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Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu
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AÇÃO PENAL Nº 5002007-41.2018.4.04.7002/PR


AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
RÉU: JOSE DE OLIVEIRA REIS NETO
RÉU: REGINA BORGES LAGO
RÉU: ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS
RÉU: EVERTON RICARDO TISOTT RITT
RÉU: LUIZ JOSE DE BRITO
RÉU: ALINE CRISTINA DOS SANTOS CASTRO
RÉU: DENISE SCHMITZ

SENTENÇA

VOLUME II

5. CORRUPÇÃO PASSIVA. ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS. Fato


6 da denúncia

O Ministério Público Federal acusou os réus ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS, LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR. BRITO), JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO
(CAZUZA) E DENISE SCHMITZ de, por seis vezes, em concurso material, terem
concorrido para o recebimento de vantagem indevida, em razão da função pública ocupada
por ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, de chefe do setor de radiologia e membro da
comissão de licitação, da Fundação Municipal de Saúde. A acusação contém os seguinte teor:

"Os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR. BRITO), JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO
(CAZUZA) e ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS articularam-se entre si, integrando
organização criminosa, cuja finalidade consistia na prática de crimes licitatórios, bem como a
solicitação de vantagem financeira em razão de fraudes e direcionamentos nos processos
licitatórios junto a administração pública municipal.

Para tanto, articularam e combinaram entre si, a solicitação e recebimento de vantagem


financeira em cada uma das facilitações e direcionamentos que tivessem proveito, para si ou
para terceiros cooptados pelo grupo, dentre os quais as vantagens promovidas às empresas do
grupo E=PEOPLE/BRAVIX do colaborador EUCLIDES MORAES DE BARROS JUNIOR,
representadas na ação controlada pelo colaborador REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO.

Como já narrado anteriormente, um dos crimes licitatórios praticados pelos denunciados


resultou na contratação, em 04/05/2017, da empresa BRAVIX MEDICAL COMÉRCIO E
SERVIÇO DE MATERIAL CIRÚRGICO LTDA, CNPJ nº 10.296.468/0001-29, através do

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processo de Dispensa nº 46/2017 (fraudado), mediante o conluio criminoso dos denunciados
LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR BRITO), JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO (CAZUZA) e
ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS.

Em razão de tal contratação os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR BRITO), JOSÉ DE
OLIVEIRA REIS NETO (CAZUZA) e ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS solicitaram em
favor deste último (ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS), o pagamento de “propina”, a cada
recebimento do serviço prestado pela empresa BRAVIX MEDICAL COMÉRCIO E SERVIÇO
DE MATERIAL CIRÚRGICO LTDA, conforme se narrará adiante.

Observe-se que se trata de condutas criminosos praticadas em concurso material, haja vista
que a cada recebimento dever-se-ia efetuar o repasse de propina, sob pena de suspender o
esquema criminoso atual e futuro, articulado e planejado pelo grupo.

6.1 - 1º FATO – PAGAMENTO DE PROPINA

Entre os meses de abril e junho de 2017, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR BRITO),
JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO (CAZUZA) e ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, com
adesão da esposa do último DENISE SCHMITZ DOS SANTOS (beneficiária dos recursos), um
concorrendo para ação ilícita do outro, ciente da reprovabilidade das condutas, solicitaram e
receberam em 07/06/2017, por volta das 13h25min, direta ou indiretamente, através dos
denunciados ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMITZ DOS SANTOS
vantagem indevida, consistente no recebimento do valor de R$ 1.200,00 (um mil e duzentos
reais), em razão da função pública de ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, de chefe do setor
de radiologia, membro da comissão de licitação, da Fundação Municipal de Saúde.

A vantagem indevida foi efetivamente entregue ao denunciado ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS, que confidenciou que tais valores eram repassados para a denunciada DENISE
SCHMITZ DOS SANTOS, para pagamento de despesas domésticas.

A ciência da denunciada DENISE SCHMIDT DOS SANTOS da origem ilícita é corroborada


pelo denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, inclusive confidenciando que a mesma
tinha a função (na organização criminosa) de aumentar demanda de exames para a clínica do
denunciado LUIZ JOSÉ DE BRITO, através da clínica MULTI IMAGEM DIAGNÓSTICOS
LTDA - EPP, exercendo função essencial para o que o esquema criminoso, orquestrado pela
organização criminosa, se perpetuasse.

(27:26 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, relatou que o Dr. Brito solicitou o aumento do
volume de exames eletivos, para compensar a perda de horas plantão, e que a Aline
funcionária do Dr. Brito, comentou que a responsável pelos encaminhamentos é a
esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, a servidora pública municipal Denise Schmitz dos Santos.
E o Dr. Brito confirmou que sim., O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos disse que falou que iria
direcionar todas as Tomografias para o Hospital Costa Cavalcanti, e que o Dr. Brito
solicitou que direcionasse tudo para o Hospital Municipal, inclusive exames
contrastados, que não eram feitos anteriormente devido a falta de médico radiologista

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presencial,

(28:09 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, afirmou que já aumentou o volume de
Tomografias eletivas, para o Hospital Municipal que chegou a fazer apenas dois
exames no mês, e que agora pela intervenção dele junto a sua esposa Denise Schmitz
dos Santos, jã estão fazendo cerca de 05 à 07 exames por dia. Comento que a esposa
do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, Denise Schmitz dos Santos, que manobra isso lá e que ele
já vai poder deixar ela mais feliz este final de semana, e o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
afirma que o dinheiro que repassei para ele, vai direto para mão da sua esposa Denise
Schmitz dos Santos, para pagar umas contas. Que ele afirmou ó dinheiro extra.

(28:53 minutos) Pergunto para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital


Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, se su esposa Denise Schmitz
dos Santos, sabia que os valores eram oriundos dos contratos, e ele disse que
inicialmente , afirmou que se a empresa fechasse o contrato com o Hospital Municipal
iria receber por um mês e que posteriormente, falou que devido a empresa estar
contente com o trabalho dele iria pagar novamente. Eu comentei que quando a
operação pecúlio foi deflagrada o meu maior problema, foi que minha esposa não sabia
que eu estava envolvido em ilícitos. E que o melhor é que realmente é melhor que a
esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos tenha conhecimento dos fatos, pois se der algo errado a
ela não pode alegar desconhecimento. Que no meu caso minha esposa só via que eu
trabalhava e não sabia que estava envolvido em nada ilegal, que foi um problemão
explicar para ela. Mas ponderei que como a esposa do Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
estava dentro da Secretaria de Saúde, para ela isso deveria ser mais tranquilo.

(31:06 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, cita como exemplo o caso do oftalmologista (
Dr. Roberto Cacciari Filho), que devido a acordos que ele fez, que estaria recebendo
um valores por serviços que não foram prestados nem a metade, e que recebe valor
integral.

(Relatório de 18/08/2017 – elaborador pelo colaborador REGINALDO DA SILVEIRA


SOBRINHO – juntado no evento 67, INF3 dos autos de ação controlada – gravação em
áudio encaminhada ao juízo – nome do arquivo: )

A autoria recai sobre os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS
NETO pois foram os idealizadores do esquema, para manutenção de outros benefícios junto ao
denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMIDT DOS SANTOS, junto
à Fundação Municipal de Saúde e Secretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu.

Observa-se que em um dos encontros entre o colaborador REGINALDO DA SILVEIRA


SOBRINHO com os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO,
estes solicitam informações quanto o andamento do pagamento da propina, orientando

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inclusive a manter tais pagamentos ilícitos:

(15:43 minutos) Passamos a tratar das questões relativas aos equipamentos, onde
relatei as questões das falhas da rede elétrica do Hospital e de da condução do contrato.
E da necessidade de documentar as falhas relativas a rede elétrica para garantir a
empresa. E que eu estava segurando a situação para não dar mídia e que pedi para o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Anderson Pereira dos Santos para
pressionar para efetuarem os recebimentos, e o Dr. Brito perguntou se da instalação eu
já havia recebido eu afirmei que sim e que inclusive já tinha feito o repasse da parte do
Supervisor do Setor de Diagnóstico Anderson Pereira dos Santos, mas que não havia
recebido nada referente aos valores mensais.

(Relatório de 21/06/2017 – evento 55, INF4 dos autos de AC – em reunião realizada na


presença de LUIZ JOSÉ DE BRITO, JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO E
REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO)

(27:42 minutos) O Dr. Brito comenta que vai passar os R$ 2.000,00 (DOIS MIL
REAIS), para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos. Que merece por ter resolvido a questão dos
equipamentos, comento que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos é um cara “esperto”, e o Dr.
Brito comenta que ele está mantendo o negócio lá, e tem a confiança da administração,
e poderá ter um papel importante no processo de credenciamento, e que é importante
“alimentar” ele e estimular.

(Relatório de 30/06/2017 – evento 58 INF4 dos autos)

A materialidade da conduta ilícita restou demonstrada, pelo relatório de inteligência policial


nº 88/2017, de 07/06/2017, anexado ao evento 46, dos autos de ação controlada nº
5003221-04.2017.404.7002:

(...)

Durante o acompanhamento policial, restou comprovada a entrega dos valores ao denunciado


ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, conforme relatório já mencionado:

(...)

O ato de entrega foi registrado em meio de vídeos, encaminhados pela autoridade policial,
consoante abaixo consignado:

Todo o encontro, inclusive a entrega e recebimento do numerário, foi filmado.


Entretanto, em razão do grande tamanho dos arquivos e a limitação técnica do sistema
e-proc, sugiro sejam encaminhados via „CD‟ ao MPF e Juízo competente. Os arquivos
estão denominados como: “VIDEO1B - início.MOV”; “VIDEO2B - repasse.MOV”;
“VIDEO3B - recebimento.MOV”; “VIDEO4B - final 1.MOV”; “VIDEO5B -
final2.MOV”; “VIDEO1M - inicio.mp4”; “VIDEO2M - entrega e recebimento.mp4”;
“VIDEO1E - saída.MPG”.

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Corrobora a materialidade, o relatório apresentado pelo colaborador REGINALDO DA
SILVEIRA SOBRINHO, juntado ao evento 33 INF5, dos autos de ação controlada.

Assim, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR. BRITO), JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS
NETO (CAZUZA), ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMITZ DOS SANTOS
incorrem na prática do crime previsto no artigo 317, “caput”, c/c/ artigo 29 do Código Penal.

6.2. - 2º FATO – PAGAMENTO DE PROPINA

Entre os meses de abril e junho de 2017, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR. BRITO),
JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO (CAZUZA) e ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, com
adesão da esposa do último DENISE SCHMITZ DOS SANTOS (beneficiária dos recursos), um
concorrendo para ação ilícita do outro, ciente da reprovabilidade das condutas, solicitaram e
receberam em 29/06/2017, por volta das 17h40min, direta ou indiretamente, através dos
denunciados ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMITZ DOS SANTOS
vantagem indevida, consistente no recebimento do valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), em
razão da função pública de ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, de chefe do setor de
radiologia, membro da comissão de licitação, da Fundação Municipal de Saúde.

A vantagem indevida foi efetivamente entregue ao denunciado ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS, que confidenciou que tais valores eram repassados para a denunciada DENISE
SCHMITZ DOS SANTOS, para pagamento de despesas domésticas.

A ciência da denunciada DENISE SCHMIDT DOS SANTOS da origem ilícita é corroborada


pelo denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, inclusive confidenciando que a mesma
tinha a função (na organização criminosa) de aumentar demanda de exames para a clínica do
denunciado LUIZ JOSÉ DE BRITO, através da clínica MULTI IMAGEM DIAGNÓSTICOS
LTDA - EPP, exercendo função essencial para o que o esquema criminoso, orquestrado pela
organização criminosa, se perpetuasse.

(27:26 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, relatou que o Dr. Brito solicitou o aumento do
volume de exames eletivos, para compensar a perda de horas plantão, e que a Aline
funcionária do Dr. Brito, comentou que a responsável pelos encaminhamentos é a
esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, a servidora pública municipal Denise Schmitz dos Santos.
E o Dr. Brito confirmou que sim., O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos disse que falou que iria
direcionar todas as Tomografias para o Hospital Costa Cavalcanti, e que o Dr. Brito
solicitou que direcionasse tudo para o Hospital Municipal, inclusive exames
contrastados, que não eram feitos anteriormente devido a falta de médico radiologista
presencial,

(28:09 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, afirmou que já aumentou o volume de
Tomografias eletivas, para o Hospital Municipal que chegou a fazer apenas dois
exames no mês, e que agora pela intervenção dele junto a sua esposa Denise Schmitz
dos Santos, jã estão fazendo cerca de 05 à 07 exames por dia. Comento que a esposa

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do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
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já vai poder deixar ela mais feliz este final de semana, e o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
afirma que o dinheiro que repassei para ele, vai direto para mão da sua esposa Denise
Schmitz dos Santos, para pagar umas contas. Que ele afirmou ó dinheiro extra.

(28:53 minutos) Pergunto para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital


Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, se su esposa Denise Schmitz
dos Santos, sabia que os valores eram oriundos dos contratos, e ele disse que
inicialmente , afirmou que se a empresa fechasse o contrato com o Hospital Municipal
iria receber por um mês e que posteriormente, falou que devido a empresa estar
contente com o trabalho dele iria pagar novamente. Eu comentei que quando a
operação pecúlio foi deflagrada o meu maior problema, foi que minha esposa não sabia
que eu estava envolvido em ilícitos. E que o melhor é que realmente é melhor que a
esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos tenha conhecimento dos fatos, pois se der algo errado a
ela não pode alegar desconhecimento. Que no meu caso minha esposa só via que eu
trabalhava e não sabia que estava envolvido em nada ilegal, que foi um problemão
explicar para ela. Mas ponderei que como a esposa do Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
estava dentro da Secretaria de Saúde, para ela isso deveria ser mais tranquilo.

(31:06 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, cita como exemplo o caso do oftalmologista (
Dr. Roberto Cacciari Filho), que devido a acordos que ele fez, que estaria recebendo
um valores por serviços que não foram prestados nem a metade, e que recebe valor
integral.

(Relatório de 18/08/2017 – elaborador pelo colaborador REGINALDO DA SILVEIRA


SOBRINHO – juntado no evento 67, INF3 dos autos de ação controlada – gravação em
áudio encaminhada ao juízo – nome do arquivo: )

A autoria recai sobre os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO E JOSÉ DE OLIVEIRA REIS
NETO pois foram os idealizadores do esquema, para manutenção de outros benefícios junto ao
denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMIDT DOS SANTOS, junto
a Fundação Municipal de Saúde e Secretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu.

Observa-se que em dos encontros entre o colaborador REGINALDO DA SILVEIRA


SOBRINHO com os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO,
estes solicitam informações quanto o andamento do pagamento da propina, orientando
inclusive a manter tais pagamentos ilícitos:

(15:43 minutos) Passamos a tratar das questões relativas aos equipamentos, onde
relatei as questões das falhas da rede elétrica do Hospital e de da condução do contrato.
E da necessidade de documentar as falhas relativas a rede elétrica para garantir a
empresa. E que eu estava segurando a situação para não dar mídia e que pedi para o
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pressionar para efetuarem os recebimentos, e o Dr. Brito perguntou se da instalação eu
já havia recebido eu afirmei que sim e que inclusive já tinha feito o repasse da parte do
Supervisor do Setor de Diagnóstico Anderson Pereira dos Santos, mas que não havia
recebido nada referente aos valores mensais.

(Relatório de 21/06/2017 – evento 55, INF4 dos autos de AC – em reunião realizada na


presença de LUIZ JOSÉ DE BRITO, JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO E
REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO)

(27:42 minutos) O Dr. Brito comenta que vai passar os R$ 2.000,00 (DOIS MIL
REAIS), para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos. Que merece por ter resolvido a questão dos
equipamentos, comento que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos é um cara “esperto”, e o Dr.
Brito comenta que ele está mantendo o negócio lá, e tem a confiança da administração,
e poderá ter um papel importante no processo de credenciamento, e que é importante
“alimentar” ele e estimular.

(Relatório de 30/06/2017 – evento 58 INF4 dos autos)

A materialidade da conduta ilícita restou demonstrada, pelo relatório de inteligência policial


nº 105/2017, de 29/06/2017, anexado ao evento 54, dos autos de ação controlada nº
5003221-04.2017.404.7002:

(...)

Durante o acompanhamento policial, restou comprovada a entrega dos valores ao denunciado


ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, conforme relatório já mencionado:

(...)

O ato de entrega foi registrado em meio de vídeos, encaminhados pela autoridade policial,
consoante abaixo consignado:

A entrega do dinheiro foi filmada, estando na mídia anexa a esta IPJ (arquivos:
IMG_0363, IMG0364 e IMG_0365), sendo que o vídeo da entrega propriamente dita
está no último arquivo mencionado. (Relatório realizado pelo APF Alan Correia Pôrto)

Corrobora a materialidade, o relatório apresentado pelo colaborador REGINALDO DA


SILVEIRA SOBRINHO, juntado ao evento 35 INF7, dos autos de ação controlada.

Assim, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR. BRITO), JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS
NETO (CAZUZA), ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMITZ DOS SANTOS
incorrem na prática do crime previsto no artigo 317, “caput”, c/c artigo 29 do Código Penal.

6.3 - 3º FATO – PAGAMENTO DE PROPINA

Entre os meses de abril e agosto de 2017, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR.
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BRITO), JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO (CAZUZA) e ANDERSON PEREIRA DOS
SANTOS, com adesão da esposa do último DENISE SCHMITZ DOS SANTOS (beneficiária dos
recursos), um concorrendo para ação ilícita do outro, ciente da reprovabilidade das condutas,
solicitaram e receberam em 18/08/2017, por volta das 14h00min, direta ou indiretamente,
através dos denunciados ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMITZ DOS
SANTOS vantagem indevida, consistente no recebimento do valor de R$ 2.000,00 (dois mil
reais), em razão da função pública de ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, de chefe do setor
de radiologia, membro da comissão de licitação, da Fundação Municipal de Saúde.

A vantagem indevida foi efetivamente entregue ao denunciado ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS, que confidenciou que tais valores eram repassados para a denunciada DENISE
SCHMITZ DOS SANTOS, para pagamento de despesas domésticas.

A ciência da denunciada DENISE SCHMITZ DOS SANTOS da origem ilícita é corroborada


pelo denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, inclusive confidenciando que a mesma
tinha a função (na organização criminosa) de aumentar demanda de exames para a clínica do
denunciado LUIZ JOSÉ DE BRITO, através da clínica MULTIMAGEM DIAGNÓSTICOS
LTDA, exercendo função essencial para o que o esquema criminoso, orquestrado pela
organização criminosa, se perpetuasse.

(27:26 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, relatou que o Dr. Brito solicitou o aumento do
volume de exames eletivos, para compensar a perda de horas plantão, e que a Aline
funcionária do Dr. Brito, comentou que a responsável pelos encaminhamentos é a
esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, a servidora pública municipal Denise Schmitz dos Santos.
E o Dr. Brito confirmou que sim., O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos disse que falou que iria
direcionar todas as Tomografias para o Hospital Costa Cavalcanti, e que o Dr. Brito
solicitou que direcionasse tudo para o Hospital Municipal, inclusive exames
contrastados, que não eram feitos anteriormente devido a falta de médico radiologista
presencial,

(28:09 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, afirmou que já aumentou o volume de
Tomografias eletivas, para o Hospital Municipal que chegou a fazer apenas dois
exames no mês, e que agora pela intervenção dele junto a sua esposa Denise Schmitz
dos Santos, jã estão fazendo cerca de 05 à 07 exames por dia. Comento que a esposa
do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, Denise Schmitz dos Santos, que manobra isso lá e que ele
já vai poder deixar ela mais feliz este final de semana, e o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
afirma que o dinheiro que repassei para ele, vai direto para mão da sua esposa Denise
Schmitz dos Santos, para pagar umas contas. Que ele afirmou ó dinheiro extra.

