalidades de apren-
dizagem. A primeira, a Educação de Jovens e Adultos (EJA), é voltada
àqueles alunos que estão retomando seus estudos em outras fases da
vida. A segunda, a nível de ensino médio, articula a formação dessa
etapa com a preparação profissionalizante.
Paralelamente a essas possibilidades, o novo ensino médio, aprova-
do pelo governo em 2017, tem o objetivo de levar o jovem a conhecer

Desafios do pedagogo no ensino médio 73


as transformações do mercado de trabalho, disponibilizando, assim,
uma formação mais atualizada. Com isso, o aluno tem a possibilidade
de definir os rumos a serem seguidos em seus estudos de acordo com
suas afinidades e interesses pessoais.
A BNCC, por sua vez, é o documento responsável por nortear essa
nova forma de conduzir o ensino médio e orienta para que esse novo
currículo seja organizado por meio da oferta de diferentes arranjos cur-
riculares, conforme a relevância para o contexto local e a possibilidade
dos sistemas de ensino, os quais serão:

• Linguagens e suas tecnologias


• Matemática e suas tecnologias
• Ciências da natureza e suas tecnologias
• Ciências humanas e sociais aplicadas
• Formação técnica e profissional

Livro Apenas as disciplinas de Português, Matemática e Língua Inglesa se-


rão obrigatórias durante os três anos de ensino médio. Com essa realida-
de, cabe aos estados e municípios organizarem seus currículos com base
na BNCC, assim como o projeto da escola e a realidade da comunidade.
Essa organização tem como principal envolvido o pedagogo, pois
ele é o articulador responsável por conduzir, em conjunto com a equipe
escolar, as melhores formas de organizar e tornar real os conhecimen-
tos trabalhados no ensino médio.
Para que esse movimento ocorra, as escolas precisam ter clara a
No livro Pedagogos em cena:
espaços de atuação e expe-
necessidade de tratar a teoria e a prática de maneira integrada, em
riências profissionais, vemos que os saberes trabalhados na formação continuada dos professores
o registro da reflexão teóri-
sejam verdadeiramente aplicados em sala se aula. Ao tratar da forma-
ca e prática de pedagogos
sobre seus espaços de ção profissional, o pedagogo e a escola estão investindo, juntamente,
atuação profissional e/ou
na formação do cidadão autônomo, com conhecimentos que possibili-
suas trajetórias acadêmicas/
profissionais, o que propicia tem a sua produção na sociedade por meio de sua prática profissional,
a reflexão sobre os aspectos superando desigualdades.
tratados neste capítulo.

MAGALHAES, J.; SOUZA, R.; RAMOS, Desse modo, com todos os detalhes que constituem o trabalho ao
M.; ARAUJO, A. L. Jundiaí: Paco longo do ensino médio, fica clara a necessidade da integração do pe-
Editorial, 2019.
dagogo com os demais envolvidos no ambiente escolar, a fim de co-
laborarem para essa formação. Assim, busca-se garantir um trabalho

74 Organização didática da educação básica


pedagógico efetivo, que contribua para a formação de alunos e profes-
sores, possibilitando ao aluno adolescente exercer, de maneira efetiva,
seu papel de cidadão.

CONSIDERAÇÕES
FINAIS
O pedagogo é aquele que articula e auxilia na aplicação de métodos
de aprendizagem em diferentes níveis de ensino. Sua profissão, assim
como a dos professores, requer uma formação continuada e a busca
constante por formas de trabalho atualizadas em diferentes ambientes.

No caso do ensino médio, tendo em vista a formação específica dos


professores em diferentes áreas, o pedagogo é aquele que orienta e
auxilia nas questões didáticas e metodológicas, as quais podem ajudar
a prática em sala de aula. Essa preocupação ocorre em todos os níveis
de ensino, porém é nessa fase final do ensino básico que os alunos
possuem uma carga maior de responsabilidades.

Além disso, pensar e traçar os melhores caminhos que direcionarão


a vida do estudante, também em um âmbito profissional, traz ao peda-
gogo e aos professores envolvidos uma responsabilidade ainda maior e
mais próxima da formação de um cidadão crítico e atuante na sociedade.

ATIVIDADES
1. A adolescência, fase em que se está iniciando o ensino médio, é um
momento de muitas transformações biológicas e psicológicas. Essas
transformações alteram o modo dos adolescentes de agir e reagir
diante de algumas situações. Reflita e escreva sobre como o pedagogo
deve atuar diante desse contexto.

