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Poder Judiciário
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
1ª Vara Criminal da Comarca de Palmeira das Missões
Rua Hildebrando Westphalen, 553 - Bairro: Ouro Verde - CEP: 98300000 - Fone: (55) 302-99969 - Email:
frpalmiss1vcri@tjrs.jus.br

PROCEDIMENTO ESPECIAL DA LEI ANTITÓXICOS Nº 5001970-


59.2022.8.21.0020/RS
AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
ACUSADO: VINICIUS ZANETTE BAPTISTA
ACUSADO: VINICIUS PETRI GULGIELMIN
ACUSADO: LEANDRO LEMES DA ROSA
ACUSADO: JACSON DA SILVA SIMOES
ACUSADO: JACKSON CARBONE DA CRUZ
ACUSADO: DOUGLAS ALEX CRODA DE OLIVEIRA
ACUSADO: CLEITON DOS SANTOS STUMM
ACUSADO: BERNARDO DA COSTA CAMPOS
ACUSADO: VOLNEI LUIS DE MOURA FRANCO

SENTENÇA

Vistos, etc.

O MINISTÉRIO PÚBLICO com substrato no com base no IP n.


50009792020218210020 e nos APF/IP n. 5003762- 82.2021.8.21.0020, 5003764-
52.2021.8.21.0020 e 5003765- 37.2021.8.21.002, ofereceu denúncia contra
JACSON DA SILVA SIMÕES (“Mortadela”), DOUGLAS ALEX CRODA DE
OLIVEIRA (“Croda”), VINÍCIUS PETRI GULGIELMIN (“Petri” ou “Gordo”),
LEANDRO LEMES DA ROSA, VOLNEI LUÍS DE MOURA FRANCO
(“Secreta”), BERNARDO DA COSTA CAMPOS (“Sequela”), JACKSON
CARBONE DA CRUZ e CLEITON DOS SANTOS STUMM dando-os como
incursos nas sanções dos artigos 33, caput, artigo 35, caput, e artigo 40, inciso IV,
todos da Lei 11.343/06, na forma do artigo 69 do Código Penal, pela prática dos
seguintes fatos delituosos:

1º FATO (Associação para o tráfico de drogas – IP


50009792020218210020):

No período compreendido, pelo menos, entre janeiro de 2021 e março


de 2022, na Comarca de Palmeira das Missões, os denunciados
BERNARDO DA COSTA CAMPOS, CLEITON DOS SANTOS
STUMM, DOUGLAS ALEX CRODA DE OLIVEIRA, JACKSON
CARBONE DA CRUZ, JACSON DA SILVA SIMÕES, LEANDRO
LEMES DA ROSA, VINÍCIUS PETRI GULGIELMIN, VINÍCIUS
5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478
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1ª Vara Criminal da Comarca de Palmeira das Missões
ZANETTE BAPTISTA e VOLNEI LUÍS DE MOURA FRANCO
associaram-se entre si e com indivíduos  ainda não suficientemente
identificados, para praticar crimes de tráfico de drogas (art. 33 da Lei
n. 11.343/2006).

Na oportunidade, os denunciados associaram-se entre si e com


indivíduos ainda não suficientemente identificados para reiterada e
habitualmente promoverem ações de narcotráfico especialmente na
Comarca de Palmeira das Missões, com divisão de tarefas e
compartilhamento dos lucros auferidos.

O denunciado JACSON DA SILVA SIMÕES era quem tinha vínculo


direto com a organização criminosa (“Os Manos”) e exercia função de
principal fornecedor de drogas ilícitas aos denunciados DOUGLAS
ALEX CRODA DE OLIVEIRA e VINÍCIUS PETRI GULGIELMIN,
inclusive quanto se encontrava recolhido ao Presídio Estadual de
Palmeira das Missões1 , recebendo pagamentos, inclusive mediante
depósitos em contas bancárias titularizadas por pessoas próximas,
sobretudo de sua mãe Elaine da Silva Simões e de sua namorada
Pamela Taciane Soeiro Brandão.

Já os denunciados VOLNEI LUÍS DE MOURA FRANCO,


DOUGLAS ALEX CRODA DE OLIVEIRA e VINÍCIUS PETRI
GULGIELMIN atuavam armazenando, fracionando, revendendo e
fornecendo drogas ilícitas (“maconha”, cocaína, LSD e ecstasy) a
consumidores finais, bem como compartilhando e distribuindo as
substâncias entorpecentes entre si e aos codenunciados BERNARDO
DA COSTA CAMPOS, CLEITON DOS SANTOS STUMM,
JACKSON CARBONE DA CRUZ e VINÍCIUS ZANETTE
BAPTISTA, para que estes pudessem revender e fornecer drogas
ilícitas a consumidores finais de seus respectivos círculos de
relacionamentos.

Por sua vez, os denunciados BERNARDO DA COSTA CAMPOS,


CLEITON DOS SANTOS STUMM, JACKSON CARBONE DA
CRUZ e VINÍCIUS ZANETTE BAPTISTA adquiriam e recebiam
porções de drogas ilícitas dos codenunciados supracitados e
efetivamente promoviam revenda, distribuição e fornecimento das
substâncias entorpecentes a consumidores finais com quem mantinham
contato.

5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478


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O denunciado VINÍCIUS ZANETTE BAPTISTA também plantava e
cultivava Cannabis sativa L. (“maconha”) em sua residência, com
objetivo de promover o preparo e a comercialização dessa substância,
além de ter compartilhado porções de drogas ilícitas que possuía com
os denunciados DOUGLAS ALEX CRODA DE OLIVEIRA e
VOLNEI LUÍS DE MOURA FRANCO, para que estes pudessem
revendê-las a terceiros.

Ainda, o denunciado LEANDRO LEMES DA ROSA, diretamente


ligado a DOUGLAS ALEX CRODA DE OLIVEIRA e VINÍCIUS
PETRI GULGIELMIN, além de revender porções de drogas ilícitas
recebidas deste último, atuava como espécie de “segurança” de ambos,
utilizando armas de fogo para ameaçar adquirentes devedores e rivais
na ilícita mercancia, inclusive mediante realização de gravação
audiovisual de conteúdo ameaçador, para divulgação através de
aplicativo de troca instantânea de mensagens, assim prestando auxílio
material e apoio moral aos codenunciados no contexto da associação
para fins de narcotráfico.

As negociações encetadas pelo grupo eram realizadas mediante


contatos telefônicos, por aplicativos de troca instantânea de
mensagens, com uso de linguagem codificada, atendimento pessoal a
adquirentes/usuários de drogas nas residências dos codenunciados ou
em locais previamente combinados.

Os denunciados e outros comparsas ainda não identificados utilizavam


armas de fogo (revólveres, pistolas e espingardas) para o desempenho
das atividades da associação criminosa, especialmente para promover
graves ameaças contra devedores e rivais na ilícita mercancia.

Os pagamentos pelo fornecimento de drogas ilícitas que eram


revendidas e distribuídas pela associação criminosa eram realizados
em dinheiro vivo ou mediante transferência ou depósitos bancários em
contas de familiares dos denunciados ou de indivíduos recolhidos ao
sistema penitenciário, utilizados como “laranjas” para as
movimentações financeiras do grupo.

Todos os valores em dinheiro, telefones celulares apetrechos


relacionados à pesagem, fracionamento e preparo de drogas ilícitas,
que restaram apreendidos com os denunciados pela Polícia Civil e/ou
pela Brigada Militar ao longo do período supracitado (conforme autos

5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478


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de apreensão e circunstanciados de busca e apreensão constantes dos
expedientes policiais que embasam a presente denúncia) constituíam
proventos e instrumentos das infrações penais, respectivamente.

2º FATO (Tráfico de drogas – IP 50009792020218210020 – Oc. Pol.


418/2021/151601):

No dia 04 de fevereiro de 2021, até por volta das 02h20min, na Rua


Sarandi, n. 56, Bairro Westphalen, nesta Cidade, o denunciado
JACKSON CARBONE DA CRUZ guardava e tinha em depósito, para
fins de venda e fornecimento a terceiros, 3 (três) “buchas” de cocaína,
pesando aproximadamente 5 gramas, substância que causa
dependência física e psíquica, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar (Portaria SVS/MS n°344, de 12 de
maio de 1998).

Na oportunidade, o denunciado JACKSON guardava e tinha em


depósito as supramencionadas porções de droga ilícita no interior de
sua residência, situada no endereço supramencionado, com objetivo de
promover narcotráfico.

Em determinado momento, o denunciado JACKSON dirigiu-se à via


pública para entregar porção de entorpecente a terceira pessoa ainda
não identificada que se encontrava em um automóvel Fox/Preto,
estacionado nas imediações da casa.

Diante disso, avistando tal movimentação, policiais militares que


monitoravam discretamente o local (justamente porque apontado como
ponto de venda de drogas ilícitas) se aproximaram para efetuar
abordagem do denunciado JACKSON.

Percebendo a presença dos agentes policiais, o denunciado JACKSON


correu para a garagem da casa, mas acabou sendo alcançado pelos
agentes estatais, que verificaram a existência das referidas “buchas” de
cocaína sobre uma mesa existente no recinto e, em seguida,
procederam sua revista pessoal, encontrando em sua posse a quantia de
R$96,00 (noventa e seis reais) em moeda corrente nacional e um
telefone celular Samsung, modelo J1, bens que constituíam provento e
instrumento da infração penal, respectivamente.

Também foi identificado como presente no local o indivíduo Vinícius


Magalhães Guillardi, usuário de drogas ilícitas, em poder do qual
também foi apreendido um telefone celular, marca Apple, Iphone7.
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Ambos foram conduzidos à Delegacia de Polícia local, sendo
formalizado registro de ocorrência policial, com as devidas apreensões.

3º FATO (Tráfico de drogas – IP 50009792020218210020 – Oc. Pol.


1300/2021/151601):

No dia 23 de abril de 2021, até por volta das 20h40min, na Rua Jose
Simão Felix, 245, Bairro Lutz, nesta Cidade, os denunciados
VINÍCIUS PETRI GULGIELMIN, DOUGLAS ALEX CRODA
OLIVEIRA e LEANDRO LEMES DA ROSA, em comunhão de
esforços e conjugação de vontades, guardavam e traziam consigo, para
fins de venda e fornecimento a terceiros, 2 (dois) tabletes com
aproximadamente 9 (nove) gramas de Cannabis sativa L., vulgarmente
conhecida como “maconha”, e 1 (um) cigarro contendo
aproximadamente 1 (um) grama da mesma erva, a qual contém
Tetrahidrocanabinol (THC), substância que causa dependência física e
psíquica16 , sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar (Portaria SVS/MS n°344, de 12 de maio de 1998).

Na ocasião, os denunciados VINÍCIUS PETRI GULGIELMIN,


DOUGLAS ALEX CRODA OLIVEIRA e LEANDRO LEMES DA
ROSA encontravamse juntos em via pública, em frente à casa existente
no endereço supramencionado, mancomunados para promoverem
narcotráfico, sendo que VINÍCIUS trazia consigo os dois tabletes de
“maconha” e a quantia de R$30,00 (trinta reais) em moeda corrente
nacional, ao passo que DOUGLAS possuía cigarro preparado com a
mesma droga ilícita e 01 (um) maço de papel de seda para confecção
de cigarros artesanais. Já o codenunciado LEANDRO acompanhava os
codenunciados VINÍCIUS e DOUGLAS, emprestando-lhes auxílio
material e apoio moral para o desenvolvimento da ilícita mercancia,
mediante sua presença física no local do fato e prontidão para
colaborar com estes, se necessário (conforme descrito no 1º FATO).

Nesse momento, tendo recebido informação da prática de tráfico de


drogas ilícitas no local, guarnição da Brigada Militar abordou os
denunciados e, após revista pessoal, apreendeu em poder destes as
supracitadas drogas ilícitas, quantia em dinheiro e maço de papel de
seda, bem como 01 (um) telefone celular SAMSUNG, sm-g531bt, de
cor preta, em poder do denunciado VINÍCIUS, 01 (um) telefone
celular XIAOMI, Redmi Note 8, de cor azul, em poder do denunciado
DOUGLAS.

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4º FATO (Tráfico de drogas – APF/IP n. 5003764- 52.2021.8.21.0020):

No dia 25 de novembro de 2021, até por volta das 07 horas, na Rua


José Simão Felix, n. 245, nesta Cidade, o denunciado DOUGLAS
ALEX CRODA DE OLIVEIRA guardava e tinha em depósito, para
fins de venda e fornecimento a terceiros, pelo menos, 02 (duas)
porções com aproximadamente 3 (três) gramas de Cannabis sativa L.,
vulgarmente conhecida como “maconha”, que contém
Tetrahidrocanabinol (THC), substância esta que causa dependência
física e psíquica18 , sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar (Portaria SVS/MS n°344, de 12 de
maio de 1998).

Na oportunidade, o denunciado DOUGLAS ALEX CRODA DE


OLIVEIRA guardava e tinha em depósito, no interior de sua
residência, as mencionadas porções de drogas ilícitas com objetivo de
promover narcotráfico.

Nesse momento, agentes policiais dando cumprimento a mandado de


busca e apreensão expedido nos autos do Expediente n.º 5000979-
20.2021.8.21.0020/RS, desta Vara Criminal, adentraram a casa do
denunciado, onde localizaram e apreenderam as supramencionadas
porções de substâncias entorpecentes, além de comprovante de
depósito bancário em favor de Andressa Ribeiro Zanatta (companheira
de Gabriel Dillenburg Mafalda, o qual atualmente está recolhido no
Presídio Estadual de Palmeira das Missões por tráfico de drogas), a
quantia de R$ 76,00 (setenta e seis reais) em moeda corrente nacional,
e 01 (um) telefone celular, marca SAMSUNG20, constituindo estes
últimos bens proventos e instrumento da infração penal,
respectivamente.

O denunciado cometeu o crime nas imediações de estabelecimento de


ensino, qual seja, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Vila Velha,
nesta Cidade.

5º FATO (Tráfico de drogas – APF/IP n. 5003762- 82.2021.8.21.0020):

No dia 25 de novembro de 2021, até por volta das 07 horas, na Rua


Jose Simão Felix, 200, nesta Cidade, o denunciado VINÍCIUS
ZANETTE BAPTISTA guardava e tinha em depósito, para fins de
venda e fornecimento a terceiros, 03 (três) porções de folhas de
Cannabis sativa L., vulgarmente conhecida como “maconha”,
acondicionadas em 03 (três) potes plásticos, bem como cultivava em
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uma estufa artesanal, plantas da mesma espécie, que contém o
princípio ativo Tetrahidrocanabinol (THC), substância esta que causa
dependência física e psíquica22 , sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar (Portaria SVS/MS n°344, de
12 de maio de 1998).

Na ocasião, o denunciado VINÍCIUS ZANETTE BAPTISTA guardava


e mantinha em depósito, no interior de sua residência, porções de
folhas de plantas de “maconha”, que haviam sido por ele mesmo
cultivadas em uma estufa artesanal, com objetivo de beneficiar e
preparar a referida droga ilícita para fornecimento a terceiros, ao
menos em parte.

Nesse momento, agentes policiais dando cumprimento a mandado de


busca e apreensão expedido nos autos do Expediente n.º 5000979-
20.2021.8.21.0020/RS, desta Vara Criminal, adentraram a casa do
denunciado, onde localizaram e apreenderam as supramencionadas
porções de substâncias entorpecentes, além de 02 (dois) telefones
celulares, marca Samsung e LG, 01 (um) esmurrugador de madeira, e
01 (uma) caixa de cor azul, contendo restos de substância com
características de “maconha”24, bens que constituíam proventos e
instrumentos da infração penal, respectivamente.

O denunciado cometeu o crime nas imediações de estabelecimento de


ensino, qual seja, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Vila Velha
e do Parque Municipal de Exposições, nesta Cidade.

6º FATO (Tráfico de drogas – APF/IP n. 5003765- 37.2021.8.21.0020):

No dia 25 de novembro de 2021, até por volta das 07 horas, na Rua


Riachuelo, n. 297, nesta Cidade, o denunciado VOLNEI LUÍS DE
MOURA FRANCO guardava e tinha em depósito, para fins de venda e
fornecimento a terceiros, pelo menos, 01 (uma) porção com
aproximadamente 6 (seis) gramas de Cannabis sativa L., vulgarmente
conhecida como “maconha”, que  contém Tetrahidrocanabinol (THC),
substância esta que causa dependência física e psíquica26 , sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar
(Portaria SVS/MS n°344, de 12 de maio de 1998).

Na oportunidade, o denunciado VOLNEI LUÍS DE MOURA


FRANCO guardava e tinha em depósito no interior de sua residência
as porções de drogas ilícitas supracitadas com objetivo de promover
narcotráfico.
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Nesse momento, agentes policiais dando cumprimento a mandado de
busca e apreensão expedido nos autos do Expediente n.º 5000979-
20.2021.8.21.0020/RS, desta Vara Criminal, adentraram a casa do
denunciado, onde localizaram e apreenderam as supramencionadas
porções de substâncias entorpecentes, além da quantia de R$ 65,00
(sessenta e cinco reais) em moeda corrente nacional, e 01 (um)
telefone celular, marca SAMSUNG28, constituindo estes últimos bens
proventos e instrumento da infração penal, respectivamente.

O denunciado cometeu o crime nas imediações de estabelecimento de


ensino, qual seja, a Escola Estadual Três Mártires, nesta Cidade.

7º FATO (Tráfico de drogas – APF/IP n. 5003765- 37.2021.8.21.0020):

No dia 22 de fevereiro de 2022, até por volta das 12 horas, na Rua


Pinheiro Machado, n. 1410, Bairro Vila Velha, nesta Cidade, o
denunciado CLEITON DOS SANTOS STUMM guardava e tinha em
depósito, para fins de venda e fornecimento a terceiros30, pelo menos,
01 (uma) porção com aproximadamente 1 (um) grama de Cannabis
sativa L., vulgarmente conhecida como “maconha”, que contém
Tetrahidrocanabinol (THC), substância esta que causa dependência
física e psíquica31 , sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar (Portaria SVS/MS n°344, de 12 de
maio de 1998).

Na ocasião, o denunciado CLEITON guardava e mantinha em depósito


a referida porção de droga ilícita no interior de sua residência,
acondicionada em uma gaveta de móvel localizado no hall de entrada,
com objetivo de promover narcotráfico.

Nesse momento, agentes policiais dando cumprimento a mandado de


busca e apreensão expedido nos autos do Expediente n.º 5000979-
20.2021.8.21.0020/RS, desta Vara Criminal, adentraram o local, onde
encontraram e apreenderam a citada porção de substância
entorpecente.

CAPITULAÇÃO LEGAL:

ASSIM AGINDO, incorreram os denunciados nos seguintes crimes e


respectivas penas:

BERNARDO DA COSTA CAMPOS, vulgo “Sequela”: art. 35, caput,


combinado com o art. 40, inciso IV, ambos da Lei n. 11.343/2006;
5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478
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CLEITON DOS SANTOS STUMM: art. 33, caput, e art. 35, caput,
combinados com o art. 40, inciso IV, todos da Lei n. 11.343/2006, e
entre si na forma do art. 69, caput, do Código Penal;

DOUGLAS ALEX CRODA DE OLIVEIRA, vulgo “Croda”: art. 33,


caput, da Lei n. 11.343/2006, combinado com o art. 29, caput, do
Código Penal; art. 33, caput, combinado com o art. 40, inciso III,
ambos da Lei n. 11.343/2006; art. 35, caput, combinado com o art. 40,
inciso IV, ambos da Lei n. 11.343/2006, todos combinados entre si na
forma do art. 69, caput, do Código Penal;

JACKSON CARBONE DA CRUZ: art. 33, caput, e art. 35, caput,


combinados com o art. 40, inciso IV, ambos da Lei n. 11.343/2006, e
entre si na forma do art. 69, caput, do Código Penal;

JACSON DA SILVA SIMÕES, vulgo “Mortadela”: art. 35, caput,


combinados com o art. 40, inciso IV, ambos da Lei n. 11.343/2006;

LEANDRO LEMES DA ROSA: art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006,


combinado com o art. 29, caput, do Código Penal; e art. 35, caput,
combinado com o art. 40, inciso IV, ambos da Lei n. 11.343/2006,
combinados entre si na forma do art. 69, caput, do Código Penal;

VINÍCIUS PETRI GULGIELMIN, vulgo “Petri” ou “Gordo”: art. 33,


caput, da Lei n. 11.343/2006, combinado com o art. 29, caput, do
Código Penal; art. 35, caput, combinado com o art. 40, inciso IV,
ambos da Lei n. 11.343/2006, combinados estes com aqueles na forma
do art. 69, caput, do Código Penal;

VINÍCIUS ZANETTE BAPTISTA, vulgo “Zanettão”: art. 33, caput e


§1º, inciso II, e art. 35, caput, combinados com o art. 40, incisos III e
IV, ambos da Lei n. 11.343/2006, combinados entre si na forma do art.
69, caput, do Código Penal;

VOLNEI LUÍS DE MOURA FRANCO, vulgo “Secreta” ou “Berne”:


art. 33, caput, e art. 35, caput, combinados com o art. 40, inciso III e
IV, ambos da Lei n. 11.343/2006, e entre si na forma do art. 69, caput,
do Código Penal.

Foi decretada a prisão preventiva dos réus Jacson da Silva Simões


(“Mortadela”), Douglas Alex Croda de Oliveira (“Croda”), Vinícius Petri
Gulgielmin (“Petri” ou “Gordo”), Leandro Lemes da Rosa, Volnei Luís de Moura

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Franco (“Secreta”), Bernardo da Costa Campos (“Sequela”), Jackson Carbone da
Cruz e Cleiton dos Santos Stumm, bem como medidas cautelares ao réu Vinícius
Zanette Baptista (Evento 3).

Os acusados foram notificados e apresentaram defesa prévia (Eventos


95, 98, 101, 103, 112, 114, 130, 132 e  195), oportunidade em que as defesas de
Leandro Lemes da Rosa, Vinícius Petri Gulgielmin  postularam pela revogação da
custódia cautelar.

O agente ministerial apresentou manifestação pelo  indeferimento das


revogações das prisões preventivas (Evento 118), as quais foram mantidas pelo juízo
(Evento 120).

A denúncia foi recebida em 23 de junho de 2022 (Evento 135), sendo


os acusados citados.

A defesa do réu Vinicius Petri Gulgielmin requereu a liberdade


provisória do réu (Evento 225), manifestando-se contrário o Ministério Público
(Evento 230), a qual foi indeferida pelo Juízo (Evento 232).

Durante a fase instrutória foi realizada a oitiva de quarenta


testemunhas, bem como foram interrogados os réus (Eventos 312, 319 e 417).

Em audiência as defesas dos réus Vinicius Petri Gulgielmin, Jacson da


Silva Simoes, Leandro Lemes da Rosa, Bernardo da Costa Campos, Cleiton dos
Santos Stumm, Douglas Alex Croda de Oliveira, Jackson Carbone da Cruz e Volnei
Luis de Moura Franco requereram a revogação das prisões preventivas, que foram
indeferidas por este juízo (Evento 422).

Encerrada a instrução, abriu-se prazo para apresentação de memoriais.

O Ministério Público, por sua vez, após discorrer acerca do caderno


probatório, postulou a condenação dos acusados nos termos da denúncia (Evento
511).

A defesa do réu Bernardo da Costa Campos apresentou memoriais


(Eventos 442 e 513) alegando a inexistência de justa causa para a propositura da
demanda, postulando a absolvição sumária do acusado pela insuficiência probatória.

O acusado Douglas Alex Croda de Oliveira (Evento 515) arguiu a


inexistência de provas suficientes para prolação de decreto condenatório em relação
ao delito de associação ao tráfico. No tocante aos delitos de tráfico de entorpecentes,
discorreu acerca da ilicitude da prova em face da inexistência de autorização para
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manuseio dos aparelhos telefônicos apreendidos. Postulou a improcedência da
denúncia com a absolvição do denunciado pela insuficiência probatória
e,  subsidiariamente, o reconhecimento da privilegiadora prevista no §4º, do artigo
33, da Lei nº 11.343/06. Ainda, requereu a revogação da prisão preventiva.

O denunciado  Jackson Carbone da Cruz  (Evento 516) arguiu a


inexistência de provas suficientes para prolação de decreto condenatório em relação
ao delito de associação ao tráfico. No tocante aos delitos de tráfico de entorpecentes,
discorreu acerca da ilicitude da prova em face da inexistência de autorização para
manuseio dos aparelhos telefônicos apreendidos. Postulou a improcedência da
denúncia com a absolvição do denunciado pela insuficiência probatória
e,  subsidiariamente, o reconhecimento da privilegiadora prevista no §4º, do artigo
33, da Lei nº 11.343/06. Ainda, requereu a revogação da prisão preventiva.

O réu Cleiton dos Santos Stumm (Evento 517 ) arguiu a inexistência


de provas suficientes para prolação de decreto condenatório em relação ao delito de
associação ao tráfico. No tocante aos delitos de tráfico de entorpecentes, discorreu
acerca da ilicitude da prova em face da inexistência de autorização para manuseio
dos aparelhos telefônicos apreendidos. Postulou a improcedência da denúncia com a
absolvição do denunciado pela insuficiência probatória e,  subsidiariamente, o
reconhecimento da privilegiadora prevista no §4º, do artigo 33, da Lei nº 11.343/06.
Ainda, requereu a revogação da prisão preventiva.

A defesa do réu Leandro Lemes da Rosa apresentou memoriais


(Evento 519) alegando a inexistência aptas a embasar um juízo condenatório,
postulando a absolvição sumária do acusado. Alternativamente, a fixação da pena
em patamar mínimo.

O denunciado Vinícius Petri Gulgielmin  (Evento 520) arguiu a


inexistência de provas suficientes para prolação de decreto condenatório em relação
aos delitos imputados, aduzindo sua condição de usuário. Postulou a improcedência
da denúncia com a absolvição do denunciado na forma dos incisos II, V e VII do
artigo 386 do CPP. Subsidiariamente, a desclassificação para o delito de posse de
entorpecente e/ou fixação da pena no mínimo legal com a autorização para apelar
em liberdade.

