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BIBLIOTBECA DE LEGISLAÇÃO BRASILEIRA N.

AMADOR CYSNEIROS
PIOMOTOI MILITAR EM dO Pl11LO E GOUZ

-
DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO IIAIIL

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,~. (REFORMADO
.r E COMMENTADO)
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LIVRARIA CARIOCA
RUA SÃO JOSÉ N. 45
110 DE JANEIRO
1934
' '

PREFACIO

'
A swrpreza causa4a peltJ reforma do antigo Codigo de
Justiça Militar, as confusões que provocou com a altera-
ção do seu texto e a falta de determinação de prazo para
entrar em vigor as novas disposições, despertCDram-me Q
desejo de elaboraçã,o do pres.ente trabalho, conAendo um
historico d(f refor'ma, durante os quatro ultimas anno~,
seguido. do texto do novo Codigo, com todas as- novas modi-
ficq,ções introduzidas, acompanhadas de breves commenta-
nos.
,. Foi um trabalho rapido de pouco mais de 15 dia.f,
'
visando a utilidade que elle poderá prestar aos me11s colle-
gas da Justiça Militar, a:os officixMs das classes armadas
v
~ v.~~ ;) . \ e a todos quanto tiverem necessidade de se orientar no fôro
militar.
,~Ú\ 0)'-\.J'} Deixei de juntar a farta jurisprudencia que o Egregio
~o J.OJ (I Supremo Tribunal .t em firmado sobre a parte processual
vs do Codigo, evitando se tornasse a obra mais volumosa,
encarec~ndo sobremodo seu valor acquisitivo, impedindo
STM ; '• :. t'; 3
assim sua maior divulgação.

-5-
AIIADOR CY~NEIROS

,_ ,r
. '

Analisando (]; reforma cnt·tco-a á luz de seus proprios


) PRIMEIRA PARTE
absurdos, com o o cerceamento das attribuições dos juizes
togados e do Ministerio Publico, cmno a extin_cção do qua-
dro de officiaes de Jwtiça, como a fiscalisaç.'ío do com-
mando nos sorteios dos Conselhos, como a diminuição do HISTORICO
numero de ministros tog.ados, no seio do Su;premo Tribu-
nal .Militar e consequente augment,o de ministros 'militares,
Cúmo o hybrídismo creado ent·re o juizo ·m ilitar e a mili-
tança, no exercício de prerogativas . puramente judiciae.f,
como o cumprimento de -precatarias, emfim, em tudo quanto
ella produ.ziu de mau, não fortalecendo á disciplina e des-
virtuando a propt-ia majestade da Justiça.·

.São .Paulo, agosto de 1934.

AMADOR (YSNEIROS DO AMARAL.

-6-
PRENUNCIOS DA REFORMA

Com o advento do movimento armado de 1930 e o


prurido de reformas de que se achavam imbuídos os que
pretendiam entrosar o Brasil numa nova ordem de cousas,
sem esperarem a formação gradativa de uma outra menta-
lidade orientada nas realidades economicas offerecidas pel0
nosso paiz em face do mundo, surgiu a idéa de roformar-
se tambem a Justiça Militar.
Os arautos da grande nova iam muito mais longe
annunciando não só a reorganisação do pessoal e da fórma
de processo, como á modernisação do archaico Codigo
Penal da Armada.
Formavam-se correntes, debatiam-se principias, expla-
navam-se idéas, porém, tudo isso num ambiente restricto,
nos intervallos das sessões dos Conselhos de Justiça, nos
corredores dos ministerios militares, nas rodas mais inti-
mas de funccionari os e militares que se interessavam por
taes assumptos .
Os pontos que mais abordavam eram os que se refe-
riam á parte propriamente dita do Pessoal. A situação dos
auditores precisa ser regulada quanto ao accesso do Su-

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CODIGO DE .JUS'l'ICA lUILI'i'AR
AMADOil. CY!!' NEIROS

Continuava-se a fallar na refórma.


premo Tribunal Militar, diziam uns; os prmotores de 1. • Decorridos os primeiros mezes, o ministro da Guerra,
entrancia ganham uma miseria, diziam outros ; as audito- general Leite de Castro que traçara um longo programma
rias do Norte nada fazem, exclamavam terceiros e, assim, va e
de reformas para sua pasta, o que não poude cumprir em
decorrend.o o tempo, o Governo resolveu aproveitar os inna- virtude das difficuldades creadas pela política, madrasta
ctivos em disponibilidade, dando-lhes funcções de supplen- lUIZ.
que tem sido de todos os emprehendimentos patrioticos,
tcs nas substituições dos effectivos das auditorias de se- :oro-
commetteu ao auditor Dr . Gomes Carneiro a incumbencia
gunda entrancia e de corregedores de autos findos, junto Jus~
da elaboração de um projecto de Codigo de Justiça Militar
con~
ao Supremo Tribunal Militar. e, consequentemente, de um Codigo Penal Militar. A ta-
O movimento de outubro encontrára vaga a auditoria :::on-
refa era demasiada para um só individuo na exiguidade de
(}e Santa Maria da Bocca do Monte, no Rio Grande do -lhc
tempo que se estabelecia para sua elaboração, entregue o
Sul e aberto o concurso para ella. Tornadas sem effeito ~ or-
seu autor ás actividades diuturnas do exercício effectivo de
as duas utimas nomeações feitas para o Supremo Tribunal )m-
seu cargo e, posteriormente, em commissão, num Conselho
Militar dois dos auditores de 2.a entrancia effectivos, mais 1m0
Superior tle Justiça.
antigos ' no Exercito e na Marinha, ingressaram no Tribunal, A esse tempo a opposição estava formada e uma ~ova
emquanto o Governo convocava outros dois, em disponibi- : e
corrente se avolumou contra aquelle a quem o Governo, pelo
lidade para substituil-os. nte
seu ministro, incumbira de tão ardua tarefa.
Ficaram assim prejudicados os auditores de primeira Nós acompanha vamos a marcha dos acontecimentos no do,
entrancia vendo prehenchiClas as vagas de accesso e a perspe- : e
proprio theatro onde se desenrolavam, isto é, no Ministerio
ctiva do aproveitamento dos, demais em disponibilidade, em da Guerra e, assim, ia se escoando o prazo, em :'!Spectati va, si-
numero de seis ou sete, todos de segunda entrancia. Por para o completo exito de tal commissão.
)f,

seus turnos, os promotores, adjuntos, supplentes de audi- · Sobrevindo o movimento armado de São Paulo. ~s.

tores e advogados esmoreciam e perdiam o estimulo verí- encontrou a Justiça e o proprio Exercito ' completamente
·e~

ficando a impossibilidade de se candidatarem aos postos desapparelhados para uma perfeita regularisação dos ser- io
superiores, tal o engorgitamento que se produzira com o viços de Justiça em campanha. Um decreto aqui, um aviso )S

aproveitamento dos innactivos, quasi todos nessa situação acolá, mobilisaram-se duas auditorias acompanhando ás Di- ~s

voluntaria privilegiada, proveniente do dispositivo do para- visões que se emparallelaram no valle do Parahyha. Só
grapho primeiro do artigo 382 das "Disposições Transito- ~I
muito tarde, sem tempo de locomover-se, uma outra se
rias do Codigo de Justiça Militar. a
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-10- ;-
OODIGO DE JUSTI(iA MILITAR
AMADOR OYSNEIROS

apresta a avançar até o Quartel General do Destacamento nomeação de dois promotores e um advogado para audito-
do Exercito Sul, isso, aliás, já finda a luta. Alguns func~ res. A esperança dos que aguardavam um concurso mais
cionarios exerceram funcções de Justiça no Destacamento uma vez se estiolou, em face do acto discriccionario.
de Exercito Leste, taes como o auditor Dr. Silvestre Peri- Posteriormente deram-se mais duas vagas de auditor,
cles de Góes Monteiro e promotores Dr. Octavio Murgel na 9. a e na 5. a C. J. M. Voltou-se ao antigo criterio de
de Rezende e Romulo Pacheco emquanto nós nos no Sul, á aproveitamento dos em disponibilidade de entrancia supe·
mingua de officiaes, exercíamos funcções puramente mili~ rior, em entrancia inferior.
tares como as de chefe de Policia Militar, director de Pre· E batia-se na mesma tecla da reforma ...
sidio e Campo de Concentração de Prisioneiros, membro Na gestão dos negocios da guerra o ministro general
de cmnmissões militares de Abastecimento ás populações Góes Monteiro, de modo mais intenso, voltou-se a mor-
civis., Como se vê, tudo cahotico e fóra dos regulamentos, murar na necessidade da reforma. Na realidade com um
por força das circumstancias motivadas pela falta de appare- programma vasto de modernisação do Exercito e com o
lhamento e da desorganisação ainda reinante no seio da exemplo da Marinha cuja reorganisação já se fazia ha
tropa, amarga herança do movimento de 1930. ,No Leste, tempos, poz mãos ,á obra o infatigavel titular, baixando
melhor aprestamento, melhor organisação pela bôa qua- varios dispositivos attinentes á remodelação dos serviços
lidade da maioria da tropa; no Sul, difficuldades sem conta, de sua pasta, de entre os quaes, fatalmente, deveria se en~
completo isolamento do centro, tropa heterogenea, lucta contrar a tão malfadada Justiça.
com recursos proprios. No Leste, muita tenacidade e tech- Desta fórma, afastada, não sabemos como, a possibi-
nica applicada; no Sul, bastante audacia e "elan" formi~ lidade de estudo do trabalho em mãos do auditor Dr. Go-
davel. Ali uma cabeça e aqui um pulso forte. mes Carneiro, o general Góes Monteiro, em entendimento
Cessado o movimento no seu período de quasi crysta- previo com o marechal Caetano de Faria, presidente, então,
lisação eis que, tendo-se aberto vaga na auditoria da 8. a da mais alta côrte de Justiça Militar, organisou uma com-
Circurnscripção Judiciaria Militar, proveniente de reforma missão para estudos e elaboração de um ante-projecto de
e outra na z.a C. ]. M., por demissão, na confusão ~o reforma da Justiça Militar, sem prescindir da collaboração
momento, o Governo, mais urna vez afastou-se do seu e experiencia dos Estados Maiores do Exercito e da Ar-
anterior ponto de vista e um novo golpe desferiu contra o mada. ,... ",...,. 4 . ; . -
Codigo e ás attribuições do Supremo Tribunal Militar Constituída a commissão em março do corren!JY anno
prehenchendo, sem concurso, as tres vagas abertas, com a com o ministro Dr. Mario A. Cardoso de Castro, ~rocura-

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AMADOR CYSNEIROS

dor geral, Dr. Washington Vaz de Mello, 'húnistro do Con-


selho Especial do Exercito de Leste e auditor de L. a en-
trancia Dr. Silvestre Pericles de Góes Monteiro, .Iauditor
de 2. a entrancia Dr. Elias Fernandes Leite, { apitães de
fragata Galdino Pimentel Duarte e Attila Aché, coronel
Renato Paquet e major José Faustino da Silva Filho, sob
a presidencia do marechal José Caetano de Faria e secre-
O PROJECTO DA SUB-COMMISSÃO
tariada pelo Dr. Sylvio Motta, secretario do Supremo Tri-
bunal Militar, depois de em seu seio debatidos os pontos de Apresentado o ante-projecto, não completo, a commis-
vista do Estado Maior do Exercito, aos quaes não era são entrou a discuti l-o.
extranho o Estado Maior da Armada, promoveram-se ás Soff rendo impugnação pela maioria, taes as profundas
sessões, em caracter secreto, para a solução de tão magno transformações da organisação da Justiça que o trabalho
assumpto. offerecia foi o mesmo posto de lado, ~em que fosse
Finda a primeirL!.eunião a commissão resolveu formar debatido até o final.
uma sub-commissão com poderes para a elaboração de um Seus traços característicos eram :
ante-projecto e da qual fizeram parte um auditor, um repre- 1 - Militarisação do pessoal da Justiça com a orga-
sentante do Estado Maior do Exercito e outro do Estado nisação de dois quadros de um "Corpo Judiciario", o pri-
Maior da Armada, sem que o Ministerio Publico ahi esti- meiro de officiaes e o segundo de escrivães;
vesse representado, como seria de se esperar. 2 - Divisão das auditorias em tres entrancias, n'um
Rapidamente, em poucos dias, dando-nos a impre<>são total de dezeseís sendo- 3 de J.a entrancia, todas na Capital
de já se achar prompto e encommendado, o ante-projecto Federal com as denominações de Auditoria do Departa-
foi apresentado peos membros da sub-commissão organi- mento do Pessoal do Exercito, "Í)irectoria do Pessoal da Ar-
sada, auditor Dr. Elias Ferna, es Leite, lapitão de fra- mada, ~ de 1.(1 Região de Militar funccionando com coroneis
g-ata Galdino Pimentel Duarte e major José Faustino da auditores, majores promotores, capitães advogados e sub-au-
Silva Filho,fo seio da commissão geral que passou a estu- ditores, primeiros tenentes adjuntos de promotor e sub-te-
dai-o. nentes escrivães. As de segunda em numero de 5 eram ás
da Esquadra, 2.a auditoria da J.a R. M. e primeiras au-
ditorias das 2. ~, 3. e 4. a Regiões funccionando com tenen-

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AMADOR OYSNEIROS

OODIGO DE JUS'l' ICA lUILITAR


tes-coroneis auditores, capitães promotores, primeiros te-
nentes advogados e sub-auditores, segundos tenentes adjun-
tos de promotores e sargentos ajudantes escrivães. As de rcito Administrativo Militar, Regulamentos uzados no
Exercito e na Armada e Direito Internacional.
primeira entrancia em numero de 8 com séde, uma em São !

Paulo, duas no Rio Grande do Sul, uma em cada uma das 5 - O Supremo Tribunal Militar compor-se-ia de
demais regiões, da S.a á 9., servidàs por majores audito- 12 ministros vitalícios, sendo quatro tirados do quadro de 1.
I.
genera~s effectivos do Exercito, quatro dentre os da Ar-
res, primeiros tenentes promotores e sub-auditores, segun-
dos tenentes adjuntos de promotores e advogados e pri- mada, tres de entre os auditores e um de entre estes, ou da
judicatura civil.
meiros sargentos escrivães, com excepção das auditorias
das 6. •, 7. a e 8. a Regiões Militares que poderiam ser 6 - A Justiça seria administrada pelo Supremo Tri-
attendidas por um sub-auditor e um adjunto de promotor, bunal Militar, como Côrte de Recurso em 2. a instanc1a;
.'legundo determinação da autoridade competente; pelos Conselhos de Justiça para julgamento em 1." instan·
3 - O quadro de officiaes ~ria ~ coroneis audito- cia e pelas Commissões de Justiça para instrucção criminal
re~, 5 tenentes coroneis auditores e 8 majores auditores; e formação da culpa dos jurisdiccionados, isto é, dos que
3 majores promotores. 5 capitães promotores e 8 primei- pertencessem a cada unidade militar, navio Ol\ força naval .
ros tenentes promotores; 3 ~J.pitães advogados, 5 '!)rimeiros 7 - Os Conselhos de Justiça Permanente para pra-
tenentes advogados ; 3 capitães sub-auditores ; 3 primeiros ças de pret compor-se-iam de um auditor, um official supe-
tenentes adjuntos de promotores e 6 segundos tenentes rior e um subalte.rno da activa, e dois capitães da reserva
adjuntos de promotores. Ao todo 66 officiaes. O quadro ou de outras patentes subalternas, com duração ·semestral.
de escrivães: 3 sub-tenente;,-5" sargentos-ajudantes e 8 pri- 8 - As Commissões de Justiça funccionariam em
meiros sargentos, ao todo 16 inferiores, sendo as promo- cada corpo de tropa, navio isolado até 3." classe, força
ções reguladas por outro dispositivo e have!ldo um quadro na vai, ou estabelecimento militar, compostas de um capitão-
da reserva; presidente, um tenente-interrogante e um sargento-escre·
4 - A admissão ao quadro de o f ficiaes do Corpo vente, podendo, nas companhias, esquadrões, baterias e des-
J udiciario obedecia a um processo especial de recru~am~to; tacamentos isolados, a presidencia caber a um official su-
sendo ohrigatorio um concurso constando de questões sobre balterno e, no caso em que os indiciados possUissern paten-
os Codigos Disciplinares do Exercito e da Armada,. Co- tes superiores, competiria aos chefes do Estado Maior do
digo de Organisação Militar, Codigo Penal Militar, Di- Exercito, Departamento d~ Pessoal, commandantes de Re-
giões e de Esquadra designar os o f ficiaes para compor a
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cornmissão.

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• CODIGO DE JUS'l'IÇA llliLITAR

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AJIIADOR CYSNEIROS

silios, protocollos, archivos, ficharias etc. e processava e


9 - Os principias de jurisdicção e competencia não
julgava as justificações que se fizessem necessarias.
eram modificados. Era um mixto original de escrivão, escrevente e juiz .
10 - Competia ás commissões de Justiça, proceder L-14 - O promotor era o consultor jurídico do coní-
ao~ mquerito~ nos crimes communs; julgar os desertores c mando, em assumptos de direito e administração da Jus-
insubmissos e as praças que tivessem commettido acto i;..fa- tiça, bem como interprete de sua orientação junto aos con-
mante ; fazer syndicancias sobre a conducta dos officiaes selhos ( ?) . commandantes. de Presidi os e Campos de Con-
e suas inaptidões ou falta de exação no ~.:umprimento dos centração, tanto na paz, como na guerra. Competia-lhe
<;eus deveres funccionaes; cumprir precatarias dos audito- informar, obngatoriamente os pedidos de Jzabeas-cor-
res; solicitar assistencia do adjunto de promotor, quando PI.ts ( ?) ; dar pareceres em inqueritos procedidos pelas Com-
houvesse cumplicidade de processo. Confundia-se nesse missões de Justiça, em todas as questões criminaes, como
dispositivo o inquerito com o processo. em todas as de direito, auxiliado pelo seu adjunto.
11 - Davam-se honras, regalias e vantagens pecunia- 15 - Ao adjunto de promotor competia substituir e
rias aos officiaes do corpo Judiciario identicas aos dos ser substituído pelo promotor, devendo obrigatoriamente
postos equivalentes dos officiaes do Exercito e da Ar- funccionar nas justificações. assistir, quando requisitado,
mada, sujeitos á jurisdicção disciplinar do presidente do ás sessões das Commissões de Justiça, visitar as prisões e
Tribunal e passíveis de penas previstas nos Regulamentos, vigiar o cumprimento das penas, como fiscal das disposi-
ou Codigo Disciplinares. ções e prescripções penitenciarias expedidas pelo promotor,
12 - Ao auditor não se conferia o direito de voto, mediante approvação do commando, aos Presídios Militares.
nos conselhos, salvo se, por sua graduação, cabendo-lhe a 16 - O procurador geral da Justiça Militar era o re-
presidencia, houvesse de desempatar. presentante do Alto Commando e interprete da orientação
13 - Ao sub-auditor cabia substituir o auditor ou ser do ministro da Guerra. com attribuições mais ou menos
por este substituído, competindo-lhe dirigir o cartorio se- identicas ás actuaes, nada se alterando quanto ás attribuições
gundo as determinações daquelle, receber e desincumbir-· dos advogados e escrivães.
se da correspondencia e preparar o expediente para ser 17 - Nos impedimentos e substituições era possível
desvachado pelo seu chefe de serviço. Tinha tambem a'> a nomeação de funccionarios ad-hoc. de entre officiaes da
attribuic,ões que hoje competem aos escrivães quanto á reserva do Corpo J udiciario, ou ~stagiarios.
guarda dos processos, á respom;abilidade dos moveis, ut~n- 18 - Uma technica especial era admittida para o in-

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AMADOR CYS"'EIROS CODIGO JlE JUS'I'ICA ~IILI'fAR

querito. As commissões de Justiça o procedia1. secreta-


u como ~ necimentos de calçados, fardamentos, equipa-
mente, podendo, entretanto, os seus trabalhos serem revela- mentos •.i\:'c . • . A escripturação seria fiscalizada pelo promo-
dos ao commanào, promovendo todas as diligencias neces- tor ( ?) e nos nomes dos detentos abrir-se-iam cadernetas
'>arias. Findas estas, realisavam-se uma, ou mais sessões nas Caixas Economicas, para recolhimento do producto do
de estudos, podendo ser promovidas outras diligencias seu trabalho.
quando, então, se elaborava o relatorio, ditado pelo membro 20 - Pertenceriam aos conselhos de Justiça as attri-
interrogante assignado por elle e pelo presidente da com- buições para acceitar e regeitar denuncias e além dos casos
missão. Se houvesse d1vergencia convocar-se-ia o sub· que o antigo Codigo já estabelecia, encontrava-se o da pos·
commandante, immediato do corpo, ou chefe de Repartição, sibilidade de sua rejeição, quando não tivesse a causa sido
directores de Directorias da Armada, commandantes de apreciada pela autoridade administrativa. ( ?)
Força e navios de guerra, conforme o caso, agindo esse ~ O ante-projecto apresentava outras alterações profun-
novo membro como desempatador. Dividia-se o relataria das, taes como a harmonia do voto de tonsciencia com o
em duas partes, uma expositiva e outra conc~iva. allegado e o provado e os Conselhos de Tropa para julga-
19 - Instituía o Regimen Penitenciaria, com um Pre- mentos dos processos de Deserção e Insubmissão.
sídio em cada Região Militar, dirigido por um capitão da Todas essas transformações foram a causa de ser o
reserva que commandaria uma escolta de guarda, auxiliad') ante·projecto ~min~do no seio da commissão sem que lhe
por dois subalternos tenentes convocados, e nos quaes seriam fosse presente sua parte final, surgindo então, o substitu-
recolhidos todos os presos de guerra(?) que passassem á tivo do ministro Dr. Mario A. Cardoso de Castro.
disposição do fôro militar ou civil. O regimen a ser ado·
ptado em taes presídios, seria o de trabalho obrigatorio, de
accordo coin a segurança offerecida pelo edifício, devendo
50 % do lucro liquido obtido pelo trabalho do detento ser-
lhe escripturado e 75 %, quando fossem de sua propriedade
a ferrament~ utilisada; o restante destinar-se-ia á conser-
vação e melhoramentos do Presídio. O trabalho seria orga-
nisado de conformidade com instrucções expedidas pelo
promotor miitar e as officinas deveriam ser organisada:> de
tal modo que po~essem prestar auxilias promptos á tropa,

-20- -21~
O SUBSTITUTIVO CARDOSO DE CASTRO

O autor admittira o trabalho do notavel jurista Dr.


Astolpho de Rezende que é o Codigo de 1926, tomo base do
seu substitutivo, reconhecendo- satisfazer - os interesses da
Justiça adaptando-o ás necessidades que a experiencia acon-
selhava.
Punha de parte, desde logo, a militarisação, acceitando
a organisação já estabelecida quanto ás simples graduações
honorarias dos funccionarios e á subdivisão das duas en-
trancias. Entre outras modificações apresentava as se-
guintes:
1 - A suppressão de uma auditoria, a de Fortaleza,
ereando uma outra em São Paulo.
2 - Organisação do Supremo Tribuna~ Militar com
treze membros, como a Côrte Suprema, sendo cinco civis,
quatro generaes effectivos do Exercito e quatr'o da Mari-
nha.
3 - Facultava o pedido de disponibilidade dos mi-
ni stros militares se tivessem mais de 50 annos de serviço,
dos quaes 5 ele effectivo P.xercicio no cargo, sem prejuízo
ele clireitos e vantagens.

2~ '--
STM BIBLIOTEC
COOJGO DE JUS'I'IÇA MILITAR
AMADOR CYSNEIROS

mentos, repartições, lagares, em geral, de caracter propria-


4 - Mandava, na impossibilidade de constituição
do conselho, por falta de officiaes de patente em serviço mente militar.
10 -- Aos conselhos de Justiça somente era dado jul-
activo e numero sufficiente, fosse julgado o accusado na 1."
15ar os crimes militares de sua competencia e decidir ás
C. T. l\1. recorrendo-se, ahi, então, aos, o f ficiaes da re-
serva da l.Q classe da t.n linha, em caso de falta absoluta questões que se suscitassem no julgamento.
11 - Aos auditores attribuia á formação da culpa sem
de officiaes da activa. !.4 a presença dos conselhos e a faculdade' de decretar ás pri-
5 - Punia com a perda de gratificação do exercício
-.ões preventivas, no primeiro caso com a presença das par-
aos auditores. juizes militares. membros do Ministerio P•l-
tes e no segundo, a requerimento do Ministerio Publico.
blico e mais funccionarios que faltassem ás sessões, sem
12 - Ao sub-procurador geral da Justiça Militar, além
causa jn~tificada. da~ funcções proprias do cargo, excepção da de consultor
6 \L O procurador geral da Justiça Militar seria
jurídico do Ministerio da Guerra, facultava-se . a de pro-
um ministro togado do Supremo Tribunal Miitar, de livre
cP.der a inqueritos nas auditorias, bem como funccionar em
nomeação e Jemissão do Governo.
processos administrativos para o effeito de demissões de
7 - Admittia o concurso de títulos e previa o accesso
de todos os funccionarios, quer na mesma entrancia, quer funccionarios.
d - Esclarecia melhor ás questões de competencia.
t'm entranda superior.
8 - Estabelecia graduações militares honorarias como tambem o pmcedimento nos inqueritos.
14 - F acultava a rejeição, no todo ou em parte, do
para os advogados e officiaes de Justiça, modificando as
corpo de delicto pelos juizes, podendo mandar proceder
actuaes.
9 - Firmava a competencia da Justiça Militar para uutros.
1,::; - Admittia fosse arLhivado o processo, com re·
conhecer dos crimes commettidos por civis em territorio
curso ex-officio, independente ele razões, com assentimento
ou aguas submettidas a bloqueio, ou militarmente occupa-
do promotor, quando o auditor julgasse ter sido o crime
clas, a bordo de navios e embarcações da Armada. nos quar-
teis e lagares em geral sujeitos de natureza, ou sob a juris- (' claramente praticado nos termos elos artigos 26, 27, 28 e
102 do Codigo Penal da Armada. Igual procedimento se
r
dicção militar, . assim como os civis que commettessem c~n­
teria, com relação aos inqneritos que proporcionassem iden-
tra militares. ou assemelhados, crimes previstos nas leis
militares. a borde dos navios da Armada ou embarcações ticas convicções.
16 - Regulava as prisões por mandado.
sujeitos a esse regimen, nas fortalezas, quarteis, acampa·
-25-
.-- ~4

N.' Registro 3~ / J'??í-3


CODIGO DE JUS'l'ICA liiiLITAR
AlllADOR CYSNEIROS

emittirem os seus votos, prazos prorogaveis ju stificada~


17 Estabelecia penalidades para as testemunhas mente.
reveis.
27 - Estabelecia novas normas para o pro-::esso e jul-
18 - Regulava a inquirição de testemunhas por pre-
gamento rios crimes da competencia do Supremo Tribunal
cataria, inclusive as de defesa, dentro do espírito do decreto Militar ..
n. 21.392 de 11-11-32.
19 - Mandava proceder o summario dos réos reveis. 28 - ·· Firmava novas normas para a Justiça Milit:~r
em tempo de guerra, ou em Estado de Sitio .
em segredo de justiça, até ao julgamento, exclusive.
20 - Permittia a auto-defesa dos officiaes accusados, 29 - Esclarecia quaes os crimés que ficariam sujeitos
ou a qualquer outro official promover a defesa dos de sua ao fôro militar, quando commettidos nos territorios declara-
cla~se. dos em Estado de Sitio, resultante de aggressão, ou ameaça
21 - Dilatava para 30 dias o prazo para a formação de aggressão extrangeira e que attentassem ·contra a segu-·
da culpa. rança do Estado, ou da Defesa Nacional.
22 - Dava P\ eferencia para julgamento aos processos 30 - Revogava a competencia do Supremo Tribunal
por crimes mais graves e de entre estes os de réos presos. lV[ilitar nos processos de concessão de medalhas militares.
23 - Estabelecia a interrupção dos prazos, no curso 31 - Dividindo as auditorias em duas entrancias,
das ferias, dos membros do Supremo Tribunal ·Militar. como actualmente, classificava como de segunda entrancia
24 - Mandava admittir recurso propriamente dito do ~'> ela~ ~ a e ~.:.: Regiões Militares f de pri-
despacho do auditor que decretasse. ou não a prisão pre- meira ás aemais até a 1o.a estabelecendo os seguintes ven-
ventiva durante . a formação da culpa; elos que julgasse cimentos anuaes: 2. ~ entrancia: - auditores, 36 :000$000;
extincta a acção penal ; dos que não recebesse a appellação, promotores, 27:000$000, advogados, 18:000$000, escrivães,
ou recurso e dos que julgasse pela incompetencia de juizo. 12:000$000 e officiaes de Justiça, 6:000$000. 1. o entran-
ou do fôro militar. cia: - auditores, 30:000$000, promotores, 18 :000$000,
25 ' - Restringia as faculdades dos Conselhos concede- aclvogaclos, 12:000$000, escrivães, 9 :000$000 e officiaes de
rem, ou não, a prisão preventiva e não receberem ás appel- Justiça, 4 :800$000.
lações ou recursos . Esse substitutivo discutido e votado por partes, . logrou
26 - Instituía a funcção de ministro revisor no Su- approvação da maioria ela commissão tornando-se o seu
premo Tribunal Militar, nos processos de appellação, fi- pensamento definitivo e victorioso que foi levado ao gene·
xando os prazos de 30 e 15 dias para o relator e o revisor
-27-
- 26 -
AlUADOR CYSNEIROS

ral ministro da Guerra e em seguida, encaminhado ao Es-


tado Maior do Exercito.
Resultou d'ahi um impasse, emquanto o tempo trans-
corria, appro:ximando-nos da promulgação da Constituição,
parecendo até que a reforma não seria realisada, em vista
dos pontos divergentes das duas correntes que se debatiam,
uma dellas pela adaptação do antigo Codigo de Justiça e
que tinha come defensores os adeptos do substitutivo do OS PRINCIPIOS DO ESTADO MAIOR
ministro Cardoso de Castro e, a outra, intransigente na DO EXERCITO
questão da militarisação e reforma integral do alludido
codigo, influenciados, fortemente seus defensores pelo codigo
e as disposições da Justiça Militar Franceza. Os principio!> do Estado Maior do Exrcito estavam
Assim, com surpreza- pâra todo o funccionalismo judi- condensados em seis "ita" e foram ter ao seio da commis-
ciario militar e para todos os círculos militares a publicação são devidamente autenticados por quem o poderia fazer
do decreto n. 24.803 de 14 de julho de 1934 constituiu e transcriptos em acta.
uma bem amarga realidade, ostentando em seu bojo innu- Taes pontos de vista que a seguir na integra, publicamos
meras alterações do Codigo de Justiça Militar, refor- não foram, em ultima analyse, tomados em consideração
mando--o de tal modo quf' dificilmente serão applicada.s pelo elaborador da reforma, estabelecendo cousa, em parte,
com justeza as novas disposições, sem orientação nem tech- totalmente diversa, ou da qual o Estado Maior não cogitára
nica, mutilando todo o apparelhamento da Justiça Militar, e dahi apresentar-se o trabalho eivado de contradicções e
fugindo do que se encontrava, tanto no ante-projecto, absurdos.
como no substitutivo da commissão e, o que é mais, não Ao Estado Maior do Exercito, em cujo seio trabalham
correspondendo aos princípios estabelecidos e defendidos os mais competentes, não se pode atirar a respon!;abilidade
pelo Estado Maior do Exercito, apresentados e lidos no de uma obra de tal modo imperfeita que, em vez de faci·
seio da commissão, como acleante se verá. litar o mecanismo do serviço judiciario, fortalecendo a dis-
ciplina o que é o seu ponto basico, vem estabelecer contro-
versias sem conta, retardando a marcha dos processo<;,
occasionando como de futuro se verá, constantes choques
entre a autoridade do commando e a judiciaria, por effeito
-28 ,....._
-29-
AlUADOJl OYSNEIROS

CODIGO DF. JUS'l'ICA l'IIILI'rAR


da propria reforma, não obedecendo a um determinauo
plano de elaboração, mutilando-se de uma maneira impro- judiciaes, de modo a poderem decidir com perfeito conhe-
pria um codigo que apresentava no seu todo uma intelh- cimento de causa, absoluta imparcialidade e dando voto de
gente e sabia uniformidade. consc.iencia, esclarecido por inspiração propria e intima con-
Foram os seguintes os pontos de vista do Estadó vicção.
Maior do Exercito: 6. 0 - Poderem os genet<aes chefe do E. M. E., do
"1.0 - Ser toda questão judictal preliminarmentt D. G. e commandantes de Regiões, excluir previamente
julgada pelas autoridades administrativas, creando-se em e por mot(vo justificado, da escala para juizes, aquelles offi-
cada unidade uma Commissão de Justiç,a, composta de tres c·iaes cujas funcções os inhiba do serviço judicial, segundo
membros com funcções de juizes de instrucção, a qual identica disposição do Codigo Francez, quando diz em seu
caberá as actuaes attribuições dos conselhos de disciplina e artigo 11.0 : Toutefois, l'empêchement de siéger au tribunal
parte daquellas que, em tempo, coube ao Conselho de Inves-
tigação e sómente della se gerando os processos criminaes.
reconnu par le général, devrá faire l' objet d'une désicion
rrtotivée."
\.
2. o - Tornar o Conselho de Justiça um orgão divi-
sionario, que acompanhe a Divisão e lhe preste seus serviços
em qualquer circumstancia.
3. 0 - Depender o Ministerio Pt~blico Militar directa-
mente da autoridade administrativa como repres·entante que
deve ser do commando e interprete de sua orientação,
apresentando o procurador relatorio estatístico annual ao
Ministerio e os promotores partes trimestraes aos com-
mandantes de Regiões.
4. o - Encarar as graduações no sentido de garantir
o accesso nas diversas entrancias exclusivamente aos do
quadro, por ambos os princípios - antiguidade e mercci-
tnento, assegurando-lhes porém completa independencia nos
actos de seu ministerio.
5. 0 - Dar aos juizes plena liberdade em suas funcções

-30-
'!"- 31 -
A REFORMA

O Decreto n. 24.803 de 14 de julho de 1934 que mo-


<.lificou diversos artigos do Codigo de Justiça Militar sur-
gm no supplemento do Diario Official de 16 ' do mesmo
mez, juntamente ao texto de Constituição que entrou em
vigor na mesma data de sua publicação por disposição ex-
pressa elo artigo 26 de suas "Disposições Transitarias" .
A ssignalamos essa particularidade para que se verifique
ter a reforma sido publicada na mesma data em que o foi a
nossa Magna Carta, sem disposições especiaes que determi-
nassem sua vigencia em todo paiz na data de sua publica-
ção, sob condições de ser transmittido o ·seu texto, telegra-
phicamente para todos os Estados. Entrou, portanto, em
vigor, segundo a regra do Codigo Civil, applicavel no caso,
dias depois de promulgada a Constituição, tornando-se por
esse motivo, ao nosso vê r, inconstitucional.
Não se argumente, todavia, com o artigo 18 das cita-
das "Disposições Transitarias" que determinou FICASSEM
APPROVADOS OS ACTOS DO GoVERNO PRoVISORIO, E EXCLUIDA
QUALQUER APRECIAÇÃO JUDICIAL DOS MESMOS ACTOS E DOS
SEUS EFFEITos, primeiro, porque a disposição citada, se-

-33-
CODIGO DE JUSTIÇA ''IILI'I'Alt

AliiADOfl C Y S!\"EIROS

Bom ou mau o antigo Cod1go amparado pela profusa


gundo o dispositi vo do paragrapho unico do mcsn1o arttgo, jurisprudencia do Supremo Tribunal Militar_ attingia os
esclarece a natureza desses actos que são os- merameute seus fins quanto á forma processual, carecendo sim de uma
administrativos e não os legislativos, attribuições distinctas, cuidada revisão no quadro do seti pessoal o que foi despre-
'
que o poder discriccionario enfeichava em suas mãos "e- zado pelo apressado legislador que, demonstrou possuir
gundo o decreto 19. 398 de 11-11-930 e, mesmo porque verdadeira idyosincrasia ao projecto apresentado pela com-
absurdo seria a Constituição approvar actos incompletos, missão nomeada pelo mini stro da Guerra, o substitutivo

I
como seja a vigencia de um decreto dado á publicidade au Can.1oso de Castro.
111esmo tempo que ella propria. A nossa Magna Carta su E esse trabalho no parecer do Estado Maior do Exer-
poderia approvar aquillo que fosse do dominio publico e a cito "merece estudo ponderado, pois que nelle devem refle-
reforma só o foi dias depois, como já vimos, após ter ven- ctir ás suggestões dos especialistas em assumptos de tanta
cido todas ás phases pelas quaes transita um dispositivo relevancia e de onde provenha uma reforma que t.-aduza
legal, para que adquira a plenitude de seu vigor, segundo verdadeiramente uma phase evolutiva da nossa organisação
os co~11esinhos princípios de direito. judiciaria militar".
Assim, mais cedo, ou mais tarde a Côrte Suprema terá, Por isso mesmo o legislador mutilou-o desencadeando
como interprete fiel dos textos legaes, de se manifestar suas iras contra os humildes officiaes de Justiça; contra os
sobre a inconstitucionalidade das disposições que alteraram magistrados supprimindo-lhes attribuições varias ; contra a
o nosso Codigo de Justiça Militar. propria dignidade da Justiça estabelecendo um hybidrismo
,Ao baixar o decreto da reforma o Governo precedeu-o entre a militança e a judicatura; contra o Ministerio Pu-
de uma série de "consideranda" inteiramente em desaccordo blico cerceando suas funcções precípuas, emfim, realisando
com o seu texto, pois, as suas disposições não ''correspon- uma obra de destruição digna ue nota.
dem ás necessidades imperiosas da disciplina das forças E porque "s·endo imprescindível attender aos mais pre-
armadas'' segundo os pontos de vista do proprio Estado mentes imperativos da disciplina":
Maior do Exercito, os quaes não foram respeitados, ela- 1 - Supprimiu-se um cargo de ministro togado
borando-se um trabalho inteiramente diverso, sem technica creanuo-se mais dois de mini stro miitares, sendo um do
nem uniformidade, por onde se verificou a incompetencia Exercito e outro da Armada , automaticamente promovidos
do seu autor, tal o grande numero de contradicções e incon- respectivamente a general de divi são e vice-almirante, per-
gruencias que apontamos nos commentarios dos textos alte- fazendo o numero de mini stros o total de onze.
rados.
-35-,
- 34 ..,_
CODIGO DE JUSTICA !UILITAR

A iUAOOlt CYSl' E lftOS


..
----------~------~--------~------~--------------~~~-- r~----- totlas as auditorias sem se regular a situação em que fica-
2 - Estabeleceu-:;e que as precatarias para inquiri- ram taes serventuarios, excepção dos das antigas 8. a e 9.
ção de testemunhas emanadas de um juiz togado possam Ci rcumscri pção J udiciarias.
11 - Crearam-se, em cada auditoria, dois lagares de
<;er cumpridas por um oificial que o commando da unidade
escreventes, um de dactylographo e um de servente.
determinar. 12 -- Estabeleceu-se que o promotor será o consultor
3 - Crearam-se novos Conselhos de Justiça, "no-
meados mediante escala" pelos commandos das unidades, jurídico das Regiões Militares, em questões criminaes.
para julgamento dos insubmissos e desertores, conselhos 13 - Regulou-se o estado de guerra quando de aggres·
são extrangeira, ou em Estado de Sitio proveniente de
constituídos por militares leigos em direito.
4 - Firmaram-se novas normas para os Conselhos commoção intestina, devendo as auditorias acompanhar ás
de Justificação, podendo em virtude do seu pronuncia- Divisões.
14 - Instituiu-se concurso para provimento dos car·
mento ser o official reformado definitivamente, a juizo do
gos diversos, firmando-se como se deve proceder aos
Governo.
5 - Extinguiram-se as graduações militares de todos acessos.
15 - Estabeleceu-se uma nova divisão territorial
os funccionarios da Justiça, respeitados os direitos dos
ficando as auditorias subordinadas aos ·territorios das Re-
actuaes. giões Militares, determinando o alto commando quaes ás
6 - Supprimiram-se as auditorias das antigas 8. a e
9. a circumscripções J udiciarias, com sécle em Fortaleza e tropas que ficarão sob suas jurisdicções, quando houver
São Luiz devendo os funccionarios dispensados serem, de mais de uma na Região Miitar.
16 - Passou, na 1. a Região Militar, uma auditoria
futuro, aproveitados. a funccionar junto ao Departamento do Pessoal do Exer-
7 - Cassou-se ao Ministerio Publico a faculdade de
requerer abertura ele inquerito, e assistir "exponte-sua" cito e outra junto á Directoria do Pessoal da Armada.
Foram estas as modificações mais importantes que se
aos que entendesse necessario .
8 - Cassou-se aos auditores as attribuições ele rece- produziram. Posteriormente o Governo mandou rectific..tr
ber ou rejeitar denuncias, de conceder a menagem e de o primitivo decreto que tendo supprimido os logares de
officiaes de Justiça deixára. comtudo os dispositivos que
decidir sobre pedidos de archivamento de inqueritos.
9 - Creou-se mais uma auditoria na 2." Região Mi- regulavam suas funcções e penalidades. Supprimiram-se,
então mais os artgos 39 e 112, além da letra e do artig-o
litar, em São Paulo sem determinar-lhe a séc\e.
10 - Supprimiu-se o cargo de official de Justiça em
-37-
-36-
\

AJUADOit CYS~EIRO · s
\ CODIGO DE JUSTIÇA lUILI'l'AR
-
"Ao exmo. sr. ministro presidente do Supremo Tri-
'53 que determinava foss·e o sub-procurador substituído por
um promotor. Igualmente aproveitou-se da rectificação bunal Militar . - Devendo ser posto em disponibilidade
para se alterar o artigo 104 em cuja letra f a reforma deter um ministro civil desse Egregio Tribunal, em virtude da
minára fosse o promotor obrigado a recorrer rias senten- modificação de sua composição determinada pelo decreto
ças condemnatorias de insul.:lmissão e deserção. Passou a n. 24 .803 de 1,0 de julho findo. e não tendo sido fixadas
normas para adopção dessa medida, tenho a honra de con-
ser, então, attribuição do advogado miitar.
Como se vê foi um trabalho falho , tortuoso r1ue l ntn sultar a v. ex. sobre se será do agrado de algum dos actuaes
guem poude contentar, sem satis Ea~ cr aos interesses ela ministros civis a passagem áquella situação. Reitero a
Jastiça nem á classe militar, embora tive5se ha\';do o v. ex. os protestos ae elevada estima e mui distincta con- }
recurso de se retocar o trabalho, por meio de rectificação deração . - P . G6er'
o que, aliás, sendo em parte feito, <::Iteraram-se visivel-
"Ao sr. ministro da Guerra. - Em resposta ao
mente disposições que não se continham no primitivo auto-
aviso n. 27 de 11 de agosto do corrente anno desse Minis-
grar,ho. teria, em que .v. ex. consulta a esta presidencia sobre qual
E para se aquilatar melhor do merecimento de tal
reforma veja,-se a seguir a sitt,tação em que ficou o Go- dos ministros civis desejaria passar a situação de disponi-
verno para dar cumprimento a uma das suas disposições, bilidade, em face do novo decreto n. 24.803, de 14 d::
no tocante ao numero de mi sistro togados do Supremo julho de 1934, que alterou o Codigo de Justiça Militar
Tribunal. Supprimido um desses cargos, nada disse o tenho a declarar que consultados todos os ministros civis,
legislador em relação a situação em que ficaria o seu occu- foram de opinião que o referido decreto não autoriza a
pante, nem determinou quem deveria ser sacrificado em disponibilidade de nenhum juiz deste Tribunal, ao contra-
rio do que firmou, em suas disposições transitarias do refe-
holocausto da Justiça Militar.
A consulta feita ao Supremo Tribunal, assim como a rido decreto relativamente aos funccionarios das auditorias
re!>)JOSta firmando-se "nos princípios consagrados pela Cons- extinctas, aos quaes assegur?u todas as vantagens de direito
tituição Federal, que asseguram· a garantia e a estabilidade até serem aproveitados em casos identicos.
dos membros do Poder Judiciario", definem hem o cara- Assim, em face do proprio decreto e dos princ1p1os
consagrados pela Constituição Federal, que asseguram a
cter dessa reforma.
Eis o officio dirigido áquella alta côrte de Justiça garantia e estabilidade dos membros do Poder Judiciario
a reducção do numero dos ministros civis deste ·T ribunal.
pelo ministro da Guerra, seguido da resposta:
39-
-38-
AliiADOR CYSNEIROS

só poderá se verificar quando occorrer a primeira vaga.


