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SUMÁRIO
5) FINS DA PENA...............................................................................................................7
6) PRINCÍPIOS....................................................................................................................8
7) A SUPERAÇÃO DO POSITIVISMO.............................................................................9
8) PRINCÍPIOS PENAIS...................................................................................................10
1) ORDENAÇÕES DO REINO.........................................................................................19
6) FIM DO IMPÉRIO........................................................................................................24
9) CONSTITUIÇÃO DE 1934...........................................................................................26
13) REDEMOCRATIZAÇÃO.........................................................................................28
1) TEMPO DO CRIME......................................................................................................29
1) Causalismo naturalista...................................................................................................44
3) Finalismo........................................................................................................................46
4) Funcionalismo................................................................................................................47
5) ERRO DE TIPO.............................................................................................................57
6) ERRO DE PROIBIÇÃO................................................................................................59
AULA 08 – CULPABILIDADE..............................................................................................60
1) CARACTERÍSTICAS DA PENA.................................................................................65
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2) FINALIDADES DA PENA...........................................................................................65
2) BRASIL.........................................................................................................................72
5) Aplicação da pena..........................................................................................................75
7) Regimes penitenciários..................................................................................................78
AULA 01 –
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O STJ tem a competência de interpretar as leis penais. O Direito Penal, nas suas
configurações atuais, surgiu com o Iluminismo.
No caso de Tiradentes, além da morte, ele foi esquartejado, seus restos corporais
expostos ao público, e sua casa recebeu sal.
A pena de prisão de liberdade era mais utilizada como forma de guardar a pessoa até o
momento da morte.
Marquês de Beccaria (Dos delitos e das penas, 1764) marco divisor do Direito
Penal. Principais idéias: finalidade preventiva das penas, presunção de inocência, proibição de
tortura, certeza e não severidade da punição como freio ao crime, humanidade na execução
das penas, legalidade, proporcionalidade, necessidade e utilidade da pena, processo público e
célere, leis claras.
1.2.1. Características
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“[...]E sob esta base que as duas finalidades preventivas - a prevenção dos delitos e
aquela das penas arbitrárias - são, entre si, conexas, vez que legitimam, conjuntamente, a
"necessidade política" do direito penal enquanto instrumento de tutela dos direitos
fundamentais, os quais lhe definem, normativamente, os âmbitos e os limites, enquanto bens
que não se justifica ofender nem com os delitos nem com as punições. Esta legitimidade [...]
não é "democrática" no sentido que não provém do consenso da maioria. É, sim, "garantista",
e reside nos vínculos impostos pela lei à função punitiva e à tutela dos direitos de todos [...]. o
monopólio estatal do poder punitivo é tanto mais justificado quanto mais baixos forem os
custos do direito penal em relação aos custos da anarquia punitiva [...]” (FERRAJOLI).
O direito penal traz uma relação de forças, seja do infrator com a vítima, seja do
infrator com o Estado.
Um sistema que trabalha com o direito penal máximo costuma ser o que mais comete
erros judiciários.
“A certeza perseguida pelo direito penal máximo está em que nenhum culpado fique
impune, à custa da incerteza de que também algum inocente possa ser punido. A certeza
perseguida pelo direito penal mínimo está, ao contrário, em que nenhum inocente seja punido
à custa da incerteza de que também algum culpado possa ficar impune” (FERRAJOLI).
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5) FINS DA PENA
Um fica chocado e pede que o amigo seja levado ao médico (visão terapêutica);
Um pensa em analisar todo o convívio dos estudantes e ver quais atitudes e motivos
causaram a reação de seu amigo (versão mais filosófica e observadora dos acontecimentos);
6) PRINCÍPIOS
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jurídica de um dado país. No caso do Brasil, a CF, já em seu preâmbulo, afirma que somos
um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia
social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias.
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7) A SUPERAÇÃO DO POSITIVISMO
Com isso assumem eles, não somente no Direito Constitucional, mas em todo o
Direito, uma valoração e eficácia nunca ocorrida, pois passam a ser as “normas-chave” de
todo o sistema jurídico (BONAVIDES).
8) PRINCÍPIOS PENAIS
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8.2.1. Fundamentos
a) “nulla poena, nullum crimen sine lege”: Não há crime nem pena sem lei prévia. Só se
pode punir alguém por algo se a lei estiver na vigência no momento do cometimento, logo,
pendendo de vacatio legis, ao indivíduo não pode ser imputada a determinada conduta;
Se uma lei nova alterar o crime, pode ocorrer abolitio criminis ou a lei pior. Sendo lei
que piore a situação do réu, ela jamais irá retroagir ao momento dos fatos. Porém, se a lei
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nova extinguir o crime ou trouxer qualquer benefício, irá retroagir para beneficiar o réu.
Efeitos ultrativos da lei melhor e não retroativos da lei pior.
A lei anterior deve ser certa, não pode gerar dúvidas ao indivíduo nem ao intérprete.
Os seus conceitos devem ser compreensíveis, não podem ser abstratos, deixando brechas à
várias interpretações.
A primeira exige que somente se qualifique como crime aquelas condutas que
ofendam significativamente os bens jurídicos tutelados pela norma penal. Deve ser uma
ofensa que traga risco de perecimento do bem jurídico.
A segunda traz a ideia de que o direito, como um complexo normativo que se desdobra
em diversos ramos, pode encontrar soluções pra punir certas condutas que violem de diversas
formas, sem que seja necessário valer-se do direito penal, mas, por exemplo, do direito civil
ou administrativo.
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Já o caráter subsidiário significa que a norma penal exerce uma função meramente
suplementar da proteção jurídica em geral, só valendo a imposição de suas sanções quando os
demais ramos do Direito não mais se mostrem eficazes na defesa dos bens jurídicos (JUAREZ
TAVARES).
A mesma ideia vem exposta por BUSTOS RAMIREZ, que salienta o aspecto
policialesco que o Estado pode assumir na hipótese de pretender impor, pela violência do
controle formal, a solução punitiva. Em semelhante situação, as pessoas viveriam sob
permanente tensão e ameaça de serem punidas, o que seria a própria negação do Estado de
Direito.
8.5. NECESSIDADE
8.6. PROPORCIONALIDADE
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Há proporcionalidade na:
8.7. OFENSIVIDADE
II – A norma penal não pode incriminar a conduta que não exceda o âmbito do próprio
autor;
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8.9. CULPABILIDADE
Ele decorre que ninguém pode ser condenado ser que seja culpado. Não há crime, nem
pena, sem culpabilidade (nulla poena sine culpa).
Encontra-se implícito na atual CF, art. 5, inciso XLV, sob a ótica material.
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1) ORDENAÇÕES DO REINO
Tiradentes foi condenado pelo crime inscrito no Livro VI, o crime de lesa-majestade.
A pena atingiu a pessoa de Tiradentes e até suas gerações futuras. As partes do corpo de
Tiradentes ficaram expostas em grandes locais de circulação para servir de exemplo.
O caso de Tiradentes é a prova que a delação premiada já existiu no país, porque ele
foi delatado e seu delator foi eximido da penal.
Era comum a “morte para sempre” (indivíduo morre já no sepulcro, sem velório), em
que o corpo ficava pendurado na forca até ficar em estado de decomposição até o dia 01 de
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Uma característica era o Direito Penal do Terror, aquele que trabalha com a ideia do
terror, em que as pessoas ficariam com temor da pena e não cometeriam delitos. Tratava-se de
um Direito penal de grande submissão.
Também era crime a prática sexual com judeus e mouros, sendo queimado na fogueira.
O adultério feminino dava ao esposo o direito de matar a esposa e o amante, a não ser
que esse fosse fidalgo ou desembargador. O marido traído podia perdoar a esposa, mas seu
amante seria degredado para o Brasil.
Na ocorrência do estupro violento, porém, a mulher deveria sair gritando “vede o que
fulano me fez”, encontrar duas pessoas e dirigir-se a uma autoridade pública, caso contrário,
não poderia sustentar uma denúncia contra o agressor.
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No final, foi decidido pela manutenção da pena de morte, isso ocorreu muito em
função da escravidão, a pena, portanto, foi utilizada para punir amplamente os escravos.
Exceto pela pena de morte, que é considerada uma mancha, o Código Criminal do
Império era uma legislação bem feita, e chegou a inspirar a elaboração de Códigos da
América Latina e também os Europeus, como o da Espanha.
I - a emoção ou a paixão;
Tobias Barreto, considerado o Nelson Hungria de sua época, fez comentários críticos
ao Código Criminal do Império:
Pela teoria causal ou naturalista da omissão, o omitente responde quando deu causa ao
evento. Para que tenha dado caso basta que ele tenha o poder de agir. É o entendimento de
Tobias Barreto.
O Código de 1830 ainda pecava por conceder privilégios em função de: cidadãos
livres (em detrimento dos escravos), da religião católica. Apesar disso, deve-se levar em
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consideração que o Código foi elaborado sob a égide da Constituição de 1824, que trazia a
religião católica como a oficial do país.
6) FIM DO IMPÉRIO
Percebe-se, desse modo, que o código foi feito às pressas, antes mesmo da
Constituição, tendo sido considerado motivo de vergonha, com inúmeras falhas e
incongruências, de modo que, logo publicado, já foi objeto de reformas.
Foi o responsável por abolir a pena de morte em tempo de paz, é um ponto positivo
que trouxe. Observações sobre o Código:
c) Multa: previa a multa na Parte Geral, mas não a cominava em nenhum crime na
Parte Especial;
d) Criou a excludente da “privação dos sentidos” (art. 27, §4º): não responde pelo
fato aquele que atua com os sentidos privados.
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Tal excludente foi excluída, criando a excludente da “perturbação dos sentidos”. Isso,
porém, dava ao agente a chance de alegar que as emoções tornaram seus sentidos
perturbados, e que, por isso, não poderia ser condenado. Todavia, quando o individuo
comete um ilícito, os seus sentidos ficam perturbados, a não ser que seja um psicopata ou
similar que não sinta nada.
A constituição de 1891 concedeu o Direito dos Estados criarem sua própria legislação
processual penal.