O acusado Vinícius Zanette Baptista (Evento 521) arguiu a inexistência


de provas suficientes para prolação de decreto condenatório em relação aos delitos
imputados, aduzindo sua condição de usuário. Postulou a improcedência da
denúncia com a absolvição do denunciado na forma dos incisos II, V e VII do artigo

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386 do CPP. Subsidiariamente, a desclassificação para o delito de posse de
entorpecente e/ou fixação da pena no mínimo legal com a autorização para apelar
em liberdade.

A defesa do réu Jacson da Silva Simões apresentou memoriais (Evento


522) alegando a inexistência aptas a embasar um juízo condenatório, pois auente
demonstração do ânimo associativo, postulando a absolvição do acusado. Teceu
comentários acerca de eventual pena a ser fixada em caso de condenação, bem como
do regime inicial de cumprimento da reprimenda. Ainda, postulou pela substituição
da PPL por PRD e a revogação da prisão preventiva.

Por fim, o réu Volnei Luis de Moura Franco (Evento 524), sustentou a
ausência de provas suficientes para prolação de decreto condenatório.
Alternativamente, a desclassificação do delito de tráfico para o de posse de drogas
em face da condição de usuário do acusado. Discorreu sobre  eventual pena a ser
fixada em caso de condenação, bem como do regime inicial de cumprimento da
reprimenda. Ainda, pugnou pelo reconhecimento do tráfico privilegiado e a
substituição da PPL por PRD, bem como a revogação da prisão preventiva.

Atualizados os antecedentes criminais dos acusados (Evento 525).

Vieram os autos conclusos.

É o relatório.

Passo a decidir.

Trata-se de ação penal na qual imputa aos acusados a prática dos


delitos de tráfico de drogas e associação ao tráfico.

Considerando a existência de questão  preliminar, passo ao exame


desta.

Da ilicitude da prova em face da ausência de autorização judicial


para manuseio/extração dos aparelho telefônico apreendidos:

Arguiu, a  defesa de Douglas Alex Croda de Oliveira, Cleiton dos


Santos Stumm  e Jackson  Carbone da Cruz, a ilicitude dos elementos obtidos nos
aparelhos de telefone celular apreendidos.

De pronto saliento que o expediente e o atuar da polícia civil


encontram-se em perfeito compasso com os comandos legais para casos em
análogos. Nesse ponto, há de se dizer que as ilações defensivas não possuem razão

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de ser, tampouco a dita ausência possuiria  o condão de macular as provas acostadas
aos autos.

Ainda, soma-se ao acima dito o fato de que existe, sim,


decisões  judiciais concedendo autorização para manuseio/extração dos dados
contantes nos aparelhos (vide processo n.º 5000979-20.2021.8.21.0020, Eventos 8,
30, 44 e 102) e, frisa-se, anteriores aos atos, logo, inexiste o que se falar em nulidade
de prova. 

Sendo assim, desacolho a preliminar ventilada e, passo, pois, ao exame


do mérito, em relação aos delitos imputados.

Há de referir que estamos diante de uma ação penal complexa, com


sete fatos, de modo  que passo à  análise quanto a materialidade, autoria e e
classificação jurídica dos fatos de forma separada.

No que diz respeito ao primeiro fato, a  materialidade  encontra-se


substanciada nos registros de ocorrências policiais (Eventos 2, p. 3/7; 21 - 5000979-
20.2021.8.21.0020), pelos autos de apreensão (Eventos  2, p. 11/12, 14/15 -
5000979-20.2021.8.21.0020); pelos relatórios de análise e extração de dados
telefônicos (Evento  34, OUT3; Evento 94  - 5000979-20.2021.8.21.0020);
pelos  relatórios de investigação  (Evento  34, OUT4 e OUT7  - 5000979-
20.2021.8.21.0020);  relatórios de investigação referentes a dados, mensagens,
imagens e demais conteúdos extraídos de telefones celulares apreendidos, obtidos e
compartilhados com prévias autorizações judiciais nos autos do processo n.
5000979-20.2021.8.21.0020, bem como pela prova oral colhida, tanto em sede
policial, quanto em Juízo.

No tocante a autoria,  esta  restou suficientemente demonstrada pelos


mesmos elementos e pela prova oral colhida, senão vejamos. Colhe-se da prova oral:

O acusado Bernardo da Costa Campos relatou que não conhece metade


dos corréus, sendo que conhece apenas Vinícius Petri e Douglas Croda, sendo que o
último conheceu por intermédio de Petri. Que é usuário de maconha e sofria de
depressão. Que fumava o entorpecente após o trabalho para acalmar sua ansiedade,
porém a droga lhe afeta a memória. Que não sabe o motivo de ter sido denunciado.
Que conheceu Jacson Simões, de alcunha “Mortadela”, no presídio. Que nunca
presenciou Petri e Douglas comercializando drogas ou tendo atitudes erradas, sendo
pessoas de boa índole e trabalhadores. Que também foi usuário de cocaína, mas que
buscou ajuda com seu pai. Que na época dos fatos trabalhava como garçom e
instalador de película automotiva. Que conhece Vinícius Petri desde criança. Que
conhecia Yan Kauê da Silva Brasil, com o qual conversava, mas que nunca
presenciou nada de errado. Que comprava entorpecente de um indivíduo de alcunha
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“Cabeludo” que ficava em uma praça. Que gastava em torno de R$ 100,00 por mês
de maconha. Que usava o telefone celular de sua irmã. Que já usou entorpecente na
companhia de Vinícius Petri. Que realizou tratamento junto ao CAPS. Que manteve
contato com Leandro Lemes na Rosa no mercado em que aquele trabalhava, sendo
uma pessoa educada e trabalhadora. Que conhece Cleiton em face de trabalhar uma
agropecuária que o depoente adquiria ração. Que não possuí vínculo com Jackson da
Cruz. Que não possuí envolvimento com facção, nem mesmo com uso de
armamento.

O réu Cleiton dos Santos Stumm aduziu nunca ter comercializado


entorpecente. Que é usuário de droga e sempre trabalhou para sustentar o vício. Que
fumava maconha para controle da ansiedade e se sentir melhor, pois é uma pessoa
nervosa. Que a maconha apreendida era para seu consumo. Que era amigo de
Douglas Croda, o qual residia ao lado do seu trabalho. Que nega a prática dos delitos
que lhe são imputados. Que também conhecia Vinícius Petri da escola, sendo que
não conhece os demais. Que não tinha telefone celular. Que não pode revelar de
quem adquiriu o entorpecente, apenas que não foi dos corréus. Que conheceu
Leandro Lemes da Rosa no trabalho, mas não sabe se era usuário.

O denunciado Douglas Alex Croda de Oliveira negou a prática dos


delitos, relatando a inexistência de associação entre os acusados. Que conhece
Vinícius Petri e Cleiton há anos, com quem fumava maconha, mas nunca
comercializou entorpecente. Que no tocante ao terceiro fato, aduziu que quando da
abordagem, realizada na frente de sua residência, possuía um cigarro de maconha e
Vinicíus Petri dois tabletes do entorpecente, sendo que os policiais afirmavam que o
declarante, Vinícius Petri e Leandro estavam comercializando drogas, pois estavam
juntos na ocasião. Que foi apreendido telefone celular. Que é usuário e não adquiriu
de nenhum dos corréus o entorpecente utilizado. Que conheceu Jacson Simões, de
alcunha “Mortadela”, dentro do presídio em que recolhido. Que conhecia Volnei de
vista, mas sabe que é usuário. Que as mensagens existentes no seu telefone decorre
de brincadeiras entre amigos e com uso de arma de brinquedo. Que quando os
policiais estiveram em sua residência foram apreendidos dois tabletes de maconha
destinados ao seu uso, com peso de 3g, porém não pode falar de quem comprou.
Que o comprovante de depósito em fazer de Andressa Zanata era decorrente de duas
faxinas realizadas no valor de R$ 75,00, o qual não estava junto com a droga. Que
conheceu Gabriel Mafalda no presídio. Que a conversa com Cleiton era relativo ao
entorpecente que utilizavam, sendo esse adquirido em conjunto, pois fumavam após
o expediente de trabalho. Que o papel seda era utilizado para enrolar a droga para o
consumo. Que não sabe o motivo de ter sido denunciado. Que também usava droga
com Vinícius Zanete, além de jogarem videogame juntos. Que a droga foi adquirida
na praça, mas não sabe informar quem era o indivíduo que lhe vendeu. Que
Andressa Zanata possui relação com Gabriel Mafalda. Que arma que aparece no

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vídeo é de brinquedo, não sabendo se estava na sua casa quando do cumprimento do
mandado. Que na época da prisão trabalhava e estudava. Que não tem relação com
facção. Que conhecia Jackson Carbone da Cruz de vista.

O acusado Volnei Luis de Moura Franco relatou ter sido apreendido na


casa em que residia, que não era de sua propriedade, uma quantia de 6g de maconha.
Que o dinheiro apreendido era decorrente do seu trabalho, sendo que parte foi
utilizada para aquisição do entorpecente, pois usuário. Que não tinha vínculo com os
demais denunciados, sendo que alguns conhece apenas de vista. Que era amigo de
Vinícius Petri e Douglas Croda, os quais os encontrava aos finais de semana para
beber e usar maconha. Que não conhece Vinícius Zanette. Que adquiriu a droga de
um indivíduo na praça, mas não sabe identificá-lo. Que tinha celular que foi
apreendido. Que o declarante cuidava de sua genitora, sob quem possui a curatela
em face dos problemas de saúde, mas que não estava em sua companhia quando da
sua prisão. Que não tinha contato com Leandro Lemes da Rosa. Que não conhecia
Jackson Carbone da Cruz. Que não tinha arma de fogo e nem comercializava
entorpecente. Que não possui ligação com facção.

Jackson Carbone da Cruz, quando interrogado, negou que a história do


veículo fosse verdadeira. Que não tinha motivo para correr, pois não comercializa
entorpecente e possuía somente 5g de cocaína. Que era amigo de Vinícius Guillardi
e costumavam usar drogas juntos. Que não sabe o motivo de ter sido denunciado,
sendo que conhece os demais apenas de vista. Que não tinha contato com Volnei,
Vinícius e Douglas. Que as drogas não eram de sua propriedade mas de seu amigo,
porém não sabe de quem foram adquiridas. Que o declarante e Vinícius tiveram os
celulares apreendidos. Que estava na garagem, pois estava cuidando do imóvel. Que
saia para trabalhar na segunda e retornava na sexta ou às vezes até duas semanas
após, além de trabalhar com garçom. Que após o ocorrido buscou parar com o uso
de droga. Que no momento que tomou conhecimento que estava sendo procurado se
apresentou na Delegacia de Polícia. Que nunca teve envolvimento com arma.

Jacson da Silva Simões, quando interrogado, negou a prática delitiva,


aduzindo ter tomado conhecimento da situação quando da sua prisão. Que não
conhece os corréus e nem possui envolvimento com a facção “Os Manos”. Que
acredita ter sido denunciado por perseguição, pois sempre trabalhou. Que possui a
alcunha de “Mortadela”. Que sua namorada é proprietária de uma loja de roupa e
sua mãe é aposentada. Que na ocasião dos fatos da denúncia estava recolhido no
presídio. Que não possui telefone celular no interior da casa prisional. Que conhece
Bernardo e Leandro do ergástulo. Que saiu do presídio e continuou trabalhando com
carteira assinada em uma borracharia. Que tem três filhos que estão sob cuidados da
sua irmã e genitora, pois encontra-se recolhida e a genitora dos menores possui

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transtorno boderline. Que sua mãe necessita utilizar oxigênio em face de ter sido
acometida por Covid. Que o declarante prestava auxílio aos filhos e a genitora. Que
nunca teve envolvimento em ocorrências policiais tendo drogas como objeto.

O denunciado Leandro Lemes da Rosa negou o envolvimento nos


fatos. Que estava na companhia de Vinícius Petri e Douglas Croda, na casa de
Douglas, pois arrumariam o som do seu veículo, quando a polícia chegou e os
encaminhou até a Delegacia. Que sempre trabalhou e quando prestou serviços
militares foi destaque, ganhando troféus e medalhas. Que é usuário de maconha,
droga que lhe acalmava. Que não sabe o motivo de ter sido denunciado. Que o vídeo
foi gravado, no telefone de Douglas, em tom de brincadeira entre amigos. Que não
possui vínculo com os acusados, apenas amizade de festa com alguns, sendo que os
demais conheceu no presídio. Que mantinha maior contato com Vinícius Petri,
conhecendo Douglas há quatro, cinco meses. Que não sabia que Vinícius e Douglas
estavam com droga no bolso. Que o vídeo foi gravado na residência em que o
declarante alugava. Que a arma era brinquedo de airsoft, mas não sabe precisar
quem era o proprietário, pois estava no pátio da residência. Que estava
acompanhado de Douglas, não recordando se Vinícius estava junto, sendo a mídia
gravada há três anos. Que estava trabalhando de carteira assinada na ocasião que foi
preso. Que nunca teve desavenças com ninguém.

O acusado Vinícius Petri Gulgiemin explicou ser usuário de maconha,


mas que nunca vendeu entorpecente. Que conhece Leandro, Bernardo, Volnei e
Croda, sendo que não conhecia os demais. Que em relação ao terceiro fato, estava na
companhia de Douglas e Leandro andando de carro, quando foram até a casa de
Douglas para buscar uma seda para fumarem maconha, momento em que abordados
pela Brigada Militar. Que a droga não era para revenda. Que conheceu Jacson
Simões na prisão. Que foi abordado por diversas vezes na posse de entorpecente.
Que residiu no início do ano em Frederico Westphalen e no meio do ano em Iraí/RS.
Que o declarante estava com a droga e Croda “um baseado bolado”. Que não
recorda o local e nem de quem adquiriu o entorpecente. Que Leandro sabia da
existência da droga, pois também consumiria. Que teve seu aparelho de telefone
celular apreendido. Que não participou da gravação do vídeo. Que Volnei e
Bernardo também são usuários, sendo que aquele já fumou em sua companhia. Que
estava em Palmeira das Missões há mais de trinta dias, pois estava esperando a
resposta de uma entrevista de emprego. Que realizou um tratamento medicamentoso
para parar de fumar, sem sucesso. Que nunca teve arma de fogo. Que não tem
envolvimento com facção criminosa. Que com a droga que possuía quando da
abordagem era possível confecção de três cigarros.

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O réu Vinícius Zanette Baptista declarou que plantava maconha para
uso próprio, porém nega a comercialização do entorpecente. Que com firma a
apreensão da droga e objetos na sua residência. Que está realizando tratamento para
combater o vício. Que era amigo de Douglas Croda, mas não revendiam drogas e
que em relação aos demais conhecia de vista. Que acredita ter sido denunciado por
contar sobre o cultivo para outras pessoas, principalmente amigos. Que não possuía
amizade com Volnei, apenas o conhecia. Que está arrependido do fato. Que contou
sobre o cultivo para Douglas, mas não para Volnei, pois não mantinham contato.
Que em algumas oportunidades não chegou a produzir drogas, pois era um trabalho
exaustivo de cuidados. Que na data do fato estava apenas estudando. Que os
equipamentos para cultivo foram adquiridos na cidade, pois não são de difícil
acesso. Que não recorda do seu número de telefone celular. Que tomou
conhecimento das fotografias após o processo. Que nunca soube de Leandro ser
proprietário de arma ou de comércio de entorpecente. Que as folhas de maconha não
eram para venda. Que tomava remédio para ansiedade.

O policial militar Leomar Carvalho dos Santos (2º Fato), relatou que
chegou ao conhecimento da guarnição o fato de ter sido alugado o imóvel para
comercialização de entorpecentes, passando o local a ser monitorado. Que havia
intenso fluxo no imóvel, sendo que em uma das oportunidades em que realizavam
monitoramento, chegou um veículo Fox, de cor preta, quando o individuo que estava
no interior passou a utilizar o telefone celular. Que posterior o acusado Jackson
Carbone da Cruz saiu do interior do imóvel e alcançou um pacote para o indivíduo
que estava no interior do veículo, porém não sabe precisar o conteúdo. Que quando
da tentativa de abordagem ao veículo o condutor saiu em alta velocidade, enquanto
Jackson correu para a garagem do imóvel, porém foi custodiado. Que foram
localizadas três porções de cocaína em cima de uma mesa, sendo que Jackson e um
indivíduo conhecido por Guillardi, acreditando se chamar Vinícius, se encontravam
no local. Que Jackson assumiu a propriedade do entorpecente, enquanto Guillardi
referiu ser apenas usuário, sendo que ambos foram encaminhados para a delegacia
de polícia. Que na ocasião também foram apreendidos dois telefones celulares e R$
96,00 reais que estava na posse de Jackson. Que Jackson já era conhecido dos
policiais ao contrário do acompanhante. Que o local era ponto de tráfico, porém
localizado perto de escola e outros bairros, sendo um ponto estratégico para o
comércio de drogas. Que a residência era localizada de frente para o mato, sendo de
fácil monitoramento. Que durante o monitoramento evitam contato via rádio a fim
de impossibilitar a publicização da diligência. Que é pequeno o tempo entre
monitoramento e a abordagem. Que não recorda se houve a confecção de relatório
acerca da diligência. Que foram colhidas apenas as iniciais da placa do veículo Fox.
Que realizou-se buscas no imóvel, porém nada mais foi localizado, embora acredita
que havia mais entorpecentes escondidos. Que o declarante não efetuou novo

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monitoramentos envolvendo o acusado Jackson. Que Jackson estava entregando o
pacote para o condutor do carro que empreendeu fuga. Que os frequentadores do
imóvel mexiam constantemente no telefone.

A testemunha Vinícius Magalhães Guillardi (2º Fato), asseverou não


recordar do fato, pois era usuário e fazia uso frequente de cocaína, tanto que foi
internado pela família e após ter alta não retornou para Palmeira das Missões. Que
na ocasião estava na casa de Jackson, pois eram amigos. Que nunca adquiriu droga
de Jackson, porém na oportunidade fez uso de entorpecente, mas não sabe de quem
comprou. Que tinha aproximadamente uma bucha e meia de cocaína. Que não
recorda se Jackson usou ou tinha droga na sua posse. Que conhece as pessoas de
Volmir de Abreu Giacomelli e Juliano Giacomelli, sendo que já frequentou a casa
deles, pois uma vez estava cuidando de um animal quando estava portando uma
porção de maconha apreendida pela polícia. Que conhece Leandro Lemes da Rosa
de vista e nunca presenciou o envolvimento com droga. Que foi no imóvel em que
abordado apenas uma vez para o uso de entorpecente. Que conhece Jackson há oito
anos aproximadamente. Que costuma estar na companhia Jackson, inclusive usaram
entorpecente na sua companhia, mas não recorda se aquele fez uso. Que não recorda
se Jackson saiu do interior do imóvel em que estavam ou mesmo como foi a chegada
dos policiais. Que estava na sala e Jackson em outro cômodo. Que os policiais
realizaram revista no imóvel e os conduziram presos. Que não sabe se houve a
apreensão de entorpecente, apenas de aparelhos celulares. Que passava bastante
tempo com Jackson em face de conflito familiares, sendo que na oportunidade
saíram da casa onde aquele morava e foram até o local da abordagem. Que jogava
videogame e fumava maconha na companhia de Jackson. Que toda a droga que
portava fez uso na data do fato. Que não sabe se Jackson fez uso de entorpecente.
Que não presenciou a realização de comércio por parte de Jackson.

O policial militar José Allan de Menezes (2º Fato), explicou que


realizava monitoramento em companhia do colega Leomar no local conhecido como
ponto de venda de drogas. Que chegou no local um veículo Fox, de cor preta,
ocasião em que o condutor efetuou contato, momento em flagraram o acusado
Jackson Carbone da Cruz deixar a residência e entregar um invólucro ao motorista
do automóvel. Que a guarnição, ao se aproximar do carro, esse empreendeu fuga,
enquanto Jackson correu para o interior da residência. Que realizada a abordagem de
Jackson na garagem da residência, onde Vinícius já se encontrava. Que em revista
foi localizado e apreendido dinheiro com o acusado e três buchas de cocaína em
cima de uma mesa, além de telefones celulares, sendo Jackson e Vinícius levados à
Delegacia. Que o local era conhecido por ser ponto de venda de entorpecente, sendo
que nos meses de janeiro e fevereiro, período em que o depoente realizou
diligências. Que o monitoramento foi realizado em face de se tratar de um dia
chuvoso e com uma mata localizada em frente ao imóvel. Que o depoente estava no

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interior da mata realizando o monitoramento. Que o condutor do Fox era masculino
e o carro com iniciais DHY, sendo que os demais caracteres não foram identificados
e nem mesmo o automóvel restou abordado. Que Jackson estava com dinheiro e
aparelho celular, enquanto Vinícius, que estava no interior da residência, localizado
um celular e a droga estava em cima da mesa. Que Jackson era monitorado em face
das informações recebidas. Que não sabe se Vinícius teria usado entorpecente na
data do fato. Que certamente o acusado, para exercer a traficância no município,
possui relação com a facção e os demais indivíduos. Que é integrante do Setor de
Inteligência da Brigada Militar há cinco anos e nesse período já participou na
realização de diligências que culminaram na prisão dos indivíduos, inclusive de
apoio ao cumprimento de mandados pela Polícia Civil. Que no momento estavam de
a pé, pois a viatura era descaracterizada e estava estacionada em outro lugar. Que
não recorda do envio de informações à Polícia Civil que resultou no cumprimento de
mandados de busca. Que observou Jackson entregar um invólucro pela janela do
automóvel, momento em que acionou a guarnição para realização da abordagem.
Que não visualizou a entrega de dinheiro. Que ao iniciar o monitoramento, Jackson
e Vinícius já estavam na residência. Que o depoente não realizar a revista do
indivíduos. Que os acusados foram apresentados na Delegacia pela guarnição.

O Conselheiro Tutelar Christian Brizola (6º Fato), declarou ter


comparecido na Delegacia de Polícia em face da presença de menor na ocorrência.
Que buscou acompanhamento psicológico envolvendo Jackson de Carbone da Cruz.
Que não sabe o motivo que ensejou a ocorrência. Que não conhece Leandro Lemes
da Rosa.

Leandro de Azeredo de Moraes, policial militar (2º e 3º Fatos), relatou


que em relação ao segundo fato o declarante atendeu a ocorrência e em relação ao
terceiro foi acionado, na companhia de um colega, para realização da condução dos
indivíduos até a Delegacia, pois os agentes que abordaram os indivíduos estavam
tripulando motocicletas, razão pela qual ficou constando apenas como testemunha
de apresentação. Que houve informação repassada pelo Setor de Inteligência sob a
realização do comércio de entorpecentes na residência em que se encontrava o
acusado. Que chovia na data dos fatos quando a guarnição foi informada da entrega
de entorpecente por Jackson ao condutor de um veículo Fox, placas com iniciais
DHY, o qual não foi possível abordado em face da fuga. Que Jackson correu para
dentro da residência, porém foi abordado, ocasião em que localizadas, em cima de
uma mesa, três porções com substância com características de cocaína, um valor em
dinheiro e dois telefones celulares. Que Jackson afirmou ter vendido uma porção
para o indivíduo do automóvel pelo valor de R$ 50,00, sendo preso em flagrante
com encaminhamento ao hospital e posteriormente para a Delegacia de Polícia. Que
já havia informações dando conta da prática da traficância pelo acusado. Que não
tinha conhecimento do tráfico denunciado no terceiro fato. Que presenciaram o

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momento em que Jackson entregou a substância ao motorista do carro por
intermédio da janela que foi aberta, o qual não foi identificá-lo na ocasião. Que não
recorda do que teria sido dito pelo indivíduo que estava na companhia de Jackson,
de nome Vinícius Magalhães Guillardi. Que não recorda de ter atendido ocorrência
envolvendo Vinícius Petri e Vinícius Baptista. Que na data da abordagem a
guarnição estava em patrulhamento quando foram informados da situação. Que há,
na cidade, com um veículo com as iniciais DHY, sendo a informação repassada aos
policiais civis. Que a droga apreendida não estava sendo consumida, pois estava
embalada. Que acredita que Jackson não recebeu o valor da venda em face da
chegada da viatura. Que não recorda de ter abordado Jackson. Que tinha
conhecimento do tráfico no local, mas não quanto aos indivíduos.

O policial militar Silmar Miguel Engelmann (3º Fato), confirmou os


termos da denúncia relatando que após recebimento de informações compareceram
ao local e abordaram os acusados Vinícius Petri Gulgielmin, Douglas Alex Croda
Oliveira e Leandro Lemes da Rosa em frente ao portão de uma residência. Que o
depoente não tinha informações do comércio de entorpecentes, apenas recebeu
informações do Setor de Inteligência. Que os denunciados estavam parados no local.
Que Vinícius Petri portava a porção de maconha e Leandro um cigarro de maconha
na carteira de cigarros com outros normais, enquanto Douglas nada possuía. Que os
acusados referiram tratar-se de entorpecente para uso pessoal, sendo que
posteriormente Leandro relatou ser Vinícius Petri o fornecedor da droga. Que
provavelmente abordou os denunciados em outras propriedades. Que foi a primeira
vez que tomou conhecimento do tráfico no local, pois reside na cidade há um ano e
pouco. Que o depoente foi responsável pela revista dos três acusados. Que nenhum
dos três elementos estava consumindo entorpecente. Que os abordados foram
encaminhados para a Delegacia, mas não sabe o que ocorreu posteriormente.

Tiago Scremin Milani, policial militar (3º Fato), explicou não ter
participado da abordagem, a qual foi realizada de policiais que estavam de
motocicleta. Que efetuou a condução dos acusados até a Delegacia de Polícia. Que
já tinha conhecimento da existência de denúncias dos envolvidos dos réus na prática
delitiva, sendo o morador da residência com participação, sendo ele Douglas Croda.
Que os acusados estavam com drogas no momento da abordagem, mas que não sabe
se era para uso.