Devo declarar a v, ex . que os ministros militares estão de
inteiro accordo com o parecer dos ministros civis. R_citero
a v. ex. os protestos de minha estima e elevada comidera-
ção. - P edro de Frontin, vice-almirante presidente."
Deante do que se leu, o que se poderá esperar para '

'
'
os interesses da Justiça, com tamanho absurdo de se
admittir um tribunal constituído de onze membros a func-
cionar, na realidade, com doze?!

S EGUNDA PARTE

CO DIGO DA JUSTIÇA MILIT AR

-40-
TITULO I
Da Administração da Justiça Militar

CAPITULO I

Da Divisão Territorial

J\rt. 1. 0 - :Para. effcità de administração de JUStiça,


cada região militar terá 1tma QJuditoria com jurisdicção
ta•;io no Exe ... cito como na Marinha, com excepção da 2.~~.,
que terá àuas, da 3.a que terá tres e da 1.a que terá cinco,
se11d0 tres do Exercito e duas da Marinha..·
§ 1.0 - - A séde das auditorias e tropa a que servirão
será fixada pelo Governo por proposta dos Ministros da
Guerm ou da Marinha, ·conforme o caso.
§ 2.0 - Das trcs auditorias do E.1>ercito, com séde na
1.~ região militar, uma attenderá aos serviços dos estabele-
cimentos militares do Departamento do Pessoal do Exer-
cito .
§ 3.0 - As a.u ditor·ias tomarão a denominação da
r11qião militar e quando mais de uma serão designadas por
ordem nu·m érica.

-43-
AIIIADOR CYSNEIROS

Commentario: Modificando por completo a an- Na rectificação publicada no Dfario Official de 23 de


tiga divisão territorial para administração ele J ustiç.a, Julho a redacção definitiva ficou como se encontra do
extinguiu-se pelo mesmo dispositivo as auditorias das texto acima.
8. a e 9. a Circumscripções J udiciarias, com séde, respe-
ctivamente, em Fortaleza e São Luiz do Maranhão, cri-
ando, por sua vez, uma outra em São Paulo. A ante- CAPITULO Il
rior divisão comprehendia onze territorios nbedecendo DaJ Autoridades f udiciarias e seus Auxiliares
o mesmo numero de ordem das Regiões Militares até
á 7. e e dahi em deante denominando de 8.•, 9., 10.• e Art. 2. 0 - A justiça militar é exercida:
11. a Circumscripções, respectivamente, os Estados do a) por auditores e Conselhos de Justiça nas respectivas
Ceará e Rio Grande do Norte, com séde em Fortaleza; circumscripções ou auditorias;
Maranhão e Piauhy, com séde em São Luiz; Pará, b) pelo Supremo Tribunal Militar em todo o paiz.
Amazonas e Territorio do Acre, com séde em Belém, e
Matto Grosso, com séde em Campo Grande e, hoje. Commentario: O Decreto tendo criado Conselhos
comprehendendo uma Região Militar, a nona. r· especiaes nas unidades, para julgamento de desertores
Pelo paragrapho terceiro a denominação de Cir- e insnbmi ss·o~, não os incluiu neste dispositivo, o que
cumscripção Judiciaria Militar desappareceu para se- não deixa de ser uma grave irregularidade.
rem designadas as auditorias como sendo a t.a ou 2 . 1' Art. 3.0 - (Supprimido pela reforma).
da 2. a Região Militar, ou 3. a da 3." Região Militar e
assim por deante. Com.mentario: O dispositivo determinava o nu-
mero de auditorias do paiz e suas resp!-!ctivas sédes e
Restabeleceu o paragrapho segundo a antiga Au·
no paragrapho 1.0 creava o cargo de auditor correge-
ditaria do Departamento do Pessoal elo Exercito bem
dor que foi supprimido por decreto do Governo Pro-
anterior ao Codigo de Justiça Militar.
visorio. A actual reforma, em vez de restabelecer o
A primitiva redacção do Decreto 24.803 fazia lugar, modificando em parte o texto, decidiu suppri-
crer houvessem sido criadas duas auditorias em cada mir integralmente todo o artigo e crear no artigo 343
Região Militar, pois, rezava: "cada região militar terá um outro com o caracter que o dispositivo actual lhe
uma auditoria, tanto no Exercito como na :Marinha". empresta.
-44- -45-
....,.
~ .-l' __.j

CODIGO DE .JUS'l'ICA JIIILI'I'AR


AI\IADOR CYSNEIHOS

Art. 4. o - As auditorias são de duas entrancias: p11· n . 23.796 de 1934 uo Artigo 44 paragrapho 20 que
meira e segunda. De segunda são as auditorias da 1 . • ~.:ir­ reorgani~ara o Exercito regulando as funcções do
actual, conforme se vê do artigo 382.
cumscripção, e de primeira todas as outras.
A letra c estabeleceu o numero de escreventes em
Art. 5. o - Cada auditoria se compõe de mn auditor,
cada cartorio, o que era vago até então pela expressão:
um promotor, um advogado e um escrivão.

~
"escreventes de cartorio" que se encontrava no texto
do Codigo, anteriormente.
Comm entario: Supprimiram-se os cargos de offi-
ciaes de Justiça, sem que o autor de reforma se lem-
brasse de regular a sua situação, · emquanto o fez CAPlTULO III
de todo~ os funccionarios das auditorias supprimidas:
a do Maranhão e a do Ceará. Composição dos Tribzmaes Militares

SECÇAO i

~
Art. 6. 0 - Em cada circumscripção haverá dois sup-
plentes de auditor e dois adjuntos de promotor, designados Do Conselho de Justiça
por ordem numerica, excepto na 1. a, onde haverá quatro,
sendo doi!> para o Exercito e dois para a Armada, e na 3. ",
Art. 8. o - O Conselho de Justiça compôr-se-á do
onde os supplentes e os adjuntos serão dois para cada auditor e quatro juizes militares de patente superior á do
auditoria. accusado e funccionará, conforme o caso, na sede da audi-
Art. 7. o - Além das autoridades de que tratam os toria ou na parada da unidade a que o mesmo pertencer,
artigos anteriores, haverá mais os seguintes funccionarios: sob a presidencia do official superior ou general mais gra-
a) um procurador geral junto ao Supremo Tribunal duado ou. no caso de igualdade de posto, do mais antigo.
0
Militar; · § 1. - Quando não . fôr possível a organização do
b) ttm auditor cor~·egedor; Conselho por juizes militare~ de patente superior á do
accusado, poderá ser constituído por officiaes de igual
c) do is escreventes em cada auditoria.
posto .
0

C01t~mentario: Extinguiu-se o cargo de Sub-Pro- § 2. - : - Quando o acusado fôr pmça de pret, o Con-
selho se comporá, aiém do auditor, de officiaes até a patente
curador em virtude do que já . dispunha o Decreto

- 46 ___..
-47-

I
~ r ......-J
----=-----.:._ '
-
CODIGO ])F: JUS'l'ICA MILITAR

Al\TADOH OYSNE IRO S


- - úU praça de pret, que tenham de funccionar na séde da au-

ditoria, se constituirão de officiaes que servirem na séde


de capitão ou capitão-tenente, sob a presidencÍia f(M-nbem de da auditoria; só se recorrerá aos qos estabelecimentos ou
official s'Uperior. unidades de parada fóra da mesma séde, quando o numero
§ 3. 0 - Nos crimes de i?Isubmiss~o e deserção de pra·· daquelles fôr insufficiente.
ças, o Conselho será constituído por 'U1n capitão presidente e § 2. o - Para julgamento de officiaes pertencentes a
ires vffit:iaes sHbattertiOS couw juizes, sendo dois primei- tstabelecimentos ou unidades que tenham sua parada fóra
,·os tenmtcs, dos qzM.es o mais antigo será o relator, e 1tm ela séde da auditoria, os Conselhos se constituirão com
sargento como escrivão. officiaes desse estabelecimneto ou unidade. Se desse modo,
Commentario: A nova disposição mandou sup- não fôr possível a formação do Conselho, será o accusado
julgado na séde da auditoria.
primir a expressão: "qualquer que seja c crime que 0

lhe seja imputado", do parag-rapho segundo, logo após § 3. - Os Conselhos para o julgamento de praças
as palavras "praça de pret" e accrescentou mais um de !Jret íunccionarão, em regra, na séde da auditoria, e a
paragrapho, o terceiro, que estabelece a excepção que elles irão sendo submettidos os processos· ocorrentes; :>Ó
a anterior expressão generalisava. funccionarão fóra da séde quando real necessidade da jus-
Pelo di spositivo desse paragrapdo nota-se a nova tiça o reclamar, mediante requerimento do promotor. Neste
norma estabelecida pela reforma, com referencia aos caso, os Conselhos se constituirão com officiaes do estabe-
lecimento ou unidade a que a praça pertencer.
processos de insubmissãc e deserção que passa a ser orga- 0

nisado e julgado por um tribunal de tropa ou Com;~. § 4. - Se o accumulo de serviço na séde fôr tal que
lho de Regimento, como o adoptaclo no Exercito Fran- impeça o auditor e o promotor de se transportarem para
cez. fóra della, o auditor convocará o respectivo supplente e o
Os paragraphos 6. 0 e 7. 0 elo artigo 9. 0 esclarecem adjunto do promotor para funccionarem nesses Conselhos,
melhor o funccionamento de taes conselhos que abso- os quaes se dissolverão uma vez concluídos os processos
submettidos ao seu julgamento e cuja relação constará da
lutamente não constam do artigo 2 . o elo Codigo. portaria de convocação.
0
Art. 9. 0 - Os juizes militares serão sorteados, res- § 5. - Bavendo accumulo de serviço, ou outro mo-
pectivamente, dentre os officiaes do Exercito e da Armada tivo relevante, o auditor poderá convocar Conselhos extra-
em serviço activo e na jurisdicção em que estiverem ser- ordinarios, que furiccionarão, com a intervenção dos sup-
vindo.
§ 1. 0 - Os Conselhos para o julgamento de official -49-

-48-
Al\IADOR CYSNEIROS

CODIGO DE JUSTIÓâ l\IILI'l' Ail

plentes de auditor e adjuntos de promotor, na propria séde,


ou nos Jogares onde fôr mais conveniente aos interesses da Estado-Maior do Presidente da Republica, ministros de
Justiça. Esses Conselhos se dissolverão logo que estejam Estado, chefes e sub-chefes do Estado·Maior, chefes do
concluídos os processos submettidos ao seu julgamento. Departamento do Pessoal da Guerra e da Armada, com-
§ 6. o - Nos casos de deserção de praças e insu,bmis, mandantes de Divisão, Região e Circumscripção Militar e
são, o Conselho funccionará no corpo, navio, ou estabeleci·· os ofíiciaes que estiverem servindo em seus gabinetes ou
mento, sendo nomeado pcloJ respectivos commandantes ou estados-maiores; alumnos das escolas ou cursos de appli-
chefes "mediante escalfi'. cação profissional e os lentes, professores e instructores.
§ 7. 0 - Sempre que for possível, 11âo deverão func-
cionar como juizes no mesmo Conselho dois o t~ 11wú offi- Commentario: Os generaes inspectores de grupos
ciaes do mesmo corpo ou estabelecimento. de Regiões estão egualmente excluídos da relação de
Commentarios Os § § 6 e 7: são uma innovação.
nomes acima referida, em virtude do que dispõe o
Decreto n. 20.689 de 19 de Novembro de 1931.
Combinando-se o § 7. 0 com os. artigos 257 § 1.0 e 8. 0
§ 3.0 , será possível constituir-se o Conselho que é de
§ 2." - No primeiro dia util de cada trimestre, o
nomeação do commandante, com official de· outro
auditor, na séde da, auditoria, a portas abertas, presentes
corpo?
o promotor e o escrivão, depois de lançar em cedulas, tendo
Art. 10 - De tre~ em tres mezes o chefe do Depar- em vista o Conselho a organizar, os nomes dos officiaes
tamento do Pessoal da Guerra e da Armada, na 1.a circums- relacionados, e de os recolher a uma urna, sorteará os
cripção judiciaria, e nas outras, os commandantes da Re- juizes militares.
gião, ou Circumscripção Militar, e o commandante mais § 3. 11 - Concluído o sorteio, será o resultado commu-
graduado de forças de marinha, se as houver, organizarão nicado immediatamente . pelo auditor á autoridade militar
uma relação de todos os officiaes em serviço activo, com competente para que esta, fazendo-o publicar em ordem
a graduação e antiguidade de cada um, e designação do do dia, ou boletim, ordene o comparecimento dos juizes ás
lugar onde estiverem servindo. Esta relação será publicada doze claras do terceiro dia util na séde da auditoria ou no
em ordem do dia, ou boletim, e remettida ao auditor com- lugar onde tiver de funccionar o Conselho. Do sorteio
petente. lavrar-se-á uma acta, certificando o escrivão em cada pro·
§ 1.0 - Dessa relação serão excluídos os officiaes do cesso o resultado do mesmo.
Art. 11 - No concurso de mais de um indiciado no
i- 50-
51-
A~lADOU CYSNEIROS ~ODIGO DE JUSTIÇA ~ULI'l'All

mesmo processo servirá de base á constituição do Conselho rer-se-á aos officiaes da reserva da t.a classe da 1. a linha.
a patente do mais graduado. Se nem assim puder constituir-se o Consel.ho, será o
Art. 12 - Existindo na relação a que se refere o accusado julgado na circumscripção mais proxima em que
artigo 10 apenas o numero precisamente exacto de officiaes isto fôr pos~ivel. A relação dos officiaes da reserva acima
a sortear, serão estes dados como sorteados . referidos será tambem remettida trimestralmente ao audi-
Em caso de falta absoluta ou insufficiencia, serão sor~ tor pelas autoridades de que trata o arigo 10.
teados officiaes pertencentes á unidade mais proxima da Art. 19 - Se fôr sorteado algum officia! que, pela
circumscripção, os quaes ficarão, durante o tempo de Con- distancia a que se achar, não possa comparecer á sessão
selho, á disposição da auditoria para que foram convocados. de installação do Conselho, será sorteado outro que o subs~
Art. 13 - Quando o accusado responder por crime ti tua até que compareça.
funccional serão sorteados, s·empre que fôr possível, dois Art. 20 - No dia em que o official faltar á sessão
officiaes dos respectivos quadros. sem causa justificada, perderá a sua gratificação, descon·
Art. 14 - Em hypothese alguma poderão ser sor- tado á vista da relação enviada pelo auditor á repartição
teados para o mesmo Conselho mais de dois officiaes mem- pagadora e, em caso de reincidencia, soffrerá além desta
bros das classes annexas . pena, mediante representação do auditor, él de repre-
Art. 15 - O official sorteado para um Conselho não hensão em boletim, ou de prisão até oito ?ias, imposta pela
o poderá ser para outro, antes de findos os trabalhos do autoridade militar sob cujas ordens estiver servindo, pro~
primeiro. vendo-se, neste caso, á sua substituição por novo sortein.
Art. 16 - O official preso disciplinarmente, sujeito Se faltar o auditor, será o desconto feito á vista de
a processo ou respondendo a inquerito, não poderá fazer communicação dirigida pelo presidente do Conselho.
parte de Conselho. § 1. 0 - Será tambem substituído o official que fôr
Art. 17 - Se a relação de officiaes não fôr remettida preso ou faltar com causa justificada.
em tempo, servirá de base para o sorteio a relação anterior. § 2. 0 - São causas justificadas: suspeição compro-
A nova relação, quando enviada, servirá para os sorteios vada, demissão do Exercito ou da Armada, deserção, pro-
subsequentes. cessos, nojo, gala, licença com .inspecção de saude, ou
Art. 18 - Não sendo possível a constituição do Con- reforma.
selho por não haver na relação of ficiaes de patente igual § 3.0 - O official sorteado em substituição de outro
ou superior á do accusado em numero sufficiente, recor· servirá pelo tempo que faltar ao substituído; no caso de

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. -53
CODIGO DE JUSTIÇA lUILI'l'AR
AlUÀDOR CYSNEIROS

nente, em relação aos · seus deveres militares. O texto


suspeiçto, funccionará só no processo em que esta se veri-
antigo assim dizia: "O official sorteado ficará, nos
ficar, e no de nojo, gala ou licença pelo tempo de sua
dias destinados ás sessões do Conselho, dispensado dos
duração. serviços militares. Emquanto não estiver terminada a
§ 4. 0 - O sorteio para substituição do official ausente
0 sua missão, não poderá, salvo caso urgente de disci~
será feito na fórma do artigo 10, paragrapho 2. ; quando
plina ou necessidade imperiosa do serviço, a prudente
a cedula sorteada fôr de ufficial que não possa compare-
juizo do governo, ser transferido ou nomeado para
cer á sessão designada, proceder-se-á de accordo com o
serviço incompatível com o Conselho". A expressão
artigo 19. "chefes do D. P. nas respectivas auditorias", no
Art. 21 - Se o accusado fôr official, será o Conse~
§ 1 . .,, é um dos erros de redacção d1 reforma, pare-
lho constituído para cada processo, e se dissolverá uma vez
cendo tratar-se de ministerios em vez de auditorias.
concluídos os trabalhos, reunindo-se novamente, caso :sobre-
venha ~ullidade do processo ou do julgamento, ou diligen-
Art. 23 - Quando sorteado o official que ainda não
cia ordenada pelo Supremo Tribunal. houver preenchido as condições da lei de promoção, não
Art. 22 - O official juiz de Conselho pennanente fica
deixará por isso de ser promovido, desde que a promoção
dispensado dos serviços militares durante todo o tempo de
lhe toque, ficando, porém, obrigado a fazer como condição
serviço judicial e o dos demais nos dias de sessão .
essencial para nova promoção, não só o tempo de embarque
§ 1. 0 - Emquanto niio estiver tern~iooda sua nvissão
ou aregir_nentação do novo posto, como o que lhe ficou fal-
o official só poderá della ser afastado por imperiosa neces-
tando do posto anterior.
sidade da disciplina o1t serviço, a prudente j wizo do Com
Art. 24 - Ao conselho de praças de pret, uma vez
mando cfa Região ou autoridade naval com petehte e chefes
constituído, irão sendo sujeitos os processos occorrentes
do D. P . nas respectivas auditorias. para a formação da culpa e julgamento. O Conselho func~
§ 2. o - O rnilita1· que servir de _ testemunha e fôr
cionará consecutivamente durante tres mezes.
transferido deverá ser ou-z:ido e desembaraçado dentro de
qztatro dias. SECÇAO li

Commentario: Todo o texto do antigo artigo 22 Do Supremo Tribunal Militar

foi supprimido pelo que acima se lê, esclarecendo a O' Supremo Tribunal Militar compor-se-á
Art. 25
situação do official sorteado para Conselho Perma-
-55-
-54-
AMADOR CYSNEIU. OS
CODIGO DE JUSTICA MILITAR

de onze jui3es vitalícios com a denominação de ministros, t' premo Tribunal serão eleitos por dois annos dentre os ml-
nomeados pelo Presidente da Republica dos quaes quatro nistros militares por maioria absoluta dos membros do
tirados entre os generaes effectivos do Exercito e trcs den· Tribunal e não poderão ser reeleitos para o biennio se-
Ire os da Armada, e qua.tro civis sendo tres tirados entre guinte.
os auditores e um entre os cidadãos de notavel saber espe-
cializado tzas sciencias sociaes.
§ 1.0 - Com os at,ditores para a investid·ztra de tnims-
• Art. 27 - Os ministros que se invalidarem no exer-
cido do cargo, serão reformados segundo as l~is militares,
e postos em disponibilidade.
tros concorrerão o procu1·ador geral e o actual sub-procura-
dor. Art. 28 - Os minist1·os tanto militares como civis
§ 2.0 - Os generaes de brigada ot.t contra-alm iranteJ serão aposr.11 tados 11a conformidade das leis que regularem
nomeados ministros, serão azttomaticamente promovidos ao a apos~ntadorza do~ magistrados federaes.
posto de general de ditl'isão ou vice-almira-nte.
Commentano: O antigo texto determinava não
C ommentario : A disposição deste artigo alterou se applicasse aos ministros militares a legislação da
profundamente a organi;;:ação da J ust'iça Militar. 0 ::. reforma compulsoria que, para os generaes de divisão
ministros togados que, no seio do Tribunal estabele- é de 66 annos. Agora, determinou-se sejam aposen-
cíam o equilíbrio tão necessario á uma Justiça de tados de conformidade com as leis civis.
cla~ se, como é a militar, aplainando pelo senso juri· Entretanto o artigo 27 adopta o criterio da reforma
clico o ,excesso, muita vez notavel , elo espírito de disci· pelas leis militares no caso de invalidez no ~xercicio
plina, foram reduzidos de cinco a quatro, emquanto os do cargo, seguida da disponibilidade.
ministros militares augmentaram de cinco a sete . Pelo criterio actual o dispositivo que regula a
Regulou, tambem o preenchimento das vagas de especie é o da letra a do artigo 64 da Constituição
ministros civis, pelos auditores, fixando especialmente, Federal e, ·assim o general de brigada nomeado para
de maneira esdruxula, a percentagem de um por qua- ministro do Supremo Tribunal é logo promovido a
f
tro, para os cidadãos especialisados em sciencias so- general de divisão podendo requerer sua aposentadoria
ciaes. por serviços publicas prestados por mais de trinta an-
nos, visto como no Exercito, ou na Armada nenhum
Art. 26 - O presidente e o vice-presidente do Su-

-56
.J official general conta menos de 30 annos de se.rviço.

-57-
Al'IIADOR CYSNEIROS
CODIGO DE JUSTIÇA l'IIILITAR

E a compulsoria pela lei civil é de 75 annos absurdo. Dizia: "Os auditotes de 1." entrancia serão
segundo prescreve o mesmo dispositivo constitucional. nomeados dentre os supplentes de a!lditor, advogados
e promotores e estes entre os adjuntos de promotor os
Art. 29 - A aposentadoria dos ministros civis será quaes provirão de bachareis em direito com quatro
regída pelas leis que regulam, ou venham a regular, a dos annos de pratica forense mediante concurso de provas
juize~ {ederaes, computando-se, para os e f feitos de aposen- na forma por que fôr organisado pelo Supremo Tri-
tadoria, o tempo de serviço militar. bunal Militar".
Por ahi .se verifica não se ter tratado de uma
rectificação, resultante de um pastel typographico e,
CAPITULO IV sim, de uma verdadeira emenda, ou alteração divul-
gada sete dias após a publicação do decreto 24.803 de
Da nomeação dos auditores, n~embros do Ministerio 14 de Julho de 1934.
Publico e outros ftmcciortarios
§ 1:' - Communicada pelo governo a vaga, fará o
Art. 30 - Os auditores, procurador geral, sub-pro- presldentló' do Supremo Tribunal Militar annunciar pelo
curador, promotores e advogados serão nomeados pelo Pre- D-iario Official e por despachos telegraphicos aos governa-
sidente da Republica. dores e presidentes dos Estados, ter sido marcado o prazo
Art. 31 - Os auditares de 1. a entrancia serão ttomea- de 45 dias para se apresentarem na Secretaria do Tribunal
do! dentre os Jupp!entes e ex-supplentes de auditor, advo- as petições dos candidatos, devidamente instruídas com
gados, promotores, adjuntos de promotor e mediante con- documentos que provem os seus serviços, habilitações e
cttrso de provas, na fôrma por que for organizado pelo Sn- condições de idoneidade.
premo Tribunal Militar; e para os cargos inicíaes de advo- § 2.0 - A proporção que forem sendo recebidas, a
gado, prQmotor, supplente de auditor e adjunto de promo- Secretaria irá preparando um relatorio de cada petição,
tor, ha</crá concut.so de documentos, entre os bachareis em com uma noticia circumstanciada dos documentos que a ins-
direito com quatro annos de pmtica forense. truirem, e, até a sessão que seguir á expiração do prazo,
apresentará esse trabalh<1 ao presidente, que o fará publicar
Commentario : O que se continha no dispositivo no Diario da Justiça.
deste artigo, antes da rectificação era um verdadeiro § 3. 0 - - Nessa sessão proceder-se-á ao sorteio de uma

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AJJIADOR CYSNEIROS CODIGO DE .JUS'l'I(;A ~UU ' rAR

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commissão de tres ministros, dos quaes pelo menos um para taes cargos não o exigindo para os de supplentes
civil, para em parecer fundamentado, fazer a classificação de auditor e de advogado que tambem são jniciaes, na
dos candidatos por ordem de merecimento. carreira. A rectificação posteriormente produzida nada
§ 4. 0 - Este parecer será apresentado na sessão im- se assemelha ao primitivo dispositivo.
mediata, salvo se o Tribunal resolver adiar a materia para
outra sessão. § i. 0 - Proceder-se-á a novo escrutínio entre os can-
§ 5 o - - A proposta a ser enviada ao Poder Executivo didatos que não tiverem alcançado maioria de votos.
conterá no caso de uma vaga tres nomes, sem ordem nume- § 8. 0 - O Tribunal ao proceder á eleição concederá
rica, e se forem duas, conterá quatro nomes, guardando-se preferencia:
a mesma progressão dahi por diante. a) ao mais antigo no serviço da magistratura ,
§ 6. 0 - A escolha far-se-á por escrutínio secreto em b) ao diplomado em direito que á pratica de advr-Lacia
sessão tambem secreta, votando cada ministro, inclusive o reunir melhores títulos de habilitação e houver prestado ao
presidente, em tres nomes. Os candidatos que obtiverem paiz melhores serviços;
maioria absoluta de votos, comporão a lista que, nos ter- r) ao que fôr ou tiver sido militar.
mos do paragrapho anterior, deverá ser enviada ao Poder § 9.0 - Não sendo classificado nenhum dos candida-
Executivo. tos, será immediatamente aberto novo concurso.
Os candidatos approvados no concnrso de provas se- § 10 - A proposta ao Poder Executivo será acom
rã(} classificados por numero de pontos. panhada do~ documentos offerecidos pelos candidatos
contemplados na lista.
Com·m entario: Com a repulsa que a reforma sof- § 11 - O parecer de que trata o § 3. 0 será publicado
f reu no seio da Justiça Militar, apressou-se uma recti- no Diario da Justiça juntamente com o resultado da eleição.
ficação que não passou de uma alteração mal feita. Art. 32 - Os auditores de z.a entrancia serão nomea-
Alterou-se a redacção do artigo 31, como já vimos, dos dentre os de 1. a mediante lista tríplice, organizada
alterando-se do mesmo modo o acrescimo feito ao pelo Supremo Tribunal, na fórma estabelecida no artigo
§ 6." que era nestes termos: "E para os cargos iniciaes anterior.,
de adjuntos de promotor os candidatos approvados Art. 33 - Os supplentes de auditor serão graduados
serão classificados por numero de pontos". Ora, veri- em direito e nomeados pelo ministro por prazo de dois
fica-se que o legislador pretendia instituir concursos annos.,

-60- - 61
AlUAOOJt. CY!>NEIROS CODlGO DE JUSTIÇA ~ULI'l'AR

Art. 34 - O procurador geral, será nomeado dentre Art. 39 - ( Supprimido pela. rectificação).
os bachareis ou doutores em direitos que tenham pelo menos,
seis annos de pratica forense. E' o chefe do Ministerio CO'Innuntario: A reforma tendo supprimido os
Publico e o seu orgão perante o Supremo TribunaL Militar. cargos de officiaes de Justiça estabelecido no artigo
0
Art. 35 - Os promotores serão nomeados dentre os 5. deixou ficar o dispositivo explicativo da dupla func-
cidadãos diplomados em direito, sendo preferidos os que ção que os mesmos exerciam como porteiro das audi-
forem ou tiverem sido militar~s. torias. As funcções de· official de diligencias foram
commettidas a qualquer official de patente como s~
Art. 36 - ( Supprimicio pela reforma). verá, mas as de porteiro a quem incumbe os pregões
nos auditorias, não lograram substituto. A rectificação,
Commentario: Regulava o modo de nomeação do porém, não se fez tardar supprimindo-se, então, o ar-
tigo 39 e com elle o artigo 112 que regulavam as ditas
sub-procurador, lugar ora extincto. funcções.

Art. 37 - Os adjuntos de promotor serão nomeados


por tempo indeterminado, pelos ministros da Guerra ou CAPITULO V
da Marinha, dentre quaesquer cidadãos diplomados em
direito. Do comp1·omisso, posse e exercício
Art. 38 - Os escrivães serão nomeados pelos minis-
tros da Guerra ou da Marinha, dentre os escreventes. Art. 41 - Nenhuma autoridale judiciaria, ou anxiiiar
da j LlSiiça militar, poderá tomar posse e entrar em exer-
Commentario: Foi uma medida de justiça o ac- c irio sem exhibir o titulo de nomeação, remoção ou promo-
crescimo feito no antigo texto, mandando recahir taes ção, e prestar o compromisso de bem servir.
nomeações sobre os escreventes de cartorio. Não é Art. 42 - O compromisso será prestado:
applicavel o dispositivo, sabendo-se que os escreventes a) pelo presidente e ministros do Supremo Tribunal
de classe mais elevada. actualmente, percebem venci- M)Jitar. perante o Tribunal;
mentos superiores aos ridículos vencimentos dos escri- l•J pelo procurador geral, auditores, suppicnte<;, advo-
vães de primeira e segunda entrancias! gados e secretario, perante o presidente do Tribunal;

62- - 63
...

'
AltiADOrt CYSNEJRos

c) pelos promotores adjuntos e o sub-procurador, CODIGO DE JUSTICA JtiiLITAR


perante o procurador geral ;
d) pelos escrivães e officiaes de Justiça, perante os cargo, que o funccionario empossado communicará ao pre-
respectivos auditores. sidente do Supremo Tribunal dentro de oito dias.
Paragrapho unico - O compromisso pódc ser pres-
tado por procurador, mas o acto da posse só se considera
completo, para os effeitos Iegaes, depois que o nomeado CAPITULO VI
entrar em exercício.
Das incompatibilidades e suspeiçqes
Commentario : Pelo decreto que reorganisou o
Exercito supprimiu-se Q · cargo de sub-procurador, A re- Art. 46 __,.. Não podem servir conjuntamente juizes,
forma supprimiu os de officiaes de Justiça. O legisla- membros do Ministerio Publico, escrivães e advogados que
dor, todavia, deixou nas alíneas c e d disposições qut:: tenham entre si, ou uns com os outros, parentescos consan-
regulam o compromisso de taes cargos. Por ahi se guineo ou afim na linha ascendente ou descendente, e na
póde aquilatar da reforma. collateral até ao segundo gráo.
§ 1 . o - Quando a incompatibilidade se der com advo·
Art. 43 - O prazo para o nomeado entrar em exer- gado, é este que deve ser substituído.
cício será de trinta dias, contados da publicação da nomea- § 2. o - No caso de nomeação, a incompatibilidade
ção no Diario Official, sob pena de ficar esta de nenhum resolve-se, antes da posse, contra o ultimo nomeado. ou
effeito. Havendo legitimo impedimento, o prazo poderá ser contra o menos idoso se a nomeação fôr da mesma data;
prorogado até mais quinze dias.
depois da posse, contra o que lhe deu causa; e se a incom-
Art. 44 - Em caso ct"e remoção, permuta ou promo- patibilidade íôr imputavel a ambos contra o mais moderno.
ção, não ha mistér novo compromisso; basta que o funccio- Art. 47 - Os cargos judiciarios e os do Ministerio
nario communique ao presidente do Supremo Tribunal Publico são incompatíveis entre si e com quaesquer outros
Militar, ao procurador ou ao auditor, conforme o caso, que cargos ou funcções publicas, salvo tratando-se de funcções
entrou em exerci cio.
electivas, ou ~ommissões temporarias conferidas pelo go-
Art. 45 - A posse conta-se do effectivo exercício do verno. Emquanto durar esse impedimento, far-se-ão as
substituições pela fórma prescripta no capitulo VII deste
64- titulo.
#
65-

t
A:ftlADOR CYSNEIROS CODIGO DE JUSTIÇA :ftiiLI'I'AR

A acceitação de cargo incompativel importa a perda Art. 52 - Quando algum juiz fôr arguido de sus-
do cargo judiciario ou do Ministerio Publico. peito, a decisão de ser ou não procedente a suspeição será
Art. 48 - Aos ministros, auditores e orgãos do Minis- tomada pelos outros juizes do Conselho ou do Supremo
teria Publico, em effectivo exercício, ou licenciados, é T ribunal, conforme a hypothese, e só póde ser arguida nos
defeso o exercício da advocacia criminal em qualquer juizo, casos taxa tivamente enumerados no art. 50.
e aos em disponibilidade, no fôro militar.
Art. 49 - São nullos os actos praticados pelos audi-
tores, membros do Ministerio Publico e funccionarios da CAPITULO VII
Justiça depois que se tornarem incompatíveis.
Art. 50 - Considera-se suspeito o juiz que: Da.s substituições
a) fôr amigo intimo, inimigo capital, ascendente, des-
cendente, sogro, genro, irmão, cunhado, tio, sobrinho ou Art. 53 - Os ministros, auditores, membros do Mi-
primo co-irmão do accusado ou do offendido; nisterio Publico e funccionarios auxiliares são substituídos
b) fôr directamente interessado na decisão da causa; nas suas faltas e impedimentos;
c) tiver aconselhado alguma das partes ou se houver a:) os ministros militares, mediante convocação do pre-
manifestado sobre o objecto da causa; sidente do Tribunal, por officiaes generaes do Exercito e
d) conhecer dos factos, por ter feito o inquerito ou pelos da Armada, respectivamente, escolhidos numa lista
servido de perito ; enviada pelos Ministerios, de tres em tres mezes, e os mi-
e) tiver dado parte• official do crime, houver deposto nistros civis por auditores de z.a entrancia, por ordem de
ou dever depôr como testemunha. antiguidade; a convocação só se fará se os membros effe•
Art. 51 - Em qualquer dos casos acima deverá o juiz ctivos restantes do Tribunal não constituírem numero legal
declarar-se suspeito, embora o accusado não allegue a sus- para deliberar;
b) os auditores pelos supplentes, na ordem numerica;
peição.
§ 1.0 - A suspeição, sob pena de nullidade do pro- c) os juizes do Conselho de Justiça, mediante sorteio,
cesso, será motivada e restricta aos casos enumerados no servindo o ~ubstituto durante a falta ou impedimento dq
artigo antecedente. substituto, na conformidade dos artigos 19 e 20;
§ 2.0 - A suspeição póde ser declaradá ex-officio pela d) o procurador geral pelo sub-procurador;
instancia superior, desde que esteja patente dos autos. e) ( supprimido pela rectif icaçào) ;
·'
66 , - -67-
AMADOR CYSNEIROS CODIGO DE JUS'l'ICA MILI'l'AR

f) os promotores pelos respectivos adjuntos, na ordem auditor substituído por um ad hoc nomeado pelo comman-
numerica; dante da Região ou Circumscripção Militar.
g) os advogados por pessôa nomeada ad hoc pelo audi- Na falta do promotor ou adjunto, o commandante da
tor, e interinamente pelo presidente do Tribunal; Região ou Circumscripção Militar nomeará um aá hoc.
h) os escrivães pelos escreventes ou por pessôa estra-
nha, nomeada interinamente, ou ad Jioc, pelo auditor;
i) (supprimido pela refonna); CAPITULO VIII
Paragrapho unico - Na La circumscripção, os audi-
tores~ promotores, advogados, escrivães e officiaes de Jus- Das licenças e interrupções de exercicio
tiça se substituirão reciprocamente nas faltas ou impedi-
mentos occasionaes. Art . . 55 - Os auditores, membros do Ministerio
Publico, scrventuario e empregados da Justiça devem resi-
Contmentario : Embora extincto o cargo de sub- dir dentro dos limites da respectiva circumscripção, não
Procurador em virtude do Decreto de Reorganisação podendo ausentar-se sem licença salvo por motivo de ser-
do Exercito, lá ficara na letra e deste artigo o modo de viço.
sua substituição. A rectificação, porém suppnmiu-a. § 10 o - Os auditores e promotores devem comparecer
O paragrapho unico está tambem revogado por: diariamente á séde de suas auditorias, e ahi permanecer das
quanto as s~bstituições dos funccionarios são feitas 12 ás 15 horas, ou emquanto fôr necessario ao serviço pu-
pelos seus substitutos legaes, como nas demais circums- blico, salvo quando occupados em diligencias judiciarias.
pcrições, hoje, regiões. E'poca houve em que as substi· § 20° - Os escrivães e offioiaes de Justiça são obriga-
tuições dos auditores se effectuavam pelos auditores dos a permanecer, diariamente, das 11 ás 16 horas, em seus
em disponibilidade, por determinação do GtlVerno cartorios, excepto quando occupados em diligencias judi-
Provisorio. Depois, este resolveu aproveitar os func· ciarias.
cionarios de 2. a entrancia em outros cargos publicas, Art. 56 - As licenças ao presidente e demais mem-
inclusive para prover auditorias de primeira como se bros do Supremo Tribunal e ao procurador geral serão re-
deu com os da 2. ~ e 9. a regiões. guladas no regimento interno o

Art 57 - São competentes para conceder licença:


o

Art. S;t _:_ Na falta absoluta de supplente, será o a) o presidente do Supremo Tribunal ao procurador

- 68'- -69-
CODIGO DE JUSTIÇA JIIILITAR
AJlADOR U YSNEIRO S

geral, auditores, advogados e funccionarios da secretaria;


b ) o procurador geral ao sub-procurador, promotores
e adjuntos;
c) os auditores aos escrivães e officiaes de Justiça .
Art. 58 - Na concessão das licenças serão observa-
das as disposições das leis especiaes que a regulam .
Art. 59 - As interrupções de exercício, sem licença
regularmente concedida, não serão computadas na contagem
do tempo para a antiguidade .
Art. 60 - Os mini stros do Supremo T ribunal Mili-
tar e o procurador geral terão dois mezes de férias, que
gosarão, collectivamente, nos mezes de fevereiro e março .
Paragrapho unico - Os demais funccionarios terão
durante o anno, direito ás seguintes férias, sem interrupção
da administração da Justiça: o sub-procurador, auditores entracia renunciar a promoção a segunda,
e promotores, 45 dias ; os advogados e escrivães, 30 dias, promoção a ministro do Supremo Tribunal.
da Justiça
e os officiaes de Justiça, 15 dias . Art. 65 - Os auditores e os funccionarios
Esses funccionarios serão substituídos pelos respecti- militar ficarão suspensos do exercício de suas funcções :
vos substitutos durante as fé rias . a) quando pronunciados ou condemnados, se a con-
demnação não importar a perda do car~o;
b) quando , sem causa justificada, deixarem o exerci-
CAP ITU LO IX cio do cargo ou não o reassumirem depois de finda a licença.
Art. 66 - Os auditores e advogados de officio, pro-
Dos dire itos e garantias dos juizes, 11wmbros do 1tLinisterio motores e escrivães são passíveis das seguintes penas disci-
publico e 11W<is f unccionarios plinares, impostas, respectivamente, pelo Supremo Tribu-
nal Militar, por intermedio do seu presidente, e pelo pro-
Art. 61 - Os auditores são vitalícios; não po(lem ser
curador geral;
removi dos senão no caso de permuta, ou remoção a pedido,
.- n ~

....- 7Q -
CODIGO DE JUSTICA l\IILITAR
Al\IADOR CYSNEIROS

f:> Tribunal Militar ao tomar conhecimento do processo ou


a) advertencia particular ;
mediante representação documentada do offendido.
b) censura publica ou reservada;
Art. 72 - (Supprimido pela reforma).
c) suspensão do exercício até 60 dias.
Essas penas serão applicadas, não só quando a indisci- Comme1ttario: O dispositivo ora supprimido regu-
plina ou acto de desrespeito fôr praticado contra o Supremo lava as graduações militares honorificas, concedidas
Tribunal ou contra qualquer do~ seus membros, como tam- aos funccionarios da justiça militar, desde os ministros
bem quando commettido pelo promotor contra o procurador
civis aos escrivães.
geral, sejam quaes forem os meios usados. A reforma supprimindo-as, resalvou, porém, os
Art. 67 - O secretario do Supremo Tribunal Militar direitos dos actuaes funccionario11 qne possuem essa
ficará sujeito ás penas prescriptas no Regimento Interno. distinção honori fica.
Art. 68 - Os escrivaes e officiaes de Justiça sãó pas-
síveis das seguintes penas disciplinares, impostas pelos audi- Art. 73 - Os auditores são obrigados a matricular·
tores, perante quem servem: se no Supremo Tribunal Militar, dentro de 60 dias, con-
a) advertencia particular ou em portaria; tados da posse, devendo a matricula conter o nome e a
b) suspensão até 60 dias. idade do requerente, data da primeira nomeação, posse e
Art. 69 - As penalidades estabelecidas neste Codigo exercício, as interrupções e séus motivos; sob pena de sus-
para os auditores e funccionarios da Justiça, serão, quando pensão imposta pelo presidente do Tribunal.
applicadas, transcriptas nos respectivos assentamentos . Art. 74 - Por antiguidade no cargo entende-se o
Art. 70 - O auditor, ou funccionario, a quem tiver tempo de serviço no mesmo, deduzidas quaesquer interru-
sido imposta pena por falta disciplinar, poderá pedir sua pções, excepto:
a) o tempo de licença para tratamento de saude até 12
reconsideração, ou relevação, á propria autoridade que a
mezes em cada período de seis annos ;
tiver applicado. b) o tempo marcado ao auditor removido para se
Art. 71 - Qualquer advogado que em petições, arra-
transportar á nova circumscripção;
zoados verbaes ou escriptos, cótas ou quaesquer papeis c) o tempo de suspensão do exercido em virtude de
forenses, deixar de guardar o respeito devido aos juizes
processo-crime de que seja absolvido.
soffrerá a pena de suspensão da advocacia no fôro militar Art. 75 - A antiguidade, em cada entrancia, será
por um a tres mezes, a qual será imposta pelo Supremo
~ 73 _,
...- 72-
AMADOR <;;YSNEIROS <;;ODIGO DE . JUSTIÇA 1\JILITAR

regulada pela data da posse, e se acontecer que essa data


seja a mesma para dois ou mais auditores, será mais antigo
r· b) findos os prazos marcados. com as respostas ou sem
ellas, proferirá o ' Tribunal a sua decisão.
o que maior tempo de effectivo exercício tiver na entran- Art. 78 - Os ministros militares e os juizes militares
r.ia. Verificada ainda a igualdade de condições, a preferen- dos Conselhos de Justiça, sempre que se reunirem, deverão