2. Durante todos os anos da educação básica, a presença da família é


tratada como relevante no processo. No ensino médio, essas questões
mudam um pouco. De acordo com as reflexões do capítulo, escreva
qual é a ação da maioria das famílias nessa fase e qual é a consequência.

3. Durante este capítulo, tratamos do papel do pedagogo no ensino médio.


Escreva algumas das ações que o pedagogo exerce nessa etapa da
educação e que contribuem para o processo de ensino-aprendizagem.

Desafios do pedagogo no ensino médio 75


REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Z.; BAETA, A. M. B.; ROCHA, A. D. C. O estado da arte da pesquisa sobre evasão
e repetência no ensino de 1º grau no Brasil (1971-1981). Revista Brasileira de Estudos
Pedagógicos, Brasília, DF, v. 64, n. 147, p. 38-69, maio/ago. 1983.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. Parecer n. 5, de
4 de maio de 2011. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 24 de janeiro de 2012. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
index.php?option=com_docman&view=download&alias=8016-pceb005-11&category_
slug=maio-2011-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 22 jan. 2020.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério da Educação, 2018. Disponível
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.
pdf. Acesso em: 22 jan. 2020.
PIAGET, J. Inteligencia y afectividad. Buenos Aires: Aique Grupo Editor, 2001.

76 Organização didática da educação básica


6
Organização didática
do ensino médio e da
educação profissional
Ao longo da história, a educação passou por muitos momentos de
transformação. Diferentes tendências, métodos e metodologias fazem
parte de cada momento vivido dentro das escolas. Essas modificações
trouxeram ampliações de possibilidades e melhorias que contribuí-
ram para a aquisição do conhecimento pela humanidade.
Hoje, não é diferente. Ao tratarmos do ensino das diferentes
etapas – educação infantil, ensino fundamental e o ensino médio –,
é emergente uma nova perspectiva frente aos desafios de uma so-
ciedade tecnológica e ágil na assimilação do conhecimento.
Por isso, muitos são os desafios que escolas e professores en-
frentam em busca de ações indispensáveis, como o envolvimento
efetivo entre professor e aluno, o desenvolvimento de projetos in-
terdisciplinares que transforme e torne a educação mais próxima
das vivências e dos desafios diários.
Sendo assim, neste capítulo, refletiremos sobre tais fatores edu-
cacionais e sobre formas de tornar o ensino diferenciado e signifi-
cativo no ensino médio e na educação profissional.

6.1 Envolvendo os professores e os


Videoaula alunos no aprendizado
Ao pensar em aprendizado, seja na educação infantil, no ensino fun-
damental, ou até mesmo no ensino médio, muitos fatores precisam ser
considerados para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra,
como o ambiente, os recursos utilizados, as metodologias e a afetividade.

Os fatores estruturais, de recursos e de metodologias devem ser


constantemente atualizados, e a relação professor-aluno deve ser alvo

Organização didática do ensino médio e da educação profissional 77


de preocupação e cuidado do pedagogo durante o trabalho na escola,
pois sabemos que essa questão é um dos caminhos para que o propó-
sito educacional não venha a fracassar.

Desse modo, entendendo a escola como um local propício para que


o conhecimento seja construído, sistematizado, elaborado e aplicado,
as condições escolares devem ser favoráveis para que isso ocorra.

Nesse sentido, o envolvimento do professor com o aluno no pro-


cesso de aprendizagem reflete em muitos pontos no resultado. A
afetividade, confiança mútua, curiosidade e pesquisa são construídas
juntamente com os alunos, em uma caminhada contínua e rica de no-
vas possibilidades em cada momento.

Livro Além disso, a boa instrumentalização do professor, a clareza sobre


os objetivos a serem atingidos, o amparo dado pelo pedagogo durante
o ano letivo, aliados à aproximação positiva com o aluno, são funda-
mentais para que a construção do conhecimento ocorra de maneira
efetiva. A consciência de que esses aspectos caminham juntos deve fa-
zer parte da formação do professor e do trabalho do pedagogo escolar
como condutor dessa tarefa.

