E STA D O D E M I N A S ● T E R Ç A - F E I R A ,
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TENTATIVA DE EXTORSÃO
Deoesp informa que, na maior parte dos casos, valores exigidos
não foram pagos e aconselha que alvos de ameaças denunciem
Cem empresários
já foram vítimas
TELMA GOMES
O delegado Edson Moreira,
chefe do Departamento Esta-
dual de Operações Especiais
(Deoesp), revelou ontem que
somente no período de abril de
2004 até janeiro deste ano, cer-
ca de 100 empresários, comer-
ciantes ou pessoas de poder
aquisitivo considerado alto, fo-
ram vítimas de tentativa de ex-
torsão mediante ameaças, por
telefone, de seqüestro ou assas-
sinato, em Minas Gerais. A nova
modalidade de crime, noticiada
na edição de domingo do ESTA-
DO DE MINAS, fez suas primei-
ras vítimas em São Paulo, ainda
em janeiro do ano passado.
BANCOS
Alerta para risco de assaltos
A fuga de oito presos da Peni-
tenciária Nelson Hungria, em
Contagem, na Região Metropoli-
tana de BH, ocorrida na madru-
gada de sábado, levou o delegado
Alcides Maia, titular da Delegacia
Especializada no Combate de
Roubo a Bancos, a alertar para o
risco de uma onda de crimes
dessa modalidade, nos próximos
dias. “São bandidos perigosos,
envolvidos em roubos a banco,
com seqüestro de gerentes e
também em latrocínios (assaltos
com morte)”, alerta.
A Secretaria de Estado de De-
fesa Social abriu sindicância pa-
ra apurar se houve negligência
ou facilitação da fuga. Os agentes
penitenciários responsáveis pela
vigilância foram afastados. Ofi-
cialmente, segundo a direção do
presídio, quatro dos foragidos
cumpriam pena por tráfico e ou-
tros quatro, por latrocínio.
ROUBO NA PEDRO II Ontem, a
capital registrou mais um assal-
to a banco. Ladrões levaram cer-
POLICIAIS ACUSADOS
Juiz avalia denúncia de tortura
O juiz da 2ª Vara Criminal de
Unaí, Luiz Augusto Barreto, deci-
de nos próximos dias se aceita a
denúncia contra cinco policiais e
um advogado, acusados de tor-
tura e abuso de autoridade, além
de falso testemunho. Foram de-
nunciados por agressões a de-
tentos o delegado Almir de Car-
valho Cesário, os detetives Rogé-
rio da Silva, Cleber Francisco de
Oliveira, Clécio José Cambrone
de Oliveira, a perita criminal Lu-
ci Elizabeth Carrilho de Castro,
além do advogado Ilton de Oli-
veira Campos.
Caso a denúncia seja aceita, os
servidores públicos devem ser
imediatamente afastados de
suas funções, de acordo com lei
estadual. A prática de tortura na
delegacia do bairro Cachoeira foi
revelada a partir das prisões de
Alair Cesário Nascimento, Mar-
celo Rodrigues Nascimento,
Cleyton Mendonça Porfírio e Ro-
bson Luiz Martins, ocorridas no
dia 1º de janeiro, por suspeita de
crime contra o patrimônio. Eles
foram abordados pela Polícia Mi-
litar, quando estavam de posse
de quatro cartuchos de munição,
no interior do Palio, placa JJA
9856. Para esclarecer a suspeita,
o grupo foi levado à delegacia e,
“Desde então, sei que há regis-
tros, além daqui, no Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, Paraná, Espíri-
to Santo e São Paulo. O principal,
no entanto, é deixar claro que to-
dos os que procuraram a polícia
em Minas foram orientados a não
ceder à pressão e pararam de sofrer
as ameaças, sem que elas se con-
cretizassem”, destaca o delegado.