~
cia caberá ao que maior tempo tiver de effectivo exercício estar fardados.
de supplentc de auditor, de serviço publico federal, ou de Art. 79 - Os ministros civis, auditores, membros do
idade. Ministerio Publico, o secretario, os escrivães, officiaes de
Na apuração da antiguidade na entrancia só se tomará Justiça e contínuos usarão, nas sessões e audiencias, o ves-
em consideração o tempo de serviço ahi realmente prestado, tuario estabelecido no regimento interno no Tribunal, sen-
descontado todo e qualquer período em que os auditores do-lhes facultado vestir a farda dos postos corre~pondentes
tenham deixado o exercido da mesma, sejam quaes forem com as insígnias determinadas pelo Supremo Tribunal.
os motivos, salvo para o desempenho de commissões pro- Art. 80 - A acceitação de cargo na justiça militar por
prias do cargo, autorizadas por lei ou regulamento, e gozo um official importa solicitação de reforma nos termos da
de férias. legislação militar.
Art. 76 - O Supremo Tribunal organizará annual- Art. 81 - No exercício das funcções ha reciproca
mente, e fará publicar no Diario da Justiça, até 15 de independencia entre os orgãos do ministerio publico e os
janeiro, a lista de antiguidade dos auditores. de ordem judiciaria.
Art. 77 - As reclamações contra a lista de antigui- 2......-__.,;... o rt~ (}-~e-.... ,
dade serão processadas e julgadas pelo Supremo Tribunal .,./ "'---~<L ~~ .,..):_.:
.<i_........... ct....._ ,._, t-"-~~..: ............_ TITULO II
Militar, observadas as seguintes disposições: •.; ...J; .. CL• <""-'-...:f.:; ~ T'~\ (_.._..._t
a) a reclamação será apresentada na secretaria, ou ,_..-.. ~"'!:o~-<-;~- '!-c.:. t., Da jurisdicção e competcncia
posta no correio, dentro de 15 dias, contados ela data da ......... ~~v----.. l.<··-\1-'- t.... •---.:....
publicação ela lista no Diario da Justiça, ou chegada desde t.--k- ~~ r.t. •., ~~ '~
l ,. , . ·
. •• J-.oo....- /v-.1\..AA'v ·..:,\.""" ~
, ~
) cAPITULO
L
I
á séde ela circumscripção. Examinada pelo relator e dis-
cutida pelo Tribunal poderá este julgai-a, desde logo, im- . '\
-~........
~~~a- , \::..."'.. ti...•t.~ ;;:-t~t:':bi.;po;ições
~ -· f\""-.... .._. ""'-,-.-.·~ .... ..[
Preliminares
procedente, por falta de fundamento, ou, em caso contrario, t...;...-..L.-1 ·' 'l-A,..,....:., .L- 'c.... '-<"->
mandará ouvir os interessados, marcando a cada um prazo o.. Art. 82 -
1-- 'I..... c..._ A corripetencia é determinada : 1. 0 , pelo
razoavel, que não excederá de 15 dlas. ,..,c..,..,.iogar do crime; 2. 0 , pelo logar da unidade, flotilha ou esta-
I. ,_ L
...._-l ,._ L:-.. ~::. '"l-\. l- ·\...-. ,, w... ~, •
H ....... -7!>-
AMADOR CYSNEIROS
CODIGO DE JUSTIÇA ~ULI'l'AR

belecimento em que estiver servindo o delinquente na occa- Art. 88 - A reforma, exclusão, demissão ou dis-
sião do crime; 3. 0 , pelo lugar onde estava servindo ou fôr pensa do serviço militar não extinguem a competencia do
servir o accusado. fôro militar para o processo e julgamento dos crimes com-
Art. 83 - Os civis, co-réos em crime militar, em mettidos ao tempo daquelle serviço.
tempo de paz respondem no fôro commum. Art. 89 - O fôro militar é competente para pro~
Art. 85 - Quando o delinquente fôr acousado de dois cessar e julgar nos crimes dessa natureza:
ou mais delictos da mesma ou divérsa natureza. commetti - a) os militares do Exercito activo e da Armada, dos
dos em lugares differentes, mas com uma só intenção, será differentes quadros e serviços;
competente para o processo o fôro da circumscripção do b) os of ficiaes reformados do Exercito e da Armada,
crime mais grave. quando em serviço ou em commissão de natureza militar;
Art. 86 - Para os crimes praticados em paizes c) os officiaes da reserva de 2. a classe do Exercito de
estrangeiros ou a bordo de navio em viagem ou commissão, 1 . • linha, nos termos do art. 17 do decreto legislativo
o fôro competente será o da Capital Federal. n. 3. 352, de 3 de outubro de 1917;
§ 1. o - No caso de o navio ser obrigado a demorar d) os officiaes da reserva da Armada, nas mesmas
por tempo sufficiente para fazer-se o processo num porto condições dos da 2. a class·e do Exercito de 1. a linha;
intermedio, séde de circumscripção ou de Conselho ahi será e) os officiaes e praças do Exercito de 2." linha, nos
.Julgado o accusado. termos do artigo 6. 0 do decreto n. 13.040, de 29 de maio
§ 2. o - Se o navio tiver de estacionar no estrangeiro, de 1918;
após ~ pratica do crime, o acusado será julgado por um f) os reservistas do Exercito de 1 . • linha e os da
Conselho sorteado entre os officiaes da guarnição, os em Armada, quando mobiliZados, em manobras ou em desem-
serviço do paiz no lugar e os reformados, se os houver, penho de funcções militares;
sendo o auditor e o promotor nomeados ad hoc pelo com- g) os sorteados insubmissos;
mandante, de preferencia entre 'pessoas diplomadas em h) os assemelhados do Exercito e da Armada;
direito.
i) os civis que commette1·em crimes contra a segurª 1lÇa
Art. 87 - Os militares do Exercito e da Armada que u ·tetn.a do paiz ou instituições militcwes.
juntamente commetterem crime serão julgados por um
conselho constituído por officiaes pertencentes á classe da
Commentario: A reforma incluiu os civis CQmo
autoridade militar que primeiro conheceu do facto.
possíveis de serem julgados pelos tribunaes militares,
- 76 -
......,...77-
C ODIGO D E J USTI CA MILI'l'AR
A~lAD O H. crSNEIH.OS

nas duas hypotheses acima declaradas na letra i. Fel-o, CAPITULO li


porém, de um modo muito synthetico não declarando,
nesse ou noutro dispositivo, o que se pode considerar Dos auditores
instituições militares, uzando do mesmo termo vago
da Constituição Federal. Art . 92 - Ao auditor, além do que lhe é attribuiclo
neste Codigo, compete:
O decreto n. 21.289 de 14 de Abril de 1932, a) ( SuPf'rimida pele~ rectificação).
artigo 6. 0 , todavia, determinou pelo criterio '·ratione
loci" os casos em que os civis podem commetter cri- Commentario: O pri:m.itivo decreto não suppri-
mes que serão j ulgados pela justiça mihtar, isto é, mira esta alínea. A rectificação, porém, supprimiu-a
quando o pratiquem no interior dos estabelecimentos, para evitar conflictos entre o auditor e o conselho pois,
repartições miiitares, quarteis, recintos das auditorias, a ambos se attribuia á faculdade de acceitar, ou rejei-
etc." tar denuncias e decidir sobre pedidos de archivamentos
de inqueritos.

Art. 90 - São assemelhados os indivíduos que, não b) proceder a exame de corpo de delicto, se não hou-
pertencendo á classe militar dos combatentes, exercem func- ver sido feito no inquerito, bem como aos demais exames
ções de caracter civil ou militar especificadas em leis ou e diligencias q'ue se tiverem de realizar por deliberação do
regulamentos a bordo de navios de guerra ou embarcações Conselho, nomeando os peritos;
a estes equiparadas, nos arsenaes, fortalezas, quarteis, c) requisitar das autoridades civis e militares as provi-
acampamentos, repartições, Jogares e estabelecimentos de dencias necessarias para o andamento do processo e escla-
natureza e jurisdicçâo militar e sujeitos por isso a preceito recimento do facto;
d ) proceder com assistencia de um representante do
de subordinação e disciplina. (Decreto n. 4. 998, de 8 de
comnzando da região ou do director geral do pessoal da
J aneiro de 1926, artigo 2. 0 ) •
arnradª e do promoto'r ao sorteio dos officiaes que tiverem
de servir 110 Conselho.
Art. 91 - Na 1. .. circumscripção o auditor ma1s an-
Commentario: O antigo di~sitivo determ.inava
tigo distribuirá o serviço entre si e os demais auditores.

79 - ·
~ 78 ,_.
-
A.lUA.DOR CY!INEIROS CODIGO DE .JUSTIÇA MILITA.R

fosse o sorteio procedido com a presença do auditor, h) servir de relator no Conselho de Justiça, redigindo,
promotor e escrivão. não só as sentenças, como todas e quaesquer decisões toma-
o primeiro sorteiava, o segundo fiscalisava e o das pelo Conselho, dentro do prazo de 48 horas ;
ultimo lavrava uma acta da qual extrahia certidões i) processar e julgar as justificações que lhe forem
que eram juntas aos autos. requeridas, para percepção de montepio, e isenção do ser-
Ao legislador, porém, pareceu haver necessidade viço militar;
da assistencia de um representante do commando da
Região, ou do director geral do pessoal da armada, Commentario: Dois recentes decretos regularam
excluindo do acto o escrivão a quem competia a lavra- o processo para habilitação de montepio. Um na pasta
tura da acta, como se, at.é aqui, não fosse tal disposi- da Guerra e outro tornando extensivas, com alterações, -
aos militares da Armada, as disposições do anterior,
tivo obedecido rigorosamente.
referendado na pasta da Marinha.
Melhor seria, todavia. fosse o sorteio procedido
em sessão plena de outro Conselho. Pelo menos dar · Eis os seus textos : - Decreto n. 24. 312 de 30
se-ia mais solemnidade ao acto. de Maio de 1934.
e) (Su,pprirrtida pelct- reforma). "O chefe do Governo Provisorio da Republica
dos Estados Unidos do Brasil, considerando:
Commentario: Determinava as communicações que a situação da família do militar fallecido,
de todas as decisões definitivas do Conselho á autori· obrigada a viver com a reduzida pensão que lhe cabe,
dade sob cujo commando se encontrasse o accusado. é grandemente aggravada pela demora no preparo ao
recebimento da pensão;
f) qualificar e interrogar o accusado, inquerir e aca- que o processo á pensão provisoria, na maioria dos
reaar as testemunhas; casos, não tem dado o resultado que se tinha em vista,
g) ( Supprimída pela reforn'!-a) . não só pela demora para a obtenção dos documentos
precisos, como tambem e principalmente pela acção dos
Comme·r~tario: Regulava a concessão de mena- intermediarias sempre necessarios· pela falta de conhe-
gem, ouvido o Ministerio Publico o que ora passa a cimento das famílias, e que só têm vantagens em demo-
ser attribuição do Conselho. rar o processo ;

-80- -81-
'(
AMADOR CYSNEIROS

que a demora no recebimento da pensão, reduz a


I
li
CODIGO DE JUSTIÇA JIIII.I'I'AR

verdadeiro estado de penuria a família do militar fal- militar do fallecido e o calculo por ella fornecido á
lecido, quando não dispõe de recursos outros o que mesma repartição pagadora; esta, por sua vez remet-
é o caso geral ; terá á Directoria da Despesa do Thesouro Nacional,
que o processo actual para a habilitação das pen- o calculo da pensão, que lhe foi t"eito pela autoridade
sões de meio soldo e montepio precisa ser simplifi- ~ militar e copia do titulo que emittiu, á vista do mesmo
cado, calculo, aos herdeiros do militar fallecido.
decreta no uso da attribuição que lhe confere o Art. 4. 0 - A Auditoria, de posse da caderneta
artigo 1. o do decreto n. 19.198 de 11 de novembro de e do calculo enviado pela autoridade militar promoverá
1930: ex-officio, junto ao Ministerio da Fazenda, a habili-
Art. 1. o - Morto o militar, o cornmandànte da tação definitiva dos herdeiros.
unidade, o chefe do serviço (no caso de militar da Art. 5o 0 - Julgada pelo Tribunal de Contas a
activa ou da reserva empregado) ou o cornmandante habilitação promovida pela Auditoria, será passado
da região (no caso de militar da reserva ou refor· pela Fazenda o titulo ou títulos definitivos o

mado, não empregados) communicará á repartição Se a pensão tiver sido dada a maior, será feita
por onde receba o militar fallecido, quaes são os seus carga da quantia recebida a mais ao pensionista e
herdeiros, e qual a pensão de rheio soldo e montepio descontada do meio soldo e no caso de não ser possível,
a que têm direito. do proprio montepio.
Art. 2 . 0 - A repartição pagadora, por onde re- Paragrapho unico - Passado o titulo definitivo
cebia o militar fallecido (Contabilidade da Guerra, no das pensões, até então feitos pela Contabilidade da
Rio, orgão regionaes do Serviço de Fundos, nos Esta- Guerra ou outra repartição militar, serão transferidos
dos) fàrá immediatamente expedir, sem outro estudo, para o Thesouro.
titulo ou títulos de pensão aos herdeiros, que pas· Art. 6. 0 - Para pagamento da pensão será pre·
t~
Q

sarão a receber pelas mesmas repartições, pela verba a \1 vista annualmente, no orçamento, dotação sob o titulo
que se refere o artigo 6. 0 Para pagamento de novas pensões o

Art. 3. o -A autoridade que forneceu á reparti- Art. 7 o - Nas cadernetas dos sub-tenentes e
o

ção pagadora os elementos para emissão dos títulos aos sargentos do Exercito constarão as declarações de her-
herdeiros, enviará á Auditoria Militar a caderneta
, deiros.
Art. 8. 0 - No intuito de facilitar o resta bel e·
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•I -83-

}
L
CODIGO DE JUSTIÇA. MILITAR
AMADOR CYSNEIROS

pendencia e 46° da Republita. - Getulio Vargas, Pe-


cimento de cadernetas acaso extraviadas, será man- dro Aurelio de Góes Monteiro e Oswaldo Aranha}!.
tido no Departamento da Guerra, o registro das alte- Decreto n. 24.685 de 12 de julho de 1934:
rações e das declarações de herdeiros • O chefe do Governo Provisorio da Republica dos
Art. 9. o - Os herdeiros de militares que não Estados Unidos do Brasil, usando das attribuições que.
tiverem feito declarações e os de demissionarios se lhe são conferidas pelo artigo 1. 0 do decreto numero
habilitarão á pensão pelo processo em vigor na data 19.398, de 11 de novembro de 1930; e,
da publicação deste decreto. • Considerando que, pela sua redacção roderâo
Art. 10 - Para que se possa proceder como surgir duas providencias estabelecidas pelo decreto
acima fica deterrrunado, serão entregues pelo Depar- n. 24.312, de 30 de maio do corrente anno, simplifi-
tamento da Guerra cadernetas de assentamentos aos cadoras de processo para habilitação ás pensões áo
officiaes, já na reserva, ou reformados, que as trans· montepio e meio soldo, tratando de mÜitares, não
mittirão, mediante recibo, ás repartições onde servem podem deixar de abranger tambem o pess~al da mari-
ou ao quartel general da região militar onde residem. nha a que esses beneficios tiver direito; mas
Dóra em deante, as cadernetas dos militares, que Considerando que pela sua redacção poderá sur-
gir duvidas pelas referencias que faz , tão sómente, aos
passarem para a reserva ou forem reformados, serão
t;rgãos administrativos do Ministerio da Guerra;
entregues ao quartel general da região militar em cuja
Decreta :
jurisdicção passarem a residir, onde continuarão a ser
Art. 1 . o - Ficam extensivas aos militares da
alteradas, quanto aos herdeiros.
Marinha as medidas contidas no decreto n. 24.312, de
,Paragrapho unico - Sempre que o militar re-
30 de maio · do corrente anno, attendidas as alterações
formado communicar a mudança de residencia, a ca- feitas no presente decreto.
derneta será enviada ao commando da região militar
§ 1. o - As attribuições contidas nos artigos 1. 0 ,
com jurisdicção no Estado da nova residencia. 0 0
2. , 3. e 5. 0 , paragrapho uni co do citado decreto
Art. 11 - O presente decreto entrará immedia- n. 24.312, de 30 de maio do corrente anno; serão exe-
tamente em execução mas não suspenderá o andamento cutadas na Marinha pelas Directorias de Fazenda e do
dos processos já iniciados. Pessoal, Districtos e Commando Navaes, Capitanias
de Portos e Auditorias de Marinha.
Rio de Janeiro, 30 de Maio de 1934, 113° da Inde-
85-
-84-
CODIGO DE JUS'ri()A MILITAR
AMADOlt CYSNEIUOS

torico da caderneta subsidiaria do fallecido, depois da


§ 2. o - Emquanto não estiverem installados os
ultima nota que deve ser escripturada.
Districtos e Commando N avaes todas as providencias
Art. 3 . o - As providencias contidas no artigo
serão de iniciativas das Directorias de Fazenda e do
3. o do decreto n. 24.312, de 30 de maio do corrente
Pessoal. anno, serão para a Marinha substituídas pelas deter-
Art. 2 . o - A Directoria do Pessoal providen-
minadas no artigo anterior, cabendo á Directoria de
ciará logo que tenha conhecimento do fallecimento do
Fazenda ou outra das determinadas neste decreto ef-
militar, sobre a remessa da cópia da declaração de
fectuar o pagamento até que tenha, da repartição com-
família e da caderneta subsidiaria respectivas á Di-
petente, corrununicação do julgamento definitivo dos
t"ectoria de Fazenda ou á autoridade naval (Districtos
títulos referentes ás pensões de accordo com a habili-
ou Commando Navaes), em cuja séde residir a famí-
tação promovida pea Auditoria. •
lia do fallecido. Art. 4. o - Para pagamento das pensões de mon
§ 1 . 0 - A Directoria de Fazenda ou o Districto
ou Commando Navaes, depois de procedida a liquida- tepio e meio soldo será prevista annualmente no Orça-
ção da caderneta subsidiaria, expedirá á vista da cópia mento da Marinha, a necessaria dotação, sobre o titulo
da declaração de família, os títulos competentes e após "Para pagamento de pensões provisorias".
as respectivas annotações na folha de pagamento en Paragrapho unico - Para o corrente exercício
viará á Auditoria de Marinha o processo correspon- será aberto ao Ministerio da Marinha o credito neces-
dente que se comporá nos casos geraes, cie: sario para attender á despesa resultante da execução
a) cópia da declaração de família; Qeste decreto.
b) demonstração das contribuições pagas, toman• Art. 5. o - Fica o Ministerio da Marinha autori-
do-se para o calculo o limite de doze (12) quotas em zado á expedir, instrucções reguladoras do processo
cada posto; das pensões de que se trata, sem alteração fundamental
c) esdarecimentos sobre a situação do fallecido leste decreto . -
para com a Fazenda Nacional ; Art. 6. o - Revogam-se as disposições em con-
d) computo do tempo de serviço; e trario.
e) cópia do titulo ou títulos provisorios.
§ 2. o - O computo do tempo de serviço será feito Rio de Janeiro, 12 .de Julho de 1934, 113° da
pela Directoria do Pessoal e averbado na parte do his·
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CODIGO DE .JUSTIÇA MILITAR
AMADOR CY~NEIROS

p) apresentar ao presidente do Supremo Tribunal, ne


lndependencia e 46° da Republica. - Getulio V(Wgas
mez de janeiro de cada anno, um relatorio da administra~
- Protogenes Gwimarães. ção da Justiça, na auditoria do anno anterior e trimestral-
mente 40. cmnnwndante da região ou do director geral do
j) suspender, até 60 dias, ou propor a demissão, medi-
pessoal da armada uma parte do movimento da <mditoritJ
ante processo administrativo, do escrivão, independente-
com designação dos réus presos e soltos que respondem a
mente de outras penas em que possa ter incorrido ; J!rocesso, especificmzdo a data da prisão e entro;da do pro-
k) ( su p primida pela rectificação) ; cesso em cartorio.
Commentarios: Esta alínea mandava suspender, ou
Commentario: Restringiu-se bastante as attribui-
dcmittir livremente os officiaes de Justiça, natural -
ções dos auditores como se verifica pela suppressão das
mente por faltas funccionaes. O Decreto supprimindo
alíneas a, d, e e g, creando-se ainda a obrigatoriedade
taes cargos, todavia a conservou. A rectificação sup- de remessa de relatorios trimestraes ao commando da
primiu-a. Região ou ao director do Pessoal da Armada, quando,
I ao Supremo Tribunal Militar, a quem esses funcciona-
l) expedir quaesquer alvarás, mandados de prisão,
rios estão subordinados, só se exige a apresentação de
citação, intimação, busca e apprehensão, em cumprimento
relatorios annuaes .
de decisões do Conselho ou no exercicio de suas proprias
attribuições ;
~t) receber a appellação, ou os recursos de decisões do
Conselho quando este já houver encerrado as suas sessões; CAPITULO III
n) n9mear escrivão, interinamente, ou ad hoc;
o) ( supprimida pela rectificação). Do Conselho de Justiça
C ommentario : Determinava a remessa dos autos
Art. 93 - Ao Conselho de Justiça compete:
de processos findos á Secretaria do Tribunal. Tendo
estabelecido uma forma . de correição nos cartorios o
a) processar e julgar os crimes previstos na legislação
legislador se esqueceu de supprimir este texto. A re- I

penal militar. com excepção dos attribuidos á competencia


ctificação porém o fez.
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AMADOlt. CYSNEIROS CODIGO DE JUSTIÇA MILI'rAR

privativa do Supremo Tribunal e decidir sobre acceitação rem, communicando a sua decisão, num ou noutro caso, á
e regeição da denuncia e sobre os pedidos de archivamento autoridade administrativa ;
de inque1·ito. c) decretar a prisão preventiva do denunciado e con-
ceder menagem ;
C01nmentario: A ultima parte desta alínea deu ao .- d) decidir as questões de direito que se suscitarem no
Conselho de Justiça attribuições que competiam exciu- processo, ou julgamento;
sivamente ao auditor. e) receber as appellações e recursos, salvo o disposto
Em vez de simplificação do methodo redundou no artigo 9, letra m;
em difficultal-o. f) conceder menagem depois do crime classificado e
As denuncias a mór parte das vezes eram offere- out>ido o promotor.
cidas quando o Conselho Permanente não se achava
reunido e nos processos contra · officiaes, antes do sor- Commentario: A concessão da menagem que era
teio do conselho. O auditor as recebia ou regeitava, uma das attribuições do auditor, após ouvido previa··
nos casos previstos no artigo 1'88 e 189 com recurso mente o Ministerio Publico, passou a ser privativa dos
obrigatorio para a instancia superior. Conselhos. Incontestavelmente é uma medida Je graça
Os archivamentos, da mesma fórma eram reque- que affecta profundamentt- a ordem e a disciplina,
ridos fundamentadamente pelo Ministerio Publico e, quando concedida contrariamente aos dispositivos do
quando negados, cabia recurso. por sua natureza sus- Capitulo III do Titulo IV, porém, a disciplina e a
pensivo, para o Supremo Tribunal Militar. ordem já estavam bem defendidas com as determina-
Agora, tanto para recebimento de denuncias, ções estabelecidas pelo Codigo no Capitulo alludido.
como pedidos de archivamento tornar-se-á necessario o
sorteio do Conselho quando se tratar de inqueritos mo- Art. 94 - Ao presidente do Conselho compete :
vidos contra o f ficiaes. ., a) presidir as sessões, propôr afinal as questões, apu-
.rar e proclamar o vencido ;
b) converter em prisão preventiva a detenção ou pnsao b) nomear advogado ao accusado que o não tiver, e
tio indicado, ordenada pela autoridade militar na phase do curador ao ausente, ou de menor idade ;
itiquerito, se occorrerem as condições do art. 149, ou orde- c) requisitar o comparecimento do accusado quando
nar a soltura do indicado, se essas condições não occorre- preso e das testemunhas quando militares ou funccionarios

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AJIADOR t;YSNEIROS CODIGO' DE JUSTI()A MILITAR

publicas, ou expedir mandado de intimação, no caso con- este Codigo ou força maior comprovada e expressa na acta,
e só poderão ser adiadas depois de quatro horas de trabalho
trario; consecutivo. A de julgamento, porém, será permanente.
d) fazer a policia das sessões, chamar á ordem os
que della se desviarem, impondo silencio aos assistentes, Art. 98 - Nenhuma ingerencia no Conselho é per-
fazendo sahir os que não se conformarem, prendendo os mittida ás autoridades militares, qualquer que seja a sua
desobedientes e mandando lavrar auto de flagrante contra categoria ou o motivo invocado.
os que faltarem com o respeito devido ao Conselho, a qual·
quer de seus membros ou ao promotor ;

e) prender os que assistirem ás sessões com armas pro- CAPITULO IV
hibidas e mandat-os apresentar á autoridade competente.
§ 1 . ., .-.. O presidente, além do voto deliberativo, terá Do Supremo Tribunal Miliar
o de qualidade quando se verificar empate.
§ 2. 0 - No caso de omissão do presidente do Conse- Art. 99 - Ao Supremo Tribunal Militar compete,
lho, o desacatado na hypothese da letra d, poderá reclamar privativamente :
do presidente do Supremo Tribunal Militar que ordene a a) processar e julgar os officiaes generaes do Exer-
cito e da Armada, os seus membros militares nos crimes
instauração do processo.
Art. 95 - Qualquer membro do Conselho poderá militares e de responsabilidade, os orgãos do Ministerio
reperguntar as testemunhas e reclamar as diligencias que Publico, os ministros civis, os auditores e os juizes milita-
julgar. necessarias á elucidação dos factos. res do Conselho de Justiça, nestes ultimas crimes ;
Art. 96 - O Conselho poderá installar-se ou funccio- b) processar e julgar petições 1de habeas-corpus,
nar desde que esteja presente a maioria de seus membros, quando a coacção, ou ameaça, emanar de autoridade militar,
inclusive o auditor. Nas sessões do julgamento final, po- administrativa ou judiciaria, ou das juntas de alistamento
rém, exige-se o comparecimento de todos. O presidente e sorteio militar ; '
do Conselho, quando faltar, será substituído pelo juiz que c) conhecer dos recursos interpostos dos despachos
se lhe seguir em antiguidade ou posto, se fôr official supe- do auditor e das decisões e sentenças do Conselho de Jus-

nor. tiça;
Art. 97 - As sessões do Conselho far-se-ão em dias d) julgar os conflictos entre os Conselhos de Justiça;
successivos, uteis, salvo o caso de adiamento facultado por e) mandar que se enviem, por cópia, ao auditor ou á

-92- -93-
CODIGO DE JUSTIÇA ~liLrl'AR

AMADOR CYSNEIROS

m) organizar o seu regimento interno.


autoridade civil conforme a hypothese, as peças necessanas Art. 100 - Nos casos em que possa vir a ser imposta
á formação da culpa, sempre que no julgamento de um ao réo a pena de 30 annos de prisão, o Supremo Tribunal
processo encontrar indícios de novo crime, ou de novo cri- só funccionará com a presença de, pelo menos, tres juizes
minoso não processado ; civis e tres militares, afóra o presidente.
f) julgar ()'> embargos oppostos ás suas sentenças; Art. 101 ~ O presidente não poderá tomar parte na
g) remetter ao procurador geral, para proceder na discussão e votação das questões submettidas á decisão do
fórma da lei, cópia dos precisos documentos, quando, em Tribunal, salvo quando se tratar de materia de caracter
~utos ou papeis submettidos ao seu exame jurisdiccional, administrativo, em que, além de seu voto, terá o de qua-
descobrir crimes de responsabilidade ; lidade .
h) advertir, censurar ou suspender do exerci cio, até O empate importa decisão favoravel ao réo.
sessenta dias, nos accórdãos, a juizes inferiores e mais
Art. 102 - Compete ao presidente do Supremo Tri-
funccionarios, por omissão, ou faltas, no cumprimento do
bunal nomear os supplentes de auditor interinamente.
dever; Art. 103 - As penas de que trata a letra h do artigo
i) resolver sobre a antiguidade dos auditores organi-
zando, anualmente, a respectiva lista e enviar ao Governo 99 poderão ser impostas pelo Tribunal, em of ficio reser-
a lista tríplice dos auditores, para os effeitos declarados "' vado, assignado pelo presidente.

nos artigos 31 e 32;


j) organizar a secretaria de accôrdo com a dotação
orçamentaria e regular o provimento dos cargos e accessos CAPITULO V
dos respectivos funccionarios, que serão todos, inclusive o
secretario, o qual será pessoa diplomada em dir~ito,, nomea- Do Ministerio Publico e Auxiliares da Justiça Militar
dos pelo presidente do Tribunal;
k) julgar os recursos de alistamento militar, na fórma Art. 104 - Ao promotor incumbe:
a) requerer, á autoridade militar competente, inque-
u~ legislação em vigor ;
l) consultar, com seu parecer, as questões que lhe rito policial para o descobrimento do crime e seus autores;
forem affectas pelo Presidente da Republica, sobre econo- b) denunciar os crimes, assistir ao processo e julga-
mia, disciplina, direitos e deveres das forças de terra e mento, promovendo todos os termos da accusação ;
mar, e classes annexas;
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- 94
CODIGO DE J U S'I'ICA lUILI'l'AR
AMADOR CYSNEIROS

Commen-tario : Pela innovação será o promotor o


c) arrolar testemunhas além das que não tiverem sido
consultor jurídico criminal dos commandos o que, aliás,
ouvidas no inquerito, e substituil-as;
até então. independente de autorização legal, fazia a
) accusar os criminosos, promover a sua prisão e a
.execução das sentenças ; pedido dos commandos. Na recti fi cação o texto é iden-
tico ao do Decreto .
e) interpôr os recursos legaes ;
f) recorrer obrigatoriamente para o Supremo Tribu- i
Art. 105 - Ao procurador geral, além do que se acha
nal dos despachos de não recebimento da denuncia, dos que
estatuído no artigo anterior, no que lhe fôr applicavel,
julgarem prescripta a acção penal e das sentenças de incumbe:
absolvição, quando fundadas em dirimentes, ou justificati-
-vas; a) superintender todo o serviço do Ministerio Publico,
expedir ordens e instrucções aos promotores para o desem-
g) requisitar das repartições e autoridades competen-
penho regular e uniforme de suas attribuições, fazer effe-
tes, qos archivos e cartorios as certidões, exames, diligen-
ctiva a responsabilidade dos mesmos e dos demais empre-
ceias e esclarecimentos necessarios ao exercício de suas gados da justiça; '
funcções;
b) of ficiar nos recursos ir1terpostos pelos promotores
h) funccionar obrigatoriamPnte nas justificações para
e submettidos ao conhecimento do Supremo Tribunal Mi-
percepção de montepio e meio soldo. e isenção do ~erviço
militar; litar, e naquelles em que, depois de examinados os autos
·pelos relatores, verificarem estes a necessidade de sua audi-
i) organizar e remetter ao procurador geral a estatís- encia;
tica criminal de sua promotoria, durante o anno, até 31
de janeiro; c) requerer tudo quanto entender necessario para o
julgamento das causas e interpôr os recursos legaes ;
·) visitar as prisões, pelo menos uma vez no anno, e
vigiar o cumprimento das penas ; d) denunciar e accusar os réos nos crimes da compe·
originaria do Supremo Tribunal;
k) requerer, em qualquer phase do processo, a prisão
e) designar qualquer promotor, ou adjunto para pro-
preventiva dos indiciados, observando o disposto do ar-
tigo 149; ceder ,a '•d,~ligencias e promover inqueritos conforme
' acon-
arem os interesses dq, Ju.stiça;
l) emittir Pfl4'ecer nas questões de direito criminal que
lhe s_ejam ~bmettidas pelo comnumdo da Região, e pelo
C:ommentario: Supprimiu-se a expressão: mesmo
da guar_nição quando esta fôr séde de auditoria.
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- 96
CODIGO DE JUS'l'ICA MIL.I'I'AR
AMADOR CY8NEIROS

Guerra, extinctas em virtude do Decreto de reorgani4


fóra de sua circumscripção ou auditoria., antes de pro-
zação do Exercito. A letra a tinda permanecido e
ceder, etc. dizia : "substituir o procurador geral nas suas faltas
e impedimentos, assim como nos processos em que
f) nomear interinamente os adjuntos de promotor;
lhe delegar as suas atribuições por affluencia de ser-
g.) apresentar ctnnualmente, no mez de Janeiro, aos viço".
aos ministros de Guerra e da Marinha, um relatorio esta-·
tistico criminal nelle suggerindo as medidas repressivas que Supprimidas essas attribuições pela rectificação,
o Procurador Geral fica sem substituto legal e o Sub-
julgue necessarias.
Procurador, por seu turno, sem funcções junto ao
Commentario: Creando-se ·mais esta attribuição Supremo Tribunal Miltar porque o Codigo não as de-
para o procurador geral, pretende-se com ella estabele· termina, fazendo-o, entretanto, como adiante se verá,
cer-se bases para um mais perfeito estudo das condi- (artigo 382) com relação á auditoria de correição,
ções de delinquencia entre os militares, apparelhando- onde terá exercicio, como orgão do Ministerio Publico.
se o Governo para adopção de medidas acertadas que Art. 107 - Aos supplentes e aos adjuntos compete
conduzam o Exercito e a Maripha em futuro bem pro- substituir, respectivamente, os auditores e os promotores
ximo estabelecer pelo menos, o seu regimen peni- nas suas faltas e impedimentos, e funccionar · nos casos
tenciaria do qual, desgraçadamente nunca se cogitou. previsto'> no artigo 9. o
Art. 108 - Ao advogado incumbe:
Paragrapho unico - O procurador geral terá assento
a) patrocinar as causas em que forem accusadas pra-
no Tribunal, podendo tomar parte, mas sem direito de ças de pret no fôro militar;
voto, na discussão dos assumptos da competencia do Tri-
b) servir de advogado ou curador nos casos previstos
bunal, ein qualquer momento. nos artigos 94, letra b, 209 e 220;
Art. 106 - (Supprimido pela rectificação).
c) defender no fôro criminal commum as praças de
ptet. quando acdusadas de crime commettido em •serviço
Commentario: O Decreto de reforma mandára militar, ou por motivo deste;
supprimir no artigo em apreço que se referia ás attri-
d) promover a revisão dos processos e o perdão dos
buições do sub-procuraor, a alinea b, que regulava suas
condemnados nos casos em que a lei o permitte;
funcções como consultor jurídico do Ministerio da
- 99 -
98
AIIIADOR CYSNEIR OS
CODIGO D E JUSTIÇA MILI'J'AR

e) requerer, por intermedio do auditor; as diligencias


f) acompanhar o auditor nas diligencias do seu pfficio ;
e informações necessarias á defesa do accusado;
f) recorrer obrigatori.atmente das sentenças condemna- g) archivar os livros e papeis, para delles dar conta
a todo tempo ;
t01·ias dos crimes de deserção e insubmissão .
h) ter em dia a relação de todos os moveis e utensi-
lios da auditoria, os quaes ficarão a seu cargo;
Comm.entario: A reforma havia mandado encai-
i) reunir os dados necessarios ao relatorio annual do
xar este dispositivo entre as attribuições do Promotor,
na alínea f. Posteriormente a rectificação enquadrou-o auditor e fazer a correspondencia administrativa da audi-
toria;
neste artigo. Ainda assim não concertou o que estava
errado porque no paragrapho 6 . 0 do artigo 257 ficou j) ter sob sua guarda e responsabilidade os autos dos
processos submettidos ao Conselho;
esclarecido que a vista será aberta ao Promotor,
k) rubricar os termos, actos e folhas de autos;
quando deveria ser ao advogado, ou melhor, ás partes.
l) organizar o livro de tombo do cartorio com indi-
cação do nome do réo por ordem alphabetica, especie e
Art. 109 - Ao escrivão incumbe:
numer8 do processo, e datas da entrada e remessa.
a) escrever em fórma legal os processos, mandados,
Art. 110 - Ao escrevente incumbe auxiliar o escri ..
precatarias, cartas de guia e mais actos propríos do seu
vão, podendo, quando juramentado, ser encarregado de todo
officio; o serviço do cartorio, inclusive inquirição de testemunhas
b) passar procuração apud acta;
e termos nos autos, sob a responsabilidadeé exclusiva do
c) dar, mediante despacho do auditor, certidões verbo
escrivão, que os subscreverá.
ad verbunt, ou em relatorio, que lhe
I
forem pedidas e não
Art. 111 - Ao secretar io do Supremo Tribunal
versarem sobre objecto de segredo;
incumbe, além das attribuições administrativas que lhé
d) ler o expediente e os autos nas sessões do Conselho,
forem dadas no Regimento Interno:
toinando nota de tudo quanto nellas accorrer, para lavrar
a) assistir ás sessões para lavrar as actas e assignal-as
· a acta respectiva que tem de ser junta aos autos, na qual
com o presidente, depois de lidas e approvadas;
mencionará a hora em que começaram e terminaram os
b) lavrar portarias e ordens;
trabalhos; c) receber e ter sob sua guarda e responsabilidade os
e) fazer em cartorio as notificações de despachos or-
auto1! e papeis apresentados ao Tribunal, submettel-os á
denadas pelo auditor nas diligencias do seu officio; distribuição ;
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CODIGO DE ,JUSTICA MILITAR
AMADOR CY~NEIROS

sentação, como o Ministerio Publico ou o accusado, medi-


d) passar, mediante despacho, certidões que lhe forem ante requerimento, podem suscitar conflicto de jurisdicção.
pedidas de livros, autos e documentos sob sua guarda, e
Art. 114 - O conflicto será resolvido pelo Supremo
não versarem sobre objecto de segredo;
Tnbunal, observadas as disposições seguintes :
e) proceder á leitura do processo na sessão de julga~
§ 1. 0 - O suscitante remetterá á secretaria do Tribu~
mento dos · crimes da competencia originaria do Supremo
nal uma exposição fundamentada do caso, acompanhada
Tribunal;
f) remetter au auditor respectivo cópia do accordão dos documentos que lhe parecerem necessarios.
logo que tenha passado em julgado; § 2. o - Distribuído o feito. o relator immediatamente
g) archivar os autos de todos os processos findos, requisitará informações aos Conselhos em conflicto, remet:-
livros e papeis para delles dar conta a todo tempo. tendo-lhes cópia da petição ou representação, e ordenará a
Art. 112 - ( Supprimido pela rectificação) . suspensão dos processos até a decisão do conflicto pelo
Tribunal.
Commentario: A reforma extinguindo os cargos § 3. 0 - Os Conselhos em conflicto prestarão as infor-
de officiaes de Justiça deixou de supprimir o disposi- mações 110 prazo maximo de cinco dias, contados daquelle
tivo deste artigo sem esclarecer, por outro lado, a quem em que tiverem recebido a ordem.
competia fazer os pregões durante as sessões dos Con~ § 4. o - O relator ou o Tribunal poderá ordenar, se
selhos. O decreto de rectificação resolveu o impas<>e f julgar conveniente, que os autos dos processos que determi-
foi facil incluir os artigos 29 e 112 como tendo sido naram o conflicto sejam presentes á sessão do julgamento.
tambem supprimidos pela reforma, sem se lembrar o § 5. 0 - Recebidas as informações, o Tribunal, ouvido
legislador de amparar esses humildes serventuarios da o procurador geral e a exposição verbal do relator, · decidir~
Justiça, muitos dos quaes com varias decadas de annos o conflicto até a sessão seguinte; salvo se a instrucção do
de serviço, ora terão de appellar para o texto consti~ feito depender de diligencias.
tucional afim de garantirem os seus direitos. § 6. 0 - Lavrado o accordão, que conterá explícita·
mente os fundamentos da decisão, remetterá o secretario
CAPITULO VI
cópia delle a cada um dos conselhos em conflicto.
Dos conflictos de jurisdicçâo § 7. o - Se dois ou mais Conselhos forem todos com·
petentes, correrá o processo perante aquelle que primeira
Art. 113 Tanto os Conselhos, por meio de repre~
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102 -
AMADOR CYSNEIROS CODIGO DE JUS'I'I()A MIIJ'I'AR

lf ·
delle conheceu; se incompetentes, fatá o Tribunal remetter buições para requerer ás autoridades militares compe-
o processo ao fôro que competente fôr. tentes o devido inquerito policial militar. Era o que
se continha na letra c deste artigo ora supprimida.
A nova disposição está em flagrante ~ontradicção com
TITULO III o dispositivo de letra a do artigo 104 que mantem a
anterior attribuição ao Ministerio Publico para reque-
Dos actos preliminares do processo
rer seja instaurado inqueritos aliás, um dos mais per-
feitos attributos do orgão a 'quem compete zelar pela
CAPITULO I
fiel observancia das leis penaes.
Do inquerito policial militar A reforma, não modificou a rédacção do para-
grapho 3. 0 deste mesmo artigo que se refere a letra c
Art. 115 - O inquerito policial militar consiste num supprimida.
processo summario, em que se ouvirão o indiciado, o offen-
dido e te!>temunhas, e se farão o auto de corpo de delicto +- § 1. o - O procedimento ex-officio compete á autori-
e quaesquer exames e diligencias necessarias ao esclareci- dade militar sob cujas ordens estiver o accusado, logo que
mento do facto e suas circumstancias inclusive a detenni- ao conhecimento della chegue a noticia do crime que a este
nação do valor do damno quando se tratar de crime con- se attribue.
tra a propriedade publica, ou privada. § 2. G - A determinação para instauração do inquerito
Art. 116 - O inquerito póde ser instaurado: compete. observada a ordem hierarchica ou administrativa,
a) ex-officio, ou em virtude de determinação supe· ao superior ou chefe da autoridade a que se refere o para-
rior; grapho anterior.
b) a requerimento da parte offendida ou de quem ~ 3. 0 - O requerimento e a requisição de que tratam
legalmente a represente ; as letras b e c ~erão dirigidos á autoridade militar sob cujas
c) (su;~,Primida pela refonna). ordens servir o accusado.
§ 4. o - Os ministros da Guerra e da Marinha pode-
C,ommentario: Anteriormente o Ministeri~ Pu- rão avocar qualquer inquerito, e designar a autoridade que
blico tendo conhecimento, por qualquer modo, da exis· do mesmo se encarregue.