Mudar a realidade de que o professor é apenas alguém em sala


para mediar conhecimento e aproximá-lo do aluno de modo mais
No livro Pedagogia da ter-
envolvente, considerando ainda as dificuldades e facilidades de cada
nura, Luiz Schettini Filho
desenvolve um conceito um, é um dos desafios do pedagogo. Isso porque ainda se percebe
de ternura aplicado à certa resistência de alguns professores em aproximar-se dos alunos
prática pedagógica como
um instrumento de valo- de ensino médio, seguindo a crença de que estes não precisam mais
rização da pessoa, tendo de apoio emocional.
em vista a singularidade
de cada indivíduo. Longe Na relação professor-aluno, é necessário estabelecer o entendi-
de ser um livro teórico, o
autor se vale da exempli- mento de que o professor possui um papel social e político frente à for-
ficação para desenvolver mação do aluno. Assim, ele pode assumir uma postura crítica diante
sua pedagogia, tornando
o texto, ao mesmo tempo, de cada necessidade em sala de aula de maneira reflexiva e imparcial.
prático e reflexivo.
De acordo com Pimenta (1999), é preciso compreender inicialmen-
SCHETTINI FILHO, L. 3. ed. Petrópo-
te o conceito desse professor reflexivo, pois o termo se tornou mais
lis: Vozes, 2011.
uma expressão da moda do que uma meta de transformação propria-
mente dita. Nesse sentido, mais uma vez, aparece a necessidade de
se estabelecer uma relação da teoria com a prática, pois se o profes-
sor reflete sobre os processos, é necessário também agir sobre eles.

78 Organização didática da educação básica


Já para Libâneo (2005, p. 76), é fundamental questionar o tipo de
reflexão que o professor precisa para alterar sua prática, pois
a reflexão sobre a prática não resolve tudo, a experiência refleti-
da não resolve tudo. São necessárias estratégias, procedimentos,
modos de fazer, além de uma sólida cultura geral, que ajudam a
realizar o trabalho e melhorar a capacidade reflexiva sobre o que
e como mudar.

Assim, mais uma vez, teoria e prática caminham juntas e devem re-
fletir resultados visíveis, voltados à elaboração de estratégias que apro-
ximem professor, aluno e metodologias, para que juntos construam o
conhecimento e convivam em um ambiente escolar saudável e intera-
tivo. Lembrando que, no ensino médio, o pedagogo é o responsável
para que todo esse trabalho ocorra e por orientar professores frente a
dificuldades nessa condução. Portanto, a boa relação profissional en-
tre pedagogo e professor é imprescindível para que ocorra a interação
entre professor e aluno durante o aprendizado.

Com esse trabalho, há muitas possibilidades de se estabelecer essa


relação entre professor e aluno, principalmente nos momentos de
construção de conhecimento em sala de aula, durante pesquisas, tra-
balhos em grupo e situações de desafio, em que o aluno deve se sentir
parte desse grupo, assistido pelo professor e, consequentemente, con-
fiante a caminhar com autonomia.

Para que isso aconteça, o diálogo é um elemento essencial. Freire


(2005, p. 91) acrescenta que
o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em
que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereça-
dos ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode re-
duzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no outro,
nem tampouco tornar-se simples troca de ideias a serem consu-
midas pelos permutantes.

Ou seja, por meio de algumas estratégias simples, como o diá-


logo, é possível envolver alunos e professores no processo de en-
sino-aprendizagem, tornando o ensino significativo e voltado ao
desenvolvimento humano.

Entre outras possibilidades de se estabelecer uma relação constru-


tiva e prazerosa entre professor e aluno, está a de que o aluno precisa
perceber a aplicabilidade prática daquilo que está sendo tratado em

Organização didática do ensino médio e da educação profissional 79


sala de aula, em que parte do seu
cotidiano será aplicado. Essa apro-
ximação da relação entre teoria e
prática é algo que o professor deve
incluir durante o desenvolvimento
de suas aulas.

Com isso, a valorização e o


respeito mútuo entre professor e
aluno acontecem, uma vez que, ao
perceber sentido nas aulas, o aluno
I automaticamente participará mais e se
IIIIIIIIIIII IIIIIIIIIIIII
II
aproximará do professor para se posicionar
ou solucionar dúvidas.
Figura 1
Aulas expositivas podem se Dessa maneira, com criatividade e investimento no diálogo, são
tornar enfadonhas, gerando
distração e distanciamento abertas novas portas com inúmeras possibilidades de trabalho integra-
entre professor e alunos. do e efetivo em sala de aula para professor e aluno.