(28:53 minutos) Pergunto para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital


Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, se su esposa Denise Schmitz
dos Santos, sabia que os valores eram oriundos dos contratos, e ele disse que

5002007-41.2018.4.04.7002 700006288273 .V129

8 of 208 18/03/2019 11:35


:: 700006288273 - eproc - :: https://eproc.jfpr.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=minuta_imprimi...

Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu
inicialmente , afirmou que se a empresa fechasse o contrato com o Hospital Municipal
iria receber por um mês e que posteriormente, falou que devido a empresa estar
contente com o trabalho dele iria pagar novamente. Eu comentei que quando a
operação pecúlio foi deflagrada o meu maior problema, foi que minha esposa não sabia
que eu estava envolvido em ilícitos. E que o melhor é que realmente é melhor que a
esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos tenha conhecimento dos fatos, pois se der algo errado a
ela não pode alegar desconhecimento. Que no meu caso minha esposa só via que eu
trabalhava e não sabia que estava envolvido em nada ilegal, que foi um problemão
explicar para ela. Mas ponderei que como a esposa do Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
estava dentro da Secretaria de Saúde, para ela isso deveria ser mais tranquilo.

(31:06 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, cita como exemplo o caso do oftalmologista (
Dr. Roberto Cacciari Filho), que devido a acordos que ele fez, que estaria recebendo
um valores por serviços que não foram prestados nem a metade, e que recebe valor
integral.

(Relatório de 18/08/2017 – elaborador pelo colaborador REGINALDO DA SILVEIRA


SOBRINHO – juntado no evento 67, INF3 dos autos de ação controlada – gravação em
áudio encaminhada ao juízo – nome do arquivo: )

A autoria recai sobre os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS
NETO pois foram os idealizadores do esquema, para manutenção de outros benefícios junto ao
denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMITZ DOS SANTOS, junto
a Fundação Municipal de Saúde e Secretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu.

Observa-se que em dos encontros entre o colaborador REGINALDO DA SILVEIRA


SOBRINHO com os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS
NETO, estes solicitam informações quanto o andamento do pagamento da propina, orientando
inclusive a manter tais pagamentos ilícitos:

(15:43 minutos) Passamos a tratar das questões relativas aos equipamentos, onde
relatei as questões das falhas da rede elétrica do Hospital e de da condução do contrato.
E da necessidade de documentar as falhas relativas a rede elétrica para garantir a
empresa. E que eu estava segurando a situação para não dar mídia e que pedi para o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Anderson Pereira dos Santos para
pressionar para efetuarem os recebimentos, e o Dr. Brito perguntou se da instalação eu
já havia recebido eu afirmei que sim e que inclusive já tinha feito o repasse da parte do
Supervisor do Setor de Diagnóstico Anderson Pereira dos Santos, mas que não havia
recebido nada referente aos valores mensais.

(Relatório de 21/06/2017 – evento 55, INF4 dos autos de AC – em reunião realizada na


presença de LUIZ JOSÉ DE BRITO, JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO E
REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO)

(27:42 minutos) O Dr. Brito comenta que vai passar os R$ 2.000,00 (DOIS MIL

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Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu
REAIS), para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos. Que merece por ter resolvido a questão dos
equipamentos, comento que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos é um cara “esperto”, e o Dr.
Brito comenta que ele está mantendo o negócio lá, e tem a confiança da administração,
e poderá ter um papel importante no processo de credenciamento, e que é importante
“alimentar” ele e estimular.

(Relatório de 30/06/2017 – evento 58 INF4 dos autos)

A materialidade da conduta ilícita restou demonstrada, pelo relatório de inteligência policial


nº 140/2017, de 18/08/2017, anexado ao evento 68, INF6, dos autos de ação controlada nº
5003221-04.2017.404.7002:

(...)

Durante o acompanhamento policial, restou comprovada a entrega dos valores ao denunciado


ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, conforme relatório já mencionado:

(...)

O ato de entrega foi registrado em meio de vídeo, encaminhados pela autoridade policial, com
a seguinte denominação “entrega de dinheiro”.

Corrobora a materialidade, o relatório apresentado pelo colaborador REGINALDO DA


SILVEIRA SOBRINHO, juntado ao evento 66 INF3, dos autos de ação controlada.

Assim, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR. BRITO), JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS
NETO (CAZUZA), ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMITZ DOS SANTOS
incorrem na prática do crime previsto no artigo 317, “caput”, c/c artigo 29 do Código Penal.

6.4 - 4º FATO – PAGAMENTO DE PROPINA

Entre os meses de abril e setembro de 2017, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR.
BRITO), JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO (CAZUZA) e ANDERSON PEREIRA DOS
SANTOS, com adesão da esposa do último DENISE SCHMITZ DOS SANTOS (beneficiária dos
recursos), um concorrendo para ação ilícita do outro, ciente da reprovabilidade das condutas,
solicitaram e receberam em 14/09/2017, por volta das 15h50min, direta ou indiretamente,
através dos denunciados ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMITZ DOS
SANTOS vantagem indevida, consistente no recebimento do valor de R$ 2.000,00 (dois mil
reais), em razão da função pública de ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, de chefe do setor
de radiologia, membro da comissão de licitação, da Fundação Municipal de Saúde.

A vantagem indevida foi efetivamente entregue ao denunciado ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS, que confidenciou que tais valores eram repassados para a denunciada DENISE
SCHMITZ DOS SANTOS, para pagamento de despesas domésticas.

A ciência da denunciada DENISE SCHMITZ DOS SANTOS da origem ilícita é corroborada


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JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu
pelo denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, inclusive confidenciando que a mesma
tinha a função (na organização criminosa) de aumentar demanda de exames para a clínica do
denunciado LUIZ JOSÉ DE BRITO, através da clínica MULTIMAGEM DIAGNÓSTICOS
LTDA, exercendo função essencial para o que o esquema criminoso, orquestrado pela
organização criminosa, se perpetuasse.

(27:26 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, relatou que o Dr. Brito solicitou o aumento do
volume de exames eletivos, para compensar a perda de horas plantão, e que a Aline
funcionária do Dr. Brito, comentou que a responsável pelos encaminhamentos é a
esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, a servidora pública municipal Denise Schmitz dos Santos.
E o Dr. Brito confirmou que sim., O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos disse que falou que iria
direcionar todas as Tomografias para o Hospital Costa Cavalcanti, e que o Dr. Brito
solicitou que direcionasse tudo para o Hospital Municipal, inclusive exames
contrastados, que não eram feitos anteriormente devido a falta de médico radiologista
presencial,

(28:09 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, afirmou que já aumentou o volume de
Tomografias eletivas, para o Hospital Municipal que chegou a fazer apenas dois
exames no mês, e que agora pela intervenção dele junto a sua esposa Denise Schmitz
dos Santos, jã estão fazendo cerca de 05 à 07 exames por dia. Comento que a esposa
do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, Denise Schmitz dos Santos, que manobra isso lá e que ele
já vai poder deixar ela mais feliz este final de semana, e o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
afirma que o dinheiro que repassei para ele, vai direto para mão da sua esposa Denise
Schmitz dos Santos, para pagar umas contas. Que ele afirmou ó dinheiro extra.

(28:53 minutos) Pergunto para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital


Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, se su esposa Denise Schmitz
dos Santos, sabia que os valores eram oriundos dos contratos, e ele disse que
inicialmente , afirmou que se a empresa fechasse o contrato com o Hospital Municipal
iria receber por um mês e que posteriormente, falou que devido a empresa estar
contente com o trabalho dele iria pagar novamente. Eu comentei que quando a
operação pecúlio foi deflagrada o meu maior problema, foi que minha esposa não sabia
que eu estava envolvido em ilícitos. E que o melhor é que realmente é melhor que a
esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos tenha conhecimento dos fatos, pois se der algo errado a
ela não pode alegar desconhecimento. Que no meu caso minha esposa só via que eu
trabalhava e não sabia que estava envolvido em nada ilegal, que foi um problemão
explicar para ela. Mas ponderei que como a esposa do Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
estava dentro da Secretaria de Saúde, para ela isso deveria ser mais tranquilo.

(31:06 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz

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Seção Judiciária do Paraná
3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu
do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, cita como exemplo o caso do oftalmologista (
Dr. Roberto Cacciari Filho), que devido a acordos que ele fez, que estaria recebendo
um valores por serviços que não foram prestados nem a metade, e que recebe valor
integral.

(Relatório de 18/08/2017 – elaborador pelo colaborador REGINALDO DA SILVEIRA


SOBRINHO – juntado no evento 67, INF3 dos autos de ação controlada – gravação em
áudio encaminhada ao juízo – nome do arquivo: )

A autoria recai sobre os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO E JOSÉ DE OLIVEIRA REIS
NETO pois foram os idealizadores do esquema, para manutenção de outros benefícios junto ao
denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMITZ DOS SANTOS, junto
a Fundação Municipal de Saúde e Secretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu.

Observa-se que em dos encontros entre o colaborador REGINALDO DA SILVEIRA


SOBRINHO com os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO,
estes solicitam informações quanto o andamento do pagamento da propina, orientando
inclusive a manter tais pagamentos ilícitos:

(15:43 minutos) Passamos a tratar das questões relativas aos equipamentos, onde
relatei as questões das falhas da rede elétrica do Hospital e de da condução do contrato.
E da necessidade de documentar as falhas relativas a rede elétrica para garantir a
empresa. E que eu estava segurando a situação para não dar mídia e que pedi para o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Anderson Pereira dos Santos para
pressionar para efetuarem os recebimentos, e o Dr. Brito perguntou se da instalação eu
já havia recebido eu afirmei que sim e que inclusive já tinha feito o repasse da parte do
Supervisor do Setor de Diagnóstico Anderson Pereira dos Santos, mas que não havia
recebido nada referente aos valores mensais.

(Relatório de 21/06/2017 – evento 55, INF4 dos autos de AC – em reunião realizada na


presença de LUIZ JOSÉ DE BRITO, JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO E
REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO)

(27:42 minutos) O Dr. Brito comenta que vai passar os R$ 2.000,00 (DOIS MIL
REAIS), para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos. Que merece por ter resolvido a questão dos
equipamentos, comento que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos é um cara “esperto”, e o Dr.
Brito comenta que ele está mantendo o negócio lá, e tem a confiança da administração,
e poderá ter um papel importante no processo de credenciamento, e que é importante
“alimentar” ele e estimular.

(Relatório de 30/06/2017 – evento 58 INF4 dos autos)

A materialidade da conduta ilícita restou demonstrada, pelo relatório de inteligência policial


nº 155/2017, de 15/09/2017, anexado ao evento 73, INF1, dos autos de ação controlada nº
5003221-04.2017.404.7002:

5002007-41.2018.4.04.7002 700006288273 .V129

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3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu
(...)

Durante o acompanhamento policial, restou comprovada a entrega dos valores ao denunciado


ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, conforme relatório já mencionado:

(...)

O ato de entrega foi registrado em meio de vídeo, encaminhados pela autoridade policial:

A entrega do dinheiro foi filmada, estando na mídia anexa a esta IPJ (arquivo: 00047.AVCHD
). (Relatório do APF Fabiano Dessupoio Moreira Dias)

Corrobora a materialidade, o relatório apresentado pelo colaborador REGINALDO DA


SILVEIRA SOBRINHO, juntado ao evento 77 INF3, dos autos de ação controlada.

Assim, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR. BRITO), JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS
NETO (CAZUZA), ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMITZ DOS SANTOS
incorrem na prática do crime previsto no artigo 317, “caput”, c/c artigo 29 do Código Penal.

6.5 - 5º FATO – PAGAMENTO DE PROPINA

Entre os meses de abril e outubro de 2017, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR.
BRITO), JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO (CAZUZA) e ANDERSON PEREIRA DOS
SANTOS, com adesão da esposa do último DENISE SCHMITZ DOS SANTOS (beneficiária dos
recursos), um concorrendo para ação ilícita do outro, ciente da reprovabilidade das condutas,
solicitaram e receberam em 18/10/2017, por volta das 15h45min, direta ou indiretamente,
através dos denunciados ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMITZ DOS
SANTOS vantagem indevida, consistente no recebimento do valor de R$ 2.000,00 (dois mil
reais), em razão da função pública de ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, de chefe do setor
de radiologia, membro da comissão de licitação, da Fundação Municipal de Saúde.

A vantagem indevida foi efetivamente entregue ao denunciado ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS, que confidenciou que tais valores eram repassados para a denunciada DENISE
SCHMITZ DOS SANTOS, para pagamento de despesas domésticas.

A ciência da denunciada DENISE SCHMIDT DOS SANTOS da origem ilícita é corroborada


pelo denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, inclusive confidenciando que a mesma
tinha a função (na organização criminosa) de aumentar demanda de exames para a clínica do
denunciado LUIZ JOSÉ DE BRITO, através da clínica MULTIMAGEM DIAGNÓSTICOS
LTDA, exercendo função essencial para o que o esquema criminoso, orquestrado pela
organização criminosa, se perpetuasse.

(27:26 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, relatou que o Dr. Brito solicitou o aumento do
volume de exames eletivos, para compensar a perda de horas plantão, e que a Aline
funcionária do Dr. Brito, comentou que a responsável pelos encaminhamentos é a
esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, a servidora pública municipal Denise Schmitz dos Santos.

5002007-41.2018.4.04.7002 700006288273 .V129

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JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu
E o Dr. Brito confirmou que sim., O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos disse que falou que iria
direcionar todas as Tomografias para o Hospital Costa Cavalcanti, e que o Dr. Brito
solicitou que direcionasse tudo para o Hospital Municipal, inclusive exames
contrastados, que não eram feitos anteriormente devido a falta de médico radiologista
presencial,

(28:09 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, afirmou que já aumentou o volume de
Tomografias eletivas, para o Hospital Municipal que chegou a fazer apenas dois
exames no mês, e que agora pela intervenção dele junto a sua esposa Denise Schmitz
dos Santos, jã estão fazendo cerca de 05 à 07 exames por dia. Comento que a esposa
do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, Denise Schmitz dos Santos, que manobra isso lá e que ele
já vai poder deixar ela mais feliz este final de semana, e o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
afirma que o dinheiro que repassei para ele, vai direto para mão da sua esposa Denise
Schmitz dos Santos, para pagar umas contas. Que ele afirmou ó dinheiro extra.

(28:53 minutos) Pergunto para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital


Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, se su esposa Denise Schmitz
dos Santos, sabia que os valores eram oriundos dos contratos, e ele disse que
inicialmente , afirmou que se a empresa fechasse o contrato com o Hospital Municipal
iria receber por um mês e que posteriormente, falou que devido a empresa estar
contente com o trabalho dele iria pagar novamente. Eu comentei que quando a
operação pecúlio foi deflagrada o meu maior problema, foi que minha esposa não sabia
que eu estava envolvido em ilícitos. E que o melhor é que realmente é melhor que a
esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos tenha conhecimento dos fatos, pois se der algo errado a
ela não pode alegar desconhecimento. Que no meu caso minha esposa só via que eu
trabalhava e não sabia que estava envolvido em nada ilegal, que foi um problemão
explicar para ela. Mas ponderei que como a esposa do Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
estava dentro da Secretaria de Saúde, para ela isso deveria ser mais tranquilo.

(31:06 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, cita como exemplo o caso do oftalmologista (
Dr. Roberto Cacciari Filho), que devido a acordos que ele fez, que estaria recebendo
um valores por serviços que não foram prestados nem a metade, e que recebe valor
integral.

(Relatório de 18/08/2017 – elaborador pelo colaborador REGINALDO DA SILVEIRA


SOBRINHO – juntado no evento 67, INF3 dos autos de ação controlada – gravação em
áudio encaminhada ao juízo – nome do arquivo: )

A autoria recai sobre os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS
NETO pois foram os idealizadores do esquema, para manutenção de outros benefícios junto ao
denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMIDT DOS SANTOS, junto

5002007-41.2018.4.04.7002 700006288273 .V129

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3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu
a Fundação Municipal de Saúde e Secretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu.

Observa-se que em dos encontros entre o colaborador REGINALDO DA SILVEIRA


SOBRINHO com os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO,
estes solicitam informações quanto o andamento do pagamento da propina, orientando
inclusive a manter tais pagamentos ilícitos:

(15:43 minutos) Passamos a tratar das questões relativas aos equipamentos, onde
relatei as questões das falhas da rede elétrica do Hospital e de da condução do contrato.
E da necessidade de documentar as falhas relativas a rede elétrica para garantir a
empresa. E que eu estava segurando a situação para não dar mídia e que pedi para o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Anderson Pereira dos Santos para
pressionar para efetuarem os recebimentos, e o Dr. Brito perguntou se da instalação eu
já havia recebido eu afirmei que sim e que inclusive já tinha feito o repasse da parte do
Supervisor do Setor de Diagnóstico Anderson Pereira dos Santos, mas que não havia
recebido nada referente aos valores mensais.

(Relatório de 21/06/2017 – evento 55, INF4 dos autos de AC – em reunião realizada na


presença de LUIZ JOSÉ DE BRITO, JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO E
REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO)

(27:42 minutos) O Dr. Brito comenta que vai passar os R$ 2.000,00 (DOIS MIL
REAIS), para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos. Que merece por ter resolvido a questão dos
equipamentos, comento que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos é um cara “esperto”, e o Dr.
Brito comenta que ele está mantendo o negócio lá, e tem a confiança da administração,
e poderá ter um papel importante no processo de credenciamento, e que é importante
“alimentar” ele e estimular.

(Relatório de 30/06/2017 – evento 58 INF4 dos autos)

A materialidade da conduta ilícita restou demonstrada, pelo relatório de inteligência policial


nº 166/2017, de 19/10/2017, anexado ao evento 86, INF2, dos autos de ação controlada nº
5003221-04.2017.404.7002:

Durante o acompanhamento policial, restou comprovada a entrega dos valores ao denunciado


ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, conforme relatório já mencionado:

(...)

O ato de entrega foi registrado em meio de vídeo, encaminhados pela autoridade policial:

A entrega do dinheiro foi filmada, estando na mídia anexa a esta IPJ (arquivo: V1018001).
(Relatório do APF Fabiano Dessupoio Moreira Dias e Henrique Herculano R. da Silva)

Corrobora a materialidade, o relatório apresentado pelo colaborador REGINALDO DA


SILVEIRA SOBRINHO, juntado ao evento 87, INF3, dos autos de ação controlada.

5002007-41.2018.4.04.7002 700006288273 .V129

15 of 208 18/03/2019 11:35


:: 700006288273 - eproc - :: https://eproc.jfpr.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=minuta_imprimi...

Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu
Assim, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR. BRITO), JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS
NETO (CAZUZA), ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMITZ DOS SANTOS
incorrem na prática do crime previsto no artigo 317, “caput”, c/c artigo 29 do Código Penal.

6.6 - 6º FATO – PAGAMENTO DE PROPINA

Entre os meses de abril e novembro de 2017, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR.
BRITO), JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO (CAZUZA) E ANDERSON PEREIRA DOS
SANTOS, com adesão da esposa do último DENISE SCHMITZ DOS SANTOS (beneficiária dos
recursos), um concorrendo para ação ilícita do outro, ciente da reprovabilidade das condutas,
solicitaram e receberam em 20/11/2017, por volta das 15h50min, direta ou indiretamente,
através dos denunciados ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMITZ DOS
SANTOS vantagem indevida, consistente no recebimento do valor de R$ 2.000,00 (dois mil
reais), em razão da função pública de ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, de chefe do setor
de radiologia, membro da comissão de licitação, da Fundação Municipal de Saúde.

A vantagem indevida foi efetivamente entregue ao denunciado ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS, que confidenciou que tais valores eram repassados para a denunciada DENISE
SCHMITZ DOS SANTOS, para pagamento de despesas domésticas.