tencia, ou da pratica de qualquer delicto tinha attri- Art. 117 - A Policia. Militar será exerâda pelos

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AMADOR CY~NEIROS
CODIGO DE .JUSTICA MILITAR

ministros da Guerra e da Marinha, chefes do Estado Maior


longinquos e que, por esse motivo, chegam a gozar de
do E~·ercito e da Armada, commandantes de Grupos de
independencia administrativa e economica, como as
Regiõe_s, Regiões, Brigadas, Guarnições, unidades e com-
companhias isoladas, baterias independentes, contin-
mandantes correspotldentes da Marinha; chefes de Defir:Jr-
gentes de fronteiras etc.
tamentos, Serviços, Estabeecimentos e repartições militares
e na.vaes, por si ou por delegaçào, .. Modificaram, no paragrapho primeiro, somente a
§ 1 . o - Nos casos de indícios contra official, a dele- redacção, não sendo alterado o sentido do primitivo
gação se fará a official de patente superior a do indiciado. texto.
§ 2. 0 - Para funccionar como escrivão no inquerito, O paragrapho segundo determinou a graduação
a autoridade que o instaurou nomeará, por proposta do dos escrivães de inquerito quando se trate de praça de
encarregado, um sargento, se o indiciado fôr praça ou asse- pret, ou official. A nomeação que antigamente era
melhado 'Um official 4Ubalterno se fôr o indiciado official. directamente feita pelo encarregado do inquerito, pas-
§ 3. 0 - Em casos. e:~cepcionues a autoridade que ins- sou a ser da autoridade que delegou poderes, por pro-
taurou Q inquerito poderá, a pedido do encarregado, solicitar posta daquelle o que vem difficultar sobremodo, de
que o prom otor acompanhe as diligencias. inicio, o andamento do inquerito. O texto anterior
§ 4. 0 - O praso para conclusão do inquerito é de 25 desse ·mesmo paragrapho referia-se a possibilidade do
dws. Por m otivo excepcionaes poderão proroga1-o os com- Governo, em casos excepcionaes, designar qualquer
nwndmttes de região por 20 e o ministro da Guerra e da auditor, ou membro do Ministerio Publico, para pro-
Marinha. pelo que arbitrar. ceder a inquerito, o que foi agora supprimido, como se
té no paragrapho 3. o que trata da assistencia ao inque-
Commentario: O novo texto do artigo 117 espe- rito, por parte do Ministerio Publico, por solicitação
cificou melhor quaes as autoridades a quem compete do encarregado á autoridade que o mandou instaurar,
exercer e delegar poderes policiaes militares. No materia que se achava estudada no artigo 121 do an-
antigo texto os commandantes de Grupos de Regiões, tigo texto, com maior amplitude.
Brigadas e Guarnições, chefes do Estado Maior do
Pelo eX1P.osto verifica-se como ficou restringida
Exercito e da Armada não tinham taes attribuições.,
á autoridade do commando, as funcções de encarregado
Foram esquecidos, todavia, os commandantes de
do inquerito com a preocupação evidente da impossi-·
. sub-unidades destacadas fóra das sédes, em logares •• bilidade do Ministerio Publico, por iniciativa propria,
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107 -
CODIGO D E JUS'riCA MILI'l'AR
AMADO.ft CYSNEIROS

ponsabilidade dos altos commandos sobre as unidades


acompanhar o andamento das diligencias preparatorias
delles dependentes, em materia policial e de ·modo tão
do processo .
accentuado que os inqueritos podem ser avocados
O paragrapho quarto determina o prazo para a
quando lhes pareçam necessario.
conclusão do inquerito, o que não deixa de ser uma boa
medida, ponto em que o Codigo primitivo silençiava.
Art. 119 - T erminaas as diligenciaS o encarregado
Mas, entre o determinar 25 dias para sua conclusão,
fará um relatorio que constará de unw. parte expositiva
com mais 5 dias de prorogação ad libitwm do com-
dando succinta informação de como os factos se passaram,
mando e, acima desse prazo pelo que os ministros mili-
mencionando o local, dia e hora em que ocorreram, se pos-
tares determinarem, vae uma disparidade sem limites,
.avel, indicação surmnaria das provas colhidas com citação
em desaccordo com a sabedoria da medida que tende
de fls.. e de outra conclusiva onde apreciará o 11alor das
a impedir retardamentos prejudiciaes ao esclareci-
provas concluindo se há falta a punir ou crime c, neste
mento dos factos a serem investigados.
caso, .1i militar ou civil, e dirá da conveniencia da pr·isâ'o.
§ 1 . o - Se os factos constantes das averiguações
Art. 118 - Os cmmnandantes de região e brigada e
cn1,1stituirem contravenções da disciplina militar, proceder-
forças na•vaes são p~Jrticularmente responsaveis pela policia
se-á de conformidade com o disposto nos regulamentos
nas unidades de seu commando e os de guarnição, igual-
disciplina~:es do Exercito e da Armada.
mente, 1ws unidades da séde.
Os autos serão archivados devendo, nas regiões, ter
§ 1. 0 - Sempre que um commandante de unidade ins-
os. respectivos commandos, por via hierarchica, conheci-
taurar um inquerito fará comm·unicação, por via hierar-
mento por cópia do relatorío e da solução. I dentico conheci-
chica, ao comnwndante de região, 01t de força naval a1 que
mento devem ter os com1nandantes de guarnição.
estiver subordinado com succinto relato do facto e designa-
Na Ar1nada os autos serão archivados na secção de
ção do encarregado.
Justiça da Directoria Pessoal.
§ 2. o --.-: Os commandatz tes de região e brigada e os de
forças navaes poderão avocar a si a solução do inquerito.
' § 2. 0 - Se os factos constituírem crime ou contraven-
ções da competencia dos tribunaes civis, serão os autos
remettidos á autoridade competente, por intermedio da auto-
Commentario: O anterior texto era o que esda-
ridade mais graduada da circumscripção.
recia as funcções de escrivão de inquerito. O actual
§ 3. o - Se os factos constituírem crime da competen-
estabelece com os seus paragraphos uma directa res-
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AMADOR CYSNEIROS
CODIGO DE .JUSTIÇA MILITAR

cia dos trbiunaes militares, serão os autos remettidos, por


submettidos ao exame de um technico poderiam resul·
intermedio da autoridade mais graduada da circumscripção,
tar no completo esclarecimento dos factos de que tives-
ao auditor, que os mandará com vista ao promotor.
sem sido objecto.
Na 1. a circumscripção, a remessa se fará ao auditor
mais antigo, respectivamente com jurisdicção no Exercito
Art. 120 - O relatorio conterá uma succinta exposi-
e na Armada .. ção dos factos com indicação summaria das provas colhidas
§ 4.0 - No caso de delegação, serão os autos remetti-
e das pessoas que tenham razão de saber do facto criminoso,
dos á autoridade que determinou o inquerito, a qual pro-
além das já ouvidas.
cederá na fórma dos paragrpahos anteriores.
A autoridade incumbida do inquerito pronunciar-se-á
§ 5. 0 - (Supprimido pela reforma).
motivadamente, no final do relatorio, sobre a necessidade
ou convesiencia da prisão preventiva do indiciado. O.s
Con~mentario : As conclusões do inquerito eram
chefes do Estado Maior do Exercito e Estado Maior da
reguladas anteriormente petos artigos 119 e 120 do
Arm,qda e commandante de esquadra terão quanto ás for-
codigo. Substitui do o primeiro pelas innovações que
ças e estabelecimentos delles dep endentes e os chefes do
acima se encontram, 'não mais havia necessidade da
Departamento do Pessoal do Exercito e da Marinha, quanto
manutenção do artigo 120 que a reforma deixou ficar
ás tropas, estabelecinMntos delles dependentes . ou dos diver-
e que não é tão explicito quanto o novo preambulo do
sos serviços, as mesmas attribuições dadas neste capitulo ao.s
artigo 119. O antigo paragrapho 5.0 , agora supprimido,
commandantes de região.
continha uma disposição que mandava fosse todo in-
querito remettido á autoridade militar competente,
Commentario : Ahi temos o artigo 120 do qual
ainda mesmo que nada se apurasse. Quasi sempre , iam
falamos e que a reforma deixou ficar depois de feita
ter á Justiça onde então, examinados pelo promotor
a redacção do artigo 119. A ultima parte regula uma
os indicios e provas de criminalidade, opinava pelo
funcção de commando que caberia melhor na lei de
seu archivamento ou proseguimento dando-se de tudo
organisaçâo das forças e serviços militares.
conhecimento ao commando da Região. Supprimido
assim o paragrapho quinto, muitos inqueritos mal con- Art. 121 - (Supprimido pela reforma).
duzidos e, portanto, com conclusões deficientes, serão
archivados nas proprias regiões, quando se fossem
Co mmentario: Era o que previa a assistencia do
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AMADOR CY!!NEIROS
CODIGO DE JUSTIÇA MIL.ITAR

promotor nos inqueritos expontae sua, ou sob solicita-


ção do encarregado dos mesmos. Art. 125 - Para que a autoridade possa fazer exa·
mes domiciliares e busca, é preciso que haja no logar indí-
Art. 122 - Poderá ser dispensado o inquerito policial cios vehementes ou fundada probabilidade da existencia
em caso de flagrante delicto, ou quando o facto já estiver . de vestígios, instrumentos ou objectos do crime, ou de ahi
esclarecido, por documentos, ou outras provas. se achar o criminoso ou seus cumplices.
Art. 123 - ( Supprimido . pela reforma). Art. 126 - Os mandados de busca devem:
a') indicar a casa pelo seu numero, situação e nome do
Commentario : Já viram que não é mais per· proprietario ou morador;
mittida a assistencia do Ministerio Publico nos inque·
b) descrever a causa ou nomear a pessoa procurada ;
ritos, salvo a juizo dos commandos. O texto suppri•
c) ser escriptos pelo escrivão e assignados pela autori-
mido attribuia ao Procurador Geral poderes de desi• dade, com ordem de prisão ou sem ella.
gnação de qualquer promotor para assistir aos termos
do inquerito, embora fóra do territorio onde tivesse Art. 127 - A execução dos mandados compete aos
officiaes de Justiça, ou militares nomeados ad hoc pela
exercido.
autoridade que houver ordenado a busca e apprehensão.
Art. 128 - Os encarregados da diligencia serão
CAPITUULO II acompanhados de duas testemunhas que os possam abonar,
e depôr, se fôr preciso, em justificação dos motivos que
Da busca e apprehensão determinaram ou tomaram legal a entrada ou fizeram
necessario o emprego da força no caso de opposição ou
resistencia.
Art. 124 - A autoridade competente, quando fôr
necessario, procederá ou mandará proceder a exame e Art. 129 - A' noite em nenhuma casa se poderá
busca, onde julgar conveniente, fazendo lavrar auto dr· proceder a exames ou buscas.
<:umstanciado de tudo quanto observar, com descripção da Art. 130 - Antes -de entrar na casa, deve o encarre-
localidade e indicação de quaesquer objectos suspeitos. gado da diigencia lêr ao morador o mandado de busca,
O auto será authenticado pela autoridade e assignado por . intimando-o a obedecer á ' sua execução.
0
-duas testemunhas, pelo menos. . § 1 . - Não sendo obedecido, poderá arrombar a
porta da casa e nella entrar, forçar qualquer porta :inte-
-- 112
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AMADOR CYSNEIROS
CODIGO DE JUSTICA MILITAR

rior, armaria ou outro movei ou cousa, onde se possa com


fundada de terceiras pessoas, ou, por lei, não tenham sido
fundamento suppôr escondido o que se procura. perdidos para o Estado.
§ 2. o - Fi~da a diligencia, lavrarão os executores
um auto de tudo quanto occorrer, no qual tambem nomearão
as pessoas e descreverão as cousas e logares onde foram
CAPITULO III
encontradas, assignando-o com as duas testemunhas presen·
ciaes. Do corpo de delicto e outros exames
Art. 131 - Os mandados de busca tambem podem
ser concedidos a requerimento da partt., com declaraç~o
Art. 13-5 - Quando o crime fôr dos que deixam ves-
das razões por que presume se acharem os objectos no
tígios, a autoridade nomeará dois peritos profissionaes, e,
logar indicado. Quando taes razões não forem logo jus-
em falta destes, duas pessoas de idoneidade e capacidade
tificadas por documento, ou por circumstancias taes que
reconhecidas, que, sob compromisso de bem e fielmente
constituam vehementes indicies, exigir-se-á o . depoimento
desempenhar os deveres do cargo se encarregarão de des-
de duas testemunhas, que deverão dar a razão, da sciencia
crever com todas as circumstancias tudo o que observarem
ou presumpção que têm de que a cousa está no logar em relação ao crime.
designado. Paragrapho unico. No caso de div~rgencia dos peri-
Art. 132 - As buscas poderão ser decretadas ex·
tos, a autoridade nomeará um terceiro para desempatar.
officio, por meio de portaria ou mandado,- que será dis
Art. 136 - O exame do corpo d~ delicto será feito
pensado, quando se tratar de caso urgente, lavrando-se,
ex-officio, ou a requerimento da parte, que terá direito a
porém, sempre auto especial com descripção do occorrido. urna cópia authentica do auto.
Art. 133 - As armas, instrumentos e objectos do
Art. 137 - Os quesitos a que os .peritos tenham de
crime serão authenticados pela autoridade apprehensora e responder serão offerecidos pela autoridade que presidir a
conservados em juizo, para serem presentes aos termos da diligencia. Ao MinisterioPublico e á parte interessada é
lormação da culpa e do julgamento. licito offerecer os seus.
Art. 134 - O auditor providenciará no sentido de
Art. 138 - Conclui dos as observações e exames, o
se restituírem a seus donos os objectos ou valores appre· escrivão reduzirá tudo a auto que será a assignado pela
hendidos aos criminosos, e os que tenham vindo a juizo autoridade, peritos e duas testemunhas.
para prova do crime uma vez que não haja impugnação Paragrapho unico - Podem os peritos, se as circumS'-
-114-
- 115
A lll AUO R C YSNEIROS CODIGO DE J U S 'l'IÇA liiiLI'l'AR

tancias o exigirem, requerer prazo razoavel para apresen· Art. 143 - Fallecendo o offendido, os peritos decla·
tarem as suas respostas . rarão a causa determinante da morte e todas as circumstan·
Art. 139 - Toda vez que baixar a hospital ou enfer- cias que observarem, verificadas por meio de autopsia.
maria militar, alguem com signaes que autorizem a suspeita Art. 144 - O corpo de delicto poderá ser feito en1
de crime, o director, ou quem suas vezes fizer, providen- qualquer dia e hora, mesmo em domingo ou feriado de
ciará de modo a ser feito o exame de corpo de delicto, modo que medeie o menor espaço possível entre elle e a
observadas as formalidades prescriptas nos artigos anterio- perpetração do crime .
res . Quando não existirem vestígios ou estes tiverem Art. 145 - Nas diligencias e exames que a bem da
desapparecido, a autoridade militar encarregada do inque- justiça tenham de fazer nos navios, quarteis, estabelecimen-
rito indagará quaes as testemunhas do crime, e as fará vir tos ou repartições publicas, civis ou militares, as autorida·
á sua presença, inquirindo-as, sob compromisso, a respeito des competentes dirigir-se-ão aos respectivos commandan·
do facto e suas circumstancias . tes ou directores, avisando-os do dia e hora em que se terão
Art. 140 - O corpo de delicto tem por complementm de effectuar.
outros exames, taes como: Art. 146 - Os peritos que sem justa causa se recusa-
a.) exame de sanidade ; rem a fazer o exame de corpo de delicto, ou qualquer
b) autopsia; exame complementar, serão multados em 50- ou 100$ pela
c) exames de laboratorio e outros que forem necessa- autoridade que presidir ao acto .
rios.
Art. 141 - As regras concernentes ao corpo de deli-
cto são applicaveis aos outros exames, de accordo com o TITULO IV
estabelecido no decreto n. 6. 440, de 30 de março de 1907.
De prisão e da menagem
Art. 142 - Proceder-se-á a exame de sanidade
quando o offendido tiver alta do hospital ou enfermaria
CAPITULO I
ou, quando passados 30 dias do ferimento, lesão ou offensa
physica, não estiver restabelecido. Os peritos, nesse caso, Da prisão em flagrante delicto
declararão a causa da prolongação do mal, se esta resulta
da offensa physica ou de circumstancias espeaiaes e e:Xtra- Art. 147 ~ Qualquer pessoa póde, e os militares
ordinarias, e se o offendido apresenta perigo de vida. devem, prender quem fôr encontrado commettendo crime

-116- 117-
AMADOR CYSNEIROS CODIGO DE JUS'l'I(IA MILITAR

militar, ou, após a pratica deste, tentar fugir perseguido do processo, quando a ordem a disciplina ou o interesse da
pelo clamor publico. Sómente nestes dous ultimas casos a justiça o exigirem, occorrendo em conjunto ou isolada-
prisão se considera feita em flagrante delicto. mente, as seguintes condições :
§ 1. o - Apresentado o preso á autoridade militar, a) declaração de duas testemunhas, que deponham sob
ouvirá esta o conductor e as testemunhas que o acampa· compromisso e de sciencia propria, ou prova documental
nharem, interrogará o accusado sobre as arguições que lhe de que resultem vehementes indícios de culpabilidade;
são feitas, indagando ó logar e a hora em que se commetteu b) confissão do crime.
o crime, fazendo de tudo lavrar auto, por todos assignado. Art. 150 - A prisão preventiva será decretada por
§ 2. 0 - Resultando das respostas suspeitas contra o ordem escripta, podendo, nos casos urgentes, ser determi-
conduzido, a autoridade mandará recolhel-o á prisão, proce~ nada por via telegraphica, ou por qualquer modo que torne
dendo, em seguida, exame de corpo de delicto, á busca para certa a sua decretação .
apprehensão dos instrumentos do crime e a outras · diligen- Art. 151 - A ordem de prisão será expedida ex-offi-
cias que forem necessarias para o esclarecimen~o deste; cio ou a requerimento do Ministerio fublico.
feito o que remetterá o processo, dentro em cinco dias, ao Paragrapho unico - A cópia do mandado de prisão
auditor respectivo, á cuja disposição passará o preso, com- equivalerá á nota de culpa.
municando o facto, por officio, á autoridade militar a que
Art. 152 - A ordem de prisão requer, para a sua
estiver subordinado.
legitimidade, o concurso das formalidades seguintes:
Art. 148 - A autoridade militar dará ao preso, den-
a) que emane de autoridade competente;
tro de 24 horas, nota de culpa, por ella assignada, contendo
b) que seja escripta pelo escrivão e assignada pela
o motivo da prisão e os nomes do accusador e das teste-
autoridade;
munhas.
c) que nomeie a pessoa que deve ser presa ou a designe
por signaes que a façam conhecida do executor ;
CAPITULO II
d) que declare o motivo da prisão;
e) que seja dirigida a quem fôr competente para exe-
Da prisão por mcindado
cutai-a.

Art. 149 - Fóra do flagrante delicto, a' pris;;:o, antes Art. 153 - Quando o accusado estiver fóra da juris-
da culpa formada, poderá ser ordenada em qualquer phase dicção da autoridade que decretar a prisão, será esta requi.

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A~IADOR CYSNEIROS CODIGO DE JUSTICA 1\IILI'l'AR

sitada á autoridade competente da circumscripção em que e) a entrada da casa é permittida, mesmo á noite, se
o mesmo se achar. tendo nella entrado o preso, de dentro pedirem soccorro.
Art. 154 - Se o accusado estiver em paiz estran- f) toda pessoa que se oppuzer por qualquer fórma á
geiro, a prisão será requisitada de accordo com as regras execução do mandado, será presa e remettida á autoridade
do Direito Internacional. competente, para os fins de direito.
Art. 155 - Na execução da ordem de prisão, obser- Art. 156 - Qualquer das autoridades referidas no-
var-se-á o seguinte : artigo 117 poderá ordenar a detenção ou prisão do indi-
a) o executor dar-se-á a conhecer, e, lendo o man- cado durante as investigações policiaes, até 30 dias.
dado ao accusado, o intimará a acompanhal·o; § 1. 0 - Si houver necessidade da detenção ou prisão
b) sómente quando o accusado resistir ou procurar do accusado por tempo superior a trinta dias o comman-
1

evadir-se, poderá o executor empregar força para effectuar dante da Região ou autoridade correspondente da Armada
a prisão; poderá prorogar esse praso por mais 15 dias medicmte
c) se o accusado resistir com armas, de modo a pôr solicitação fundamentada e pot· via hierarchica.
em risco a vida do executor, poderá este lançar mão dos § 2. 0 - Desde que o encarregado do inquerito verifi-
meios necessarios á sua defesa, e, em tal conjunctura, o que pelas diligencias indícios vehementes de quem seja a
ferimento ou morte do mesmo é justificavel. Esta dispo- criminoso fará disto communicação fundamentada á auto-
sição comprehende as pessoas que auxiliarem a execução ridade que o nomeou q, qual pedirá ao Conselho Permanente
do mandado e as que prenderem alguem em fla~rante, fiem de Justiça ou juizes competentes a prisão preventivo do
como, de outro lado, os que ajudarem a resistencia do accusado dando sciencioa ao commanda da região poT via
1

accusado ou o quizerem tirar do poder do executor. h.ierarchicaJ e ao da guarnição quai,ndo fôr o caso.
1

d) se o accusado se introduzir em alguma casa, o exe-


cutor intimará o respectivo morador a entregai-o mos- Commentario: Anteriormente, a prisão para ave-
trando a ordem de prisão e fazendo-se conhecer. Se não riguações era feita durante o tempo em que estas du-
fôr immediatamente obedecido, chamará duas testemunhas, rassem. Dahi resultarem cerceamento de liberdade
e, sendo de dia, entrará á força, arrombando as portas se constante sobre o qual, quasi sempre era obrigado a
preciso fôr; sendo de noite, tomará todas as sabidas, pro- se manifestar o Supremo Tribunal Militar, em cons·
clamará o predio incommunicavel e, logo que amanhecer, tantes pedidos de "habeas-corpus". O accrescimo feito
penetrará na casa, de tudo lavrando auto. no preambulo do artigo 156: até 30 dias e o que se

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AMADOR CY!!NEIROS CODIGO DE JUSTICA MILITAR

lê nos paragraphos que se lhe juntaram regulam a ma~ rat~ça q'!te aquella possa offerecer sobre a sua presença ao
teria, facultando o pedido da conversão dessa deten- processo.
ção em prisão preventiva, por intermedio do com- § 2. 0- O Ministerio Publico será previamente ou-
mando, directamente ao Conselho Permanente de vido sobre a menagem, emittindo, no prazo de 48 horas, pa-
Justiça. Da fórma, porém, como está redigido o para- recer, não só sobre a conveniencia da sua concessão como
grapho segundo só se pode dar esse pedido quando se sobre o logar em que deve ser gosada, informando-se a res-
tratar de praça de pret, pois, sendo o indiciado um peito com a autoridade militar competente, quando julgar
official, mesmo subalterno, não é admissivel seja sua neces~ario.
prisão decretada por um conselho constituído de offi-
ciaes entre os quaes se encontram inferiores hierar-
Commentario: Tudo já estava previsto no texto
chicos seus.
anterior. O accrescimo é simplesmente uma redun-
dancia, porquanto a graduação do accusado já se le-
vava em consideração e esta naturalmente dizia sobre
CAPITULO III
a segurança que po_dia offerecer comparecendo aos
termos do processo .
Da menagem

Art. 157 - A menagem poderá ser concedda nos Art. 159 - Se aquelle a quem fôr concedida a mena-
crimes cujo maximo de pena fôr inferior a quatro annos gem deixar de comparecer sem causa justificada a algum
de prisão. acto judicial para que tenha sido citado, ou não puder ser
Art. 158 - A menagem será concedida: ao official, citado por se furtar á citação, ou se retirar do logar que lhe
no acampamento, cidade ou logar em que se achar ou que fôr designado, será preso e, sem prejuízo das penas de
lhe fôr designado; á praça de pret e aos assemelhados, no ordem criminal em que incorrer, não se poderá mais livrar
interior do quartel, navio ou estabelecimento ·a que perten· ~oito.
cer ou lhe fôr designado. § 1. o - Cessa a menagem com a sentença condemna-
§ L o - Para a concessão de menagem ter-se-ão em toria proferida pelo Conselho de Justiça, ou pelo Supremo
consideração a gravidade e circumstancias do crime, a gra· Tribunal.
duação do accusado e seus precedentes militares, e a segu- § 2. • - Ao· reincidente não. se concederá menagem.

122 - 123 -
AltiADOU. (]YSNEIR.OS CODIGO DE .JUSTI()A MILITAR

TITULO V Art. 163 - As testemunhas que, salvo o caso de


molestia comprovada, deixarem de comparecer no logar,
Da prova em geral
dia e hora marcados, serão conduzidas presas, e, na reinci-
dencia, punidas com cinco a quinze dias de prisão imposta
CAPITULO 1
pelo Conselho .
Dos meios de prova Paragrapho unico - Se a testemunha fôr militar de
patente superior á da autoridade notificante, será compel-
Art. 160 - Constituem prova no processo criminal: lida a comparecer, sob as penas da lei, por intermedio da
a) as testemunhas ; autoridade militar a que estiver immediatamente subordi-
b) os documentos; nada.
c) a confissão; Art. 164 - A testemunha deve declarar seu nome,
d) os indícios ; idade, residencia e condição, se é parente, e em que gráo,
e) o exame por peritos. ;amigo, inimigo ou dependente de alguma das partes, e dizer,
sob compromisso, o que souber e lhe fôr perguntado sobre
CAPITULO II -o facto . Nenhuma pergunta que não tenha relação directa
com este lhe poderá ser feita, devendo, porém, ficar con-
Das testemunhas •signadas no termo da inquirição · as perguntas formuladas
·e a recusa do Conselho.
Art. 161 - Na formação da culpa não poderão ser Art. 165 - Não podem ser testemunhas de accusação
inquiridas menos de tres nem mais de seis testemunhas, ou de defesa o ascendente, descendente, marido ou mulher,
além das referidas e informantes. Havendo mais de um ·sogro ou genro, irmão ou cunhado, tio ou sobrinho, primo
indiciado, poderão ser ouvidas mais duas acerca da res- co-irmão, inimigo capital ou amigo intimo do accusado, os
ponsabilidade daquelle a respeito do qual não houverem absolutamente incapazes ao tempo do facto ou do depoi-
deposto as testemunhas inquiridas. mento ·e os que sobre o facto por estado ou profissão devam
Art . 162 - O accusado poderá apresentar na forma- .guardar segredo. Poderão, entretanto, ser ouvidas estas
ção da culpa até tres testemunhas de defesa. Se estas fal- pessoas, independentemente de compromisso, sendo reduzi-
tarem á sessão designada, não serão mais admittidas, salvo das a termo as informações que prestarem. Taes pessoas
motivo de força maior, a juizo do Conselho. não serão computadas no numero indicado no artigo 161 ..

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AMADOR CYS•NEIROS CODIGO DE JUSTIÇA ltiiLITAR

Art. 166 - Além das testemunhas numerarias, serão juiz civil do loc-al o_u commandante de corpo onde houver,.
inquiridas, sempre que fôr possível, as pessoas a que ellas podenào este delegar suas funcções a official de patente-
se referirem em seus depoimentos sobre pontos essenci.aes para cwn~pril-a.
do processo
Art. 167. - As testemunhas serão inquiridas cada
Commentario : O legislador da reforma desco-
uma de per si, de modo que umas não possam ouvir os nhecia, por certo, os termos do decreto numero 21. 392
depoimentos das outras. de 11 de maio de 1932 que alterou integralmente
Art. 168- Podem as partes, logo após a qualificação, o texto do artigo 170 e seu paragrapho do codigo.
oppôr contradicta ás testemunhas que lhes pareçam suspei- O decreto em apreço reza o seguinte :
tas de parcialidade ou indignas de fé, declarando e pro-
vando immediatamente as circumstancias ou defeitos que Considerando :
justifiquem a contradicta. Podem ainda contestar afinal, Que a inquirição de testemunhas, nos processos.
produzindo summarissimamente as razões que tiverem militares, só podendo ser feita dentro de cada circums·
cripção judiciaria na séde das Auditorias, pelos res-
contra a verdade do depoimento. ·
Art. 169 - O depoimento da testemunha será redu- pectivos auditores, acarreta não sómente gravames éÍl
zido a termo, rubricado no inquerito pela autoridade que o Nação, com as despezas de transportes e diarias, mas
presidir e em juizo pelo presidente do Conselho e pelo ainda occasiona, commumente prejuízo ao serviço de
auditor. Este termo será assignado pela testemunha, pelo administração militar com o afastamento de officiaes,
réo e seu advogado ou curador e pelo promotor. Quando por tempo mais ou menos longo, das unidades onde·
a testemunha não puder ou não quizer assignar, nomear-se-á servem.
pessoa que por ella assigne, e o seu depoimento será então Que, além disso, essa exigencia legal desatende
lido na presença de ambos. ao proprio interesse de justiça, principalmente em se
Art. 170 - As testemHnhas residentes fóra da cir'" tratando de testemunhas civis ou ex-militares, reser-
cumscripção e·m que se proceder á formação da culpa, pode- vistas ou excluídos do serviço activo das classes arma-
rão depor por meio de precatoria, com citação das pat"tes, das, e residentes em logares distantes das sédes das
~ q~s será licito offerecer quesitos e representar-se por Aúditorias, visto como não lhes é licito. exigir, para
a prestação de depoimentos, transportes e hospedagem•
procurador.
Paragrapho unico - A precatoria será dirigida a~> á propria custa, afóra o abandono temporario dos seus,

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CODIGO DI'! .JUSTIÇA ~ULI'I'AR
AMADOU. C YSNEIROS

proprios mistéres, pelo que deixam taes testemunhas promotor . Cumprida a precataria, será devolvida á
de attender ao chamado judicial. autoridade deprecante com a maior presteza.
Que, em razão dessa excusa legitima de compare- § 3. o - Recebida pelo auditor a precataria cum-
cimento para a prestação de depoimento, por parte de pnda, deverá a mesma ser apresentada ao Conselho
testemunhas civis, ex-militares, reservistas ou exclui- de Justiça, competente, para que a ratifique ou homo·
dos, os representantes elo Ministerio P ublico se veem, logue, de accordo com o artigo 254 de C. J. M .
geralmente, na contingencia de substituir taes teste- vigente.
,munhas por outras, em prejuízo do esclarecimento do Art. 2. 0 - Revogam-se as disposições em con-
facto delictuoso e dos interesses da Justiça. trario.
Art . 1."' - Substituir o art. 170 e seu paragra;>ho Ora, o que a reforma propoz é um absurdo .
do C. J. M . pelos seguintes : O assumpto estava já perfeitamente esclarecido, por-
Art. 170 - As testemunhas que houverem de que o decreto acima revogou os dispositivos do artigo
depor em processo criminal militar e residirem no 170 . Pretendeu-se, agora, reformar o que já e~tá revo-
districto da culpa, fóra da séde da Circumscripção gado pelo decreto. Além disso o reformador do
J udiciaria, poderão ser ouvidas mediante precato ria, codigo que não pode ter sido um jurista, um legislador,
acompanhada da copia da denuncia, dos quesitos offe- pelo desconhecimento que tem das causas mais elemen-
recidos pea defesa e pelo Ministerio Publico Militar, tares do Direito, pretendeu podesse ser cumprida uma
t expedida pelo auditor respectivo com prazo rasoavel
precataria expedida por um juiz que é o auditor, por
para o seu cumprimento, á Auditoria J udiciaria local, um official do exercito, desconhecendo a pos·sibiliclade
onde residir ou se encontrar a testemunha. da mesma ser processada por quaesquer das autoridades
§ 1 . o - Na hypothese de no local onde residir judiciaes federaes, ou estadoaes que se espalham,
ou se encontrar a testemunha, haver autoridade judi- muito mais desseminadamente por todo o Brasil, do
daria federal, a precataria deverá ser, de preferencia, que as unidades do Exercito, ou da Armada .
expedida ao juiz substituto nu ao supplente, em exer- . A disposição deste paragrapho unico retrata toda
cício, observadas as exigencias e formalidades legaes. a reforma, pelo absurdo que encerra, quando não
§ 2. o - A autoridade a quem for dirigida a pre- resulta da impraticabi liclad~ da sub5tituição de um
cataria, em a recebendo, designará dia para a inqui- textn pelo outro, porque o que estava em vigor não
rição, que será feita perante ella, perante o respectivo era um artigo com um paragrapho somente e sim

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Al'lADOR UYSNEIROS CODIGO DE JUS'l'TÇA l\fJLJ'rAR

com tres paragraphos como se vê no decreto linhas Paragrapho unico - O depoimento ela testemunha,
atraz. sempre que possível, será tambem es-cripto no original pelo
interprete e junto aos autos. No caso da testemunha saber
Art. 171 - A precato ria será acompanhada de cópia lêr e escrever, esse depoimento ser-lhe-á apresentado para
authentica da denuncia e dos quesitos sobre que a teste- que ella o assigne ·se o julgar conforme.
munha deva ser inquirida, propostos pelo Conselho e pelas Art. 176 - As testemunhas civis da formação da
partes. culpa são obrigadas, emquanto não findar o processo, a
Paragrapho unico - Quando as partes forem repre- communicar ao Conselho qualquer mudança de residencia,
sentadas por procurador, no acto da inquirição poderão sob pena de um a cinco dias de prisão, applicada pelo Con-
oiferecer quesitos supplementares, se por elles houverem selho. As militares ficarão á disposição deste e não poderão
protestado perante o Conselho antes da expedição da pre· ser afastada~ da séde sinão com o seu assentimento.
catoria.
Art. 172 - Se alguma das testemunhas tiver de ausen-
tar-se, qu pela idade ou molestia estiver em risco de mor- CAPITULO III
rer antes de prestar o seu depoimento, o Conselho ou o au- "'\
ditor providenciará para que seja inquirida em qualquer dia Dos docunzentos
e no logar em que se achar, perante o accusado e o pro-
motor. Art. 177 - Até o acto do interrogatorio do accusado
Art. 173 - Militar ou funccionario publico, que hou- podem as partes juntar ao•s autos o~ documentos que enten-
ver de ser intimado para qualquer processo, será requi~i­ derem, uma vez que:
tado ao respectivo chefe pela autoridade que ordenar 3 a.) venham acompanhados da traducção authentica, se
intimação. o~ originaes forem escriptos em língua estrangeira;
Art. 174 - As testemunhas que divergirem em pon- b) sendo particulares, tragam a firma do signatario
tos essenciaes serão acareadas, para explicar a divergen- reconhecida por tabellião;
cia ou contradicção. c) não tenham sido obtidos por meios cnmmosos.
Art . 175 - Quando a testemunha não souber falar a Art. 178 - As publicas fórmas ou extractos de
língua portugueza, nomear-se-á um interprete que, sob com- documento original só farãC' prova quando conferidas COill
vromisso, se encarregue de traduzir as perguntas e resposta,. este na presença do auditor pelo respectivo escrivão, ou
- 130 ,.-
131-
A.ltiADOll. U'1S ;'IEIR08
ÇODIGO DE JUSTIÇA .ltiii,ITAR

por outro para esse fim nomeado, citadas as partes, e


lavrando-se termo da conformidade ou differenças encon- caso julgado contra processo posterior de falSidade, civil
tradas . ou criminal, que as partes possam promover.
.Panigrapho unico - As cópias de documentos offi .
ciaes e as certidões extrahidas das nota~ pub!iLas. dP. autcs CAPITULO IV
,,J
e de livros ou documentos offic iaes pelos tabeliiães, cscri·
vães e funccionarios publicas competentes fazem prova Da confissão
independentemente de conferencia .
.:\.tt. 179 - Arguido de falso um documento, se a Art. 181 - Faz prova a confissão do accusado em
f:~.lstdade fôr, por seus caracteres extrínsecos, certa e indu- jui7.o, se livre e accorde com as circumstancias do facto.
bitavel á primeira inspecção, mandará o Con;,elho desen- Art. 182 - Nos casos em que possa ser applicada a
tranhai-o dos autos; e, se depender de exame, observará o pena de 30 annos de prisão. ou de morte. a confissão, nos
proces:;o seguinte : ., termos do artigo anterior, sujeita o réo á pena immediata·
.a) mandará que o arguente o f fereça prova da fal s,tf mente ménor, se não houver outra prova do crime .
da de no termo de tres dias ; Art. 183 - E' expressamente vedado aos juizes e ás
partes procurar por qualquer meio obter do accusado a
b) findo este, terá a parte contraria termo igual para
confissão do crime.
c.untestar a arguição e provar sua contestação;
Art. 184 - A confissão toma-se por termo nos autos,
c) conclusos os autos, com ou sem allegações finaes,
assignada pelo confidente, ou por duas testemunhas quantia
que as partes poderão produzir em cartorio no prazo de 48 t>lle não possa ou não saiba fazel-o.
horas para cada uma, o Conselho decidirá definitivamente;
Art 185 - A confissão é retractavel e divisível.
d) se decidir pela procedencia da arguição, desentra-
nhará o documento e mandará remettel-o, com o processo
de falsidade, ao Ministerio Publico. Essa remessa se fará CAPITULO V
tambem quando o Conselho der logo por fal so o documento ;
e) se a decisão fôr pela improcedencia, proseguirá o Dos indícios
processo os seus termos regulares.
Art . 186 - Para que os indícios provem a responsa-
Art. 180 ·- Seja qual fôr a decisão, não fará esta bilidade, uma vez que o facto e as circumstancias consti-

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Al'IIADOR C YSNEIRO S
CODIGO DE JUS'l'IÇA l'IIILITAR

tutivas do "crime ·estejam plenamente provados, é indispen- e) o tempo e o logar em que foi praticado o crime;
savel o concurso das condições seguintes : f) a classificação do crime.
a) que sejam inequívocos e concludentes; Art. 189 - A denuncia não será acceita pelo auditor:
b) que da sua comb:nação com as· circums~ancias e a) se não tiver os requisitos e formalidades legaes,
peças do processo resulte tão clara e directa connexão entre especificadas no artigo antecedente;
o accusado e o crime que, segundo o curso ordinario das b) se o facto narrado não constituir, evidentemente,
cousas, não seja possível imputar a outrem a autoria deste . crime militar, ou este estiver prescripto.

TITULO VI Commimtario : Aqui se vê uma outra contradicção


da reforma que, noutro dispositivo cassou as attribui-
Do processo commum ções do auditor para receber denuncias.

CAPITULO I Art. 190 - O prazo para offerecimento da denuncia,


em se tratando de réo preso, é de cinco dias, contado do
Da acção penal e da den uncia em que tiver o promotor conhecimento do crime, ou rece-
ber os autos do inquerito, e de 10 dias se o réo estiver
Art. 187 - A acção penal só póde ser promovida por solto.
denunci4 do Ministerio Publico . § 1. o - - Se o representante do Ministerio Publico não
Art . 188 - A denuncia deve conter : offerecer a denuncia dentro do prazo legal ficará sujeito
a,) a narração do facto criminoso, com todas as suas â pena disciplinar que no caso couber, sem prejuízo da
circumstancias ; responsabilidade penal em que incorrer, competindo ao
b) a qualificação do delinquente, ou os seus signaes auditor providenciar no sentido de ser a denuncia offere-
característicos, se fôr desconhecido; cida peJo. adjunto.
c) as razões de convicção ou presumpção da delin- § 2. o - Se o Ministerio Publico julgar necessarias,
quencia; para offerecer a denuncia, quaesquer investigações preli-
d) nomeação das testemunhas, com indicação da pro· minares, ou documentos complementares, ou novos elemen-
fissão e residencia, em numero nunca menor cie tres nem tos de convicção, poderá requi sital-os, mesmo por simples
maior de seis, e dos informantes; officio, de qualquer autoridade ou funccionario .

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C ODIGO DE J US TIÇA DilJJI'r,\ R
A JUADOR CYSNE IR OS

auxiliar o Ministerio Publico, mas não lhe é licito produzi r


§ 3 . 0 - Em casos excepcionaes, o auditor poderá pro-
testemunhas, além das arroladas, nem interpor qualquer
rogar até o triplo o prazo de que trata este artigo.
Art. 191 - Qualqu er pessoa que tenha ·interesse dos recursos legaes .
§ 1 . o --: A' parte offendida é permittido propor ao
directo póde representar pessoalmente á autoridade militar
Ministerio Publico meios de prova. suggerir-lhe diligencias
competente, fornecendo-lhe todas as inf ormações relativas I e a pratica de todos os actos tendentes ao esclarecill)ento
ao facto cri11únoso e snas circumstancias, com espeéifica~
dos factos . requerer perguntas ás testemunhas, por inter-
ções de tempo. lagar e testemtmhas, · fa zendo-o acompanhai'
media do representante do Mínisterio Publico intervir
quando possivel de documentos compro batorios e, receb ida
no debate oral em seguida a este .
a representação, ordenará á autoridade milita-r a a-bertura
§ 2. o - Pódem ser admittidos como aux iliares da
de inquer·ito policial se j ulgar procedente.
accusação, na falta da pessoa offendida, seus descendentes,
Pm·agrapho unico - A o queixoso será licito recorrer
as~endentes . irmãos e conjuges .
á autoridade superior. § 3. 0 - Não póde ser admittido como auxiliar da
accusação o co-réo do mesmo processo .