O uso de celulares clonados ou
habilitados com dados falsos, se-
gundo o policial, dificulta o rastrea-
mento das ligações. Moreira alega,
no entanto, que os criminosos, ao
se identificarem como presidiários
de Bangu 1, no Rio de Janeiro, ou in-
tegrantes do PCC (Primeiro Co-
mando da Capital), do Comando
Vermelho, ou mesmo comparsas
Mais um ataque ocorreu ontem em BH, na avenida Pedro II, a poucos quarteirões de uma companhia da PM
ca de R$ 9 mil da agência do Uni-
banco, na avenida Pedro II, bair-
ro Padre Eustáquio, Noroeste de
BH, a poucos quarteirões da 9ª
Companhia da PM. Segundo o
Instrumentos usados em agressões estavam em delegacia de Unaí
em seguida, colocado numa cela
chamada de “correicional” ou
simplesmente “corro”. No dia se-
guinte, os detetives iniciaram o
interrogatório “informal” dos
suspeitos, no interior da cela 13
da unidade.
De acordo com a denúncia,
durante todo o depoimento, os
presos foram submetidos a cas-
tigos, como surra nas solas dos
pés com uma “cocota”, instru-
mento de madeira com borracha
na extremidade, eletrochoques,
além de sufocamentos com sa-
1 º D E F E V E R E I R O
GERAIS
do megatraficante Fernando do
Costa, o Fernandinho Beira-Mar,
tentam ganhar “status”, deixando
as vítimas ainda mais apavoradas.
Como cabe ao Deoesp atuar
apenas em casos concretos de se-
qüestro (crime caracterizado pela
manutenção de uma pessoa em
cativeiro e o pedido de resgate), as
vítimas da tentativa de extorsão,
após serem orientadas a não pagar
o valor exigido pelos criminosos,
são encaminhadas à Divisão de Cri-
mes contra o Patrimônio (DCcP),
mais conhecida como Delegacia de
Furtos e Roubos, no Barro Preto.
Em Minas, os casos têm como
alvo principal empresários do ra-
mo de transportes. As informa-
ções sobre o nome completo da
tenente Luiz Vitor Soares, quatro
homens armados entraram na
agência, que não tem porta gira-
tória, e renderam os dois vigilan-
tes. A ação foi gravada pelas câ-
DIVULGAÇÃO/MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS GERAIS
cos de plástico e álcool. Além das
técnicas tradicionais de torturas,
os detentos teriam sido obriga-
dos também a suportar sobre
suas pernas e pescoço o peso dos
policiais. O objetivo era obrigar o
grupo a informar onde estava as
armas para as quais serviria a
munição e também possíveis
planos de assalto.
A violência foi denunciada ao
Ministério Público pelos próprios
detentos, durante uma audiência,
o que levou os promotores até a
delegacia. Lá, eles apreenderam,
D E 2 0 0 5
vítima, endereço e dados dos fa-
miliares são conseguidos através
das pesquisas na internet, a con-
sultas a catálogos telefônicos e in-
formações obtidas junto a fun-
cionários das empresas.
O delegado Edson Moreira ex-
plica que as ligações são feitas de
forma insistentes, em intervalos
mínimos. Porém, em alguns ca-
sos, o simples fato de deixar de
atender às chamadas tem basta-
do para pôr fim ao pesadelo. “Sei
apenas de três casos daqui em
que houve o pagamento da ex-
torsão. Os valores foram deposi-
tados em contas bancárias aber-
tas com o uso de documentos fal-
sos, sacados imediatamente com
cartões em caixas-eletrônicos.”
MARCELO SANT’ANNA
meras do circuito interno. O te-
nente informou que os ladrões
foram identificados e fazem par-
te de uma quadrilha especializa-
da de assalto a banco.
por força de ordem judicial, vá-
rios objetos usados nas sessões de
tortura, como cordas, aparelho de
eletrochoque e uma “cocota”com
a irônica inscrição: “detector de
mentiras”. Segundo o Ministério
Público, que apurou o caso ao la-
do da Corregedoria Geral de Polí-
cia Civil, os quatro detetives eram
os responsáveis diretos pelos cas-
tigos, mas o delegado Almir e a
perita Luci tinham conhecimen-
to da prática criminosa e não se
manifestaram para tentar impe-
di-la. Já o advogado Ilton respon-
de por falso testemunho, por ter
dito que não percebeu ferimen-
tos nos presos.
LAUDO As investigações foram
conduzidas pelo o promotor
Athayde Francisco Peres Olivei-
ra, que participou da operação
ao lado dos colega Eduardo de
Paula Machado e Cláudia Au-
gusta Mendonça Lopes. Laudo
de perícia nos objetos apreendi-
dos confirmaram a tortura, as-
sim como o exame de corpo de
delito, ao qual os presos foram
submetidos. Agora, o MP aguar-
da apenas resultado do exame
grafotécnico realizado na ins-
crição feita na cocota, para
identificar o seu autor.