6.2 Projetos interdisciplinares e o Enem


Videoaula As possibilidades de aprendizado atualmente são diversas. As tec-
nologias acabaram com as barreiras de comunicação entre os mais va-
riados locais do mundo e, consequentemente, suas culturas. Assim, o
conhecimento se tornou de fácil acesso para muitas pessoas.

A partir desse panorama, devemos reconhecer que a escola, por ser


um local de socialização, de troca mútua e construção do conhecimen-
to, não pode continuar com metodologias que hoje não fazem sentido
para a nova geração de alunos, já que é possível adquirir conhecimento
de diversas maneiras, independente do ambiente escolar.

Nessa perspectiva, é importante que a escola reconheça a integra-


ção das áreas do conhecimento em seu ambiente e fora dele. A geo-
grafia está relacionada à história, assim como a língua portuguesa e a
matemática estão também. As ciências são vivenciadas cotidianamen-
te, pois fatores humanos e ambientais nos rodeiam a todo momento,
interagindo uns com os outros.

Por isso, não é cabível tratar os saberes de maneira fragmentada e


distante da sua aplicação prática. É necessário olhar o conhecimento

80 Organização didática da educação básica


como integrado e interdisciplinar, ou seja, relacionando as disciplinas
de maneira que elas façam sentido em seu uso.

Para que isso aconteça, o projeto pedagógico das escolas precisa ser
revisto e reelaborado nessa nova perspectiva, voltada ao pensamen-
to crítico, integrado e com aplicabilidade clara no dia a dia. A revisão
do projeto pedagógico da escola pode ser conduzida pelo pedagogo e
construída de maneira democrática, em que a participação de todos os
envolvidos no processo de ensino-aprendizagem é de extrema impor-
tância para manter as características da cultura escolar, mesmo diante
de grandes mudanças.

A partir desse novo olhar interdisciplinar, surge a oportunidade


de desenvolver metodologias ativas de aprendizagem e projetos di-
ferenciados que alcancem novas formas de construir conhecimento.
Essa nova construção torna o aluno mais ativo e autônomo para a sua
aprendizagem e crítico ao buscar novos conhecimentos.

Para que essa nova perspectiva ocorra no ambiente escolar durante


o processo de ensino-aprendizagem, é necessário inicialmente que pe-
dagogo e professores façam um bom planejamento. Nesse momento,
evidencia-se o papel do pedagogo como aquele que faz a intermedia-
ção para que a interdisciplinaridade ocorra, pois, no ensino fundamen- Figura 2
É importante sair até mes-
tal – anos finais e no ensino médio, em que há um professor para cada mo do ambiente tradicional
disciplina, ele precisa estar integrado e planejar juntamente com as de- da sala de aula e propor
trabalhos em grupo em
mais áreas para garantir esse olhar abrangente sobre os temas. outros espaços da escola,
como a biblioteca.

Monkey Business Images/Shutterstock

Organização didática do ensino médio e da educação profissional 81


A partir desse planejamento, diversas possibilidades de integração
podem surgir, como o desenvolvimento de uma peça de teatro, ou a
elaboração de plataformas interativas. Essas são ferramentas que vão
ao encontro do interesse dos adolescentes, permitindo-lhes a obten-
ção de conhecimento de diferentes formas, bem como a socialização
e a expressão, elementos tão importantes nessa fase da vida.

Para o sucesso desse processo, a escola deve conversar como um


todo. É necessária a ação integrada entre professores e pedagogo para
garantir o suporte diante dos planejamentos e desafios que possam
surgir, e entre professores e alunos para que o momento de constru-
ção do conhecimento seja prazeroso e rico em possibilidades. Com
essa boa condução, o processo interdisciplinar se tornará parte da cul-
tura escolar e, consequentemente, dessa nova forma de o aluno visua-
lizar a aprendizagem.

Por isso, essa aprendizagem necessita de um olhar inovador, pois,


hoje, até mesmo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) adota cada
Livro vez mais um viés interdisciplinar, crítico e amplo do conhecimento re-
lacionado às ciências e à sociedade. Assim, para que esse objetivo seja
alcançado, são necessários alguns cuidados específicos ao pensar no
planejamento de uma proposta interdisciplinar.