Commentario ; O texto anterior facultava á qual-
§ 4. o - Sobre a admissão do auxiliar da accusação
quer pessoa representar ao Ministerio Publico que
será sempre, e préviamente, ouvido o Ministerio Publico,
podia pedir abertura de inquerito ou promover de ini-
que dará as razões de sua impugnação, qi.tando a fizer.
cio a acção penal deante das provas que lhe fossem
§ 5 . 0 - Do despacho que não admittir o auxiliar da
apresentadas ou, ainda, no caso em que lhe parecesse
accusação, não cabe recurso algum, devendo, em todo o
tratar-se de transgressão disciplinar, officiar á autori-
caso, constar dos autos o pedido e a decisão .
dade militar competente para agir de accordo com os
§ 6. o - São competentes para decidir sobre a admis-
regulamentos em vigor . são do auxiliar da accusação, nos Conselhos de Justiça, o
A modificação que se fez tirou ao Ministerio
auditor, e no Supremo Tribunal, o relator do feito.
Publico essas attribuições e que ora competem á auto-
ridade militar, com ·o arqitrio de mandar, ou não pro-
~ CAPITULO II
ceder a inquerito, segundo seu juizo, ficando ao quei-
xoso o direito de recorrer á autoridade superior . Da citação
Art. 193 - Apresentada a denuncia, com o auto de
Art. 192 - A parte offendida poderá intervir, para
- 137-
- 136
~
CODIGO DE JUS'l'ICA 1\IILITAR
Al\IADOR CYSNEIROS

§ 1 . o - A precataria conterá ainda a designação da


corpo do delicto, ou sem elle não sendo necessario, o audt-
autoridade a quem é dirigida.
tor mandará autual-a, e decidirá sobre a sua acceitação ou
§ 2. o - Para cumprimento da citação por precato ria
rejeição.
será concedido prazo razoavel, segundo as distancias e faci-
§ 1. 0 - Sendo recebida, o auditor designará dia e
hora para o processo, fará o sorteio e convocação do Con- lidades de communicação.
selho, e mandará que se façam as citações das partes e inti- § 3.0 - As citações serão sempre feitas de dia e com
mações das testemunhas, sob as penas da lei. antecedencia de 24 horas, pelo menos, do acto para que
§ 2. o - Se o réo estiver pre6o, será conduzido a JUlZO se é citado, com prévio pedido de venia do official de jus·
IJ tiça á autoridade militar sob cujas ordens estiver o citando.
no dia e hora designados ; e será citado, se estiver solto.
§ 3. 0 - Não sendo o réo encontrado, a citação será § 4. 0 - O mandado de citação poderá ser impre$SO
feita por editaes, com o prazo de dez dias, para se ver pro· ou dactylographado e conterá, além de uma cópia da denun-
cia, o rol das testemunhas, sendo remettido á autoridade
cessar e julgar, sob pena de revelia.
militar que desig11ará para seu· cumprimento um militar de
Art. 194 - A citação poderá ser feita:
graduação superior ao citando .
a) por mandado, quando se tiver de effectuar em
logar da jurisdicção da autoridade que a mandou fazer;
b) por precataria, quando houver de ser feita fóra do C mnmentario : Supprimidos pela reforma os
logar da jurisdicção da autoridade a quem fôr requerida; Jogares de officiaes de Justiça, somente se cuidou das
c) por editaes, quando o citando estiver ausente em citações · dos réos militares que, como acima se vê.
serão feitas por official de graduação superior ao
Jogar ignorado.
accusado e não ao Citando como quiz o legislador. Mas
Art. 195 - O mandado, precataria ou edital, escripto
os officiaes de Jtistiça tambem cumpriam os . manda-
pelo escrivão e assignado pelo auditor, deverá conter:
dos de intimação das testemunhas militares e civis.
a) a indicação da autoridade que manda citar ;
Quem os substituirá então O mesmo official que fez
b) o nome do citando, seu posto ou emprego, ou os
a citação? Não é possível, nem admissivel que aos
seus signaes característicos, se o nome fôr ignorado;
militares se dê attribuições de simples meirinhos.
c) o objecto da citação; E quem fará os pregões das audiencias, isto é, das
d) q logar, dia e hora em que o citando deve compa-
sessões, declarando-as abertas e encerradas, como por-
recer.
-139-
-138-

-- ,__ --
AIIIADOR CYSNEIROS COJllGO llB .I L Wl'h.' 1\. iUILJ ·i'Alt
--------~--a-----~--------------------------------------~-~,~-:::_n_:___:~:::~
" ,. ,
teiros que eram das auditorias, os officiaes de Jus- CAPITULO Ill
tiça?
A reforma silenciando sobre isto, de vez que man- Da formaçào da culpa
teve o artigo 112, creou esse impasse profundamente
ridiculo. Art. 200 - Na primetra reunião do Conselho, o pre-
sidente, tendo á sua direita o auditor e nos demai s logares
Art. 196 - A citação feita no inicio da causa é pes- os outros juizes, segundo as suas graduações e antiguidade,
soal. Para os demais termos do processo basta a citação o escrivão em mesa proxima ao auditor, o promotor á es-
do procurador constituído em juizo. querda, em mesa separada, prestará em voz alta, de pé e
descoberto, o compromisso que se segue, o qual será repe-
Art. 197 - O citado declarará por escripto que está
tido pelos demais membros militares do Conselho, sob a
sciente da citação e, não sabendo. não podendo ou não que-
fórmula: "Ass-im o prometto".
rendo escrever, fará outrem por elle a declaração a con-
"P1·ometto examinar com absoluta imparcialidade as
vite do official da diligencia e na presença de duas teste·
causas q'!ie me sejam submettidas, respeitando os altos inte-
munhas, que assignarão com este.
1·es_ses da disciplina e votando de accordo com a minha con-
Art. 198 - (Supprimido pelct reforma). sciencia esclarecida pela Verdade resultante da Lei e da
- ~~: . Prova dos Autos".
Commentario: "O réo revel, que comparecer de-
pois de iniciado o processo, recebei-o-á no estado em C ommentcwio: Harmonizou-se o allegado e pro-
que o mesmo se achar". Eis ahi o texto do artigo vado com o voto de consciencia que o antigo com-
supprimido, dispositivo intelligente que não permittia promisso não permittia e, onde residia a severida~e
uma renovação de summario, ou outros quaesquer dos julgamentos militares dentro de uma technica,
incidentes protelatorios do feito. Mais adeante se rígida que fazia o desespero dos advogados. ] ulgava-;;e
verá como foi inhabil o legislador supprimindo essa "com a let t a prova dos · auto~". Agora se julgará
disposição. "respeitando os altos interesses da disciplina," votan-
do-s·e de -:1ccordo "com a consciencia" contanto que
![ Art. 799 - O accusado preso assistirá a todos os ella esteja "esclarecida pela Verdade resultante da Lei
termos do processo. e da Prova dos Autos".

-140- .,.- 141


AMADOR. CYSNEIROS CODIGO DE JUS'l'lÇA l\IILI'l'AR

Paragrapho unico - Desse a cto lavrará o escrivão § 2. o - Se as testemunhas de defesa fo,rem militares
nos autos a devida certidão. e residirem no districto da culpa, poderão ser requisitadas
Art. 201 - Se não houver auto de corpo de delicto pelo Conselho, a requerimento do réo.
e este puder ser feito, mandará o Conselho, preliminar- Art. 206 - Terminada a inquirição das testemunhas,
mente, que se preencha a falta. e não deliberando o Conselho sobre quaesquer diligencias
Art. 202 - O accusado ao comparecer pela primeira que julgar convenientes, o auditor procederá ao interro-
vez perante o Conselho, occupando, em frente deste, Jogar gatorio do accusado, que, de pé, responderá ás s·eguintes
de pé, será perguntado sobre o seu nome, filiação, idade, perguntas:
estado, profissão, posto ou graduação, nacionalidade,
logar do nascimento, se sabe lêr e escrever, e se a) qual o seu nome, naturalidade, idade, filiação, estado
tem advogado. As perguntas e respostas serão reduzidas .a e residencia;
escripto sob o titulo de auto de qualificação. b) qual o seu posto, emprego ou profissão;
Art. 203 - Declarando o accusado ter menos de 21 c) qual a causa de sua prisão;
annos de idade e não havendo prova em contrario, ser-lhe-á d) onde estava ao tempo em que se diz ter sido com-
dado curador, o qual se obrigará sob compromisso a assis- mettido o crime;
tir ao accusado em todos os termos do processo. e) se conhece as pessoas que depuzeram no processo,
Art. 204 - Lavrado o auto de qualificação, serão desde quando, e se tem alguma cousa a oppôr contra ellas;
inquiridas as testemunhas e informantes notificadas, ás f) se tem algum motivo particular a que attribua a
quaes o escrivão lerá antes a denuncia. accu~ação;
Art. 205 - Finda a inquirição das testemunhas de g) se tem factos a allegar ou provas que justifiquem
accusação, proceder-se-á á das de defesa, se forem apresen- ou mostrem a sua innocencia.
ta das no acto . Art. 207 - Se no interrogatorio o accusado allegar
§ 1. 0 - As testemunhas de defesa serão inquiridas factos e circumstancias tendentes a justificar a sua inno-
sobre quesitos apresentados pelo accusado, podendo o pro- cencia ou que attenuem a sua responsabilidade, poderão
motor depois delle e qu<Llquer dos juizes fazer sobre a os juizes do Conselho lembrar as perguntas que a res-
materia desses quesitos as perguntas que julgarem necessa- peito desses factos e circumstancias lhes parecerem couve-
rias. nientes para esclarecimento da verdade, as quaes, porént,

-142- -143 ~
A lll A D O U C "\. S N E T ll O S
CODIGO Dll: J US'l 'IÇA liiiLI'l'AR

o accusado, a bem de sua defesa, poderá deixar ele res-


Art. 213 - O accusado preso poderá sempre corres-
ponder.
Art. 208 - Escriptas as respostas, serão lida:; ao ponder-se, verbalmente ou por escripto, com o seu advo-
accusaclo, que as poderá rectificar. O auto seTá assignauo gado ou curador.
por todos os membros presentes do Conselho, accusado e Art. 214 - As allegações escriptas ou oraes dos accu-
advogado ou curador. sados deverão ser feitas· em termos convenientes ao decoro
Paragrapho unico - Se o accusado não puder ou não dos tribunaes e sem offensa ás regras da disciplina sob
qwzer ass1gnar, far-se-á disso declaração no auto, e por
o o
pena de serem riscadas as phrases em que isto não se
elle assignarão duas testemunhas, ás quaes o auto será observe, ou de cassação da palavra.
lido., Art. 215 - · Feito o interrogatorio, suspender-se-á a
Art. 209 - Nenhum accusado, salvo quando revel, sessão do Conselho e o escrivão abrirá vista dos autos
será processado sem assistencia de advogado ou curador. successivarríente, por tres dias:
O presidente do Conselho nomeará advogado ou curador q,) ao promotor para fazer allegações em que, depois
ao accusado que o não tiver. de apreciar a prova produzida, concluirá com o pedido de
Art. 210 - A designação do advogado não inhibe o condemnação ou desclassificação do crime para outro da
accusado de fazer posteriormente escolha sua, desde que mesma especie, indicando o gráo da pena e a lei que a
recaia em pessoa qualificada . Se o escolhido acceitar, impõe, com especificação das circumstancias aggravantes
cessará a intervenção do advogado designado. que houverem occorrido;
·A rt. 211 - O accu sado pócle ter mais de um advo- b) ao réo, ou réos conjuntamente, para apreciar a
gado; mas se forem tantos que a intervenção de todos prova produzida e allegar o que convier á sua defesa·.
alongue demasiado o julgamento ou a instrucção, poderá
§ 1. o - Findo esse prazo, o escrivão fará os autos
o presidente do Conselho limitar o numero dos que tenham
conclusos ao auditor, o qual se encontrar no processo irre-
de falar em cada termo do processo. gularidades, mandará preencher as formalidades omittidas,
Art. 212 - Toda vez que o curador ou advogado no-
e, achando o processo devidamente preparado, designará
meado recusar o patrocínio da causa, ou deixar de compa-
dia para o julgamento, com intimação das partes e notifica-
recer sem justa excusa, ou abandonar o processo intempes-
ção aos juizes .
tivamente, o presidente elo Conselho o . multará em 50$ a
100$, e nomeará immediatamente outro. § 2. 0 O réo que, tendo assistido aos termos da forma-
ção da culpa, não fôr encontrado para ser intimado pessoal-
-144-
145
CODIGO DE JUS 'l'ICA iUILITAR
AMADOR CYSNEIROS

processo da formação da culpa não excederá o termo de 15


mente, sel-o-á por edital, com o prazo de dez dias, sendo dias.,
tambem intimado o seu advogado ou curador. Art. 218 - Se em processo submettido ao seu exame,
§ 3. o : - N e11hum réo poderá ser julgado á revelia 0 Conselho verificar a existencia de outro crime, fará re-
devendo o processo, porém, ir até o julga;m,ento exclusivo. messa das respectivas peças, por certidão, ao orgão do
1\linisterio Publico para os fins de direito.
Commentario : O artigo 209 diz que todo ac-
cusado revel, ao contrario dos que não o forem, será Art. 219 - O accusado ficará á disposição exclusiva
• processado sem assistencia de advogado, ou curador. do Conselho, não sendo permittido á autoridade militar
transferil-o ou remover, para outro corpo ou presídio, du-
O novo paragrapho terceiro em substituição ao que
mandava fossem citados para julgamento, por edital, rante o processo; e, quando o faça por motivo relevante,
deverá dar immediata communicação ao auditor,
com o prazo de vinte dias, os accusados reveis, taxati-
vamente declara que nenhum revel pode ser julgado
CAPITULO IV
devendo o processo ir até o julgamento exclusive.
Ora, a formação da culpa se extingue com as allega- Do julgamento
ções finaes de que fala a letra b, do artigo 215, o que
no juizo commum equivale ao libello e sua contrarie· Art . 220 - No dia designado para o julgamento.
reunido Q Conselho e presente o promotor, o presidente
da de. Si o artigo 209 não faculta a nomeação de um
declarará aberta a sessâo, e mandará apregoar o réo que
curador ao réo revel, como o processo poderá estar
tem de ser submettido a julgamento.
preparado para julgamento, sem as allegações da de-
fesa?
§ 1. o - Se o réo comparecer, o auditor fará o seu
., interrogatorio, s·e ainda o não tiver feito, ou, no caso con-
Asstm, o processo deverá seguir á revelia, até ás
trario, lhe perguntará o nome e a idade e se tem advogaao;
allegações finaes da promotoria e não até ao julga-
se declarar que o não tem, o presidente lh 'o dará; e, se
mento exclusive. fôr menor, nomear-lhe-á um curador.
0
Art. 216 - A formação da culpa será sempre pu- § 2. - . Se o réo, estando preso .não comparecer, o

blica, excepto qu,a!ldo o contrario resolver o Conselho no presidente providenciará para o seu comparecimento na
interesse da ordem publica, da disciplina, ou da Justiça. sessão immediata, ou em oUtra que ao Conselho parecer mais
li, Art. 217 - Salvo difficuldade insuperavel, que se conveniente.
justificará nos autos, com especificação dos motivos, o
lb- ~\-! ~ 147-
- 1'46 ~
'
AMADOR CYSNEIROS

§ 3. o -Se o réo, estando sollto, e, tendo sido citado, e a letra Tl do artigo 247, e fazendo a substituição do
não comparecer, com excusa leg1t1ma, o julgamento. será paraJ!fapho 3 . 0 do artigo 215 e paragrapho 4. 0 do
adiado, para outra sessão, a juizo do Conselho; e se ainda presente artigo, augmentou as contradições, porque,
nessa sessão não comparecer, o julgamento proseguirá á no paragrapho 3. 0 do artigo 215 não perrnitte o jul-
gamento, quando se trata de processo (capitulo : "Da
sua revelia .. formação da culpa") e aqui o permitte mediante
§ 4. o - Se o réo fór revel o presidente nomeará wm
cur~or que se incumbirá de sua def esa du ronte a for·ma.J curatella, e quando reafmente se falta de julgamento.
0 legislador na rectificação accrescentou as ultimas
,ão da culpa. palavras: "durante a formação da culpa" pretendendo
Commentario : As anteriores disposições do co- emendar o seu erro, sem prestar attenção de que se
digo, relativas á formação da culpa dos réos reveis já trata do capitulo referente aos julgamentos.
se contradiziam. O artigo 209 dizia que não se daria
curador ou advogado ·ao réo revel para ser processado . § 5. o - Em seguida o escrivão procederá á leitura
Observe-se que se tratava do capitulo : •·Da formação das seguintes peças do processo :
da culpa". No capitulo: ''Do j~lgamento", no paragra- tJ) denuncia ;
pho 4. 0 , do presente artigo, o.r a supprimido, mandava- b) o auto de exame de corpo de delicto, ou de qual-
se dar curador ao réo que tendo sido citado e com-0 quer outro exame pericial ;
parecido ao summario, como no caso do pragrapho 3. , c) o interrogatorio do réo;
tornara-se revel, a partir da sessão marcada para jul· tl) as conclusões do promotor e do réo ;
gan,1ento. Assim parecia só caber a curatella aos que se e) qualquer outra peça cuja leitura fôr ordenada pelo
tornam reveis durante o summario, porém, a falta de tJtesidente do Conselho, a requerimento de qualquer dos
deste ou das partes .
assistencia do curador ao réo revel aos termos do pro-
Art. 221 - Terminada a leitura das peças do pro-
cesso constituía e, ainda constitue, uma das nullidades
dará o presidente a palavra ao promotor, e, depois
previstas no artigo 247 letra h. ao defensor para sustentarem oralmente as suas con-
Em regra, para harmonizar os textos contradicto-
. res, e intelligentemente, dava-se curador a todo ré0
1. 0 O prazo, tanto para a accusação como para a
-
. revel, mesmo a partir da citação inicial. será de tres horas, no maximo.
Por fim, a nova reforma mantendo o artigo 209
~ 149
.-- 148 ,...,
AlUADOR CYSNEIROS

§ 2. ~ - O promotor e o defensor poderão replicar votos, entendendo-se que o juiz que tiver votado por
e treplicar em prazo não excedente de uma hora. maior terá virtualmente votado pela immediatamente
§ 3.0 - Se forem dois ou mais réos, cada um terá,
por sua vez, os praz~s acima estabelecidos, se diversos § 3. o - Proferida a decisão pelo Conselho, será, in-
forem os defensores. eOfJIÜienti, expedido mandado de prisão contra o réo, se
§ 4. o - Tanto o promotor como o defensor deverão -tiver sido condemnado.
abster-se de palavras injuriosas e evitar divagações que Art. 225 - As sentenças e despachos definitivos serão
não tenham relação com o processo. sempre fundamentados, escriptos na conformidade do art.
Art. 222 - Findos os debates o presidente indagará 9'2, letra h, e assignados por todos os juizes. O juiz ven·
dos juizes se se acham habilitados a julgar a causa ou se Cido poderá justificar o seu voto por escripto.
precisam de mai~ algum esclarecimento. Art. 226 - A sentença será lida em publica audiencia
Se qualquer dos juizes declarar que precisa de novos pelo auditor. Delta se entenderá desde logo intimado o
esclarecimentos, o presidente mandará que o escrivão ou rio. se se achar presente; no caso contrario, será a sentença
as partes Ih' os forneçam. _ .iptimada ao seu advogado, ou curador.
Art. 223 - O Conselho passará em seguida a deli- O escrivão dará sciencia da sentença ao promotor,
berar em sessão secreta. \J.,vrando nos autos as respectivas certidões.
E' permittido a qualquer juiz do Conselho examinar
Art. 227 - Encetados os trabalhos do julgamento,
os autos e pedir ao auditor esclarecimentos sobre qualquer
poderão, sob pena de nullidade deste, ser interrompi-
questão de direito, que se relacione com o facto sujeito ao
por nenhum motivo estranho ao processo_ Ao presi-
julgamento, set;n de qualquer fórma ficar o juiz obrigado
todavia, é permittido suspender a sessão para
ás opiniões manifestadas pelo auditor. dos juizes, partes e advogados.
Art. 224 - Em seguida, o presidente convidará .os
juizes a se pronunciarem sobre a causa, e darem os seus Art. 229 - Sendo o réo absolvido, o presidente man-
passar alvará de soltura. afim de ser posto em liber·
votos. immediatamente, se por outro motivo não estiver
§ 1. 0 - O primeiro a votar será o auditor, ao qual se
b
seguirão os outros juizes, a. começar do mais moderno, e
por ultimo o presidente. - São effeitos immediatos da sentença de
§ 2. 0 - Todas -as decisões serão tomadas por mawna

<b· - 1()0 l5!


AltiADOR CYSNEIR O S
,. ~~- ~ ~~ -

suspeição por affinidade cessa pela


a) ser o nome do réo lançado no rol dos culpados, em do casamento que lhe deu causa, salvo sobre-
livro para esse fim destinado, o qual será rubricado pelo
descendentes . Mas, ainda que dissolvido o casamento
auditor; dc~cendentes, o sogro, o padrasto, ou o .cunhado não
b) ser preso ou conservado na prisão ;
! ....vtPrão. ser juizes nas causas em que forem interessacios o
c) ficar o réo suspenso do exercido de todas as func-
o enteado ou o cunhado.
ções publicas; Art. 235 - A suspeição não poderá ser arguida nem
d) interromper a prescripção; ldlccc: ta, quando a parte injuria o juiz, ou procura de propo-
e) privar o réo da gratificação a que tiver direito que 1
motivo para ella.
perderá definitivamente, se não fôr afinal absolvido. Art. 236 - A allegação de suspeição deve preceder
Art. 231 - Terão preferencia para o julg_amento :
outra qualquer. sob pena de ficar prejudicada, salvo i'e
a) os réos presos; o seu motivo fôr superveniente.
b) den~re os réos . presos, os de prisão mais antiga;
c) dentre os réos soltos. os de prioridade de processo.
Art. 232 - Se o réo não comparecer com excusa legi-
CAPITULO II
tima, a juizo do Conselho, será o julgamento adiado para
quando o Conselho determinar. Da excepção de incom,Petencia

23i - A incompetencia de juizo deve ser alle-


TITULO VII , verbalmente, ou por escri pto, antes da inquirição das
D as questões incidentes ou logo que o réo comparecer em juizo por
por procurador.
CAPITULO I 1." - Ouvido o promotor, o Conseho decidi rá na
sessão, ou na immediata; se se reconhecer incem-
Da excepção de suspeição mandará que o processo seja remettido á autori-
·...... . ...,... .
Art. 233 - O juiz deve dar-se por suspeito nos casos
competente. Essa remessa, porém, não se fará antes
decorrido o prazo para o recurso .
prescriptos no artigo 50 e, se o não fizer, poderá ser § 2. 0 - Se o Conseho não reconhecer a incompeten-
recusado por qualquer das partes.
~ 193 ~
....- lQ~ ~

<e '
AMADOR CYS'NEIROS

b) falta de notificação do termo nos casos em que a


cia allegada, proseguirá no processo como se a excepção
não fôra posta, fazendo constar do processo a excepção e o exige.
Art. 245 - Não se concederá restituição de termo,
a decisão. se já estiver consummado o acto cujos effeitos ~c preten-
Art. 238 - Quaesquer outras excepções serão consi-
deradas materia de defesa. dem prevenir. '

TITULO IX
TITULO VIII
Das nullidades
Dos prazos ou termos
Art, 246 - Ha nullidade sempre que se dá inobser·
Art. 239 - Todos os termos estabelecidos por este vancia de uma formalirlade que a lei expressamente exige
Codigo são continuas, improrogaveis e peremptorios .
corno substancial.
Art. 240 - Quando o termo é fixado em certo Art. 247 - São formalidades ou termos substanciae~
numero de dias, não se conta o dia em que começa. mas <'\,
processo:
conta-se aquelle em que finda.
Adt. 241 - O termo findará no dia immediato, se a) a denuncia ;
b) o corpo de delicto directo ou indirectp nos crimes
o ultimo dia fôr feriado ou domingo.
Art. 242 - O termo fixado em numero de horas
que deixam vestígios ;
c) a citação do accusado para se vêr processar e nsl>is-
correrá de momento a momento, desde a sciencia da parte á inquirição das testemunhas do processo ;
interessada, ou de seu procurador ou advogado. tl) a inquirição de testemunhas em numero legal;
Art. 243 -- A parte em cujo favor a lei prefixa um e) o extracto da fé de officio ou dos assentamentos
termo, poderá denunciai-o, uma vez que dahi não . resulte accusado contendo as datas de praça, engajamento, nas-
prejuízo para a outra parte. promoções, ausencia, deserção, captura ou apre-
Art. 244 - O Conselho não concederá restituição de lllltac:ao. notas de alcance, comportamento, elogios e penas;
termo, senão quando a parte não o tiver podido observar o interrogatorio do accusado;
pelas seguintes causas: a assistencia de curador ao réo menor ou revel ;
a) falta ou difficuldade invencível de transporte;
-156 ~
-lH-

<8 f-1 ~
CODIGO DE JUS'J'ICA JUILITAR
AJU.<\.DOR CYSNEIROS

Art. 254 - Os actos da formação da culpa, processa-


i) a audiencia do Ministerio Publico, nos termos esta- dos perante autoridade incompetente, poderão ser revalida-
b~lecido~ neste Codigo.
dos por termo de ratificação no juizo competente.
j) a intimação do accusado para sciencia da sessão em
que deva ser julgado;
k) o sorteio dos juizes, e seu compromisso; TITULO X
l) a accusação; Dos processos especiaes
m) a sentença.
Art. 248 - São tambem nullos os processos em que CAPITULO I
se verificar illegitimidade de parte, incompetencia de juizo, Da deserção
suspeição, feita ou ~uborno do juiz.
Péjragrapho unico - A decisão tomada pelo Conselho Art. 255 - Vinte e quatro horas depois de verificada
com juiz suspeito ou impedido, cuja suspeição ou impedi, a ausencia de um official, o commandante ou autoridade
mento tenha sido conhecido depois, não annulla o processo, superior, chamai-o-á, por editaes publicados no Diario
salvo se a maioria se constituiu com o seu voto. Official da União ou dos Estados, ou na sua falta, por
Art. 249 - O silencio das partes, se se tratar de for- qualquer meio de publicidade, para que se apresente dentro
malidades de seu exclusivo interesse, sana os actos nullos. do~ prazos marcados no artigo 117 do Codigo Penal Militar.
Art. 250 - O Ministerio Publico não póde transigir § 1 . o - Consummado o crime de deserção, lavrar-se-á
sobre nullidades.
um termo com todas as circumstancias, que será assignado
Art. 251 - A nullidade proveniente da incompetencia . por tres testemunhas .
de juizo póde ser pronunciada ex-officio, em qualquer § 2." - E' tambem de oito dias o prazo para apresen·
termo do processo.
tação do official nos casos previstos nos numeras 3 e 6 do
Art. 252 - Nenhum acto será declarado nullo senão citado artigo 117.

I
quando sua repetição ou rectificação não fôr possível. § 3. o - A deserção considerar-se-á consummada no
Cumpre ao .auditor, ou ao Conselho mandar proceder ex· caso previsto nos numeros 4 e 8 do citado artigo 117, inde-
officio, ou a requerimento do Ministerio Publico. a todas pendentemente de publicasão de editaes, incumbindo á au-
as diligencias necessarias para sanar a nullidade. toridade competente fazer lavrar immediatamente o termo
Art. 253 - A nullidade de um acto acarreta a dos na fórma acima prescripta.
actos surcessivos delle dependentes.
- 167
- l56-
A JUADOR CYSNEIROS
CODIGO DE JUS'l'IÇA lUILI'l'AR

§ 4. o - O termo de deserção, juntamente com a cópia


§ 5. o - Recebida esta parte, o commandante fará
do edital, equivalerá em taes crimes á formação da culpa e
lavrar o Termo de Deserção, onde se mencionarão todas as
ao despacho de pronuncia, do qual não caberá recurso.
circumstancias do facto . Este Termo será escripto pelo
Art. 256 - Vinte e quatro horas depois de se veri-
secretario do corpo ou por quem o substitua, ou pelo escre-
ficar a ausencia de alguma praça de pret, o commandante
vente da Armada que no acto fôr indicado, e será assi-
da respectiva bateria, esquadrão ou companhia mandará
gnado pelo commandante e tres testemunhas.
inven\ariar os objectos deixados, e enviará a relação dos
§ 6. o - Assim comprovada a deserção da praça, será
mesmos ao fiscal da unidade depois de assignal-a conjun-
ella immediatamente excluída do serviço effectivo, fazen-
tame11tc com duas testemunhas, officiaes de patente.
do-se nos livros respectivos os competentes assentamentos,
§ 1.0 - Os officiaes que tiverem de assistir ao inven-
e publicando-se em ordem do dia, boletim ou detalhe de ser-
tario serão indicados pelo commandante do corpo, mediante viço, o Termo de Deserção.
requisição do da companhia, bateria ou esquadrão.
Art. 257 - O commandante ou autoridade . compe-
§ 2. c - Quando a praça que se ausentar pertencer á
tente que t-iver lavrado o termo de deserção de official ou
Armada, o inventario será mandado fazer pelo respectivo
(Jraça fql-o-á archivar acompanhado de cópia do boletim,
commandante que assistirá ao acto, ou designará pessoa
ordem do dia, ou detalhe e um ex tracto dos assentamentos
que o substitua, presentes duas testemunhas, officiaes de
couten4o {J.I' datqs de nascimento, praça engajamento, pro-
patente, e, na sua falta, pessoas idoneas. moções, ausencia e alteraçÕ,e.f que possam inflwir no ' julga-
§ 3.0 - Quando a ausencia se verif icar em destaca- mento.
mento commandado por official de patente ou por inferior, 0
§ 1. ..:.._ R eincluido que seja o desertor, se este fôr
o inventario será feito pelo proprio commandante, que o
praça, 9 commandante nomeará o Conselho de que trata o
assignará com quatro testemunhas idoneas, sendo opportu- 0
§ 3. dQ a1·t% 'go 8.<>, Q qual por seu presidente reqUJisitará da
namente remettido ao commandante do corpo .
Secretaria os respectivos autos_ e do comnwndante da sub-
§ 4. o - Decorridos os dias marcados em lei para cons-
un,idade a que pertencer o réo as razões de defesa, testemu-
tituir-se a deserção na fórma estabelecida no artigo ante- nhas e provas qu,e qu.eira apresentar .
rior, o commandante da bateria, esquadrão ou companhia 0
§ 2. - De posse desses docu1nentos, eLeja apresentP:Ção
no Exercito, ou autoridade correspondente na Armada,
não poderá exceder o' prazo de oito dias o Conselho reunido
enviará ao commandante uma parte circumstanciada, acom-
fal-os-á autoar pelo escrivão e .!!:f!s acura.do estudo do pro-
. panhada do inventario de que ficará cópia uthentica .
cesso. com minuciosa ex posição feita pelo relator marcará
-158-
-159-
AJU A D OR CYSJ\ElROS

diq. e hora para julgamento, attendendo ás razões de defesa c_,wntario : Uma das novidades do Codigo,
dentro c?_e ~m P'razo não excedente de tres dias. sobremodo pelo francesismo, foi a creação
§ 3.0 - H avendo testemunhas de defesa que não pos- jnstancia especial para as praças de pret, nos
sam cotnpCllrecer, o réo apresentará os seus quesitos que de deserção e de insubmissão, para os sortea-
serão deprecados á autoridade militar ou civil de que depen- A' semelhança dos Conselhos de Regimento do
dam, agum-dando-se sua resposta para a realização da re- Francez os novos Conselhos são nomeados
uHião de que trata o paragrapho anterior . pelo commandante da unidade, em cada caso, consti-
§ 4 . o - Rewnido o Conselho para. julgamento será o tuídos pela fórma estabeecida nos novos paragraphos
0
r éo interrogado em presença do seu advogado ou com- 6.o e 7. o do artigo 90 e paragrapho 3 . 0 do artigo 8. •
mandante de sua sub-unidade que assignará com elle os ter- Taes Conselhos não têm caracter permanente e só se
mo~ d~ seu interrogatorio e os daiS testem~tnhas . organisam quando se dá a apresentação, ou captura
§ 5." - Terminados o.s< depoimentos o advogado ou do accusado e consequentemente sua reinclusão no
commandante de sub-unidade, se novas razões de defesa corpo. Procede-se então ao desarchivamento do pro-
tiver a· apresentar, poderá apresentai-as oralmente dentro cesso constituído pela collecção de todos os documen-
do praso maximo de tánta minutos, findo o qual o C onse- tos de que trata o preambulo e seguindo-se a marcha
lho se reunirá em sessão secreta para julgamento. traçada pelos paragraphos .
§ 6 . 0 - Terminado o julgQtJ~Jolento, o presidente fará Havia, porém, no paragrapho 6.0 flagrante absurdo
expedir o mandato de prisão ou o alv.ará de soltura e o que a rectificação corrigiu alterando . Dizia o para-
r elq.tor, dentro de 24 horas, redigirá a sentença, q1~e se1'á pho que depois do feito julgado os autos seriam remet-
por todos os juizes assignada e os autos renwttidos á Audt- tidos á auditoria, onde o Promotor, com vista, reque-
J01·ia respectiva onde pelo auditor, será aberta vista a.o pro- reria, depois de verificar se as formalidades tinham
motor, afim de que verifique se foram cumpridas a.s for- sido cumprdas, o que fosse de direito. Attribuia-se as-
malidGf]es legaes e requeira o que fôr de direito, podendo sim ao Promotor funcções de revisor de vez que se
interpor os respectivos recursos . tratava de caso julgado , pois os Conselhos das unidades
'
constituem urna instancia especial á semelhança per-
§ 7. 0 - H avendo appellação será aberto vista LguG/-
m ente ao q_dvogado de officio p,elo praso de cinco dias e si feita dos Juizos collectivos que caracterisam os tribu-
ni!o h ouver dentro desse praso o auditor fará a comnwui·· naes militares, ou Conselhos de Justiça. Deveria caber
cação de ter a se?Jtenç,a passado em julgado. ao Supremo Tribunal o exame dos seus julgados e

- 1 60 - . -161 -
AMADOR CYSNEI ROS

não ao Promotor que por si só não pode integrar um CAPITULO II


tribunal.
A rectificação, porém, accrescentou: •rpodendo Da insubmissão
interpor os respectivos recursos'', sem determinar
quaes sejam, nem os prazos, quando o Codigo é taxa-
Art. 260 - Terminado o praso P,ara a apresentação
tiYo no artigo 274: "Não se conhecerá dos r:ecursn'l
~uo sorteado e convocado para o $.erviço militar~
que não forem fundados em disposição expressa deste
.smo não se apresentar, o commandante da unidade~
1
Codigo, ou forem interpostos fóra do prazo."
16116&fflf81JIO ou n<;Vio que lhe fôr designado, fará lavrar
Assim, nem a rectificação que alterára em parte a
llffiiO circumstanciado, e equivalente á pronuncia, no
primitiva disposição, remediou o mal que tem de ser
SI mencionarão o nome, filiação, naturalidade, signaes
sanado pela interpretação que o Supremo Tribunal
classe, chamada a que pertencer e data em
Militar dará, afim de evitar entraves oa administração
~ incorporar-se, termo que será assignado pela. dita
da Justiça. e por tres testem~mhas e archivado na Secreta-
Tambem não se esclareceu se os recursos subirão
ltu:ltUdo o insubmisso, proceder-se-á na fór~na esta.be-
directamente ao Tribunal, ou serão apresentados ao
ffO artigo anterior para o processo de deserção, de-
Conselho de Justiça Permanente que os receberá, ou
($trmpanhar aos autos a notificação e docwment"õ;
não, mesmo porque os Conselhos ora creados não estão - - -Circumscripção de -Recrutwménto e tudo mais
comprehendidos no artigo 2. 0 do Codigo que deter-
de sua defesa apresente.
mina quaes os orgãos que exercem a Justiça Militar
no Brasil.
Commentario : A redacção deste artigo é mais
que a do dispositivo anterior do
Art. 258 - ( Supprimido).
Silencia, entretanto, quanto ao modo de lavra-
Art. 259 - (Supp1·imido).
tura do termo, ponto antes esclarecido pelo primitivo
Commentario: Os primitivos dispositivos regula- texto.
vam a maheira de se proceder segundo o rito que o A modificação que se encontra é a da nova fórma
Codigo adaptava em taes processos especiaes o que foi de julgamento, isto é, de accordo com o artigo 257
substituído pelos paragraphos 4. 0 e 5. 0 do artigo 257. "ficando-se a exclusão, de entre as a:.ltoridades

- 16!:1- 163
C ODIG O DE JUS'l'ICA MILITAR
AltiADOR CY~NEIROS

bunal a distribuirá a um dos ministros que, verificando ser


capazes para a lavratura do termo, dos chefes de ser- caso de habeas-corpus, requisitará immediatamente da pes-
viço de n:crut;::mento . c;oa indicada como coactora as informações relativas aos
Os tres paragraphos supprimidos regulavam o factos allegados, em prazo razoavel, podendo exigir a apre-
modo de preparo do processo que de hora em diante sentação do paciente .
st fará, como nos proce,sos de deserção. § 3. o - Com as informações ou sem ellas, o relator
!. •
submetterá o pedido a julgamento na primeira sessão, e
praticadas as diligencias que o Tribunal julgar necessarias,
CAPITULO III
apreciará, elle o pedido e decidirá como lhe parecer, restrin-
Do "habeas-corpus''' gindo-se, porém, ao ponto de vista da legalidade ou illega-
lidade do acto abstendo-se das razões de conveniencia ou
Art. 261 -· Todo aquelle que estiver ou se achar opportunidade de medidas autorizadas por lei ê praticadas
, em imminente perigo de soffrer violencia ou coacção por por autoridades competentes.
illegalidade ou abuso de poder de alguma autoridade militar, ~ 4. o - O habeas-corpus póde ser requerido por qual-
lúdiciaria ou administrativa. ou de junta de alistamento quer pessoa em seu favor ou de outrem .
e sorteio militar poderá requerer ao Supremo Tribunal
.
Militar ' de habeas-corpus. por si ou por pro-
uma ordem
TITULO XI
curador .
§ 1 . o - A petição de habeas-corpus deve conter: Do processo e julgamen:o dos crimes da competencia do
a) o nome da pessoa que soffre ou está ameaçada de Supremo ·: 'ribunal Militar
soffrer coacção ou violencia e o da pessoa que della é causa
ou autor; Art. 262 - No processo e julgamento dos crimes da
' b) a deClaração da especie de constrangimento que competencia originaria do Supremo Tribunal Militar, apre-
soffre; sentada a denuncia ao presidente, este procederá, na pri-
c) em caso de ameaça de violencia ou coacção, as ra- meira sessão, ao sorteio de um Conselho de Instrucção
zões do seu temor ; composto de tres ministros, um do Exercito, um da Armada
d) a assignatura do paciente ou impetrante, ou de e um civil, que funccionará sob a presidencia do militar
quem assignar a rogo, por não saber ou não poder fazel-o. mas graduado ou mais antigo.
§ 2. 0 - Apresentada a petição, o presidente do Tri-
- 165
- 164-
A.IIA.DOR CY ~NEIROS CODIGO DE ,JU STICA. MILITAR

Art. 263 - Os ministros militares e o civil, de que feitas as diligencias legaes, se apresentarão os autos em
trata o artigo antecedente, exercerão durante a phase da mesa.
ihstrué:Ção as attribuições · que este Codigo confere respecti- Art. 268 - Os . membros do Conselho de Instrucção
vamente aos juizes e auditor dos Conselhos de Justiça. tomarão parte nos julgamentos do Tribunal. Os autos,
Art. 264 - As funcções do Ministerio Publico serão porém, serão relatados pelo ministro civil, a quem compe-
desempenhadas pelo procurador geral. tir a distribuição, e que não tenha feito parte do mesmo
Art. 265 - Reunido o Conselho de Instrucção, pro- Conselho.
cederá segundo a fórma do processo estabelecido para os Art. 269 - Caberá recurso para o Tribunal das deci-
crimes da competencia dos Conselhos de Justiça. Termi- sões que versarem sobre o recebimento ou não da denuncia,
nada a formação da culpa serão os autos apresentados ao prisão preventiva e menagem.
presidente do Tribunal, que providenciará sobre o julga- Art. 270 - Das decisões proferidas pelo proprio Tri-
mento do a~cusado, segundo. a fórma estabelecida no regi- bunal, só caberá recurso de embargos á decisão final.
mento interno do Supremo Tribunal. Art. 271 - As diligencias, que se fizerem necessa-
Art. 266 - Nos crimes de responsabilidade se a de- rias, serão executados de ordem do relator, por intermedio
nuncia contiver os requisitos legaes, o Conselho de Instruc- do auditor da circurnscripção, onde se devam re!llizar.
ção, na primeira sessão, mandará intimar o denunciado Art. 2i2 - As funcções de escrivão e de official de
para responder dentro do prazo de quinze dias. Findo o Justiça .cerão desempenhadas, respectivamente, pelo secre-
prazo, com a resposta ou sem ella, se decidirá do recebi- tario e pelo porteiro do Tribunal.
mento ou não da denuncia.
§ 1 . 0 - A denuncia nesses crimes poderá vir des-
acompanhada do rol de testemunhas, se a mesma se fundar T ITUi. O XII
em documentos. Dos recursos
§ 2. 0 - O denunciado não será préviamente ouvido :
a) quando estiver fóra do paiz; CAPITULO I
b) se fôr ignorado o lagar de sua residencia .
Art. 267 - As decisões que puzerem termo ao pro- Dos recursos em geral
cesso, bem como as finaes de condemnação ou absolvição,
serão tomadas por maioria do Tribunal, para o que, satis- Art . 273 - Das decisões do Conselho de Justiça ou

16 6 - - 1 67
AMADOR CYS· NEIROS CODIGO DE JUS'l'IÇA MIL.l'J'AR

do auditor poderão as partes interpôr os seguintes recursos Art. 277 - O aggravo no auto do processo será
para o Supremo Tribunal Militar: decidido pelo Supr~mo Tribunal Militar como preliminar
a) aggravo no auto do processo ; do julgamento.
b) recurso propriamente dito;
c) appellação. 'h.. JJ
Art. 274- - Não se conhecerá dos recursos que não CAPITULO III .....,.. t. lf.,.Á.) f
forem fundados em disposição expressa deste C0digo, ou
forem interpostos fóra do prazo. Não ficarão, porém, prt>- Do recurso propriamente dito
judicados quando por erro, falta ou omissão das autorida-
des ou funccionarios não tiverem seguimento ou apresenta-
Art. 278 - Dá-se recurso propriamente dito da deci-
ção em tempo.
são ou despacho :
Art. 275 - O Ministerio Publico não póde desistir de
qualquer recurso que haja interposto. I - Do auditor que :
a) não estando mais reunido o Conselho, deixar de
receber a appellação ou o recurso ;
CAPITULO II b) conceder ou não a menagem ;
c) julgar improcedente o corpo de delicto ou o