A ciência da denunciada DENISE SCHMITZ DOS SANTOS da origem ilícita é corroborada


pelo denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, inclusive confidenciando que a mesma
tinha a função (na organização criminosa) de aumentar demanda de exames para a clínica do
denunciado LUIZ JOSÉ DE BRITO, através da clínica MULTIMAGEM DIAGNÓSTICOS
LTDA, exercendo função essencial para o que o esquema criminoso, orquestrado pela
organização criminosa, se perpetuasse.

(27:26 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, relatou que o Dr. Brito solicitou o aumento do
volume de exames eletivos, para compensar a perda de horas plantão, e que a Aline
funcionária do Dr. Brito, comentou que a responsável pelos encaminhamentos é a
esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, a servidora pública municipal Denise Schmitz dos Santos.
E o Dr. Brito confirmou que sim., O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos disse que falou que iria
direcionar todas as Tomografias para o Hospital Costa Cavalcanti, e que o Dr. Brito
solicitou que direcionasse tudo para o Hospital Municipal, inclusive exames
contrastados, que não eram feitos anteriormente devido a falta de médico radiologista
presencial,

(28:09 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, afirmou que já aumentou o volume de
Tomografias eletivas, para o Hospital Municipal que chegou a fazer apenas dois
exames no mês, e que agora pela intervenção dele junto a sua esposa Denise Schmitz
dos Santos, jã estão fazendo cerca de 05 à 07 exames por dia. Comento que a esposa
do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, Denise Schmitz dos Santos, que manobra isso lá e que ele
já vai poder deixar ela mais feliz este final de semana, e o Supervisor do Setor de

5002007-41.2018.4.04.7002 700006288273 .V129

16 of 208 18/03/2019 11:35


:: 700006288273 - eproc - :: https://eproc.jfpr.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=minuta_imprimi...

Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
afirma que o dinheiro que repassei para ele, vai direto para mão da sua esposa Denise
Schmitz dos Santos, para pagar umas contas. Que ele afirmou ó dinheiro extra.

(28:53 minutos) Pergunto para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital


Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, se su esposa Denise Schmitz
dos Santos, sabia que os valores eram oriundos dos contratos, e ele disse que
inicialmente , afirmou que se a empresa fechasse o contrato com o Hospital Municipal
iria receber por um mês e que posteriormente, falou que devido a empresa estar
contente com o trabalho dele iria pagar novamente. Eu comentei que quando a
operação pecúlio foi deflagrada o meu maior problema, foi que minha esposa não sabia
que eu estava envolvido em ilícitos. E que o melhor é que realmente é melhor que a
esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos tenha conhecimento dos fatos, pois se der algo errado a
ela não pode alegar desconhecimento. Que no meu caso minha esposa só via que eu
trabalhava e não sabia que estava envolvido em nada ilegal, que foi um problemão
explicar para ela. Mas ponderei que como a esposa do Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
estava dentro da Secretaria de Saúde, para ela isso deveria ser mais tranquilo.

(31:06 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, cita como exemplo o caso do oftalmologista (
Dr. Roberto Cacciari Filho), que devido a acordos que ele fez, que estaria recebendo
um valores por serviços que não foram prestados nem a metade, e que recebe valor
integral.

(Relatório de 18/08/2017 – elaborador pelo colaborador REGINALDO DA SILVEIRA


SOBRINHO – juntado no evento 67, INF3 dos autos de ação controlada – gravação em
áudio encaminhada ao juízo – nome do arquivo: )

A autoria recai sobre os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO E JOSÉ DE OLIVEIRA REIS
NETO, pois foram os idealizadores do esquema, para manutenção de outros benefícios junto
ao denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMITZ DOS SANTOS,
junto à Fundação Municipal de Saúde e Secretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu.

Observa-se que em dos encontros entre o colaborador REGINALDO DA SILVEIRA


SOBRINHO com os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO,
estes solicitam informações quanto o andamento do pagamento da propina, orientando
inclusive a manter tais pagamentos ilícitos:

(15:43 minutos) Passamos a tratar das questões relativas aos equipamentos, onde
relatei as questões das falhas da rede elétrica do Hospital e de da condução do contrato.
E da necessidade de documentar as falhas relativas a rede elétrica para garantir a
empresa. E que eu estava segurando a situação para não dar mídia e que pedi para o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Anderson Pereira dos Santos para
pressionar para efetuarem os recebimentos, e o Dr. Brito perguntou se da instalação eu
já havia recebido eu afirmei que sim e que inclusive já tinha feito o repasse da parte do
Supervisor do Setor de Diagnóstico Anderson Pereira dos Santos, mas que não havia

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recebido nada referente aos valores mensais.

(Relatório de 21/06/2017 – evento 55, INF4 dos autos de AC – em reunião realizada na


presença de LUIZ JOSÉ DE BRITO, JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS NETO E
REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO)

(27:42 minutos) O Dr. Brito comenta que vai passar os R$ 2.000,00 (DOIS MIL
REAIS), para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos. Que merece por ter resolvido a questão dos
equipamentos, comento que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos é um cara “esperto”, e o Dr.
Brito comenta que ele está mantendo o negócio lá, e tem a confiança da administração,
e poderá ter um papel importante no processo de credenciamento, e que é importante
“alimentar” ele e estimular.

(Relatório de 30/06/2017 – evento 58 INF4 dos autos)

A materialidade da conduta ilícita restou demonstrada, pelo relatório de inteligência policial


nº 187/2017, de 21/11/2017, anexado ao evento 94, INF1, dos autos de ação controlada nº
5003221-04.2017.404.7002:

(...)

Durante o acompanhamento policial, restou comprovada a entrega dos valores ao denunciado


ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, conforme relatório já mencionado:

(...)

O ato de entrega foi registrado em meio de vídeo, encaminhado pela autoridade policial ao
juízo.

Corrobora a materialidade, o relatório apresentado pelo colaborador REGINALDO DA


SILVEIRA SOBRINHO, juntado ao evento 98, INF2, dos autos de ação controlada.

Assim, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR. BRITO), JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS
NETO (CAZUZA), ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMITZ DOS SANTOS
incorrem na prática do crime previsto no artigo 317, “caput”, c/c artigo 29 do Código Penal.

Passo à materialidade e autoria delitivas.

a) Materialidade

Como salientado no tópico 2 da sentença, o acusado ANDERSON PEREIRA


DOS SANTOS, valendo-se da sua condição de supervisor do setor de radiologia do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu/PR concorreu para o direcionamento da Dispensa nº 46/2017
para a Bravix Medical, pessoa jurídica vinculada ao Grupo E-people, de Euclides de Moraes

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Barros Júnior, e representada por Reginaldo da Silveira Sobrinho.

A Bravix Medical foi, efetivamente, contratada pela locação de um equipamento


de Raio X e dois digitalizadores de imagem (CR), pelo valor mensal de R$ 20.500,00,
acrescido de uma taxa de instalação de R$ 12.000,00. O acordo tinha vigência inicial de 3
meses prorrogáveis por igual período.

Em contrapartida à atuação de ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS no


direcionamento da Dispensa nº 46/2017, ajustou-se, com LUIZ JOSÉ DE BRITO, que
Reginaldo da Silveira Sobrinho pagaria ao servidor municipal uma propina no valor de R$
2.000,00, a cada pagamento feito pelo Hospital Municipal Padre Germano Lauck à Bravix
Medical. Nesse sentido, é o ev. 4, out.3, AC:

No dia 05/05/2017, Reginaldo da Silveira Sobrinho voltou a tratar de propina


com ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS (ev. 19, out 5, AC):

Na sequência destaquei a relevância da atuação dele ( Anderson Pereira dos Santos) para os
que os objetivos do grupo sejam alcançados, e que na segunda feira iremos definir tudo isso.
Ele concordou com a relevância de sua atuação e disse que embora fale sempre com o Dr.
Brito, no Hospital fica mais complicado, para ter uma conversa mais tranquila, e que ele
(Anderson pereira dos Santos) está "amarrando' pra que tudo "fique em casa", e que teria que
definir mesmo tudo pois o 'leitinho das crianças" agradece. Concordei com ele e encerramos a
conversa.

O valor da vantagem indevida foi ajustado no dia 08/05/2017, em reunião


ocorrida na Clínica Multi Imagem, na qual presentes ANDERSON PEREIRA DOS
SANTOS, LUIZ JOSÉ DE BRITO e Reginaldo da Silveira Sobrinho (ev. 19, out6, AC):

"E passamos a tratar de como seria a distribuição da propina para o Supervisor do Setor de
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Diagnóstico do Hospital Municipal, Anderson Pereira dos Santos, que relatou que já havia
combinado um valor, e eu especifiquei que o valor da propina para esta fase do negócio será
de R$ 2.000,00 ( DOIS MIL REAIS) sendo praticamente 10% do valor Bruto do contrato ( e
que a prática seria pagar propina sobre valor líquido). O Supervisor do Setor de Diagnóstico
do Hospital Municipal, Anderson Pereira dos Santos, afirmou que está de acordo por que seria
só um início. E que projetava para o futuro, e mostrou insegurança em relação a permanência
dele no Hospital Municipal no cargo que ocupa, após a transição para a prefeitura".

As provas coligidas aos autos dão conta de que ocorreram, em razão do acordo
prévio entre os réus e Reginaldo da Silveira Sobrinho, seis pagamentos a ANDERSON
PEREIRA DOS SANTOS, todos objeto de acompanhamento tático da Polícia Federal.

Diferentemente do que constou da denúncia, ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS não era membro da comissão permanente de licitação, mas, como chefe do setor de
radiologia do Hospital Municipal, tinha plenas condições de influenciar o direcionamento de
um certame, em razão do próprio conhecimento técnico que ostentava. Inclusive,
ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS era imprescindível ao sucesso da empreitada
criminosa, pois ao mostrar preocupação com seu futuro dentro do Hospital Municipal, LUIZ
JOSÉ DE BRITO prometeu intervir para mantê-lo na função (ev. 19, out6, AC):

E que projetava para o futuro, e mostrou insegurança em relação a permanência dele no


Hospital Municipal no cargo que ocupa, após a transição para a prefeitura. Dr. Brito afirmou
que isso(o Negócio e o emprego) ele segurava e que era o mínimo e só o começo da parceria.

Ainda, de acordo com informações da própria Fundação Municipal de Saúde,


foram feitos os seguintes pagamentos à Bravix Medical (ev. 109, ofic3, AC):

Tanto os ajustes como os pagamentos foram reiterados por Reginaldo da


Silveira Sobrinho em juízo:

Ministério Público Federal:- Houve algum repasse de valores do senhor para o senhor
Anderson?

Testemunha:- Vários.

Ministério Público Federal:- Por favor, nos esclareça.

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Testemunha:- O primeiro repasse que eu fiz para o senhor Anderson, foi justamente quando eu
disse, quando nós recebemos o valor da implantação, que era doze mil reais, então fizemos dez
por cento disso, que era mil e duzentos reais. Daí eu combinei com ele, nos encontramos na
Padaria Trigo e Cia, ali próximo do hospital, e foi feito o repasse para ele de mil e duzentos
reais. Posterior, toda vez que nós recebíamos o valor do contrato emergencial, que era vinte
mil e quinhentos, dois dias, mais ou menos, depois, eu repassava para ele dois mil reais, se eu
não me engano, três ou quatro vezes, que eu passei para ele dois mil reais, e uma vez passei
mil e duzentos. Lá, sempre na Trigo e Cia.

Ministério Público Federal:- Esses repasses eram de conhecimento do Doutor Brito, ele
sabia?

Testemunha:- Sim, me recordo que nós tivemos uma reunião a três, eu, o Doutor Brito e o
Anderson, lá na Clínica Multimagem, antes de os repasses começarem a acontecer, e tratamos
a três essa questão, e ficou inclusive nessa reunião decidido de que eu iria dar dois mil, e que
o Doutor Brito, que já tinha o contrato lá, também ia repassar dois mil para ao Anderson. E
toda vez que eu repassava, eu inclusive comunicava, “oh, Doutor Brito, eu repassei lá o valor
do Anderson”, todas as vezes ele tinha ciência.

Ministério Público Federal:- O senhor Cazuza, ele sabia desses repasses?

Testemunha:- Sabia também, ele também sabia.

Ministério Público Federal:- Alguma oportunidade, o senhor Anderson mencionou, disse,


comentou, que a sua esposa sabia desse dinheiro?

Testemunha:- Não, uma vez eu comentando com o Anderson, perguntei sobre a situação dele,
como que ele fazia para aparecer com esse dinheiro, e ele comentou comigo, de que tinha
falado para a esposa dele, que uma empresa de São Paulo tinha ficado satisfeita com ele no
início, e que tinha dado um valor, e que posteriormente, como eles ficaram satisfeitos, eles
tinham continuado a fazer esse repasse. Então ela tinha conhecimento de que ele estava
recebendo esse valor.

5.1. Primeiro pagamento de propina a ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS

Em razão de ajuste prévio ocorrido no momento dos preparativos do


direcionamento contratual para a Bravix Medical, ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS
recebeu vantagem indevida consistente na quantia de R$ 1.200,00 entregues a ele por
Reginaldo da Silveira Sobrinho.

A entrega do numerário ocorreu no dia 07/06/2017 por volta das 13h25, na


Padaria Trigo & Cia, nesta cidade. O evento foi retratado no Relatório de Inteligência Policial
nº 88/2017, de 07/06/2017, ev. 46:

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O recebimento dos valores também foi filmado pela Polícia Federal, vídeo
entregue ao juízo, além de retratado no Relatório de Atividades constante do ev. 33, inf5, da
AC. Como se vê, o valor pago correspondia ao percentual de 10% do valor recebido pela
Bravix Medical -R$ 12.000,00 -, em razão da instalação dos equipamentos no Hospital Padre
Germano Lauk:

Informei para oSupervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,


que a Fundação Municipal realizou o pagamento da Taxa de Instalação referente ao Contrato
N°053/2017, da Dispensa de Licitação 046/2017, e que conforme combinado anteriormente eu
estava repassando para ele R$ 1.200,00 (HUM MIL E DUZENTOS REAIS), contei o dinheiro e
repassei em mãos para ele, solicitando que ele conferisse para verificar e a quantia estava
correta, (evitando algum mal entendido de valores) Ele me contou ascédulas e confirmou que a
quantia estava correta e me pediu para confirmar do que se referia o valor e eu respondi que
era referente aos 10% (DEZ POR CENTO), do valor recebido da Taxa de Implantação que foi
de R$ 12.000,00 (DOZE MIL REAIS), e que assim que recebermos o valor mensal de R$
20.500,00 (VINTE MIL E QUINHENTOS REAIS) ele terá o valor mensal de R$ 2.000,00 (
DOIS MIL REAIS). Eleguardou o dinheiro no bolso traseiro esquerdo, e seguimos a conversa.

Como forma de acelerar o recebimento de sua propina, ANDERSON PEREIRA

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DOS SANTOS, inclusive, efetuava cobranças do pagamento da Bravix Medical na
administração do Hospital (evs. 26, inf 4 e ev. 55, inf4, AC, respectivamente):

O acusado informou a Reginaldo da Silveira Sobrinho que o valor deste repasse


seria utilizado para pagar parcela de seu carro (ev. 25, inf2):

E que me solicitaram orçamento para locação de equipamentos de ultrassom. Informei ainda


que saindo o valor de implantação ele terá a propina dele e ele disse que vai usar este valor
para pagar parcela do carro dele.

5.2. Segundo pagamento de propina a ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS

Em razão de ajuste prévio ocorrido no momento dos preparativos do


direcionamento contratual para a Bravix Medical, ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS
recebeu vantagem indevida consistente na quantia de R$ 2.000,00 entregues a ele por
Reginaldo da Silveira Sobrinho.

A entrega do numerário ocorreu no dia 29/06/2017 por volta das 17h40, na


Padaria Trigo & Cia, nesta cidade. O evento foi retratado no Relatório de Inteligência Policial
nº 105/2017, de 29/06/2017, ev. 54:

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O recebimento dos valores também foi filmado pela Polícia Federal, vídeo
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AC. Como se vê, o valor pago correspondia ao percentual de 10% do valor recebido pela
Bravix Medical, de R$ 20.500,00 em razão do pagamento da primeira mensalidade de locação
dos equipamentos:

(12:29 minutos) Retiro os R$ 2.000,00 ( DOIS MIL REAIS), do bolso e começo a proceder o
repasse para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, primeiro conto as cédulas na frente dele, e ao repassar para ele
em mãos, solicito que ele proceda a contagem das cédulas.
(13:33 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, termina a contagem das cédulas e confirma que o valor
está correto.

5.3. Terceiro pagamento de propina a ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS

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Em razão de ajuste prévio ocorrido no momento dos preparativos do
direcionamento contratual para a Bravix Medical, ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS
recebeu vantagem indevida consistente na quantia de R$ 2.000,00 entregues a ele por
Reginaldo da Silveira Sobrinho.

A entrega do numerário ocorreu no dia 18/08/2017 por volta das 17h40, na


Padaria Trigo & Cia, nesta cidade. O evento foi retratado no Relatório de Inteligência Policial
nº 140/2017, de 18/08/2017, ev. 68, inf6, da AC:

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No dia anterior à entrega da quantia de R$ 2.000,00, a Polícia Federal
identificou as cédulas de R$ 50,00 (ev. 68, out 4 e 5, autos da AC).

Além da filmagem realizada pela Polícia Federal, toda a ação de ANDERSON


PEREIRA DOS SANTOS e Reginaldo da Silveira Sobrinho também constou do Relatório de
Atividades do ev. 67, inf3, dos autos da AC. A propina dizia respeito à segunda nota fiscal
decorrente da Dispensa nº 46/2017, ainda pendente de pagamento à Bravix Medical:

(17:12 minutos) Começo a fazer o repasse do valor de R$ 2.000,00 ( DOIS MIL REAIS)
referente a propina do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, informo que pagaram uma Nota Fiscal ( referente ao
mês de junho 2017), e que tem outra vencida e peço que ele comece a cobrar a outra Nota
Fiscal, Cometo ainda que a Funcionária do Setor e Compra Amanda Regina Nunes Meller,
tem ajudado a cobrar os pagamentos mesmo sem receber nenhuma vantagem indevida,
referente a este contrato.

(17:41 minutos)Procedo a contagem das cédulas, (sendo 40 cédulas de R$ 50,00


(CINQUENTA REAIS), totalizando os R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS) e entrego para o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos, e peço para que ele realize a contagem e confira se o valor esta correto.. O
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos, conta o dinheiro e confirma que está correto. Comento que comigo a coisa
~e certa que eu preciso de dois dias depois do pagamento, que ~e o tempo do dinheiro cair na
conta da empresa e a empresa repassar para minha conta, eu fazer a retirada e fazer o
repasse. O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos comenta que é sossegado.

Em que pese as cédulas apreendidas em poder dos acusados não serem as


mesmas identificadas pela Polícia Federal, isso não afasta ou enfraquece a materialidade
delitiva, pois o valor da propina era consumido para o custeio de despesas domésticas, sendo
natural que ela não mais existisse quando executado o mandado de busca e apreensão.

5.4. Quarto pagamento de propina a ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS

Em razão de ajuste prévio ocorrido no momento dos preparativos do


direcionamento contratual para a Bravix Medical, ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS
recebeu vantagem indevida consistente na quantia de R$ 2.000,00 entregues a ele por
Reginaldo da Silveira Sobrinho.

A entrega do numerário ocorreu no dia 14/09/2017 por volta das 15h50, na


Padaria Trigo & Cia, nesta cidade. O evento foi retratado no Relatório de Inteligência Policial
nº 155/2017, de 15/09/2017, ev. 73, inf1, da AC:

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As cédulas de R$ 50,00 utilizadas por Reginaldo da Silveira Sobrinho também


foram identificadas e digitalizadas pela Polícia Federal (ev. 75 e 76 da AC).