O CP/40 criou uma regra que permanece vigente até hoje: a emoção e a paixão não
excluem o crime. Essa regra surge em resposta à perturbação dos sentidos, que absolveu
muitas pessoas sob tal alegação.
Ressalte-se, portanto, que é o Código Penal de 1890 com todas as suas alterações.
9) CONSTITUIÇÃO DE 1934
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É a segunda constituição outorgada (a primeira foi do império). Foi sob esse momento
que surgiu o atual Código Penal de 1940.
Há quem diga que o projeto original de Alcântara e a versão final dos revisores são
totalmente distintos.
11.1.CARACTERÍSTICAS
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foram removidos do Código. Houve também a criação da multa vicariante (ou substitutiva),
aquela que o juiz aplica em substituição a ppl.
d) O Estupro não distinguia mais se a vítima era ou não prostituta; mas alguns
crimes informava que apenas a mulher honesta (no tocante ao comportamento sexual, aquela
que não se prostituíam), poderia figurar como vítima de determinados crimes. Desse modo,
persistia o tratamento desigual entre a prostituta e a não prostituta. A expressão “mulher
honesta” foi retirada em 2005.
Em 1964 houve a instalação da Ditadura Militar, e cinco anos depois, em 1969, surge
uma tentativa de mudança da legislação penal, o Código Penal de 1969 (DL 1.004/69), e
como iria impor grandes mudanças, o seu vacatio legis foi de nove anos (1978). Porém, após
tanto tempo em vacância, já estava desatualizado e foi revogado sem mesmo entrar em vigor.
13) REDEMOCRATIZAÇÃO
Em 1984 houve a Reforma do Código Penal, inserido a nova e atual Parte Geral (Lei
nº 7.209/84). Nesse ano também houve a publicação da Lei de Execução Penal (Lei nº
7210/84). Os anos seguintes foram marcados pela constituinte e, em seguida, com a
Promulgação da Constituição de 1988.
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1) TEMPO DO CRIME
A) CRIMES PERMANENTES
Súmula nº 711 do STF “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao
crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.”
C) CRIMES OMISSIVOS
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F) MENORIDADE PENAL:
A Constituição Federal estabelece, em seu art. 5º, inciso XL que: “a lei penal não
retroagirá, salvo para beneficiar o réu”, trata-se do princípio da irretroatividade da lei penal
mais gravosa, que se conjuga, para efeito de interpretação dos conflitos intertemporais do
Direito Penal, com o princípio da ultratividade da lei penal previsto no art. 2º, caput, do CP e
da retroatividade da lei penal mais benéfica, constante do art. 2º, parágrafo único, do CP. A
regra geral é, portanto, de que a lei penal não deve retroagir, salvo no caso das hipóteses em
que ela venha beneficiar de alguma maneira o agente. Quais são as hipóteses em que se
demonstra a aplicabilidade do princípio da retroatividade penal benéfica? Existe alguma
situação em que não se aplicaria esse princípio, fazendo-se a norma mais gravosa retroagir?
Vejamos as seguintes situações hipotéticas:
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Os fatos anteriores, não regidos pela lei nova, são atípicos, “toda lei penal nova que se
apresenta como prejudicial não retroage”.4 Ex: Novatio legis
incriminadora, que criou o art. 154-A do CP, dos delitos informáticos.
F) VACATIO LEGIS E LEI NOVA INCRIMINADORA: na hipótese de uma lei penal nova,
de caráter incriminador, trazer prejuízo ao réu, seja publicada e esteja em período de vacatio
legis, não se aplicará aos fatos ocorridos neste período, em virtude de seu caráter prejudicial.
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“Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo
único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.”
Ocorre quando uma lei posterior a determinado fato deixa de considerá-lo como um
crime, consoante a disposição do caput do art. 2º do CP, cessando, em virtude de sua
incidência, todos os efeitos penais da sentença condenatória Com a incidência da abolitio
criminis, deve ser extinta a punibilidade do agente na forma do art. 107, inciso III do CP,
devendo-se incidir esta causa de extinção da punibilidade em qualquer circunstância como
a)inquérito em andamento; (b) processo em andamento; (c) execução da pena; (d) pena
cumprida, mas com efeitos da sentença condenatória em plena vigência.
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O art. 2º, parágrafo único, do CP determina que a lei posterior, que de qualquer modo
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado. A regra, portanto, será sempre a de aplicar-se a lei penal
mais favorável, independentemente, inclusive, de ter ocorrido ou não uma sucessão de leis
penais no tempo que leva, por exemplo, a passagem de três leis diferentes até a aplicação da
pena
Se ele pode escolher, para aplicar o mandamento da lei Magna, entre duas séries de
disposições legais, a que lhe pareça mais benigna, não vemos porque se lhe vede a
combinação de ambas, para assim aplicar, mais retamente, a Constituição. Se lhe está afeto
escolher o ‘todo’, para que o réu tenha tratamento penal mais favorável e benigno, nada há
que lhe obste selecionar parte de um todo e parte de outro para cumprir uma regra
constitucional que deva sobrepairar a pruridos de lógica formal. Primeiro a Constituição e
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depois 5 “Art. 107 – Extingue-se a punibilidade: [...]; III – pela retroatividade de lei que não
mais considera o fato como criminoso;” o formalismo jurídico, mesmo porque a própria
dogmática legal obriga a essa subordinação, pelo papel preponderante do texto constitucional.
A verdade é que não estará retroagindo a lei mais benéfica, se, para evitar-se a transação e o
ecletismo, a parcela benéfica da lei posterior não for aplicada pelo Juiz; e este tem por missão
precípua velar pela Constituição e tornar efetivos os postulados fundamentais que ela garante
e proclama os Direitos do homem”.
O STJ, entretanto, em 2013, resolveu criar a Súmula 501, que veda a combinação de
leis penais: “É cabível a aplicação retroativa da Lei nº 11.343/2006, desde que o resultado da
incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da
aplicação da Lei nº 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.”
Há quem diga que se o juiz tiver que ficar combinando as leis para aplicá-la, irá acabar
legislando porque criaria uma lei nova.
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Lei temporária - possui prazo determinado em lei para sua exigência, vigora até
cessada esta vigência.
Lei excepcional - Foi criada para vigorar em face de situações extraordinárias, tais
quais guerra, calamidade pública, estado de emergência e situações similares.
Exemplo: Crime militar em tempo de guerra, constante do CPM, tal qual o delito do
art. 355, sob a rubrica de traição.
Não se tratando de lei excepcional ou temporária, irá aplicar e retroagir a lei mais
benéfica ao réu. Todavia, se a norma anterior excepcional ou temporária for mais gravosa, a
mais benéfica não irá retroagir.
Diante de uma súmula (não vinculante), a doutrina garantista entende que é possível
fazer retroagir a jurisprudência mais benéfica para atingir fatos passados, mas uma mais
prejudicial não. Ela pode ser aplicada, mas essa aplicação não pode ser imposta.
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A Teoria da ubiquidade é adotada pelo Direito penal Brasileiro, apontando que lugar
do crime tanto pode ser o local onde ocorreu a ação ou omissão do agente, quanto o lugar em
que se produziu o resultado.
Territorialidade
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Qualquer crime praticado no Brasil terá a aplicação da lei penal brasileira incidindo
sobre ele, excetuando-se, por exemplo, situações provenientes de tratados ou convenções. O
território é o espaço em que o Estado exerce sua soberania, sendo este um conceito de caráter
jurídico-político, compreendendo tanto o espaço terrestre – superfície – quanto as águas
territoriais e o espaço aéreo, submetendo à jurisdição do país em que o fato foi praticado o
agente do delito.
O território abarca todo o espaço terrestre, tanto quanto o mar territorial, o espaço
aéreo sobrejacente, bem como ao seu leito e subsolo, conforme o art. 2º da Lei nº 8.617/93.
Na zona contígua, o país também pode exercer uma atividade fiscalizatória, buscando
evitar o descumprimento de leis, regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários,
no seu território, ou em seu mar territorial.
Na zona econômica exclusiva o Brasil exerce também sua soberania, entretanto, com
outra abrangência, qual seja: tem direitos de soberania para fins de exploração e
aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos, das águas
sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a outras
atividades com vistas à exploração e ao aproveitamento da zona para fins econômicos, e tem o
direito exclusivo de regulamentar a investigação científica marinha, a proteção e preservação
do meio marítimo, bem como a construção, operação e uso de todos os tipos de ilhas
artificiais, instalações e estruturas, na forma dos arts. 7º e 8º da Lei 8.617/93.
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Consoante o art. 4º da Lei nº 8.617/93, temos que: “Art. 4º A zona contígua brasileira
compreende uma faixa que se estende das doze às vinte e quatro milhas marítimas, contadas a
partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial.”
2.3 EXTRATERRITORIALIDADE
a) EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA
Trata-se das hipóteses previstas no art. 7º, inciso I, do CP, sendo que as alíneas a, b e c
são positivações do princípio real ou de defesa, e a alínea d é decorrência do princípio da
universalidade. Não existe exceção às regras de extraterritorialidade.
b) EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
Hipóteses: os crimes: (a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
(b) praticados por brasileiro; (c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam
julgados; e (d) cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
condições previstas no § 2º do art. 7º do CP, não foi pedida ou foi negada a extradição e
houve requisição do Ministro da Justiça.
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2.3.1.PRINCÍPIOS
a) PRINCÍPIO REAL OU DE DEFESA: A lei penal aplicada deve ser do Estado titular do
bem jurídico lesado ou ameaçado de lesão.
A) IMUNIDADE MATERIAL
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fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida,
isto é, com o próprio Estado de Sítio, na forma do art. 53, § 8º, da CF.
O exercício do mandato também pode ser realizado fora dos recintos parlamentares, se
relacionados com o mandato. A imunidade material aplica-se a todos os Deputados12 –
Federais e Estaduais –, Senadores e Vereadores.
B) IMUNIDADE FORMAL
A) IMUNIDADE MATERIAL
Essa imunidade vem prevista no art. 29 da Convenção de Viena, que retrata sua
inviolabilidade, salientando que o agente não poderá ser objeto de nenhuma forma de
detenção ou prisão.