O policial militar Gabriel Gonçalves Disconzi (6º Fato), declarou ter


participado do cumprimento do mandado de busca e apreensão em que foram
apreendidos os objetos descritos. Que possuía informação da prática de tráfico pelo
acusado Volnei na praça Paulo Anderghi, localizada nas proximidades da residência
do acusado. Que a moradia parecia um ponto de consumo de entorpecentes, pois
havia entre oito e nove pessoas e casa bem suja. Que os indivíduos se encontravam

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dormindo no momento do cumprimento da diligência. Que não recorda se foi o
depoente que localizou os objetos ou foi algum colega, pois ambos estavam fazendo
buscas no quarto de Volnei. Que houve a apreensão de papel filme/alumínio,
dinheiro, drogas e telefones celulares. Que a droga estava dentro de uma gaveta e o
dinheiro dentro de uma carteira de propriedade de Volnei.

A informante Lauren da A. das C. (6º Fato), relatou não ter


conhecimento do fato, pois estava no outro quarto com seu ex-namorado de nome
Igor Lopes. Que não sabe se Volvei comercializa entorpecentes. Que não utilizaram
droga no dia em questão e não sabe se Volnei é usuário. Que não conhece Leandro
Lemes da Rosa. Que nunca adquiriu droga de Volnei e nem o viu realizar venda de
entorpecente.

O policial militar Nelson Flores Ignácio Ribeiro (1º e 3º Fatos),


informou que na oportunidade estava nas proximidades da praça Paulo Ardenghy,
oportunidade em que ao ser efetuada a abordagem de um indivíduo, receberam a
informação da existência de comércio de entorpecentes em uma casa próxima à
rodoviária. Que o indivíduo ao ser abordado repassou as características dos acusados
posteriormente abordados, sendo identificados como Vinícius Petri Gulgielmin,
Douglas Alex Croda Oliveira e Leandro Lemes da Rosa (3º Fato), porém não se
identificou por medo de represálias. Que os acusados portavam droga que restou
apreendida e aqueles conduzidos à Delegacia de Polícia. Que participou do
cumprimento de mandados de busca e apreensão com base nas informações
repassadas pelo Setor de Inteligência. Que os indivíduos abordados estavam parados
e conversando na frente da residência. Que não recorda onde estavam
acondicionados os entorpecentes, sendo um cigarro de maconha e dois tabletes da
droga. Que além do material ilícito foi apreendido dinheiro, celular e papel seda para
confecção dos cigarros. Que em outra oportunidade atendeu ocorrência envolvendo
Vinícius Petri por posse de entorpecente. Que sabe da existência de vinculação
entres os denunciados. Que não recorda de ter atendido outras ocorrências
envolvendo Jacson da Silva Simões, de alcunha “Mortadela”. Que na Delegacia
apresentou os acusados por posse de entorpecentes. Que não tem conhecimento de
investigação contra Jackson Carbone da Cruz, apenas em relação a Jackson da Silva
Simões.

Marcelo Brandão Ardenghy, policial civil (1º e 7º Fatos), informou ter


atuado como escrivão do inquérito em que realizada a investigação, a qual teve
início quando da abordagem pela Brigada Militar dos denunciados Leandro, Petri e
Croda, oportunidade em que realizada a apreensão de drogas e telefones celulares.
Que durante a análise dos telefones obteve informação do vínculo dos acusados com
outros indivíduos. Que a maioria dos identificados eram usuários e passaram a
comercializar a droga a partir dos fornecimentos por Vinícius Petri Gulgielmin e

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Croda. Que Vinícius Petri mantinha vínculo com o preso Jacson Simões, de alcunha
Mortadela. Que durante a investigação foram cumpridos mandados de busca e
apreensão que resultaram em prisões em flagrante. Que participou do cumprimento
do mandado de busca na residência de Cleiton Stumm, o qual, inicialmente, negou
que possuísse droga, porém em busca houve a localização da porção de maconha
quando Cleiton passou a referir ser usuário. Que os acusados comprovam droga para
uso e posteriormente passaram a vender com o objetivo de ganhar dinheiro,
mantendo a associação conforme conversas obtidas, sendo movimentada grande
quantidade de entorpecente, além da existência de armas de fogo com ameças de
morte e envolvimento com a facção “Os Manos”, conforme fotografias obtidas. Que
nas fotografias havia referência aos números 14.18.12. da facção “Os Manos”. Que
Jacson Simões, alcunha “Mortadela”, preso por duplo homicídio e com ligação com
“Os Manos”, mantinha contato com Douglas Croda e principalmente Vinícius Petri.
Que foram localizadas no telefone celular de Petri fotografias dos cartões bancários
da genitora e companheira de “Mortadela”, bem como comprovante de depósito de
Petri para a companheira de “Mortadela”, Pâmela Soeiro Brandão. Que foram
localizadas conversas entre Petri, Croda e “Mortadela”, sendo o último o fornecedor
do entorpecente. Que durante o cumprimento do mandado de busca não foi o
declarante quem localizou a drogas, mas acredita ter sido pela policial Yasmin. Que
Jacson Simões comente delitos há anos com envolvimento com a facção, sendo que
não houve conversas interceptadas em face daquele estar preso por duplo homicídio,
inclusive já foi preso em flagrante por tráfico no momento em que realizada a prisão
após um indivíduo estar comercializando entorpecente de Mortadela, o qual portava
grande quantia em dinheiro. Que na época da prisão Jacson Simões não trabalhava.
Que nunca abordou Mortadela com entorpecentes. Que durante o cumprimento dos
mandados de busca e apreensão Jacson Simões já se encontrava solto, mas que o
depoente não acompanhou o cumprimento, apenas sabe que houve a apreensão de
aparelho de telefone que não foi possível o acesso. Que um dos comprovantes de
depósito de Petri para Pâmela era no montante de trezentos e poucos reais. Que
conheceu a companheira de Jacson Simões a partir da investigação, mas não sabe
em que ramo trabalha. Que conhece Leandro Lemes da Rosa da investigação e que
tem ciência de ser proprietário de um veículo Fiesta. Que houve apreensão de duas
porções de entorpecente com Vinícius Petri que serviu como ponto inicial da
investigação, bem como diante das informações constantes no aparelho de telefone
celular em que constava demonstração da grande quantidade de droga, fotografias
de Vinícius pesando o entorpecente, armas de fogo, o que também veio demonstrada
pelas conversas constantes no telefone celular. Que não foi realizou-se buscas na
residência de Petri em face de não residir na cidade, mas sim em Iraí. Que a relação
com Jacson Simões são decorrentes de informações, depoimentos dos investigados,
conversas e comprovantes de depósitos. Que todos os denunciados são usuários e
começaram no tráfico em decorrência de tal situação. Que tomou conhecimento do
envolvimento de Jackson Carbone da Cruz quando da abordagem e apreensão de

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entorpecente. Que a participação de Cleiton ficou demonstração a partir das
conversas com Douglas Croda, os quais tentavam adquirir maior quantidade de
entorpecente para venda, bem como diante do cumprimento da busca e apreensão.
Que Jackson Carbone, Cleiton e Douglas possuíam trabalhos quando da realização
das diligências. Que Jackson Carbone compareceu na Delegacia quando tomou
conhecimento de que estava sendo procurado. Que Douglas Croda foi preso em
flagrante e mediante cumprimento de mandado de prisão. Que Mortadela distribuía
drogas para Petri e possuía vínculo com Cleiton Stumm e Bernardo. Informou que
no dia da abordagem de Bernardo houve conversas entre Douglas e Petri, onde o
primeiro afirmava ter outra parte da droga apreendida com Bernardo, bem como
achavam que Bernardo teria “cagoetado” os réus e faziam promessas de morte a ele.
Além disso, mencionaram que Bernardo teria entrado em contato com Douglas para
buscar o resto dos entorpecentes que estariam com ele. Douglas possuía contato com
Volnei e Vinícius Zanette. Tem certeza de que Bernardo traficava, mas não pode
afirmar que o mesmo é um réu recorrente. Na mesma noite, foi apreendida uma
encomenda na casa de Bernardo contendo placas frias e camisetas falsificadas
polícia civil.

O policial civil Jean Zanchin (1º, 4º e 7º Fatos), aduziu ter participado


das buscas na residência de Douglas Croda, além da apreensão na casa de Cleiton
Stumm. Que na casa de Croda localizou-se um comprovante de depósito, dinheiro
fracionado e duas porções de entorpecentes. Que na casa de Cleiton Stumm drogas
foram encontradas e apreendidas. Que a conclusão pelo delito de tráfico de drogas
não se baseia apenas na quantidade de drogas apreendida e sim em toda a
investigação feita pela polícia, bem como, deixa claro que qualquer residência pode
ser um ponto de drogas.

A policial civil Andressa Farias Milezzi (4º Fato) relatou ter


participado no cumprimento de mandado de busca e apreensão, sendo que na
escrivaninha do quarto foi localizada duas buchas de maconha com peso de 3g, R$
76,00 em notas diversas, bem como um comprovante de depósito em nome de
Andressa Ribeiro Zanatta. Que era de conhecimento do Setor de Investigação do
envolvimento de Douglas no comércio de entorpecente, sendo o mandado de busca
expedido com o objeto de apreender drogas. Que Douglas estava acompanhado da
mãe e irmão, menor de idade. Que o mandado foi cumprimento às 07h da manhã,
momento em que os residentes da casa estavam dormindo. Que Douglas negou
possuir entorpecente, porém houve localização no momento das buscas. Que não
conhecia Douglas, não sabendo se há outra investigação, pois não é integrante do
Setor de Investigação.

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Ricardo Ramos Rebelo (1 e 6º Fatos), afirmou que participou das
buscas na casa de Volnei, analise telefônica e tem conhecimento da investigação do
primeiro fato, uma vez que ajudou instruir o inquérito. Que a investigação realizada
incluiu todos os réus e concluiu pela associação para o tráfico, onde alguns deles
concentravam maior parte da droga para a venda e outros carregavam quantia
irrisória para se enquadrarem como usuários. Que o comércio era realizado próximo
da praça Paulo Ardenghi. Que na residência de Volnei havia cinco pessoas na sua
companhia, sendo que aquele referiu ser usuário e assumiu a posse das drogas,
ocasião em que apreendidos sessenta reais, um rolo de plástico filme, um telefone
celular e a quantia de seis gramas de entorpecente. Que no telefone do réu foram
encontrados indícios do tráfico de drogas, uma vez que o mesmo parecia combinar a
venda e entrega dos ilícitos.

A policial Luciana Indaia Perdonsini (5º Fato), testemunha, policial


civil, ouvida em juízo afirmou que auxiliou nas buscas no quarto de Vinícius Zanette
Baptista, encontrando dois portes com folhas de maconha, e dentro do guarda-roupa
uma espécie de estufa artesanal com resquícios de folhas secas de maconha. As
informações recebidas diziam se tratar de tráfico de drogas. Na residência estavam
Vinícius e sua mãe. A estufa não pode ser retirada pois era projetada dentro do
móvel. Vinícius parecia calma no momento da apreensão.

Yasmim Fioreze de Souza, policial civil (7º Fato), declarou ter


acompanhado as buscas do cumprimento do mandado de busca, oportunidade em
que apreendida cerca de um grama de maconha, a qual estava dentro de um bidê
branco em um pratinho.

Já Jussan Albarello de Cezaro (5º Fato), confirmou os termos da


ocorrência, relatando que na residência de Vinícius Zanette, encontraram ele e sua
mãe no local, sendo que dentro do guarda-roupas foi encontrada uma estufa e dentro
dela, um balde com maconha.

As testemunhas e informantes Cláudio José Petri, Lilian Gulgielmin,


Mateus Cerutti Bolsi, Marcelo Rodrigues da Silva e Maria Inês Petri, arroladas pela
defesa do acusado Vinícius Petri Gulgielmin, limitaram-se a abonar a conduta.

Da mesma maneira, foram os depoimentos abonatórios das


testemunhas arroladas por Cleiton dos Santos Stumm, quais sejam Carlos Augusto
Duarte Rocha, Mara da Silva Ferreira, Marcos Sérgio de Oliveira e Eliete dos Santos
Borges.

Dando continuidade, Vera Lúcia de Vargas Martins, Maira Teresa


Frigeri Galeazzi  e Osilda Brizola Bueno abonaram a conduta do denunciado
Douglas Alex Croda de Oliveira.
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Já Jaqueline Carbone da Cruz Zamboni, Sandro Osmar Bueno, Pedro
Jucemar Bueno e Gilmar Bueno, testemunhas arroladas por Jackson Carbone da
Cruz, limitaram-se a abonar a conduta do acusado.

Na mesma linha abonatória, foram os depoimentos das testemunhas


arroladas por Jacson  da Silva Simões, quais sejam Rodrigo Pietrobelle, Mônica
Cristina da Silva Santos.

Por fim, a testemunha e informantes Luiz Fernando Teixeira Doro,


Marcelo Adão Zanette e Márcia Eva Zanette  aboraram a conduta do réu Vinícius
Zanette Baptista.

Essa é a prova produzida nos autos.

1
Conforme bem adverte Gustavo Badaró , na avaliação da prova
testemunhal, o juiz deve estar atento a dois fatores: a pessoa que prestou o
depoimento e o conteúdo desse depoimento. Transcrevo a lição do doutrinador:

Na avaliação do depoimento, o juiz deve estar atento a dois fatores: (1)


o sujeito que prestou o depoimento; (2) o conteúdo da sua narrativa.

Quanto ao sujeito, não se poderá dar o mesmo valor ao testemunho de


uma pessoa que presta compromisso de dizer a verdade e de outra que não tem tal
obrigação. Também não se pode dar o mesmo valor a uma testemunha em relação à
qual se acolheu a contradita.

No tocante ao conteúdo da narrativa, o juiz deve dar especial


importância para informação da testemunha sobre as “razões de sua ciência” (CPP,
art. 203). Além disso, a quantidade de detalhes do testemunho é um fato importante
em sua valoração. Depoimentos com conteúdo indeterminado não podem fornecer
uma real percepção dos fatos. Os fatos são acontecimentos concretos, inseridos em
um contexto, devendo ser narrados em seus detalhes.

Outro aspecto relevante é a persistência do testemunho, isto é, a


testemunha ter apresentado versões uniformes todas as vezes que tenha sido ouvida.
Versões isentas de contradições e hesitações devem ter maior valia.

No caso posto, os policiais prestaram, sob compromisso, desde a fase


inquisitorial, uma versão uniforme e segura dos fatos. De outra banda, a narrativa
que se extrai de seus depoimentos é lógica e coerente.

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Em outro giro, nada indica que os policiais teriam qualquer motivo
para falsamente incriminarem os réus, notadamente para “armar uma operação
policial falsa”, e forjar flagrantes.

Diante do contexto exposto nos autos, não há como deixar de se dar


crédito aos policiais. Ressalte-se, inclusive, que, na condição de agentes
representantes do Estado, a palavra deles, na esfera administrativa, goza de
presunção de veracidade e legitimidade, e, somados aos demais elementos de prova
coligidos aos autos, são suficientes para embasar um juízo condenatório, pois
colhidos sob o manto do princípio constitucional do contraditório.

Em situações análogas assim tem se manifestado o TJRS por meio de


suas três Câmaras que julgam a matéria:

APELAÇÃO-CRIME. TRÁFICO DE DROGAS. MATERIALIDADE


E AUTORIA COMPROVADAS. PALAVRA DOS POLICIAIS.
SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. CONDENAÇÃO MANTIDA.
Entende-se pela validade dos depoimentos prestados por policiais
quando precisos e coerentes, como in casu, em que não há
qualquer motivo plausível para descredibilizar suas declarações.
Aliás, seria contraditório o Estado outorgar-lhes função de
tamanha relevância para, em seguida, não valorar suas palavras,
sendo que, não raras vezes, são eles as únicas testemunhas oculares
dos delitos. Assim, não importa que os agentes da segurança sejam
as únicas testemunhas acusatórias. Destarte, válidos os
depoimentos dos policiais e comprovada a finalidade comercial das
drogas, não há que se falar em insuficiência probatória em relação
ao crime de tráfico. PENA PRISIONAL. REDUÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. REPRIMENDA DE MULTA. NECESSIDADE
DE PROPORCIONALIDADE ENTRE AS SANÇÕES. REDUÇÃO
DE OFÍCIO. Apelo improvido. Pena de multa reduzida, de ofício.
(Apelação Criminal, Nº 70084590546, Primeira Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Manuel José Martinez Lucas,
Julgado em: 17-12-2020) (grifei)]

APELAÇÃO CRIME. TRÁFICO DE DROGAS. ASSOCIAÇAO


PARA O TRÁFICOL. DELITOS DE ARMAS. IRRESIGNAÇÕES
MINISTERIAL E DEFENSIVA. MATERIALIDADE. AUTORIA.
CARACTERIZAÇÃO. PALAVRA DOS POLICIAIS. PROVA
VÁLIDA. INIDONEIDADE NÃO DEMONSTRADA. Comprovada a
materialidade e a autoria dos réus no delito de tráfico de drogas,
inviável a absolvição pretendida. Para afastar-se a presumida

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idoneidade dos policiais (ou ao menos suscitar dúvida), é preciso
que se constatem importantes divergências em seus relatos, ou que
esteja demonstrada alguma desavença com os réus, séria o
bastante para torná-los suspeitos, pois seria incoerente presumir
que referidos agentes, cuja função é justamente manter a ordem e
o bem-estar social, teriam algum interesse em prejudicar
inocentes. O tráfico de drogas é tipo múltiplo de conteúdo variado,
havendo diversos verbos nucleares que o caracterizam; portanto, o
flagrante do ato da venda é dispensável para sua configuração, quando
restar evidente que a destinação dos entorpecentes é a comercialização
– como no caso restou comprovado. ASSOCIAÇÃO PARA O
TRÁFICO. AUSÊNCIA DE PROVAS. MANUTENÇÃO DA
ABSOLVIÇÃO. Para configurar o delito do artigo 35, caput, da Lei nº
11.343/06, necessário que o acordo de vontades estabeleça um vínculo
entre os participantes e seja capaz de criar uma entidade criminosa que
se projete no tempo e que demonstre certa estabilidade em termos de
organização e de permanência temporal. Caso dos autos em que os
réus praticaram em conjunto o tráfico de drogas, mas não há nos autos
prova de vínculo associativo permanente entre eles, devendo ser
mantida a absolvição dos apelantes da prática do delito de associação
ao tráfico. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. ART. 40, III, DA
LEI DE DROGAS. INAPLICABILIDADE. A intenção do legislador,
ao instituir a causa de aumento prevista no art. 40, III, da Lei de
Drogas, foi repreender com mais severidade o tráfico praticado em
locais com grande concentração de pessoas, pois a presença de
multidão, além de facilitar a disseminação da mercancia ilícita,
dificulta a identificação dos infrato a atuação da polícia. Desse modo,
ainda que a incidência da majorante independa da comercialização
direta às pessoas frequentadoras dos locais elencados no respectivo
dispositivo legal, no caso dos estabelecimentos de ensino, para
incidência da referida causa especial de aumento de pena, a infração
deve ter sido cometida nas dependências ou imediações da escola,
devendo ser adotado um critério razoável em função do perigo maior
que a Lei procura evitar. Caso concreto em que os réus estavam no
mesmo bairro onde fica a escola mencionada na denúncia, mas a certa
distância que não pode ser considerada como imediação, não havendo,
ademais, indicativos de que os denunciados estivessem tirando
proveito da movimentação do estabelecimento, devendo ser mantido o
afastamento, pois, da majorante prevista no art. 40, III, da Lei nº
11.343/06. PEDIDO DE AFASTAMENTO DA APLICAÇÃO DO
PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO ENTRE O TRÁFICO DE DROGAS
E O POSSE ILEGAL DE ARMA. TRÁFICO DE DROGAS E PORTE

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ILEGAL DE ARMA QUE REPRESENTAM CRIMES
AUTÔNOMOS. CONCURSO MATERIAL. Embora na prática seja
muito difícil desvincular o tráfico da violência e, por conseguinte, do
próprio ato de portar arma (já que é fato notório que armas são
utilizadas, de forma violenta, para assegurar o êxito das atividades
ilícitas ligadas à ilícita mercancia), no âmbito jurídico é praticamente
inviável vincular em uma só norma as condutas típicas de portar arma
e traficar, já que para isso o inciso IV do art. 40 da Lei 11.343/06 exige
que a arma seja efetivamente empregada na execução da ilícita
mercancia. De fato, para que a referida majorante tenha vez, é preciso
que o agente, na prática do tráfico que lhe for imputado, tenha usado a
arma para exercer intimidação concreta e voltada à viabilização da
traficância; se não o faz, o porte do armamento caracteriza crime
autônomo. Precedente. Caso dos autos em que deve ser reconhecido o
concurso material de crimes, sendo, o ato de  traficar  drogas  e
portar/possuir arma e munições, condutas autônomas. Impositiva a
condenação dos acusados pelo delito de armas. PENA-BASE.
MANUTENÇÃO. Pena-base mantida, diante da análise das vetoriais
do art. 59 do CP e art. 42 da Lei nº 11.343/06. MINORANTE.
AFASTAMENTO. PROVIMENTO DO APELO MINISTERIAL. A
privilegiadora do tráfico de drogas é uma benesse e, portanto, exceção
à regra; destarte, não deve ser objetiva e indiscriminadamente aplicada,
mas reservada a casos excepcionais em que a pena mínima do tráfico
(que, por si só, é um crime grave e usualmente merece a mais severa
repressão) se mostre desproporcional. Faz-se, então, necessária a
análise do caso concreto para garantir que a minorante seja reservada
não apenas a réus primários, mas a traficantes realmente eventuais, que
não fazem do tráfico sua “profissão”. Caso concreto em que o acusado
não demonstrou exercer qualquer atividade lícita e responde a outra
ação penal por tráfico de drogas, além do presente feito, circunstância
que indica o envolvimento do réu em atividade criminosa. Inviável,
pois, falar-se em tráfico eventual e ausência de dedicação à atividade
ilícita. MULTA. ISENÇÃO DA MULTA. IMPOSSIBILIDADE. PENA
CUMULATIVAMENTE COMINADA AO TIPO. APELO
DEFENSIVO DESPROVIDO E MINISTERIAL PARCIALMENTE
PROVIDO. UNÂNIME.(Apelação Criminal, Nº 70084598119,
Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz
Mello Guimarães, Julgado em: 16-12-2020) (grifei)

APELAÇÃO CRIME. TRÁFICO DE DROGAS. SENTENÇA


CONDENATÓRIA. IRRESIGNAÇÃO DEFENSIVA. SUFICIÊNCIA
PROBATÓRIA. REDIMENSIONAMENTO DA PENA. 1. TRÁFICO

5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478


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DE DROGAS. SOLUÇÃO CONDENATÓRIA. MANUTENÇÃO.
Para a configuração do ilícito penal previsto no artigo 33 da Lei nº
11.343/06, prescinde que o agente seja preso no momento exato em
que fornece materialmente a substância proscrita para terceiro,
bastando para que seja caracterizado o tráfico a presença de
circunstâncias concretas a indicar o comércio ilícito de entorpecentes.
Dos elementos prospectados nos autos, tenho que a manutenção da
condenação do réu Mabio Dayson Domingues Ferreira, no caso
concreto, é medida imperativa. Em que pese em Juízo o réu tenha
negado a imputação, alegando ter sido vítima de enxerto de drogas por
parte dos policiais – é certo que a prova oral produzida evidencia, com
clareza, ter sido ele o protagonista do crime de tráfico de drogas
descrito na denúncia. E as circunstâncias concretas do caso evidenciam
a destinação da substância apreendida à venda. A revelação do fato
criminoso decorreu da percepção dos policiais militares que, em
averiguação de rotina em região conhecida pela traficância, ao
perceberem o odor característico vindo de uma residência,
aproximaram-se do local e, por cima do muro, avistaram o réu
manuseando a expressiva quantidade de drogas apreendidas,
consistentes em 242 tabletes de maconha, pesando aproximadamente
260g com embalagem, 27 pinos de cocaína pesando aproximadamente
21g com embalagem, e 81 pedras de crack pesando aproximadamente
21g, tendo o suspeito, inclusive, tentado empreender fuga. Situação
fática a evidenciar a situação de traficância, mostrando-se descabida a
desclassificação para posse de drogas. 2. PALAVRA DOS
POLICIAS. VALIDADE. Deve se ter presente que o fato de as
testemunhas de acusação serem agentes públicos, por si só, não se
consubstancia em motivo para que suas declarações sejam
recebidas com cautela ou ressalva, salvo hipóteses em que reste
evidenciado o interesse particular do servidor público na
investigação, o que sequer se cogita no caso em tela. 3.
DOSIMETRIA DA PENA. Reprimenda corretamente consolidada em
07 anos de reclusão (Basilar de 06 anos – tisnados os antecedentes do
réu e as circunstâncias do crime -, pena agravada em 1/6, pela
reincidência), sequer controvertida. 4. PREQUESTIONAMENTO. O
julgador não está obrigado à análise de cada um dos dispositivos de lei
federal e da Constituição Federal destacados pelas partes, bastando que
fundamente a sua decisão acerca dos questionamentos postos a
julgamento na legislação que entende pertinente ao caso. APELO
DEFENSIVO NÃO PROVIDO.(Apelação Criminal, Nº 70083906248,
Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Viviane
de Faria Miranda, Julgado em: 19-11-2020) (grifei)

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Outrossim, passo a análise das condutas de cada réu, bem como a
verificação de eventual comprovação da autoria dos mesmos.

A fim de organização, passo a análise do primeiro fato:

Com efeito, a prova dos autos, não deixa dúvida  da associação


criminosa existente.

Importante referir que, após extração de dados do aparelho celular


de  DOUGLAS ALEX CRODA DE OLIVEIRA  (Evento 34, OUT7; Evento 94,
OUT1; Evento 113, OUT55, do IP 5000979- 20.2021.8.21.0020),  verificou-se que
este costuma realizar reuniões portando armas de fogo, oportunidade em que eram
proferidas ameaças a interlocutor, aduzindo que iria "levar tiro". Ainda, em áudios
(Evento 34, OUT7, pág. 43/44), alega que algum indivíduo estaria a ameaçar "a
gurizada da facção", dando a entender que integra grupos criminosos. 