Além de filmado o encontro e a entrega do dinheiro a ANDERSON PEREIRA


DOS SANTOS, o evento foi relatado por Reginaldo da Silveira Sobrinho (ev. 77, inf3, AC):

"(09:39 minutos) Eu comento que ficou um mês de contrato vencido, mas que comentei coma a
pregoeira, e funcionária do Setor de Compras do Hospital Municipal, Amanda Regina Nunes
Meller, que não falei nada por que o contrato era de três meses renováveis por mais três, e que
como houve o Pregão eu fiquei, aguardando, E ainda que comentei que ficou um mês em
aberto para recebimento, e que houve uma promessa de pagamento deste valor. E que fui
informado que o Contrato relativoao Pregão 006/2017 já está valendo. E que o emergencial
não será renovado.

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[...]

(15:33 minutos) Começo a contagem do dinheiro e na sequência peço para que o Supervisor
do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos
Santos, confira para evitar dúvidas, pois na minha conta "havia faltado cinquenta".

(16:01 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, começa a contagem do dinheiro e confirma que valor
está correto (DOIS MIL REAIS)".

Em que pese as cédulas apreendidas em poder dos acusados não serem as


mesmas identificadas pela Polícia Federal, isso não afasta ou enfraquece a materialidade
delitiva, pois o valor da propina era consumido para o custeio de despesas domésticas, sendo
natural que ela não mais existisse quando executado o mandado de busca e apreensão.

5.5. Quinto pagamento de propina a ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS

Em razão de ajuste prévio ocorrido no momento dos preparativos do


direcionamento contratual para a Bravix Medical, ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS
recebeu vantagem indevida consistente na quantia de R$ 2.000,00 entregues a ele por
Reginaldo da Silveira Sobrinho.

A entrega do numerário ocorreu no dia 18/10/2017 por volta das 15h50, na


Padaria Trigo & Cia, nesta cidade. O evento foi retratado no Relatório de Inteligência Policial
nº 166/2017, de 19/10/2017, ev. 86, inf2, da AC:

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As cédulas de R$ 100,00 utilizadas por Reginaldo da Silveira Sobrinho também
foram identificadas e digitalizadas pela Polícia Federal (ev. 86, termcomp3 e out4, AC).

Além de filmado o encontro e a entrega do dinheiro a ANDERSON PEREIRA


DOS SANTOS, o evento foi relatado por Reginaldo da Silveira Sobrinho (ev. 87, inf3, AC),
sendo certo que a propina dizia respeito ao serviço prestado em agosto de 2017:

Conforme previamente, agendada com o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital


Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, dirigi- mena padaria Trigo&Cia,
para efetuar repasse de propina de R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS),

As 16:11 horas o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,


Anderson Pereira dos Santos, me enviou mensagem de via Whatsapp. solicitando que me
dirigisse ao Hospital para realizar a reunião, e repasse tendo em vista um problema com a
questão do ultrassom, e que ele estava resolvendo com o Sr Luiz André Penzin, que é o
responsável pela instalação dos equipamentos Respondo que era melhor nos encontrarmos na
Padaria Trigo & Cia. Para não misturar os assuntos, tendo em vista que o Sr. André Penzin
desconhece as questões de corrupção envolvidas nestecontrato.

[...]

(14:37 minutos) Começo a fazer o repasse da propina de R$2.000,00 ( DOIS MIL REAIS) para
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson
Pereira dos Santos, procedo a contagem do dinheiro e repasso para que o Supervisor do Setor
de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, realize
a conferência do valor e guarda o recurso consigo.

(15:25 minutos) Comento que se for realizado o pagamento referente a setembro, nos próximos
dias já farei o novo repasse da propina do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos E comento que nâo liguei no
financeiropor que como fui informado pelo Sr Luiz André Penzin, que estava tendo "rolo" em
relação aos equipamentos, eu preferi esperar para ligar depois, inclusive de ter uma conversa
relativa aos equipamentos com ele. E que se o pagamento ocorrer napróxima quinta feira no
inicio da semana já faço o repasse."

Em que pese as cédulas apreendidas em poder dos acusados não serem as


mesmas identificadas pela Polícia Federal, isso não afasta ou enfraquece a materialidade
delitiva, pois o valor da propina era consumido para o custeio de despesas domésticas, sendo
natural que ela não mais existisse quando executado o mandado de busca e apreensão.

6.6. Sexto pagamento de propina a ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS

Em razão de ajuste prévio ocorrido no momento dos preparativos do


direcionamento contratual para a Bravix Medical, ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS
recebeu vantagem indevida consistente na quantia de R$ 2.000,00 entregues a ele por

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Reginaldo da Silveira Sobrinho.

A entrega do numerário ocorreu no dia 20/11/2017 por volta das 15h50, na


Padaria Trigo & Cia, nesta cidade. O evento foi retratado no Relatório de Inteligência Policial
nº 187/2017, de 21/11/2017, ev. 94, inf1, da AC:

[...]

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As cédulas de R$ 100,00 utilizadas por Reginaldo da Silveira Sobrinho também


foram identificadas e digitalizadas pela Polícia Federal (ev. 94, termcomp2 e out3, da AC).

Além de filmado o encontro e a entrega do dinheiro a ANDERSON PEREIRA


DOS SANTOS, o evento foi relatado por Reginaldo da Silveira Sobrinho (ev. 93, inf2, AC),
sendo certo que a propina paga referia-se ao pagamento do serviço de setembro de 2017, pelo
Hospital Municipal:

Conforme previamente combinado, me encontrei com o Supervisor do Setor de Diagnóstico


por Imagem do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, na
Panificadora Trigo & Cia, afim de fazer o repasse do valor de R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS)
referentes a propina, relacionada com o recebimento do valor referente aos serviços prestados
em setembro/2017.

[...]

(21:04 minutos) Começo a fazer o repasse da propina de R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS) para
o Supervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos. Procedo a contagem do dinheiro e repasso para ele que confere
e diz que o valor está certo. Eu comento que a partir do mês que vem começo a acertar os

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valores atrasados do Dr. Brito Falamos ainda sobre a definição do valor da nota fiscal do mês
de outubro/2017 e ele se compromete a venficar isto com o Ricardo doFinanceiro. Comento
que este valor só iremosreceber no mês seguinte (dezembro/2017). E o Supervisor do Setor
de Diagnóstico por Imagem do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos
Santos, lembra que já estamos no dia 20 do mês.

Em que pese as cédulas apreendidas em poder dos acusados não serem as


mesmas identificadas pela Polícia Federal, isso não afasta ou enfraquece a materialidade
delitiva, pois o valor da propina era consumido para o custeio de despesas domésticas, sendo
natural que ela não mais existisse quando executado o mandado de busca e apreensão.

Os valores repassados por Reginaldo da Silveira Sobrinho a ANDERSON


PEREIRA DOS SANTOS foram entregues ao agente em colaboração por Euclides de Moraes
Barros Júnior, segundo declaração por ele subscrita (ev. 93, inf3, AC), confirmada em juízo.

Em sua defesa, o acusado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS declarou:

Juíza Federal: - Sobre, vamos está falando do Fato 6. O senhor está sendo acusado, seu
Anderson, de ter recebido propina, tá? Das mãos do senhor Reginaldo. Em seis oportunidades.
Queria que o senhor, se quisesse também, comentasse o fato, e também o senhor tem direito ao
silêncio, né, já que salientei isso no início do seu interrogatório. Que senhor comentasse, esses
encontros, que foram inclusive acompanhados pela Polícia Federal.

Réu: - Então, isso aí porque, obviamente que depois do ocorrido, a prisão daí eles, ficou por
dentro assim, não é? É, muito difícil para mim assim, tudo que aconteceu, assim, querer te
colocar a, carapuça de, com o perdão da palavra, de otário, não é? É, esse dinheiro em
fevereiro, final de fevereiro mais ou menos, Reginaldo, ele sempre, sempre estava no hospital.
Reginaldo ele, meio que tinha sido banido do hospital, por causa da Operação Pecúnia, mas
ele sempre estava lá, perguntou como é que tava. É, mas precisamente, a gente, só para você
ter uma ideia, eu assumi, supervisão do hospital, caiu no meu colo assim do nada, eu era só
um técnico da noite. Até me chamaram, que não tinha ninguém mais para assumir e tinha
demitido que era o contrato, era a CC quem fazia supervisor SBT, a direção me chamou e
falou Anderson, indicaram você, você aceita, assim assado, poderia aceitar. Passei o Ano
Novo trabalhando, como supervisor. Final de, final de fevereiro mais ou menos, não me
recordo, não vou lembrar a data, aí, meio de fevereiro Reginaldo, quase sempre estava ali.
Perguntado, ah Anderson, como é que você está, está bem, as condições de trabalho, estão
pagando certinho? Ele é uma pessoa muito, ele leva a gente na conversa. Ele fala tá, ó, você
viu que eu fiquei preso, isso ele contando para mim. Tá, estou pagando advogado. Aí me
pediu, dois, dois mil, dois e cem mais ou menos. Não vou lembrar, na época. Falei
Reginaldo, eu não tenho.

Juíza Federal: - Ele pediu o quê?

Réu: - Pediu para mim, se eu tinha como emprestar até dois mil e quinhentos reais.

Juíza Federal: - Sim.

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Réu: - Reginaldo eu vou receber daqui, meu pagamento sai daqui a alguns dias, é um, dez,
doze dias mais ou menos eu acho, na outra semana, mas eu, eu tenho umas,
[ININTELIGÍVEL], minha aí. Vou ver com o pessoal da onde eu trabalhava, porque tinha uma
renda também no Cataratas, e eu peguei esse mercado e emprestei para ele, dei para ele
assim. Sabe para ele, dois dias depois. Ele tinha me pedido em torno de seis mil reais, eu
falei não, você está maluco. Perdão da palavra. Eu não tenho esse dinheiro. Nunca recebi.
Ah, consigo para você dois, dois e quinhentos, ele beleza. Não, já me ajuda que não sei o quê,
que eu tenho umas dívidas, uma receita para receber dos contratos, da E-People porque está,
está vindo aí que vai pagar, está atrasado. E falei beleza. Beleza. Daí ele disse, na outra
semana quando sair o pagamento. Falei ó, você quer, eu tenho mais dois, dois e meio. Falou
não, me arruma que eu vou te pagar de uma vez só. Já vai sair da E-People, vai, ah, e, hã...

Juíza Federal: - [ININTELIGÍVEL]?

Réu: - Final de fevereiro. É, não. Eu dei para ele, depois que ainda recebi o pagamento,
inteirei os dois mil quinhentos, para dar os cinco mil que, ele tinha pedido seis, só consigo
cinco.

Juíza Federal: - Sim.

Réu: - Aí inteirei para ele. Ele falou não, por causa que...

Juíza Federal: - No caso você tem amizade com seu Reginaldo?

Réu: - Oi?

Juíza Federal: - Tem relação de amizade com ele?

Réu: - Tinha assim, nunca foi de amizade não. Foi, conheci, ele era, conheci lá quando chegou
assim. Eu cheguei, teve uma época, em uma campanha, por exemplo, de, para vereador, ele
era, trabalhou com uma, para, para Olga da saúde. Ele trabalhou para ela, e eu, e ele é, nós
trabalhamos junto para ela, fazia campanha.

Juíza Federal: - Sim.

Réu: - E...

Juíza Federal: - Era conhecido dele?

Réu: - Sim. Essa amizade, dessa época aí. Aí ele, disse não, vou te pagar de uma vez só, não
sei o quê, tal assim que a, a E-People for receber os contratos que, que tem aí. Em outras
cidades, não sei o quê, falei está bom. E fui. A partir daí, é aquilo que eu te falo, foi, depois
que me falaram, empréstimo não é nem para parente, que a gente perde. É. Ele sumiu, não é?
Assim na verdade, ele voltou a falar comigo só final de março.

Juíza Federal: - Sim.

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Réu: - Aí o, falou não, vou te pagar de uma vez só. Hoje, é como eu falei, hoje tenho noção de
tudo, não é? Porque, de manhã ele vinha, “não, não, vou levar aí para você no hospital”, mas
era sempre, hoje eu sei, hoje eu sei que fui mais Mané, que ele sempre fazia. Ah, não saiu
tudo, vou pegar só uma parte. E era sempre no mesmo horário, mesmo local que ele queria.
Ele nunca podia no hospital, vivia no hospital, mas para me pagar ele nunca podia no
hospital.

Juíza Federal: - Uhum.

Réu: - E eu fala, cara, não posso sair daqui. Várias vezes. Mas, enfim... Fora e, foi uma...

Juíza Federal: - Foi o quê? E quando foi que o senhor deu essa, fez esse empréstimo a ele.

Réu: - Foi final de fevereiro. Final, foi. Final de fevereiro, comecinho de março.

Juiz Federal: - E onde foi que o senhor é, que o senhor obteve esse dinheiro? Foi dinheiro de
salário?

Réu: - Do meu salário. Desse eu entreguei para ele dentro do hospital municipal. Na minha
sala.

Juíza Federal: - O senhor podia dispor, o senhor ganhava quatro mil e quinhentos, o senhor
podia dispor de dois mil reais?

Réu: - É. Como eu já tinha, eu já tinha em torno, como eu falei, de uma, de umas economias
minha em casa, guardado. É que eu não, não tinha poupança...

Juíza Federal: - Não tinha poupança, mas tinha dinheiro.

Réu: - Economia eu tinha, economia eu tinha. E, e depois passei para ele quando saiu o
pagamento, peguei parte do pagamento, paguei para ele.

Juíza Federal: - Certo. Tá. Então da segunda fez o senhor, ia sem dar o, os cinco mil reais, no
interesse de emprestar para o seu Reginaldo. Em, tá, o, é, poderia esclarecer melhor um
pouco. O quê que levou o senhor emprestar cinco mil reais a um conhecimento.

Réu: - Então...

Juíza Federal: - Responde, chegar a responder a essa apuração criminal.

Réu: - Justamente por isso, eu já, já conhecia ele, não é? A gente tinha uma, uma, certo
conhecimento. E ele estava precisando na época. E eu, até porque, eu assim, eu tinha
trabalhado com a, com a esposa dele entendeu. Uma, a, no hospital era só, eu era técnico e eu
era da recepção. E ela sempre foi muito querida, muito amiga de todo mundo e quando eu vi
que precisava, eu falei ah.

Juíza Federal: - Você falou para sua esposa que, tinha concedido esse empréstimo a...

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Réu: - Não. Porque senão ela ia me matar.

Juíza Federal: - Oi?

Réu: - Não, porque ela, minha esposa é muito mão fechada assim, ela vivia me...

Juíza Federal: - Tá. Aí, isso aí em março, o senhor falou, fevereiro.

Réu: - É foi. Se, final de fevereiro, março. Não vou lembrar...

Juíza Federal: - E ele pagou a primeira parcela quando?

Réu: - Então, ele me prometeu, que ia pagar tudo de uma vez só. Porque ia receber contrato,
não sei o quê, que ia receber dinheiro das, das empresas dele, aí de fora. Falei ok cara, só que
eu preciso, não é? Aí ele sumiu, quando voltou, só acho que daí, abril, maio, que ele ó. Eu já
tinha contato com ele antes, mas ele falava, está e o dinheiro? Não, calma aí que não saiu
ainda, vou te pagar, vou te pagar tudo até, vou te dar até um jurinho, ele falava. Beleza.

Juíza Federal: - Mas esses juros?

Réu: - Não, ele prometeu de boca. Não, não fez, que ele nunca me pagou assim, que me falou
que ia pagar de uma vez só. Isso quando ele prometia para, para me enrolar naquele dia. Aí
quando falou assim ó, vou te pagar, vai sa... é, a empresa lá vai me pagar meu salário, eu vou
te devolver o dinheiro. Falei está bom. Aí cheguei lá, ele estava só com mil e pouquinho.

Juíza Federal: - Mil e duzentos?

Réu: - Mil e quinhentos, primeira parcela, se eu não me engano, que ele me deu.

Juíza Federal: - Ah, o senhor tinha a intenção de, de dobrar, triplicar, quadriplicar esse
empréstimo?

Réu: - Não.

Juíza Federal: - Não?

Réu: - Porque eu só queria...

Juíza Federal: - No dia, é o senhor aqui nessa imagem? Da denúncia. Essa imagem.

Réu: - Sim. Essa aí, essa foto [ININTELIGÍVEL].

Juíza Federal: - Senhor Anderson, no dia 29/06/2017. O senhor, senhor chegou a receber
algum dinheiro?

Réu: - Da mão dele?

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Juíza Federal: - Sim.

Réu: - Às vezes, eu não sei as datas. Se ele, se ele pensar que, em torno de três ou quatro vezes
ele, ele me pagou. Foram mil e quinhentos, dois mil e trezentos. Ele sempre falava que ia
pagar tudo. O dinheiro, ele pagou os cinco mil mesmo, não tudo de uma vez como ele mesmo
prometeu.

Juíza Federal: - Tá. Aí, o senhor sofreu constrangimento de contar as notas em público?
Senhor queria contar, que estava recebendo aquele valor. Num primeiro...

Réu: - Não. Se, se tinha um, não, às vezes. Caso, queria, até que eu falava para ele, vem cá,
você vai pagar assim, você perdeu dinheiro meu? Dentro do hospital, aqui na, que eu te
emprestei aqui na minha sala, porque que eu tenho que ir sentar num lugar aberto para
receber. Ah, porque eu não quero ir no hospital. Mas vim aqui no hospital, ele falava é.

Juíza Federal: - No dia 18 de agosto de 2017, o senhor chegou a receber a prestação desse
empréstimo?

Réu: - Como, como eu te falei doutora, eu recebi em torno de três ou quatro parcelas. Agora
as datas.

Juíza Federal: - O senhor tinha quanto, guardado na sua residência? Quanto de dinheiro?
[ININTELIGÍVEL]?

Réu: - Em torno de uns, tinha comigo, tinha, tinha, comigo em torno de dois, dois e
quinhentos eu acho na época. Num...

Juíza Federal: - Quando a Polícia Federal ela foi até a sua casa. A polícia apreendeu algum
dinheiro?

Réu: - Dinheiro? Tava grampeado junto com as contas de água e o telefone ter... quatrocentos
reais eu acho, quatrocentos e cinquenta, se eu não me engano...

Juíza Federal: - Mas esses, esses do... esses valores do empréstimo, foi num vez nada sua casa
também, para uma emergência?

Réu: - Sim. Porque é, porque é, é uma coisa assim, estava juntando, como ele pagava só para
um lado, o dinheiro que entrava, eu sempre falo com a Denise, quando nós receber o
pagamento inteiro, do ele picado, picado ele não rende. Conforme vai entrando, você vai
pagando as contas some, todo mundo.

Juíza Federal: - Ah, o senhor também deu de certa forma é, em parcelas, não é? Senhor
emprestou dois mil e quinhentos e depois deu dois mil e quinhentos.

Réu: - É. Duas, não é? Duas, não é? Ele me dava mil, mil e quinhentos, mil e pouquinho.

Juíza Federal: - Ah, mas o sendo comprovado no, essas, essa conta de dinheiro na sua casa?

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Réu: - Não pelo fato de, eu até na época, ele depois tu vai ver, quando não deu mais, final de
ano, a gente gasta. Final de ano.

Juíza Federal: - O senhor gastou (ININTELIGÍVEL)?

Réu: -Isso é, presente, família, natal, ano novo.

Juíza Federal: - E, 18 de agosto. Foi, foi tirado uma fotografia do senhor contando o dinheiro,
mesma coisa.

Réu: - Do, pode ser. Eu falei.

Juíza Federal: - Ele deu, ele pagou muito mais do que, do que os empréstimos que o senhor
concedeu?

Réu: - Não, assim [ININTELIGÍVEL].

Juíza Federal: - E nesse dia 14 de setembro então, de 2017. Em que o senhor teria recebido
dois mil reais. Isso aconteceu?