B) IMUNIDADE FORMAL
O agente diplomático goza de imunidade formal, de jurisdição penal, não podendo ser
processado no Estado acreditado, mas podendo ser processado no Estado que representa, pela
aplicação do princípio de reciprocidade.
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Transforma a vida das pessoas, e por consequência, o Direito Penal. O crime passa a
ser transnacional.
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1) CAUSALISMO NATURALISTA
Quem deve fazer juízo de valor é o legislador. Os juízes não poderiam fazer juízo de
valor.
A tipicidade causalista não aceita juízos de valor. Ex: estelionato – obter vantagem
indevida, o “indevida” é juízo de valor. A resposta para isso é que seria um tipo anormal,
porque para o causalismo, o tipo só deveria conter descrições.
A culpabilidade tem como elementos o dolo e a culpa, e por isso é classificada como
subjetiva.
Críticas:
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Mezger argumenta que se tanto tipicidade como a antijuridicidade são juízos de valor
não há razão para distinguir as categorias, e por isso, é feita a proposta de um tipo total do
injusto que aglutina tipicidade e antijuridicidade.
Críticas:
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II – Técnica: o caso do homem de branco que toca na genitália da criança. Para saber
se há fato típico de estupro é necessário examinar o conteúdo da vontade, ou seja, o dolo que
está na culpabilidade. Não faz sentido condicionar a tipicidade ao elemento da culpabilidade.
3) FINALISMO
A tipicidade tem uma face objetivo-descritiva, uma face normativa, e outra subjetiva
(por causa do dolo e da culpa).
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Na culpabilidade não será mais encontrado o que ora é reconhecido na conduta típica,
o dolo finalista tem como elementos a consciência e a vontade, apenas. A consciência da
ilicitude que era elemento do dolo (normativo), no neokantismo permanece na culpabilidade.
Para afastar a dificuldade em provar a consciência real da ilicitude, Wezgel a converte em
potencial consciência de ilicitude.
Como essa culpabilidade tem grande juízo de valor, foi conhecida como culpabilidade
normativa pura.
II – Toda a Teoria Geral do Crime finalista foi construída para explicar o homicídio,
que era o grande problema penal da década de 1940. Não é mais. As novas demandas penais
exigem uma modernização de tais estruturas. No entanto, o finalismo impede tal
modernização, pois são verdades ônticas.
4) FUNCIONALISMO
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Ex: ser judeu é uma conduta, logo, pode ser crime. Mas Roxin responde que não
haveria perigo, porque seu conceito de conduta está no limite dos direitos e garantias
fundamentais.
Para Roxin, o crime é fato típico, antijurídico, mas uma das mais importantes
contribuições do autor é a substituição da culpabilidade pela responsabilidade. Logo, é fato
típico, antijurídico e responsável.
Fato típico
Antijurídico
Responsabilidade:
Culpabilidade (imputabilidade/ potencial consciência de ilicitude);
Necessidade da pena (exigibilidade de conduta diversa).
Ele nega a tradicional teoria do bem jurídico. O Direito Penal não pode ter como
função primordial evitar o crime, que faz isso é o sistema policial.
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Crítica:
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A) SISTEMA CAUSALISTA: LISZT- BELING: Cometer um crime, era causar uma lesão.
Resultado
Formas de imputabilidade: Dolo e culpa
Nexo causal
Tudo o que era objetivo, externo, estava no fato típico. Enquanto aquilo que se
relacionava ao lado subjetivo estava na culpabilidade. Estava muito ligada às ciências
naturais, por exemplo, matar era causar a morte, nada além disso.
Proximidade com o sistema nazista. O Direito Penal tem a ver com cultura, e não com
as ciências naturais. É aquilo que vai perturbar o convívio social.
É o Direito Penal que cria o crime. Começou a quebrar o paradigma que o tipo era
somente objetivo.
Conduta Imputabilidade
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Nexo causal
Exigibilidade de conduta diversa
Elementos normativos (culturais)
Elementos subjetivos
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O DP deveria ser construído a partir da função que era esperada dele. Nisso, surgem
dois tipos de funcionalismo:
A culpa foi substituída pela imputação objetiva, porque antes de falar em dolo, fala-se
em imputação objetiva.
(Culpabilidade + Necessidade de
pena)
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ilicitude
O problema não é se você deu causa (causa-ação), mas se o evento pode ser imputável
ao autor como um tipo penal. O nexo de causalidade não é suficiente para imputar um crime a
alguém. A imputação antecipa o juízo antes mesmo de chegar a discutir a culpa. A imputação
confere maior sofisticação teórica.
Para que haja imputação objetiva, é preciso que o resultado corresponda exatamente ao
risco proibido criado. Desta forma, não haverá imputação objetiva em três situações:
A) Resultado aleatório: embora o resultado tenha sido causado pela conduta, ele
não corresponde ao risco proibido criado por ela.
B) Resultado que está fora do âmbito de proteção da norma de cuidado: não há
imputação objetiva se o resultado não corresponde ao fim de proteção da norma de cuidado
violada.
No caso apresentado, não havia alvará, mas esse não serviria de nada para impedir que
o jovem se embriagasse. O alvará serviria apenas para casos como incêndio ou multidões.
Dessa forma, a exigência do alvará não tem finalidade com a morte do jovem.
Todavia, no caso de possuir apenas uma ambulância e que não estava equipada com
UTI, já seria motivo de dúvida no tocante à imputação.
Os eventos que não correspondam à função do Direito Penal não são objetivamente
imputáveis como crime. A função do DP é impedir condutas que ofendam ou ameacem de
forma relevante bens jurídicos alheios.
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Para a teoria finalista não importa se vai ser aplicado o conceito bipartido ou tripartido.
A culpabilidade é o nexo psíquico que liga o delito ao seu autor, fazendo-o penalmente
responsável. Para tal teoria, dolo e culpa são espécies de culpabilidade, que tem como
pressuposto a imputabilidade do agente. Todavia, não consegue explicar satisfatoriamente a
coação moral irresistível e obediência hierárquica de ordem não manifestamente ilegal.
Na coação, o coagido atua com dolo, mas sua conduta apresenta um vício de vontade,
ela não foi livre.
Teve grande importância no inicio do século XX, tendo expoente o autor Frank. É a
teoria adotada pelo Código Penal de 1940, que falava de erro de fato e erro de direito. De
acordo com a teoria, para que o agente seja culpado não basta exclusivamente que o agente
tenha atuado com dolo ou culpa, mas que sua conduta pudesse ter sido realizada conforme o
direito. Ela mescla fatores psicológicos (dolo e culpa) com normativos (exigibilidade de
conduta diversa).
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É uma subespécie da teoria normativa pura. Sustenta que o erro inevitável exclui o
dolo nas descriminantes putativas, sendo que essas caracterizam erro de tipo. Afirma que
crime é fato típico e culpável.
5) ERRO DE TIPO
É todo aquele que incide sobre os elementos ou as circunstâncias da figura típica (art.
20, CP). Incide sobre os pressupostos de fato (limites) de uma causa de justificação, ou ainda,
aquele que recai sobre fatos secundários (erro de tipo acidental) da norma penal condenatória.
Nesse caso, o agente responde como se tivesse praticado a conduta da forma que
desejava. O agente, tendo vontade e consciência de praticar uma conduta que sabe ser
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penalmente ilícita, agindo com vontade de furtar, subtrai pulseira que pensara ser de ouro,
mas na verdade, era bijuteria.
Aqui, o agente pensa cometer crime contra uma pessoa, mas comete contra outra.
O agente não erra sobre qualquer elementar, circunstâncias ou outro dado que se agregue à
figura típica. O seu erro cinge-se especificamente, à identificação da vítima, que em nada
modifica a classificação do crime por ele pretendido.
Nesse caso, queria matar uma pessoa X, mas o confundiu com a pessoa Y e
acabou matando essa. Aqui, o dolo do tipo existe, somente por erro do agente é que atinge-se
pessoa diversa da pretendida.
Ocorre quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao
invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa.
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Nesse caso, aplica-se a regra do §3º do art. 20 do CP, relativa ao erro sobre a
pessoa, respondendo como se tivesse atingido a vítima que pretendia ofender. Na aberratio
ictus o erro ocorre de pessoa para pessoa.
Toda vez que a vítima virtual não for atingida, aplica-se a primeira parte do art.
73. Ainda que cometa vários crimes, só responderá por aqueles pretendidos.
Aberratio ictus com unidade complexa: são atingidas tanto a vítima virtual quanto
real a aplica-se o art. 73, segunda parte, que remete à forma de aplicação de pena concurso
formal. Nesse caso, não se reconhece o concurso formal, mas somente o sistema da
exasperação típico do concurso formal, ou seja, existindo mais de um crime, deve-se pegar a
pena do crime mais grave e aumentada de 1/6 até a ½.
5) Erro sobre a posição de garante: nesse caso o agente responderá pela omissão
de socorro qualificado pelo evento morte.
6) ERRO DE PROIBIÇÃO
O agente conhece a lei, mas o que ele faz é uma interpretação equivocada da lei. Foi
trazido da Alemanha, onde o erro de proibição ocorre com o desconhecimento da lei e com a
interpretação equivocada dessa (erro de subsunção).
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AULA 08 – CULPABILIDADE
Na escola positiva, o autor não pode ser reprovado pelo mau uso de uma liberdade que
não possui. A culpabilidade é substituída pela periculosidade que não justifica a pena, mas
sim medidas para (de) segurança da sociedade.
idade, as emoções, a cultura. A questão coloca por Liszt é: deve o direito penal se preocupar
com isso?
O funcionalismo Teleológico de Roxin critica o livre arbítrio e argumenta que, por ser
indemonstrável, duvidoso, deveria impor a absolvição à todos os acusados pela falta de provas
sobre a culpabilidade. Propõe, assim, que a base da culpabilidade tem como elemento
empírico a capacidade de autodeterminação e, como elemento normativo, a possibilidade de
comportamento dirigível pela norma: é a acessibilidade normativa.