Do aggravo no auto do processo exame de sanidade ;
d) não acceitar ou regeitar a denuncia offerecida pelo
Art. 276 - Dá-se aggravo no auto do processo das promotor; {u.f,._ •. . ."' -____: .
~ 1
-..,

decisões proferidas pelo Conselho sobre questões de direito e) indeferir o pedido de archivamento. • ·-: ,· o.•, ,""'-;{"''-"'..,~._..., 4.
1· J 0- 1•)': • o...-• I') l 'l
que incidentemente surjam na formação da culpa e no li - Do Conselho de Justiça que : '
julgamento. Interposto o aggravo, será immediatamehte a) concluir pela incompetencia do Conselho ou do fôro
tomado por termo, em que resumidamente se exporão os militar;
fun_damentos da opposição suscitada pelo aggravante. b) decretar ou não a prisão preventiYa _;
Paragrapho unico - E' permittido ás partes apresen- c) conceder ou não a menagem ;
tar na occasião, por escripto. os fundamentos da questão d) julgar extincta a acção penal;
levantada. e) não receber appellação ou recurso.
..
-168- - 169
AMADOR CY!SNEIROS CODIGO DE JUSTI()A MILITAR

Commentario : Aqui está outra contradicção da mar a decisão ou mandar juntar ao recurso os traslados das
reforma. Se o auditor não tem mais poderes para con- peças dos autos que julgar convenientes para sustentação
ceder menagem, fallar sobre as denuncias e pedidos della.
de archivamento, porque foram mantidas as alíneas Art. 284 :__ Os prazos concedidos ao recorrente e ao
b, d, e e! recorrido para juntar traslados e razões poderão ser proro-
gados até cinco dias pelo Conselho ou pelo auditor, se assim
Art. 279 - Esses recursos não terão effeit(, suspen- o exigirem a quantidade e qualidade dos traslados.
sivo, salvo os interpostos das decisões sobre materia de Art. 285 - Reformando o auditor ou o Conselho o
competencia e das que julgarem extincta a acção penal. despacho recorrido, poderá a parte prejudicada recorrer da
Art. 280 Os recursos a que se referem as letras a e nova decisão, quando, por sua natureza, della caiba recurso.
d do artigo 278, n. li, seguirão sempre nos proprios autos, Nesse caso, os autos subirão immediatamente á ins-
com as razões e documentos que as partes quizerem juntai tancia superior, assignado o termo de recurso, indepen-
nos prazos legaes. dentemente de novo arrazoados.
Art. 281 - Os recursos propriamente ditos serão Art. 286 - Sustentada pelo Conselho de Justiça ou
interpostos dentro de 24 horas, contadas da hora da inti- pelo auditor a decisão recorrida serão os autos remettidos
mação ou da publicação ou leitura dá decisão em presença ao Supremo Tribunal dentro do prazo de 48 horas.
das partes ou seus procuradores, por meio de requerimento Art. 287 - Distribui do o recurso, s~rá o mesmo rela-
em que a parte especificará as peças dos autos, de que pre- tado no prazo de duas sessões. Exposto o caso e discutida
tende traslado para documentar o recurso. a materia, se o Tribunal não ordenar diligencia alguma para
Art. 282 - Dentro de cinco dias, contados da inter- maior esclarecimento, proferirá a decisão final.
po,ição do recurso, deverá o recorrente juntar á sua peti- Art. 288 - Se o procurador geral pedir vista dos
ção ou aos autos do processo, conforme suba, ou não em autos, ser-lhe-á concedida por tres dias, ficando adiado o
apartado, as razões e documentos que tiver, e se, dentro julgamento.
desse prazo. o recorrido pedir vista, ser-lhe-á concedida por Art. 289 - Publicada a decisão do Tribunal, devem
cinco dias, contados daquelle em que findar o prazo do os autos ser devolvidos dentro em tres dias ao juizo infe·
recorrente, sendo tambem permittido juntar documentos . rior, para que ahi se cumpra o accordão.
Art. 283 - Com a .resposta do recorrido ou sem ella,
o Conselho, ou o auditor dentro de cinco dias, poderá refor- Comment·ario: A reforma não tocou neste Capi-

-171-
CODIGO DE JUS'l'IÇA MILITAR
AMADOR CYS· NEIROS

immediata expedição do traslado. Na Capital Federal o


tulo, nem no seguinte, nada explicando quanto aos traslado poderá· ser dispensado.
recursos de que falia o novo paragrapho 6. 0 do ar- Art. 294 - O prazo para remessa da appellação será
tigo 257. de cinco dias.
Paragrapho unico - Havendo necessidade de traslado,
CAPITULO IV a appellação deverá ser remettida, dentro do prazo de dez
dias, prorogaveis a juizo do auditor.
Da appellação Art. 295 - Interposta e recebida a appellação com ou
sem razões, serão os autos remettidos directamente ao
Art. 290 - Cabe a appelação das sentenças definiti- Supremo Tribunal.
vas ou com força de definitivas, proferidas pelos Conse- Art. 296 - A appellação da sentença condemnatoria
lhos de Justiça, salvo os casos de recurso previstos no capi- é sempre suspensiva; a da sentença absolutoria nunca impe-
tulO' antecedente. dirá que o réo seja solto, salvo se a accusação versar sobre
Art. 291 - Só pódem appellar o Ministerio Publico crime punido com mais de 20 annos de prisão e não tiver
e o réo. .sido unanime a decisão do Conselho.
Art. 292 - A appellação será interposta, por simples Art. 297 - O processo da appellação no Supremo
petição dentro das 48 horas seguintes á intimação dà sen- Tribunal obedecerá ás seguintes regras:
tença, ou á sua leitura em sessão do Conselho, na presença § 1. 0 - Recebidos os aHtos pelo secretario, qtte nelles
das partes · ou seus procuradores. lançará o respectivo tent~o, serãr> distribuídos successitzla-
§ 1 . 0 - Recebida a appellação, será aberta vista dos me.nt,; pelo presidente aos ministros relator e revisor.
autos em cartorio successivamente ac appellante e ao appel- § 2. 0 - O secretario, logo em seguida, abrirá vista
lado pelo prazo de cinco dias, para offerecerem as suas dos autos ao procurador geral, nos casos em que o deva
razões. fazer.
§ 2. o - O réo, solto, não póde appelar sem recolher- § 3. 0 - Recebidos os autos do procurador geral, irão
se á prisão. os mesmos aos ministros relator e revisor que, no termo
Art. 293 - A appellação subirá nos proprios autos, de duas sessões, salvo se allegar motivos que justifiquem
salvo se houver mais de um réo e a respeito dos outro~ , a prorogação, os relatará minuciosamente em mesa.
não tiver sido ainda julgada a causa. Neste caso dará o § 4. ~ - Findo o relato rio, poderá o réo, por si, ou
auditor todas as providencias para a proxima extracção e
-173-
172 -
AMADOR CYSNEIROS
unico . O procurador geral terá sc1enaa

por advogado, fazer observações oraes, por tempo não exce-


dente de quinze minutos.
§ 5. o - Discutida a materia pelo Tribunal, proferirá CAPITULO V
este a sua decisão . Do.s emb,Otrgos
§ 6. o - Sendo do réo a appellação, não se poderá
aggravar . a penalidade imposta. 301 - A's sentenças finaes do Supremo Tribu-
§ 7. o - Se o Tribunal annullar o processo, mandará poderão ser oppostas embargos de nullidade,
submetter o réo a novo julgamento, reformados os termos
do julgado e de declaração.
invalidados. • 302 - Os embargos devem ser apresentados na
§ 8. 0 - Será secreto o julgamento da appellação,
do Supremo Tribunal, quando o processo correr
quando se achar solto o réo. circumscripção, ou nas sé.des das auditorias,
Commentario: Creando a funcção de ministro correr pelas outras circumscripções, dentro do
relator a reforma difficultou a marcha dos processos de. dez dias, contados da data da intimação ou scien-
perante o Supremo Tribunal Militar obrigando-o á partes. Não se concederá vista para embargos.
reforma do seu regimento interno. unico - Os auditores remetterão á secre-
r. Tribunal os embargos offerecidos com a declara-
Art. 298 - Proferida a sentença condemnatoria, o data do recebimento, ou communicação que, findo
presidente do Tribunal coinmunical-a-á immediatamente ao não foram os mesmos of ferecidos.
auditor respectivo, para que providencie, expedindo man- • 303 - A sciencia da decisão, manifestada de
dado .de prisão, ou como no caso couber. inequívoco pelo réo, supprirá a intimação para o fim
Art. 299 - No caso de absolvição, o presidente do
ele oppôr embargos.
Tribunal communical-a-á por telegramma ao respectivo Art. 304 - A petição com os embargos será dirigida
auditor,- afim de que providencie sobre a soltura do réo. do processo.
Art. 300 - O secretario do Supremo Tribunal Mili- embargos podem ser articulados e acompanhados
tar remetterá ao auditor respectivo uma cópia da decisão IIJReSQUer documentos.
que condemnou o réo, para' que a este e ao advogado seja • 305 - Nos embargos .de declaração, a parte
feita a intimação. A certidão desta será enviada ao mesmo
secretario, afim de ser junta aos autos. - 175-

\
-174-
AMADOR CYSINEIRos
á autoridade militar competente para exe-
requererá por simples petição que se declare o accordão ou .
se expresse o ponto que nelle se houver omittido . Art. 313 - A guia que será assignada e rubx:icada
Art. 306 - Do despacho do relator não recebendó os auditor em todas as suas folhas, conterá:
embargos dar-se-á sciencia á parte. Q) 0 nome, graduação, naturalidade, filiação, idade e
Art. 308 - E' de cinco dias o prazo para as partes civil do condemnado ;
impugnarem ou sustentarem os embargos. sua estatura e mais signaes por que se o possa phy~
Art. 309 - A parte que se considerar aggravada com distinguir;
.a despacho do juiz relator, poderá requerer, dentro de quaesquer declarações particulares que as circums·
cinco dias. que elle apresente o feito em mesa para o des- aconselharem;
pacho ser confirmado ou reformado pelo Tribunal, medi- o teor da sentença e da data em que terminar a
ante processo verbal.
Paragrapho unico - Na primeit;a sessão após a inter- • 314 - De posse da guia, a autoridade designará
posição do aggravo, será elle relatado e julgado. Não terá para cumprimento da pena e remetterá o condem-
voto o juiz que tiver proferido o despacho aggravado. director da prisão .
Art. 310 :._ O julgamento dos embargos obedecerá á - O director do estabelecimento em que tiver o
mesma marcha do julgamento das appellações., , a pena, passará recibo da guia, e o remet-
Art. 311 - E' permittido ao réo, por si ou por pro- ~ aadltor para ser junto aos autos.
curador, sustentar oralmente, perante o TTibunal e após Nos estabelecimentos destinados á execução
o relatorio, os seus embargos ou a impugnação, sendo-lhe haverá um livro especial de registro das guias
para isso concedidos quinze minutos.
no quál serão as mesmas annotadas em ordem
de recebimento, com espaços convenientes
TITULO XIII indicações relativas á , transferencias e demais factos
ao condemnado .
Da execução da sentença
ao condemnado fôr applicada, além
de privação do exercício de alguma
Art. 312 - O auditor, tendo a sentença transitado
de suspensão do empr~go, o auditor
em julgado, ou de posse da que tiver sido proferida pelo
Supremo Tribunal, fará extrahir pelo escrivão uma guia - 1 77 -

176 -

......,. __ - ,--- - . ·- . ·-·· ·- ~ - -·-


AMADOR CYSNEIROS

providenciará para que seja cumprida a pena de suspen- Supremo Tribunal Militar ex-officio, ou em
são ou privação depois de executada a de prisão. de rcpresentãção do Ministerio Publico ou requeri-
Art. 316 - Se fôr applicada sómente a pena de sus- .da parte.
pensão, ou perda de emprego ou patente ou a de reforma, • 321 - O auditor acompanhará cuidadosamente
o auditor, logo que a sentença passar em julgado, fará da pena de cada condemnado, de fórma
expedir mandado de intimação ao réo com o teor da sen- mesmo dia em que ella se tiver por cumprida,
tença, e communicará o facto á autoridade competente. 1 .:,··-~. mesmo por telegramma, o competente mau-

Art. 317 - Em caso de suspensão de emprego, ficará soltura.


I
o condemnado privado do respectivo exercido, bem como Em todas as auditorias haverá um livro
de outra qualquer funcção publica que tenha, salvo se fôr aberto e rubricado pelo auditor, com indica-
de eleisão popular; no caso de perda de emprego, dei- D(JIIle do sentenciado, do crime, da data da sentença,
xai-o-á immediata e definitivamente. da terminação da pena e da soltura.
Esta pena importa perda de todos os direitos e vanta- • 323 - A pena de prisão, sempre que acarretar
gens decorrentes do emprego ou patente. da patente, produzirá todos os seus effeitos logo
Art. 318 - O director do estabelecimento em que se passado em julgado a sentença.
achar o preso simplesmente detido ou em cumprimento d~ sentença passada em julgado, que
pena, deverá communicar ao auditor o obito, fuga, ou quai- a perda de posto ou exclusão do serviço militar,
quer interrupção que tiver o condemnado na execução da condemnado ao cumprimento da pena em peni-
pena, bem como a soltura, sendo os respectivos officios civil.
juntos aos autos do processo.
Se á condemnação sobrevier loucura do
Art. 319- No caso de evasão do condemnado, a au- este só entrará no cumprimento da pena
toridade competente communicará o facto ao auditor da recuperar a integridade de suas faculdades mentaes.
circumscripção por onde houver corrido o processo. Se
·1. • Se a loucura sobrevier durante a execução da
posteriormente o réo se apresentar ou fôr capturado. a
esta ficará suspensa, emquanto se mantiver a enfer-
communicaqão será feita ao mesmo auditor.
caso em que o condemnado será recolhido a mani·
Art.. 320 - A prescripção da condemnação será decre· official.

- _178 - 179-
AMADOR CYSNEIROS

§ 2. o - O tempo que durar a enfermidade não ser~


TITULO XIV
computado na execução da pena.
Art. 326 - As penas de prisão com trabalho serãa Do Conselho de Justificação
cumpridas nos quarteis, fortalezas ou presídios militaresI Art. 330 - Qualquer official do E.xer""to ou da Ar-
e sujeitarão o condemnado a um regimen de trabalho, com. IJf'' seja accusado, officialmente, pela imprensa ou
pativel com a sua compleição physica. e educação moraiI meio licito de publicidade, de ter conducta irre·
proporcionada pelos respectivos officiaes. Não é permit. praticado actos que affectem a honra pessoal, pun-
011
tido o regimen penitenciaria em commum, desde que •se militar ou decôro da classe deverá justificar-se a
haja organizado o regimen cellular. lfdido qu "e.x-officio" perante um Conselho de Justi·
Art. 327 - A prisão preventiva será levada em conta 110ffl8aldo, mediante escala, organizada pelas autori-
integralmente no cumprimento da pena. Não o será a rup~etivas, p.elo Chefe do Estado Maior do Exercito
menagem concedida nas cidades. A concedida nos quar- Armada, ou pelos commandantes de região ou es-
teis, navios e acampamentos será levada em conta na me· quando taes cargos sej01m exercidos por officiaes
di da de um terço do tempo de sua duração.
Art. 328 - O réo será posto em liberdade antes mes- PIWO{J1'apho unico - A autoridade competente para
ma de proferida a sentença do Supremo Tribunal na ap- o Conselho poderá deix(]'q" de fazel-o por julgar im-
pellação, ou nos embargos, logo que o tempo de prisão a accusação, fundamentando seu acto, do que
attingir o maximo da pena comminada no artigo da lei em ptlhlicidade em boletim.
que o houver julgado incurso o Conselho de Justiça no
primeiro caso, e no segundo o proprio Tribunal ao julgar a Commentario: Y.arias modificações foram in-
appellação. Esta disposição, no que fôr. applicavel, se troduzidas neste artigo . O texto anterior só permittia
observará tambem nos processos da competencia origina- a requerimento da parte a organização do Conselho
ria do Supremo Tribunal. de Justificação para um determinado caso: de ter
Art. 329 - A sentença criminal passada em julgado sido o justificante accusado de haver procedido incor-
será por extracto annotada, na fé de officio ou nos assen· rectamente no desempenho de seu cargo, ou comrnissã?
tamentos do condemnado. Esta nota não poderá ser tran- quando a accusação fosse produzida officialmente ou
pela imprensa. Actualmente, porém, poderá organizar-
cada, salvo em caso de amnistia.
se o Conselho, ex-officio, para apreciação da conducta
-180-
- 181-
AltiADOR CYSNEIROS

irregular do accusado, de actos por elle praticados que .,anbros: um presidente, um interrog<41te e o mais
affectem a sua honra pessoal, pundonor militar, ou moderno como escrivão do processo. Como ~de­
decôro da classe. ante se verá, as funcções do interrogante e do escri -
Um campo muito mais vasto, portanto, abriu-se vio foram mantidas, mas não determinadas o que
para apreciação dos actos. contrarias á honorabilidade c:onstitue uma das falhas da reforma.
•to militar e a adopção do modo ex-officio será Utna Do mesmo modo temos visto sempre referencias
:1rma temível que manejada pelos commandos criterio. as escalas para estes Conselhos, quer para os Coure-
.<,amente, somente bons fructos produzirá no sanea~ lbos de processos de deserção como de insubmissão mas
mento da classe, ao passo que, desvirtuada de suas nenhuma disposição nos diz como devam ser feitas' tae!
finalidades , redundará n'uma fonte inexgotavel de per- escalas.
seguições de toda sorte.
O espírito da reforma transparece claramente Art. 332 - Quando se tratar de accusação feita na
nesse dispositivo. Procurou-se dar o maximo de auto- o pedido de justificação poderá ser indeferido,
ridade disciplinar aos grandes commandos, numa ex. 0 fundamento de improcedencia daquella, e o despacho
tensão lata de arbítrio que culmina no laconico disposi- publicado.
tivo do paragrapho unico, sem admittir recurso de Art. 333 - Reunido o Conseiho no Jogar, dia e hora
especie alguma. segundo a convocação feita pelo presidente,
por este apresentada e lida ao Conselho a petição do
Art . 331 - O Conselho' de Justificação C011'~>POT-sc·á que deverá estar presente.
de dois officiaes, no mínimo de posto subsequente ao do Art' 334 - Em seguida o official interrogado proce-
accusado, sob a presidencia de um official general. á qualificação e interrogatorio do justificante.
§ 1 . o - Só poderão ser juizes officiaes superiores e a) (supprimida pela reforma).
qt~a,ndo se tratar de offiC'ial general, o Conselho será presi-
b) ( mpprimida peta reforma) .
c) ( supprimida pela rectifica{ão) .
dido pelo Chefe do Estado Maior do E~ercito ou da Ar-
mada, concorrendo á escala todos os generaes da aJctiva. d) ( supprimida pela reforma) .

Commentario; ·As alíneas supprimidas diziain


Commentario: Era muito mais claro o anterior sobre a qualificação do accusado e a alínea c foi sup-
texto, porquanto determina-va as funcções de todos os primida pela rectificação.

- 182- - 183
A.JIADOR . VTSNEIROS

§ 1. o -Os juizes poderão fazer as perguntas que jul. Art. 338 - Até proferir sua decisão, o Conselhoo
gar necessarias. receber da pessoa que fez a accusação todos os escla-
§ 2. o - As respostas do interrogado serão escriptas escriptos que por ella lhe forem fornecidosr
pelo official escrivão, á medida que forem dadas, sob 0 ou não de documentos.
titulo "Auto de perguntas e interrogatorio", que será assi- Art. 339 - Em seguida o Conselho passará a delibe-
gnado pelo interrogado e pelos membros do Conselho . em sessão secreta, decidindo por maioria de votos se O'
§ 3. o - Serão juntos ao processo todos os docu~en­ $e justificou das accusações que lhe foram fei-
tos offerecidos pelo interrogado. devendo o despacho ser escripto pelo official escrivã<>
assignado por todos . ·
Cvmmentario: A substituição do paragrapho fa.
0 vencido poderá dar . por escripto, em continuação á.
cultou aos juizes fazerem as perguntas, quando, antes,
sua assignatura, as razões de sua divergencia.
eram apenas lembradas ao juiz interrogante afim de
Art. 340 - Lavrado o despacho, com um termo de
melhor esclarecimento dos factos.
encerramento escripto pelo escrivão, o processo será remet-
Art: 335 - Declarando o interrogado que tem teste- ~. por officio, á autoridade convocadora do Conselho.
munhas que justificam o seu procedimento, apresentará no Art. 341 - A autoridade convocadora do Conselho
mesmo acto o rol das mesmas, com indicação dos seus decidirá, no prazo de dez dias, confirmando ou não, moti-
nomes, profissão e residencia, as quaes o Conselho man- a decisão do Conselho. Se reconhecer que o
dará notificar para comparecerem em dia, hora e Jogar que averiguado constitue crime, remetterá o processo ao
designar . . competente- Se verificar a occurrencia da falta
Art. 336 - Presentes no dia, hora e logar designados 'disciplinar, procederá na fórma dos Regulamentos Disci-
o justificante e as testemunhas. proceder-se-á á inquirição do Exercito e da Armada. Verificado que o ius-
destas lavrando-se, de cada depoimento, termo, que será ~ lifictmle. incorre nas cmJdições previstas no artigo 330, será
assignado pela testemunha, justificante e membros rio o fi'OCesso enviado aos ministros, a quem caberá applicar a
Conselho. que determinar o Codigo Disciplinar.
Art. 337 - Findas as inquirições das testemunhas, o
presidente declarará encerradas as diligencias, e concluidas Commentario: Na mesma data em que assignou
as formalidades do processo, do que se lavrará termo pelo a reforma o Governo Provisorio regulou disposições
escrivão. penaes relativas ao artigo 330, baixando o decreto

- 184- 185 -
AMADOR CYSNEIROS

n. 24.804 que adeante se lê, sobre reformas adminis- Rio de Janeiro, 14 de julho de 1934, 113° da
trativas e extinguindo as commissões de syndicancias. Independencia e 46° da Republica. - GETULio VAR~
' GAS p. Góes Monteiro, Protdgenes P. Guimarães.
Decreto n. 24.804 de 14-7-34 : J

O Chefe do Governo Provisorio da Repuhlica


Art. 342 - No caso de accusação officialmente feita,
dos Estados Unidos do Brasil, considerando :
pronunciamento do Conselho de Justificação será publi-
Que não mais se justifica a existencia da Com- em boletim ou ordem do dia, e constará da fé de offi-
missãc de Syndicancia, creada para julgar officiaes cfe do justificante.
terra e mar, accusados de irregular conduta;
Que a pratica provou ser medida salutar afastar
àas classes militares aquelles que pela sua conduta com , TITULO XV
ellas se incompatibilizaram o que deve ser normal-
mente apurado no seio da propria' classe; Da Correição V• H J:.
Decreta, no uso das attribuições que lhe confere
o artigo 1. 0 do decreto n. 19. 398, de 11 ~e novembro Art. 343 - Ao auditor corregedor cumpre proceder
de 1930: cMtorio · ~ correições dos aJUtos findos, livroJ e
para o que percorrerá annualmente até um
Art. 1. 0 - O official do Exercito ou da Armada
auditorias, de modo que todas tenham pelo me-
àe irregular conduta ou que praticar actos attentato-
uma correição em cada período de tres annos.
rios á honra pessoal, pundonor militar ou decôro da
1. o - PMa o desempenho de taes funcções, poderá
classe, apurados pelo Conselho de Justificação a que
do . commandante da Região ou autoridade da
f6r submettido, será, a juizo do Governo reformado
correspondente, as minutas de officios com que
definitivamente com as vantagens que lhe couberem
enviados o~ processos ás Auditorias, ficcmdo á sua
por lei.
todos os livros e documentos enstentes em cor-
Art. 2. o - Ficam f!xtinctas as commissões de fazendo recolher ao Archivo do Supremo Tribunal
syndicancias. os autos findos após correição.
Art. 3. o Revogam-se as disposições em con- § 2. o - Apresentará na primeira quinzena de dezem-
trario. de cqda anno ao presidente do Tribun'(rl seu relataria

- 186 - 187-
CODIGO DE JUS'I'ICA ltiiLITAR
AMADOR CYSNEIROg

s_obre as correições feitas, suggerindo as providencias qur? TITULO XVI


julgar t'ecessarias.
Da Justiça Militar em tempo de guerra
Art. 344 a 348 - (Supprimidos pela reforma).
Art. 349 - Ao ser decretada a mob1lização ou decla-
Commentario: Já vimos que o Decreto numero rado o estado de guerra, como tambem ao ser decretado o
23. 796 de 1934 extinguiu a Secção de Justiça . que estado de sitio por motivo de grave commoção intestina ou
funccionava junto ao Ministerio da Guerra. O Titulo ame.aça de aggressão extrangeira, o commandante em chefe
XV do Codigo de Justiça Militar tratava justamente em cada grupo de Exercito ou Esquadra organizará um
dessa secção e regulava as funcções do Sub-Procurador Co-nselho Superior de Justiça que funccio11ará como Tr·i-
Geral. A reforma substituindo o titulo pelo "Da Cor- bu.naf de 2. a entranc1a composto por um auditor e dois
reição" dispoz-se a regular essa materia que o Codigo officiaes generaes da activa ou da reserva como juize~ e
anterior silenciava. Esqueceu-se porém o legislador de um promotor como procurador.
determinar a entrancia do auditor de Correição e § 1. o - Os commandante de divisão do Exercito e o
fel-o volante, isto é, deslocando-se para cada cartorio Director Geral do Pessoal da Armada convocarão os Con-
das Auditorias, periodicamente. selhos de h~stiça que se constituirão segundo as disposições
do artigo 8. 0 para elles designando os serventuarios effe-
O cargo de auditor corregedor instituído pelo pa-
ragrapho 1 . o do artigo 3. o do Codigo, ora supprimido, ctivos, supplentes e adjuntos em cuja fialta deverão servir
era de 1 . • entrancia e a correição se fazia nos pro- 'officiaes da reserva, preferindo-se os que sejam bachareis
em direito.
cessos findos remettidos 'annualmente ao Supremo
Tribunal Federal. § 2. 0 - Taes Conselhos funccionarão durante wm
trimestre, ficarndo os juiz-es, réos e testemunhas adidos ao
Dando-lhe o caracter movei e estabelecendo pra-
fOS para a correição em todos os cartorios não se Quartel General ou Estadp Maior da Marinha respectivos
lembrou o legislador que o deslocamento do auditor- .emquanto eStiverem á disposição da Justiça.
corregedor não poderá ir além de 120 dias, pois o Co- § 3. o - As substituições dos juizes serão feitas pela
digo de Contabilidade não permitte se processem dia- autoridade. competente para a nomeação.
rias em maior numero, de vez que em quatro mezes § 4. 0 - Os officiaes generaes serão originariamente
não será possível inspeccionar um terço dos cartorios julgados pelos Conselhos Superiores com appellação para
existentes. c Supremo Tribunal Militar.

-188- - 189
AMADOR CYSNEIROS

Commentario: O novo dispositivo modificou por como pela reducção dos prazos no preparo.
completo o anterior que regulava a ma teria. A trans- processos, conforme se verá mais adeante.
formação feita, todavia, conservou o mesmo titulo que
se encontra.:a no Codigo que só mandava observar Art. 350 - Os processos terão sempre que pos,sweT
essa applicação em tempo de guerra. Tanto assim que identka á estabelecida prwa o tempo de paz,· os·
durante o movimento de 1931 em Recife e o de 1932 ~rwhn, serão restringidos á metade.
em São Paulo e Matto-Grosso o Governo Provis,orio
Commentarzo: •Anteriormente os ·prazos eram;
teve necessidade de baixar os decretos numeras 20. 656
de 14 de novembro de 1931, 21.289 de 14 de abril de
para apresentação de denuncia ou defesa escripta.
;nterposição de qualquer recurso e sustentação dessas
1932 e 21.886 de 19 de setembro de 1932 para a cons-
ultimas, 48 horas ; para o summario, 8 dias; para O·
tituição dessa Justiça Especial, competente para conhe-
estudo dos autos em instancia superior, pelo relator,.
cer dos crimes commettidos em circumstancias espe- o intervallc de uma sessão.
ciaes de commoção intestina, porque a jurisprudenCia
do Supremo Tribunal Militar não reconhecia, . em Art. 351 - Ao promotor militar, em cada dhoisão,
face do Codigo de Justiça e em razão de sua propria zelar pela observancia das regras geraes de direito-
natureza, como sendo o de estado de guerra os movi- e convenções de Genebra de 27 de julho dtr
mentos revolucionados que tiveram por theatro varios solwe o tratamento de prisio-neiros, feridos e enfer-
Estados do Brasil. O novo texto, porém, admittiit a IÜ campanha, fornecendo ao commando prescripções
applicação de Justiça Especial de Guerra tão prompto IÜfiDm chegpr ao conhecimento da tropa e população·
seja declarado o estado de sitio. em virtude de grave ·tltJtiva.r a elles, bem como aos não .combatentes e pro-
commoção intestina. Assim qualquer movimento revo- publicas e privadas.
lucionaria de avultadas proporções que obrigue a de-
cretação do estado de sitio, determinará a observancia Commentano: E' inteiramente confusa a redac-
dessas disposições facilitando de certo modo o serviço deste artigo. Ao promotor incumbe fornecer ao-
de Justiça pelo julgamento rapido dos processos, não commando "prescripções" - que prescripções? -
só pela constituição dos Conselhos Especiaes funccio- IObre o tratamento de "feridos" e "enfermos" de cam-
nando addidos aos Quarteis Generaes das forças em Cumpre-lhe sim fiscalizar a observancia das

190 - - 191-
AliiADOR CY.SNEtRos

.JUSTIÇA MILITAR

regras geraes de direito e do Convenio de Genebra.


Dá-se ao Promotor, em cada Divisão, attribuições que 356. O militar que tiver de ser fuzilado sahirá
ferem de fundo ás organizações do Serviço de Saúde vestido de uniforme commum e sem insígnias, e
e estabelecem conflictos com as chefias de Policias Mi- OS olhos vendados no momento em que tiver de rece-

...
litares em campanha. Assumpto tão delicado não po- IÍI desaU"gas. As vozes de fogo serão substitui das por
derá constar assim de uma redacção mal feita, sem sen-
tido, sem nexo, tornando-se impraticavel no caso de
·necessidade de sua execução. 357 - O civil que tiver de ser fuzilado sahirá
decentemente vestido, e será executado na con-
Art. 352 - (Supprimido Pela reform,a).
do artigo anterior.
C ommentario : Regulava a Constituição dos Con- 358 - Da execução da pena de morte se lavrará
.selhos Superiores de Justiça de que falava o preambulo dfc:umstanciada, a q1Jal, assignada pelo executor e
do artigo 349 e paragrapho 4. 0 do mesmo artigo. testemUnhhas, será remettida ao commandante em
du forças em operações. para ser publicada em or-
Art. 353 - (Supprhn,2"do pela reforma). clo dia, boletim, ou detalhe. Uma cópia dessa acta,
authenticada, se juntará aos autos.
Commentario: Mandava observar os prazos de
que trata o commentario ao artigo 349. 359 - As sentenças do Conselho Superior de
susceptíveis de embargos.
será Art. 354 -
fuzilado. O militar ou civil condem'nado a morte
TITULO XVII
Art. 355 - A pena de morte proferida em ultima ins·
tancia por Tribunal reunido em territorio ou aguas militar- Disposições geraes
mente occupadas, será executada logo· depois de passar em
julgado a sentenqa, salvo decisão em contrario do Presidente 360 - Os processos-crimes militares não são su-
.d a Republica.
a custas, emolumentos, sello ou portes de correio.
Paragrapho unico. Será permittido ao condemnado Paragrapho unico. Os documentos offerecidos pelo
receber os soccorros espirituaes que reclamar, de accordo sellados .
.com a sua religião.
• 362 - A policia civil ou militarizada é obrigada
todo o auxilio, inclusive o da força, ás diligencias
-192-

- 193-
AMADOR CYSNEIROS

iegaes que se tiverem de levar a effeito fóra dos estabeleci-


mentos militares. crime de deserção e insubmissão e os
Art. 363 - Os tabelliães e escrivães em geral são ' alistamento e sorteio.
obrigados. sob pena de responsabilidade a acceitar a peri- Yf} _ Os autos não podem ser entregues com
cia nos exames de documentos que se fizerem necessarios confiança aos réos ou seus advogados .. E', po-
nos processos militares. I;Dittido aos mesmos o exame dos autos em canorio
Art. 364 - As multas comminadas neste Codigo serão · de notas e apontamentos necessarios á defesa.
cobradas executivamente e recolhidas ao Thesouro Nacio- _ O tempo de serviço mlitar será computado
da aposentadoria.
nal, ou, em se tratando de autoridade, ou funccionarios,
_ O auditor corregedor, auxiliado por um
descontadas nas folhas de pagamento.
pelo procurador geral fará as correi-
Art. 365 - A habilitação judicial para a percepção
findos, remettidos das auditorias . O Tri-
do montepio e meio-soldo pagará as custas do Regimento
ou mandará responsabilizar os culpados, na
da Justiça Federal e ficará a cargo das auditorias.
deste codigo, pelas irregularidades encontra-
Art. 366 - Se vagar uma auditoria de primeira en- em vista o relataria da correição.
·trancia, o Governo poderá remover para ella o auditor que
o requerer. \( ~ 1.1 e.-- r. . - O serviço judicial prefere a outro qual-
o dispoto no artigo 22.
Paragrapho unico - O requerimento poderá ser feito - As nomeações da competencia do ·Presi-
por telegramma. Jitepublica, para os cargos da Justiça Militar,
Art. 367 - O procurador geral terá um secretario ~dadas, respectivamente, conforme a hypothese,
que será um dos funccionarios da secretaria do Tribunal á Guerra e da Marinha.
sua requisição, um dcu:tylographo e um servente. (Supprimido pela reforma).

Commentario : Accrescentou-se ao antigo texto Regulava a concessão de passea


"um dactylographo e um servente". officiaes de Justiça.

Art. 368 - Os processos serão distribuídos de modo - As patentes dos offíciaes effectivos, re-
equitativo, por todos os ministros , tocando de preferencia honorarios e das classes annexas, de que trata
•, § 6.•, do decreto n. 149, de 1893, e bem assim
- 194-
- 195-
AMADOR CYSNEIROS

Modificada a organisação e denominação das res-


dos da 2. a linha, serão expedidas pelas Secretarias <h
,a_s pectivas auditorias não se determinou a qual auditor.
Guerra e da Marinha. competirá a nomeação de taes funccionarios que terão
Art. 376 - ( S upprimido pela re form<J). attribuições de zelar pelas suas sédes . ..
o
ci Com mentario: Modificada a natureza do voto
n nos julgamentos de accordo com o artigo 200, foi
DISPOSIÇOES TRANSITORIAS
supprimido o antigo dispositivo que determinava aos
juizes expressamente o julgamento dos feitos segundo
o allegado e provado, ainda que em conflicto com suas Art. 382 - O actual sub-p1'ocurador passa a ter excr·
· consciencias. rido jwnto ao Supremo Tt·ibunal Miitar, de accordo com o
§ 2. o do artigo 44 do decreto n. 23. 796 de 1934 e deverd
Art. 377 - Os casos omissos neste Codigo serão funccioniJr como representante do Ministerio Publico junto
resolvidos de accordo com o direito commum . 6 Auditoria de Correição, sendo-lhe mantidas todas ~
d
Art. 378 - As auditorias para o Exercito, da 1.• QCtuaes vantagen.s .
.circumscripção, terão, a seu serviço, um servente, nomeado
tr
pelo 1. o auditor, e que se incumbirá do asseio e conserva- Commentario : Duas são as novas funcções attri·
o
-ção do predio em que as mesmas funccionarem. buidas ao actual sub-procurador. Uma com exercício
Art. 379 - Os accordãos do Supremo Tribunal e os junto ao Supremo Tribunal Militar e outra junto á
po pareceres do procurador geral serão publicados no Dúzrio aud1toria de correição . Junto ao Tribunal, compete·
da Justiça. . lhe somente substituir o procurador em suas faltas c
qu Art. 380 - Cada Auditoria terá uma ordenança a impedimentos e receber attribuições que lhes forem
su quem compete o serviço de correspondencúz e zelar pela delegadas, por qualquer motivo justificavel. Como
;.téde. representante do Ministerio Publico junto a uma Au-
Art. 381 - Revogam-se as disposições em contrario. ditoria movei, como é a de correição, difficil será o
desempenho de ambas as funcções por impossibilidade
Commentario: O artigo 380 deveria, se fosse de estar substituindo o procurador e assistindo cor·
outra a redacção, constituir um paragrapho do artigo reições em cartorio.
eq , ...· · 378, conservando-se ainda o texto do alludido artigo .
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AMADOR CY~N E IROS

Art. 383 - Ficam. em. disponibilidade sem prejuízo do Processo de modo a pôl-o de accordd
thu vantagens pecuniarias de direito os serventualrios das novas disposições introduzidas no Codigo.
auditorias extinctas, até serem aproveitados e1n cargos iden-
ticos . Commentario: Deverá ser o mais rapido possí-
Paragrapho unico - Os archivos e mobiliarias dessas vel a revisão alludida, de vez qua a reforma modifi-
aflditorias serão recolhidos as auditorias das regiões e111 cou profundamente as normas dos processos de deser-
cujo territorio funccionavam, media-nte relação assignad11 ção e insubnússão além de outras alterações produzidas
pelo auditor logo que se concluam os processos em anda. carecedoras de immediata regulamentação, sob pena de
mento. tomar cahotico todo serviço, pela razão de não ter
sido estabelet:ido prazo algum para as novas disposi-
Commentarrio : A reforma regulou, como se vê, ções entrarem em vigor, forçando-as á obediencia das
a disponibilidade dos serventuarios das auditorias ex- determinações do Codigo Civil nas disposições que
tincta~ . desde os auditores até os officiaes de Justiça . regulam o assumpto.
Deixou porém de assegurar os mesmos direitos aos
restantes of ficiaes de Justiça das demais auditorias,
assim como do ministro que seria retirado do Supremo TABELLA DE VENCIMENTOS
Tribunal Militar.
O paragrapho unico determina o arrolamento dos A tabella de vencimentos que baixou com o Codigo de
archivos das alludidas auditorias. logo que se concluam Justiça Militar e de que trata o artigo 63, hoje, já se en-
os processos em andamento. Como ali devem se en· contra profundamente alterada, motivo pelo qual não a
centrar processos de réos reveis que em virtude da re- transcrevemos.
forma não podem proseguir, tão cedo não deixarão de Na actualidade os vencimentos dos funccionarios da
funccionar as auditorias das antigas 8 . a e 9. a Circums- Justiça são os seguintes, divididos, dois terços como orde-
. rripções Judiciarias Miiitares, salvo se um aviso minis- nado e um terço 'Como gratificação :
terial determinar a remessa de taes feitos ás respecti-
vas Auditorias da 7. a e 8. a Regiões Militares. Ministros togados 60:000$000
Procurador Geral 51:750$000 t
Art. 384 - O Governo m..andará proceder a revisão Auditores de 2.• entrancia . . . . . . 48:000$000

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AMADOR C YSNEIROS

Promotores, idem . . . . . . . . 23 :()()0$00(} b) 0 supplente de auditor o adjunto de promotor, o


Advogados, idem (gratificação) 8:400$00() advogado, o escrivão interino e os ad hoc perceberão as
Escrivães, idem . . . . . . 7 :680$000 vantagens pecuniarias iguaes ás do substituído ;
Auditores de ·1 . a entrancia 28.704$00() c) 0 auditor em disponibilidade continúa a percebe.r os
Promotor, idem . . . . . . 1~ vencimentos da tabella em vigor ao tempo em que a mesma
Escrivães, idem . . . . . . 6:000$000 disponibilidade foi concedida.
Advogados "(gratificação) . . . . 6:000$000 d) os membros do Conselho Superior de Justiça e o
sub-procurador, ou auditor, ou promotor, que servir de pro-
Os officiaes de Justiça percebiam 3 :720$000 os de 2.a curador geral. respectivamente, com o accrescimo propor-
entrancia e 3 :360$000 os de primeira que tinham venci cional que a lei estabelecer, e na mesma especie de moeda
mentos eguaes aos do servente da 1. • C. J. M. em que receberem os officias em campanha. D.esta ultima
"Os ministros militares cujos vencimentos :militares vantagem gosarão tambem os auditores, promotores, e ser-
forem inferiores aos vencimentos dos ministros civis per- ventuarios da justiça militar que servirem no theatro da
ceberão ainda a respectiva differença. guerra".
O ministro civil e o procurador geral, ao serem nomea.
dos, terão para primeiro estabelecimento 1 :000$000 e o au·
ditor e o sub-procurador 500$000.
Quando, a serviço, sahirem da respectiva séde, o pro·
curador geral e o sub-procurador perceberão 20$000 de
diaria; os auditores, membros do conselho, promotores e
advogados, 15$000; os escrivães, 8$0000 e os officiaes de
Justiça. 5$000.

OBSERVAÇõES

a) a nomeação (Ui hoc só da direito á percepção de


vantagens pecuniarias nos dias das sessões dos Conselhos;

- 200 - 201-
INDICE ALPHABETICO E REMISSIVO
DO CODIGO
ABSOLVIÇÃO:
- do réo, artigos 229 e 299.

ACÇÃO PENAL:
Como se inicia a artigo 187.

ACOORDÃO:
Onde são publicados os -: artigo 379 .
- t·emette-se, por copia, ao auditor: artigo 111 letra f.

ACTA :
- de sorteio : artigo 10 § 3. •.
- de execução de pena de morte: artigo 358 .

AOCUSAÇÃO:
Quem promove a -: artigo 221.
Quem pode auxiliar a -: artigo 192 .
- pela im,prensa : artigo 332 .

ADJUNTOS DE PROMOTOR:
Nomeação dos - : artigo 37.
Posse e exercício dos -: artigos 41 a 45.
Incompatibilidades e suspeições dos - : artigos 46 a 49.
Substituições dos - : artigo 54.
(Vide Promotor) •

ADVOGADOS:
Posse e exercicio dos - : artigos 41 a 45.

- 203-
AMADOR CYS· NEIROS

CODIGO DE JUSTIÇA MILITAR

Incompatibilidades e suspeições dos - : artigo 46.


Substituições dos - : artigo 53.
Licenças dos - : artigos 55 a 60. ASSEMELHADOS:
Direitos, garantias e penas dos - : artigos 66, 69 a 75, 81, Silo julgados pelo fôro militar - : artigo 89 letra h.
212 e 213. Quaes são os - : artigo 90.
- quando funccionam: artigos 202, 208 a 211 e 214. ATTRIBUIÇôES :
-perante o S.T.M.: artigo 297, § 4.•. _ do Auditor : artigos 92, 95, 134, 172, 312 e 315.
O réo pode ter mais de um - : artigos 210 e 211. _ do Promotor : artigos 104, 188, 190, 214, 215, 221, 250, 117
AGGRAVO: § 3. • e 351 e 257 § 6. o.
- do Advogado: artigos 108, 212, 215, 221 e 297 § 4. 0

Quando cabe o - : artigo 93, letra d. - do EscriYão: artigos 109, 220 § 5. o e 228 .
Quando tem logar o - : artigos 276, 277 e 809. - do Procurador Geral: artigos 297, 300, 105.
ALLEGAÇõES FINAES: - do Sub-Procurador Gera·}: artigo 382 .
- do .Secretario do S. T. M. : artigos 111, 297 e 300.
Quando devem ser feitas as - : artigos 214 e 215. - dos ministros Relator e Revisor: artigo 297 § 3. 0

(Vide Razões).
- do encarregado do inquerito : artigos 119, 120 e 156.
APOSENTADORIA: - do Presidente do S . T. M. : artigo 101.
- do escrivão de inquerito : artigo 117 § 2. o.
Computa-se o tempo de serviço militar para artigo 370 - do Presidente do Conselho: artigo 94.
APPELLAÇAO: - dos escreventes : artigo 110.
- dos commandantes de unidades: artigo 257 e 170 § Unico .
- sendo do réo não se pode aggravar a penaUdade imposta:
~ rtigo 297, § 6.•. AUDITORES:
- de sentença condemnatoria é sempre suspensiva: artigo 296 Jurlsdicção dos - : artigo 2 letra a.
Quando cabe a - : artigo 290. Entrancias dos - : artigo 4.
Os que podem interpor - : a rtigo 291. Nomeação dos - : artigos 30 a 32.
Quando é interposta a - : artigo 292. Posse e exercício dos - : artigos 41 a 45.
Quaes os effeitos da - : artigos 293 e 296. Attribuições dos - : artigos 92, 95, 134, 172, 312 e 315.
Prazo para remessa da - : artigos 294 e 295. Incompatibilidades dos - : artigos 46 a 52.
No S.T.M., como se processa a - : artigo 297. Substituições dos - : artigos 53 e 54.
Licenças dos .:._ : artigos 55 a 60.
APPREHENSAO: Direitos e garantias dos - : artigos 61, 63 a 66 e 81.
(Vide IJusca). Penalidades dos - : artigos 69 e 70.
Graduações dos - : artigo 72.
ARCIDVAMENTO: Matricula dos - : artigo 73.
- de autos: artigo 119, § 1. •. .Antiguidade dos - : artigos 74 a 77.
- de inquerito, quem o concede: artigo 93 letra a. Uso de farda pelos - : artigo 79.
Supplentes de - : artigo 33 (Vide Supplente de Auditor).
ARCHIVO:
- de livros e papeis: artigo 109 letra u. AUDITORIAS:
- existentes : artigo 1.
- e mobiliado das auditorias extinctas: artigo 383 § Unico. - extinctas : artigo 383 § Unico.
Entrancias de - : artigo 4.
- 204-
205
.AUTORIDADES:
AMADOR CY8NEIROS

- judiciarias: artigos 2 a 7 •
- cargos da Justiça Militar: artigo 31.

.AUXILIARES :
- da Justiça Militar: artigos 107 a 111.

BUSCA:
114.
Como se procede a - : artigos 124 a 133.
DE JUSTIÇA :
CITAÇÃO: compõe o - : artigos 8 e 9.
do - : artigo 93.
Quando tem logar a - : artigo 193.
- : artigos 10, 15, 17 a 19 e 23.
Como se procede a - : artigos 194 a 197. do - : artigo 96 .
CIVIL: - : artigos 20 e 97.
do - : artigo 98.
- que tiver de ser fuzil ado: artigo 357. do - : artigos 200 a 218 e 220 a 232.
- co-réo em crime militar: artigo 83. em tempo de guerra: artigo 349 §§ 1.• e 2.•.
- comette crime militar: artigo 89.
Especiaes : artigo 21.
atê quando fun ccionam: artigos 21 e 24.
COMMANDANTE.S:
- de Região, Brigada e Forças Navaes: art. 116. DE JUSTIFICAÇÃO:
· - de unidades: artigos 257 e 118 § 1.• . •se organisam os - : artigos 330 a 342.
COMPETENCIA: SUPERIOR DE J USTIÇA:
- em geral : artigos 82 e 89. os - : artigo 349.
- do Consell10 de Justiça: artigos 93 a 98.
- do Presidente do Conselho de Justiça: artigo 94.
-do S.T.M.: artigos 99 a 103, 262 e 272. a - : artigo 168.
- do PrO<:urador Geral: artigo 105.
- do Secretario do S . T. M. : artigo 111. DE DELICTO:
- do Ministerio Publ!ico: artigo 104. se faz necessario o - : artigos 135 e 139.
- do Advogado : a rtigo 108. se procede ao-: artigos 136 a 139, 142 e -145.
- do Escrivão: artigo 109. os com.plementos do - : artigo 140.
- do Escrevente: artigo 110. &·th.....to não houver - : artigo 201.
(Vide A.ttribuições) • E:cames).

COMPROMISSO:
Formula de - : artigo 200.
- de testemunhas: artigo 164. findos: artigo 371.
- de funccionarios : artigos 41 a 45.
- do advogado militar, no s ummario: artigo 203.
- 207-
-206-
AMADOR CY8NEIROS

CORREGEDOR:
- será. au.:tiliado por um Promotor: artigo 371. podem ser juntos aos autos os ·-: artigo 177.
- deve fazer correições em cartorio : artigo 343 preambulo. fazem prova os - : artigo 178.
-- deve apresentar relato rio annual: artigo 343 § 2. o. artigos 179 a 180.
- é auxiliado pelo Sub-Procurador : artigo 382.

CURADOR:
em cada Auditoria: artigo 7 letra o.
Quando se dá - : artigos 203 e 209. os Escrivães : artigo 110.
CUSTAS:
Os processos crimes não estão sujeitos li - : artigo 360.
- cobram-se pelo Regimento da Justiça Federal, nas justi- de - : artigo 301.
f icações : artigo 365. ~.QaaDdo devem ser apresentados os - : artigo 302.
quem são dirigidos os - : artigo 304.
DEFEZA: ele declaração : artigo 305.
- oral : artigo 221. baverd. intimação para o réo dos - : artigo 303.
onde não cabem - : artigo 359.
de - : artigo 310.
DENUNCIA:
O que deve conter a - : a rtigo 188.
Quando não é acceita a - : artigo 189.
Prazo para offerecer a - : artigo 190 . - : artigo 28.
Quem acceita ou rejeita a - : artigo 93 letra a. dos - : artigos 4i .a 45.
e suspeições dos - : artigos 46 e 47.
DESERÇÃO : : artigo 53.
- de official: artigos 255, 257 § 8. 0 • garantias dos-: artigos 63, 65, 68 a 70, 72, 79 e 81.
- de praça de pret : artigo 256. dos - : artigos 109, 220 § 5. o, 228 _
Forma de processo de - : artigo 257. do Conselho de Justificação: artigos 337 e 340.
ele Inquerito : artigo 117 § 2. o.
DESPACHO:
- definitivo serli fundamentado : artigo 225.
- do Auditor que não recebe os embargos: artigo 306. as regras applicaveis para os· - : artigo 141.
de sanidade: artigo 142.
DIREITOS: de autopsia: artigo 143.
- e garantias de todos os func cionarios : ' artigos 61 a 81. - : artigo 141. -
Corpo de deUoto) .
DISPENSA:
- de serviço para os membros do Conselho : artigo 22 .
artigos 312 a 329.
DISPOSIÇõES :
- Geraes do Codigo : artigos 360 a 381.
- Transitarias do Codigo: artigos 381 a 384. e Suspeição).

- 208- -209-
AMAD O B. CYSNEIR O S

EXERCICIO: ~onsiste o - : artigo 115.


Prazo para inicio do - : artigo 43. pode ser instaur ado o - : artigo 116.
se deve proceder ao - : artigos 118 a 120.
- no caso de remoção, permuta, ou promoção: artigo 44. ~~QaaDCIO pode ser dispensado o - : artigo 123 .
,, (Vid e Oomp1·onWiso e Posse) .
tem poderes par a mandar proceder - : artigo 117 .
de conclusão do - : artigo 117.
EXPEDIENTE: ser a voca da a solução do-: artigos 118 § 2.• e 116 § 4.".
Horario do artigo 55.

}'ERIA.S: 204 e 205.


- dos Ministros e Procurador: artigo 60. 167.
- dos demais funccionarios : artigo 60 § Unico.

FORMULARIO : a - : artigo '260.


O Governo mandará fazer a revisão do - : artigo 384. de - : artigos 8 § 3.0 e 257.
GARANTIAS:
- dos actuaes Ministros, Auditores, etc . : artigo 381.
- dos serventuarios das Auditorias extinctas: a r tigo 383.

GUIA:
- de sentença: artigos 312 a 315.

HABEAS-CORPUS: artigo 227 .


Quando tem logar o - : artigo 261.

I NCOMPATIBILIDADES: 226.
- de funccionarios, entre si : artigo 46 .
- de cargos e funcções pu blicas : a rtigo 47 .
- pam o exercício da ad,v ocacia : a r tigo 48 .
Das nullidades decorrentes das - : artigo 49. do-: artigos 220 a 232.
para - : artigo 231.
I NCOMPETENCIA: a sessão de - : a rtigos 223 e 297 § 8. •.
ser interrompida a sessão de - : a r tigo 227 .
- de juizo: artigos 237, 238 e 254.
MILITAR:
I NDICIOS: ê exercida a - : artigos 2 e 8 § 3." .
Quando fazem prova os - : artigo 186. a qualque r ou tro serviço os da - : artigo 372 .
tempo de Guerra : artigos 349 a 359.
I NDIVI DUAL DACTYLOSCOP ICA:
- deve ser j unta a os autos : artigo 361 . -211-

- 21 0 -
AMADOR CYSNEIROS
~

JUSTIFICAÇÃO:
Conselho de - : (Vide Conselho de Justificação). 107.
Cobra-se custas na - : artigo 365.
- para percepção de montepio e isenção de serviço militar.
artigo 92 letra i. ·

JURISDIOÇÃO: artigo 27.


- dos Auditores: artigo 1.
Conflicto de - : artigos 113 e 114 . 28 e 29.
(Vide CompetenciG).

LICENÇAS:
- dos Ministros e do Procurador Geral: artigo 56.
A quem cabe conceder - : artigo 57.
O que se observa na concessão de - : artigo 58.
LISTA:
- de sorteio : artigo 10 . - dos Ministros: artigo 25.
Para o sorteio serve a anterior - : artigo 17. _ do Procurador Geral : artigos 30 e 34 .
Quaes os officiaes que se excluem da - : artigo 10 § 1.•. - dos Auditores: ar tigos 30 e 32.
- dos Promotores : artigo 35.
LIVROS: - dos Supplentes de Auditor : artigo 33.
- dos Adjuntos de Promotor : artigo 37.
- de registro de guias de sentenças: artigo 314 . - dos Escr ivães: artigo 38.
- de execuções: artigo 322.
· - de tombo: artigo 109 letra Z.
- de actas de sorteio: artigo lO § 3.•. - por lllegitimidade de parte: artigo 248.
Quem compete archivar os - : artigo 109 letra g. - por inobservancia d!) certas formalidades: artigo 247.
MANDADOS: - sanavel: a r tigos 249, 252 e 254 .
- de prisão: artigos 149 a 155. - por incompetencia de juizo: artigo 251.
Quando se dâ - : artigo 246.
- de citação : artigos 194 letra a. e 195. Nlo se transige com - : artigo 250.
- de intimação: artigos 163 e 173. O que acarreta a - : artigo 253.
- de busca e awrehensão : a_rtigos 126 e 132.
MENAGEM:
- fica dispensado do!' serviços mi-litares: artigo 22 .
Como pode ser concedida a - : a r tigos 157 e 158. - se f õr accusado, o Conselho serft Espt:cial : artigo 21 . ,
Quando é cassada a - : artigo 159. - sorteado, não deixa de ser promovido: artigo 23.
Por quem é concedida a - : artigo 93 letra f. - excluído das listas de sorteio : artigo 10 § 1. •.
1\H LI TAR:
- não pode f unccionar em mais de um Conselho: artigo 15 .
- que não pode fazer parte do Conselho: artigo 16 .
- que serve de testemunha: ~rtigos 22 § 2.•, 163 § Unico e 173. - que f alta âs sessões do Conselho : artigo 20.
- condemnado á morte: artigo 356.
- 21 3 -
- 21 2 -
AMADOR CYSNEIROS CODIGO DE JUSTIÇA ltliLI'l'AR

- sorteado em substituição de outro: artigo 20 § 3o" o


- para a parte que se considerar aggravada com o despacho
- general de brigada, ou contra-almirante: ~rtigo 25 § 3o •.
do Relator: 309.
- encarregado de inquerito : artigos 117 a 119 o
- escrivão de inquerito: artigo 117 § 2." o - para os processos-crimes, em tem,po de Guerra: artigo 350.
- para conclusão de inqueritos: artigo 117 § 4.".
- que mandar instaurar um inquerito: artigo 118 § 1.". - para offerecimento de denuncia : artigo 190.
- para o Procurador Geral : artigos 288 e 297.
OMISSÃO: - para redacção das sentenças: artigo 92 letra ' h.
Pelo Direito Commum resolvem-se os casos de - : artigo 377. - paro o julgamento dos processos de deserção e insubmis-
são : artigo 257.
ORDENANÇA:
Cada Auditoria terâ uma - : artigo 380. PRECATO RIA:
- de citação : artigos 0193 a 197.
PATENTES: - de inquirição de testemunhas: artigos 170 e 171.
Por quem serão expedidas as - : artigo 375.
PRESCRIPÇÃO :
PENA: - da condemnação : artigo 320.
Effeitos da - : artigos 315 a 317, 323 a 325 o - da acção : oartigo 278 l i letra d.
Onde é cumprida a - : artigo 326.
- de reforma administrativa: artigo 341o PRESIDENTE:
- de morte, ,para os militares: artigos 355 e 356. - do Supremo T1ibunal Militar: artigo 26.
- de morte para os civis : artigo 357. - do Conselho de ' Justiça: artigos 8 e 94.
- do Co.qselho de Justificação: artigo 33°7 .
POLICIA:
- militar é exercida : artigo 117. PRESIDIO:
- civil, ou militarisad a estão obrigadas: artigo 362. Compete ao Director do artigos 318 e 319.
- das unidades compete: artigo 118.
PRISÃO:
POSSE : - em flagrante: artigos 147 e 148.
- conta-se do effectivo exercício do cargo: artigo 45. - para averiguações : artigo
0 156 .
(Vid e Compromisso e Exercioio). - preventiva: artigos 119, 156 e 327, 104 letra k.
- por mandado : artigos 149 a 155, 327.
PRAZOS: - com menagem: artigos 157 e 158.
- para inte~posição de recursos propriamente ditos : artigo 281.
- para apresentação de razões: artigos 282 e 284 . PROCESSO: '
- para interpor appellações: artigo 292 o Marcha do - : artigos 200 a 219. •
- para reforma de sentença : artigo 283. Leitura do - : artigo 220 § 50 • .
- para remessa de autos ao S. T. M. : artigos 285, 286, 294 - em tempo de Guerra : a rtigo 350.
e 295. - de insubmissão e deserção : artigos 8 § 3.", 256 e 257.
- para cumprimento de accordãos: artigos 289 e 298. -no S.T.M. é distribuldo equitatiov amente: artigo 368.
- para apresentação de embargos : artigo 302. - de justificação para habilitação de montepio: a rtigos 92
- para impugnação e sustentação de embargos : artigo 308. letra i e 365.
- nos Conselhos de Justificação : artigos 333 a 341.
-214-
-215-
AlUADOR CYSNEIRos

PROCURADOR GERAL:
Nomeação do ~: artigos 30 e 34.
Posse e exerci cio do - : artigos 41 a 45.
Incompatibilidades e suspeições do - : artigos 46 a 49.
Substituição do - : artigo 53.
Direitos e garantias do - : artigos 62, 63, 65 e 81.
Graduação do - : artigos 72 e 79. e 280.
Antiguidade do - : artigo 74.
Attribuições do - : artigos 297 e 300.
Auxiliares a que tem direito o - : artigo 367. _administrativa: artigo 341 e Dec. n. 24.804 de 14-7-34.
- concorre ás vagas do S. T . M. : artigo 25 § 1. •. _do Codi~o de Justiça Militar: Dec . n. 24.803 de 14-7-34.
- de sentença: artigo 283.
PROMOTORES:
Nomeação dos - : artigo 35.
Posse e exerci cio dos - : artigos 41 ·a 45. ( V.iàe Lista) .
Incompatibilidades e suspeições dos - : artigos 46 a 49.
Substituições dos - : artigo 53.
artigo 119.
Direitos e garantias dos - : artigos .62, 65, 6.6, 69. 70, 79 e 81.
Com.petencia dos - : artigo 104.
- em tempo de Guerra: artigo 351. ao:
- fica â disposição do Conselho : artigo 219.
- podem acompanhar as diligencias do inquerito : artigo - rêvel : artigos 209, 220 e 215.
117 § 3.• . - quando não comparecer com excusa legitima: artigo 232.
PROVA: - serâ posto em liberdade : artigo 328.
Os meios de - : artigo 160. - condemnado á morte: artigos 354, 356 e 357.
- quando não é intimado, para oppôr embargos: artigo 303.
QUALIFICAÇÃO: - menor, dá-se curador: artigo 203.
- do accusado : artigo 202. REPRESE~TAÇÃO:
- do justificante perante o Conselho de Justifica ção: ar- (Vide Queia:a) .
tigo 334.
QUEIXA: SCIENCIA:
Da sentença se dará ao Promotor - : artigo 226.
Quem pode apresentar - : artigos 191 e 192. - manifestada pelo réo nos embargos : artigo 303.
RAZõES : - ao Procurador Geral : artigo 300.
- âs partes do despacho que não recebeu os embargos: ar-
- de accusação e defeza: artigos 214 e 215. tigo 306.
- de recurso : a rtigos 282 e 283.
- de appellação : artigo 292 . SECRETARIO DO S.T.M.:
- de embargos : artigo 302. Attribuições do - : artigos 111, 297 e 300.
( V i de R ecursos) .
SELWS:
RECUHSOS: Os processos-crimes militares não pagam - : artigo 360.
Quaes são os artigo 273. Os document()S offerecidos pelo rêo levam - : artigo 360
§ Unico.
-216-
217-
= AMADOR CYS. NEIRos ---

SENTENÇA: ~

- sera. fundamentada: artigo 225.


- será lida em publica audiencia: artigo 226. Nomeação dos - : artigo 33.
Incompatibilidades e suspeições dos - : artigos 46 a 52.
- passada
artigo em
1329.julgado, constarA dos assentamentos militares: Substituições dos - : artigo 54.
Posse e exercício dos - : artigos 41 a 45.
- que não é susceptível de embargos: artigo 359.
Effeitos da -: artigo 230.
Execução da -: artigos 312 e 329. SUPREMO TRIBUNAL MIL!~AR:
Livro de execuções de -: artigo 322. Como se compõe o - : artigo 25.
Livro de registro de guias de -: artigo 314. Como se rege o - : artigos 26 a 29, 100 e 101.
Dos processos que são affectos ao - : artigos 262 a 272.
Nos processos
artigo 257de§ deserção
6. o. e iusubmissão, quem la vra a -: Dos .processos de appellação perante o - : artigo 297.
Da competencia do - : artigos 99, 102 e 103.
Quando é cumprida a - de morte: artigos 355 e 358.
SERVENTE: SUSPEIÇÃO:
- de Juiz: artigos 50 a 52, 233 e 234.
Cada Auditoria da 1.• R.M. terâ um - : artigo 378. - não acceita : artigo 235.
SESSÃO: - allegada: artigo 236.
- secreta: artigos 223 e 224. - pode ser allegada "ex-officio": artigo 51 § 2. 0

- de julgamento, não pode ser interrompida: artigo 227. (Vide Incompatibilidades) .


' - de Conselho de Justiça: artigos 20 e 97.
- de Conselho de Justificação : artigos 333 e 340. SUSPENSÃO:
- desos
Conselho - de exercício : artigos 65. 66, 68 e 71.
: artigopara
257. julgamento de desertores e insubmis-
:SORTEIO: TABELLIAES:
- e escrLvães, em geral, são obrigados a servirem de peritos :
- de juizes de Conselho, como se procede: artigos 9 a 19. artigo 363.
SUB-PROCURADOR:
Quaes as funcções do-: artigo 382. TERMOS:
- substanciaes do processo: artigo 247.
- concorre ás vagas no S. T. M. : artigo 25 § 1. o. - de aggravo: artigo 276.
SUBSTITUIÇõES: - devem ser rubricados pelo Escrivão : artigo 109 letra k.
- dos Ministros e demais funccionarios : artigo 33. · - são contínuos, improrogaveis e peremptorios : artigo 239.
~ - durante as ferias: artigo 60 § Unico. - do Secretario do S. T. M., nas appellações : artil(o 297 § 1. o.
- dos Ministros Relator e Revisor: artigo 297.
SUMMARIO: - de ractificação: artigo 254.
Marcha do -: artigos 200 a 219. Como se contam os - : artigos 240 a 242.
Podem ser renunciados os - : artigo 243.
Prazo para ser e!fectuado o - : artigo 217. Quando se restituem os - : artigo 244.
- nos processos de deser<:ão e insubmissão: artigo 257. Não se restituem os -: artigo 245.
SUPPLENTES DE AUDITOR: (Vide Prazos).
Quantos são os -: artigo 6.
TERRITORIOS :
Divisão dos - : artigo 1.
- 218
- 219
AMADOR CYSNEIROS

TESTEMUNHAS:
- que podem ser ouvidas no summario: artigos 161, 162 e 166.
- incompatíveis : artigo 165.
- suspettas : artigo 168.
- faltosàs : artigo 163.
- de defeza : artigo 205 § 2. •.
- nos processos de deserção e insubmissão : artigo 257 § 4. •.
- nos processos perante os Conselhos de Justificação: arti·
gos 335 a 337.
Como devem depor a s - : artigos 164, 167, 173, 174, 257 §§ 1.<>
e 3.•, 336 e 337.
INDICE GERAL
Como uevem ser inque1·idas a;; - : artigos 164, 169 a 171.
175, 257 § 3.• e 336. Paga.
Obrigam-se as - : artigo 176.
Rói das - : a rtigos 188 letra à e 335 . Prefacio . . . . . . . . . · · · 5
Notificação das - : artigo 335.
- de accusaç:ão e informantes: artigo 204. PRIMEffiA P AR'J'E: Historico :
VAGA:
Prenuncios da reforma . . . . . . . . 9
- de Auditor de 1. • entrancia. preenche-se por requerimento; O projecto da sub-commissão . . . .
artigo 366. 15
O substitutivo Cardoso de Castro .. 23
- preenche-se por permuta, remoção ou promoç:ão: artigo 44- Os princípios do Estado Maior do Exercito
- preenche-se nos cargos iniciaes por concursoS! de títulos : 29
artigo 31. • A reforma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
- de Auditor de 1. • entrancia preenche-se por concurso de
provas entre funccionarios : artigo 31. SEGUNDA PARTE: Codigo de Justiça l\filitar

VENCIMENTOS: TITULO I: Da administração 4e Justiça Militar:


- dos funccionarios da Justiça Militar : artigo 63.
VISTA:
Capitulo I: - Da divisão territorial .. .. .. .. .. .. 43
II: - Das Autoridades Judiciarias e seus auxl
-
-
ao Procurador Geral: artigos 297 e 288.
ao Promotor para dar denuncia: artigo 190.
liares .• .. .. .. .... ..
.. .. . . . . 45
III: - Composição dos Tribunaes Militares:
- para apresentar razões: artigos 282 e 284. Secção I: - Do Conselho de Justiça
- para requerer o que fôr de direito, pelo Promotor: arti- 47
go 257 § 6.•. " II: - Do Supremo Tribunal Mi-
- ao Advogndo nas appellações do~ processos de deserÇão e litar .. .. .. .. .. .. .. . . 55
Capitulo
insubmissão: artigo 257 § 1:•. IV: - Da nomeação dos auditores, membros do
(Vide Prazos). ministerio publico e outros funccionarios 58
.. V: -
VI:-
Do compromisso, posse e exercício
Das incompatibilidades e suspeições . ..
63
65
VII: - Das substituições .. ..
.. .. .. .. .. 67
VIII: - Das licenças e interrupções de exercício. 69
-220- __, 221 -
CODIGO DE JUSTICA MILITAR
AMADOR CYSNEIROS

Paga.
Paga. TITULO VII: Das questões incidentes:
IX: - Dos direitos e garantias dos juizes, mem-
bros do ministerio publico e mais func· Capitulo I: - da excepção de suspeição 152
cionarios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 " 11: - Da excepção de incomPE:tencia 153>

TITULO 11: Da jurisprudencia e competencia: TITULO VIII: Dos prazos ou termos 154
TITULO IX: Das nullidades . . . . . . 155-
Capitulo I: - Disposições preliminares . . . . . . . . . . 75
11: - Dos auditores . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 TITULO X: Dos processos especiaes:
111: - bo Conselho de Justiça . . . . . . . . . . 89
IV: - Do Supremo Tribunal Militar . . . . . . ~3 Capitulo I: - Da deserção . . . . . . . . 167
V: - Do Ministerio Publico e Auxiliares da II: - Da insubmissão . . . . . . 164:
Justiça . . . . . . . . . . ·. . . . . . . . . 95 I li: - Do "habeas-corpus" .. 164
VI: - Dos conflictos de jurisdicção . . . . . . . . 102
TITULO XI: Do processo e julgamento dos crilmes àa
TITULO 111: Dos actos preliminares do processo: competencia do Supremo Tribunal Militar . . . . . • . . 161>

Capitulo I - Do inquerito policial militar . . . . . . 104 TITULO XII: Dos recursos:


11 - Da busca e aprehensão . . . . . . . . . . 112
111 - bo corpo de delicto e outros exames l15 Capitulo I: - Dos recursos em geral .. 167
11: - Do aggravo. no auto do processo 168
TITULO IV: Da prisão e menagem: III: - Do recurso propriamente dito 169
IV: - Da appellação • 172
Capitulo I: - Da prisão em flagrante delicto 117 V: - Dos embargos 17&
11: - Da prisão por mandado . . 118
I li: - Da menagem . . . . . . . . . . . . 122 TITULO XIII: Da execução da. sentença 176.

TITULO V: Da prova em geral: TITULO XIV: Do Oonselho àe Justificação • • • • •• 181


TITULO XV: Da Oorreição . . . . . . . . . . • . . • • . . • 187
Capitulo I: - Dos meios de prova 124 TITULO XVI: Da Justiça Militar em tempo ãe guerra. 189
11: - Das testemunhas .. 124 TITULO XVII: Disposições geraes 197
111: - Dos documentos .. 131
133 Disposições transitorias . . . . 197
IV: - Da confissão ..
133 Tabella de vencimentos • . . . 199
V: - Dos indícios Observações . . . . • . . . . . . . 200
Indice alphabetico e remissivo 203.
TITULO VI: Do processo commum:
Indice geral . . . . . . . . . . . . . .
Capitulo I: - Da acção penal e da denuncia lU
11: - Da citação . . . . . . . . 137
Ill: - Da formação da culpa . . 141
IV: - Do julgamento . . . . ;1.47
-223-
-222-
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LL.
Decreto n. 17.513 de 5-11-26

]
Pelo decreto acima o Governo mandou observar o Formu-
laria que se segue, para os processos crimes-militares.
As alterações soffridas pelo Codigo de Justiça Militar, rela-
tivamente aos processos de deserção e insubmissão, constam
de instrucções que fizemos inserir logo a seguir, no intuito de
facilitar e uniformisar a praxe, até que, em definitiYo, o Go-
verno mande proceder á revisão do Formulario, segundo o
preceito do artigo 384 do referido Codigo.
Os officiaes encarregados dos inqueritos e presidentes de
Conselhos de tropa, intelligentemente, farão as modi!icações a
serem applicadas em cada caso particular, dando redacções
mais conveniente!! aos officios e outros documentos não cons-
tantes do Formulario, observadas, entretanto, as prescripções e
formalidades essenciaes dos p,r ocessos.

CAPA DE AUTUAÇãO

192 . . .. . .

Rio, Quartel do . . . . . . (ou lugar onde fór).


Indiciado, (ou querelado, si f6r o caso). F . .. .. .

AUTUAÇãO

Aos . . . . . . dias do mez de . . . . . . do e.nno de . . . . . . (por


extenso), nesta cidade do Rio de Janeiro (ou lugar onde f6r),
no quartel do . . . . . . (lugar que f6t"), autuo a portaria (parte,
Queixa, requisição, etc. ) e mais documentos que a este junto,
e me foram entregues pelo ence.rregado do presente inquerito;
do que, para . constar lavro este termo.
Eu F . . . . . . (p6sto e nome), servindo de escrivão, que o
escrevi e subscrevo. F ..... . , servindo de escrivão.

III
AMADOR CYSNEIR.OS
CODIGO DE JUS'I'ICA MILITAR

PORTARIA
F...... ( p6sto ou graduação, e corpo a que pertence),
(Inquerito instaurado ex-ojjicio, art. 116, letra a, do C. J. M.J tendo sido victima de uma agressão por parte de F ......... .
(nom e ào agressor, p6sto ou graduação, se tiver), que no dia
Ao Sr. (p6sto e nome). ·
. . . . do corrente mez, mais ou menos ás . . . . horas, no quartel
Tendo chegado ao meu conhecimento que occorrsu no quar· deste Batalhão (ou -onde f6r), (narra-se em seguida, resumiãà-
mente, o jacto que àer lugar ao requerimtento), vem, respeito-
tel do . . . . . . B. C. (ou onde f6r), o seguinte facto: (narra-se
resumidamente o facto) determino que seja, com a possível samente, requerer, de conformidade com a letra b, do art. 116,
urgencia, instaurado, a respeito, o devido inquerito policial- do C. J. M., seja instaurado, a respeito, o competente inquerito
militar, delegando-vos, para esse fim, as attribuições policiaes policial. Indica para serem ouvidos sobre o facto A ........ ,
que me competem. B. . . . . . e C.. . . . . que o assistiram (ou àelle tiverem conheci-
mento).
(Data e assignatura da autoridade que determina a ins-
(Data e assignatura ào re querente). ,
taur·ação do inquerito).

NOTA - No caso de indícios contra um official, serã. essa NOTA - Identico reQuerim ento pode ser feito, com as altera-
delegação exercida por outro d e patente superior (art. 117, § l. •, çõe~ redacionaes necessarlas, por quem represente legalmente o
do c. J. M.). offendido: - como seu pae ou mãe, tutor ou curador, sendo menor
ou interdito, e esposa, sendo ca sado.
PORTARIA
PORTARIA
(Instauração de inquerito, em virtude de determinação
superior, segunda modalidade do art. 116, letra a, do C. J. M.) Tendo-me sido delegadas pelo Sr. . . . . . . . . . (designa-se a
autoridade militar superior) as atribuições policiaes que lhe
Ao Sr. (p6sto e nome). competem, para apurar o facto (ou o facto criminoso atribuiào
Tendo o Exmo. Sr. Ministro da Guerra (ou a autoridade a F . ..... ... ... , nome, p6sto ou gradttação, se tiver) e. que
SU1Jerior que f6r) determinado pelo . . . . . . (documento junto, se referem o officio incluso e mais papeis annexos (parte,
aviso, Ott o qull f6r) a instauração de inquerito policial-militar queixa, requisição, documento ou o que f6r) determino que se
sobre o facto. . . . . . (narra-s e ahi, suscintamente, o facto), procedam aos necessarios exames e diligencias para esclareci·
determino que, com a possível urgencia. seja instaurado o mento do mesmo facto. Nomeio F ...... .. (p6sto e nome) para
devido inquerito, delegando-vos para esse fim, as atribuições exercer as funcções de escrivão, o qual deverá autuar a pre-
policiaes que me competem. sente com os ' documentos inclusos (se os houver) juntado,
(Data e assignatura da autoridade militar que determina successivamente, as mais peças que forem accrescendo e inti-
a instauração do inquerito). mar as pessoas que tiverem conhecimento do alludido facto e.
comparecer para prestarem declarações sobre o mesmo e suas
REQUERIMENTO DA PARTE OFFENDIDA, OU DE QUEM circumstancias, em dia e hora que forem designados.
IGUALM~NTE A REPRESENTE, PEDINDO INSTAURAÇÃO (Data).
DEl INQUERITO F ...... (nome e p6sto). '
Encarregado do inquerito.
(Caso da letra b, art. 116, do C. J. M.)
Ao Sr. F...... (Commandante da região ou a1ttoridade NOTA - Se o facto deixar vestígio, deve proceder-se, lmmedla-
tamente, a corpo de deli cto, nomeando-se, para esse fim, os peritos
mtlitar que f6r.). de que trata o art. 135, do C . .T. M. A portaria acima poderâ, então,
concluir da seguinte fôrma : "E, bem assim, notificar os peritos
' ..
IV
v
~~-

AMADOR CYSI NEIROS

PORTARIA
- CODIGO DE JUS'I'ICA MILITAR

F. . . . . . ( p6sto ou graduação, e corpo a que pertence),


tendo sido victima de uma agressão por parte de F ......... .
(Inquerito instaurado ex-ofticio, ar t. 116, letra a, do C. J. M.) (nome do agressor, p6sto ou graduação, se tiver). que no dia
. . . . do corrente mez, mais ou menos ás . . . . horas, no quarte-l
Ao Sr. (p6sto e nome) .
deste Batalhão (ou ~mde f6r) , (narra-se em seguida, resumidâ-
Tendo chegado ao meu conhecimento que occorreu no quar· mente, o fac-to que der lugar ao requerimento), vem, respeito·
tel do . . . . . . B. C. (ou onde f6r) , o seguinte facto: (narra-se snmente, requerer, de conformidade com a letra b, do art. 116.
r esumidamente o facto) determino que seja, com a possivel do C. J. M., seja instaurado, a respeito, o competente inquerito
urgencia, instaurado, a respeito, o devido inquerito policial· policial. Indica para serem ouvidos sobre o facto A ........ ,
militar, delegando-vos, para esse fim, as attribuições policiaes B . . . . . . e C. . . . . . que o assistiram (ou delle tiverem conheci-
que me competem.
(Data e assi gnatura da autori dade que determin a a ins- mento).
tauração do inquerito) . (Data e assignatura ào requerente).

NOTA - No caso de indícios contra um o!ficia l, será. essa NOTA - Identico r equer im ent o pode ser f eito, com a s altera-
delegação exer cida por outro de patente superior (a rt. 117, § l. •. ~;ões redacionaes n ecessarlas, por quem represente legalmente o
do c. J. M.) . offendido: - como seu pa e ou m ãe, tutor ou curador, sendo menor
ou interdito, e esposa, s end o casado o

PORTARI A
P ORTARIA
(Instauração de inquerito, em virtude de determinação
superior, segunda modalidade do art. 116, letra a, do C. J . M .) Tendo-me sido delegadas pelo Sr. . . . . . . . . . (designa-se a
autoridade militar superior) as atribuições policiaes que lhe
Ao Sr. (p6sto e nome). competem, para apurar o facto (ou o facto criminoso atrib1tido
Tendo o Exmo. Sr. Ministro da Guerra (ou a autoridade a F . .. . ........ , nome, p6sto ou graduação, se tiver) e. que
superior que f6r) determinado pelo.. . ... (documento junto, se referem o officio incluso e mais papeis annexos (parte,
avi so, ou o que f6r) a instauração de inquerito policial-militar queixa, requisição , documento ott o que f6r) determino que se
sobre o facto. . . . . . (narra-s e ahi, suscintamente, o facto), procedam aos necessarios exames e diligencias para esclareci·
determino que, com a possivel urgencia. seja instaurado o mento do mesmo facto. Nomeio F ........ (p6sto ·e nome) pe.ra
devido inquerito, delegando-vos para esse fim, as atribuições exercer as fun cções de escrivão, o qual deverá autuar a pre-
policiaes que me competem. sente com os ' documentos inclusos (se os houver) juntado,
(Data e assignatura da autoridade militar que determina successivamente, as mais peças que forem accrescendo e inti·
a instauração do inquerito). mar as pessoas que tiverem conhecimento do alludido facto a.
comparecer para prestarem declarações sobre o mesmo e suas
REQUERIMENTO DA PARTE OFFENDIDA, OU DE QUEM circumstancias, em dia e hora que forem designados.
IGUALMlllNTE A REPRESENTE, PEDINDO INSTAURAÇÃO (D ata).
DE INQUERITO F . ..... (nome e p6sto).
Encarregado do inquerito.
(Caso da letra b, art. 116, do C. J. M.)
NOTA - Se o facto deixa r ves t ígio, deve proceder-se, lmmedla-
Ao Sr. F...... (Oommandante da região ou a1ttoridade tamente, a corpo de deli cto , n om ean do-se , para esse fim, os peritos
mtlitar que f6r.). de que trata o art. 1 35 , d o C . .T. M. A porta ria a cima poderâ., então,
concluir da seguinte fOrm a: " E , b em assim, notificar os v"ritos
IV
v
-,

AMADOR CYSNEIROS
CODIGO DE JUS'l'IQA ltiiLlTAR

como sondagens e manobras outras, ce.pazes de retardar a <'Ura


ou complicar a lesão. cedendo a investigações policiaes para apurar-se o facto ..... .
Conforme o facto delictuoso a examinar, divers~.s são as (narra-~e, suscintamente, o facto) cuja autoria lhe é atribuída.
regras que nortearão a pericia. Assim, em caso de roubo, é (Data e assignat1tra da autoridade que determina a p?"isão}.
mistér examinar o lugar em que foi comettido para se veri-
ficar cnde estavam as cousas subtrahidas, o modo par que foi NOTAS - Qualquer das autoridades referidas no art. 117, do
realizado o crime, se houve arrombamento interno ou externo, Codigo de Justiça Militar poderá ordenar a detenção ou prisão do
perfuração de paredes, introdução na casa por conducto subter· indiciado, durante as investigaçes policiaes (art. 156 do C . J. M.).
A prisão, durante as investigações pollclae:o, sO deve str, porém,
raneo, por cima dos telhados, etc. Em caso •le incendio, ha ordenada quando o imperioso interesse da justiça o exigir.
que indagar, primeiramente, da sua origem, se adveio de cau·
sas naturaes ou de acção humana, e, neste caso, se culposa
(negligencia, imprudencin, imperícia na arte ou profissão, AUTO DE PERGUNTAS AO INDICIADO
inobservancia de disposições regulam.entares) ou se dolosa,
pesquisando o foco, as materias empregadas, etc. Aos . . . . . . dias do mez de . . . . . . do anno do:! . . . . . . nesta
Concluído o exame, será pelo escrivão lavrado o auto res- cidade de ...... (ou lugar onde fôr) no quartel do . . . . . (ou
lugar que fô1") presente F.... .. (posto e nom e) encarregado
pectivo: auto de corpo de deUcto. deste inquerito, commigo F ...... , servindo de esc!'ivão, t::ompa·
Compõe-se este auto de tres partes, a saber: p1·earnb1~lo ou
receu F...... (nom e do indiciado, posto ou graduação, se ti·
cabeçalho, historico e conclusões.
O preambulo deve mencionar o dia, mez e anno dCíl auto, ver ) afim de ser interrogado sobre o facto constaqte da parte
o lugar em que é feito, o nome por extenso da autoridade que o (queixa ou o q~ fôr) que lhe foi lida. ~m seguida, passou
presidir, o do escrivão, o dos peritos, seus titulas e qualidades aquella autoridade a interrogai-o da maneira seguinte: qual
profissionaes, ou a razão por que foram convidados os não seu nome, idade, filiação, estado civil, naturalidade, praça e a
profissionaes, sua residencia, nome das testemunhas convoca· que corpo, repartição ou estabelecimento militar pertence. Res-
das, sua residencia, menção do compromisso aos peritos, com pondeu que . . . . . . ( seguem-se as respostas do indiciado, na
m.esma ordem das perguntas); perguntado como se úera o
declaração do facto e. examinar. facto narrado na parte (q1teixa ou o que fôr) de fls ....... e
O historico é a parte em que os peritos descrevem tudo que
encontraram, fizeram e observaram relativamente ao exame. que lhe foi lida, respondeu que . . . . . . Perguntado se tem fa-
As conclusões são as affirmatívas, baseadas exclusivamente ctos a allegar ou provas que justifiquem a sua innocencia, res-
sobre os factos, e transformadas em respostas aos quesitos pro· pondeu que . . . . . . Perguntado mais sobre . . . . . . (s eguem-se
postos f;m cada caso particular (Sousa Lima - Medicina l egal). as demais perguntas e respostas i. E como nada mais disse e
(Quanto á exhwnação, autCipsia e exame rle saniclade, ve- nem lhe foi perguntado deu o encarregado deste inquerito por
Ja-se o que consta, á parte do processo, no capitulo refer ente findo o presente interrogatorio, mandando lavrar este auto
ao "Corpo de delicto e out1·os exames").
q,ue, depois de lido e achado conforme assigna com o indiciado
(ou cont as testemunhgs F. . . . . . e F. . . . . . a rôgo do indiciado,
que nãQ sabe ou ooo pode escrever) , e commigo F ...... , ser·
MANDADO DE PRISÃO vindo de escrivão, que o escrevi.
(A.ssignaturp. ·do enca1·regado do inquerito, cto indiciado
(Durante as investigações policiaes) ou das te.~temunhas a seu rôgo e ào escrivão).

F ..... (auto ridade que fôr) manda, na forma da 1st, NOTAS -O encarregado do inquerito poderá. fazer as pergun-
sela preso e recolhido â prisão militar F. . . . . . ( nume do indi- tas que julgar convenientes â. elucidação do facto .
Não havendo indiciado ou estando este foragido, o encarregado
ciado, posto ou grad1t-ação se tiver), contra quem se estão pro- do inquerito farâ. constar, por escripto, essa circumstancia justi-
ficativa da falta do interrogatorio.
XII
Xlli
AMADOR CY !! NEI RO S CODIGO DE JUSTIÇA ltiiLITAR

B. . . e C . .. , que n omeio par a procederem, na forma da lei, ao conforme o caso). Em consequencia, passaram os peritos a
cadavet·ico" ou " autopsia". fazer os exames e investigações ordenadas e os que julgaram
- Tra t a ndo-se de morte, o exame a fazer denomina -se " 0xame necessarios, e, conclui das as quaes, declararam o seguinte:
cadave rico" ou "autopsia" .
(descr.e.vem-se minuciosamente todas as investi gações e exa·
JUNTADA mes a que houverem procedido f! tudo que houverem o~ peritos
encontrado e visto). Em, se t r atando de ferimento, é convc ·
Aos . . . . dias do mez de . . . . . . . . . . . . do anno de . .. . , n iente declarar o nu1nero e as condições das feridas, bem como
nesta cidade do . . . . . . . . . . . . ( ou l ocal onde f6r), no quartel a sua localisação, profundi dade e extensão). E, portanto, res·
do ... . ........ (ou lu gar que f 6r) , faço juntada a estes autos pondem os peritos: Ao primeiro quesito, que .. .. .. ; ao se-
dos documentos (ou o que f 6r ) que adiante -se veem ; do que, gundo quesito, que ... . . . ; ao terceiro quesito, que ...... ; (e
para constar, lavrei o presep.te termo. Eu F . . . . .. , servindo de assi 1n por diante, até o ultimo ) . E foram estas as declarações
escrivão, o escrevi e assigno, F .... .. , servindo de escrivão. que, em sua. consciencia e deba ixo do compromisso prestado,
fizeram. E por nada mais haver, deu-se por concluido o exame
N OT A - Todas as peças que forem accrescendo ("officios, do- ordenado e de tudo se lavrou o presente auto que vai assignttdo
cumentos, et c . " ) ser ão juntas aos a utos, com ter mo iden tico. e rubricado pela autoridade encarregada do inquerito que pre-
sidiu á diligencia, commigo escrivão, que o escrevi, e pelos
CERTIDÃO DE NOTIFICAÇÃO DE, PERITOS peritos e testemunhas a cima referidas. Eu, F ... .. . , servindo
de escrivão, o escrevi e dou fé.
Certifico que, nesta data, notifiquei, por officio os peri· F. . . . . . . . (Assignatura da ~<JUtorid-ade que presidiu ao
tos nomeados, B . . . . . . e C. . . . . . para comparecerem a este exame).
quartel (ou onde f6r) ás . . . . horas do dia de hoje (o u dia
que f6r ) afim de proceder a. corpo de delicto na pessoa de F .. .... .. (
F..... . (ou na,quillo que f6r); do que, para constar, lavrei a Assignat uras dos peritos.
presente, que dato e asslgno. Rto de Janeiro, (ou onde f(Jr ) F .... : . .. )
de . .. . de . . .. F . .... . . . ~
F . . ... . (nome e p6sto) servindo de escrivão. Assignaturas das testemunhas.
F ........ ~
AUTO DE CORPO DE DELICTO Assigna.tura, por inteiro, do escrivão.
F........
Aos . . . . dias do mez de . . . . do anno de . . . . , ás . .. .
horas, nesta cidade do . . . . . . (ou onde f 6r), no quartel do A autoridade que proceder ao corpo de delicto, além de
. . . . . . (ou lor:al que t6r) , presentes F . . . . . . (autoridade mili - assignar o respe·ctivo auto, rubricai-o-á á .margem, e terá a
tar en carregada do inquer i to), commigo, F . . . . . . servindo de maior cautela nos quesitos que dirigir aos peritos, tomanqo
escrivão, os peritos nomeados F . . . . . . e F. . . . . . ( declara,.se em consideração não só as circumstancias essenciaes do facto,
se são ou não profisstonaes e ·se são m i litares ou civis) , resi- mas todas áquellas que o acompanhem e possam inflúir na
dentes Em . . . . . . e as testemunhas F. . . . . . e F . . . ... , resi- prova da existencia e da natureza do crime, por mais fugi-
dentes em . . .. . . , prestado pelos peritos o compromisso de tivas que ellas pareçam ser.
bem e fielmente desempenharem os dever es do seu cargo, de-
cLarando com verdade o que descobrissem, aquella a utoridade QUESITOS PARA O COROO DE DELICTO
encarregou-os de proceder a exame em . . . . . . (p essoa, cada,.
ve1·, moveis ou imm'Ov eis ou o que lhes f(Jr apresentado) e qu~ Homicídi o - 1.•, se houver a morte ; 2.o, qual o meio que
respondessem aos quesitos seguintes: (seguem-se os quesitos. a occasionou; 3.•, se foi occasionada por veneno, substancias

VI VII
A M A D O R C Y S N E •I R O S CODIGO DE JUS'l'IÇA JUILITAR

anestesicas, asfixia,; 4.•, se a lesão observada, por sua natureza Roubo - 1.•, se ha vestígio de violencia; 2.o se pela vio-