Réu: - Eu recebi em torno de quatro vezes com ele. Três a quatro parcelas, agora as datas.

Juíza Federal: - Sempre valores de dois mil?

Réu: - Não.

Juíza Federal: - O primeiro foi um pouco menor?

Réu: - Não teve nenhum de dois mil

Juíza Federal: - Nenhum?

Réu: - Tudo em torno de mil.

Juíza Federal: - Em outubro, o senhor ainda rece... é, se encontrou com ele? Em outubro? Já
seria a quinta vez então aqui. Senhor teria se encontrado com ele. O senhor disse que em torno
de quatro.

Réu: - É, e...

Juíza Federal: - E essa quinta vez, foi o quê?

Réu: - Ele, que ele, que ele me pagou em torno de quatro parcelas.

Juíza Federal: - Tá e essa aqui, esse aqui (ININTELIGÍVEL). Foi, para quê? Foi para Polícia
Federal.

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Réu: - Olha, se fosse todas às vezes, Reginaldo me chamou para ir, para esse, até porque eu
acho, hoje eu sei porque que ele chamou. Do que ele pagou, e ele ia pagar café, ah, eu quero
pagar um café para você, vem aqui, uma café, vamos, vamos fazer um lanche, final da tarde.
Eu não tenho tempo para isso. Aí, algumas vezes eu fui, eu recebia. A, as parcelas dele.

Juíza Federal: - Nessa foto senhor está contando dinheiro? Pegou em dinheiro, nessa foto?

Réu: - Hum. Não sei lhe afirmar se era dinheiro não. Ó.

Juíza Federal: - O que era na sua mão?

Réu: - Pode ser até um celular, não sei. Hum, hum.

Juíza Federal: - Venha um pouco mais pra cá. Essa foto está um pouco mais legível, senhor
Anderson. Evento 86 do processo a que me referi anteriormente.

Réu: - Não, tou vendo, tou vendo. É legítimo, mas é como eu falei falei. Posso, eu não, que eu
recebi dinheiro dele, dos pagamentos dele desse empréstimo, foi em quarto parcelas, quatro
vezes.

Juíza Federal: - Ainda sim, sobre é, esses cálculos, desse equipamento da denúncia. Você,
senhor, também teria encontrado com o seu Reginaldo em novembro. Dia 20 de novembro de
2017. O senhor encontrou com ele?

Réu: - Também na, também na, na Travessia, lá que ele chamava é, é, é?

Juíza Federal: - Sim. Mas aí também no, fora do hospital.

Réu: - Sim.

Juíza Federal: - [ININTELIGÍVEL]?.

Réu: - Quando, para ganhar dinheiro, eu acho que aí já não tem dinheiro não.

Juíza Federal: - Qual seu horário de trabalho?

Réu: - Esse tempo de horário para entrar oito horas, na realidade meu horário é das oito àás
cinco, não é?

Juíza Federal: - Hã?

Réu: - Sempre saio lá, às 21, ou às 20 da noite que era, do horário da noite.

Juíza Federal: - O que você estava fazendo aqui no meio da tarde?

Réu: - Porque tinha os intervalos. Tinha intervalo, tinha intervalo de tarde, da manhã e a da
noite.

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Como se viu, a tese defensiva ventilada pelo acusado é de que os pagamentos
feitos por Reginaldo da Silveira Sobrinho seriam correspondentes à devolução de um
empréstimo no valor de R$ 5.000,00. No entanto, a versão não apresenta qualquer
verossimilhança. É que o acusado auferia renda mensal de R$ 4.500,00, enquanto que sua
esposta recebia em torno de R$ 3.500,00. Com efeito, a renda familiar não permitiria que
ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS fizesse um empréstimo de R$ 5.000,00 a Reginaldo
da Silveira Sobrinho, pessoa com quem não tinha qualquer amizade, sem comprometer,
gravemente, sua própria sobrevivência. O acusado não tinha reservas financeiras que pudesse
viabilizar a concessão do empréstimo, pois ele informou ao juízo que não tinha poupança,
tampouco é crível que ele guardasse o numerário em casa, pois nenhum montante semelhante
foi encontrado quando da busca e apreensão.

Se fosse verdadeira a alegação de que se estava verificando a quitação de um


empréstimo, pela entrega de mais do que o dobro do valor do mútuo, certamente o acusado
saberia precisar que os juros cobrados superaria o percentual de 100%. No entanto, o acusado
sequer soube informar ao juízo os termos do contrato de empréstimo, notadamente quantos
juros cobraria (o que seria natural já que não se tratava de empréstimo a um amigo ou ente
querido), o que torna ainda menos factíveis suas alegações.

A defesa técnica, em sede de alegações finais, afirmou que as despesas que


seriam pagas com as vantagens auferidas indevidamente eram extremamente baixas e
poderiam perfeitamente ser suportadas com a remuneração lícita auferida por ambos os
acusados, no valor conjunto de R$ 7.000,00. Pretende, pois, com esse fundamento, afastar a
possibilidade de que os réus tenham se corrompido. Contudo, além de a vantagem indevida
não ter sido solicitada e recebida para pagamento de despesas específicas, certo é que a praxe
revela que são inúmeras as motivações para a prática do delito de corrupção (ganância e
poder, por exemplo), de modo que nem sempre as dificuldades financeiras, vistas sob um
prisma objetivo, são o gatilho para semelhante prática delitiva.

Demonstrada a materialidade delitiva.

b) Autoria

As provas acima referidas, nomeadamente os Relatórios de Atividade de


Reginaldo da Silveira Sobrinho e Relatórios de Polícia Judiciária e a própria admissão do
acusado no sentido de que recebeu dinheiro do agente em colaboração, demonstram,
escancaradamente, a autoria de ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS.

A autoria é certa e recai sobre LUIZ JOSÉ DE BRITO, pois este estava,
inclusive, presente no momento em que ficou ajustado o valor da propina que seria paga a
ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS em razão de seus préstimos. Isso ocorreu no dia
08/05/2017, em reunião ocorrida na Clínica Multi Imagem, na qual presentes ANDERSON
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PEREIRA DOS SANTOS, LUIZ JOSÉ DE BRITO e Reginaldo da Silveira Sobrinho (ev. 19,
out6, AC):

"E passamos a tratar de como seria a distribuição da propina para o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal, Anderson Pereira dos Santos, que relatou que já havia
combinado um valor, e eu especifiquei que o valor da propina para esta fase do negócio será
de R$ 2.000,00 ( DOIS MIL REAIS) sendo praticamente 10% do valor Bruto do contrato ( e
que a prática seria pagar propina sobre valor líquido). O Supervisor do Setor de Diagnóstico
do Hospital Municipal, Anderson Pereira dos Santos, afirmou que está de acordo por que seria
só um início. E que projetava para o futuro, e mostrou insegurança em relação a permanência
dele no Hospital Municipal no cargo que ocupa, após a transição para a prefeitura".

Quanto a JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO já se definiu que ele era mentor
intelectual das ações criminosas praticadas pelo grupo, embora, no início, não tenha
pretendido assim revelar-se. Da instrução, infere-se que o réu tinha grande preocupação em
aparentar que sua conduta era lícita e, por essa razão, seu primeiro contato pessoal com os
demais agentes foi, realmente, no dia 13/05/2017. No entanto, desde logo, o acusado assumiu
a condução dos negócios, revelando que já tinha conhecimento das manobras efetuadas,
sendo até mesmo o seu idealizador. JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO surgiu justamente
para cobrar a instalação de equipamentos da Clínica Multi Imagem, etapa imprescindível
para a concretização de seu projeto de poder, pois isso não vinha sendo conseguido por LUIZ
JOSÉ DE BRITO.

Inclusive, tanto LUIZ JOSÉ DE BRITO como JOSÉ DE OLIVEIRA REIS


NETO tinham conhecimento de que a propina vinha sendo paga e recomendaram a sua
continuidade (ev. 55, inf4, AC- 21/06/2017), em reunião em que ambos estavam presentes:

"(15:43 minutos) Passamos a tratar das questões relativas aos equipamentos, onde relatei as
questões das falhas da rede elétrica do Hospital e de da condução do contrato. E da
necessidade de documentar as falhas relativas a rede elétrica para garantir a empresa. E que
eu estava segurando a situação para não dar mídia e que pedi para o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Anderson Pereira dos Santos para pressionar para efetuarem os
recebimentos, e o Dr. Brito perguntou se da instalação eu já havia recebido eu afirmei que
sim e que inclusive já tinha feito o repasse da parte do Supervisor do Setor de Diagnóstico
Anderson Pereira dos Santos, mas que não havia recebido nada referente aos valores
mensais".

Em juízo, o agente em colaboração confirmou o teor de seus relatórios:

Juíza Federal:- Doutor?

Defesa:- Sim. Senhor Reginaldo, o senhor é servidor público, e representava a Bravix, do


Grupo E-People nas licitações, inclusive o senhor usou o termo, “nós tínhamos a Bravix”?

Testemunha:- Então, realmente eu representava o grupo da Bravix, eu sou servidor público,

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sou técnico em radiologia, eu representava no sentido de que eu que fazia as negociações aqui,
e nesse caso especificamente aqui, da operação toda, eu fiquei para eles como representante
da empresa, devido a questão da operação toda.

Defesa:- Operação toda que o senhor quer dizer, é da delação premiada?

Testemunha:- Não, da...

Defesa:- Ação controlada?

Testemunha:- Sim.

Defesa:- O senhor disse que recebeu uma mensagem do Doutor Brito em São Paulo, que era
assustadora, suas palavras. O que dizia essa mensagem?

Testemunha:- Que o Doutor Brito colocou para mim que urgente era o seguinte, que tinha
uma contratação emergencial, e que estava meio preparada para mim, que era para mim
procurar o Anderson, para mim isso é assustador, tendo em vista que eu tinha sido preso, tinha
acabado de sair de uma situação dessa, e era colaborador.

Defesa:- Ele não perguntou para o senhor a respeito de orçamento de equipamentos?

Testemunha:- Nesse dia, não, ele me pediu para que eu levasse os orçamentos que foi feito
conforme eu comentei aqui, o Anderson estava pegando os orçamentos, foi combinado para
que eu levasse o orçamento lá, tendo conhecimento dos outros orçamentos, a menor valor para
entregar e ganhar o processo. Por isso que estava meio preparado para mim, nas palavras
dele.

Defesa:- Mas isso não poderia até nem ser verdade. O senhor afirmou que o Cazuza sabia de
repasses para o Anderson. Como que o senhor pode afirmar isso?

Testemunha:- Afirmo porque foi falado em reuniões onde estava eu, o Doutor Brito e o
Cazuza, por isso que eu...

Defesa:- O Cazuza passar dinheiro para o Anderson?

Testemunha:- Não, ele sabia que eu repassava. Essa que é a fala.

Defesa:- O senhor falou várias vezes que ia pagar, sete e meio, sete e meio, quinze. Houve
esses pagamentos?

Testemunha:- Os pagamentos dos emergenciais, esclarecendo aqui, propina se paga quando


se recebe, nós recebemos os pagamentos da taxa de implantação e os três pagamentos do
emergencial, foram pagos, todas as vezes que eu recebi do emergencial eu paguei, esse para o
Anderson, esse pagamento que eu me refiro ao sete e meio que ia ser pago, se nós
recebêssemos, que nós já tínhamos ganho o serviço, já estávamos prestando o serviço, mas nós
não recebemos o valor, por isso não houve o repasse, porque nós não recebemos o valor, se nós

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tivéssemos recebido antes de estourar a operação, teria sido feito o repasse.

Também no mesmo sentido é o relatório de atividades do ev. 58, inf4, AC,


referente a encontro somente entre Reginaldo da Silveira Sobrinho e o ex-vereador:

(26:40 minutos) Comento que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de


Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, está querendo cobrar do Dr. Brito pelo valor de
R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS) combinado na reunião do dia 08/05/17. E comento
novamente que já acertei com ele a minha parte com ele no dia anterior, e o Dr. Brito
comenta que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, é ambicioso, eu concordo e digo que vejo como qualidade, pois
como tem o interesse por receber do meu contrato, ele defende os interesses da empresa por
estar atrelado.

(27:42 minutos)0 Dr. Brito comenta que vai passar os R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS), para o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos. Que merece por ter resolvido a questão dos equipamentos, comento que o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos é um cara "esperto", e o Dr. Brito comenta que ele está mantendo o
negócio lá, e tem a confiança da administração, e poderá ter um papelimportante no processo
de credenciamento, e que é importante "alimentar" ele e estimular.

Como forma de rechaçar a acusação, LUIZ JOSÉ DE BRITO declarou em seu


interrogatório que as declarações de Reginaldo da Silveira Sobrinho não possuem, para ele,
qualquer valor. No entanto, o réu não apresentou qualquer contraprova que pudesse afastar
sua autoria:

Juíza Federal: - Vamos só retomando na instrução, vamos tratar agora do fato seis da
denúncia, que diz respeito a supostas propinas recebidas por Anderson Pereira dos Santos, na
condição de funcionário do hospital municipal e, ao senhor, também é atribuída essa, esse
crime de corrupção passiva tá? Diz aqui, a denúncia, nesse, nesse fato seis, que o senhor
Anderson recebeu em torno de dois mil reais mensais, em virtude da atuação dele em prol da
Bravix no âmbito da, do processo de dispensa 46/2017, aquela que o senhor falou que não,
não sabe nada a respeito tá? As entregas de dinheiro, teriam ocorrido no dia 7 de junho 2017,
29 de junho, 18 de agosto, 14 de setembro, 18 de outubro e 20 de novembro. O senhor sabe
algo a respeito dessas propinas, é, como contraprestação pela atuação do servidor público
Anderson em prol da Bravix no âmbito da dispensa 96/2017.

Réu: - Reitero doutora que, esses fatos narrados pelo informante, são parte de outra faceta do
seu plano. De estar influenciando um indivíduo, né, de forma, de certa forma até frágil,
fragilizado, né. De estar influenciando e isso participou dos seus planos diabólicos. Porém, eu,
Doutor Luiz José de Brito, ignoro qualquer relacionamento que existe entre esses dois
indivíduos.

Juíza Federal: - O senhor nega que dirigiu a conduta do seu Reginaldo para corromper o
servidor público?

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Réu: - Jamais.

JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO declarou em seu interrogatório judicial que:

Juíza Federal: - Vamos retomar então o interrogatório do senhor José Lins. Agora, a respeito
do Fato 6 da denúncia. Esse Fato 6, ele gira em torno basicamente das supostas propinas que
foram recebidas pelo senhor Anderson, e quem teria o domínio deste fato seria o Doutor Brito,
segundo a denúncia, o Anderson, obviamente, e o senhor José de Oliveira Reis, além da
esposa do Anderson.

Defesa: - A defesa pede para o seu cliente permanecer em silêncio, Excelência.

Juíza Federal: - Sobre esse fato?

Defesa: - Sim.

Réu: - Eu não quero, eu não aceito, eu quero falar.

Defesa: - Autodefesa é direito do réu, Excelência.

Juíza Federal: - Sim.

Defesa: - Se for do vosso entendimento que ele continue a falar, mas esse é o posicionamento
da defesa técnica, Excelência.

Réu: - Eu agradeço.

Juíza Federal: - Está registrado, mas o réu pode...

Réu: - Excelência, como eu disse, eu só conheci o Anderson quando eu fui preso em janeiro
de 2018. A única vez, depois de lendo todos os Autos, rememorando, e eu quero fazer um
esclarecimento, tudo que eu disse até agora aqui, foi com base no que eu li e os fatos que
viram, eu não acusei ninguém, eu me reportei aos fatos. A respeito desse fato especificamente,
eu ouvi falar do Anderson em um contexto que me deu a entender, porque eu sou assim, se o
assunto não me dizia respeito, eu não presto atenção, eu vivo o tempo todo em celular, no
meu celular, eu tenho umas nove agências de notícias que ficam mandando notícias direto.
Então em uma das reuniões que eu estava, eu lembro que o nome do Anderson foi
mencionado, e o contexto que eu tive naquele dia, é que o Anderson era... Eu entendi que o
Anderson era a pessoa que iria arrumar os equipamentos do... Que não funcionavam no
Doutor Brito, pensei que ele era um técnico, né, falaram que ele era funcionário do hospital
municipal, não posso afirmar isso. Que ia arrumar um técnico. Nunca me foi dito que o
Anderson recebeu um centavo qualquer, ou que um real ia passar para ele, nem nada, inclusive
quando ele estava preso comigo e com o Doutor Brito, eu não entrei na Samioto, porque eu
não tinha intimidade, eu não conhecia ele, e o que eu queria de informação do Anderson eram
outras coisas do hospital que eu vinha investigando, e que continuo querendo publicar. Então,
aqui, queria perguntar para a senhora, isso aqui são as afirmações do Reginaldo, ou isso aqui
é gravação ou algum Whatsapp que eu tenho escrito, que o Anderson recebia dinheiro?

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Juíza Federal: - Tem o Whatsapp do senhor.

Réu: - Por quê? Porque isso aqui é mais uma das mentiras do senhor Reginaldo, que não
podia mentir, querendo me incriminar, eu nego veementemente que tinha conhecimento de
qualquer coisa a respeito de propina para esse menino Anderson, até o dia que...

Juíza Federal: - Uma pergunta objetiva, o senhor tinha conhecimento de que o Doutor Brito
tinha algum contato dentro do hospital municipal a fim de favorecê-lo de alguma maneira?

Defesa: - A defesa técnica reitera o posicionamento para que ele permaneça em silêncio,
Excelência.

Réu: - Agradeço mais uma vez, quero responder. O Doutor Brito me disse que havia um
complô no hospital municipal, no contexto dessa Licitação nº 05, eu isso tudo estava sendo
arquitetação para afastar ele, não só ele, como os demais médicos, que tem mais médicos na
mesma área fazendo o mesmo serviço, um eu sei de cabeça que é Majora, Doutor Maroja,
que queriam tirar eles, e que ele era informado, alguém do hospital informaria ele.

Juíza Federal: - Então existia um contato...?

Réu: - Do Doutor Brito, não me deu detalhe de que forma, que era a respeito desse complô do
hospital contra ele.

Juíza Federal: - Que essa acusação de corrupção, né, que o senhor teria recebido propina, ela
diz respeito à Dispensa 46, ela não diz respeito ao pre... ao...?

Réu: - A 46 é de que mês, senhora?

Juíza Federal: - De abril, aquela que o senhor fala que não tem conhecimento, tá. Mas ainda
a propina, segundo o Ministério Público Federal, ela perdurou mês a mês, tá. Então foi até
novembro de 2017.

Réu: - Eu li nos Autos que ele recebeu, acho que uma de mil e setecentos, mil e novecentos,
segundo as acusações, mil e setecentos, mil e novecentos, dois mil por mês, o que eu sei disso é
o que eu li nos Autos, mas eu não tenho conhecimento fora dos Autos de pagamento de
propina.

Juíza Federal: - Tá. Mas é do seu conhecimento que haveria um contato repassando
informações para o Doutor Brito?

Réu: - Contrato ou contato?

Juíza Federal: - Contato. Contato. Alguém...

Réu: - Alguém no hospital... Que o Doutor Brito é do hospital, suponho que ele fala com
várias pessoas, e que chegava para ele a informação que haveria um complô para tirar os
médicos de radiologia, inclusive ele.

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Juíza Federal: - Esse fato, ou seja, a denúncia, ele é desmembrado em vários fatos, a
mudança de cada um dos itens, diz respeito à data em que o senhor Anderson teria recebido a
propina. Então o senhor nega que tenha conhecimento dessa propina, então não vou nem
detalhar os Fatos 6.1, 6.2, 6.3, porque eu sei que não é do seu conhecimento, se o senhor
quiser acrescentar alguma coisa a mais...

Réu: - Pelos Autos...?

Juíza Federal: - Pelos Autos.

Réu: - Sim senhora.