Roxin assume que a base de sua culpabilidade é uma ficção, mas justifica que a ficção
se legitima porque não fundamenta a pena (o fundamento da pena é apenas preventivo, e não
retributivo), mas somente a limita, ou seja, opera apenas a favor do autor.
incremento da pena para aquele que recebeu da sociedade estímulos para uma vida honesta. É
uma tese acusatória.
Quanto “maior o esforço” que o agente faz para ser alvo do Estado, maior a sua
culpabilidade.
Imputabilidade Inimputabilidade
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Classificação da embriaguez:
CRISE1:
CRISE 2:
A grande crítica é a abertura dos portões da impunidade, pois são os vários os casos
nos quais é inviável a prova do dolo no momento da embriaguez e ainda assim é necessária a
condenação por crime doloso por necessidade preventiva.
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OBS: nos termos do art. 28, I, CP, a emoção e a paixão não afastam a imputabilidade.
O principal instrumento do direito penal é a pena. Dessa forma, estudar a pena faz
parte do estudo o direito penal.
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1) CARACTERÍSTICAS DA PENA
c) Devido processo legal - Só se pode falar em pena se ela foi imposta por devido processo
legal.
2) FINALIDADES DA PENA
I – Pena Vingança:
b) responsabilidade flutuante, ou seja, mais importe que punir o autor do crime, é punir
alguém, remontando ao “bode expiatório”;
c) desmedida: por exemplo, o furto de uma bicicleta tem a mesma pena que o furto de
uma joia. O julgador não pode motivar seus atos afirmando que responde aos anseios sociais
por punição, o que é a própria vingança. A pena de vingança serve também para compensar a
dor.
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II – Pena Expiação: a pena tem como objetivo a purificação do condenado, sua salvação e
reintegração à sociedade. Tem clara inspiração religiosa e humanista, pois não quer sacrificar,
mas sim salvar o condenado.
Surgiu com o Direito Canônico, que usava o enclausuramento como forma de punição.
Assim, a penitenciária é o lugar em que deve ser cumprida a sua pena.
A ideia é trancar a pessoa num lugar fechado (cela) onde poderá atingir a sua
redenção.
III – Pena Justiça (Kant): é justo que o autor de um mal sofra um mal.
A pena, em Kant, com o objetivo de evitar crimes no futuro, trata o condenado como
um meio, o que viola sua dignidade.
Consagrada a metáfora da ilha com a qual Kant busca demonstrar que a pena não se
justifica com o objetivo futuro.
Críticas: trata-se de muita metafísica e não responde quando ou quanto punir. Roxin
critica que a teoria presume o que deveria mostrar.
Para que funcione a intimidação, o sujeito deve ter certeza da pena, não pode ter
esperança da impunidade.
Crítica: 1) a cifra negra (95% dos crimes não chegam ao conhecimento das
autoridades) destrói a certeza da pena. 2) Da mesma forma, a teoria tem como premissa o
homem econômico que pesa custos e benefícios antes de agir. Tal homem não é real! 3) Além
disso, a intimidação fomenta o terrorismo penal.
b) positiva: a pena tem o objetivo de comunicar, é uma pena comunicativa. Ela foi
classificada por Mir Puíg como limitadora (Roxin) ou fundamentadora (Jakobs).
Para a limitadora, a pena tem como objetivo limitar a crença na vigência da norma,
valorizando o bem jurídico subjacente.
Tudo aquilo que é tido como essencial pela sociedade, deve ter sua expectativa
normativa mantida.
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Na terceira fase, Jakobs argumenta que plano ideal, simbólico, a pena anula o crime.
No entanto, no plano material, das relações sociais, o crime gera efeitos de instabilidade que
devem ser anulados também no plano material. Daí a necessidade da dor da pena para
“cimentação cognitiva”.
b.1) Tratamento
b.2) Programa máximo, em que o Estado deve impor uma agenda de integração social.
Obriga-se o indivíduo a se educar, a aprender uma nova profissão.
b.2) Programa mínimo – o Estado deve facultar uma agenda de integração social. Crítica:
muito utópico.
Essas teorias reúnem duas ou mais finalidades da pena. Elas podem ser aditivas ou
dialéticas.
a) aditiva:
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É aquela que justapõe duas ou mais teorias. O art. 59 do CP adota uma teoria mista
aditiva, pois afirma que a pena serve para reprovar e prevenir.
Crítica: Para Roxin, essa é a pior de todas as teorias, pois: I) finalidades antagônicas se
anulam; II) a falta de uma finalidade preponderante gera extrema insegurança, pois nem a
sociedade nem o acusado poderá ter mínima previsão sobre o resultado do julgamento, sobre
qual pena será fixada; III) é um cheque em branco que o legislador transfere ao julgador para
que faça uma opção político-criminal.
b) dialética:
É aquela segundo a qual deve ser escolhida uma finalidade preponderante, que será
limitada pelas demais.
D) OUTRAS TEORIAS
I – Ferrajoli – garantismo penal: a pena tem como objetivos a prevenção geral negativa e a
contenção da violência informal.
Logo, a penitenciária é o local onde o indivíduo reflete seus atos, realiza sua
penitência.
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Ainda nos Estados Unidos, em 1816, surgiu o Sistema Auburniano (cidade de Auburn,
Estado de NY) em que os indivíduos trabalhavam durante o dia, e a noite permaneciam em
isolamento celular.
O sistema progressivo (século XIX) foi criado na Inglaterra para ser aplicado na
Austrália. Tinha como característica as pontuações que eram dadas aos presos “mark system”,
e no momento em que atingissem determinados pontos, teriam direito a progressão de regime.
Logo, por razões de colonização a Inglaterra determinou essa abertura do sistema.
2) BRASIL
A Constituição Imperial de 1824, em seu art. 179, determinava que as cadeias fossem
limpas, arejadas, separando-se presos perigos e não perigosos, e assim por diante. Todavia, tal
dispositivo não passou de mera utopia, não foi implementado.
Durante o Império e o início da República não existia qualquer tipo de separação entre
os presos, assim como nenhuma limpeza.
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A prisão simples é uma pena cominada apenas para contravenções. Ela só admite
regimes aberto e semiaberto para o cumprimento, jamais em regime fechado, ainda que o
sentenciado apresente mau comportamento carcerário.
A pena de detenção jamais poderá será ser iniciada em regime fechado, mas ao longo
da execução pode ocorrer a regressão de regime ao fechado.
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Enquanto na prisão simples não pode cumprir no fechado, na detenção o indivíduo apenas não
pode iniciar o cumprimento no fechado, mas pode ser transferido para ele ao longo da
execução.
B) Momento de cumprimento:
A Reclusão é executada antes da detenção (art. 76 do CP, as penas mais graves devem
ser cumpridas primeiro que as demais).
RECLUSÃO DETENÇÃO
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NÃO NÃO
REINCIDENTE REINCIDENTE
REINCIDENTE REINCIDENTE
A súmula 719 do STF informa que a escolha de regime inicial mais gravoso que a lei
exige, necessita de fundamentação idônea:
A Súmula 718 do STF diz que a opinião do julgador acerca da gravidade abstrata do
crime não constitui fundamentação idônea pra aplicar regime mais rigoroso que a lei
determina:
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5) APLICAÇÃO DA PENA
II – Dosimetria:
III – Pós-dosimetria:
a) regime inicial;
Nas leis dos crimes hediondos e equiparados (Lei nº 8.072/90) e da tortura (Lei nº
9.455/97), o magistrado não tem a liberdade de determinar o regime inicial de cumprimento
de pena diverso do fechado.
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STF – HC 133.028 (2ª Turma), 130.411 (1ª Turma): condenação por tráfico de drogas
admite, quando preenchido os requisitos legais, regime inicial aberto.
HC 13.316 – tortura.
7) REGIMES PENITENCIÁRIOS
I – LOCAL DE CUMPRIMENTO
c) Regime aberto: não há rigor de cumprimento, a lei diz que deve ser cumprido em
Casa de Albergado durante as noites e os finais de semana;
d*) Regime albergue-domiciliar (art. 117, LEP): quando não há vagas em casa de
albergado; sentenciado com grave enfermidade ou sentenciada em avançado estado de
gravidez ou com recém-nascido.
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II – TRABALHO DO PRESO
O trabalho tem dupla face, é um direito e um dever. Caso o preso se recuse a trabalhar
sem motivo justificado, incorrerá em falta grave.
Nos regimes semiaberto e fechado, a LEP prevê o trabalho interno como regra, e o
externo em caráter excepcional, em obras de serviços públicos e com escolta. As regras desse
trabalho seguirão o regime jurídico da LEP.
No aberto, o trabalho é verdadeiro pressuposto (se está em aberto, tem que trabalhar).
Por isso muitos juntam propostas de emprego no requerimento de progressão de regime. Aqui,
o trabalho segue as regras do Direito do Trabalho.
É o direito de descontar um dia de pena para cada três dias trabalhados e/ou estudados.
Nos regimes fechado e semiaberto, cabe tanto a remição pelo trabalho quanto pelo estudo,
assim como as duas cumulativamente.
A LEP informa que a remição pode ser dada por ensino presencial ou a distância,
podendo ser de graduação, pós etc.
IV – AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA
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V – DETRAÇÃO
De acordo com o art. 387, CPP, o tempo de prisão provisória deverá ser levado em
conta a fixação do regime inicial.
Ex: juiz condena réu a pena de 08 anos e 02 meses, primário. O regime inicial seria o
fechado. Todavia, tendo ficado preso por 06 meses preventivamente, logo, a pena base deve
ser descontada pelo tempo que permaneceu preso preventivamente, de modo que será inferior
a 08 anos, cabendo, portanto, o regime inicial semiaberto.
Por analogia in bonan parte, cabe detração em pena alternativa restritiva de direitos.
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O art. 75, CP, impõe o limite máximo de 30 (trinta) anos para o cumprimento de penal.
É um critério a ser observado na execução penal, e não na dosimetria da pena, porque pode
ocorrer concurso de crimes.
A CR/88, art. 5º, XLVII, ‘b’, instituiu o limite para evitar penas perpétuas.