Inicialmente, é preciso ter claro as prioridades de estudo. No caso


de projetos voltados a contemplar as competências cobradas no
Enem, os professores que se propuserem a desenvolver o projeto in-
terdisciplinar precisam saber quais objetivos devem ser alcançados
O livro Pedagogia da Auto- com esse trabalho.
nomia: saberes necessários
para a prática educativa Um exemplo de trabalho interdisciplinar é o estudo das obras
trata de maneira direta e literárias pertinentes ao Enem ou aos vestibulares, pois é possível
sensível a necessidade de
um olhar especial do pro- observar, dentro dessas leituras, fatores geográficos, históricos, na-
fessor sobre a sua prática, turais e políticos.
sobre a sua ação frente à
formação do aluno e aos Assim, seja esperando um bom resultado no Enem ou aplicando
reflexos na construção do
ser cidadão.
em qualquer outro momento da vida, os conhecimentos interdiscipli-

FREIRE, P. Rio de Janeiro: Paz e


nares fazem parte dessa nova perspectiva de ensino-aprendizagem,
Terra, 1997. os quais não podem deixar de ser alvo de cuidado e trabalho do peda-
gogo nas escolas.

82 Organização didática da educação básica


6.3 A escola e as novas exigências da
Videoaula sociedade contemporânea
A sociedade atual passa constantemente por transformações que
modificam comportamentos e estruturas sociais. Assim, a escola, como
agente transformador do cidadão, deve acompanhar essas mudanças
e suprir as necessidades contemporâneas.
Nesse sentido, ela deve munir-se de um acervo de possibilidades que
formem um aluno cada vez mais integrado e ativo nessa sociedade. Po-
rém, os caminhos para que isso ocorra devem ser planejados em prol da
busca por superações de obstáculos que a escola ainda encontra.
Nessa perspectiva, a tecnologia digital ainda é uma
Vídeo
dessas dificuldades, tanto pelo uso dos próprios pro-
No vídeo Educação na sociedade
fessores, que algumas vezes não dominam as ferra-
do conhecimento, publicado
mentas, quanto na sua utilização em sala de aula, que pelo canal vivianemosevideos,
precisa ocorrer de maneira integrada e como recurso Viviane Mosé fala sobre as mu-
importante nas dinâmicas – no formato de pesquisa, danças sociais que impactam
diretamente no modo de ser,
nas descobertas, no complemento, na criticidade e pensar e agir do ser humano.
até mesmo para desenvolver o olhar crítico do aluno. Consequentemente, essas
mudanças ocorrem também no
Ou seja, não basta utilizar slides ou passar ví- interior da escola.
deos para os alunos em sala, é necessário utilizar Disponível em: https://www.
as tecnologias digitais para uma ação efetiva com a youtube.com/watch?v=v-
participação dos alunos, por meio de jogos, plata- qkUWJINT_k. Acesso em: 22
jan. 2020.
formas interativas, pesquisas diferenciadas, entre
outras possibilidades.

Com relação à motivação dos alunos, levá-los à sensibilização e a


uma participação efetiva nas aulas de maneira articulada e ativa é ou-
tro desafio. O uso de tecnologias digitais e de metodologias ativas é um
caminho para superá-lo.
Assim, a mediação do conhecimento ocorre partindo principalmen-
te de metodologias ativas, aproximando o aluno, despertando interes-
se e motivação em descobrir novos conhecimentos, além de buscar
superação diante de dificuldades.
Para que tudo isso ocorra, é necessário repensar a forma de conduzir
as aulas, pois essa questão diz respeito também às competências sociais e
emocionais dos alunos. Saber conviver e lidar com as diferenças faz parte
dessa forma de pensar a educação.

Organização didática do ensino médio e da educação profissional 83


CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Em qualquer etapa de ensino, da educação infantil ao ensino médio, é
notório o importante papel do pedagogo e do professor para o desenvol-
vimento efetivo do ser humano. Para que esse desenvolvimento ocorra, é
necessário que o processo de conduzir o pensar pedagógico pelos mais
diferentes caminhos seja traçado aproveitando a beleza e a diversidade
de cada fase da criança e do adolescente.
Nesse caminho, pudemos perceber que não bastam conhecimentos
científicos para que o professor realize um bom trabalho – estes são ape-
nas a base que norteia a prática –, é preciso que a prática seja prazerosa,
significativa, crítica, criativa e adequada às necessidades individuais e co-
letivas dos alunos.
A influência que se exerce na formação do ser humano na condução
da sua aprendizagem é o sentido da educação. Por isso, olhar essa edu-
cação com delicadeza e cuidado, é essencial ao pedagogo/professor que
estará à frente desse processo que marca e faz a diferença na vida e na
formação humana.