Como se viu, o réu defendeu-se das acusações ao fundamento de que sequer


conhecia ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS. Contudo, ainda que eles não tenham se
encontrado pessoalmente, isso se deve a precaução do acusado de evitar exposições
desnecessárias, e em nada afasta e ciência quanto à posição estratégica ocupada pelo
supervisor de radiologia. Tampouco é compatível com a personalidade do réu, de curiosidade
aguçada até em virtude de sua formação jornalística, que não tenha prestado atenção em
conversa que claramente envolvia o pagamento e recebimento de propina por servidor
público.

A acusação fundamenta a autoria de DENISE SCHMITZ no fato de que, além


de esposa de ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, e beneficiária mediata da propina, a
acusada, que é servidora pública municipal responsável por agendar exames, ocuparia a
função de direcionar exames para o Hospital Municipal de Foz do Iguaçu/PR, beneficiando
LUIZ JOSÉ DE BRITO. Nesse sentido, é o diálogo entre ANDERSON PEREIRA DOS
SANTOS e Reginaldo da Silveira Sobrinho, ocorrido no dia 18/08/2017, na Padaria Trigo &
Cia (áudio gravado) - ev. 67, inf3, AC:

(27:26 minutos)0 Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,


Anderson Pereira dos Santos, relatou que o Dr. Brito solicitou o aumento do volume de exames
eletivos, para compensar a perda de horas plantão, e que a Aline funcionária do Dr. Brito,
comentou que a responsável pelos encaminhamentos é a esposa do Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, a
servidora pública municipal Denise Schmitz dos Santos. Eo Dr. Brito confirmou que sim., O
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos disse que falou que iria direcionar todas as Tomografias para o Hospital
Costa Cavalcanti, e que o Dr. Brito solicitou que direcionasse tudo para o Hospital Municipal,
inclusive exames contrastados, que não eram feitos anteriormente devido a falta de médico
radiologista presencial,

(28:09 minutos) 0 Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, afirmou que já aumentou o volume de Tomografias
eletivas, para o Hospital Municipal que chegou a fazer apenas dois exames no mês, e que
agora pela intervenção dele junto a sua esposa Denise Schmitz dos Santos, jã estão fazendo

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cerca de 05 â 07 exames por dia. Comento que a esposa doSupervisor do Setor de Diagnóstico
do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, Denise Schmitz dos
Santos, que manobra isso lá e que ele já vai poder deixar ela mais feliz este final de semana, e
o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos, afirma que o dinheiro que repassei para ele, vai direto para mão da sua
esposa Denise Schmitz dos Santos, para pagar umas contas. Que ele afirmou ó dinheiro
extra.

(28:53 minutos) Pergunto para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal


de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, se su esposa Denise Schmitz dos Santos,
sabia que os valores eram oriundos dos contratos, e ele disse que inicialmente , afirmou que
se a empresa fechasse o contrato com o Hospital Municipal iria receber por um mês e que
posteriormente, falou que devido a empresa estar contente com o trabalho dele iria pagar
novamente. Eu comentei que quando a operação pecúlio foi deflagrada o meu maior
problema, foi que minha esposa não sabia que eu estava envolvido em ilícitos. E que o
melhor é que realmente é melhor quea esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do
Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos tenha conhecimento dos
fatos, pois se der algo errado a ela não pode alegar desconhecimento. Que no meu caso
minha esposa só via que eu trabalhava e não sabia que estava envolvido em nada ilegal, que
foi um problemão explicar para ela. Mas ponderei que como a esposa do Supervisor do Setor
de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
estava dentro da Secretaria de Saúde, para ela isso deveria ser mais tranquilo.

(31:06 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, cita como exemplo o caso do oftalmologista ( Dr.
Roberto Cacciari Filho), que devido a acordos que ele fez, que estaria recebendo um valores
por serviços que não foram prestados nem a metade, e que recebe valor integral"

Do diálogo acima transcrito, infere-se que, realmente, DENISE SCHMITIZ


tomou conhecimento de que ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS solicitou vantagem
indevida para atuar no direcionamento de contratos em favor da Bravix Medical, em razão da
função ocupada pelo marido de supervisor de radiologia vinculado à Fundação Municipal de
Saúde. Também ficou demonstrado que DENISE SCHMITZ usufruiu da propina
efetivamente paga a seu esposo, eis que ela era utilizada para o pagamento de despesas
domésticas. Em que pese o comportamento altamente reprovável, sob o aspecto moral e ético,
certo é que a autoria delitiva não pode ser atribuída, de forma inconteste, a DENISE
SCHMITZ.

O relatório de análise feito pela Polícia Federal, acerca dos diálogos travados
entre DENISE SCHMITZ e seu esposo dão conta de que, de fato, ela tinha conhecimento da
propina paga pela Bravix (ev. 201, inf1, IPL), referida, no diálogo, como "empresa":

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Segundo a teoria do domínio funcional do fato, é autor propriamente dito aquele


que pratica o núcleo do tipo penal. Por outro lado, o autor intelectual é aquele que planeja
mentalmente a empreitada criminosa e possui o domínio do fato, ainda que da parcela
criminosa que lhe cabe.

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DENISE SCHMITIZ não tomou qualquer parte nas tratativas que resultaram no
efetivo recebimento de propina. Não a solicitou, portanto. E, muito embora tenha usufruído
da vantagem indevida, não é certo atribuir a ela o recebimento da dádiva, pois não guardava
qualquer liame com sua função pública exercida na Prefeitura Municipal de Foz do
Iguaçu/PR. Assim, além de não praticar, pessoalmente, quaisquer dos verbos do tipo penal, a
acusada não detinha domínio do fato, já que somente veio a ter conhecimento dos ajustes
após consumada a infração penal.

DENISE SCHMITIZ foi citada pela primeira vez, nos relatórios de Reginaldo
da Silveira Sobrinho, no seguinte contexto (ev. 33, inf5):

"Continuou afirmando que nas reuniões em que participa sempre os membros da Intervenção
criticam a Administração Pública Municipal e que nas reuniões daSecretária de Saúde
Municipal Inês da Saúde, com a diretoria da secretaria Municipal de Saúde, com a
participação de Denise Schmitz dos Santos (esposa de Anderson), a Secretária sempre reclama
que "quer o Hospital de volta".

[...]

Ressaltei a posição privilegiada doSupervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal


de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, que conta com um Vereador Dr. Brito "na
mão", a esposa trabalhando junto com a Secretária Municipal de Saúde, momento em
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos reforçou a Secretária Municipal de Saúde, sempre pede orientação para
sua esposa Denise Schmitz dos Santos, ressaltei a importância deste fato".

O nome de DENISE SCHMITIZ surgiu em outros Relatórios de Atividades,


adiante transcritos:

(31:17 minutos) Pergunto sobre a situação na Secretaria de Saúde e o Supervisor do Setor de


Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, começa
dizendo que a mulher dele Denise Schmitz Dos Santos, que é servidora pública municipal e
trabalha diretamente com a Secretária Municipal de Saúde, Inês da Saúde, está de "cabelo em
pé" que disse que lá na Secretaria os negócio "está graúdo".

(31:42 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comenta que sua mulher Denise Schmitz Dos Santos,
é a responsável pelos credenciamentos e agenda de médicos na Secretaria de Saúde. E
inclusive relata dificuldades que teve de pagamentos de uma médica Dra. Iara Neuropediatra,
teria feito escândalo devido a falta de pagamentos, e que as coisas não andam
administrativamente quando solicitadas pela Secretária de Saúde. (ev. 55, inf7, AC).

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Roberto Cacciari Filho disse que tem condições de conseguir que o prefeito Chico Brasileiro e
a Secretária de Saúde Inês Weiszmann dos Santos.direcionem os serviços da prefeitura para o

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Poliambulatório. E o Dr. Brito lembrouque a responsável pelos encaminhamentos de pacientes
para exames e consultas, na prefeitura é a esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do
Hospital Municipal, Anderson Pereira dos Santos, e que ali "é nosso". O Dr, Roberto Cacciari
Filho disse que tem que alinhare que depois que o serviço estiver estabilizado, ninguém mais
tira de lá. (ev. 61, inf7, AC).

----------------------

(22:02 minutos) Pergunto ao Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de


Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos se a sua esposa Denise Schimitz dos Santos, está
recebendo alguma gratificação, tipo Função Gratificada. Ele responde que sim e que tinham
dado depois tirado e novamente concederam. E que todo semana ela diz que está largando.o
cargo e que ela é "muito correta".

(22:21 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comenta que no caso da Cristalink, a sua esposa Denise
Schimitz dos Santos, conversa com o Dr Roberto Cacciari Filho diariamente E que a sua
esposa Denise Schimitz dos Santos, comentou que eles realmente diminuíram muito a fila, mas
que não estão cumprindo com muita coisa prevista no contrato, porexemplo em relação aos
exames, que os médicos da Cristalimk. solicitam e a própria Cristalink teria que realizar e não
estão fazendo, e que tem um exame, que ele nâo sabe o nome que eles nem dispõe do
equipamento necessário para realizar

[…]

(28:17 minutos) Comento que no caso da esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do


Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos, a servidora Denise
Schimitz dos Santos, que pega as 'buchas" da Secretaria Municipal, não sabia se valia a pena
O Supervisor do Setor de Diagnóstico doHospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos, relatou que a sua esposa. Denise Schimitz dos Santos, recebia uma
gratificação por chefia, e que o prefeito Chico Brasileiro, modificou a forma de pagamento,
unificando os valores e que a sua esposa Denise Schimitz dos Santos, avisou que ina
abandonar o cargo, mas foi orientada pela secretaria de saúde. Inês Weizemann dos Santos a
esperar e que voltaram a pagar a referida gratificação e que houve rumores que iriam cortar
novamente a gratificação, e que sua esposa Denise Schimitz dos Santos, afirmou que se isto
ocorrer não vai nem discutir, voltando apenas a fazer as marcações de consultas, que sena sua
função Eu cometo que as vezes o valor da gratificação nâo vale muito a pena E o Supervisor
do Setor de Diagnóstico doHospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos
afirma que realmente nâo vale. que inclusive comentou com a sua esposa Denise Schimitz dos
Santos, que estes dias chegou nervosa em casa (29:32 minutos) O Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, afirmou
que não é que ele esteja desprezando o valor da gratificação de RS 1.100.00 (HUM MIL E
CEM REAIS), mas que o cargo é importante por que ela "esta no meio" e que eles trocam
muitas informações Eu comento que estrategicamente vale mais que o valor da gratificação, e
cita o caso da informação de que a prefeitura vai assumir a gestão do Hospital Municipal já
em novembro de 2017. Que ele obteve a informação através da sua esposa Denise Schimitz dos
Santos, que participou de uma reunião coma equipe do Hospital Municipal e a Direção do
Hospital Municipal. (Ev. 77, inf2, AC – 11/09/2017).

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(15:19 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, diz que a sua esposa Denise Schimitz dos Santos, está
brava com a Olga Regina de Souza ( Olga da Saúde), pois terá que responder sobre a questão
do fura fila, e que a sua esposa Denise Schimitz dos Santos, disse quei"deixa a Olga da Saúde
vir pedir para ele trabalhar para ela pra eleições do Estado.

[...]

(16:20mintos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,


Anderson Pereira dos Santos, volta ao assunto da Olga da Saúde, que teria furado fila e que a
a sua esposa Denise Schimitz dos Santos, que terá que responde o processo para o Ministério
Público, eu pergunto se a Olga da Saúde, marcou foi com a Denise Schimitz dos Santos, e o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos, disse que nâo, que na verdade a Olga da Saúde, marcou no Posto de
Saúde, e que seguiu os trâmites, mas que conseguiu ser atendida muito mais rápido que o
normal E que se utilizou do fator idade, e que devido aquestão da idade de ter sido utilizado
diversas vezes o Sistema de Saúde, as consultas e procedimentos foram "agilizados" na
regulação Eu pergunto se a esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos. Denise Schimitz dos Santos que é a
responsável pelo setor e ele afirma que sim Eu afirmo que as vezes foi fazer um "favor" e se
complica OSupervisor do Setor de D agnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu.
Anderson Pereira dos Santos relata que a sua esposa Denise Schimitz dos Santos, está com
receio de ir no Ministério Público, pois tem vergonha de falar em público Eu comento que
sorte que o cargo dela é mais técnico, exigindo menor participação em reuniões, e o
OSupervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos, relata que sua esposa Denise Schimitz dos Santos, tem participado
constantemente de reuniões E que inclusive participou da reunião de hoje no COMUS. (ev. 77,
inf3).

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(27:47 minutos) Comento que importante que a prestação do carro do Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, está em
dia e ele comenta que a mulher dele até está mais feliz com ele, que ela está faceira com ele.

(29:46 minutos) Comento que a mulher do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital


Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, está me posição estratégica, e que
mesmo ganhando mais ele deve estar sobre pressão. Devido a questão da anunciada redução
dos valores da hora plantão de médicos, e cometamos sobre a inviabilidade da prestação de
serviços de Raios _ X contrastados para prefeitura devido a pequena demanda e constantes
atrasos no pagamento. (ev. 58, inf2, AC).

----------------------

(20:38 minutos) O Dr. Brito comenta que a fatura mensal, lá no hospital Municipal, pelos
serviços previstos no contrato vai passar de R$100.000,00 (CEM MIL REAIS). Eu afirmo que

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sim, que tinha comentado com o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de
Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos. E o Sr, José Reis Cazuza, comenta que um
pediatra vai pedir laudos de cem por cento dos exames de Raios-X. (Ev. 58, inf3, AC, em
07/07/2017).

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Administrativa Financeira Nelci Inês Mai Velasco. Eu pergunto sobre a situação da esposa
dele Denise Schimdt dos Santos, e oSupervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do
Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos, diz que não deve mudar
nada pra ela , e que a mesma seencontra em "pé de guerra" com a Secretária Municipal de
Saúde Inês Weizemann dos Santos por ter trocado alguns servidores da sua equipe, sem que
ela fosse consultada. E comentamos ainda que já vai pro segundo ano do mandato do prefeito
Chico Brasileiro e que ele tem que fazer alguma coisa para dar tempo de ter resultado (Ev. 93,
inf2, AC).

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(20:51 minutos) Pergunto para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de


Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos se o Dr Bnto comentou com ele. algo sobre o
serviço no Poliambulatóno E ele afirma que o Dr Brito comentousim E eu digo que
provavelmente, devido ao fato da esposa deleDenise Schmitz dos Santos trabalhar dentro da
secretana de Saúde ele já tena conhecimento que o será instalada uma Unidade de Pronto
Atendimento 24 horas (UPA) no Poliambulatório O Supervisor do Setor de Diagnóstico do
Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos . diz que tem
conhecimento inclusive que virá verba do Estado para este serviço. Eu comento que a parte do
diagnóstico será nossa Que terá além dos equipamentos a parte de Técnicos em Radiologia e
que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson
Pereira dos Santos, estava dentro do projeto. ( conforme combinado em reunião antenor,
ocorrida entre nós e o Dr Bnto na Clinica Multi Imagem) e reforcei que somos um grupo que
se crescer ou diminuir vai junto, E o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos, comenta que está a disposição
para o que precisar(Ev. 67, inf3, AC).

Embora a acusada fosse responsável pelas agendas médicas e de exames, não há


provas incontestes de que ela tenha atuado para beneficiar LUIZ JOSÉ DE BRITO, no âmbito
da Prefeitura Municipal e Saúde. É até crível que LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE
OLIVEIRA REIS NETO tenham tido esse entendimento, pois ambos regozijavam-se do
poder que exerciam sobre outros, muitas vezes de forma até fantasiosa. Cito, por exemplo, o
caso de Ademir Ferreira, referido pelo então vereador como “parceiraço” e, logo em seguida,
quando notado que ele não iria atuar em favor do grupo criminoso, foi xingado por LUIZ
JOSÉ DE BRITO. Também não se descarta que ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS
tenha incentivado essa forma de pensar a respeito de sua esposa, pois certamente isso
incrementaria a sua própria importância dentro do grupo criminoso. Nesse sentido, é a minha
conclusão sobre o diálogo abaixo (ev. 85, inf3, AC, em 12/10/2017):

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"(07:48 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital Municipal de
Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos, cometa que sua esposa Denise Schmitz Dos
Santos se desentendeu com a primeira dama do município Rosa Maria Jerônimo Que a
questão foi relativa a fila de pacientes esperando por mais de dois anos para realizar exames,
e que a primeira dama teria alegado que é má vontade dos funcionários, e que a sua esposa
Denise Schmitz Dos Santos, retrucou que nâo dão condições de trabalho que o outubro Rosa é
só enganação, pois ele só consegue agendar duas mamografias por semana, e que não
consegue marcar mais consultas por que não tem médico. Eu comento que se nâo dão meios
para a esposa dele trabalhar não tem como fazer.

[…]

(18:48 minutos) Comento que o Supervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, está inclusive usando a esposa
Denise Schmitz Dos Santos para direcionar a demanda para o Dr. Brito, e que tem que ser
pago o valor combinado. E oSupervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comentou que parece que o Dr.
Brito parece que está fugindo dele, e eu comento que vamos acertar isso e que vamos tentar
marcar para por os pingos nos "is".

A acusada defendeu-se das acusações aduzidas contra ela:

"Juíza Federal: - Vai responder? Tá. Então me explique, por favor, nessa época, na época dos
fatos, em 2017, qual cargo a senhora ocupava na Prefeitura?

Ré: - Eu era coordenadora da, do agendamento de consultas e exames.

Juíza Federal: - Tá. E a sua atribuição, por consequência era? Agendar...

Ré: - Agendamento.

Juíza Federal: - Consultas e exames?

Ré: - Consultas e os exames.

Juíza Federal: - Tá. E os, os exames e as consultas que a senhora agendava eram pra quais
hospitais?

Ré: - Eram somente pro Hospital Municipal. As consultas eram especi, especialidades,
somente especialidades, e os exames era só ultrassom, também só para o Hospital Municipal,
a, exceto a endoscopia que a gente mandava para outra clínica.

Juíza Federal: - Tá, então a senhora agendava consultas com especialistas...

Ré: - Especialista. Isto.

Juíza Federal: - E exames de ultrassom?

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Ré: - Exames de ultrassonografia e a endoscopia que era mandado pra IGC.

Juíza Federal: - Certo. E Raio X?

Ré: - Não, o Raio X até o, a população ia direto ao Hospital Municipal. O agendamento era
feito lá.

Juíza Federal: - Eu... Em algum momento o Hospital Costa e Cavalcante recebia também
esses pacientes?

Ré: - O Hospital Costa Cavalcante fazia as tomografias e ressonâncias, porém não era a gente
que fazia o agendamento. Era dir, era direcionado do, da liberação de exame direto pra eles.

Juíza Federal: - Então a senhora não tinha nenhum...

Ré: - Não, nenhum.

Juíza Federal: - Local. Nenhuma ingerência sobre...?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Em algum momento a senhora atuou para direcionar exames e consultas para
o Hospital Municipal afim de beneficiar, ainda que indiretamente, o Doutor Brito?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Não?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Mas a que a senhor atribui essa acusação do Ministério Público Federal?

Ré: - Então, na verdade eu não sei porque o Raio X era agendado diretamente no Hospital
Municipal, e as tomografias eram, era passado por uma liberação, então não era, não era
feito nada com a gente, comigo, com o meu setor.

Juíza Federal: - Entendi... É, a senhora sabe dizer se em algum momento o seu esposo, por
acaso teria dito a alguém que a senhora teria esse poder de direcionar exames ou consultas
pra, para um hospital determinado?

Ré: - Eu não tinha esse poder de direcionamento.

Juíza Federal: - Quero saber se o seu esposo chegou a dizer a alguém que a senhora teria
esse poder mesmo que a senhora não tivesse.

Ré: - Não.