GIRO POLICIAL
CRIME NO MANGABEIRAS
Acusado vai
a júri popular
William José dos Santos, acusado de matar Vânia Pe-
reira Mares no Parque das Mangabeiras, em 2003, se-
rá julgado amanhã no I Tribunal do Júri da capital. De
acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério
Público à Justiça, o rapaz levou a vítima ao local, onde
a obrigou a manter relação sexual com ele. Depois do
ato, William teria estrangulado a vítima. O corpo de
Vânia foi coberto com folhas secas, em uma mata
dentro do parque. O acusado foi denunciado pela
prática de estupro, atentado violento ao pudor, ho-
micídio qualificado e ocultação de cadáver.
HOMICÍDIOS
MARCELO SANT’ANNA
Polícia localiza corpo de
jovem morta com 4 tiros
Em menos de duas horas, duas pessoas foram as-
sassinadas em Betim, na Região Metropolitana de
Belo Horizonte. Patrízia Poliana, de 20 anos, foi en-
contrada morta com quatro tiros, em um terreno
de 9 mil metros quadrados, no bairro Paulo Cami-
lo. O corpo foi localizado após denúncia anônima. A
mulher vestia miniblusa, calça jeans, sapatilhas e a
bolsa ainda estava pendurada no corpo. O denun-
ciante também apontou que o assassino seria um
adolescente de 17 anos, que foi detido pela Polícia
Militar e encaminhado à Delegacia de Homicídios.
A menos de dois quilômetros do local, Alessandro
de Paulo Pisquira, conhecido como “Dente de Alho”,
de 23, foi esfaqueado às margens da BR-381, no
bairro Santa Cruz. Segundo a PM, o homem tinha
diversas passagens na polícia por assaltos e roubos.
PENTE-FINO
Busca em cadeia apreende
droga, balança e celulares
Policiais militares encontraram 12 telefones celula-
res com carregadores, ontem, durante busca na ca-
deia pública de Montes Claros. Os aparelhos estavam
escondidos em fundos falsos de banquinhos de ma-
deira, fabricados na marcenaria da prisão, voltada
para ocupação e geração de renda para os detentos.
Também foram encontrados quatro papelotes de
cocaína, de 10 gramas cada, e 55 gramas de maconha.
Na prisão havia até uma balança de precisão, usada
para a venda de drogas. Durante a busca, realizada
por 15 PMs, foi descoberto ainda um buraco em
uma das celas. Ainda não se sabe como os celulares e
as drogas entraram no presídio. Conforme o coman-
dante do 10º Batalhão da Polícia Militar de Montes
Claros, todo o material foi repassado para a Polícia
Civil, que vai abrir inquérito para apurar o caso.
● ACIDENTES MATAM TRÊS
Duas pessoas morreram em acidente envolvendo
uma carreta e um carro de passeio, no km 236 da
BR-116, em Teófilo Otoni, a 446 quilômetros de Belo
Horizonte. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, na
manhã de ontem, o Kadett CTM 1978, de São Paulo
(SP), bateu na lateral da carreta Scania GXH 7555, de
Campestre, que trafegava em sentido contrário.
Adailton S. da Silva, de 36 anos, que conduzia o
Kadett, morreu no local, Maria Margarida dos
Santos, que não teve a idade divulgada, morreu
momentos depois de entrar no hospital. Edijelma
Maria dos Santos Silva, de 30, Júlia Vitória da Silva,
de 2, e Rafael Francisco da Silva, de 13, que também
estavam no carro, tiveram ferimentos leves. O
condutor da carreta não sofreu ferimentos. No km
55 da BR-381, próximo ao trevo de Caeté, uma
pessoa morreu na batida que também envolveu
um caminhão e um carro. O Volvo LWZ 0426 bateu
de frente com o Santana JEO 2476. Jessica Yasmini
Travassos Barbosa, de 16, passageira do carro, ficou
gravemente ferida. Antônio Barbosa dos Santos, de
51, morreu no local. O motorista do caminhão não
teve ferimentos. A passageira do Santana foi
encaminhada para o Hospital Municipal de Itabira.