ATIVIDADES
1. Conforme refletimos neste capítulo, para que a escola esteja no
caminho das necessidades sociais contemporâneas, é necessário que
o professor adote encaminhamentos e posturas específicas em sala
de aula. Com relação à metodologia aplicada, comente como você
acredita ser a dinâmica adequada para a condução das aulas de hoje.
2. A interdisciplinaridade hoje é um conceito de grande importância
a ser aplicado nas escolas. Sendo assim, descreva o conceito de
interdisciplinaridade e o motivo dessa importância.
3. Entre os desafios encontrados pela escola na sociedade contemporânea,
o uso das tecnologias ainda é um fator a ser trabalhado. Comente por
que esse recurso ainda é um desafio nas escolas.

REFERÊNCIAS
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e terra, 2005.
LIBÂNEO, J. C. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2005.
PIMENTA, S. G. Professor: formação, identidade e trabalho docente. In: PIMENTA, S. G.
(org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 1999.

84 Organização didática da educação básica


GABARITO
1 O trabalho do pedagogo na educação infantil
1. As habilidades socioemocionais consistem em competências a serem
trabalhadas, praticadas e aprendidas na educação infantil. Elas devem
estar relacionadas ao convívio social e, consequentemente, envolvem
fatores emocionais. Sua importância se destaca no momento em que o
desenvolvimento dessas competências torna a criança um cidadão bem
resolvido com suas emoções e integrado ao convívio com o próximo.

2. O período sensório-motor (0 a 2 anos) ocorre mediante a exploração


do mundo por meio dos sentidos. A criança precisa tocar, provar os
objetos. É uma fase de muita curiosidade e exploração do meio e, por
isso, o professor deve estar atendo a todos os estímulos necessários
para seu desenvolvimento amplo. Já no período pré-operacional (2 a 7
anos), no qual a criança conclui a educação infantil e já é inserida nos
primeiros anos do ensino fundamental, há o estabelecimento de uma
representatividade para os símbolos presentes no cotidiano, tal como
atribuir nomenclaturas para pessoas ou coisas. Dentro do estágio
pré-operacional, estão presentes algumas funções simbólicas, como
a identificação e a apropriação de identidade, além da capacidade
de classificação e compreensão, essenciais para o desenvolvimento
infantil. Esse período tem ainda como elemento principal os estímulos
à alfabetização.

3. Educar consiste no ato de abrir possibilidades de aprendizagem para a


criança, com momentos planejados e intencionalidade de desenvolver
cognição e novos saberes. Paralelo a esse ato, o cuidar consiste nas
necessidades essenciais que a criança de educação infantil requer e
focaliza o preparo para as habilidades emocionais e de convívio com
o próximo.

2 Organização didática na Educação Infantil


1. Dentro dessa preocupação, é necessário que o pedagogo conheça a
faixa etária e a realidade de seus alunos, planeje com intencionalidade,
definindo objetivos claros e utilizando uma metodologia que alcance
os alunos de maneira construtiva.

Gabarito 85
2. O dia do brinquedo, além de ser um momento agradável para as
crianças, possui uma função social. Nesse dia, a criança aprende a
compartilhar, cuidar do que não é seu, respeitar a vontade dos colegas,
além de desenvolver a imaginação e a criatividade.

3. Após uma primeira ocasião de sondagem da turma, em um segundo


momento, é importante o pedagogo manter a avaliação de modo
contínuo, ou seja, não considerando apenas resultados finais, mas
também a evolução que o aluno teve ao longo do processo.

3 Organização didática no ensino fundamental –


anos iniciais
1. Dentro da proposta pedagógica, o coordenador deve ter claro a
necessidade de continuidade no processo de privilegiar o movimento,
os saberes prévios e o contexto sociocultural. Com base nesses três
elementos, a proposta é cuidar para que a peculiaridade de cada aluno
seja preservada.

2. A práxis diz respeito à relação entre teoria e prática. É ela que concede
sentido ao que o professor realiza em sala de aula e contribui para o
desenvolvimento da sua identidade frente a sua ação, pois apresenta
elementos teóricos de sua formação que fazem sentido em situações
do dia a dia.

3. O método de ensino se refere a uma postura geralmente adotada pela


escola e que reflete a forma de ensinar e conduzir os processos de
sala de aula daquela instituição. Já a metodologia consiste na opção
de práticas que ocorrem efetivamente em sala para a aprendizagem
acontecer e para desenvolver o conhecimento.