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Juíza Federal: - Não? A senhora sabe dizer se o seu esposo recebeu algum tipo de propina?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Pra atuar em benefício especificamente do Doutor Brito?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Não? Quais eram as atribuições do senhor Anderson, no hospital?

Ré: - Ele era Técnico de Raio X, entrou lá como técnico, e aí depois ele passou a ter o cargo
dis, de coordenador lá dos, dos técnicos e associou a função também de DST, né? Ele era
responsável pelo Centro de Imagens no Hospital Municipal.

Juíza Federal: - Sim, sim.

Ré: - Só dos, de exames de...

Juíza Federal: - Tá. Ele ocupava um cargo é, de, de chefia?

Ré: - Sim.

Juíza Federal: - Sim, né?

Ré: - Sim.

Juíza Federal: - Pelo que a senhora sabe, ele era consultado pelo setor de compras do
hospital assim, para elaborar os termos de referência dos editais licitatórios?

Ré: - Não. Que eu saiba não.

Juíza Federal: - Ele não tinha nenhuma participação a respeito disto. E ele tava sabendo de
alguma maneira sobre as licitações que estavam em andamento?

Ré: - As licitações que eram é, eram colocadas em editais, né? Mas só.

Juíza Federal: - Mas só depois de publicadas.

Ré: - Isso. Isso.

Juíza Federal: - Aham.

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Qual o, a, qual era a sua renda? A senhora continua na prefeitura, né?

Ré: - Sim, eu sou Servidora Pública.

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Juíza Federal: - É, é efetiva, né?

Ré: - Uhum.

Juíza Federal: - Sua renda?

Ré: - Dois mil e, agora tá em três e cem.

Juíza Federal: - Três e cem?

Ré: - É.

Juíza Federal: - E à época também?

Ré: - Na época era, era um pouquinho menos, até porque nós tivemos um aumentinho agora,
mas eu recebia como cargo de chefia mil e duzentos reais a mais.

Juíza Federal: - Então mais ou menos três mil, mais mil e duzentos?

Ré: - É, por aí.

Juíza Federal: - Dentro do seu setor tinha alguém que tinha a atribuição, ou mesmo o poder
de direcionar exames e consultas para algum hospital?

Ré: - Não. Dentro do meu setor, não.

Juíza Federal: - Como era escolhido o hospital? Eram dirigíveis ali, eram por, eram por
exame? É isso?

Ré: - Os exames de ultrassom, a gente mandava só pro Hospital Municipal.

Juíza Federal: - Só.

Ré: - Só.

Juíza Federal: - Sempre foi assim?

Ré: - Sempre. Até hoje é.

Juíza Federal: - Tá. E aí o seu esposo ganhava quanto também em 2017?

Ré: - Então, ele como técnico tinha uma renda mais ou menos de três mil a quatro mil reais.

Juíza Federal: - Três mil a quatro mil.

Ré: - Uhum.

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Juíza Federal: - A senhora tem filhos?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Tem casa própria?

Ré: - Sim.

Juíza Federal: - Tem veículo?

Ré: - Sim.

Juíza Federal: - A casa própria tá quitada?

Ré: - Tá. A casa, a casa, sim.

Juíza Federal: - E o carro?

Ré: - O carro tá financiado.

Juíza Federal: - E qual era a parcela que financiou?

Ré: - Oitocentos e cinquenta reais.

Juíza Federal: - Era um carro pra casa? Os senhores dividiriam? Ou cada um ganhou o seu?

Ré: - Não. Um carro pros dois. Aham.

Juíza Federal: - Já entrando nos outros fatos que são atribuídos à senhora e ao seu Anderson,
né? A senhora por ter sido beneficiária dos supostos valores repassados pelo senhor
Reginaldo Nunes Sobrinho, e o seu Anderson por ter efetivamente recebido esses valores a fim
de beneficiar a Bravix e também o Doutor Brito. Novamente, essa é a acusação. Não estou
afirmando que aconteceu.

Ré: - Sim, tá.

Juíza Federal: - É, esses fatos, constam todos aqui do Item 6, Ponto 1, até 6.7, da Denúncia,
da 6.6 da Denúncia. Aí eu queria que a senhora comentasse, se a senhora quiser. Em algum,
no mês de... Em abril, em jun, entre abril e junho de 2017, a senhora notou, no ano de 2017 até
o final do ano também, notou algum incremento de renda do seu esposo?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Não?

Ré: - Não.

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Juíza Federal: - Algo, alguma coisa mudou na sua rotina?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - A senhora tinha dívidas?

Ré: - Continuo tendo.

Juíza Federal: - Oi?

Ré: - Continuo tendo. Tenho.

Juíza Federal: - E o senhor Anderson?

Ré: - Também.

Juíza Federal: - Alguma coisa melhorou no final do ano passado?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Não? Não teve nenhum ingresso de, de dinheiro?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - A senhora gostaria de comentar a Informação Policial Número 88 de 2017,


em que o senhor, que narra, né? Que o senhor Anderson teria se encontrado com o seu
Reginaldo?

Ré: - Então, na verdade eu soube de todos esses fatos agora, depois de tudo isso. Porque até
então eu não sabia de nada disso.

Juíza Federal: - Aham. Tá, é, ciente deste, desse fato, pelo menos posteriormente, a senhora
notou algum incremento? Obviamente a senhora até, tanto tem direito ao silêncio como nem
precisa incriminar o seu próprio esposo, mas se a senhora quiser esclarecer é, é bem-vindo.
Então a senhora não tinha conhecimento do que estava acontecendo?

Ré: - Antes, não.

Juíza Federal: - Tá. E aí depois a senhora tomou conhecimento, a senhora é, no, no, é, notou
e depois percebeu, o, o, o, algum comportamento estranho do senhor Anderson?

Ré: - Então, eu fiquei sabendo de algumas coisas depois que acon, aconteceu todos esses fatos
na primeira visita que eu tive até a penitenciária e foi a hora que eu comecei a conversar com
ele sobre esse assunto. Porque até então pra mim foi tudo um grande susto, eu realmente não
sabia de nada do que tava acontecendo.

Juíza Federal: - Uhum.

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Ré: - E aí foi aí que ele começou a falar pra mim bastante nervoso, chorou bastante. Mas ele,
ele alega que ele caiu em uma emboscada, que foi uma armação do Reginaldo e que o
Reginaldo pediu esse dinheiro emprestado a ele, que ele tava devolvendo. Foi o que ele passou
pra mim.

Juíza Federal: - E o seu Anderson tava com dívidas e mesmo assim conseguiu emprestar
dinheiro ao seu Reginaldo?

Ré: - Não, as nossas dívidas dentro de casa são as dívidas normais de, de casa, de rotina.

Juíza Federal: - Aham.

Ré: - A gente nunca teve esse dinheiro suficiente pra guardar assim. Ele alega pra mim, o que
ele falou pra mim que ele pegou o dinheiro, que ele trabalhava também na, no Cataratas e
também prestava serviço pra Unimed. E aí emprestou esse dinheiro parcelado para o
Reginaldo. O Reginaldo estava devolvendo. Ele devolveu esse dinheiro a ele.

Juíza Federal: - Mas isso ele comentou depois?

Ré: - Depois.

Juíza Federal: - E, a senhora tem conhecimento sobre as finanças de, do seu marido?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Não? É cada um...

Ré: - É.

Juíza Federal: - Com as suas finanças?

Ré: - A gente...

Juíza Federal: - Cada um gere o seu salário?

Ré: - É, a gente...

Juíza Federal: - Tá. Eu queria que a senhora comentasse essa passagem que consta do
relatório do seu Reginaldo, “Que o supervisor do setor de diagnóstico do Hospital Municipal
de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, afirma que o dinheiro que repassei para ele
vai direto para a mão da esposa Denise, Denise Schimitz dos Santos, para pagar umas contas
que ele afirmou, o dinheiro extra.” Ela é, essa afirmação é verdadeira ou é falsa?

Ré: - Não. É muito falsa.

Juíza Federal: - O seu Anderson comentou, como foi essa, como foi esse contrato aí de
empréstimo entre ele e o seu Reginaldo?

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Ré: - Não.

Juíza Federal: - Com que frequência ele pagaria? Quanto tempo ele emprestou? Os juros que
ele cobrou? Se ele cobrou?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - O, o seu Anderson tem poupança?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Não? Ele conseguiria emprestar em torno de doze mil reais pra alguém?

Ré: - O que ele passou pra mim, que foi em torno de cinco a seis mil que ele emprestou.

Juíza Federal: - Ele cobrou um juros de cem por cento?

Ré: - Eu não sei. Não sei, Doutora.

Juíza Federal: - E com esses tais, esses cinco, seis mil reais, a quantia é bem substancial, ele
tinha alguma poupança? Onde é que tava esse dinheiro?

Ré: - Não, ele recebia é, do hospital, por exemplo, o salário de três, quatro mil, aí tinha o
Cataratas, e ele me ajudava em algumas contas em casa, mas o restante eu não sei o que ele
fazia. Eu realmente eu não sei.

Juíza Federal: - Uhum. A senhora teve algum contato com o senhor José Reis?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Doutor Brito?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Uhum, não conhece?

Ré: - Não o conhecia.

Juíza Federal: - E com a Regina?

Ré: - Também não.

Juíza Federal: - Tá. Aqui, quem a Secretá, o Secretário ou a Secretária de Saúde nessa...
Senhora Inês foi Secretária de Saúde nessa época?

Ré: - Foi. Foi.

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Juíza Federal: - A senhora tem contato com ela?

Ré: - Tinha, agora não mais. Agora ela virou Vereadora, daí não mais.

Juíza Federal: - Alguma vez alguém, algum chefe seu pediu pra, pra senhora fazer algo que
parecesse estranho?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Dirigir laudo pra alguém? Pra...

Ré: - Não. De maneira nenhuma.

Juíza Federal: - Tá. Depois, em 2017 houve algum incremento de laudos? A senhora sabe
dizer?

Ré: - Se houve aumento? Eu acredito que sim, Doutora, porque, por exemplo, no início do
ano nós estávamos com a saúde extremamente defasada. Não, não tínhamos médicos, não
tinha nada. Quando foi junho, abril, junho, mais ou menos, é, foi, foi contratado nove
ortopedistas.

Juíza Federal: - Sei.

Ré: - E cada ortopedista, cada consulta gera exames. E eles pediram realmente a, a
quantidade de exames aumentaram bastante.

Juíza Federal: - Sim.

Ré: - Que nós tivemos uma demanda de médicos bem grande também.

Juíza Federal: - Sim, claro. Tá, é, só pra, a senhora falou, o, a tomografia era feita em qual
hospital mesmo? No Costa? Ou no, no...

Ré: - No Hospital Municipal.

Juíza Federal: - Aham.

Ré: - E o Costa Cavalcante.

Juíza Federal: - E o Raio X, ele podia ser feito pelo Costa?

Ré: - Não, somente o Hospital Municipal.

Juíza Federal: - Tá, então o incremento do número de laudos no Hospital Municipal e por
consequência do Doutor Brito foi adquirido dessa contratação...

Ré: - Da contratação da equipe.

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Juíza Federal: - Da equipe?

Ré: - Exatamente, de médicos.

Juíza Federal: - Por isso que aumentou o pedido, os pedidos de exame e de laudo.

Ré: - Sim. Sim.

Juíza Federal: - A senhora conhece a empresa Multi Imagem?

Ré: - Já ouvi falar sim.

Juíza Federal: - Só de ouvir falar?

Ré: - Só. Eu nunca fui lá.

Juíza Federal: - Sabe dizer se ela tem contrato com a Prefeitura? Com o Hospital Municipal?
Sabes? A senhora chegou a ver as infor, as fotos, as, e as filmagens que foram feitas do seu
esposo?

Ré: - As fotos eu vi. Filmagem, não.

Juíza Federal: - A senhora tem alguma coisa a acrescentar sobre isso?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Seu marido usava uniforme?

Ré: - Não. Só o jaleco. Jaleco, sim.

Juíza Federal: - Essa, essa camisa branca não era, não era uniforme?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Mas ele se vestia de branco pro trabalho?

Ré: - Sim. Isso.

Juíza Federal: - Em nenhum momento o seu Anderson chega na sua residência com, com
valores de, em torno de dois mil reais em espécie?

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Mais ou menos uma vez por mês.

Ré: - Pra mim não.

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Juíza Federal: - No final do ano passado.

Ré: - Não.

Juíza Federal: - Não?

Ré: - Não. De jeito nenhum.

[...]

Ministério Público Federal: - Gostaria que a senhora explicasse assim mais, melhor um
pouco, as atividades desse setor aí.

Ré: - Nós fazíamos os agendamentos das consultas, que era, o paciente era inserido através
de, da fila de Saúde Foz, era inserido no sistema, e nós na ordem pegávamos liga, e liga pro
paciente e marca o dia, o horário e o local do, da consulta.

Ministério Público Federal: - É, só consulta?

Ré: - Consultas e os exames de ultrassonografia.

Ministério Público Federal: - Uhum.

Ré: - Que era marcado pro Hospital Municipal.

Ministério Público Federal: - E a senhora não sabia quem prestava a ultrassonografia desse
hospital? Não sabe se...

Ré: - Sim. Lá era o Doutor Renato Maroja Filho e o Doutor Wilson, que eram os dois
concursados, inclusive, na época. Doutor Wilson hoje não pertence mais com, no concurso,
mas ele trabalha lá ainda.

Ministério Público Federal: - Como que é controlada essa ordem de agendamento?

Ré: - Eles colocam no, na fila. É sistema. Vai por ordem de paciente, vai, insere na, no sistema
no posto de saúde e é na ordem.

Ministério Público Federal: - Sim. São os servidores do posto que inserem na guia.

Ré: - Inserem no sis, no sistema.

Ministério Público Federal: - O paciente tem como acompanhar essa lista?

Ré: - Tem. Tem sim. Tem o site do Saúde Foz mesmo que eles recebem o papelzinho, tudo
direitinho...

Ministério Público Federal: - Mas eles enxergam todos que estão na frente da lista ou só a

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posição deles apenas?

Ré: - Não, a posição deles, somente. Cada um, nós conseguimos enxergar a todos. Eles não.

Ministério Público Federal: - Sim. Ele, ele não sabe também se os da frente ou de trás foram
atendidos, né?

Ré: - Sabem por quando a fila vai andando, né? A posição dele aí diminuindo.

Ministério Público Federal: - Uhum. Se não andarem, a conclusão é que ninguém foi
atendido.

Ré: - Exatamente.

Ministério Público Federal: - É, a senhora alguma vez recebeu ali alguma proposta, alguma
abordagem de algum Vereador?

Ré: - Não. Inclusive os Vereadores eram proibidos de entrar lá no setor, então a gente
trabalhava até de porta fechada. Eram alguns usuários que entravam lá pra pedir algumas
informações, mas só.

Ministério Público Federal: - Uhum. Doutor Wilson a senhora falou que conhece, né?

Ré: - Não, eu não conhe, eu conheci ele agora. Não o conheço.

Ministério Público Federal: - Nem como médico? Prestando serviço normal?

Ré: - Ah, não. Não, eu nunca trabalhei com ele, eu nunca tive acesso a ele, nunca conversei
com ele.

Ministério Público Federal: - Nem como Vereador também não.

Ré: - Não. Muito menos.

Ministério Público Federal: - E a Aline? Que trabalha ali com...?

Ré: - A Aline eu encontrei com ela uma vez. Nós, é, teve uma confraternização. Veio dois
rapazes de fora que eram de dentro do hospital pra conhecer a cidade e a gente foi lá no
Rafain, foi aí que eu conheci a Aline. Foi o único momento que eu tive acesso a Aline.

Ministério Público Federal: - E esse encontro? Gostaria que a senhora explicasse como é que,
quem que fez o convite nessa confraternização.

Ré: - Não, veio o pessoal de, de, de São Paulo é, da empresa, veio pra Foz, e aí eles só tava
pra confraternizar, conversar, jogar conversa fora.

Ministério Público Federal: - A senhora se recorda quem que estava presente nesse momento?

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Ré: - Tava os dois de fora, de São Paulo, que era o Ricardo e o Lucas, e daí tava a Aline, daí
tinha uma outra amiga dela, assim junto, eu e o Anderson.

Ministério Público Federal: - Mas a senhora não sabe quê que esses, esses rapazes de São
Paulo, que eles faziam, qual que a atividade? A senhora falou do hospital, mas o quê,
exatamente?

Ré: - É, eles é, se eu não me engano, eles eram do, é responsável pelo sistema lá de imagem,
alguma coisa assim, não é não...

Ministério Público Federal: - Então seu esposo Anderson conhecia eles.

Ré: - Com certeza.

Ministério Público Federal: - Então a Aline é só, o único contato que a senhora teve com a
Aline foi na...

Ré: - O único contato com a Aline.

Ministério Público Federal: - Ela na ocasião comentou que ela trabalhava pro Doutor Brito,
assim? Não sabe?

Ré: - No começo eu fiquei perto dela, não conversei com ela. Nós sentamos à mesma mesa e
tal, mas não...

Ministério Público Federal: - Obrigado. Obrigado.

Ré: - De nada".

A testemunha Durvalino Ferreira Fernandes (evento 410, VÍDEO3) relatou que


trabalha há cerca de cinco anos na Secretaria Municipal de Saúde, sendo que trabalha na
prefeitura, sempre na área de saúde, há vinte e quatro anos. No ano de 2017 trabalhava no
setor de agendamento de consultas, que era a única atividade que exercia. Segundo o
depoente, não é possível que um funcionário direcione exames para que um determinado
médico proceda à confecção do laudo porque ele entra na fila de espera, e essa fila é formada
pelo posto de saúde, não pela secretaria municipal. Sobre a rotina da ré DENISE SCHMITZ
afirmou que era semelhante à sua, ela fazia agendamento de consultas e gerenciamento do
setor. Durvalino afirmou que ela não tinha como fazer um direcionamento para determinado
médico fazer um exame ou laudo. Não era função dela realizar agendamento de exames de
tomografia computadorizada, pois a central de consultas não faz agendamento de
tomografias. Durvalino acredita que para que esse tipo de exame seja agendado é necessário
que haja liberação do setor de liberação da auditoria médica, e de lá há o direcionamento dos
exames de tomografia. Perguntado se houve aumento do número de profissionais médicos
trabalhando para o serviço público de Foz do Iguaçu ao longo do ano de 2017, respondeu que
houve uma pequena ampliação do número de médicos nas áreas de neurologia e ortopedia em
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2017. Descreveu a ré Denise como uma profissional dedicada e competente no cotidiano de
trabalho, exigente para que as coisas fossem realizadas de forma correta.

A testemunha Iélita Santos da Silva (evento 410, VÍDEO5) trabalha como


servidora pública municipal há vinte e seis anos, e hoje está atuando na unidade de saúde do
Jardim América. Trabalhou na sede da Secretaria Municipal de Saúde durante treze anos,
onde exerceu a função de diretora do departamento de supervisão e controle até abril de 2017.
Sobre o procedimento de agendamento de consultas especializadas explicou que funciona da
seguinte forma: o usuário faz o atendimento na rede básica, quando há necessidade de ser
atendido por um especialista é encaminhado a um, e na recepção é colocado na fila do Saúde
Foz para a especialidade solicitada. Fica na fila e quando abre a agenda o pessoal faz o
agendamento das consultas. Com exames ocorre o mesmo, com a diferença de que
dependendo do valor do exame, se for de alto custo, o usuário faz um cadastramento na
recepção da unidade de saúde da qual faz parte. Esses cadastros são encaminhados
semanalmente à Secretaria de Saúde, onde, no setor de supervisão e controle, é feita a
autorização dos exames de alto custo, como ressonância magnética, tomografia, cintilografia
e outros. Depois da autorização, os documentos voltam à unidade de saúde de origem, onde o
usuário retira a sua guia e fica aguardando a ligação da central para o agendamento. Acredita
não ser possível um funcionário direcionar um exame para determinado médico, pois uma vez
feita a autorização o usuário terá duas opções de empresas em que poderá realizar seu exame
de acordo com o que for mais conveniente para si. Não era da função da ré agendar exames
de tomografia especializada, pois a Secretaria de Saúde não agenda esse tipo de exame. Nesse
caso, as unidade básicas apenas orientam o paciente a procurar o Hospital Municipal ou a
Vita Imagem, onde será atendido e orientado pessoalmente. Durante um período curto, menos
de um mês ficaram sem contrato com a Vita Imagem, mas isso não lhes acarretou nenhum
tipo de problema. A Secretaria de Saúde apenas autorizava os exames. Explicou que no caso
de exames de raio-x, por exemplo, não há necessidade de autorização para seu agendamento,
logo a demanda é espontânea, o paciente vai até o hospital e faz o agendamento. Não há como
mensurar, pontuar exatamente quantos e quais médicos estão solicitando certos exames, ter-
se-ia de fazer uma auditoria muito minuciosa para que isso pudesse ser apurado, se houve
algum direcionamento de profissionais da rede. No segundo semestre de 2017 houve um
aumento na quantidade de médicos no sistema de saúde pública de Foz do Iguaçu e,
consequentemente, no número de exames e laudos.