Na mesma esteira, Croda e  VINÍCIUS PETRI


GULGIELMIN  trocaram mensagens dizendo que  BERNARDO DA COSTA
CAMPOS, preso por tráfico de drogas no dia 02/04/2021, conforme ocorrência nº
1054/2021 teria entregado a participação destes no tráfico ("caguetado" os
interlocutores), sendo que Croda disse: "vamo mata”. No áudio enviado por Croda
fora verificado que a existência de associação deste com Bernardo, quando diz que
"Sequela" (Bernardo) afirmou ter vendido o pedaço de 125 gramas e queria o outro
pedaço de cem gramas que estava com Croda.  A associação para o tráfico entre
Petri, Croda e Sequela está demostrada nas conversas, onde Petri ordena que Croda
pegue a droga na casa de Sequela e faça a venda a terceiro. Ainda, Croda relata
sobre pagamentos a serem feitos a Petrí, e a presidiários da facção, ao questionar se
iriam receber em cartão, ou seja, saldo para cartão telefônico usado com frequência
por apenados no interior de estabelecimentos prisionais.

Ainda, o fato de os investigados estarem armados, proferindo as graves


ameaças à população resta demonstrado pelo relatório da interceptação, em que por
diversas vezes há conversas e fotos relacionadas a armas de fogo, bem como,
diversas ameaças proferidas por estes (Evento 34, DOC07 dos autos do IP).

Soma-se a isso o fato de que os mencionados relatórios elaborados


pela Polícia Civil exibem grande quantidade de fotografias de porções de drogas
ilícitas (especialmente “maconha”, cocaína, LSD e Ecstasy), inclusive em volumes
expressivos, bem como de balanças de precisão utilizadas para pesagem das
substâncias (Evento 34, OUT7, pág. 3 a 7, 40-41, do telefone celular de DOUGLAS
ALEX CRODA OLIVEIRA; pág. 54, 62 a 94, do telefone celular de VINÍCIUS
PETRI GULGIELMIN).

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Em prosseguimento,  JACSON DA SILVA SIMÕES,  é tido como
“elo” entre os codenunciados e a facção “Os Manos”, figurando como o principal
fornecedor de drogas ilícitas dessa organização criminosa aos codenunciados. Este
denunciado esteve preso  até 02.08.2021, acusado de duplo homicídio qualificado
motivado por disputas relacionadas ao tráfico de drogas (5000068-
08.2021.8.21.0020). A investigação apurou que, enquanto segregado,  JACSON
comandava o tráfico de drogas e tinha contato direto, do interior do presídio, com o
codenunciado VINÍCIUS PETRI GULGIELMIN, como se  depreende de  troca de
mensagens entre este e DOUGLAS ALEX CRODA DOS SANTOS, em 19.04.2021
(Evento 34, OUT7, pág. 57, do IP 50009792020218210020).

No mesmo contexto, e ao encontro do acima dito, BERNARDO DA


COSTA CAMPOS, quando asseverou que recebeu drogas ilícitas de VINÍCIUS
PETRI GULGIELMIN o qual, por sua vez, pegava a substância “com a gurizada do
presídio” e distribuía para outros traficantes revenderem, sendo um deles
DOUGLAS CRODA, mencionando saber  que, na época, VINÍCIUS conseguia a
droga com um detendo de alcunha “Mortadela”, que depois foi solto (JACSON).

Das extrações, verificou-se que  LEANDRO LEMES DA


ROSA profere ameaças contra adquirentes/usuários de drogas ilícitas (chamados de
“nóia”) e mensagens alusivas à intenção de matar terceira pessoa em razão de
suspeita de que teria colaborado com a polícia, delatando comparsas do tráfico de
drogas.

Já  VOLNEI LUIS DE MOURA FRANCO, por alcunho "secreta",


constam nas conversas que este seria o guardião da droga, bem como responsável
por sua distribuição aos demais envolvidos, bem como resta demonstrado todo o
envolvimento deste com as atividades de traficância e violência perpetradas pelos
investigados (relatório do EV.34, DOC07 do IP).

Da mesma forma  VINÍCIUS ZANETTE BATISTA,  da extração de


dados referida acima se chega a seu envolvimento com o comércio de entorpecentes,
bem como com as atividades aqui processadas. Nota-se que Zanette é enfático nos
diálogo quando aduz que retira parcela daquilo que vende para consumir (usa o
termo retirar o seu arrego - pág. 27 do doc acima elencado).

Ainda, segundo a investigação, JACKSON CARBONE DA


CRUZ seria um dos depositários da droga, bem como comercializante, agindo em
comunhão de esforços e associado a Vinícius, tratando-se, em tese, de engrenagem
da prática delitiva ora investigada.

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Por fim, CLEITON DOS SANTOS STUMM fora preso em flagrante
na prática da traficância, ao passo que seu envolvimento com os aqui processados
restou cristalino durante a investigação.

No ponto, não há dúvidas da participação dos denunciados na prática


delitiva, os quais, em suas atividades, possuem papel fundamental para o exercício
da traficância. Resta evidente a divisão de tarefas e o envolvimento dos
denunciados.

Há inúmeras conversas que demonstram o ânimo associativo entre os


todos os réus, os quais, mediante troca de mensagens e áudios, organizam a prática
delitiva, compartilham entorpecentes na falta para alguns, bem como efetuam a
comercialização aos usuários.

Além disso, todas as testemunhas de acusação mantiveram seus


depoimentos firmes e seguros ao longo da instrução processual, o que lhes concede
maior grau de credibilidade. Aliás, tanto são verídicos os fatos narrados na inicial
acusatória, que os próprios acusados admitem a existência da substância, alegando,
porém, suas condições  de usuários, com excessão de Jacson da Silva Simões que
nega o envolvimento.

Para a configuração de associação para tráfico, basta apenas o simples


concurso de agentes (no mínimo dois), desde que haja estabilidade de vínculo entre
eles, o que restou suficientemente demonstrado nos autos.

Ou seja, é imprescindível a associação com caráter permanente entre


os acusados para que a conduta se adequasse ao tipo, havendo, no meu sentir, essa
prova nos autos.

Os policiais que atuaram durante a fase investigativa


e  participaram  cumprimento das ordens judiciais  foram objetivos e coerentes ao
afirmaram que havia uma relação entre os réus para a prática delitiva, bem como
a continuidade delitiva, conforme se observa pelo extenso arrazoado das conversas
localizadas pelas Autoridade Policial quando da extração, mediante autorização
judicial, dos dados obtidos junto aos aplicativos de mensagens utilizados pelos
denunciados.

Há a prova do liame subjetivo entre os acusados, sendo possível


identificar a conduta de cada um dentro da associação.

APELAÇÃO CRIMINAL.  TRÁFICO  DE


DROGAS.  ASSOCIAÇÃO  PARA O  TRÁFICO. SENTENÇA
CONDENATÓRIA. 1. PRELIMINARES. (i) NULIDADE DO FEITO
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PELO USO DE ALGEMAS. INOCORRÊNCIA. No caso em testilha,
considerando o contexto das prisões dos réus, com apreensão de
significativa quantidade de entorpecentes, atrelado ao conhecimento
prévio dos policiais, acerca do envolvimento dos acusados com
o  tráfico  de drogas e armas de fogo, julgo que a atuação dos agentes
estava devidamente justificada, não havendo falar em ilegalidade a ser
reconhecida, capaz de comprometer a licitude da prisão em flagrante,
bem como do processo criminal levado a efeito. (ii) VIOLAÇÃO AOS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. Em que pesem os argumentos da
defensivos não verifico qualquer nulidade a ser declarada, tampouco
violação aos princípios do contraditório, da legalidade, do nom bis in
idem, da presunção e inocência. Isso poque, conforme declarado nas
próprias razões recursais, os relatórios policiais foram anexados aos
autos do processo originário "onze (11) dias antes da audiência de
instrução e julgamento (realizada em 28/09/2021)". Assim, ainda que
não intimados especificamente da juntada dos documentos, os
procuradores dos réus tiveram acesso ao conteúdo, antes do
encerramento da instrução. (iii) VIOLAÇÃO AO TEOR DA
SÚMULA 444 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Infundada
a alegação de violação ao teor da Súmula 444, pois, o Magistrado
singular, ao individualizar a pena - ponto que pena enfrentado quando
da análise do mérito - não utilizou inquérito policial ou decisão judicial
para agravar a pena-base do réu. (iv) DESOBEDIÊNCIA AO
PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE. Considerando a
prova produzida em Juízo, não verifico qualquer violação ao princípio
do nemo tenetur se detegere, em razão da confissão informal do
acusado Ronaldo, uma vez que a situação de flagrância já estava
perfectibilizada em momento anterior à confissão informal. Ademais, a
prisão do apelante Anderson decorreu do desdobramento da diligência
autorizada judicialmente, qual seja, análise do conteúdo do celular
apreendido na posse de Ronaldo. Assim, não se olvida que a confissão
informal não serviria para fundamentar a condenação, caso fosse a
única prova colacionada ao feito. Entretando, no caso em testilha,
tratou-se de informação subsidiária e que encontrou respaldo no
restante do acervo probatório. Preliminares rejeitadas.
2.  TRÁFICO  DE DROGAS. SOLUÇÃO CONDENATÓRIA.
MANUTENÇÃO. A configuração do ilícito penal previsto no artigo 33
da Lei nº 11.343/06 prescinde que o agente seja preso no momento
exato em que fornece materialmente a substância proscrita para
terceiro, bastando a presença de circunstâncias concretas a indicar o
comércio ilícito de entorpecentes. Dos elementos prospectados nos
autos, tenho que a manutenção da condenação dos réus Anderson e

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Ronaldo é medida imperativa, na medida em que a uníssona prova oral
evidencia o protagonismo dos apelantes no crime de tráfico de drogas
descrito na denúncia. Sentença condenatória mantida. 3. PALAVRA
DOS POLICIAS. VALIDADE. Deve se ter presente que o fato de as
testemunhas de acusação serem agentes públicos, por si só, não se
consubstancia em motivo para que suas declarações sejam recebidas
com cautela ou ressalva, salvo hipóteses em que reste evidenciado o
interesse particular do servidor público na investigação, o que sequer
se cogita no caso em tela. 4. RÉU RONALDO. DA
DESCLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA PARA OS LINDES DO
ARTIGO 28 DO MESMO DIPLOMA LEGAL (POSSE DE
DROGAS). IMPOSSIBILIDADE. As circunstâncias da empreitada
criminosa evidenciam que a substância entorpecente se destinava ao
comércio ilícito e destinação a terceiros, não sendo possível cogitar a
desclassificação da conduta para o delito de posse de drogas.
5.  ASSOCIAÇÃO  PARA O  TRÁFICO  DE DROGAS.
CONDENAÇÃO MANTIDA. Associação para o tráfico de drogas
entre os réus suficientemente comprovada pelo robusto conjunto
probatório produzido pela acusação, em especial pela quebra de
sigilo e extração de dados do aparelho celular apreendido. Restou
demonstrada a colaboração mútua de cada um dos réus, com
vínculo subjetivo, ânimo de permanência e estabilidade
da  associação  criminosa, a evidenciar o ânimo associativo, tais
como proceder na venda de drogas e outros comandos.
Manutenção do juízo condenatório que se faz impositiva. (...)
PRELIMINARES REJEITADAS. NO MÉRITO, APELOS
DEFENSIVOS DESPROVIDOS.(Apelação Criminal, Nº
50171629620218210010, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Viviane de Faria Miranda, Julgado em: 13-02-
2023) - grifei.

Outrossim, vai  reconhecida a majorante insculpida no art. 40, IV, da


Lei 11.340/06, visto ter o agente cometido o delito com utilização de arma de fogo,
conforme se observa pelas fotografias acostadas ao feito.

Assim, certas a materialidade e autorias delitivas, resta caracterizada a


conduta típica descrita no artigo 33, “caput”, combinado com o artigo 40, inciso IV,
ambos da Lei nº 11.343/06, sendo a condenação medida que se impõe.

Prosseguindo, quanto ao segundo fato,  a materialidade  se verifica


pelo  boletim de ocorrência (Evento 21 - 5000979-20.2021.8.21.0020),  laudo
pericial  (Evento 113, AUTO66 - 5000979-20.2021.8.21.0020), pelo relatório de

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análise e extração de dados telefônicos (Evento 34, OUT3 - 5000979-
20.2021.8.21.0020), bem como pela prova oral produzida.

No tocante à  autoria,  esta  restou suficientemente demonstrada pelos


mesmos elementos e pela prova oral colhida, senão vejamos.

No caso posto, os policiais militares que atenderam a ocorrência,


Leomar Carvalho dos Santos, José Allan de Menezes e Leandro de Azeredo de
Moraes, quando da realização de monitoramento, visualizaram o momento em que
Jackson Carbone da Cruz efetuou a entrega de uma quantia de entorpecente ao
condutor de um veículo que empreendeu fuga sem que fosse possível a realização de
abordagem, apenas tendo sido identificadas as iniciais da placa de identificação. 

Há de se dizer que  a investigação possuía informações do


envolvimento do  exercício, pelo réu, do tráfico de drogas nesta cidade, razão pela
qual passou o local a ser monitorado pelos agentes.

No momento da abordagem ao acusado e buscas no local em que se


encontrava, foi encontrada a droga, o montante em dinheiro e os aparelhos
celulares apreendidos. As testemunhas são uníssonas em demonstrar que a apreensão
da droga se deu nas dependências da casa em que o réu estava e após ter o acusado
procedido na entrega de porção em favor de consumidor que compareceu ao local na
condução de veículo automotor.

Soma-se a isso, o fato de que, diante dos dados extraídos no celular


apreendido na posse de Jackson,  verificou-se que em conjunto aos
codenunciados, realizavam a traficância de drogas ilícitas, estando corroborado pela
prova dos autos tal situação (relatório de análise e extração de dados telefônico -
Evento34, OUT3 - 5000979-20.2021.8.21.0020):

No ponto, tenho que demonstrado que a droga, apreendida com o


ré era destinada a comercialização, já que o exercício do tráfico restou demonstrado
nesta ação penal, tanto é que os dados obtidos demonstram a comercialização pelo
acusado quando buscado por terceiros consumidores.

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Diante do lastro caderno probatório, tenho que a autoria do réu Jackson


Carbone da Cruz na mercancia da droga resta demonstrada, inexistindo o que se
falar em posse para consumo.

No que tange à adequação típica, o Ministério Público imputou ao réu


o crime previsto no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006, o qual abaixo transcrevo:

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,


adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar,
trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:

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À luz do art. 33, caput, da Lei nº. 11.343/06, cumpre ter em conta que,
para a configuração do delito de tráfico de drogas basta que o agente pratique uma
das condutas tipificadas no art. 33 da Lei nº. 11.343/06, de modo que despicienda a
prova efetiva da comercialização das drogas, assim como a apreensão de substâncias
entorpecentes e/ou de instrumentos comumente utilizados para a mercancia também
na posse do acusado.

É dizer, no que condiz ao elemento subjetivo do tipo de tráfico, para a


sua configuração não é necessário que o réu seja visualizado comercializando
entorpecentes, o que, no caso, foi presenciado pelos agentes de segurança pública
que efetuaram o atendimento da ocorrência.

Na espécie,  como já dito, o  réu foi flagrado  no momento em


que  guardava  e tinha  em depósito no interior da residência, conhecido ponto de
venda de drogas,  três porções de cocaína, pesando aproximadamente 5 gramas
(Evento 113, AUTO66 - 5000979-20.2021.8.21.0020).

Assim, inexistindo dúvidas quanto ao tráfico de entorpecentes pelo


acusado,  afasto a tese de insuficiência probatória, pois preenchidos todos os
requisitos da configuração da norma incriminadora.

Sem prejuízo, no tocante à privilegiadora inserida no § 4º, do artigo


33, da Lei nº 11.343/06, ressalto que incabível sua aplicação, na medida em que
o agente mancomunado com os demais estavam associados, dedicando-se, há muito
tempo, à venda de narcóticos, ou seja, à atividade criminosa. Nesse sentido:
“Demonstrando o caderno probatório que os acusados estavam unidos para a prática
do crime de tráfico de drogas, incogitável o reconhecimento da minorante”.
(Apelação Crime Nº 70033252420, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Marlene Landvoigt, Julgado em 28/09/2010).

Além do que  a comprovação do ânimo associativo afasta  a aplicação


da privilegiadora, como se vê do julgado:

APELAÇÕES CRIMINAIS. TRÁFICO DE DROGAS,


ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO E POSSE ILEGAL DE ARMA DE
FOGO DE USO RESTRITO. INSURGÊNCIAS DAS DEFESAS E
DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 1. TRÁFICO DE DROGAS.
Materialidade e autoria demonstradas. Caso concreto em que realizada
grande investigação por parte da Polícia Civil, com a realização de
interceptações telefônicas e monitoramento às ações dos acusados,
oportunidade em que policiais tomaram conhecimento de que o réu
PABLO transportaria drogas de Porto Alegre até Rio Grande e, então,
realizaram abordagem ao ônibus no qual se deslocava, logrando êxito
5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478
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em encontrar e apreender, na sua posse, um tijolo de crack, pesando
cerca de um quilograma. Simultaneamente, foram cumpridos
mandados de busca e apreensão nas residências de RAFAEL e
PABLO, oportunidade em que localizas e apreendidas, na casa deste,
diversas buchas e porções de cocaína, totalizando 795 gramas, e de
maconha, no total de 252 gramas, além de balanças de precisão,
enquanto na residência daquele foi apreendida quantia em dinheiro e
anotações relativas ao tráfico de entorpecentes. Prova dos autos,
especialmente o teor das interceptações telefônicas, que demonstra o
envolvimento de ambos os réus na prática delitiva. Validade dos
depoimentos dos policiais, prestados sob o crivo do contraditório e da
ampla defesa, sem apresentarem divergências. Desnecessidade de ato
de mercancia para a caracterização da infração penal, quando os
indicativos de prova, especialmente a quantidade de drogas
apreendidas, demonstram, à saciedade, a intenção do comércio ilegal.
Condenação mantida. 2. ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO. Prova dos
autos segura a demonstrar que a associação havida entre os réus com o
escopo de traficância possuía caráter estável e permanente, bem como
que havia, entre os acusados, relação de hierarquia e subordinação, na
medida em que RAFAEL dava ordem a PABLO, que, por sua vez,
prestava contas de suas ações ao co-réu. Associação ao tráfico
devidamente demonstrada. Condenação mantida. 3. APENAMENTO.
Penas-base. Possibilidade de exasperação das penas-base aplicada a
ambos os réus, e em relação crimes de tráfico de drogas e associação
ao tráfico, em razão da quantidade e da variedade de entorpecentes
apreendidos, nos termos em que autoriza o art. 42 da Lei nº 11.343/06.
Inviabilidade de que sejam utilizados processos em andamento para
exasperação da pena-base, nos termos da Súmula nº 231 do STJ,
desimportando que os feitos tenham sido considerados para fins de
análise da personalidade do agente, e não dos antecedentes.
Personalidade do réu RAFAEL neutralizada, em relação a ambos os
crimes. O fato de RAFAEL ser considerado o chefe do tráfico de
drogas não autorização a negativação de sua culpabilidade. E tal
vetorial, que deve ser entendida como "a reprovação social que o crime
e o autor do fato merecem", não fugiu do ordinário no caso concreto.
Reanálise das circunstâncias judiciais do art. 59 do CP que leva à
redução das penas-base impostas aos réus. 4. Atenuante de confissão
espontânea. Havendo o réu PABLO admitido a prática do crime de
tráfico de drogas, faz jus à aplicação da atenuante de confissão
espontânea, nos termos da Súmula nº 545 do STJ, ainda que a
confissão tenha sido parcial, e não sobre todos os fatos e pessoas
envolvidas. Manutenção da atenuante em questão, no tocante ao réu

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PABLO, em relação ao crime de tráfico de drogas. 5. Majorante
prevista no artigo 40, III, da Lei nº 11.343/06 que deve ser conhecida
exclusivamente ao acusado PABLO, e somente no tocante ao crime de
tráfico de drogas, pois fora ele quem restou abordado em um ônibus de
transporte coletivo transportando entorpecentes, sendo desnecessário
demonstrar que o agente objetivasse atingir qualquer um dos
passageiros do coletivo, uma vez que o perigo é presumido, sendo
punida essa circunstância pelo legislador com maior rigor. Todavia,
não se verifica tal conduta em relação ao co-réu e quanto ao crime de
associação ao tráfico, cuja perpetração deu-se desde muito antes da
apreensão, em diversos locais e, inclusive, através de ligações e
mensagens telefônicas. Reconhecida a majorante em questão ao crime
de tráfico de drogas praticado pelo réu PABLO, com a exasperação da
pena em 1/6. 6. Minorante do tráfico privilegiado cujo
reconhecimento é inviável, diante da condenação dos réus também
pelo crime de associação ao tráfico, que pressupõe habitualidade,
motivo pelo qual não preenchidos os requisitos elencados no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06. 7. Substituição de pena inviável, tendo
em vista a quantidade das penas impostas, que extrapolam o máximo
de quatro anos previsto no art. 44 do CP. 8. Regime de cumprimento.
Manutenção do regime inicial fechado a ambos os réus, considerando
as penas impostas, nos termos do art. 33, § 2º, a , do CP. 9. Penas de
multa estabelecidas em consonância às penas corporais. 10. Restituição
de valores e de veículo. Os valores em dinheiro, segundo apurou a
prova dos autos, são provenientes de crime, motivo pelo qual não
podem ser restituídos à parte. Inviável, ainda, o pleito de restituição do
veículo apreendido nos autos, por não se tratar o postulante do
legítimo proprietário do bem cuja restituição é postulada, devendo a
proprietária, se assim desejar, intentar as medidas que entender
cabíveis. 11. Segregação cautelar. Inviável o acolhimento do pedido
para que o réu PABLO aguarde o julgamento em liberdade, tendo em
vista que não só respondeu ao processo segregado, como os
fundamentos da prisão preventiva (que foram analisados também em
sede de habeas corpus) se mantêm. APELAÇÕES PARCIALMENTE
PROVIDAS. UNÂNIME. (Apelação Crime Nº 70077005122,
Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Victor
Luiz Barcellos Lima, Julgado em 16/08/2018) – grifei.

Certas a materialidade e autorias delitivas, resta caracterizada a


conduta típica descrita no artigo 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06, sendo a
condenação medida que se impõe.

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Com relação ao terceiro  fato,  a materialidade  se verifica pelo
boletim de ocorrência (Evento 2, p. 3/7 - 5000979-20.2021.8.21.0020), pelos autos
de apreensão (Evento 2, p. 11/12, 14/15 - 5000979-20.2021.8.21.0020), pelo laudo
pericial (Evento 34, AUTO6 - 5000979-20.2021.8.21.0020), pelo relatório de análise
e extração de dados telefônicos (Evento 34, OUT7 - 5000979-20.2021.8.21.0020),
bem como pela prova oral produzida.

No tocante à  autoria,  esta  restou suficientemente demonstrada pelos


mesmos elementos e pela prova oral colhida, senão vejamos.

No caso posto, a guarnição da Brigada Militar, quando em


patrulhamento, abordou os denunciados Vinícius Petri Gulgielmin, Douglas Alex
Croda Oliveira e Leandro Lemes da Rosa, oportunidade em que foi encontrado em
poder de Vinícius dois tabletes de maconha, enquanto Douglas Alex Croda Oliveira
possuía um cigarro da mesma substância, além de papel  de seda  utilizado  para
confecção de cigarros. No ponto, cabe ressaltar que, em que pese nada de ilícito
tenha sido encontrado na posse de Leandro Lemes da Rosa no momento da
abordagem, posteriormente, em análise aos aparelhos de telefones apreendidos,
houve a localização de um vídeo, no qual Leandro, de posse de arma de fogo,
profere ameaças em detrimento de quem quer que seja que venha atentar contra
Petri, Vinícius Petri Gulgielmin, ou seja, atuava como uma espécie de segurança do
comparsa, além de prestar apoio moral e materiail para desempenho da atividade
ilícita:

No caso posto, a investigação possuía informações de que os


denunciados, exerciam o tráfico de drogas nesta cidade, razão pela qual passaram a
ser monitorados, culminando na abordagem e apreensão dos entorpecentes.

As testemunhas, policiais militares e civis,  são uníssonas em


demonstrar que a apreensão da droga. Outro ponto importante é que juntamente com
a droga, fora apreendido apetrechos para o traficância, a se dizer, embalagens para
produção de cigarros, os quais, segundo os elementos processuais, também eram
vendidos prontos:

Soma-se a isso inúmeras conversas em que os acusados combinam


sobre a comercialização e  traficância de drogas ilícitas, estando corroborado pela
prova dos autos tal situação (Evento 34, OUT7 - 5000979-20.2021.8.21.0020).

No ponto, tenho que demonstrado que a droga, apreendida com os


réus  era destinada a comercialização, já que o exercício do tráfico restou
demonstrado nesta ação penal. 

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Diante do lastro caderno probatório, tenho que a autoria do  réu na


mercancia da droga resta demonstrada, inexistindo o que se falar em posse para
consumo.

No que tange a adequação típica, o Ministério Público imputou ao réu


o crime previsto no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006, o qual abaixo transcrevo:

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,


adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas,
ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar:

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À luz do art. 33, caput, da Lei nº. 11.343/06, cumpre ter em conta que,
para a configuração do delito de tráfico de drogas basta que o agente pratique uma
das condutas tipificadas no art. 33 da Lei nº. 11.343/06, de modo que despicienda a
prova efetiva da comercialização das drogas, assim como a apreensão de substâncias
entorpecentes e/ou de instrumentos comumente utilizados para a mercancia também
na posse do acusado.

É dizer, no que condiz ao elemento subjetivo do tipo de tráfico, para a


sua configuração não é necessário que o réu seja visualizado comercializando
entorpecentes, consumando-se o crime com o simples trazer consigo para entrega a
consumo a terceiros.