A Súmula 715 do STF estabelece que o parâmetro para a aplicação dos benefícios ao
preso é o total da pena, não o limite do art. 75, do CP.
A detração e a remição são descontadas do limite de 30 (trinta) anos, isso porque são
contados como pena cumprida, logo, tem que ser em cima dos 30 anos.
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Todas as medidas que evitam o cárcere são medidas alternativas. E as penas restritivas
de direitos consistem em espécies de medidas alternativas às penas privativas de liberdade.
3) CARACTERÍSTICAS:
3.1) Autonomia: são autônomas, existem por conta própria e assim não podem ser
consideradas acessórias. Critica: O CTB tem previsão de pena acessória: pena de suspensão
do direito de dirigir.
3.2) Substitutividade: não são cominadas no preceito secundário. Subsistem à pena privativa
de liberdade. Critica: Lei de Drogas – art. 28: não tem o que substituir.
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4) ESPÉCIES:
4.1) Diretas – aplicadas diretamente pelo juiz, sem passar pela pena de prisão. Ex.: aplicação
apenas da pena de multa; suspensão da carteira de habilitação.
4.2) Substitutivas – a pena privativa de liberdade é substituída por uma pena alternativa
6) DIVISÕES
7) CLASSIFICAÇÃO
7.1) Genéricas: preenchidos os requisitos, aplicam-se a todos os crimes (art. 45,§§, 1º, 2º, 3º,
46, 47, IV e 48).
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8.1) OBJETIVO:
A) QUANTIDADE DA PENA:
Observação
6) art. 44, §2º e art. 60, §2º, CP - Há julgado do STF entendendo que o art. 60, §2º
(que trata da multa vicariante) está em vigência. Assim, pena inferior a 6 meses (multa); pena
maior que 6 meses e até 1 ano, somente PRD.
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8.2) SUBJETIVO:
Observações
Regras complementares:
1) sendo pena aplicada igual ou inferior a 1 ano, o juiz deverá aplicar a pena multa ou
pena restritiva de direitos, tanto em infração dolosa, quanto em culposa;
2) sendo a pena aplicada superior a 1 ano, o juiz deverá aplicar uma pena de multa e
restritiva de direitos ou duas restritivas de direitos.
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Observação:
Observações
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Há quem critique essa espécie de pena, rotulando-a como pena indeterminada, algo
inaceitável no sistema penal. Aplica-se, desde que, respeitado o princípio da dignidade
humana.
Substitutiva da substitutiva. Concordância do beneficiário.
Pode ser convertida em pena privativa de liberdade, pois não se trata de pena de multa
em sim pena restritiva de direitos.
3) PERDA DE BENS E VALORES (art. 45, §3º, CP): Perda de bens e valores do
condenado em favor do fundo penitenciário (bens lícitos).
Obs.: *Condenação a 9 meses não poderá usufruir da regra. Aquele que foi condenado a 1ano
e 2 meses, poderá cumprir em 7 meses.
Incide nos delitos praticados com violação de deveres inerentes ao cargo, função
pública (art. 56, CP).
Observação: proibição do exercício do mandato eletivo – inaplicável – com a
condenação penal acarreta, automaticamente, a suspensão dos direitos políticos (art.
15, II, CF).
Inciso II: Proibição do exercício de atividade, profissão ou ofício que dependam de licença
especial ou autorização do poder público;
Incide nos delitos praticados com violação aos deveres inerentes à atividade, profissão
ou ofício (art. 56, CP). Ex: advogado, dentista, médico, etc.
Nas hipóteses do art. 47, II e III, do CP, o Juízo da Execução determinará a apreensão
de documentos, que autorizem o exercício do direito do interditado – previsão do
artigo 154, §2º, LEP.
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Introduzido pela Lei 11.250/11. Foi também criado o crime do art. 311-A.
A proibição terá a mesma duração da PPL.
A doutrina se inclina para uma espécie de PRD específica para o condenado pelo
crime do artigo 311-A (pena – Reclusão de 01 a 04 anos, e multa).
Creio: apenas tem aplicação para particular ou funcionário público sem relação com o
certame. Se houver relação funcionário público-certame (pela pena, perderá o cargo -
+1/3 - §3º), ou essa PRD.
Porém, jamais a interdição prevista no inciso I (Proibição de exercício de cargo,
função pública ou mandato eletivo (art. 47, I). Incide nos delitos praticados com
violação de deveres inerentes ao cargo, função pública nos termos do art. 56, CP.
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I – TRANSAÇÃO PENAL
1. ORIGEM
2. REQUISITOS
A Transação penal é preferencial, apenas quando não cabível é que será afastada. Há
também previsão constitucional. O MP deve sempre tentar a transação penal, quando possível.
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Por exemplo, pena de 06 meses a 02 anos, com causa de aumento de mais 1/3 = 02
anos e 08 meses, logo, não é infração de menor potencial ofensivo, não cabendo a transação
penal.
B) Concurso de crimes:
Prevalece (ainda que não unânime) que deve ser considerado para a fixação da
competência do JECRIM.
Por exemplo, se tem um crime com pena de 06 meses a dois anos em concurso
material com outro crime de com pena de 06 meses a 02 anos, o total será 04 anos, fugindo da
competência do JECRIM.
Quanto ao seu reflexo (do concurso de crimes) na transação penal há duas correntes:
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Art. 41, lei 11346. Aos crimes praticados com violência doméstica e
familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se
aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
D) Código de Trânsito:
A Lesão corporal culposa terá transação penal, exceto nos casos em que o agente
estiver:
3. TITULARIDADE
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Existem duas correntes, a primeira diz que não cabe, pois não há previsão; a segunda
(majoritária) alega que sim, porque não há justificativa para um tratamento mais severo nos
crimes de ação privada.
4. NATUREZA JURÍDICA
Incialmente, deve ser analisado se não trata-se de caso de arquivamento, para, depois,
o MP propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada
na proposta.
C) Ação sui generis (Afrânio Silva Jardim, André Nicolitti, Geraldo Prado): posição
minoritária, afirma que a transação penal é uma ação penal sui generis; é como se o MP
tivesse duas ações, a transação penal e a denúncia sendo duas modalidades de processo; é
equivalente a denúncia o exercício do direito de ação.
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III – Ação sui generis: o juiz deve rejeitar por falta de interesse de agir, e o MP pode
apelar;
6. MOMENTO
A proposta de transação será feita na audiência preliminar do rito sumaríssimo.
7. CONTEÚDO
As penas restritivas de direito estão previstas no art. 44 do CP e tem natureza
substitutiva, mas na lei 9.999/95 não. São penas restritivas: Limitação de final de semana;
Interdição temporária de direitos; Prestação de serviços à comunidade; Prestação pecuniária
paga à própria vítima ou a entidade assistencial; e Perda de bens e valores.
8. RECURSO
Da sentença prevista (transação), caberá apelação no tocante aos termos. Por exemplo,
a pessoa aceita a transação por 05 meses, mas quer reduzir o tempo para três meses, mas sem
perder a transação em audiência, deixando par recorrer para a Turma Recursal.
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9. CONSEQUÊNCIA
A transação penal não importará em reincidência, nem constará de certidão de
antecedentes criminais, nem terá efeitos civis.
10. DESCUMPRIMENTO
Quando ocorre o descumprimento, existem três correntes:
11. PRESCRIÇÃO
Hoje prevalece que não há previsão expressa de que a transação penal seja uma causa
suspensiva ou interruptiva da prescrição.
1. ORIGEM
O surgimento remonta ao probation (Inglês), final do século XIX.
2. REQUISITOS
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Aqui não fala em crimes de menor potencial ofensivo, mas em crimes com pena
mínima igual ou inferior a 01 (um) ano. Por exemplo, o furto tem pena de 01 a 04 anos, logo,
cabe. Além disso, o acusado não pode estar sendo processado ou condenado por outro crime.
3. POLÊMICAS
A) CRIME DE TRÂNSITO: mesmo que praticado nas situações do art. 291, não há vedação
ao sursis processual;
C) ABSOLVIÇÃO OU DESCLASSIFICAÇÃO:
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Por exemplo, crime com pena de 02 a 05 anos ou multa. Aqui, a pena mínima é a
multa, sendo assim, cabe a suspensão.
Os crimes inseridos no âmbito da Lei Maria da Penha, por exemplo, o do art. 129, §9º,
CP, com pena de 06 meses a 03 anos, não aceitam a suspensão condicional do processo. É
entendimento pacificado, inclusive na Súmula 536 do STJ.
Existem duas correntes: 1) o processo em curso não impede o benefício sob pena de
violação ao princípio da presunção de inocência, 2) não impede, em face da disposição
expressa da lei que não foi declarada inconstitucional.
A lei 9.099 fala expressamente em não ter sido condenado por outro crime, de modo a
aplicar, majoritariamente, o conceito de reincidência. Prevalece, portanto, que tal requisito
deve obedecer aos limites do art. 64 do CP.
4. TITULARIDADE
A Lei fala em MP e em denúncia. Suspensão condicional do processo e ação penal
privada: prevalece que é possível também, na ação privada, da mesma forma que a transação
penal. Nesse caso, a titularidade é do querelante: a) faculdade do querelante; b) é obrigatório,
se o querelante não fizer, o MP o fará;
5. NATUREZA JURÍDICA
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1 – é direito subjetivo do réu, logo, não apresentados pelo réu nem MP, o juiz pode
conceder;
7. MOMENTO
Em regra, ao oferecer a denúncia, o MP deve propor a suspensão condicional do
processo.
8. CONTEÚDO
Se houver interesse, o juiz marca audiência admonitória para apresentar as condições
da suspensão.
9. RECURSO
Prevalece que pode ser aplicado por analogia o art. 581, XI, CPP, cabendo o RESE. Já
corrente minoritária diz que caberia apelação.
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11. REVOGAÇÃO
Ocorrerá quando no curso do prazo (de dois a quatro anos), o beneficiário vier a ser
processado por outro crime ou não efetuar sem justo motivo a reparação do dano.
Prevalece que a suspensão pode ser revogada mesmo que já tenha passado o período
de prova, mas que a pessoa tenha sido processada durante a vigência.