4 Organização didática do ensino fundamental –


anos finais
1. Segundo Piaget, o pré-adolescente se encontra na fase das operações
formais, na qual ele apresenta melhor concordância e um pensamento
organizado e bem expressado na fala e na escrita. O aluno tem a
noção de conservação numérica, probabilidade, hipóteses e abstração
de pensamento, bem como manipula mentalmente a representação
do mundo que internalizou nas fases anteriores. Apesar de conceitos
abstratos ainda serem de difícil compreensão para ele, as regras

86 Organização didática da educação básica


sociais começam a fazer sentido, permitindo-lhe se apresentar com
mais autonomia e julgar o certo e o errado.

2. Nessa etapa, o pedagogo atuará como canal de comunicação entre


os professores, buscando estabelecer um trabalho interdisciplinar
e orientando planejamentos de acordo com as características das
turmas ou, ainda, nos casos de inclusão. Pensará, juntamente com
cada professor, em estratégias diferenciadas para levar os alunos a
compreenderem determinados conhecimentos.

3. Inicialmente, a avaliação é cumulativa, ou seja, por meio de diferentes


possibilidades cotidianas. O professor cria formas de acompanhar
o rendimento do aluno, de intervir nos momentos oportunos e até
mesmo de orientá-lo a saber como buscar a solução para suas dúvidas.
Ela é cumulativa e contínua porque não é realizada apenas no final de
todo um processo, mas considerada durante a aprendizagem.

5 Desafios do pedagogo no ensino médio


1. O pedagogo deve orientar os professores que trabalham nesse
nível, levando-os a compreender que esse período de instabilidade
psicológica requer momentos de escuta, acolhida de sugestões e
reflexões, que levarão o adolescente a sentir-se parte do processo em
que está inserido durante as aulas.

2. O ensino médio é uma etapa em que algumas famílias não acompanham


mais os alunos. Isso ocorre até mesmo pelas transformações que
ocorrem nas estruturas emocionais e sociais do adolescente. No
entanto, esse acompanhamento ainda é importante, mesmo prezando
pela autonomia do aluno. Uma das consequências dessa falta de
acompanhamento é a evasão escolar.

3. O pedagogo no ensino médio assume o papel de organizador dos


processos que conduzem esse nível de formação e da educação
profissional. Ele atua em questões voltadas à atualização do currículo
escolar, à formação continuada de professores e à aplicação da teoria
e da prática no ambiente escolar.

6 Organização didática do ensino médio e da


educação profissional
1. O professor precisa inicialmente estar bem instrumentalizado, com
clareza nos objetivos a serem atingidos, bem amparado pelo pedagogo

Gabarito 87
durante o transcorrer do ano escolar e proporcionar a aproximação
com o aluno para que a construção do conhecimento ocorra de
maneira efetiva. A consciência de que esses aspectos caminham juntos
deve fazer parte da formação do professor e do trabalho do pedagogo
escolar como condutor do trabalho pedagógico. Além de conhecimento
científico, é necessário o conhecimento do perfil do aluno e de novas
metodologias. Essas metodologias são o grande diferencial do trabalho,
uma vez que, ao optar por metodologias diferenciadas, o aluno será
ativo diante do seu processo de aprendizagem. Assim, a metodologia
deve ser voltada a estimular a participação e a autonomia.

2. Interdisciplinaridade é o tratamento integrado do conhecimento


entre as áreas. Os professores planejam aula fazendo a relação entre
as matérias e sua aplicabilidade prática. Hoje, a interdisciplinaridade
vem ao encontro do perfil do estudante do mundo atual, devido a
sua relação próxima do cotidiano e das possibilidades de trabalhos
atrativos e diferenciados, que tornam o ensino instigante para o aluno.

3. O uso das tecnologias nas escolas ainda é um desafio por dois


pontos principais: o primeiro trata-se da resistência ou falta de
instrução de alguns professores, e o outro é quando são utilizadas
de maneira superficial nas aulas. A tecnologia deve estar integrada
como recurso significativo.

88 Organização didática da educação básica


ORGANIZAÇÃO DIDÁTICA DA EDUCAÇÃO BÁSICA
PRISCILA CHUPIL

Código Logístico Fundação Biblioteca Nacional


PRISCILA CHUPIL
ISBN 978-85-387-6584-4

59181 9 788538 765844

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