Também foi verificado que o material apreendido realmente tratava-se


de "maconha" (Evento 34, AUTO6 - 5000979-20.2021.8.21.0020), substâncias
proscritas no Brasil, conforme Lista F2 - Substâncias Psicotrópicas, segundo a
Portaria nº 344 da SVS/MS n°344, de 12 de maio de 1998.

Destaca-se, por fim, pois necessário, que não há se falar em posse para
uso, pois a prova, como já referido, aponta para a realização do tráfico. O fato de do
acusado ser usuário não exclui o tráfico. Veja-se que ainda que, mesmo fosse o réu
usuário ou dependentes, esta situação não afasta a prática do delito de tráfico de
drogas, mormente porque devidamente comprovado nos autos, razão pela qual não
há obrigatoriedade na realização de exame laboratorial para confirmação de tal
situação.
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Aliás, é até corriqueiro que o agente do delito do artigo 33 da lei nº


11.343/06 pratique a traficância, em parte, para sustentar o próprio vício, não se
tratando de condutas incompatíveis, como já se referiu anteriormente. Mas não se
diga que o fato do agente ser usuário, ou dependente, retira a capacidade para ter
conhecimento da ilicitude do seu agir e de entender e comportar-se de acordo com
tal entendimento.

Diante do exposto, fundamenta-se:

APELAÇÃO.  TRÁFICO  DE DROGAS. RECURSO DEFENSIVO.


PRELIMINAR. PEDIDO DE LIBERDADE. REJEITADA. MÉRITO.
SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. DESCLASSIFICAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 28
DA LEI DE DROGAS. PREJUDICADO. MINORANTE DA
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA.
INAPLICABILIDADE. CONDENAÇÃO MANTIDA. AGRAVANTE
DA REINCIDÊNCIA. BIS IN IDEM NÃO VERIFICADO. PENA
MANTIDA. PRELIMINAR. Permanecem hígidos os pressupostos
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ensejadores da prisão preventiva, não havendo modificação da situação
fática retratada por ocasião de sua decretação, além do que o apelante
permaneceu preso durante todo o processo, inexistindo razão para a
sua libertação agora, em que restou condenado ao regime fechado, sem
olvidar sua reincidência. MÉRITO. 1. SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA.
Os policiais ingressaram em ponto de  tráfico  de drogas quando
avistaram o réu, que ao visualizar a guarnição ficou nervoso e entrou
em um mercado. Realizaram sua abordagem, apreendendo em sua
posse "diversas pedras de crack pesando 11g com embalagem e 06
pedras de crack pesando 01g com embalagem", além do valor de R$
250,00 (duzentos e cinquenta reais). Embora o indigitado tenha negado
a prática delitiva, sua afirmação não ficou comprovada e restou isolada
das provas amealhadas aos autos, notadamente pelos relatos dos
policiais atuantes no flagrante e pela quantidade de entorpecentes
apreendidos, que não corresponde com a hipótese de uso pessoal. Não
se vislumbram motivos para que os agentes estatais prestassem
declarações falsas a fim de imputar responsabilidade criminal indevida
ao acusado, daí porque é preciso prestigiar suas palavras. Ademais,
esta julgadora possui entendimento no sentido de recepcionar a
validade do depoimento policial como meio de prova, sendo este,
como no caso, convergente e harmônico, tanto na fase administrativa
quanto judicial, os detalhes do caso em tela, corroborado pelos
elementos de prova carreados aos autos. Para afastar a presumida
idoneidade dos policiais, seria necessária a constatação de importantes
contradições em seus relatos, ou mesmo a demonstração de interesse
em prejudicar o réu, fato que não ocorreu no caso em tela. 2.
DESCLASSIFICAÇÃO. As provas carreadas aos autos não
possibilitam concluir que a finalidade da droga apreendida seja de
consumo próprio, embora possível supor que o acusado
efetivamente seja  usuário  de drogas. Tal constatação, por óbvio,
não elide a convicção da prática de traficância pelo apelante, sendo
usual que usuários comercializem drogas como forma de manter o
vício. 3. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 28 DA LEI DE
DROGAS. PREJUDICADO. Afastada a tese desclassificatória, resta
prejudicado o julgamento do pedido de reconhecimento da
inconstitucionalidade do art. 28, da Lei n° 11.343/06. 4.
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA. Possível concluir
que não houve participação de menor importância por parte do
acusado, na medida em que praticou elemento nuclear do tipo – “trazer
consigo” – e a divisão de tarefas na cadeia produtiva que envolve a
comercialização de substâncias ilícitas em nada diminui a relevância
de sua conduta, cuja prática voltou-se à consecução de objetivo ilícito

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comum, qual seja a venda de substância entorpecente. Mantida a
condenação pelo  tráfico  de drogas. 5. AGRAVANTE DA
REINCIDÊNCIA. BIS IN IDEM. Não há o que se falar em bis in idem
na utilização de uma sentença condenatória para exasperar a pena nos
termos do art. 61, I do CP, pois a aplicação da referida agravante visa
reconhecer maior censurabilidade à conduta do agente que reitera na
prática criminosa, após o trânsito em julgado da sentença em que foi
condenado anteriormente. Mantida a pena estabelecida na origem. 6.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR
RESTRITIVA DE DIREITOS. Inviável a substituição, considerando o
quantum de pena fixado e a reincidência do acusado. 7. ISENÇÃO
PENA DE MULTA. O pedido de isenção ou suspensão da pena de
multa também não merece acolhido, pois consectário legal. 8.
PREQUESTIONAMENTO. Consigno que não estou negando vigência
a qualquer dos dispositivos legais mencionados ao longo da ação
penal, traduzindo a presente decisão o entendimento desta Relatora
acerca da matéria analisada. À UNANIMIDADE, REJEITARAM A
PRELIMINAR E, NO MÉRITO, NEGARAM PROVIMENTO AO
RECURSO DE APELAÇÃO, JULGANDO PREJUDICADO O
PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 28 DA LEI DE DROGAS.
(Apelação Criminal, Nº 50022092320228210001, Segunda Câmara
Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rosaura Marques Borba,
Julgado em: 13-02-2023) - grifei.

Sem prejuízo, no tocante à privilegiadora inserida no § 4º, do artigo


33, da Lei nº 11.343/06, ressalto que incabível sua aplicação, na medida em que
o agente mancomunado com os demais estavam associados, dedicando-se, há muito
tempo, à venda de narcóticos, ou seja, à atividade criminosa. Nesse sentido:
“Demonstrando o caderno probatório que os acusados estavam unidos para a prática
do crime de tráfico de drogas, incogitável o reconhecimento da minorante”.
(Apelação Crime Nº 70033252420, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Marlene Landvoigt, Julgado em 28/09/2010).

Além do que, com a comprovação do ânimo associativo, ressat


afastada a aplicação da privilegiadora:

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ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO E POSSE ILEGAL DE ARMA DE
FOGO DE USO RESTRITO. INSURGÊNCIAS DAS DEFESAS E
DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 1. TRÁFICO DE DROGAS.
Materialidade e autoria demonstradas. Caso concreto em que realizada

5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478


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grande investigação por parte da Polícia Civil, com a realização de
interceptações telefônicas e monitoramento às ações dos acusados,
oportunidade em que policiais tomaram conhecimento de que o réu
PABLO transportaria drogas de Porto Alegre até Rio Grande e, então,
realizaram abordagem ao ônibus no qual se deslocava, logrando êxito
em encontrar e apreender, na sua posse, um tijolo de crack, pesando
cerca de um quilograma. Simultaneamente, foram cumpridos
mandados de busca e apreensão nas residências de RAFAEL e
PABLO, oportunidade em que localizas e apreendidas, na casa deste,
diversas buchas e porções de cocaína, totalizando 795 gramas, e de
maconha, no total de 252 gramas, além de balanças de precisão,
enquanto na residência daquele foi apreendida quantia em dinheiro e
anotações relativas ao tráfico de entorpecentes. Prova dos autos,
especialmente o teor das interceptações telefônicas, que demonstra o
envolvimento de ambos os réus na prática delitiva. Validade dos
depoimentos dos policiais, prestados sob o crivo do contraditório e da
ampla defesa, sem apresentarem divergências. Desnecessidade de ato
de mercancia para a caracterização da infração penal, quando os
indicativos de prova, especialmente a quantidade de drogas
apreendidas, demonstram, à saciedade, a intenção do comércio ilegal.
Condenação mantida. 2. ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO. Prova dos
autos segura a demonstrar que a associação havida entre os réus com o
escopo de traficância possuía caráter estável e permanente, bem como
que havia, entre os acusados, relação de hierarquia e subordinação, na
medida em que RAFAEL dava ordem a PABLO, que, por sua vez,
prestava contas de suas ações ao co-réu. Associação ao tráfico
devidamente demonstrada. Condenação mantida. 3. APENAMENTO.
Penas-base. Possibilidade de exasperação das penas-base aplicada a
ambos os réus, e em relação crimes de tráfico de drogas e associação
ao tráfico, em razão da quantidade e da variedade de entorpecentes
apreendidos, nos termos em que autoriza o art. 42 da Lei nº 11.343/06.
Inviabilidade de que sejam utilizados processos em andamento para
exasperação da pena-base, nos termos da Súmula nº 231 do STJ,
desimportando que os feitos tenham sido considerados para fins de
análise da personalidade do agente, e não dos antecedentes.
Personalidade do réu RAFAEL neutralizada, em relação a ambos os
crimes. O fato de RAFAEL ser considerado o chefe do tráfico de
drogas não autorização a negativação de sua culpabilidade. E tal
vetorial, que deve ser entendida como "a reprovação social que o crime
e o autor do fato merecem", não fugiu do ordinário no caso concreto.
Reanálise das circunstâncias judiciais do art. 59 do CP que leva à
redução das penas-base impostas aos réus. 4. Atenuante de confissão

5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478


https://eproc1g.tjrs.jus.br/eproc/controlador.php?acao=minuta_imprimir&acao_origem=acessar_documento&hash=f3102ca060f4cae0e126319… 46/98
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Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
1ª Vara Criminal da Comarca de Palmeira das Missões
espontânea. Havendo o réu PABLO admitido a prática do crime de
tráfico de drogas, faz jus à aplicação da atenuante de confissão
espontânea, nos termos da Súmula nº 545 do STJ, ainda que a
confissão tenha sido parcial, e não sobre todos os fatos e pessoas
envolvidas. Manutenção da atenuante em questão, no tocante ao réu
PABLO, em relação ao crime de tráfico de drogas. 5. Majorante
prevista no artigo 40, III, da Lei nº 11.343/06 que deve ser conhecida
exclusivamente ao acusado PABLO, e somente no tocante ao crime de
tráfico de drogas, pois fora ele quem restou abordado em um ônibus de
transporte coletivo transportando entorpecentes, sendo desnecessário
demonstrar que o agente objetivasse atingir qualquer um dos
passageiros do coletivo, uma vez que o perigo é presumido, sendo
punida essa circunstância pelo legislador com maior rigor. Todavia,
não se verifica tal conduta em relação ao co-réu e quanto ao crime de
associação ao tráfico, cuja perpetração deu-se desde muito antes da
apreensão, em diversos locais e, inclusive, através de ligações e
mensagens telefônicas. Reconhecida a majorante em questão ao crime
de tráfico de drogas praticado pelo réu PABLO, com a exasperação da
pena em 1/6. 6. Minorante do tráfico privilegiado cujo
reconhecimento é inviável, diante da condenação dos réus também
pelo crime de associação ao tráfico, que pressupõe habitualidade,
motivo pelo qual não preenchidos os requisitos elencados no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06. 7. Substituição de pena inviável, tendo
em vista a quantidade das penas impostas, que extrapolam o máximo
de quatro anos previsto no art. 44 do CP. 8. Regime de cumprimento.
Manutenção do regime inicial fechado a ambos os réus, considerando
as penas impostas, nos termos do art. 33, § 2º, a , do CP. 9. Penas de
multa estabelecidas em consonância às penas corporais. 10. Restituição
de valores e de veículo. Os valores em dinheiro, segundo apurou a
prova dos autos, são provenientes de crime, motivo pelo qual não
podem ser restituídos à parte. Inviável, ainda, o pleito de restituição do
veículo apreendido nos autos, por não se tratar o postulante do
legítimo proprietário do bem cuja restituição é postulada, devendo a
proprietária, se assim desejar, intentar as medidas que entender
cabíveis. 11. Segregação cautelar. Inviável o acolhimento do pedido
para que o réu PABLO aguarde o julgamento em liberdade, tendo em
vista que não só respondeu ao processo segregado, como os
fundamentos da prisão preventiva (que foram analisados também em
sede de habeas corpus) se mantêm. APELAÇÕES PARCIALMENTE
PROVIDAS. UNÂNIME. (Apelação Crime Nº 70077005122,
Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Victor
Luiz Barcellos Lima, Julgado em 16/08/2018) – grifei.

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Logo, certas a materialidade e autorias delitivas, resta caracterizada a
conduta típica descrita no artigo 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06, sendo a
condenação medida que se impõe.

Prosseguindo, quanto ao quarto fato,  a materialidade  se verifica


pelo boletim de ocorrência (Evento 1, REGOP3 - 5003764-52.2021.8.21.0020), pelo
auto de apreensão (Evento 1, AUTOCIRCINS4 - 5003764-52.2021.8.21.0020), pelo
laudo de constatação da natureza da substância  (Evento 1, PERICIA6  - 5003764-
52.2021.8.21.0020), pelo auto de prisão em flagrante (Evento 1, P_FLAGRANTE7 -
5003764-52.2021.8.21.0020),  pelo laudo pericial (Evento 39, AUTO3 - 5003764-
52.2021.8.21.0020), pelo relatório de diligências (Evento 39, OUT4 - 5003764-
52.2021.8.21.0020), pelo relatório de serviço (Evento 39, OUT5  - 5003764-
52.2021.8.21.0020), pelo relatório de análise e extração de dados telefônicos
(Evento 39, OUT6 -  5003764-52.2021.8.21.0020), bem como pela prova oral
produzida.

No tocante à  autoria,  esta  restou suficientemente demonstrada pelos


mesmos elementos e pela prova oral colhida, senão vejamos.

No caso telado, os policiais civis que cumpriram o mandado de busca e


apreensão na residência do acusado, Jean Zanchin, Edson Luiz de Mello, Andressa
Farias Millezi, confirmaram a prática delitiva pelo acusado, afirmando
veementemente a localização do entorpecente nas dependências da residência do
acusado Douglas Alex Croda de Oliveira.

No momento das buscas  foi encontrada a droga, o montante em


dinheiro e os aparelhos celulares apreendidos, além de comprovantes de depósito em
nome de terceiros. As testemunhas são uníssonas em demonstrar que a apreensão da
droga se deu nas dependências da casa em que o réu estava.

Soma-se a isso, o fato de que, diante dos dados extraídos no celular


apreendido na posse de Douglas,  verificou-se que em conjunto aos
codenunciados, realizavam a traficância de drogas ilícitas, estando corroborado pela
prova dos autos tal situação (relatório de análise e extração de dados telefônico -
Evento 39, OUT6 - 5003764-52.2021.8.21.0020), a exemplo:

No ponto, tenho que demonstrado que a droga, apreendida com o réu


era destinada a comercialização, já que o exercício do tráfico restou demonstrado
nesta ação penal, tanto é que os dados obtidos demonstram a comercialização pelo
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acus
ado
quan
do
busc
ado
por
terce
iros
cons
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print
s
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celul
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inten
sa
nego
ciaçã
o realizada pelo acusado com diversas pessoas.

Diante do lastro caderno probatório, tenho que a autoria do  réu


Douglas Alex Croda de Oliveira  na mercancia da droga resta demonstrada,
inexistindo o que se falar em posse para consumo.

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No que tange à adequação típica, o Ministério Público imputou ao réu


o crime previsto no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006, o qual abaixo transcrevo:

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,


adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar,
trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou

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fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em


desacordo com determinação legal ou regulamentar:

À luz do art. 33, caput, da Lei nº. 11.343/06, cumpre ter em conta que,
para a configuração do delito de tráfico de drogas basta que o agente pratique uma
das condutas tipificadas no art. 33 da Lei nº. 11.343/06, de modo que despicienda a

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prova efetiva da comercialização das drogas, assim como a apreensão de substâncias


entorpecentes e/ou de instrumentos comumente utilizados para a mercancia também
na posse do acusado.

É dizer, no que condiz ao elemento subjetivo do tipo de tráfico, para a


sua configuração não é necessário que o réu seja visualizado comercializando
entorpecentes.

Na espécie,  como já dito, o  réu foi flagrado  no momento em


que guardava e tinha em depósito no interior da residência, três gramas de maconha
(Evento 1, AUTOCIRCINS4 - 5003764-52.2021.8.21.0020).

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Assim, inexistindo dúvidas quanto a prática do tráfico de


entorpecentes pelo acusado,  afasto a tese de insuficiência probatória, pois
preenchidos todos os requisitos da configuração da norma incriminadora.

Sem prejuízo, no tocante à privilegiadora inserida no § 4º, do artigo


33, da Lei nº 11.343/06, ressalto que incabível sua aplicação, na medida em que
o agente mancomunado com os demais estavam associados, dedicando-se, há muito
tempo, à venda de narcóticos, ou seja, à atividade criminosa. Nesse sentido:
“Demonstrando o caderno probatório que os acusados estavam unidos para a prática
do crime de tráfico de drogas, incogitável o reconhecimento da minorante”.
(Apelação Crime Nº 70033252420, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Marlene Landvoigt, Julgado em 28/09/2010).

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Além do que, a comprovação do ânimo associativo afasta a aplicação
da privilegiadora:

APELAÇÕES CRIMINAIS. TRÁFICO DE DROGAS,


ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO E POSSE ILEGAL DE ARMA DE
FOGO DE USO RESTRITO. INSURGÊNCIAS DAS DEFESAS E
DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 1. TRÁFICO DE DROGAS.
Materialidade e autoria demonstradas. Caso concreto em que realizada
grande investigação por parte da Polícia Civil, com a realização de
interceptações telefônicas e monitoramento às ações dos acusados,
oportunidade em que policiais tomaram conhecimento de que o réu
PABLO transportaria drogas de Porto Alegre até Rio Grande e, então,
realizaram abordagem ao ônibus no qual se deslocava, logrando êxito
em encontrar e apreender, na sua posse, um tijolo de crack, pesando
cerca de um quilograma. Simultaneamente, foram cumpridos
mandados de busca e apreensão nas residências de RAFAEL e
PABLO, oportunidade em que localizas e apreendidas, na casa deste,
diversas buchas e porções de cocaína, totalizando 795 gramas, e de
maconha, no total de 252 gramas, além de balanças de precisão,
enquanto na residência daquele foi apreendida quantia em dinheiro e
anotações relativas ao tráfico de entorpecentes. Prova dos autos,
especialmente o teor das interceptações telefônicas, que demonstra o
envolvimento de ambos os réus na prática delitiva. Validade dos
depoimentos dos policiais, prestados sob o crivo do contraditório e da
ampla defesa, sem apresentarem divergências. Desnecessidade de ato
de mercancia para a caracterização da infração penal, quando os
indicativos de prova, especialmente a quantidade de drogas
apreendidas, demonstram, à saciedade, a intenção do comércio ilegal.
Condenação mantida. 2. ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO. Prova dos
autos segura a demonstrar que a associação havida entre os réus com o
escopo de traficância possuía caráter estável e permanente, bem como
que havia, entre os acusados, relação de hierarquia e subordinação, na
medida em que RAFAEL dava ordem a PABLO, que, por sua vez,
prestava contas de suas ações ao co-réu. Associação ao tráfico
devidamente demonstrada. Condenação mantida. 3. APENAMENTO.
Penas-base. Possibilidade de exasperação das penas-base aplicada a
ambos os réus, e em relação crimes de tráfico de drogas e associação
ao tráfico, em razão da quantidade e da variedade de entorpecentes
apreendidos, nos termos em que autoriza o art. 42 da Lei nº 11.343/06.
Inviabilidade de que sejam utilizados processos em andamento para
exasperação da pena-base, nos termos da Súmula nº 231 do STJ,
desimportando que os feitos tenham sido considerados para fins de

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análise da personalidade do agente, e não dos antecedentes.
Personalidade do réu RAFAEL neutralizada, em relação a ambos os
crimes. O fato de RAFAEL ser considerado o chefe do tráfico de
drogas não autorização a negativação de sua culpabilidade. E tal
vetorial, que deve ser entendida como "a reprovação social que o crime
e o autor do fato merecem", não fugiu do ordinário no caso concreto.
Reanálise das circunstâncias judiciais do art. 59 do CP que leva à
redução das penas-base impostas aos réus. 4. Atenuante de confissão
espontânea. Havendo o réu PABLO admitido a prática do crime de
tráfico de drogas, faz jus à aplicação da atenuante de confissão
espontânea, nos termos da Súmula nº 545 do STJ, ainda que a
confissão tenha sido parcial, e não sobre todos os fatos e pessoas
envolvidas. Manutenção da atenuante em questão, no tocante ao réu
PABLO, em relação ao crime de tráfico de drogas. 5. Majorante
prevista no artigo 40, III, da Lei nº 11.343/06 que deve ser conhecida
exclusivamente ao acusado PABLO, e somente no tocante ao crime de
tráfico de drogas, pois fora ele quem restou abordado em um ônibus de
transporte coletivo transportando entorpecentes, sendo desnecessário
demonstrar que o agente objetivasse atingir qualquer um dos
passageiros do coletivo, uma vez que o perigo é presumido, sendo
punida essa circunstância pelo legislador com maior rigor. Todavia,
não se verifica tal conduta em relação ao co-réu e quanto ao crime de
associação ao tráfico, cuja perpetração deu-se desde muito antes da
apreensão, em diversos locais e, inclusive, através de ligações e
mensagens telefônicas. Reconhecida a majorante em questão ao crime
de tráfico de drogas praticado pelo réu PABLO, com a exasperação da
pena em 1/6. 6. Minorante do tráfico privilegiado cujo
reconhecimento é inviável, diante da condenação dos réus também
pelo crime de associação ao tráfico, que pressupõe habitualidade,
motivo pelo qual não preenchidos os requisitos elencados no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06. 7. Substituição de pena inviável, tendo
em vista a quantidade das penas impostas, que extrapolam o máximo
de quatro anos previsto no art. 44 do CP. 8. Regime de cumprimento.
Manutenção do regime inicial fechado a ambos os réus, considerando
as penas impostas, nos termos do art. 33, § 2º, a , do CP. 9. Penas de
multa estabelecidas em consonância às penas corporais. 10. Restituição
de valores e de veículo. Os valores em dinheiro, segundo apurou a
prova dos autos, são provenientes de crime, motivo pelo qual não
podem ser restituídos à parte. Inviável, ainda, o pleito de restituição do
veículo apreendido nos autos, por não se tratar o postulante do
legítimo proprietário do bem cuja restituição é postulada, devendo a
proprietária, se assim desejar, intentar as medidas que entender

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cabíveis. 11. Segregação cautelar. Inviável o acolhimento do pedido
para que o réu PABLO aguarde o julgamento em liberdade, tendo em
vista que não só respondeu ao processo segregado, como os
fundamentos da prisão preventiva (que foram analisados também em
sede de habeas corpus) se mantêm. APELAÇÕES PARCIALMENTE
PROVIDAS. UNÂNIME. (Apelação Crime Nº 70077005122,
Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Victor
Luiz Barcellos Lima, Julgado em 16/08/2018) – grifei.

Outrossim, vai  reconhecida a majorante insculpida no art. 40, III, da


Lei 11.340/06, visto ter o agente cometido o delito nas imediações de
estabelecimento de ensino, conforme relatório de diligências acostado (Evento 39,
OUT4 - 5003764-52.2021.8.21.0020).

Configurada a materialidade e autorias delitivas, resta caracterizada a


conduta típica descrita no artigo 33, “caput”, combinado com o artigo 40, inciso III,
ambos da Lei nº 11.343/06, sendo a condenação medida que se impõe.

Dando continuidade, quanto ao quinto  fato,  a materialidade  se


verifica pelo  boletim de ocorrência (Evento 1, REGOP3 - 5003762-
82.2021.8.21.0020), pelo auto de apreensão (Evento 1, AUTOCIRCINS4 - 5003762-
82.2021.8.21.0020), pelo laudo de constatação da natureza da substância (Evento 1,
PERICIA6 - 5003762-82.2021.8.21.0020), pelo auto de prisão em flagrante (Evento
1, P_FLAGRANTE7 - 5003762-82.2021.8.21.0020), pelo auto circunstanciado de
busca  (Evento 1, OUT21 - 5003762-82.2021.8.21.0020),  pelo levantamento
fotográfico Evento 1, OUT24, OUT25, OUT26, OUT27, OUT28, OUT29, OUT30,
OUT31, OUT32, OUT33, OUT34, OUT35), pelo relatório de diligências (Evento
32, OUT7 - 5003762-82.2021.8.21.0020), pelo relatório de análise e extração de
dados telefônicos (Evento 32, OUT8 - 5003762-82.2021.8.21.0020), bem como pela
prova oral produzida.

No tocante à  autoria,  esta  restou suficientemente demonstrada pelos


mesmos elementos e pela prova oral colhida, senão vejamos.

No caso posto, os policiais civis que cumpriram o mandado de busca e


apreensão na residência do acusado, Luciana Indaia Perdosini de Oliveira e Jussan
Albarello de Cezaro, confirmaram a prática delitiva pelo acusado, afirmando
veementemente a localização das folhas de entorpecente nas dependências da
residência do acusado Vinícius Zanette Baptista, bem como da existência de uma
estufa artesanal para cultivo da droga.

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No momento das buscas  foi encontrada a droga, o montante em
dinheiro e os aparelhos celulares apreendidos, além de comprovantes de depósito em
nome de terceiros. As testemunhas são uníssonas em demonstrar que a apreensão
das folhas de maconha se deu na residência do denunciado.