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1. ORIGEM
2. REQUISITOS
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• Razões de saúde
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1. TITULARIDADE
É do juiz, é um benefício concedido diretamente pelo magistrado. Nesse caso, não
importa se a ação é pública ou privada.
2. NATUREZA JURÍDICA
3. FALTA INJUSTIFICADA
A falta injustificada enseja recurso contra a decisão judicial.
4. MOMENTO
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5. CONTEÚDO
A pena será suspensa de dois a quatro anos, e durante esse tempo, ficará sujeito ao
cumprimento das condições estabelecidas. No primeiro ano, deverá prestar serviços à
comunidade ou submeter-se a limitação de fim de semana (condições legais obrigatórias). O
do parágrafo segundo é o sursis especial, aplicado àquele que reparou o dano, com condições
mais leves.
6. RECURSO
LEP Art. 197 – Das decisões proferidas pelo juiz caberá agravo, sem
efeito suspensivo.
7. CONSEQUÊNCIA
Cumprimento das condições - Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido
revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade.
8. REVOGAÇÃO
1) ORIGEM
2) REQUISITOS
Em face da proibição da analogia in malam partem, prevalece que, mesmo com maus
antecedentes, basta cumprir 1/3 se não for reincidente em crime doloso.
Exame criminológico :
5) CONTEÚDO
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6) RECURSO
LEP Art. 197 – Das decisões proferidas pelo juiz caberá agravo, sem
efeito suspensivo.
7) CONSEQUÊNCIA
8) REVOGAÇÃO
Efeitos da revogação
“Prorrogação”
1) APLICAÇÃO DE SANÇÃO
2) ELEMENTOS DA CULPABILIDADE:
2.1.1. Menores de 18 (dezoito) anos - conforme a própria CR e CP, que adotaram critérios
objetivos;
2.1.2. Surdos-mudos não educados - que terão dificuldades na percepção da fala quanto de se
fazer ser compreendido (isso não quer dizer que todos surdos-mudos serão classificados com
desenvolvimento mental incompleto);
2.1.4. Embriaguez acidental e completa resultante de caso fortuito ou força maior, incluindo o
álcool e substâncias de efeitos análogos.
Fases da embriaguez:
1ª – incompleta: o indivíduo quebra seus freios inibitórios, fase do “macaco”;
2ª – completa: está associada ao leão, nesse momento a pessoa mostra quem ela
realmente é, fica depressiva ou agressiva; tem dificuldades de equilíbrio e na fala;
3ª – completa: o indivíduo só consegue praticar crimes comissivos por omissão, é a
fase do “porco”;
Somente a incompleta exclui a imputabilidade, desde que fruto de caso fortuito.
3.1. Biológico: inimputável é todo aquele que tem doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado;
3.3. Biopsicológico: é o adotado pelo CP do Brasil, entende que inimputável é todo aquele,
que em razão de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, ao
tempo da ação ou da omissão, se tornou inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
4) MEDIDAS DE SEGURANÇA
Caso cometa, a MS será retomada. Isso não se confunde com a prática de crime. Não
praticando, será julgada extinta a MS.
6) MODALIDADES DE MS
7) LEGITIMA DEFESA
Injusta agressão: quem dá causa aos acontecimentos não pode arguir legítima defesa,
exceto na legítima defesa sucessiva, em que o agente da causa aos acontecimentos, mas é
repelido com excesso de agressão; deve decorrer de conduta humana, atual ou iminente;
utilizar com moderação os meios necessários, para salvaguardar direito próprio ou alheio;
Reconhecida qualquer excludente em face do inimputável, não pode ser imposta
medida de segurança. A MS sempre será imposta com um prazo mínimo de vigência.
A) Sujeito desinternado que praticou crime impossível - Não pode ser imposta MS ao crime
impossível, mas o comportamento o agente pode demonstrar a persistência da periculosidade.
Trata-se de hipótese em que um indiferente penal traz consequências no âmbito do direito
penal.
B) Crime exaurido.
O indivíduo cometeu o crime enquanto possuía higidez mental completa, mas durante
o cumprimento da pena apresenta doença mental.
Nessa MS, o caminho é sem volta. Logo, a partir do momento em que ocorrer a
conversão, as regras que serão observadas serão as da MS. Além disso, a MS jamais poderá
ser convertida em pena.
Se, após a suspensão verifica-se que o quadro da doença é irreversível, a pena será
convertida em MS.
1. HISTÓRICO NO MUNDO
a) Da Pretensão Punitiva;
b) Da Execução da pena;
2. HISTÓRICO DA PRESCRIÇÃO
O autor Victor Hugo em sua obra “Os Miseráveis” remete ao fato do personagem Jean
Valjean ser perseguido durante toda sua vida por um crime cometido, demonstrando a
necessidade da prescrição.
3. HISTÓRICO NO BRASIL
Código Criminal de 1830 (art. 65) “As penas impostas aos réus não prescreverão em
tempo algum”.
Código Penal Militar – 30 anos (art. 125, I, CPM) – para as penas de morte e outras de
guerra declarada (podem ser contados 30 preceitos normativos secundários no Livro II da
Parte Especial do CPM).
5. MÍNIMO NO BRASIL
Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas): o art. 30 prevê 02(dois) anos para a infração do art.
28;
OBS: havendo incidência do art. 115, CP, conta-se pela metade. Logo, a menor
prescrição é de 01 ano.
A prescrição é um dos institutos mais antigos do Direito Penal, tendo em vista que
existiu a.c em Roma.
A) Teoria do Esquecimento:
Prós: a sociedade esquece os crimes com o fluir do tempo/a punição visa à pacificação
da sociedade/ Vitimização do condenado pela piedade geral.
Contra: O que é sociedade? (quem esquece o crime? e a vítima e sua família? E numa
cidade pequena?) / Crimes desconhecidos?/ Delitos inesquecíveis – 2º trimestre de 2008
500. 016 infrações penais no Estado de SP (média de 02 milhões de crime por ano)/ Quem
esqueceria? Perdoaria?
Os argumentos contra dizem que tal inquietação é mais imaginada que vivida. Carrara
dizia ser abstração filosófica – há crimes que não provocam angústia alguma - caberia
clemencia soberana (perdão).
C) Teoria da Emenda
Trata da hipótese do individuo que, depois de cometer o crime, muda completamente o
seu comportamento, demonstrando o arrependimento, não precisaria, portanto, continuar ser
punido.
Para isso, seriam necessários diversos exames, análises por psicológicos, assistentes
sociais e etc.
As ideias contra alegam que a emenda do criminoso não é o único fim da pena; a
dificuldade de aferição da “emenda”; a ausência de reincidência não é prova real de emenda;
clemência soberana.
D) Teoria Psicológica
Para essa, permitem-se duas situações: 1) as pessoas não mudam, 2) mas apenas
modificam-se para melhor ou pior.
A teoria só seria sentido em ser aplicada para punições ocorridas muito tempo depois
do cometimento do delito.
Os argumentos contrários dizem que: a pessoa pode não ter mudado (principalmente
penas baixas com prescrição longa); o indivíduo pode ter mudado para pior (se isso valesse,
teria que aumentar a pena?); funções da pena.
A teoria exige um longo tempo, e traz uma presunção de invalidade das provas,
mormente testemunhal.
A teoria faz uma generalização no abstrato, porque quem teria que analisar o
comprometimento de uma prova é o juiz. Por exemplo, uma vítima pode guardar para o resto
da vida o rosto de seu agressor, assim como uma testemunha com boa memoria, trazendo os
mínimos detalhes do crime.
Ela valeria apenas para a prescrição da pretensão punitiva, uma vez que fala da
apuração do crime.
Para o professor, tal teoria valeria apenas para a prescrição da pretensão executória.
8. IMPRESCRITIBILIDADE
9. DIREITO ESTRANGEIRO
A) ITÁLIA
A prescrição não extingue os crimes pelos quais a lei prevê a pena de prisão perpetua.
A insistência, para o caso de prisão perpétua, as PPE.
Prevê no art. 172 a PPE – não existe prescrição para os reincidentes e os criminosos
habituais. Aqui se estabeleceu que aquele que cometeu um crime eventualmente, pode ser
beneficiado pela prescrição, enquanto para aqueles que fazem do crime o modo de vida não.
B) ALEMANHA
Estabelece como inviolável a dignidade da pessoa humana em seu art. 1º – lei
fundamental da República Federal da Alemanha, 1949.
C) JAPÃO
O lapso temporal mais elevado é de 30 (trinta) anos, previstos para os delitos punidos
com pena de morte.
PPE/homicídio.
D) ESPANHA
O Código Penal Espanhol foi promulgado em 23/11/1995, estabelecendo em seu art.
139, §§5º e 6º, que a “responsabilidade penal” extingue-se pela prescrição do delito ou pela
prescrição da pena, entre outras causas.
Genocídio – único delito tido como imprescritível no Código Penal Espanhol (art.
607).
E) FRANÇA
F) EUA
No que tange à prescrição, as referências existentes dizem respeito à prescrição da
pretensão punitiva, inexistindo a prescrição da prescrição da condenação;
G) INGLATERRA
A prescrição é praticamente inexistente. Por exemplo, o caso do Ronald que praticou o
roubo do trem pagador que viveu por anos no Brasil.
H) AMÉRICA DO SUL
Paraguai – genocídio, homicídio, sequestro e crimes contra a humanidade.
Argentina – usurpação de funções públicas e crimes contra a humanidade (tratados
internacionais).
I) BRASIL – IMPRESCRIBILIDADE
Art. 37, §5º, da CR/88 – esfera cível - ações de ressarcimento de danos ao erário
público.
“inclusio unius alterius exclusio”: aquilo que não está incluído, está excluído.
Para esse princípio, não seria possível eleger outros crimes como imprescritíveis sob a
égide da CR/88.
Em 2004, o STF determinou que não caberia mais a prisão civil do depositário infiel,
tendo em vista o Pacto de San Jose da Costa Rica. Assim como ficou determinado que os
Tratados Internacionais relacionados aos Direitos Humanos seriam incorporados no Brasil
com força de emenda constitucional, estando acima das leis.