e séde, foi causa etficiente de. morte; 5.•, se a constituição ou lencia encontrada foi vencido ou podia vencer-se o obstaculo;
estado morbido anterior do offendido concorreu para tornar a 3.•, se para vencer o obste.culo houve emprego de força, ins-
lesão irremediavelmente mortal; 6.o, se a morte resultou das trumento ou apparelho, e quaes foram esses; 4.•, se si rode
condições personallssimas do offendido; 7.•, se a morte sobre- avaliar o damno causado e, no caso affirmativo, em quanto o
veio, não porque o golpe fosse mortal, sim por ter o offendido avttliam.
deixado de observar o reglmen medico e hygienico reclamado i
por seu estado; 8.o, se a morte foi occasionada por imprudencia, D estruição damno ~ Lo, ' se houve destruição, in utiliza-
01t
negligencia ou imperícia na arte ou prÓfissão do accusa.do. ção ou damno do livro de notas (registros, as.~r. 11 t ame ntos,
actos originaes da autoridade publica, livro, papel, titulo
Ferimento 01' o!fensa physica - 1.•, se houver lesão cor- do_cumento ap1·esentado , ou 0 que f6r) ou se houve demolição
poral; 2.•, qual a especie de iljlstrumento que a occasionou; 3.o, ou destruição, no todo ou em parte, abatimento, inutilização
se é de natur€Za a lesão a produzir incommodo de saúde que ou damnificação do edificio (ou o que j6r); 2.o, em que con-
inhabilite o paciente do serviço activo p-or mais de 30 dias, sistiu essa destruição inutilização, demolição abatimen to, muti-
mas não para sempre; 4.•, se da lesão resultou, ou pode resul- lação ou damnificação; 3.•, com que meio se occasionou; 4.•,
tar, mutilação, deformidade ou privação de algum orgão ou se houve incendio ou arrombamento; 5.•, qual o valor do
membro, que impossibilite para sempre o offendido de exer- damno causado.
cer o seu trabalho; 5.o, se da lesão resultou, ou pode resultar,
enfermidade incuravel, que prive para sempre o offendido de A rrombantento - Lo, se ha vestígio de violencia ás cou-
exercer o seu trabalho; 6.o, se pode a lesão, por sua natureza sas ou objectos taes; 2.o, quaes são esses vestígios; 3.•, se por
€ séde, ser causa e!ficiente da morte; 7.o, se foi occasionado essa violencia foi vencido, ou podia vencer-se o obstaculo que
por imprudencia, negligencia õu imperícia na arte ou profissão existisse; 4.•, se havia obstaculo; 5.•, se foi empregada força,
do accusado instrumento ou apparelhos para vencei-os; 6.o, qual essa força,
instrumento ou apparelho; 7.•, qual o valor do damno causado.
Ent>en enamento +- ,1.•, se houve propinação de veneno ou
se por qualquer outro modo foi applicado; 2.o, qual a especie Incendio - Lo, houve incendio?; 2.•, foi total ou r; arcial:
de veneno; 3.•, se era tal a sua qualidade ou quantidade empre- 3.•, se parcial, quaes os pontos attingidos?: 4.o, onde teve co-
gada que pudesse causar a morte: 4.o, se não podendo causar meço?, 5.•, qual a materia que produziu?; 6.•, havia em
a morte, produziu, ou podia produzir, alteração profunda da deposito ou derramada em algum lugar qualquer materia ex-
se.ude, pondo em risco a vida da pessoa; 5.•, em que consiste plosiva ou inflamavel; 7.o, houve explosão de gaz: 8 o, qual o
esta alteração. modo por que foi ou parece ter sido produzido o incendio; 9.•,
qual a natureza do edifício, construcção-;- navio ou causa incen-
Falsidade -- Lo, se é falso o papel, letra ou escriptura; 2.•, diada: 10.o, quaes os effeitos ou resultad.os do incendio; n.o,
se é falsa a assignatura; 3.•, se ha alteração e qual seja; 4.•, resultou elle de negligencia, imprudencia, imperícia ou inobser-
se a letra ou assignatura é do punho do F ...... ; 5. •, se a letra vancia de disposições regulamentares ?; 12.o, qual o valor do
ou assignatura se parece com a de F ...... ; (o réu); 6.•, no damno causado ?
caso negativo, se a letra ou assignatura se parece com a de
ttlguma outra pessoa; 7.o, se ha indícios de ter sido feita a L ibidi nagem - Lo, se houve simples attentado contra a
assignatura por 1<' ...... (o r éu) ou F ...... (outra pe.ssoa) e honestidade, ou acto de libidinagem: 2.•, se houve viplencia
quaes sejam estes indícios. para tal fim empregada; 3.•, se o paciente se achava em estado

VIII IX
AJIIADOR CYSNEIUOS CODIGO DE JUSTI()A lUILITAR

de defender-se e se podia resistir; 4. •, no caso negativo, em REGRAS PARA O CORPO pE DELICTO


que consistia a impossibilidade da defesa ou da resistencia.
Attendendo á necessidade da investigação de todas as cir-
NOTA - Além destes quesitos, a a utoridade poderâ. offerecer
os que julgar convenientes ao maior esclar'lcimento do facto. cumstancias que possam servir para a elucidação do facto deli·
ctuoso, e em referencia especial aos crimes contra a segurança
de pessoa e vida, o de creto n. 6. 440, de 30 de março de· 1907,
DESPACHO SOBRE O CORPO DE DELICTO cujas regras concernentes ao corpo de delicto e aos demais
exames complementares do mesmo são applicaveis ao pr8Cesso
Terminado o corpo de delicto, e a pós o necessario termo de crime militar, na conformidade do art. 141, do C. J. M., estatue
conclusão, o encarregado do inquerito dará o seguinte despa· o seguinte, para a orientação dos exames periciaes: - O exa-
cho: "Julgo procedente 0 corpo de delicto de fls. . . . . . . para me pericial nos casos de lesão corporal compreende o feri-
que se sttrta os etfeitos l egaes". (Data e assignatura). mento e o offendido. Devem ser minuciosamente examinadas as
No caso negativo, justificará, fundamente, a improcedencia. lesões existentes, indicando o num ero, precisando a séde, refe-
Quando o corpo de delicto fõr feito a requerimento da rindo-as a determinadas regiões do corpo, · descrevendo a fór-
part.e, o d~spacho acima poderá ser assim redigido: "Julgo me., extensão, direcção e profundidade, quando possível.
procedente (ou improcedente) o corpo de delicto de fls. . ..... Deste exame o perito concluirá a causa provavel do trau-
Entregue-se á parte, que o requereu, uma cópia authent!ca do matismo, apontando o instrumento Qausador, a direcção em
auto". (Data e assignatura da - autoridade). que atuou, as condições de violencia e a intenção com qne
parecem ter sido praticadas. Taes deduções não devem ser o
NOTAS - O corpo de del!cto poderâ. ser feito em qualquer dia resultado de uma affirmação desacompanhada, embora cate-
e hora, mesmo em domingo ou feriado , de modo que medeie o me- gorica, mas succeder a uma descripção minuciosa, e em termos
nor espaço possivel entre elle to ~ perpetração d<> crimt. lart 144,
do C. J. M.). para que se possa ajuizar do 51eu acerto, diante da lesão obser-
A autopsia ou exame cadaverico deverâ.. porém, ser feita, sem- vada. Quanto ao ferido, recolhidos todos os dados objectivos e
pre que possivel, de dia e â. luz natural. subjectivos, deve indagar-se sua qualidade, laços naturaes ou
- Os quesitos a que os peritos tenham de responder ~eri\o sociaes; fazer a dedução possível das intenções do culpado
offerecidos pela autoridade que presidir â. diligencia. '"Ao minis- (ferimentos involuntarios, excusaveis, premeditados perversos,
terio publict" e á parte Interessada é llclto offerecer os seus" (art.
137, do C. M.). canibaes); auanese (data da ferida) diagnostico (classlfica-
- Podem os peritos, se as circumstanclas o exigirem, requ~rer ção motivada - leves, graves ou mortaes), prognosti cr, legal
prazo razoavel para apresentarem as suas respostas (art. 1 38, pa- (complicações, influencia de tratamento, cura), influencias mo-
ragrapho uni co, do C. J. M.) .
dificadoras dos ferimentos: - estudo das co'n causas penaes;
- Quando .os peritos não forem profissionaes, e, sim, pessoas
idoneas, é de toda a conveniencia declarar, no auto, a razão por damno material e circumstancias agravantes (incommodo de
que foram nomeados. saude que inhabilite o paciente do serviço activo por 30 dias
- Sempre que houver empate ou divergencla, em laudo pericial, ou mais, mutilação, deformidade, privação permanente do uso
serâ. nomeado, para arbitro, um terceiro perito. de um orgão ou membro, enfermidade incuravel e que prive
- Fallecendo o offendido, os peritos declararão a causa deter- para sempre o offendido de poder exercer o seu traoolho, etc.).
minante da morte e toda s as circumstancias que observarem, veri-
ficadas por meio de autopsia (art. 143, do C. J. M.). Neste caso, No ajuizar e classificar o damno causado, os peritos de-
o auto se designarâ. : Auto àe exame caàa-verico (ou autop3ia) . vem valer-se da hypothese que o offendido se sujl~t~ a um
- Se, no local do crime, forem encontrados instrumentos ou tratamento regular que auxilie e promova a cura, justificando
outros vestlgio!' que possam servir de prova, o encarregado do inque sempre que fôr necessario.
rito os coligirâ., e delles farâ. menção especial, no auto, em seguida
ã declaração dos peritos, apenil'a.ndo-os, sempre que for possivel, Sob pretexto algum, o procedimento pericial Oeve ser no·
r.os autos respectivos. c i vo ao offend ido; - ficam .impedidas prati::as de semiotica,

X XI
~~. ~ ............. ,

AMADOR CYSNEIROS CODIGO DE JUS'l'IQA ltiiLITAR

como sondagens e manobras outras, oopazes de retardar a cura cedendo a investigações policiaes para apurar-se o facto ..... .
ou complicar a lesão. (narra-se, suscintamente, o facto) cuja autoria lhe é atribuída.
Conforme o facto delictuoso a examinar, diversH,S são as (Data e assignat1'ra da autoridade que d et ermi na a p?'isão).
regras que nortearão a perícia. Assim, em caso de roubo, é
mistêr examinar o lugar em que foi comettido para se veri- NOTAS - Qua lquer das a utoridades r eferida s no art. 117, do
ncar cnde estavam as cousas subtrahidas, o modo por que foi Codigo de Justiça Militar p od er á ordena r a detenção ou prisão do
"!'ealizado o crime, se houve arrombamento interno ou externo, indiciado, durante as inves tigaçes policiaes (art. 156 do C. J. M.).
A prisão, durante as investigações policiaes. sO deve str, porém,
perfuração de paredes, introdução na casa por conducto subter- ord enada quando o imperios o interesse d a jus u ça o exigir.
raneo, por cima dos telhados, etc. Em caso •le incendio, ha
que indagar, primeiramente, da sua origem, 8e adveio de cau·
sas naturaes ou de acção humana, e, neste caso, se culposa AUTO DE PERGUNTAS AO INDICIADO
(negligencia, imprudencia, imperícia na arte ou profissão,
inobservancia de disposições regulam.entares ) ou se dolosa, Aos . . . . . . dias do mez de . . . . . . do anno d-:! . . . . . . nesta
pesquisando o foco, as materias empregadas, etc. cidade de ...... ( ou lugar onde fOr) no quartel do . . . . . (ou
Concluído o exame, será pelo escrivão lavrado o auto res- lugar que fOr) presente F . ..... (po sto e nome) encarregado
pectivo: auto de corpo de dellicto . deste inquerito, commigo F ...... , servindo de escrivão, r;Ctmpa.
Compõe-se este auto de tres partes, a saber: p1·eamb1tlo ou receu F. . . . . . (nom e do i ndiciado, post o ou gmdu açãf.J, se ti-
cabeçalho, historico e conclusões. v er) afim de ser interrogado sobre o facto constaqte da parte
O preambulo deve mencionar o dia, mez e anno d~ auto, (queixa ou o qu11 f6r) que lhe foi lida. l'lm seguida, passou
o lugar em que é feito, o nome por extenso da autoridade que o aquella autoridade a interrogai-o da maneira seguinte: qual
presidir, o do escrivão, o dos peritos, seus títulos e qualidades seu nome, idade, filiação, estado civil, naturalidade·, praça e a
profissionaes, ou a razão por que foram convidados os não que corpo, repartição ou estabelecimento militar pertence. Res-
profissionaes, sua residencia, nome das testemunhas convoca· pondeu que . . . . . . ( seguem-se as respostas do indi ciado, na
das, sua residencia, menção do compromisso aos peritos, com mesma ordem das perguntas) ; perguntado como se !.lera o
declaração do facto a examinar. facto narrado na parte (q1~eixa ou o que fOr) de fls ....... e
O historico é a parte em que os peritos descrevem tudo que que lhe foi lida, respondeu que . . . . . . Perguntado se tem fa-
encontraram, fizeram e observaram relativamente ao exame. ctos a allegar ou provas que justifiquem a sua innocencia, res-
As conclusões são as affirmativas, baseadas exclusivamente pondeu que . . . . . . Perguntado mais sobre . . . . . . (s egu em-ae
sobre os factos, e transformadas em respostas aos quesitos pro· as dmn-ais perguntas e reS1JOstas 1. E como nada mais disse e
postos em cada caso particular (Sousa Lima - Medicina l egal). nem lhe foi perguntado deu o encarregado deste inquerito por
(Quanto á exhumação, autopsia e exame rle sanidade, v e- findo o presente interrogatorio, mandando lavrar este auto
ja-se o que consta, á parte do proces so, no capitulo refer ente que, depois de lido e achado conforme assigna com o indiciado
ao "Corpo ele delicto e outros exames"). (ou corn as testemunhgs F. . . . . . e F. . . . . . a r{Jgo do indiciado,
que nãQ sabe ou não pode escrever), e commigo F ...... , ser-
vindo de escrivão, que o escrevi.
MANDADO DE PRISÃO (Assignatury,. do enca1·r egado do inq1,erito, ão indiciado
ou das testemunhas a seu r{Jgo e ào escrivão).
(Durante as investigações policiaes)
NOTAS - 0 encarregado do inquerito podera. fazer as pergun-
F .. _ .. (autori dade que fOr ) manda, na forma da 1st, tas que julgar convenientes a. elucidacll.o do facto.
sela preso e recolhido á prisão militar F. . . . . . ( nume do inài. Nll.o havendo indiciado ou esta ndo este foragido, o encarregado
do inquerito fara. constar, por escripto, essa. circumstancia justi-
ciado, posto ou gradu-ação se t i ver), contra quem se estão pro- ficativa da falta do interrogatorio.

XII Xlli
AMADOR CY 8N EI ROS
CODIGO DE JUS T I ÇA MILITAR

Achando-se o indiciado em unidade perten cente â. região milltar


diversa da em que se estâ. procedendo ao inquerito, e sabendo-se INQUIRIÇÃO SUMMARIA
onde esteja, solicitarA. o encarregado do m esmo, directamente, da
autoridade mais graduada daquella regiã o providencias no sentido
de ser o indicia do ouvido sobre a accusacão qu e lhe é feita, r emet- Aos . . . . . . dias do mez de . . . . . . do anuo de . . . . . nesta
tendo, para esse fim, copia authenti ca da parte, queixa ou o que
fOr, e, bem assim, a s perguntas que o a ludido encarregado do inque- cidade do . . . . . . (ou lugar onde t6r) no quartel do. . . . . . . (ou
rito julgar convenientes !i. eluci dação do facto. A autoridade dele- lu gar que f6r) presente F .. .. . . (posto e nome) E-ncarregado
garA., neste caso, a um official attribuicões para ouvir o indiciauo. deste inquerito, commigo F . . .. . , servindo de escrivão, com·
Estando o Indiciado em outr a r egiã o, e não se sabendo qual pareceram ahl as testemunhas abaixo nomeadas, que foram
seja, o en carregado do inquerito solicit a r A. do chefe do departa-
mento da guerra, procedendo da m esm a f ôrma acima, aquella pro- inquiridas sobre a parte (queixa ou o que f6r) de fls ...... .
videncia. a qual lhes foi lida, declarando o seguinte: Primeira testemu-
nha - nome por extenso, idade, naturalidade, filiação, estado
civil, profissão e residencia, depois do compromisso de dizer a
AUTO DE PERGUNTAS AO OFFENDIDO (se o hOuver) v-erdade, disse que, . . . . . . ( r eferir tu do quanto f6r pergun-
tado e di sser a testemunha sobre o cri me e as suas ci rcumstan-
cias ). Segunda testemunha - nome, idade, etc., depois ,·do
Aos . . . . . . dias do mez de . . . . . . do anno de . . . . . . nesta compromisso de dizer a verdade, disse que ..... , e de como
cidade do . . . . . . (ou lugm· on de f 6t') no quartel do . . . . . . (ou assim fizeram as testemunhas as referidas declaraçõeS, man-
lugar que f6r) presente F... ... (po sto e nome) encarregado dou F...... (posto e nome) encarregado deste inquerito lavrar
deste inquerito, commigo F . .... , , servindo de escrivão, com· o presente auto, que', lido e achado conforme, vai por elle rubri-
pareceu F. . . . . (nome por i nteiro do ottendido, graduação o'lt cado e assignado pelas referidas testemunhas (ou com F . ....
posto, si t iver), a fim de ser ouvido sobre o facto delictuoso, a r6go da testemunha que não souber Õu não puder escrever)
que deu lugar ao presente inquerito, (ou sobre o facto cons- e commigo F. . . . . . servindo de escrivão, que o escrevi.
tllnt~ da parte, queix a, o ou que t6r, que lhe foi lida) . Em
seguida, passou aquella autoridade a interrogai-o na maneira (S eguem-se a rubri ca do encarregado. do inquerito ( ert.
seguinte: Qual seu nome, idade, filiação, estado civil, naturali- 16'9, elo a. J. M.) e (lS asstgnaturas por extenso das testemunhas
dade, praça e a que corpo, repartição ou estabelecimento per- e do escrivão).
tence. Respondeu .. .,. . ( seguem•se as re&postas da ottendidO
na ordem das perguntas f eitas ). Perguntado como se dera o NOTAS - Assim se procederA. com as dem a is testemunhas
facto narrado na parte (queixa ou o qu ~ f6r) de fls .......... . que forem ouvidas no m esmo dia ; sendo-o em di as differentes,
que lhe foi lida, respondeu que . . . . . . Perguntado mais sobre far -se-â. n ovo "termo". "Ao.s dia s . ... do m ez . .. . uo a nno fl e ....
etc."
( seguem-se as demai s perguntas que o encarregado do
Multo t:rnbora o codi go nã o fixe o numero d e testemunhas a
inqueTit o julgar conveni entes li elucidação do facto e as r es· ser ou vi das no inquerito, neste, além do indiciado e o offendido,
posta& do otfendido). E como nada mais disse nem lhe foi dever ã o ouvir-se, "pelo m enos", duas t estemunhas e sOmente mais
perguntado, deu o encarregado do inquerito por findo o pre- de seis, nos casos ex cepcionaes, quando a prova do crime e o desco-
briment o ua autoria e cumpl!c!dade assim o exigirem .
sente interrogatorio, mandando lavrar este auto que, depois T ratando-se de t estemunhas militar, que não sirva no corpo
de lido e achado conforme, assigna com o offendido (ou com ond e se estâ. procedendo ao inquerito, o encarregado deste poderâ.
as testemu nhas F. . . . . . e F. . . . . . a t·6go do ottendido, que r equisi ta l-a , directamente, a quem de direito, para ser euvid a ; ou,
remetten do, por copia, â. parte, queixa ou o que fOr, bem como as
não sabe ou não pode escreveT) e commigo F. . . . . servindo de perguntas que julga r n ecessaria s, e os quesitos do promotor, se este
escrivão, que o escrevi. assistir ao !nquerito, solicita r da autoridade competente que es ta,
por delegação, ouça a test emunha.
( Assignatura ào encarregado ào inqueri to, , ào oftenàiào Sendo a testemunh a civil, farâ. intimâ.l-a pelo escrivão a com-
ou das testemu nhas a seu r 6go e do escriv ão). pa r ecer em dia e hora e local designados. E , sendo func cionario
publico, r equi sital-o-â., por officlo, a o r espectivo ch ef e .
XIV
XV
AMADOR CYSNE IROS

sente, que vai por elle assignada. Eu F. . . . . servindo de escri- DE PERITOS AVALIADORES
vão, o escrevi.
(Dat a e assi gnatura da autoridade militar). que, nesta data, notifiquei, por _officio, a A .....
comparecerem no dia . . . . . . do mez de . . . . . . ás
NOTA - Esta nota · deve ser entregue, por cop!a, a uthentl.:ada em . . . . . . (designar-se o local), afim de proce-
pela autoridadí' militar. a" preso. que passara. recibo no original, para que foram nomeados -no presente inque-
o qual serã. junto aps a utos. constar, lavrei a presente certtdão. Eu
Se houver mais de um preso, da r-se -ã.o tantas "notas de culpa"
quantos forem os presos. de escrivão, o escrevi e subscrevo. (Data e

RECIBO DA NOTA DE CULPA


DE AVAL IAÇÃO DE OBJECTOS FURTADOS
"Recebi a nota de culpa". (Data e nome por inteiro do (ou roubados)
preso, ou de alguem por elle, quando não saiba, ndo queira ou
não possa assignar e duas t estemunhas). dias do mez de - - . . . . do anno de . . ... . , nesta
•• ·:... .. , no quartel do .. .. .. (ou lugar que f6r),
Neste caso o escr lvãc lavra ra a seguinte F. . . . . encarregado do presente inquerito poli-
Certidão commigo F ...... , servindo de escrivão, presentes
nomeados F . . . . . e F. . . . . . resid-entes em
Certifico c.tu!l entreguei ao accu sado F. . . . . . . . a ttota de culpa, assignados, depois de prestado pelos referidos
no prazo da lei, e que est e se r ecu sou a reecbel--a . de bem e fielmente desempenharem os
(Da ta e asslgn atura).
seu cargo, de-c larando com verdade o que encontra-
sua consciencia entenderem, aque)la autoridade
PORTARIA de proceder á avaliação nos seguintes objectos
(01t roubados) por F. . . . . e, na fórma da lei, apre-
(Tratando-se de furto ou roubo) 08 quaes lhe foram apresentados: (discrimina-se q1wes
seguida, passando os peritos a dar cumprimento á
Stmdc, mistér proceder-se, no presente inquerito, para fins depois dos exames necessarios, declara·
legaes, á avaliação dos objectos furtados (ou roubado), n omeio referidos objectos tinham, respectivamente, o valor
peritos avaliadores A..... e B...... que deverão ser notifi- . . . . . . importando o valor total dos mesmos em
cados. (Data e a.ssignatu1·a do encarregado do inquerito). foram estas as declarações que em sua consciencia,
do compromisso prestado, fizeram. E por nada mais
NOTAS - Nos crimes de furto e roubo é lndispensavel a ava- por finda a presente avaliação, lavrando-se este
llacãc prévia, por perito~ idoneos, dos objectos furtados ou roubados, lis de lido e achado conforme, vai assignado pelo
pois do valor dos mesms depende a graduação da pena a ser
aplicada. do inquerito, peritos e testemunhas referidas, e
Convém salientar, a proposito, que, em face da r edação do ar. . . .. , servindo de escrivão, que o escrevi.
154 , do C . P. M. , nã o é previ st o o furto, "não o roubo", de obje- ..,natura do encarregaào do inquerito, dos peritos, tes-
çtos cu jo va lor se ja inferior a 50$, entendendo-se, neste caso, que
o culpado dev e s er punid o d isciplina rmente . escrivão).
"];'urto" é a subtração, pa r a si ou para terceiro, de coisa
movei pertencente â. N ação ou a outro (art. 154, do c . P. M.) . poderão orienta r-se, a respeito do valor
"Roubo" é essa mesma subtraçã o, com !dentico fim, f eita, po- r ouba dos, apreendidos ou não, pela ree-
r ém, "com violencia ã. pessoa ou <Jm pr eg a ndo força contra a coisa" do Exercito ou da Marinha, que devera.
(art. 156, do C . P. M.). inquerito, em se tratando de objectos de

XVIII XIX
AMADOR CYSNEIROS

uso militar. Quanto a outros objectos, recorrerão ao custo da Pra


observado, porém, nut;n e noutro caso, o equitatlvo desconto, P~~ DE BUSCA, ~ PRE-ENSÃO E PRISÃO
uso que porventura ttverem. o
Se o objecto subtraído não for encontrado, serão ouvidas du :r..... (posto e nom,e) encarregado do inquerito poU·
• testemunhas, que o tenham conh ecino, as quaes farão a descrip~.:' para averiguação do facto criminoso imputado a
do m esmo, tão minuciosa quanto possivel, e estimarão o seu vatoro (posto e nome do indiciado) mando a F. ... . . e
a quem este fôr apresentado, indo por mim assignado,
AUTO DE INFORMAÇÃO PARA BUSCA, APREENSÃO E:
seu cumprimento, .se dirijam á casa n. . . . . . . sita á rua.
nesta cidade do . . . . . . (OU lugar onde f6r) onde
PRISÃO ·.p.. .... (ou de que é proprietari.o F. . . . . . . . e i nquilino
••... ) para que, este, depois de lhe ser lido e mostrado
oAs. . . . . dias do me~ d_e . . . . . . do anno de .. . . . . , nesta mandado, e feita, na fórma da lei, a devida intima-
cidade do ...... em (~nd~ca-se o lttgar: séde de auditoria e. entrada na dita casa, afim de que se possa pro-
"R quartel, ou o que f6r) , me foi mandado por F . ....• (designa:_ busca e apreensão de . . . . . . (designa-se o que fór;
preso, 8e a autoridade encarregada do inqum·ito) que lavrasse o Pre.
instrumentos, artigos, generos subtr.ahidos á guarda e
não 1JO sente auto, . dizendo que chegou ao seu conhecimento que em militares, etc.) que, segundo affirma o crimi-
(de s~gna-se o lugar) se achava occulto F .. ... . indiciado ... (nQme ào accusado) (ou segundo affirma a"
te3-
Nestl no presente inquerito (ou que se achavam guardados e occ111• F. . . . . . e F . .. . . . ) ahi se acha escondido; (em
tos taes e taes objectos ou cousas furtadas mt rottbadas, ov 11 que se ettectlte a prisão de F.. . . . . (o indiciado) que
anna ou instrumento tal com que fo i comettiào o crim,e) e affirmam a" test~munha:y F . . . . . . e F. . . . . . ahi ae
porque, havendo recebido dita denuncia (ou participação i, e ) ; e, bem assim, mando que se procedam a todas
Certf
no prazo procedendo ás necessarias informações combinando-as com 08 necessarias e se empreguem os meios indispenea·
(Dat documentos existentes em seu poder ( se os t iver), e com 0 sejam, arrombamentos de portas e moveis, de modo
que disseram . . . . . (pessoas da vizinhança, testemunhas, etc. i feita a apreensão do referido . . . . . (retere-se aquillo que
se confirmasse na suspeita de que era verdadeiro o facto, orde (em tratando-se de prisão: "de modo que se et!P:tue a pri-
nava que se expedisse o mandado de busca para a. prisão de F ...... "), usando-se de· todos os meios permittidos em
F. . . . . supra mencionado (ou ap1·eensão dos Objectos furtados a execução do presente mandado, inclusive a prisão em
.ou roubados, ou instrumentos 'do crime, conforme o cas o); do de quem offerecer 'resistencia ou quizer impedir o
que, para constar, la.'vrei, o presente auto, que vai assignado e -... .....ntn do mesmo. De tudo será lavrado, por um dos
Sbnd da diligencia, o competente auto, que será por
legaes, á rubricado pela referida autoridade, commigo F. . . . . . servindo
de escrivão, que o escrevi. (Assignatttras por inteiro do encar- · fórma da lei, authenticado, e assigne.do por duas tes-
Peritos a que tenham asssitido á diligencia desde o seu inicio.
cados. ( regado do inquer ito e do escrivão).
se cumpra. Dado e passado nesta. cidade do . . . . . . (lugar
NOTAS - A autoridade. a lém dP asslgnar, rubrlcarâ, â mar- f~r) aos ...... dias do mez de ..... . do anno de ..... .
NOTA
lfa~;ãcpré gem, o auto. I'... . . servindo de· escrivão, o escrevi. ( Assignatura ao
Pois do Os mandados de buscas tambem podem ser concedidos a reque- do inquerito). ·
aplicada. rimentos de parte, com ldecleração das razões por que presume se !lllffetuada a diligencie., lavrará, um dos officiaes encarrega.
Convé achare:r;n os objectos no lugar indicado. Quando taes razões não
154, do C. forem logo justificadas por documentos ou apoiadas pela fama da verso do mandado, o seguinte :
ctos cujo vizinhança ou notoriedade publica, ou por circurnstancias t aes que
o cu lpado constituam veementes lndlcios, exigir-se-â o depoimento de duas AUTO DE BUSCA, APREENSÃO OU PRISÃO
"Furto' t estemunhas, que dever ão dar a razão da sciencia ou presumpção
move} perte que teem de que a coisa estâ no lugar designado (art. 131, do
"Roubo' C. J. M.). dias do mez de do anho de mil nove·
rêm, "com nesta cidade do (lugar onde f6r) em
(art. 156,
XX
XXI
AMADOR CYSNEIROS ---.
cumprimento do mandado retro, no dirigimos á casa n. , .. _ Se, apezar dos es forços empregados, n ã o fõr possi-
a pessoa indicada ou a preender os objectos, isso m esmo
sita á rua . .. ... , onde mora F . ... . . , segundo fomos in fo r~; · no auto.
dos, e ahi, depois de lhe ter sido mostrado e lido o mesma. noite em nenhuma çasa se podera. proceder a exames ou
mandado, o intimamos para que, incontinente, nos franquoo.ss~ (art.' 129, do C. J. M.).
a entrada da dita casa, afim de procedermos á diligenc_ia Orde. 08 desobedientes ou r esis tentes for em civis, o encarregado
ilO:.-;.,êrlto solicitara. o auxilio da autoridade civil.
nada e constante do referido mandado; ao que, obedecendo 0 ~ecução dos mandados compete aos officiaes de justiga, ou
·mesmo F . ..... , convidamos para assistirem ás diligencias nomeados ad-hoc pe la autoridad~ que houver ordenado a
apreensão (art. 127, do C. J. 1\f.) •
d esde o seu inicio, as testemunhas F . . . . . . e F. . . . . . l nome., otriciaes encarregados de dar cumprimento ao mandado
p o1· i nteiro) abaixo assignadas ; e entrando na casa supra de. ser de posto superior, ou , pelo m enos, igual ao daquel!e em
118. tiver de effectuar-se a busca.
clarada procedemos á mais minuciosa busca, examinando todas buscar poderão ser decr et a das ex - of f icio, por melo de por-
as salas, quartos e lugares (aescreve-se o eX(llme t eito) faze ndo mandado, que sera. dispensado quando se tratar de ca s o
abrir as portas, gavetas, armarios, etc. e ahi em . . . . . . . (o lavrando-se porém sempre. aut<l especial com descripção
lugar) encontramos os objectos . . . . . . (mencionam-se os obje. tcCOrrldo (art. 132, do C. J. M. J •
ÃJJ armas, instrumentos e object os do crime serão authenticados
ctos sulJtrahi dos, armas ou inst?'U71t entos ao crime ) que aprt. autoridade apreensora e consl)rvados em juizo, para serem
endemos e ficam em juizo (ou, tratanao-se de prisão : "enco)l.. aos t ermos da formação da culpa e do julgamento (art.
t1·amos F. . . . . . esconaiao , a quem pr(!nctemos e con duzimos d C. J. M.).
• respeito de busca e apreensã o, observem-se os artigos 1.24
prisão •·tal" onae ficou recolhido á aisposi ção da j ust iça") , do c. J. M.).
do que, para constar, se lavrou o presente auto, o qual vai
e.ssignado por mim F ........ , que o escrevi, e por F . ...... . Terminadas e.s diligencias policiaes, serão autoadas as
tambem encarregado da diligencia e pelas testemunh as já de. seguidas de um relatorio (art. 119, do C. J. M.).
claradas (ou quando as testemunhas não saibam ou não p11 .,.
sam escrever: "por F . ... .. a rôgo da testemunh a tal, que
não sabe, ou não pode escrever"). RELATO RIO

F ....... . (Posto e nome do official que , lavrou o a1ao). (Art. 119, do C. J . M., caso do § Lo)
F ...... .. (Posto e nome do outro Official encarregado Examinando-se attentamente o presente inquerito policial-
da amgencia) . verifica-se que. . . (expõe-se o facto, aia, hora, local e
Assignaturas das testemunhas ou de ai· iw&trutancias outras, inai cando a 7Jrova coZhiaa, com citação
F ........

F ........ l guem por ellas, quando não o saibam


ou não possam escrever.

Se houver resistencia, o auto serã assim redigido, depois


íWu•lnA-AA
concluirá e.rt. 1.19). E como o facto apurado etc ...
si é crime militar, ou commum, ou falta discfpli-
estes autos remettidos, para .tos devidos fins, á ....
a autoridade que mandou proceaeT ao inquerito)
Cta phrase: "afim de procedermos á diiigencia ordenade. e cons- compete decidir afinal, na. conformidade do art. 119,
tante do referido mandado": - e não tendo siao obedecidos , do Codlgo da Justiça Milftar.
por F . . . . . ( ~Zono da casa 01t moraaor) convidamos as teste- Capital Federal, (ou lugar onae f6r) .... de .... de
munhas F. . . . . . e F. . . . . . que o presenciaram, para assistirllm (Nome e posto do encarregado ao inquer ito).
á diligencia; e, em consequencia, pe.ssamos a arrombar as por· 11m cer tos casos dirâ: Attendendo-se a que dÓ depoimento
tas da casa (ou o que fôr , ,,c isto houver sido necessario) e testemunhas F . . . . . . e F. . . . . . (ou aas provas do cum en-
entrando á força na mesma, ahi procedemos á mais minuciosa cle fls. . ..... , ou da confi ssão do crime constante a fls.
p.usca, etc. . . . . . . {o mais como no moaello acima). •. ) resultam vehementes indícios da culpabilidade do

XXII XXIII
AMADOR CYSNEIROS

accusado F ... ... (nome, posto ou g1·aauaçao, se tiver) julgo


conveniente que contra o mesmo seja decretada., na fórma da
-

- • , ••.. (pos to e nome do encarregado do inquerito); do


constar, lavrei o ~resente termo. Eu, F. . . . . . ser·
de escrivão, o escrevi e assigno. (Assignatura do es·
lei, a prisão preventiva, uma vez que, além de se tratar de Ulll
delicto grave, essa medida excepcional é r eclam ada, no caso
pelo interesse da justiça (ou da ordem e da disciplina mil~ REMESSA
tares).
Capital Federal, (ou lugar onde f6r).... de . . . . de
(Nome e posto do encarregad<! do inquerito). . .. ' . . . . . . dias do mez de . . . . . . do anno de . . . . . . nesta
, . . . . . (ou lugar onàe 16r) faço remessa destes autos
NOTA - Não se fazendo mistêr a decretação da prisão Pre- • . . . . . (autoridade que houver detet:.minado o inque-
venUTa, o encarregado do inquerito dirâ, substituindo o que consta do que, par a constar, lavrei o presente termo. Eu
a respeito, no modelo acima : • servindo de escrivão, o escr evi e subscr evo. (Assigna-
"Deixo de me pronunciar sobre a decr etação da prisão preven ., escrivão).
tiva do indiciado, por n ão ser a m esma reclamada pelo interesse d~
justiça, da ordem ou da disciplina militar."

SOLUÇÃO OFFICIO DE REMESSA

Pela conclusão das averiguações policiaes que mandei Pr0o Sr. F ... . , . (autoridade militar que houver detenni·
ceder, verifica-se que o facto apurado constitue crime previsto inquerito ).
no C. P. M. Determino, pois, que sejam estes autos remetti- para os devidos fins, o incluso inquerito po-
dos, com a possível urgencia, ao Sr. audftor da . . . . . . Cir. ' a que procedi em virtude da vossa ordem cons•
cumscripção Judiciaria Militar, para os fins de direito. (Dat a officio (po1·taria ou o que f6r) de . . . . . . de ... .. .
e assignatura da autoridade que mandou proceder ao inquerito) . annexo aos respectivos autos.
Ou, conforme o caso, - tratando-se de um facto delictuoso e fraternidade.
da competencia dos tribunaes civis - "Determino que o pre. e posto do encarregado ào inqueritõ).
sente inquerito seja remettido, com a possível urgencia, ao
Exmo. Sr. Juiz F .. .. .. , (autoridade competente) para os fins
àe direito". INSTRUCÇõES
Tratando-se de contravenção disciplinar, aplicar-se-á a
pena devida de accordo com o R. I. S. G. inquerito policial não é um acto judicial, um processo
E nada se tendo apurado, ainda assim, devem os autos pelo qual possa haver condemnação ou absolvição, é
ser remettidos ao auditor competente. extra-judicial, uma informação preparatoria e preven·
emquanto não intervem a autoridade judiciaria
NOTA - Convêm salientar que o inquerito serâ sempre remet- é, em synth e'Se; uma peça de instrucção, ou ins-
tido A autoridade judiciaria, por intermedio da a utoridade militar para servir de base á denuncia. Por iRto, em regra
mais graduada da circurnscrlpcão judiciarla, n a f6rma do art. 119, as suas deficiencias não acarretam a nullidade do pro-
§§ 2.•, 3.• e 5.•, do C. J. M., salvo o caso do a rt . 147, § 2.•. do
mesmo codigo, qua ndo serâ enviado, directarnente. dentro de cinco na colisão das provas entre o inquerito e o summa~io,
dias ao a uditor. aquelle um facto e apurando-se outro diverso neste,
primeiro prevalecer sobre o segundo."
CONCLUSÃO policial comprehende além dos resi)ectivos ter-
e despachos, e do relataria, ao final, os seguin-
Aos . . . . . . dias do mez de . . . . . . do anno de . . . . . . nesta
cidade de . . . . . . (ou l1tgar onde f6r) faço estes autos conclusos
JO(V
XXIV
munhas no districto da culpa, serão ouvidas Por
sente, (§ 3.• art. 257) e depo~s q.esta cumprid~, o presidente EM DEPOSITO
vão, o juntai-a aos autos, quando então se examinará tudo
o inciso 6.•

8.o - No dia do julgamento é interrogado o réo que SOCIAL TRABALHISTA


ter como advogado um civil, · ou o seu advogado nato - organisada pelo Bacharel Alfredo
mandante de sua sub-unidade que com elle assignará Louzada (Do Departamento Nacional do
termos do processo onde fôr exigida a assignatura do
- oa1ho).
9.o - Encerrado, portanto, o summario,
razões oraes pela defesa, si as tiver (§ 5.• art. 257) .
10.• - Terminado o julgamento em deliberação
proceder-se-á de accordo com o § 6.• art. 257.
da
11.o - Havendo ·appellação que será interposta dentro Conditaren.
24 horas da leitura ou intimação da sentença, por meio
petição apresentada pela defesa, os autos serão
immediatamente ao Auditor respectivo que·
abrindo vista ao advogado de officio para arrazoar
cinco dia~ e, em seguida ao Promotor que dirá como ~"'v"u"a~; DE REDAÇÃO
12.o - Não havendo appellação, subirão os autos, dentro Gomes - z.a edição.
48 horas, ao Auditor que abrindo vista dos mesmos ao
motor, deste os receberá dentro de cinco dias, communica
ao corpo respectivo si sentença passou ou não em julgado,
si foi interposto pelo Ministerio Publico algum recurso. E N H O P R.O. J E T I V O
Prof. Cel. Heitor Cajaty,· d~ Colegio Militar
13.• - Nos processos de insubmissão se procederá Rio de Janeiro - z.a edição.
mesma fórma, attendendo ao que estabelece o art. 260
C. J. M.

.TIVISMO FERROVIARIO NO R. G.
SUL
sua influeencia na moderna definição economi-
de colectividade gaúcha) Por Alexandre
Costa.

RIA CARIOCA - GHIGNONE & C., Ltda.


SAO JOSÉ, 45 - R I O D E J A N E I R O
XXV TII
AMADOR CYSNEIROS

a) do corpo de delicto, nos crimes que deixam o Commandante do Corpo ou navio, ou quem suas
sente, e exame de sanidade; > mandar lavrar e assignar o termo de desercão
b) de exame em cadeveres, no criminoso, nelle o seguinte despacho: "Juntem-se as demais
delicto, nos instrumentos do delicto, ou em no lugar do que trata o art. 257 do C. J. M. e archive-se aguar-
cumentos; quaesquer do.
a captura ou a apresentação do accusado". Publique-
c) de exhumação e autopsia; assignatura e posto).
d) de busca e apprehensão de instrumentos do de!icto d
dócutnentos, e para prisão do delinquente; ' e _ o ajudànte, ou secretario do corpo, seu correspon-
e) de inquirição de testemunhas que houverem Presenciado Marinha ou quem suas vezes fizer, procederá ao
o facto, ou tenham razão de sabel-o; e depois de· ter feito publicar em Boletim o
f) de perguntas ao indiciado e ao affendido; repectivo despacho, juntará uma copia do mesmo
g) da prisão em flagrante delicto, quando esta se verificar peças a serem archivadas.
Além disto, é indispensavel a "nota de culpa", dentro d~
24 horas, sempre que haja prisão em flagrante. Reincluido o desertor, se este for praça de pret e
O escrivão deverá numerar e rubricar todas as paginas doa acto em Boletim, a pessoa de que trata o n. 1 no-
0
t.utos e mais documentos que foram ao inquerito, salvo o verso mediante escala, o Conselho de que fala o § 3. 0 do ar·
respectivo, e riscar todas as folhas em branco intercaladas no Si fôr official, o modo de proceder será o até aqui
mesmo. e constando dos artigos 255, 256 e § 8 do artigo25'i'.
O official encarregado do inquerito rubricará, á margem - O Conselho constituindo, publicada sua nomeação em
todas as folhas escriptas do mesmo, bem como todas as Pag!: requisitará por seu presidente á Secretaria as p_e ças
nas do auto de prisão em flagrante, c~rpo de delicto, auto de e officiará ao Commandante da sub-unidade· do
informação, mandando de busca, auto de busca, interr ogatorio solicitando as razáes de defesa e a relação das tes-
e depoimento das testemunhas . e pessoas que, por ventura, queira apresentar a
Nos crimes de desacato, quando testemunhados, é dispen. réo, tudo ll&ntro do prazo de oito dias, no maximo,
savel o inquerito policial-militar, bastando, para os fi ns legaes, -desses dois officios devem ser juntas aos autos.
o auto de flagrante, devidamente lavrado. Deste deve. porém
constar, como um dos principaes elementos e característico; Dentro de oito dias o Conselho se installará, man-
do crime, as palavras ou actos offensivos. autoadas as peças pelo escrivão.
Poderá ser dispensado o inquerito policial em caso de
flagrante delicto, ou quando o facto já estiver esclarecido, Estando o processo em ordem, isto é, nada faltando
documentos ou outras provas (art. 122, do C. J . M.). ás peças que o devem compor, tudo exposto pelo
marcado o dia de julgamento que deve constar
por despacho do presidente, sÍmdo-lhe feito os autos
DOS PROCESSOS DE DES~RÇÃO pelo escrivão:
A reforma estabeleceu que os processos de deserção o dia . . . . . . para ser o réo submettido a julga.
summariados e julgados em cada corpo. as partes".
assignatura e posto).
A fórma de constituição dos processos continuou, mais
ou menos, a ' mesma, não tendo o Governo, ainda determinado Si, antes, houver testemunhas de defesa, o Conse·
a adaptação do Regulamento do Processo, nesse particular. ouvirá e mandará juntar aos autos os documentos que
Podem, porém, as presentes normas serem adoptadas, afim apresentados pela defesa, attendendo ao que estabelece
de que os serviços não sejam prejudicados: relativamente ao assumpto. Não residindo as teste-

XXVI XXVII

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