Soma-se a isso, o fato de que, diante dos dados extraídos no celular


apreendido na posse de Vinícius,  verificou-se que em conjunto aos
codenunciados, realizavam a traficância de drogas ilícitas, estando corroborado pela
prova dos autos tal situação (relatório de análise e extração de dados telefônico -
Evento 39, OUT6 - 5003764-52.2021.8.21.0020), a exemplo:

No ponto, tenho que demonstrado o  exercício do tráfico restou


demonstrado nesta ação penal, tanto é que os dados obtidos demonstram a
comercialização pelo acusado quando buscado por terceiros consumidores. Os prints

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acima acostados, extraídos do aparelho de telefone celular, demonstram a intensa


negociação realizada pelo acusado com diversas pessoas.

Além disso, as fotografias realizadas na residência do denunciado


demonstram o entorpecente localizado e apreendido, bem como a estifa existente no
local (Evento 1, OUT24, OUT25, OUT26, OUT27, OUT28, OUT29, OUT30,
OUT31, OUT32, OUT33, OUT34 e OUT35).

Diante do lastro caderno probatório, tenho que a autoria do  réu


Vinícius Zanette Baptista  na mercancia da droga resta demonstrada, inexistindo o
que se falar em posse para consumo.

No que tange à adequação típica, o Ministério Público imputou ao réu


o crime previsto no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006, o qual abaixo transcrevo:

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Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,


adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar,
trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:

À vista do art. 33, caput, da Lei nº. 11.343/06, cumpre ter em conta
que, para a configuração do delito de tráfico de drogas basta que o agente pratique
uma das condutas tipificadas no art. 33 da Lei nº. 11.343/06, de modo que
despicienda a prova efetiva da comercialização das drogas, assim como a apreensão
de substâncias entorpecentes e/ou de instrumentos comumente utilizados para a
mercancia também na posse do acusado.

5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478


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É dizer, no que condiz ao elemento subjetivo do tipo de tráfico, para a
sua configuração não é necessário que o réu seja visualizado comercializando
entorpecentes, o que, no caso, foi presenciado pelos agentes de segurança pública
que efetuaram o atendimento da ocorrência.

Na espécie,  como já dito, o  réu foi flagrado  no momento em


que  guardava  e tinha  em depósito no interior da residência, 03 (três) porções de
folhas de Cannabis sativa L., vulgarmente conhecida como “maconha”,
acondicionadas em 03 (três) potes plásticos, bem como cultivava em uma estufa
artesanal, plantas da mesma espécie, que contém o princípio ativo
Tetrahidrocanabinol (THC).

Logo, inexistindo dúvidas quanto à prática do tráfico de entorpecentes


pelo acusado,  afasto a tese de insuficiência probatória, na medida em
que preenchidos todos os requisitos da configuração da norma incriminadora.

Destaca-se,  pois necessário, que não há se falar em posse para uso,


pois a prova, como já referido, aponta para a realização do tráfico. O fato de do
acusado ser usuário não exclui o tráfico. Veja-se que ainda que, mesmo fosse o réu
usuário ou dependente, esta situação não afasta a prática do delito de tráfico de
drogas, mormente porque devidamente comprovado nos autos, razão pela qual não
há obrigatoriedade na realização de exame laboratorial para confirmação de tal
situação.

Aliás, é até corriqueiro que o agente do delito do artigo 33 da lei nº


11.343/06 pratique a traficância, em parte, para sustentar o próprio vício, não se
tratando de condutas incompatíveis, como já se referiu anteriormente. Mas não se
diga que o fato do agente ser usuário, ou dependente, retira a capacidade para ter
conhecimento da ilicitude do seu agir e de entender e comportar-se de acordo com
tal entendimento.

Diante do exposto, fundamenta-se:

APELAÇÃO.  TRÁFICO  DE DROGAS. RECURSO DEFENSIVO.


PRELIMINAR. PEDIDO DE LIBERDADE. REJEITADA. MÉRITO.
SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. DESCLASSIFICAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 28
DA LEI DE DROGAS. PREJUDICADO. MINORANTE DA
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA.
INAPLICABILIDADE. CONDENAÇÃO MANTIDA. AGRAVANTE
DA REINCIDÊNCIA. BIS IN IDEM NÃO VERIFICADO. PENA
MANTIDA. PRELIMINAR. Permanecem hígidos os pressupostos
ensejadores da prisão preventiva, não havendo modificação da situação
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fática retratada por ocasião de sua decretação, além do que o apelante
permaneceu preso durante todo o processo, inexistindo razão para a
sua libertação agora, em que restou condenado ao regime fechado, sem
olvidar sua reincidência. MÉRITO. 1. SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA.
Os policiais ingressaram em ponto de  tráfico  de drogas quando
avistaram o réu, que ao visualizar a guarnição ficou nervoso e entrou
em um mercado. Realizaram sua abordagem, apreendendo em sua
posse "diversas pedras de crack pesando 11g com embalagem e 06
pedras de crack pesando 01g com embalagem", além do valor de R$
250,00 (duzentos e cinquenta reais). Embora o indigitado tenha negado
a prática delitiva, sua afirmação não ficou comprovada e restou isolada
das provas amealhadas aos autos, notadamente pelos relatos dos
policiais atuantes no flagrante e pela quantidade de entorpecentes
apreendidos, que não corresponde com a hipótese de uso pessoal. Não
se vislumbram motivos para que os agentes estatais prestassem
declarações falsas a fim de imputar responsabilidade criminal indevida
ao acusado, daí porque é preciso prestigiar suas palavras. Ademais,
esta julgadora possui entendimento no sentido de recepcionar a
validade do depoimento policial como meio de prova, sendo este,
como no caso, convergente e harmônico, tanto na fase administrativa
quanto judicial, os detalhes do caso em tela, corroborado pelos
elementos de prova carreados aos autos. Para afastar a presumida
idoneidade dos policiais, seria necessária a constatação de importantes
contradições em seus relatos, ou mesmo a demonstração de interesse
em prejudicar o réu, fato que não ocorreu no caso em tela. 2.
DESCLASSIFICAÇÃO. As provas carreadas aos autos não
possibilitam concluir que a finalidade da droga apreendida seja de
consumo próprio, embora possível supor que o acusado
efetivamente seja  usuário  de drogas. Tal constatação, por óbvio,
não elide a convicção da prática de traficância pelo apelante, sendo
usual que usuários comercializem drogas como forma de manter o
vício. 3. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 28 DA LEI DE
DROGAS. PREJUDICADO. Afastada a tese desclassificatória, resta
prejudicado o julgamento do pedido de reconhecimento da
inconstitucionalidade do art. 28, da Lei n° 11.343/06. 4.
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA. Possível concluir
que não houve participação de menor importância por parte do
acusado, na medida em que praticou elemento nuclear do tipo – “trazer
consigo” – e a divisão de tarefas na cadeia produtiva que envolve a
comercialização de substâncias ilícitas em nada diminui a relevância
de sua conduta, cuja prática voltou-se à consecução de objetivo ilícito
comum, qual seja a venda de substância entorpecente. Mantida a

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condenação pelo  tráfico  de drogas. 5. AGRAVANTE DA
REINCIDÊNCIA. BIS IN IDEM. Não há o que se falar em bis in idem
na utilização de uma sentença condenatória para exasperar a pena nos
termos do art. 61, I do CP, pois a aplicação da referida agravante visa
reconhecer maior censurabilidade à conduta do agente que reitera na
prática criminosa, após o trânsito em julgado da sentença em que foi
condenado anteriormente. Mantida a pena estabelecida na origem. 6.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR
RESTRITIVA DE DIREITOS. Inviável a substituição, considerando o
quantum de pena fixado e a reincidência do acusado. 7. ISENÇÃO
PENA DE MULTA. O pedido de isenção ou suspensão da pena de
multa também não merece acolhido, pois consectário legal. 8.
PREQUESTIONAMENTO. Consigno que não estou negando vigência
a qualquer dos dispositivos legais mencionados ao longo da ação
penal, traduzindo a presente decisão o entendimento desta Relatora
acerca da matéria analisada. À UNANIMIDADE, REJEITARAM A
PRELIMINAR E, NO MÉRITO, NEGARAM PROVIMENTO AO
RECURSO DE APELAÇÃO, JULGANDO PREJUDICADO O
PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 28 DA LEI DE DROGAS.
(Apelação Criminal, Nº 50022092320228210001, Segunda Câmara
Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rosaura Marques Borba,
Julgado em: 13-02-2023) - grifei.

Sem prejuízo, no tocante à privilegiadora inserida no § 4º, do artigo


33, da Lei nº 11.343/06, ressalto que incabível sua aplicação, na medida em que
o agente mancomunado com os demais estavam associados, dedicando-se, há muito
tempo, à venda de narcóticos, ou seja, à atividade criminosa. Nesse sentido:
“Demonstrando o caderno probatório que os acusados estavam unidos para a prática
do crime de tráfico de drogas, incogitável o reconhecimento da minorante”.
(Apelação Crime Nº 70033252420, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Marlene Landvoigt, Julgado em 28/09/2010).

Além do que, havendo a comprovação do ânimo associativo afastada a


aplicação da privilegiadora:

APELAÇÕES CRIMINAIS. TRÁFICO DE DROGAS,


ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO E POSSE ILEGAL DE ARMA DE
FOGO DE USO RESTRITO. INSURGÊNCIAS DAS DEFESAS E
DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 1. TRÁFICO DE DROGAS.
Materialidade e autoria demonstradas. Caso concreto em que realizada
grande investigação por parte da Polícia Civil, com a realização de

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interceptações telefônicas e monitoramento às ações dos acusados,
oportunidade em que policiais tomaram conhecimento de que o réu
PABLO transportaria drogas de Porto Alegre até Rio Grande e, então,
realizaram abordagem ao ônibus no qual se deslocava, logrando êxito
em encontrar e apreender, na sua posse, um tijolo de crack, pesando
cerca de um quilograma. Simultaneamente, foram cumpridos
mandados de busca e apreensão nas residências de RAFAEL e
PABLO, oportunidade em que localizas e apreendidas, na casa deste,
diversas buchas e porções de cocaína, totalizando 795 gramas, e de
maconha, no total de 252 gramas, além de balanças de precisão,
enquanto na residência daquele foi apreendida quantia em dinheiro e
anotações relativas ao tráfico de entorpecentes. Prova dos autos,
especialmente o teor das interceptações telefônicas, que demonstra o
envolvimento de ambos os réus na prática delitiva. Validade dos
depoimentos dos policiais, prestados sob o crivo do contraditório e da
ampla defesa, sem apresentarem divergências. Desnecessidade de ato
de mercancia para a caracterização da infração penal, quando os
indicativos de prova, especialmente a quantidade de drogas
apreendidas, demonstram, à saciedade, a intenção do comércio ilegal.
Condenação mantida. 2. ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO. Prova dos
autos segura a demonstrar que a associação havida entre os réus com o
escopo de traficância possuía caráter estável e permanente, bem como
que havia, entre os acusados, relação de hierarquia e subordinação, na
medida em que RAFAEL dava ordem a PABLO, que, por sua vez,
prestava contas de suas ações ao co-réu. Associação ao tráfico
devidamente demonstrada. Condenação mantida. 3. APENAMENTO.
Penas-base. Possibilidade de exasperação das penas-base aplicada a
ambos os réus, e em relação crimes de tráfico de drogas e associação
ao tráfico, em razão da quantidade e da variedade de entorpecentes
apreendidos, nos termos em que autoriza o art. 42 da Lei nº 11.343/06.
Inviabilidade de que sejam utilizados processos em andamento para
exasperação da pena-base, nos termos da Súmula nº 231 do STJ,
desimportando que os feitos tenham sido considerados para fins de
análise da personalidade do agente, e não dos antecedentes.
Personalidade do réu RAFAEL neutralizada, em relação a ambos os
crimes. O fato de RAFAEL ser considerado o chefe do tráfico de
drogas não autorização a negativação de sua culpabilidade. E tal
vetorial, que deve ser entendida como "a reprovação social que o crime
e o autor do fato merecem", não fugiu do ordinário no caso concreto.
Reanálise das circunstâncias judiciais do art. 59 do CP que leva à
redução das penas-base impostas aos réus. 4. Atenuante de confissão
espontânea. Havendo o réu PABLO admitido a prática do crime de

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tráfico de drogas, faz jus à aplicação da atenuante de confissão
espontânea, nos termos da Súmula nº 545 do STJ, ainda que a
confissão tenha sido parcial, e não sobre todos os fatos e pessoas
envolvidas. Manutenção da atenuante em questão, no tocante ao réu
PABLO, em relação ao crime de tráfico de drogas. 5. Majorante
prevista no artigo 40, III, da Lei nº 11.343/06 que deve ser conhecida
exclusivamente ao acusado PABLO, e somente no tocante ao crime de
tráfico de drogas, pois fora ele quem restou abordado em um ônibus de
transporte coletivo transportando entorpecentes, sendo desnecessário
demonstrar que o agente objetivasse atingir qualquer um dos
passageiros do coletivo, uma vez que o perigo é presumido, sendo
punida essa circunstância pelo legislador com maior rigor. Todavia,
não se verifica tal conduta em relação ao co-réu e quanto ao crime de
associação ao tráfico, cuja perpetração deu-se desde muito antes da
apreensão, em diversos locais e, inclusive, através de ligações e
mensagens telefônicas. Reconhecida a majorante em questão ao crime
de tráfico de drogas praticado pelo réu PABLO, com a exasperação da
pena em 1/6. 6. Minorante do tráfico privilegiado cujo
reconhecimento é inviável, diante da condenação dos réus também
pelo crime de associação ao tráfico, que pressupõe habitualidade,
motivo pelo qual não preenchidos os requisitos elencados no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06. 7. Substituição de pena inviável, tendo
em vista a quantidade das penas impostas, que extrapolam o máximo
de quatro anos previsto no art. 44 do CP. 8. Regime de cumprimento.
Manutenção do regime inicial fechado a ambos os réus, considerando
as penas impostas, nos termos do art. 33, § 2º, a , do CP. 9. Penas de
multa estabelecidas em consonância às penas corporais. 10. Restituição
de valores e de veículo. Os valores em dinheiro, segundo apurou a
prova dos autos, são provenientes de crime, motivo pelo qual não
podem ser restituídos à parte. Inviável, ainda, o pleito de restituição do
veículo apreendido nos autos, por não se tratar o postulante do
legítimo proprietário do bem cuja restituição é postulada, devendo a
proprietária, se assim desejar, intentar as medidas que entender
cabíveis. 11. Segregação cautelar. Inviável o acolhimento do pedido
para que o réu PABLO aguarde o julgamento em liberdade, tendo em
vista que não só respondeu ao processo segregado, como os
fundamentos da prisão preventiva (que foram analisados também em
sede de habeas corpus) se mantêm. APELAÇÕES PARCIALMENTE
PROVIDAS. UNÂNIME. (Apelação Crime Nº 70077005122,
Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Victor
Luiz Barcellos Lima, Julgado em 16/08/2018) – grifei.

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Outrossim, vai  reconhecida a majorante insculpida no art. 40, III, da
Lei 11.340/06, visto ter o agente cometido o delito nas imediações de
estabelecimento de ensino e do Parque Municipal de Exposições, conforme relatório
de diligências acostado (Evento 32, OUT7 - 5003762-82.2021.8.21.0020).

Assim, certas a materialidade e autorias delitivas, resta caracterizada a


conduta típica descrita no artigo 33, “caput”, e §1º, inciso II,  combinado com o
artigo 40, inciso III, ambos da Lei nº 11.343/06, sendo a condenação medida que se
impõe.

Quanto ao sexto fato,  a materialidade  se verifica pelo  boletim de


ocorrência (Evento 1, REGOP3 - 5003765-37.2021.8.21.0020), pelo auto de
apreensão (Evento 1, AUTOCIRCUNST5 - 5003765-37.2021.8.21.0020),  laudo de
constatação da natureza da substância (Evento 1, PERICIA8 - 5003765-
37.2021.8.21.0020), auto de prisão em flagrante (Evento 1,  P_FLAGRANTE9 -
5003765-37.2021.8.21.0020), auto circunstanciado de busca (Evento 1, OUT26 -
5003765-37.2021.8.21.0020), relatório de diligências (Evento 39, OUT3 - 5003765-
37.2021.8.21.0020), laudo pericial (Evento 39, AUTO4 - 5003765-
37.2021.8.21.0020), relatório de análise e extração de dados telefônicos (Evento 39,
OUT8 - 5003765-37.2021.8.21.0020), bem como pela prova oral produzida.

No tocante a autoria,  esta  restou suficientemente demonstrada pelos


mesmos elementos e pela prova oral colhida, senão vejamos.

No caso posto, os policiais civis que cumpriram o mandado de busca e


apreensão na residência do acusado, Ricardo Ramos Rebelo, Rejane Braun e Gabriel
Gonçalves Disconzi, confirmaram a prática delitiva pelo acusado, afirmando
veementemente a localização do entorpecente nas dependências da residência do
acusado Volnei Luís de Moura Franco

No momento das buscas  foi encontrada a droga, o montante em


dinheiro e os aparelhos celulares  apreendidos. As testemunhas são uníssonas em
demonstrar que a apreensão da droga se deu nas dependências da casa em que o réu
estava.

Soma-se a isso, o fato de que, diante dos dados extraídos no celular


apreendido na posse de Volnei,  verificou-se que em conjunto aos
codenunciados, realizavam a traficância de drogas ilícitas, estando corroborado pela
prova dos autos tal situação (relatório de análise e extração de dados telefônico -
Evento 39, OUT8 - 5003765-37.2021.8.21.0020), a exemplo:

5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478


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No ponto, tenho que demonstrado o  exercício do tráfico restou


demonstrado nesta ação penal, tanto é que os dados obtidos demonstram a
comercialização pelo acusado quando buscado por terceiros consumidores. Os prints
acima acostados, extraídos do aparelho de telefone celular, demonstram a intensa
negociação realizada pelo acusado com diversas pessoas.

5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478


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Diante do lastro caderno probatório, tenho que a autoria do réu Volnei


Luis de Moura Franco na mercancia da droga resta demonstrada, inexistindo o que
se falar em posse para consumo.

No que tange à adequação típica, o Ministério Público imputou ao réu


o crime previsto no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006, o qual abaixo transcrevo:

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Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,


adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar,
trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou

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fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em


desacordo com determinação legal ou regulamentar:

À luz do art. 33, caput, da Lei nº. 11.343/06, cumpre ter em conta que,
para a configuração do delito de tráfico de drogas basta que o agente pratique uma
das condutas tipificadas no art. 33 da Lei nº. 11.343/06, de modo que despicienda a

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prova efetiva da comercialização das drogas, assim como a apreensão de substâncias
entorpecentes e/ou de instrumentos comumente utilizados para a mercancia também
na posse do acusado.

É dizer, no que condiz ao elemento subjetivo do tipo de tráfico, para a


sua configuração não é necessário que o réu seja visualizado comercializando
entorpecentes, o que, no caso, foi presenciado pelos agentes de segurança pública
que efetuaram o atendimento da ocorrência.

Na espécie,  como já dito, o  réu foi flagrado  no momento em


que  guardava  e tinha  em depósito no interior da residência, 06 (seis) gramas  de
Cannabis sativa L., vulgarmente conhecida como “maconha”, que contém o
princípio ativo Tetrahidrocanabinol (THC).

Inexistindo dúvidas quanto ao  tráfico de entorpecentes pelo


acusado,  afasto a arguição de insuficiência probatória, pois preenchidos todos os
requisitos da configuração da norma incriminadora.

Destaca-se,  pois necessário, que não há se falar em posse para uso,


pois a prova, como já referido, aponta para a realização do tráfico. O fato de do
acusado ser usuário não exclui o tráfico. Veja-se que ainda que, mesmo fosse o réu
usuário ou dependente, esta situação não afasta a prática do delito de tráfico de
drogas, mormente porque devidamente comprovado nos autos, razão pela qual não
há obrigatoriedade na realização de exame laboratorial para confirmação de tal
situação.

Mostra-se até corriqueiro que o agente do delito do artigo 33 da lei nº


11.343/06 pratique a traficância, em parte, para sustentar o próprio vício, não se
tratando de condutas incompatíveis, como já se referiu anteriormente. Mas não se
diga que o fato do agente ser usuário, ou dependente, retira a capacidade para ter
conhecimento da ilicitude do seu agir e de entender e comportar-se de acordo com
tal entendimento.

Diante do exposto, fundamenta-se:

APELAÇÃO.  TRÁFICO  DE DROGAS. RECURSO DEFENSIVO.


PRELIMINAR. PEDIDO DE LIBERDADE. REJEITADA. MÉRITO.
SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. DESCLASSIFICAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 28
DA LEI DE DROGAS. PREJUDICADO. MINORANTE DA
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA.
INAPLICABILIDADE. CONDENAÇÃO MANTIDA. AGRAVANTE
DA REINCIDÊNCIA. BIS IN IDEM NÃO VERIFICADO. PENA
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MANTIDA. PRELIMINAR. Permanecem hígidos os pressupostos
ensejadores da prisão preventiva, não havendo modificação da situação
fática retratada por ocasião de sua decretação, além do que o apelante
permaneceu preso durante todo o processo, inexistindo razão para a
sua libertação agora, em que restou condenado ao regime fechado, sem
olvidar sua reincidência. MÉRITO. 1. SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA.
Os policiais ingressaram em ponto de  tráfico  de drogas quando
avistaram o réu, que ao visualizar a guarnição ficou nervoso e entrou
em um mercado. Realizaram sua abordagem, apreendendo em sua
posse "diversas pedras de crack pesando 11g com embalagem e 06
pedras de crack pesando 01g com embalagem", além do valor de R$
250,00 (duzentos e cinquenta reais). Embora o indigitado tenha negado
a prática delitiva, sua afirmação não ficou comprovada e restou isolada
das provas amealhadas aos autos, notadamente pelos relatos dos
policiais atuantes no flagrante e pela quantidade de entorpecentes
apreendidos, que não corresponde com a hipótese de uso pessoal. Não
se vislumbram motivos para que os agentes estatais prestassem
declarações falsas a fim de imputar responsabilidade criminal indevida
ao acusado, daí porque é preciso prestigiar suas palavras. Ademais,
esta julgadora possui entendimento no sentido de recepcionar a
validade do depoimento policial como meio de prova, sendo este,
como no caso, convergente e harmônico, tanto na fase administrativa
quanto judicial, os detalhes do caso em tela, corroborado pelos
elementos de prova carreados aos autos. Para afastar a presumida
idoneidade dos policiais, seria necessária a constatação de importantes
contradições em seus relatos, ou mesmo a demonstração de interesse
em prejudicar o réu, fato que não ocorreu no caso em tela. 2.
DESCLASSIFICAÇÃO. As provas carreadas aos autos não
possibilitam concluir que a finalidade da droga apreendida seja de
consumo próprio, embora possível supor que o acusado
efetivamente seja  usuário  de drogas. Tal constatação, por óbvio,
não elide a convicção da prática de traficância pelo apelante, sendo
usual que usuários comercializem drogas como forma de manter o
vício. 3. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 28 DA LEI DE
DROGAS. PREJUDICADO. Afastada a tese desclassificatória, resta
prejudicado o julgamento do pedido de reconhecimento da
inconstitucionalidade do art. 28, da Lei n° 11.343/06. 4.
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA. Possível concluir
que não houve participação de menor importância por parte do
acusado, na medida em que praticou elemento nuclear do tipo – “trazer
consigo” – e a divisão de tarefas na cadeia produtiva que envolve a
comercialização de substâncias ilícitas em nada diminui a relevância

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de sua conduta, cuja prática voltou-se à consecução de objetivo ilícito
comum, qual seja a venda de substância entorpecente. Mantida a
condenação pelo  tráfico  de drogas. 5. AGRAVANTE DA
REINCIDÊNCIA. BIS IN IDEM. Não há o que se falar em bis in idem
na utilização de uma sentença condenatória para exasperar a pena nos
termos do art. 61, I do CP, pois a aplicação da referida agravante visa
reconhecer maior censurabilidade à conduta do agente que reitera na
prática criminosa, após o trânsito em julgado da sentença em que foi
condenado anteriormente. Mantida a pena estabelecida na origem. 6.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR
RESTRITIVA DE DIREITOS. Inviável a substituição, considerando o
quantum de pena fixado e a reincidência do acusado. 7. ISENÇÃO
PENA DE MULTA. O pedido de isenção ou suspensão da pena de
multa também não merece acolhido, pois consectário legal. 8.
PREQUESTIONAMENTO. Consigno que não estou negando vigência
a qualquer dos dispositivos legais mencionados ao longo da ação
penal, traduzindo a presente decisão o entendimento desta Relatora
acerca da matéria analisada. À UNANIMIDADE, REJEITARAM A
PRELIMINAR E, NO MÉRITO, NEGARAM PROVIMENTO AO
RECURSO DE APELAÇÃO, JULGANDO PREJUDICADO O
PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 28 DA LEI DE DROGAS.
(Apelação Criminal, Nº 50022092320228210001, Segunda Câmara
Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rosaura Marques Borba,
Julgado em: 13-02-2023) - grifei.

Sem prejuízo, no tocante à privilegiadora inserida no § 4º, do artigo


33, da Lei nº 11.343/06, ressalto que incabível sua aplicação, na medida em que
o agente mancomunado com os demais estavam associados, dedicando-se, há muito
tempo, à venda de narcóticos, ou seja, à atividade criminosa. Nesse sentido:
“Demonstrando o caderno probatório que os acusados estavam unidos para a prática
do crime de tráfico de drogas, incogitável o reconhecimento da minorante”.
(Apelação Crime Nº 70033252420, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Marlene Landvoigt, Julgado em 28/09/2010).

Além do que  a comprovação do ânimo associativo afasta  a aplicação


da privilegiadora, como sói acontecer no caso, consoante se vê do julgado:

APELAÇÕES CRIMINAIS. TRÁFICO DE DROGAS,


ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO E POSSE ILEGAL DE ARMA DE
FOGO DE USO RESTRITO. INSURGÊNCIAS DAS DEFESAS E
DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 1. TRÁFICO DE DROGAS.