Como não existe uma sentença condenatória, o legislador parte do princípio de que o
agente receberá a pena máxima, por isso leva-se em conta a pena máxima em abstrato para a
aferição da prescrição penal.
Nas penas baixas, devido ao lapso, verifica-se a prescrição intercorrente, uma vez que
determinados recursos não tem efeito suspensivo. Desse modo, a sentença acaba ficando sem
efeito, tendo em vista que ocorreu a prescrição enquanto ainda não tenha transitado em
julgado.
Nesse sentido, o STF declarou que pode ser expedido Mandado de Prisão.
I - CONCURSO DE CRIMES
1. INTRODUÇÃO
O concurso de crimes ocorre quando o agente, mediante (01) uma ou mais de uma
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes. São três as modalidades de concurso de crimes:
2. NATUREZA JURÍDICA
3. CONCURSO MATERIAL
Quando os crimes são idênticos, a título de exemplo, dois furtos, temos um concurso
material homogêneo; quando os delitos são diferentes, como furto e roubo, temos um
concurso material heterogêneo.
Deve-se ressaltar que, conforme o art. 69, § 1º, quando ao agente tiver sido aplicada
pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a
substituição de que trata o art. 44 deste Código.
Segundo Estefam e Gonçalves, esse artigo foi revogado tacitamente, pois “a finalidade
deste dispositivo era afirmar que, no caso de concurso material, se o condenado tivesse de
cumprir pena privativa de liberdade por um dos delitos, em relação ao outro não caberia pena
restritiva de direitos”.
Segundo o art. 69, § 2º, quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o
condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as
demais.
4. CONCURSO FORMAL
O concurso formal ocorre quando o agente, através de uma só ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, que sejam idênticos ou não. O concurso formal possui duas espécies,
quais sejam, concurso formal homogêneo e concurso formal heterogêneo.
Nessa situação, a pena a ser aplicada será uma pena única, aumentada de um
sexto até metade.
O concurso formal heterogêneo ocorrerá quando forem praticados dois ou mais crimes
diferentes, devendo-se aplicar a pena mais grave aumentada de um sexto até metade.
O concurso formal próprio vem descrito na primeira parte do art. 70, caput, do CP e
que ocorre “quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade”.
Também podemos citar como hipótese de concurso formal próprio (perfeito) fatos
decorrentes da aberratio ictus, ou, erro na execução, quando o agente termina por atingir além
da pessoa pretendida, outra vítima, ou, atinge duas ou mais pessoas diversas.
O art. 73 do CP, que regula a matéria, aduz que, “Quando, por acidente ou erro no uso
dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge
pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao
disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o
agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código”.
No caso da aberratio ictus, em que o agente atinge, além da pessoa pretendida, outra
pessoa que não visava atingir, responderá pela pena do crime mais grave, aumentada de um
sexto até metade. Da mesma sorte o agente terá aplicado o aumento do concurso formal
próprio quando ocorrer um resultado diverso do pretendido na forma do art. 74 do CP.
Diferentemente da conduta anterior, em que o agente pratica com uma única ação dois
delitos sem que tenha atuado com vontade direcionada à produção desses resultados, aqui, o
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Caderno de Direito Penal
agente praticou dois delitos com vontade direcionada à produção de dois resultados distintos,
ambos violadores dos respectivos bens jurídicos que as normas tutelavam, ou seja, com
desígnios autônomos.
O art. 70 do CP, em seu parágrafo único, salienta que, quando a regra do concurso
formal, ao ser aplicada, ultrapassar a quantidade de pena que seria aplicável pelo concurso
material, temos que considerar como limites a pena cabível pelo cúmulo material, ou seja, o
denominado, concurso material benéfico.
5. CRIME CONTINUADO
O crime continuado é uma ficção jurídica, fruto da teoria da ficção jurídica criada por
Francesco Carrara, que visa ofertar um tratamento mais justo ao réu, tendo em face
peculiaridades do caso concreto, que poderiam assumir proporções demasiadamente
prejudiciais ao réu caso uma regra mais benéfica não fosse aplicada.
5.1 Requisitos
d) unidade subjetiva:
Três teorias foram criadas a esse respeito, quais sejam, a teoria objetiva, a teoria
subjetiva e a teoria objetivo-subjetiva.
Teoria objetiva: a teoria adotada pelo Código Penal brasileiro foi de natureza objetiva,
ou seja, basta o cumprimento dos requisitos objetivos do art. 71 do CP, acima descritos, para
que o benefício da continuidade delitiva seja considerado.
Teoria subjetiva: aqui bastaria a realização dos delitos com uma unidade subjetiva
clara entre eles, ou seja, o agente teria de elaborar suas ações criminosas sempre
vislumbrando ser as subsequentes uma continuidade da primeira. No entendimento de
Junqueira e Vanzolini esta é a teoria adotada pelos tribunais.
O CP estabelece, em seu art. 71, parágrafo único que, “nos crimes dolosos, contra
vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz,
considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas,
ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e
do art. 75 deste Código”.
Os requisitos são: (a) crimes dolosos contra vítimas diferentes; (b) violência ou grave
ameaça à pessoa; (c) condições relativas à culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias do crime para
consideração na valoração da pena.
O Código Penal não estabelece um critério fixo para o aumento de pena no crime
continuado, entretanto, a jurisprudência têm adotado o entendimento que se segue na tabela.
Deve-se ressaltar que, no crime continuado qualificado, o aumento será de até o triplo,
devendo o juiz pautar-se na razoabilidade, levando-se em consideração as condições relativas
à culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias do crime.
Os efeitos extrapenais, entretanto, são regulados pelos arts. 91 e 92 do CP, aos quais
nos reportaremos adiante.
b1) A alínea a do art. 91, inciso II, do CP prevê a perda dos instrumentos do crime, desde que
consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito.
b2) A alínea b do art. 91, inciso II, do CP prevê a perda do produto do crime ou de qualquer
bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
Aqui, temos uma possibilidade de confisco que afeta bens de natureza lícita, como forma de
compensar o estado da impossibilidade de reaver os bens ou produtos ilícitos provenientes do
crime.
O art. 92, inciso I, do CP especifica esta condição, vinculada ainda aos seguintes
parâmetros:
a) Quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano,
nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração
Pública:
b) Quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos
nos demais casos. Ocorre que é preciso resolver a compatibilidade e o sentido da aplicação
dessa norma, com as normas constitucionais que tratam da perda de mandato e da suspensão
de direitos políticos definidos na Constituição da República e que foram objeto de debate na
AP 470 (Ação penal do mensalão), no STF.
Trata-se de norma geral, de eficácia plena, que prevalece dentro do conflito normativo
instaurado pelo seu caráter, não admitindo exceção, ainda que existindo no sistema norma
dispondo em sentido contrário, que, nesse caso, perde a validade.
2.3 Inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática
de crime doloso
O inciso III do art. 92 não se vincula às sanções decorrentes do CTB, pois não é
relacionado aos crimes de trânsito e, sim, aos delitos dolosos em que o veículo foi utilizado
como meio para sua realização.
a) Lei de Tortura (Lei nº 9.455/97): Existe nesta lei previsibilidade específica de perda
automática de cargo, emprego ou função pública existente no art. 1º, § 5º, da Lei nº 9.455/97
(Lei de Tortura) e interdição pelo dobro do prazo da pena aplicada para o exercício dessas
funções, como efeito extrapenal da sentença condenatória.
4. REABILITAÇÃO
a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por autoridade
policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência à condenação, salvo para
instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei”, ou
seja, ao extinguir a punibilidade do agente pelo cumprimento da pena o juízo das execuções
garantirá a aplicabilidade do art. 202 da LEP.
a) na hipótese do art. 92, inciso III, do CP – a inabilitação para dirigir veículo, quando
utilizado como meio para a prática de crime doloso –, o requerente, com a reabilitação poderá
voltar a exercer o seu direito de dirigir, recuperando sua habilitação;
b) no caso de perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, art. 92, inciso I do
CP, em face da restrição do parágrafo único do art. 93 do CP, o requerente poderá, reabilitado,
exercer outros cargos, funções públicas ou mandatos eletivos, desde que diversos do que
ocupou anteriormente; c) a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela,
em relação à vítima de crime doloso, permanecerá em relação a esse efeito, mas, com relação
ao exercício dessa condição, o reabilitado voltará a exercê-lo regularmente.
a) Conforme o art. 94, inciso I, do CP, ter tido domicílio no país no prazo acima
referido: trata-se de uma condição objetiva, que pode ser provada por qualquer dos meios
admitidos em direito, seja através de provas documentais ou testemunhais.
b) O art. 94, inciso II, do CP afirma que o condenado deve ter conseguido, durante este
tempo, demonstrar efetivamente e de forma constante um bom comportamento público e
privado: este é um requisito de natureza subjetiva, pois, apesar de no art. 744 do CPP
constarem os documentos que devem ser anexados para
c) O art. 94, inciso III, do CP ressalta que deve ter sido ressarcido o dano causado pelo
crime ou se demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba
documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida: o ressarcimento do
dano é obrigatório, desde que ele tenha ocorrido, e o condenado deverá, na impossibilidade de
ressarcir, demonstrar a sua ausência de capacidade financeira, pois, na medida em que a
alegação provém do condenado, este terá o ônus da prova.
Por fim, deve-se ressaltar que o parágrafo único do art. 94 do CP aduz que, negada a
reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com
novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários, assim como poderá ser revogada,
de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como
reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa.
1. AÇÃO PENAL
Princípio da Obrigatoriedade
(legalidade)
A mitigação ocorrerá por meio da transação penal que cabe apenas para crimes de
menor potencial ofensivo, de competência do JECRIM - Art. 61, da lei 9.099/95 – as
contravenções penais e os crimes de pena máxima igual ou inferior a 02 (dois) anos.
De acordo com o art. 4º, §4º, da referida lei, a possibilidade de deixar de oferecer
denúncia só seria aplicável para aquele colaborador que reunir dois requisitos cumulativos:
que não seja líder da organização criminosa, tenha sido o primeiro a prestar efetiva
colaboração.
A renúncia está prevista do art. 104, do CP, que consiste num fazer, podendo ser
expressa ou tácita. Essa se reveste de um comportamento incompatível com a vontade de
exercer o direito de queixa.
6. DO PRINCÍPIO ACUSATÓRIO
Já a lei do juizado especial abrange os crimes com pena máxima igual ou inferior a 02
(dois) anos.
Por exemplo, o estelionato tem pena de 01 a 05 anos, logo, não entra nos juizados
especiais, estará na vara comum criminal, com rito ordinário, mas cabe suspensão condicional
do processo, por ter pena mínima igual a um ano.
A renúncia surge antes da ação penal, porque consiste forma de não a propor. Trata-se
de ato unilateral, tendo em vista que ainda não afetou a esfera jurídica alheia, logo, não há
quem se consultar porque ninguém foi processado.
9. DISPONIBILIDADE
Existe uma ação penal em curso porque o ofendido ofereceu queixa. Ele poderá dispor
da ação mediante o perdão do ofendido ou dando causa à perempção, que são causas de
extinção da punibilidade no direito material.
O perdão está previsto no art. 107, V, e a perempção no art. 107, IV, ambos do CP.
O art. 105 informa que o perdão do ofendido obsta ao prosseguimento da ação penal.
Para que o perdão gere efeitos, é necessário que o querelado o aceite, caso contrário não
produzirá efeitos. Dessa forma, o perdão é ato bilateral.
Uma vez proposto o perdão ao querelado, o juiz intima o querelado para que se
manifeste em 03 (três) dias informando se aceita ou não o perdão. Passado esse prazo sem
manifestação, a lei estabelece que o querelado aceita o perdão tacitamente, conforme o art. 58
do CPP.
A recusa do perdão deve ser expressa, enquanto a aceitação pode ser tácita.
ação penal pública: o MP estaria obrigado a oferecer denúncia contra todos os sujeitos
(indivisível) contra quem se reuniu base suficiente para ação penal.
Na ação privada, a vítima não pode escolher quem processar, se decidir fazê-lo, deve
ser contra todos.
Caso o querelante adicione o acusado, a queixa está perfeita, podendo o juiz recebê-la.
Não ocorrendo o aditamento no prazo, estará consolidada a intenção do querelante de que não
deseja processar o indivíduo, consistindo em renúncia tácita em relação àquele. Desse modo,
quanto ao individuo não incluído, haverá extinção da punibilidade para ele.
Sendo assim, tendo o querelante renunciado quanto a um, a lei estende aos demais,
logo, todos terão como extintas as suas punibilidades, conforme o art. 49 do CPP.
I – INTRODUÇÃO
1 – Cominação legislativa: é seletiva, existem crimes que são mais graves, mas cujas
penas mínimas ainda são menores que crimes menos graves.
“Síndrome da pena mínima”: o juiz não precisa trazer maiores fundamentos a respeito
da pena imposta, como no caso de ter elevado a pena acima do mínimo.
Em uma perspectiva crítica, o juiz exerceria um papel contra seletivo com base na
vulnerabilidade do condenado (Culpabilidade por vulnerabilidade, Zaffaroni). Para essa
teoria, quanto maior o esforço para ser alvo do sistema penal concreto, maior a censura.
1) Sistema de pena exata ou pontual: parte da premissa que existe uma pena correta a
ser fixada para cada caso concreto. Crítica: não existem critérios que permitam encontrar tal
pena.
2) Sistema da proibição de exceder a culpabilidade: a pena não teria limite mínimo e
poderia ser fixada (com objetivo preventivo) em uma faixa que tem como teto a culpabilidade.
É o sistema preferido do professor. Crítica: é possível criticar a proposta, pois sem um piso,
um mínimo, é grande o risco de perda de eficácia preventiva.
3) Sistema da margem de liberdade ou espaço do jogo: determinados os limites
mínimos e máximos, há uma faixa de penas viáveis corretas e cabe ao juiz fixar a pena
arbitrando o que entender suficiente (para fins preventivos).
4) Sistema do valor de emprego ou posição: a quantidade da pena deve obedecer ao
quadro de culpabilidade e a qualidade da pena deve obedecer o critério preventivo.
a) Judiciais: são aquelas que estão no art. 59 do CP, assim como previstas em legislação
especial, art. 42 da Lei 11.343/11 (drogas). São judiciais porque impõem um grau de arbítrio
ao juiz.
b) Legais:
b.1) Qualificadoras: são circunstâncias que impõem novos limites para a pena base
(EXPRESSOS), por exemplo, 02 a 04 anos.
2) CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
e) Motivos do crime: são as razões que levam o sujeito à prática do ato. Crítica: é uma
prognose empiricamente impossível porque, muitas vezes, nem o agente entende os motivos,
por exemplo, pensara agir pelo motivo x, mas, na verdade fez pelo motivo Y. Além disso, é
comum a confusão de motivos exógenos com endógenos, e esses são inerente ao crime e não
poderiam influenciar na pena.
f) Circunstancias são dados ou fatos que estão ao redor do crime e autorizam a alteração
da pena. Por exemplo, o STJ entendeu que a complexidade da organização criminosa autorize
o incremento da circunstancia. É comum a confusão de circunstancias endógenas e exógenas.
g) Consequências dos crimes: há consequências que extrapolam o dolo do autor, como o
numero de filhos ou mesmo a condição financeira. Consolidado o entendimento do STJ que o
prejuízo sofrido pela vítima autoriza o incremento da pena.
h) Comportamento da vítima: é consolidada a orientação do STJ que o comportamento da
vítima não pode prejudicar o réu, ou seja, é circunstância neutra. Há estudos de vítima
dogmática partindo da premissa que, se o próprio titular do interesse não exerce a tutela
ordinária de seus bens, a atuação penal do Estado pode ser atenuada ou mesmo afastada.
3) CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS
b.1) Qualificadoras:
2) Postulado da proporcionalidade
Dignidade Humana
I - HOMOSSEXUALIDADE
Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que com êle se pratique ato
libidinoso, homossexual ou não, em lugar sujeito a administração
militar.
Ato de libidinagem
Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que com ele se pratique ato
libidinoso, em lugar sujeito a administração militar.
2) A criminalização da homofobia:
A primeira vez que se utilizou a expressão homofobia foi com o psicólogo norte
americano Weinberg (1971).
O art. 1, inciso III, CR/88, traz o princípio da dignidade da pessoa humana, e o art.3º,
IV, diz que é objetivo uma sociedade livre, justa, igualitária, sem qualquer tipo de
preconceito; da mesma forma, o art. 4º, VIII, traz o repúdio ao racismo; art. 5º, caput, informa
os princípios da igualdade e da isonomia; o art. 5º, XLII, diz que se considera o racimo um
crime inafiançável e imprescritível.
Posição majoritária: ainda não é crime porque não foi incluidio na lei 7.716/89 para
acrescentar orientação sexual
II – PROSTITUIÇÃO
Sistemas de abordagem
a) Regulacionista: passou a ser adotado a partir do século XIX – como mal necessário para
uma válvula de escape para o homem, que só poderia praticar sexo para reprodução com
sua mulher, e sem maiores . tal sistema adota medidas adminsitrativas (cadastramento
obrigatório de quem se prostitui, regulando os locais onde pode exercer a profissão) e
sanitárias. Nesse sistema surgem as zonas de prostituição, locais onde eram permitida a
atividade.
b) Abolicionista: a prostituição em si mesma não é crime, sequer comportamento ilícito, o
que se criminaliza é o entorno da prostituição, o incentivo a prostituição, o lenocínio. Aos
profissionais do sexo só se reconhece um único direito: deixa a prostituição. Os
profissionais do sexo são privados dos diteitos sociais. É o adotado no Brasil, em que a
prostituição em si nunca foi considerada crime. A prostituição autônoma é valida, já a
intermediada não.
c) Proibicionista: Essa teoria foi influenciada por uma ideologia feminista radical, por
considerar a prostituição a forma de maior exploração da mulher pelo patriarcado, encara
a prostituição com forma d eviolencia sexista, o reflexo da sociedade patriarcal de
dominação do homem sobre a mulher. A prostituição representa a coisificação da mulher,
tratada como mero objeto nas mãos dos homens. Essa corrente prega não somente a
criminalização do entrono, mas também da demanda, pu seja, procurar uma prostituta
também é crime. Adotada na suécia, alguns estados dos EUA. O proibicionismo considera
a prostituição uma forma d expliraçao sexual doc corpo feminino. Ela também faz parte da
cultura do estupro.
227 – lenocínio
230 – rufianismo
Nos parágrafos do 227, 228 e 230 encontramos bens jurídicos passveis de tutela.
Grave ameaça, violência, fraude, abuso: viola a loebrsade de descola da vitima, o bem
jurpidico é a liberdade sexual, ou seja, a librdade de autodeterminação na esfera da
swxualidade, quem será o parceiro, quando e como fara o sexo
Existe projeto de lei que pretende regular a atividade desses profissionais e define o
que é exploração secual.
Ato libidinoso: qualquer ato tendente a satisfação da lascívia (desejo sexual), ex: coito anal,
felação (sexo oral)
Beijo lascivo (na boca) também é considerado ato libidinoso, logo, é estupro.
213
Furto - Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Furto de uso: é considerado crime pelo Código Penal Militar (art. 241), já o CP
entende que não será crime desde que: a) o agente busque fruir o bem momentaneamente;
b)que a devolução do bem seja rápida e integral, sem nenhum dano à coisa; c) e que deva
ocorrer antes que a vítima dê falta do bem.
Repouso noturno
fato;
Adjetivação pejorativa
ofensiva a alguém;
Lei de imprensa – Lei nº 5.250/67: existia calunia, difamação e injúria nos mesmos
moldes do Código Penal.
O STF, apreciando a ADPF nº 130/2009 decidiu que a lei de imprensa não foi
recepcionada pela CR/88.
Hoje, qualquer espécie de ofensa à honra alheia é tutelada pelo Código Penal.