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Materialidade e autoria demonstradas. Caso concreto em que realizada
grande investigação por parte da Polícia Civil, com a realização de
interceptações telefônicas e monitoramento às ações dos acusados,
oportunidade em que policiais tomaram conhecimento de que o réu
PABLO transportaria drogas de Porto Alegre até Rio Grande e, então,
realizaram abordagem ao ônibus no qual se deslocava, logrando êxito
em encontrar e apreender, na sua posse, um tijolo de crack, pesando
cerca de um quilograma. Simultaneamente, foram cumpridos
mandados de busca e apreensão nas residências de RAFAEL e
PABLO, oportunidade em que localizas e apreendidas, na casa deste,
diversas buchas e porções de cocaína, totalizando 795 gramas, e de
maconha, no total de 252 gramas, além de balanças de precisão,
enquanto na residência daquele foi apreendida quantia em dinheiro e
anotações relativas ao tráfico de entorpecentes. Prova dos autos,
especialmente o teor das interceptações telefônicas, que demonstra o
envolvimento de ambos os réus na prática delitiva. Validade dos
depoimentos dos policiais, prestados sob o crivo do contraditório e da
ampla defesa, sem apresentarem divergências. Desnecessidade de ato
de mercancia para a caracterização da infração penal, quando os
indicativos de prova, especialmente a quantidade de drogas
apreendidas, demonstram, à saciedade, a intenção do comércio ilegal.
Condenação mantida. 2. ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO. Prova dos
autos segura a demonstrar que a associação havida entre os réus com o
escopo de traficância possuía caráter estável e permanente, bem como
que havia, entre os acusados, relação de hierarquia e subordinação, na
medida em que RAFAEL dava ordem a PABLO, que, por sua vez,
prestava contas de suas ações ao co-réu. Associação ao tráfico
devidamente demonstrada. Condenação mantida. 3. APENAMENTO.
Penas-base. Possibilidade de exasperação das penas-base aplicada a
ambos os réus, e em relação crimes de tráfico de drogas e associação
ao tráfico, em razão da quantidade e da variedade de entorpecentes
apreendidos, nos termos em que autoriza o art. 42 da Lei nº 11.343/06.
Inviabilidade de que sejam utilizados processos em andamento para
exasperação da pena-base, nos termos da Súmula nº 231 do STJ,
desimportando que os feitos tenham sido considerados para fins de
análise da personalidade do agente, e não dos antecedentes.
Personalidade do réu RAFAEL neutralizada, em relação a ambos os
crimes. O fato de RAFAEL ser considerado o chefe do tráfico de
drogas não autorização a negativação de sua culpabilidade. E tal
vetorial, que deve ser entendida como "a reprovação social que o crime
e o autor do fato merecem", não fugiu do ordinário no caso concreto.
Reanálise das circunstâncias judiciais do art. 59 do CP que leva à

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redução das penas-base impostas aos réus. 4. Atenuante de confissão
espontânea. Havendo o réu PABLO admitido a prática do crime de
tráfico de drogas, faz jus à aplicação da atenuante de confissão
espontânea, nos termos da Súmula nº 545 do STJ, ainda que a
confissão tenha sido parcial, e não sobre todos os fatos e pessoas
envolvidas. Manutenção da atenuante em questão, no tocante ao réu
PABLO, em relação ao crime de tráfico de drogas. 5. Majorante
prevista no artigo 40, III, da Lei nº 11.343/06 que deve ser conhecida
exclusivamente ao acusado PABLO, e somente no tocante ao crime de
tráfico de drogas, pois fora ele quem restou abordado em um ônibus de
transporte coletivo transportando entorpecentes, sendo desnecessário
demonstrar que o agente objetivasse atingir qualquer um dos
passageiros do coletivo, uma vez que o perigo é presumido, sendo
punida essa circunstância pelo legislador com maior rigor. Todavia,
não se verifica tal conduta em relação ao co-réu e quanto ao crime de
associação ao tráfico, cuja perpetração deu-se desde muito antes da
apreensão, em diversos locais e, inclusive, através de ligações e
mensagens telefônicas. Reconhecida a majorante em questão ao crime
de tráfico de drogas praticado pelo réu PABLO, com a exasperação da
pena em 1/6. 6. Minorante do tráfico privilegiado cujo
reconhecimento é inviável, diante da condenação dos réus também
pelo crime de associação ao tráfico, que pressupõe habitualidade,
motivo pelo qual não preenchidos os requisitos elencados no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06. 7. Substituição de pena inviável, tendo
em vista a quantidade das penas impostas, que extrapolam o máximo
de quatro anos previsto no art. 44 do CP. 8. Regime de cumprimento.
Manutenção do regime inicial fechado a ambos os réus, considerando
as penas impostas, nos termos do art. 33, § 2º, a , do CP. 9. Penas de
multa estabelecidas em consonância às penas corporais. 10. Restituição
de valores e de veículo. Os valores em dinheiro, segundo apurou a
prova dos autos, são provenientes de crime, motivo pelo qual não
podem ser restituídos à parte. Inviável, ainda, o pleito de restituição do
veículo apreendido nos autos, por não se tratar o postulante do
legítimo proprietário do bem cuja restituição é postulada, devendo a
proprietária, se assim desejar, intentar as medidas que entender
cabíveis. 11. Segregação cautelar. Inviável o acolhimento do pedido
para que o réu PABLO aguarde o julgamento em liberdade, tendo em
vista que não só respondeu ao processo segregado, como os
fundamentos da prisão preventiva (que foram analisados também em
sede de habeas corpus) se mantêm. APELAÇÕES PARCIALMENTE

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PROVIDAS. UNÂNIME. (Apelação Crime Nº 70077005122,
Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Victor
Luiz Barcellos Lima, Julgado em 16/08/2018) – grifei.

Por fim, vai reconhecida a majorante insculpida no art. 40, III, da Lei


11.340/06, visto ter o agente cometido o delito nas imediações de estabelecimento
de ensino, conforme relatório de diligências acostado (Evento 39, OUT3 - 5003765-
37.2021.8.21.0020).

Certas a materialidade e autorias delitivas, resta caracterizada a


conduta típica descrita no artigo 33, “caput”, combinado com o artigo 40, inciso III,
ambos da Lei nº 11.343/06, sendo a condenação medida que se impõe.

Por fim, quanto ao sétimo fato,  a materialidade  se verifica


pelo  boletim de ocorrência, Relatório de extração e análise de dados de telefone
celular (Evento 94, OUT1, pág. 34 a 48, do IP n. 5000979-20.2021.8.21.0020), Auto
de Apreensão (Evento 113, pág. 4 a 6), Auto Circunstanciado (Evento 13, OUT30,
pág. 2) e Laudo Pericial n. 98664/2022 (Evento 122, do IP n.
50009792020218210020)., bem como pela prova oral produzida.

No tocante à  autoria,  esta  restou suficientemente demonstrada pelos


mesmos elementos e pela prova oral colhida, senão vejamos.

No caso posto, os policiais civis que cumpriram o mandado de busca e


apreensão na residência do acusado, Marcelo Brandão Ardenghy, Jean Zanchin e
Yasmim Fioreze de Souza  confirmaram a prática delitiva pelo acusado, afirmando
veementemente a localização do entorpecente nas dependências da residência do
acusado Cleiton dos Santos Stumm.

No momento das buscas  foi encontrada a droga, o montante em


dinheiro e os aparelhos celulares apreendidos, além de comprovantes de depósito em
nome de terceiros. As testemunhas são uníssonas em demonstrar que a apreensão da
droga se deu nas dependências da casa em que o réu estava.

Soma-se a isso, o fato de que, diante dos dados extraídos no celular


apreendido na posse de Douglas,  verificou-se que em conjunto aos
codenunciados, realizavam a traficância de drogas ilícitas, estando corroborado pela
prova dos autos tal situação (relatório de análise e extração de dados telefônico -
Evento 39, OUT6 - 5003764-52.2021.8.21.0020), a exemplo:

No ponto, tenho que demonstrado o  exercício do tráfico restou


demonstrado nesta ação penal, tanto é que os dados obtidos demonstram a
comercialização pelo acusado quando buscado por terceiros consumidores. Os prints
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acima acostados, extraídos do aparelho de telefone celular, demonstram a intensa


negociação realizada pelo acusado com diversas pessoas.

Diante do lastro caderno probatório, tenho que a autoria do réu Cleiton


dos Santos Stumm na mercancia da droga resta demonstrada, inexistindo o que se
falar em posse para consumo.

No que tange à adequação típica, o Ministério Público imputou ao réu


o crime previsto no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006, o qual abaixo transcrevo:

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,


adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar,
trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou

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fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em


desacordo com determinação legal ou regulamentar:

À luz do art. 33, caput, da Lei nº. 11.343/06, cumpre ter em conta que,
para a configuração do delito de tráfico de drogas basta que o agente pratique uma
das condutas tipificadas no art. 33 da Lei nº. 11.343/06, de modo que despicienda a
prova efetiva da comercialização das drogas, assim como a apreensão de substâncias
entorpecentes e/ou de instrumentos comumente utilizados para a mercancia também
na posse do acusado.

É dizer, no que condiz ao elemento subjetivo do tipo de tráfico, para a


sua configuração não é necessário que o réu seja visualizado comercializando
entorpecentes, o que, no caso, foi presenciado pelos agentes de segurança pública

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que efetuaram o atendimento da ocorrência.

Na espécie,  como já dito, o  réu foi flagrado  no momento em


que  guardava  e tinha  em depósito no interior da residência, 01 (um) grama  de
Cannabis sativa L., vulgarmente conhecida como “maconha”, que contém o
princípio ativo Tetrahidrocanabinol (THC).

Assim, inexistindo dúvidas quanto a prática do tráfico de


entorpecentes pelo acusado,  afasto a tese de insuficiência probatória, pois
preenchidos todos os requisitos da configuração da norma incriminadora.

Destaca-se,  pois necessário, que não há se falar em posse para uso,


pois a prova, como já referido, aponta para a realização do tráfico. O fato de do
acusado ser usuário não exclui o tráfico. Veja-se que ainda que, mesmo fosse o réu
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usuário ou dependente, esta situação não afasta a prática do delito de tráfico de


drogas, mormente porque devidamente comprovado nos autos, razão pela qual não
há obrigatoriedade na realização de exame laboratorial para confirmação de tal
situação.

Aliás, é até corriqueiro que o agente do delito do artigo 33 da lei nº


11.343/06 pratique a traficância, em parte, para sustentar o próprio vício, não se
tratando de condutas incompatíveis, como já se referiu anteriormente. Mas não se
diga que o fato do agente ser usuário, ou dependente, retira a capacidade para ter
conhecimento da ilicitude do seu agir e de entender e comportar-se de acordo com
tal entendimento.

Diante do exposto, fundamenta-se:

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APELAÇÃO.  TRÁFICO  DE DROGAS. RECURSO DEFENSIVO.
PRELIMINAR. PEDIDO DE LIBERDADE. REJEITADA. MÉRITO.
SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. DESCLASSIFICAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 28
DA LEI DE DROGAS. PREJUDICADO. MINORANTE DA
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA.
INAPLICABILIDADE. CONDENAÇÃO MANTIDA. AGRAVANTE
DA REINCIDÊNCIA. BIS IN IDEM NÃO VERIFICADO. PENA
MANTIDA. PRELIMINAR. Permanecem hígidos os pressupostos
ensejadores da prisão preventiva, não havendo modificação da situação
fática retratada por ocasião de sua decretação, além do que o apelante
permaneceu preso durante todo o processo, inexistindo razão para a
sua libertação agora, em que restou condenado ao regime fechado, sem
olvidar sua reincidência. MÉRITO. 1. SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA.
Os policiais ingressaram em ponto de  tráfico  de drogas quando
avistaram o réu, que ao visualizar a guarnição ficou nervoso e entrou
em um mercado. Realizaram sua abordagem, apreendendo em sua
posse "diversas pedras de crack pesando 11g com embalagem e 06
pedras de crack pesando 01g com embalagem", além do valor de R$
250,00 (duzentos e cinquenta reais). Embora o indigitado tenha negado
a prática delitiva, sua afirmação não ficou comprovada e restou isolada
das provas amealhadas aos autos, notadamente pelos relatos dos
policiais atuantes no flagrante e pela quantidade de entorpecentes
apreendidos, que não corresponde com a hipótese de uso pessoal. Não
se vislumbram motivos para que os agentes estatais prestassem
declarações falsas a fim de imputar responsabilidade criminal indevida
ao acusado, daí porque é preciso prestigiar suas palavras. Ademais,
esta julgadora possui entendimento no sentido de recepcionar a
validade do depoimento policial como meio de prova, sendo este,
como no caso, convergente e harmônico, tanto na fase administrativa
quanto judicial, os detalhes do caso em tela, corroborado pelos
elementos de prova carreados aos autos. Para afastar a presumida
idoneidade dos policiais, seria necessária a constatação de importantes
contradições em seus relatos, ou mesmo a demonstração de interesse
em prejudicar o réu, fato que não ocorreu no caso em tela. 2.
DESCLASSIFICAÇÃO. As provas carreadas aos autos não
possibilitam concluir que a finalidade da droga apreendida seja de
consumo próprio, embora possível supor que o acusado
efetivamente seja  usuário  de drogas. Tal constatação, por óbvio,
não elide a convicção da prática de traficância pelo apelante, sendo
usual que usuários comercializem drogas como forma de manter o
vício. 3. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 28 DA LEI DE

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DROGAS. PREJUDICADO. Afastada a tese desclassificatória, resta
prejudicado o julgamento do pedido de reconhecimento da
inconstitucionalidade do art. 28, da Lei n° 11.343/06. 4.
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA. Possível concluir
que não houve participação de menor importância por parte do
acusado, na medida em que praticou elemento nuclear do tipo – “trazer
consigo” – e a divisão de tarefas na cadeia produtiva que envolve a
comercialização de substâncias ilícitas em nada diminui a relevância
de sua conduta, cuja prática voltou-se à consecução de objetivo ilícito
comum, qual seja a venda de substância entorpecente. Mantida a
condenação pelo  tráfico  de drogas. 5. AGRAVANTE DA
REINCIDÊNCIA. BIS IN IDEM. Não há o que se falar em bis in idem
na utilização de uma sentença condenatória para exasperar a pena nos
termos do art. 61, I do CP, pois a aplicação da referida agravante visa
reconhecer maior censurabilidade à conduta do agente que reitera na
prática criminosa, após o trânsito em julgado da sentença em que foi
condenado anteriormente. Mantida a pena estabelecida na origem. 6.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR
RESTRITIVA DE DIREITOS. Inviável a substituição, considerando o
quantum de pena fixado e a reincidência do acusado. 7. ISENÇÃO
PENA DE MULTA. O pedido de isenção ou suspensão da pena de
multa também não merece acolhido, pois consectário legal. 8.
PREQUESTIONAMENTO. Consigno que não estou negando vigência
a qualquer dos dispositivos legais mencionados ao longo da ação
penal, traduzindo a presente decisão o entendimento desta Relatora
acerca da matéria analisada. À UNANIMIDADE, REJEITARAM A
PRELIMINAR E, NO MÉRITO, NEGARAM PROVIMENTO AO
RECURSO DE APELAÇÃO, JULGANDO PREJUDICADO O
PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 28 DA LEI DE DROGAS.
(Apelação Criminal, Nº 50022092320228210001, Segunda Câmara
Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rosaura Marques Borba,
Julgado em: 13-02-2023) - grifei.

Sem prejuízo, no tocante à privilegiadora inserida no § 4º, do artigo


33, da Lei nº 11.343/06, ressalto que incabível sua aplicação, na medida em que
o agente mancomunado com os demais estavam associados, dedicando-se, há muito
tempo, à venda de narcóticos, ou seja, à atividade criminosa. Nesse sentido:
“Demonstrando o caderno probatório que os acusados estavam unidos para a prática
do crime de tráfico de drogas, incogitável o reconhecimento da minorante”.
(Apelação Crime Nº 70033252420, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Marlene Landvoigt, Julgado em 28/09/2010).

5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478


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1ª Vara Criminal da Comarca de Palmeira das Missões
Além do que, a comprovação do ânimo associativo afasta a aplicação
da privilegiadora, conforme sinalado no julgado:

APELAÇÕES CRIMINAIS. TRÁFICO DE DROGAS,


ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO E POSSE ILEGAL DE ARMA DE
FOGO DE USO RESTRITO. INSURGÊNCIAS DAS DEFESAS E
DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 1. TRÁFICO DE DROGAS.
Materialidade e autoria demonstradas. Caso concreto em que realizada
grande investigação por parte da Polícia Civil, com a realização de
interceptações telefônicas e monitoramento às ações dos acusados,
oportunidade em que policiais tomaram conhecimento de que o réu
PABLO transportaria drogas de Porto Alegre até Rio Grande e, então,
realizaram abordagem ao ônibus no qual se deslocava, logrando êxito
em encontrar e apreender, na sua posse, um tijolo de crack, pesando
cerca de um quilograma. Simultaneamente, foram cumpridos
mandados de busca e apreensão nas residências de RAFAEL e
PABLO, oportunidade em que localizas e apreendidas, na casa deste,
diversas buchas e porções de cocaína, totalizando 795 gramas, e de
maconha, no total de 252 gramas, além de balanças de precisão,
enquanto na residência daquele foi apreendida quantia em dinheiro e
anotações relativas ao tráfico de entorpecentes. Prova dos autos,
especialmente o teor das interceptações telefônicas, que demonstra o
envolvimento de ambos os réus na prática delitiva. Validade dos
depoimentos dos policiais, prestados sob o crivo do contraditório e da
ampla defesa, sem apresentarem divergências. Desnecessidade de ato
de mercancia para a caracterização da infração penal, quando os
indicativos de prova, especialmente a quantidade de drogas
apreendidas, demonstram, à saciedade, a intenção do comércio ilegal.
Condenação mantida. 2. ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO. Prova dos
autos segura a demonstrar que a associação havida entre os réus com o
escopo de traficância possuía caráter estável e permanente, bem como
que havia, entre os acusados, relação de hierarquia e subordinação, na
medida em que RAFAEL dava ordem a PABLO, que, por sua vez,
prestava contas de suas ações ao co-réu. Associação ao tráfico
devidamente demonstrada. Condenação mantida. 3. APENAMENTO.
Penas-base. Possibilidade de exasperação das penas-base aplicada a
ambos os réus, e em relação crimes de tráfico de drogas e associação
ao tráfico, em razão da quantidade e da variedade de entorpecentes
apreendidos, nos termos em que autoriza o art. 42 da Lei nº 11.343/06.
Inviabilidade de que sejam utilizados processos em andamento para
exasperação da pena-base, nos termos da Súmula nº 231 do STJ,
desimportando que os feitos tenham sido considerados para fins de

5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478


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1ª Vara Criminal da Comarca de Palmeira das Missões
análise da personalidade do agente, e não dos antecedentes.
Personalidade do réu RAFAEL neutralizada, em relação a ambos os
crimes. O fato de RAFAEL ser considerado o chefe do tráfico de
drogas não autorização a negativação de sua culpabilidade. E tal
vetorial, que deve ser entendida como "a reprovação social que o crime
e o autor do fato merecem", não fugiu do ordinário no caso concreto.
Reanálise das circunstâncias judiciais do art. 59 do CP que leva à
redução das penas-base impostas aos réus. 4. Atenuante de confissão
espontânea. Havendo o réu PABLO admitido a prática do crime de
tráfico de drogas, faz jus à aplicação da atenuante de confissão
espontânea, nos termos da Súmula nº 545 do STJ, ainda que a
confissão tenha sido parcial, e não sobre todos os fatos e pessoas
envolvidas. Manutenção da atenuante em questão, no tocante ao réu
PABLO, em relação ao crime de tráfico de drogas. 5. Majorante
prevista no artigo 40, III, da Lei nº 11.343/06 que deve ser conhecida
exclusivamente ao acusado PABLO, e somente no tocante ao crime de
tráfico de drogas, pois fora ele quem restou abordado em um ônibus de
transporte coletivo transportando entorpecentes, sendo desnecessário
demonstrar que o agente objetivasse atingir qualquer um dos
passageiros do coletivo, uma vez que o perigo é presumido, sendo
punida essa circunstância pelo legislador com maior rigor. Todavia,
não se verifica tal conduta em relação ao co-réu e quanto ao crime de
associação ao tráfico, cuja perpetração deu-se desde muito antes da
apreensão, em diversos locais e, inclusive, através de ligações e
mensagens telefônicas. Reconhecida a majorante em questão ao crime
de tráfico de drogas praticado pelo réu PABLO, com a exasperação da
pena em 1/6. 6. Minorante do tráfico privilegiado cujo
reconhecimento é inviável, diante da condenação dos réus também
pelo crime de associação ao tráfico, que pressupõe habitualidade,
motivo pelo qual não preenchidos os requisitos elencados no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06. 7. Substituição de pena inviável, tendo
em vista a quantidade das penas impostas, que extrapolam o máximo
de quatro anos previsto no art. 44 do CP. 8. Regime de cumprimento.
Manutenção do regime inicial fechado a ambos os réus, considerando
as penas impostas, nos termos do art. 33, § 2º, a , do CP. 9. Penas de
multa estabelecidas em consonância às penas corporais. 10. Restituição
de valores e de veículo. Os valores em dinheiro, segundo apurou a
prova dos autos, são provenientes de crime, motivo pelo qual não
podem ser restituídos à parte. Inviável, ainda, o pleito de restituição do
veículo apreendido nos autos, por não se tratar o postulante do
legítimo proprietário do bem cuja restituição é postulada, devendo a
proprietária, se assim desejar, intentar as medidas que entender

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cabíveis. 11. Segregação cautelar. Inviável o acolhimento do pedido
para que o réu PABLO aguarde o julgamento em liberdade, tendo em
vista que não só respondeu ao processo segregado, como os
fundamentos da prisão preventiva (que foram analisados também em
sede de habeas corpus) se mantêm. APELAÇÕES PARCIALMENTE
PROVIDAS. UNÂNIME. (Apelação Crime Nº 70077005122,
Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Victor
Luiz Barcellos Lima, Julgado em 16/08/2018) – grifei.

Logo, certas a materialidade e autorias delitivas, resta caracterizada a


conduta típica descrita no artigo 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06, sendo a
condenação medida que se impõe.

Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE a pretensão punitiva


deduzida na peça inaugural acusatória para o fim de CONDENAR os
réus BERNARDO DA COSTA CAMPOS, nas penas do art. 35, caput, combinado
com o art. 40, inciso IV, ambos da Lei n. 11.343/2006; CLEITON DOS SANTOS
STUMM nas penas dos art. 33, caput, e art. 35, caput, combinados com o art. 40,
inciso IV, todos da Lei n. 11.343/2006, e entre si na forma do art. 69, caput, do
Código Penal; DOUGLAS ALEX CRODA DE OLIVEIRA, nas penas dos art. 33,
caput, da Lei n. 11.343/2006, combinado com o art. 29, caput, do Código Penal; art.
33, caput, combinado com o art. 40, inciso III, ambos da Lei n. 11.343/2006 e art.
35, caput, combinado com o art. 40, inciso IV, ambos da Lei n. 11.343/2006, todos
combinados entre si na forma do art. 69, caput, do Código Penal; JACKSON
CARBONE DA CRUZ, nas penas do  art. 33, caput, e art. 35, caput, combinados
com o art. 40, inciso IV, ambos da Lei n. 11.343/2006, e entre si na forma do art. 69,
caput, do Código Penal;  JACSON DA SILVA SIMÕES, nas penas do art. 35,
caput, combinados com o art. 40, inciso IV, ambos da Lei n. 11.343/2006;
LEANDRO LEMES DA ROSA, nas penas do    art. 33, caput, da Lei n.
11.343/2006, combinado com o art. 29, caput, do Código Penal; e art. 35, caput,
combinado com o art. 40, inciso IV, ambos da Lei n. 11.343/2006, combinados entre
si na forma do art. 69, caput, do Código Penal; VINÍCIUS PETRI
GULGIELMIN, nas penas do art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006, combinado
com o art. 29, caput, do Código Penal e  art. 35, caput, combinado com o art. 40,
inciso IV, ambos da Lei n. 11.343/2006, combinados estes com aqueles na forma do
art. 69, caput, do Código Penal; VINÍCIUS ZANETTE BAPTISTA, nas penas do
art. 33, caput e §1º, inciso II, e art. 35, caput, combinados com o art. 40, incisos III e
IV, ambos da Lei n. 11.343/2006, combinados entre si na forma do art. 69, caput, do
Código Penal; VOLNEI LUÍS DE MOURA FRANCO, nas penas do art. 33,
caput, e art. 35, caput, combinados com o art. 40, inciso III e IV, ambos da Lei n.
11.343/2006, e entre si na forma do art. 69, caput, do Código Penal.

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Passo, pois, à análise das circunstâncias judiciais, as quais vão em
conjunto analisadas, relativamente aos delitos em que ora condenados, a fim de
evitar tautologia:

RÉU BERNARDO DA COSTA CAMPOS:

A culpabilidade do réu é em grau elevado, tendo o delito gerado


repercussão social, em face da participação de múltiplos agentes, até mesmo em face
dos malefícios das drogas. O réu não registra antecedentes. Conduta social abonada
pelas testemunhas defensivas. No tocante à personalidade, o simples fato do acusado
pertencer a uma organização voltada ao cometimento de tráfico de drogas evidencia
seu desvio de caráter e má índole, uma vez que restou demonstrado que o fato não se
trata de episódio único, mas de reiteradas práticas delitivas. Os motivos foram
comuns à espécie. As circunstâncias não destoam da normalidade. As consequências
do delito são aquelas próprias do tipo penal. Não há comportamento da vítima
passível de análise.

Quanto ao delito de associação ao tráfico de drogas (1º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 03 (três)


anos, 10 (dez) meses e 16 (dezesseis) dias de reclusão, a qual mantenho no mesmo
patamar em sede de pena provisória, em face da ausência de circunstâncias
agravantes ou atenuantes.

Presente a majorante do artigo 40, inciso IV, da lei 11.343/06 –


praticado mediante emprego de arma de fogo -, aumento a pena em 1/3, fixando a
pena definitiva, portanto, em 05 (cinco) anos, 02 (dois) meses e 01 (um) dia  de
reclusão, haja vista que ausentes outras causas de aumento ou diminuição da pena.

Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 820


dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.

Diante da pena aplicada, o regime inicial de cumprimento da pena será


o semiaberto, diante da quantidade de pena aplicada, o que faço com fundamento no
artigo 33, §2º, “a”, do Código Penal, em que pese procedida a detração do tempo da
prisão provisória, nos termos do artigo 387, § 2º, do Código de Processo Penal,
incluído pela Lei nº 12.736/2012.

Não há que se falar em substituição da pena privativa de liberdade


aplicada, em face da vedação expressa contida no art. 44, inciso I, do Código Penal,
de igual forma inviável a concessão de sursis, nos termos do art. 77, do Código
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Penal, haja vista a pena fixada.

RÉU CLEITON DOS SANTOS STUMM:

A culpabilidade do réu é em grau elevado, tendo o delito gerado


repercussão social, em face da participação de múltiplos agentes, até mesmo em face
dos malefícios das drogas. O réu não registra antecedentes. Conduta social abonada
pelas testemunhas defensivas. No tocante à personalidade, o simples fato do acusado
pertencer a uma organização voltada ao cometimento de tráfico de drogas evidencia
seu desvio de caráter e má índole, uma vez que restou demonstrado que o fato não se
trata de episódio único, mas de reiteradas práticas delitivas. Os motivos foram
comuns à espécie. As circunstâncias não destoam da normalidade. As consequências
do delito são aquelas próprias do tipo penal. Não há comportamento da vítima
passível de análise.

Quanto ao delito de tráfico de drogas (7º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 06 (seis)


anos e 03 (três) meses de reclusão, a qual mantenho no mesmo patamar em sede de
pena provisória, em face da ausência de circunstâncias agravantes ou atenuantes.

Presente a majorante do artigo 40, inciso IV, da lei 11.343/06 –


praticado mediante emprego de arma de fogo -, aumento a pena em 1/3, fixando a
pena definitiva, portanto, em 08 (oito) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, visto
a ausentes de outras causas de aumento ou diminuição da pena.

Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 620


dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.

Quanto ao delito de associação ao tráfico de drogas (1º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 03 (três)


anos, 10 (dez) meses e 16 (dezesseis) dias de reclusão, a qual resta mantida no
mesmo patamar em pena provisória, em face da inexistência de agravantes e
atenuantes.

Presente a majorante do artigo 40, inciso IV, da lei 11.343/06 –


praticado mediante emprego de arma de fogo -, aumento a pena em 1/3, fixando a
pena definitiva, portanto, em 05 (cinco) anos, 02 (dois) meses e 01 (um) dia  de
reclusão, visto a ausentes de outras causas de aumento ou diminuição da pena.

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1ª Vara Criminal da Comarca de Palmeira das Missões
Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 820
dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.

Em face do concurso de crimes, na forma de concurso material


(artigo 69 do CP), pelo somatório, a pena resta definitiva em 13 (treze) anos, 06
(seis) meses e 01 (um) dia  de reclusão, bem como multa fixada em razão de
1.440 dias-multa no valor de 1/30 do salário-mínimo à unidade, reputando o
apenamento necessário e suficiente à reprovação e à prevenção dos delitos.

Diante da pena aplicada, o regime inicial de cumprimento da pena será


o fechado, diante da quantidade de pena aplicada, além de se tratar de crime
hediondo, o que faço com fundamento no artigo 33, §2º, “a”, do Código Penal, em
que pese procedida a detração do tempo da prisão provisória, nos termos do artigo
387, § 2º, do Código de Processo Penal, incluído pela Lei nº 12.736/2012.

Não há que se falar em substituição da pena privativa de liberdade


aplicada, em face da vedação expressa contida no art. 44, inciso I, do Código Penal,
de igual forma inviável a concessão de sursis, nos termos do art. 77, do Código
Penal, haja vista a pena fixada.

RÉU DOUGLAS ALEX CRODA DE OLIVEIRA:

A culpabilidade do réu é em grau elevado, tendo o delito gerado


repercussão social, em face da participação de múltiplos agentes, até mesmo em face
dos malefícios das drogas. O réu não registra antecedentes. Conduta social abonada
pelas testemunhas defensivas. No tocante à personalidade, o simples fato do acusado
pertencer a uma organização voltada ao cometimento de tráfico de drogas evidencia
seu desvio de caráter e má índole, uma vez que restou demonstrado que o fato não se
trata de episódio único, mas de reiteradas práticas delitivas. Os motivos foram
comuns à espécie. As circunstâncias não destoam da normalidade. As consequências
do delito são aquelas próprias do tipo penal. Não há comportamento da vítima
passível de análise.

Quanto ao delito de tráfico de drogas (3º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 06 (seis)


anos e 03 (três) meses de reclusão, a qual torno definitiva em face da ausência de
agravantes e atenuantes ou causas de aumento ou diminuição da pena.

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Poder Judiciário
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
1ª Vara Criminal da Comarca de Palmeira das Missões
Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 620
dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.

Quanto ao delito de tráfico de drogas (4º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 06 (seis)


anos e 03 (três) meses de reclusão, a qual mantenho no mesmo patamar em face da
ausência de circunstâncias agravantes ou atenuantes.

Presente a majorante do artigo 40, inciso III, da lei 11.343/06 –


praticado nas imediações de instituição de ensino -, aumento a pena em 1/3, fixando
a pena definitiva, portanto, em 08 (oito) anos e  04  (quatro) meses de reclusão,
visto a ausentes de outras causas de aumento ou diminuição da pena.

Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 620


dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.

Quanto ao delito de associação ao tráfico de drogas (1º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 03 (três)


anos, 10 (dez) meses e 16 (dezesseis) dias de reclusão, a qual resta mantida no
mesmo patamar em grau de pena provisória, face a  inexistência de agravantes e
atenuantes.

Presente a majorante do artigo 40, inciso IV, da lei 11.343/06 –


praticado mediante emprego de arma de fogo -, aumento a pena em 1/3, fixando a
pena definitiva, portanto, em 05 (cinco) anos, 02 (dois) meses e 01 (um) dia  de
reclusão, visto a ausentes de outras causas de aumento ou diminuição da pena.

Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 820


dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.

Em face do concurso de crimes, na forma de concurso material


(artigo 69 do CP), pelo somatório, a pena resta definitiva em 19 (dezenove)
anos, 09 (nove) meses e 01 (um) dia  de reclusão, bem como multa fixada em

5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478


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razão de 2.060 dias-multa no valor de 1/30 do salário-mínimo à unidade,
reputando o apenamento necessário e suficiente à reprovação e à prevenção dos
delitos.

Diante da pena aplicada, o regime inicial de cumprimento da pena será


o fechado, diante da quantidade de pena aplicada, além de se tratar de crime
hediondo, o que faço com fundamento no artigo 33, §2º, “a”, do Código Penal, em
que pese procedida a detração do tempo da prisão provisória, nos termos do artigo
387, § 2º, do Código de Processo Penal, incluído pela Lei nº 12.736/2012.

Não há que se falar em substituição da pena privativa de liberdade


aplicada, em face da vedação expressa contida no art. 44, inciso I, do Código Penal,
de igual forma inviável a concessão de sursis, nos termos do art. 77, do Código
Penal, haja vista a pena fixada.

RÉU JACKSON CARBONE DA CRUZ :

A culpabilidade do réu é em grau elevado, tendo o delito gerado


repercussão social, em face da participação de múltiplos agentes, até mesmo em face
dos malefícios das drogas. O réu não registra antecedentes. Conduta social abonada
pelas testemunhas defensivas. No tocante à personalidade, o simples fato do acusado
pertencer a uma organização voltada ao cometimento de tráfico de drogas evidencia
seu desvio de caráter e má índole, uma vez que restou demonstrado que o fato não se
trata de episódio único, mas de reiteradas práticas delitivas. Os motivos foram
comuns à espécie. As circunstâncias não destoam da normalidade. As consequências
do delito são aquelas próprias do tipo penal. Não há comportamento da vítima
passível de análise.

Quanto ao delito de tráfico de drogas (2º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 06 (seis)


anos e 03 (três) meses de reclusão, a qual mantenho no mesmo patamar em grau de
pena provisória, face a ausência de circunstâncias agravantes ou atenuantes.

Presente a majorante do artigo 40, inciso IV, da lei 11.343/06 –


praticado mediante emprego de arma de fogo -, aumento a pena em 1/3, fixando a
pena definitiva, portanto, em 08 (oito) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, visto
a ausentes de outras causas de aumento ou diminuição da pena.

Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 620


dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.
5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478
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Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
1ª Vara Criminal da Comarca de Palmeira das Missões
Quanto ao delito de associação ao tráfico de drogas (1º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 03 (três)


anos, 10 (dez) meses e 16 (dezesseis) dias de reclusão, a qual resta mantida no
mesmo patamar em face da inexistência de agravantes e atenuantes em grau de pena
provisória.

Presente a majorante do artigo 40, inciso IV, da lei 11.343/06 –


praticado mediante emprego de arma de fogo -, aumento a pena em 1/3, fixando a
pena definitiva, portanto, em 05 (cinco) anos, 02 (dois) meses e 01 (um) dia  de
reclusão, visto a ausentes de outras causas de aumento ou diminuição da pena.

Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 820


dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.

Em face do concurso de crimes, na forma de concurso material


(artigo 69 do CP), pelo somatório, a pena resta definitiva em 13 (treze) anos, 06
(seis) meses e 01 (um) dia  de reclusão, bem como multa fixada em razão de
1.440 dias-multa no valor de 1/30 do salário-mínimo à unidade, reputando o
apenamento necessário e suficiente à reprovação e à prevenção dos delitos.

Diante da pena aplicada, o regime inicial de cumprimento da pena será


o fechado, diante da quantidade de pena aplicada, além de se tratar de crime
hediondo, o que faço com fundamento no artigo 33, §2º, “a”, do Código Penal, em
que pese procedida a detração do tempo da prisão provisória, nos termos do artigo
387, § 2º, do Código de Processo Penal, incluído pela Lei nº 12.736/2012.

Não há que se falar em substituição da pena privativa de liberdade


aplicada, em face da vedação expressa contida no art. 44, inciso I, do Código Penal,
de igual forma inviável a concessão de sursis, nos termos do art. 77, do Código
Penal, haja vista a pena fixada.

RÉU JACSON DA SILVA SIMÕES:

A culpabilidade do réu é em grau elevado, tendo o delito gerado


repercussão social, em face da participação de múltiplos agentes, até mesmo em face
dos malefícios das drogas. O réu não registra antecedentes. Conduta social abonada
pelas testemunhas defensivas. No tocante à personalidade, o simples fato do acusado
pertencer a uma organização voltada ao cometimento de tráfico de drogas evidencia
seu desvio de caráter e má índole, uma vez que restou demonstrado que o fato não se
trata de episódio único, mas de reiteradas práticas delitivas. Os motivos foram
5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478
https://eproc1g.tjrs.jus.br/eproc/controlador.php?acao=minuta_imprimir&acao_origem=acessar_documento&hash=f3102ca060f4cae0e126319… 90/98
14/03/2023, 08:16 :: 10033802117 - eproc - ::

Poder Judiciário
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
1ª Vara Criminal da Comarca de Palmeira das Missões
comuns à espécie. As circunstâncias não destoam da normalidade. As consequências
do delito são aquelas próprias do tipo penal. Não há comportamento da vítima
passível de análise.

Quanto ao delito de associação ao tráfico de drogas (1º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 03 (três)


anos, 10 (dez) meses e 16 (dezesseis) dias de reclusão, a qual mantenho no mesmo
patamar em sede de pena provisória, em face da ausência de circunstâncias
agravantes ou atenuantes.

Presente a majorante do artigo 40, inciso IV, da lei 11.343/06 –


praticado mediante emprego de arma de fogo -, aumento a pena em 1/3, fixando a
pena definitiva, portanto, em 05 (cinco) anos, 02 (dois) meses e 01 (um) dia  de
reclusão, visto a ausentes de outras causas de aumento ou diminuição da pena.

Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 820


dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.

Diante da pena aplicada, o regime inicial de cumprimento da pena será


o semiaberto, diante da quantidade de pena aplicada, o que faço com fundamento no
artigo 33, §2º, “a”, do Código Penal, em que pese procedida a detração do tempo da
prisão provisória, nos termos do artigo 387, § 2º, do Código de Processo Penal,
incluído pela Lei nº 12.736/2012.

Não há que se falar em substituição da pena privativa de liberdade


aplicada, em face da vedação expressa contida no art. 44, inciso I, do Código Penal,
de igual forma inviável a concessão de sursis, nos termos do art. 77, do Código
Penal, haja vista a pena fixada.

RÉU LEANDRO LEMES DA ROSA:

A culpabilidade do réu é em grau elevado, tendo o delito gerado


repercussão social, em face da participação de múltiplos agentes, até mesmo em face
dos malefícios das drogas. O réu não registra antecedentes. Conduta social abonada
pelas testemunhas defensivas. No tocante à personalidade, o simples fato do acusado
pertencer a uma organização voltada ao cometimento de tráfico de drogas evidencia
seu desvio de caráter e má índole, uma vez que restou demonstrado que o fato não se
trata de episódio único, mas de reiteradas práticas delitivas. Os motivos foram

5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478


https://eproc1g.tjrs.jus.br/eproc/controlador.php?acao=minuta_imprimir&acao_origem=acessar_documento&hash=f3102ca060f4cae0e126319… 91/98
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comuns à espécie. As circunstâncias não destoam da normalidade. As consequências
do delito são aquelas próprias do tipo penal. Não há comportamento da vítima
passível de análise.

Quanto ao delito de tráfico de drogas (3º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 06 (seis)


anos e 03 (três) meses de reclusão, a qual torno definitiva em face da ausência de
agravantes e atenuantes ou causas de aumento ou diminuição da pena.

Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 620


dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.

Quanto ao delito de associação ao tráfico de drogas (1º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 03 (três)


anos, 10 (dez) meses e 16 (dezesseis) dias de reclusão, a qual mantenho no mesmo
patamar em sede pena provisória, em face da ausência de circunstâncias agravantes
ou atenuantes.

Presente a majorante do artigo 40, inciso IV, da lei 11.343/06 –


praticado mediante emprego de arma de fogo -, aumento a pena em 1/3, fixando a
pena definitiva, portanto, em 05 (cinco) anos, 02 (dois) meses e 01 (um) dia  de
reclusão, visto a ausentes de outras causas de aumento ou diminuição da pena.

Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 820


dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.

Em face do concurso de crimes, na forma de concurso material


(artigo 69 do CP), pelo somatório, a pena resta definitiva em 11 (onze) anos, 05
(seis) meses e 01 (um) dia  de reclusão, bem como multa fixada em razão de
1.440 dias-multa no valor de 1/30 do salário-mínimo à unidade, reputando o
apenamento necessário e suficiente à reprovação e à prevenção dos delitos.

Diante da pena aplicada, o regime inicial de cumprimento da pena será


o fechado, diante da quantidade de pena aplicada, além de se tratar de crime
hediondo, o que faço com fundamento no artigo 33, §2º, “a”, do Código Penal, em
que pese procedida a detração do tempo da prisão provisória, nos termos do artigo
387, § 2º, do Código de Processo Penal, incluído pela Lei nº 12.736/2012.
5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478
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Não há que se falar em substituição da pena privativa de liberdade
aplicada, em face da vedação expressa contida no art. 44, inciso I, do Código Penal,
de igual forma inviável a concessão de sursis, nos termos do art. 77, do Código
Penal, haja vista a pena fixada.

RÉU VINÍCIUS PETRI GULGIELMIN:

A culpabilidade do réu é em grau elevado, tendo o delito gerado


repercussão social, em face da participação de múltiplos agentes, até mesmo em face
dos malefícios das drogas. O réu não registra antecedentes. Conduta social abonada
pelas testemunhas defensivas. No tocante à personalidade, o simples fato do acusado
pertencer a uma organização voltada ao cometimento de tráfico de drogas evidencia
seu desvio de caráter e má índole, uma vez que restou demonstrado que o fato não se
trata de episódio único, mas de reiteradas práticas delitivas. Os motivos foram
comuns à espécie. As circunstâncias não destoam da normalidade. As consequências
do delito são aquelas próprias do tipo penal. Não há comportamento da vítima
passível de análise.

Quanto ao delito de tráfico de drogas (3º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 06 (seis)


anos e 03 (três) meses de reclusão, a qual torno definitiva em face da ausência de
agravantes e atenuantes ou causas de aumento ou diminuição da pena.

Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 620


dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.

Quanto ao delito de associação ao tráfico de drogas (1º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 03 (três)


anos, 10 (dez) meses e 16 (dezesseis) dias de reclusão, a qual mantenho no mesmo
patamar em sede pena provisória, em face da ausência de circunstâncias agravantes
ou atenuantes.

Presente a majorante do artigo 40, inciso IV, da lei 11.343/06 –


praticado mediante emprego de arma de fogo -, aumento a pena em 1/3, fixando a
pena definitiva, portanto, em 05 (cinco) anos, 02 (dois) meses e 01 (um) dia  de
reclusão, visto a ausentes de outras causas de aumento ou diminuição da pena.

5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478


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Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
1ª Vara Criminal da Comarca de Palmeira das Missões
Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 820
dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.

Em face do concurso de crimes, na forma de concurso material


(artigo 69 do CP), pelo somatório, a pena resta definitiva em 11 (onze) anos, 05
(cinco) meses e 01 (um) dia  de reclusão, bem como multa fixada em razão de
1.440 dias-multa no valor de 1/30 do salário-mínimo à unidade, reputando o
apenamento necessário e suficiente à reprovação e à prevenção dos delitos.

Diante da pena aplicada, o regime inicial de cumprimento da pena será


o fechado, diante da quantidade de pena aplicada, além de se tratar de crime
hediondo, o que faço com fundamento no artigo 33, §2º, “a”, do Código Penal, em
que pese procedida a detração do tempo da prisão provisória, nos termos do artigo
387, § 2º, do Código de Processo Penal, incluído pela Lei nº 12.736/2012.

Não há que se falar em substituição da pena privativa de liberdade


aplicada, em face da vedação expressa contida no art. 44, inciso I, do Código Penal,
de igual forma inviável a concessão de sursis, nos termos do art. 77, do Código
Penal, haja vista a pena fixada.

RÉU VINÍCIUS ZANETTE BAPTISTA:

A culpabilidade do réu é em grau elevado, tendo o delito gerado


repercussão social, em face da participação de múltiplos agentes, até mesmo em face
dos malefícios das drogas. O réu não registra antecedentes. Conduta social abonada
pelas testemunhas defensivas. No tocante à personalidade, o simples fato do acusado
pertencer a uma organização voltada ao cometimento de tráfico de drogas evidencia
seu desvio de caráter e má índole, uma vez que restou demonstrado que o fato não se
trata de episódio único, mas de reiteradas práticas delitivas. Os motivos foram
comuns à espécie. As circunstâncias não destoam da normalidade. As consequências
do delito são aquelas próprias do tipo penal. Não há comportamento da vítima
passível de análise.

Quanto ao delito de tráfico de drogas (5º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 06 (seis)


anos e 03 (três) meses de reclusão, a qual torno definitiva em face da ausência de
agravantes e atenuantes ou causas de aumento ou diminuição da pena.

5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478


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Poder Judiciário
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
1ª Vara Criminal da Comarca de Palmeira das Missões
Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 620
dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.

Quanto ao delito de associação ao tráfico de drogas (1º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 03 (três)


anos, 10 (dez) meses e 16 (dezesseis) dias de reclusão, a qual mantenho no mesmo
patamar em sede pena provisória, em face da ausência de circunstâncias agravantes
ou atenuantes.

Presente a majorante do artigo 40, inciso IV, da lei 11.343/06 –


praticado mediante emprego de arma de fogo -, aumento a pena em 1/3, fixando a
pena provisória, portanto, em 05 (cinco) anos, 02 (dois) meses e 01 (um) dia  de
reclusão. Ainda, presente a majorante prevista no artigo 40, inciso III, da Lei
11.343/06 - praticado nas imediações  de estabelecimento de ensino -, aumento a
pena em 1/3, fixando a pena definitiva, portanto, em 06 (seis) anos, 10 (dez) meses
e 21 (vinte e um) dias de reclusão.

Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 820


dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.

Em face do concurso de crimes, na forma de concurso material


(artigo 69 do CP), pelo somatório, a pena resta definitiva em 13 (treze) anos,
01  (um) mês e 21 (vinte e um) dias de reclusão, bem como multa fixada em
razão de 1.440 dias-multa no valor de 1/30 do salário-mínimo à unidade,
reputando o apenamento necessário e suficiente à reprovação e à prevenção dos
delitos.

Diante da pena aplicada, o regime inicial de cumprimento da pena será


o fechado, diante da quantidade de pena aplicada, além de se tratar de crime
hediondo, o que faço com fundamento no artigo 33, §2º, “a”, do Código Penal.

Não há que se falar em substituição da pena privativa de liberdade


aplicada, em face da vedação expressa contida no art. 44, inciso I, do Código Penal,
de igual forma inviável a concessão de sursis, nos termos do art. 77, do Código
Penal, haja vista a pena fixada.

RÉU VOLNEI LUÍS DE MOURA FRANCO:

5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478


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Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
1ª Vara Criminal da Comarca de Palmeira das Missões
A culpabilidade do réu é em grau elevado, tendo o delito gerado
repercussão social, em face da participação de múltiplos agentes, até mesmo em face
dos malefícios das drogas. O réu não registra antecedentes. Conduta social abonada
pelas testemunhas defensivas. No tocante à personalidade, o simples fato do acusado
pertencer a uma organização voltada ao cometimento de tráfico de drogas evidencia
seu desvio de caráter e má índole, uma vez que restou demonstrado que o fato não se
trata de episódio único, mas de reiteradas práticas delitivas. Os motivos foram
comuns à espécie. As circunstâncias não destoam da normalidade. As consequências
do delito são aquelas próprias do tipo penal. Não há comportamento da vítima
passível de análise.

Quanto ao delito de tráfico de drogas (6º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 06 (seis)


anos e 03 (três) meses de reclusão, a qual torno definitiva em face da ausência de
agravantes e atenuantes ou causas de aumento ou diminuição da pena.

Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 620


dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.

Quanto ao delito de associação ao tráfico de drogas (1º FATO):

Ante a análise das balizadoras acima, fixo a pena base em 03 (três)


anos, 10 (dez) meses e 16 (dezesseis) dias de reclusão, a qual mantenho no mesmo
patamar em sede pena provisória, em face da ausência de circunstâncias agravantes
ou atenuantes.

Presente a majorante do artigo 40, inciso IV, da lei 11.343/06 –


praticado mediante emprego de arma de fogo -, aumento a pena em 1/3, fixando a
pena provisória, portanto, em 05 (cinco) anos, 02 (dois) meses e 01 (um) dia  de
reclusão. Ainda, presente a majorante prevista no artigo 40, inciso III, da Lei
11.343/06 - praticado nas imediações  de estabelecimento de ensino -, aumento a
pena em 1/3, fixando a pena definitiva, portanto, em 06 (seis) anos, 10 (dez) meses
e 21 (vinte e um) dias de reclusão.

Nos termos do art. 49 do CP, a pena de multa fica estabelecida em 820


dias-multa, haja vista os vetores do art. 59 do CP, acima analisados, no valor
equivalente a 1/30 do salário-mínimo à unidade, tendo em vista a condição
econômica do réu.

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1ª Vara Criminal da Comarca de Palmeira das Missões
Em face do concurso de crimes, na forma de concurso material
(artigo 69 do CP), pelo somatório, a pena resta definitiva em 13 (treze) anos,
01  (um) mês e 21 (vinte e um) dias de reclusão, bem como multa fixada em
razão de 1.440 dias-multa no valor de 1/30 do salário-mínimo à unidade,
reputando o apenamento necessário e suficiente à reprovação e à prevenção dos
delitos.

Diante da pena aplicada, o regime inicial de cumprimento da pena será


o fechado, diante da quantidade de pena aplicada, além de se tratar de crime
hediondo, o que faço com fundamento no artigo 33, §2º, “a”, do Código Penal.

Não há que se falar em substituição da pena privativa de liberdade


aplicada, em face da vedação expressa contida no art. 44, inciso I, do Código Penal,
de igual forma inviável a concessão de sursis, nos termos do art. 77, do Código
Penal, haja vista a pena fixada.

Determino a perda dos bens e valores apreendidos e utilizados para a


prática criminosa, nos termos do art. 63 da Lei 11.343/06.

Deixo de fixar valor indenizatório para a reparação dos danos causados


(artigo 387, inciso IV do CPP), à míngua de provas nesse sentido.

Mantenho os réus segregados, porquanto persistentes os motivos que


ensejaram seu encarceramento cautelar, agora reforçados por esta decisão, com
excessão de Vinícius Zanette Baptista, ao qual mantenho a liberdade provisória, pois
ausentes requisitos para decretação da prisão preventiva, bem como assim respondeu
ao processo.

Transitada em julgado a presente sentença, determino:

a) sejam os nomes dos réus lançados no rol dos culpados;

b) expeçam-se os PECs e remetam-se à VEC;

c) comunique-se ao TRE, para os fins do art. 15, III, da CF/88.

Custas pelos réus condenados, aos quais indefiro o benefício da AJG


em face da não demonstração da hipossuficiência financeira.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478


https://eproc1g.tjrs.jus.br/eproc/controlador.php?acao=minuta_imprimir&acao_origem=acessar_documento&hash=f3102ca060f4cae0e126319… 97/98
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Documento assinado eletronicamente por GUSTAVO BRUSCHI, Juiz de Direito, em 13/3/2023, às
18:50:29, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006. A autenticidade do documento pode ser conferida no
site https://eproc1g.tjrs.jus.br/eproc/externo_controlador.php?acao=consulta_autenticidade_documentos,
informando o código verificador 10033802117v478 e o código CRC 7c83b740.

1. Badaró, Gustavo Henrique. Processo penal. 3ª ed. RT. São Paulo. 2015. p. 472.
5001970-59.2022.8.21.0020 10033802117 .V478

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