A testemunha José Maciel Júnior (evento 410, VÍDEO6) trabalha na Secretaria


Municipal de Saúde há vinte e dois anos. No ano de 2017, não chegou a trabalhar na mesma
equipe que DENISE, mas ela o substituiu no cargo que estava ocupando. A função
desempenhada pela testemunha era de encarregado da regulação, ele controlava as consultas e
alguns exames, como ecografias e eletroencefalografias. Não cuidavam de tomografias
computadorizadas, pois esse tipo de exame tinha que ser marcado no prestador. Ele explicou
que no caso de exames como tomografia há necessidade de preparo, e cada prestador possui

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um preparo (que pode ser diferente ou igual ao do outro), e o usuário tem que pegar na hora
de agendar o exame. A competência de cuidar dos laudos realizados não era da Secretaria,
mas do prestador do serviço. Logo, não seria possível um funcionário da Secretaria Municipal
de Saúde destinar certo exame para determinado médico laudar, pois quem faz o laudo é o
médico que faz o exame, e é o prestador do serviço que fornece o médico que fará o exame.
Não sabe dizer como é feita a distribuição dos exames a ser laudados entre os médicos, pois
isso é feito pelo prestador. Perguntado se no Hospital Municipal é essa a sistemática
respondeu que acredita que sim. Afirmou que no segundo semestre de 2017 houve aumento
do número de profissionais da rede pública municipal que solicitavam exames que ensejariam
a elaboração de laudos. Sobre a ré DENISE contou que era muito dedicada ao trabalho.

Segundo o MPF, em sede de alegações finais, "No Ofício nº 984/2018 e


Memorando nº 115/2018 da Secretaria Municipal de Saúde /Diretoria de Supervisão e
Controle – DISC, juntado no evento 642 – ofic 2 dos autos, a Secretaria Municipal de Saúde
prestou informações totalmente contrárias às testemunhas, informando que:

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De fato, como bem pontuou o Ministério Público Federal, a acusação imputa a


acusada de direcionar exames ao Hospital Municipal em preterição de outros hospitais da
rede municipal, de modo que, indiretamente, LUIZ JOSÉ DE BRITO fosse beneficiado com
mais exames para laudar.

Em que pese o MPF tenha informado que os testemunhos da defesa


contrariavam o ofício acima, respondido pela própria Secretaria de Saúde, o próprio Diretor
do Hospital Municipal Padre Germano Lauck afirmou que, nos exames de Raio-X, a
solicitação é feita pelo médico, mas o agendamento é feito pelo próprio paciente. Já nos casos
de exames de tomografia e ultrassom, há maior interveniência da Secretaria de Saúde (ev.
123, ofic1).

De fato, observa-se que, em agosto de 2017, LUIZ JOSÉ DE BRITO teve um


pico de remuneração em razão dos serviços médicos de Raio X, que são agendados pelos
pacientes sem interveniência da Secretaria de Saúde e, portanto, da ré (ev.132, ofic1):

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Já em relação ao número de exames de tomografia, que dependem de


autorização da Secretaria Municipal de Saúde, o Ministério Público Federal não se
desincumbiu do ônus de demonstrar o efetivo aumento no número de laudos médicos para o
Hospital Municipal, prova que poderia ter sido produzida com razoável facilidade.

Inclusive, DENISE SCHMITZ encontrava entraves para marcar exames de


mamografia, pois não havia médicos (ev. 85, inf3, AC – 12/10/2017):

(07:48 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital Municipal de


Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos, cometa que sua esposa Denise Schmitz Dos
Santos se desentendeu com a primeira dama do município Rosa Maria Jerônimo Que a
questão foi relativa a fila de pacientes esperando por mais de dois anos para realizar exames,
e que a primeira dama teria alegado que é má vontade dos funcionários, e que a sua esposa
Denise Schmitz Dos Santos, retrucou que nâo dão condições de trabalho que o outubro Rosa
é só enganação, pois ele só consegue agendar duas mamografias por semana, e que não
consegue marcar mais consultas por que não tem médico. Eu comento que se nâo dão meios
para a esposa dele trabalhar não tem como fazer".

Ainda que assim não fosse, é possível e provável que o eventual incremento do
número de laudos tenha decorrido de outros fatores que não o direcionamento feito por
DENISE SCHMITZ: novo credenciamento da Multi Imagem, dentro do Hospital Municipal; e
afastamento de outros médicos que antes executavam o serviço, férias de médicos
radiologistas etc. Por outro lado, o fator decisivo no aumento dos ganhos de LUIZ JOSÉ DE
BRITO foi o direcionamento de exames, dentro do próprio Hospital Municipal, pelo próprio
ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, que, inclusive, ludibriava a diretoria, argumentando
que o acréscimo de faturamento decorrida do também aumento do número de médicos na área
de ortopedia:

"(21:41 minutos ) Pergunto quanto está dando o faturamento do Dr. Brito no Hospital
Municipal já incluindo os exames a mais que o Supervisor do Setor de Diagnóstico por
Imagem do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, está
direcionando pra ele E oSupervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos, comenta que no mês passado o Dr
Bnto faturou algo em torno de R$66 000.00 (SESSENTA E SEIS MIL REAIS) e que ele
inclusive vem sendo questionado pela administração devido o aumento do volume de laudos do
Dr. Brito. E que ele usa como justificativa (falsa) o aumento de médicos na rede de saúde
Municipal. (ev. 85, inf3, AC, em 12/10/2017).

Inclusive, LUIZ JOSÉ DE BRITO vinha fazendo laudos de exames não


solicitados pelos médicos, tudo para aumentar seus rendimentos (ev. 85, inf5, AC):

"(29:14 minutos) Comento que no dia antenor falei com o Dr Bnto. sobre a impossibilidade de
laudar 11 mil laudos do Estado e fazer campanha politica

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( 29:30 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu Anaersor Pere ra dos Saltos reiata que aumento o volme de laudos para o Dr Brito,
inclusive pacientes de retomo da ortopedia, e exames que nâo foram pedido laudos ele esta
mandando pra laudo, e relata que a quando foi levar a planilha para pagamento na
administração, foi questionado sobre este aumento no volume de laudos E que se justificou
dizendo que era devido ao aumento de médicos ortopedistas na rede municipal, e que vai
aumentar ainda mais o volume de laudos devido ainclusão de médicos reumatologistas na rede
munidpal E que os laudos estão atrasados, que no dia 25 de setembro ainda tinham exames do
dia 30 de agostopara laudo. E que ele direciona os exames de Raios -X para o Dr. Bnto. E
que fez uma ameaça de começar a repassar os exames atrasados para o Dr. Danilo laudar.

( 31 00 minutos) Comento que o Dr Bnto me solicitou que encaminhasse dois mil laudos
para ele. e que como ele já nâo da contata da demanda atual, e quer ainda mais 11 mil laudos
do Estado, seria impossível ele laudar estes exames.

(31:24 minutos) Relato que o Dr. Brito confirmou que a sua funcionána Aline Castro está
laudando exames para ele

(31:28 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, cometa que a Aline Castro, está laudando os exames
mais simples, primeiro . que quando é uma coluna por exemplo ela demora mais. e que os
laudos de mâo. braço, entre outros é rapidinho, e que ele sabe que é a Aline Castro que esta
emitindo os laudos sendo que os exames de tórax por exemplo sâo todos iguais, como um
protocolo, mesmo vendo que os exames sâo totalmente diferentes, eu comento que isto é uma
loucura, que eu nâo teria coragem de fazer laudos de exames, que mesmo trocando opinião
quando solicitado pelo médico, e deixar o médico definir o diagnóstico.

(36:10 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, cometa que se fosse um exame de antebraço para ver
fratura, mesmo não sendo o certo ainda daria pra fazer, mas que a funcionária do Dr. Brito
Aline Castro, está laudando exames de tórax, e que mesmo assim estão com laudos atrasados.

(36:26 minutos) Comento que este atraso, é um argumento importante para negar os 2 mil
laudos para o Dr Brito, já que ele nâo está dando conta dos laudos do Hospital Municipal de
Foz do Iguaçu, e que nos locais onde temos contratos de laudos, nâo temos um "Anderson"
para 'segurar a bronca" as coisas e que laudos com mais de 10 dias de atraso, estão fora da
realidade do mercado de São Paulo. E o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, relata como está ajudando o Dr.
Brito avisando dos exames atrasados.

LUIZ JOSÉ DE BRITO reservava exames para laudar causando


descontentamento de outros médicos, mas atrasava a entrega dos resultados, chegando a ser
bloqueado no sistema, tudo com anuência de ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS (ev.
201, inf1, IPL):

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É até verdade que DENISE SCHMITZ repassava informações de que tinha


conhecimento em razão do cargo que ocupava na Secretaria de Saúde de Foz do Iguaç/PR. No
entanto, além de não verificar que seriam informações estratégicas para o grupo (nada
obsante, em se tratando de servidores públicos municipais vinculados ao executivo, muito
dependentes de funções gratificadas, seja natural que qualquer informação seja concebida
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como relevante), os diálogos tem espaço dentro de um contexto familiar, no qual uma esposa
desabafa acerca de seus problemas laborais para seu companheiro.

Assim, em que pese existissem fortes indícios de autoria para o recebimento da


denúncia, não há como, diante do cenário probatório até então colhido e das relevantes provas
trazidas pela defesa, acolher o pedido condenatório.

Com efeito, com exceção de DENISE SCHMITZ, a autoria delitiva encontra-se


demonstrada.

c) Tipicidade

Os eventos narrados e provados pelo Ministério Público Federal, ao longo da


persecutio criminis, enquadra-se no art. 317 do Código Penal, adiante transcrito:

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar
promessa de tal vantagem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763,
de 12.11.2003)

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa,


o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo
dever funcional.

§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de


dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Segundo Guilherme de Souza Nucci (idem, p. 1175), o tipo penal do art. 317
do CP contempla o seguinte núcleo: “Solicitar significa pedir ou requerer; receber quer dizer
aceitar em pagamento ou simplesmente aceitar algo. A segunda parte do tipo penal prevê a
conduta de aceitar promessa, isto é, consentir em receber dádiva futura. Classifica a
doutrina como corrupção própria a solicitação, recebimento ou aceitação de promessa de
vantagem indevida para a prática de ato ilícito, contrários aos deveres funcionais, bem como
de corrupção imprópria, quando a prática se refere a ato lícito, inerente aos deveres
impostos pelo cargo ou função”.

O tipo penal pretende tutelar a Administração Pública, mormente na vertente da


moralidade, e é próprio de servidor público, sendo admitida a coautoria.

A vantagem referida no tipo penal pode ser de qualquer natureza, embora deva
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ser certa e factível em relação ao agente, agredindo o senso de moralidade do servidor
público. A oferta deve, pois, ser crível, colocando o bem jurídico sob perigo.

No caso concreto, ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, em razão da função


de supervisor do setor de radiologia do Hospital Municipal Padre Germano Lauck solicitou e
recebeu vantagem indevida, consistente em propina no percentual de 10% dos valores brutos
do contrato firmado pelo nosocômio com a Bravix Medical, em decorrência da Dispensa nº
46/2017, após ter atuado para que o certame licitatório fosse direcionado à referida pessoa
jurídica. Por sua vez, LUIZ JOSÉ DE BRITO solicitou a referida vantagem para
ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, em contrapartida ao referido direcionamento. JOSÉ
DE OLIVEIRA REIS concorreu para a solicitação e recebimento da referida vantagem
indevida, incorrendo na prática delitiva, tudo conforme conforme art. 29 do Código Penal.

Segundo o Superior Tribunal de Justiça, não se exige que o ato praticado pelo
funcionário público esteja dentro da sua esfera de competência, isto é, dentre as atribuições
normativamente previstas. Nesse sentido, importante transcrever trecho do voto-vista
vencedor proferido pela Ministra Laurita Vaz, no REsp nº 1745410 / SP, Sexta Turma,
02/10/2018:

Por sua vez, o Ministro Relator, no voto do qual ora divirjo, ressaltou que, "embora o tipo
penal, como dito acima, não faça expressa referência ao ato de ofício em seu caput é certo que
a expressão 'em razão dela' denota um vínculo entre a vantagem indevida e a função exercida
pelo agente que a solicita ou recebe".

Tal interpretação do art. 317 do CP, todavia, está em desacordo com recentes decisões do
Supremo Tribunal Federal, com as quais concordo, no sentido de que "se exige, para a
configuração do delito [de corrupção passiva], apenas o nexo causal entre a oferta (ou
promessa) de vantagem indevida e a função pública exercida, sem que necessária a
demonstração do mesmo nexo entre a oferta (ou promessa) e o ato de ofício esperado, seja ele
licito ou ilícito" (Voto da Ministra ROSA WEBER no Inq 4.506 DF, p. 2.079; sem grifos no
original).

Na oportunidade do julgamento do Inquérito n.° 4.506 DF. do qual extraí o trecho acima
referenciado, a Ministra ROSA WEBER consignou que a referida posição, também prevalente
no âmbito da Ação Penal n.° 694, está em consonância com a manifestação do Plenário do
Supremo Tribunal Federal no julgamento da Ação Penal n.° 470. oportunidade em que a Corte
rompeu com entendimento anterior (Ação Penal nº 307, dirigida contra Fernando Collor de
Mello) de que seria exigível do órgão acusador a demonstração de ato de ofício concreto.

E de se ressaltar que, em julgado publicado em fevereiro de 2018 no Inquérito n.° 4.141DF, a


Primeira Turma do STF já havia reiterado que "o crime de corrupção passiva se configura
quando a vantagem indevida é recebida em_razão da função, o que pode ser evidenciado pelo
recebimento de vantagem indevida sem explicação razoável e pela prática de atos que
beneficiam o responsável pelo pagamento" (Inq 4.141, Relator Min. ROBERTO BARROSO,
Primeira Turma, publicado em 23 02/2018; sem grifos no original).

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Com efeito, nem a literalidade do art. 317 do CP, nem sua interpretação sistemática, nem a
politica criminal adotada pelo legislador parecem legitimar a ideia de que a expressão "em
razão dela", presente no tipo de corrupção passiva, deve ser lida no restrito sentido de "ato
que está dentro das competências formais do agente". A expressão "ato de ofício" aparece
apenas no caput do art. 333 do CP, como um elemento normativo do tipo de corrupção ativa, e
não no caput do art. 317 do CP, como um elemento normativo do tipo de corrupção passiva.
Ao contrário, no que se refere a este último delito, a expressão "ato de ofício" figura apenas na
majorante do art. 317, § 1.°, do CP e na modalidade privilegiada do § 2.° do mesmo
dispositivo.

Compare-se:

"Corrupção passiva

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa
de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

§1°-A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o


funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcionai

§ 2o- Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de
dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa."

"Corrupção ativa

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a
praticar, omitir ou retardar ato de ofício:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa, redação dada pela Lei n° 10.763, de
12.11.2003)

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o


funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.

Duas conclusões podem ser retiradas da leitura dos referidos dispositivos legais.

Primeira: não tem razão o Ministério Público quando pleiteia a condenação de [omissis], pois
o tipo penal a ele imputado, de fato, exige que a vantagem indevida seja oferecida ou
prometida para determinar que funcionário público pratique, omita ou retarde ato de ofício,
isto é, que está dentro de suas atribuições funcionais formais. No entanto, como veremos, o
controle imigratório no Aeroporto Internacional de São Paulo SP não competia,à época dos
fatos, aos Recorridos [omissis] e [omissis].

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Segunda: tem razão o Ministério Público quando pleiteia a condenação de [omissis] e
[omissis].

Com efeito, não me parece lícito simplesmente pressupor que, no que se refere ao
crime de corrupção passiva (art. 317 do CP), o legislador praticou alguma sorte de atecnia,
ou
que falou menos do que desejava, ou que é possível "deduzir" do dispositivo a exigência de ato
de
ofício, como se ali estivesse uma limitação implícita ao poder-dever de punir.

Trata-se, a meu ver, de nítida opção legislativa direcionada a ampliar a abrangência da


incriminação por corrupção passiva, quando comparada ao tipo de corrupção ativa, a fim de
potencializar a proteção ao aspecto moral do bem jurídico protegido, é dizer, a probidade da
Administração Pública.

No entanto, ainda que ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS não fosse


membro da comissão permanente de licitação, certo é que, sendo supervisor do setor de
radiologia, tinha plenas condições de influenciar o termo de referência dos contratos, além de
ter informações privilegiadas sobre os bastidores dos certames (vide diálogo em que diz que
Amanda não é das “nossas”, mas ele consegue descobrir tudo), o que garantia a vantagem
para o grupo. Ademais, não se descarta a atuação criminosa ou negligente de outros
servidores públicos envolvidos com licitações e contratos, ou mesmo com poder de mando
dentro do Hospital Municipal.

Como cediço, o crime de corrupção é, em regra, formal, consumando-se com a


mera solicitação da vantagem ou promessa de vantagem indevida, pouco importando se a
benesse foi, de fato, entregue, caso em que se está diante do exaurimento do crime. Inclusive,
esse entendimento está pacificado no âmbito do Superior Tribunal:

RECURSO ESPECIAL. CORRUPÇÃO PASSIVA. DOSIMETRIA. PENA-BASE.


RECEBIMENTO DA VANTAGEM INDEVIDA. CONSEQUÊNCIAS DO DELITO.
EXASPERAÇÃO. POSSIBILIDADE. DESFAVORABILIDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS DO ART. 59 DO CÓDIGO PENAL. MODO PRISIONAL MAIS SEVERO.
CABIMENTO. NEGATIVA DE SUBSTITUIÇÃO DA SANÇÃO CORPORAL POR
RESTRITIVAS DE DIREITOS. POSSIBILIDADE.

1. Consoante entendimento deste Superior Tribunal de Justiça, o crime de corrupção passiva


possui natureza formal, consumando-se com a aceitação ou solicitação de vantagem indevida.
2. O efetivo recebimento da vantagem (valores referentes à parcela de benefício previdenciário
de segurado) caracteriza exaurimento do crime, o que autoriza a elevação da pena-base pelo
exame desfavorável do vetor consequências do delito […] (REsp 1757065/SP, Rel. Ministro
JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 11/12/2018, DJe 05/02/2019).

Com efeito, havendo prévia solicitação de vantagem, o delito de corrupção


passiva já está consumado, de modo que o posterior recebimento da vantagem ajustada

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configura exaurimento do crime, e não novo crime de corrupção.

Tampouco é necessário que, no tipo simples, haja a prática efetiva de um ato


específico pelo servidor, bastando que a vantagem ou promessa seja recebida, oferecida ou
aceita em razão da função pública exercida.

Segundo o MPF, "Observe-se que se trata de condutas criminosos praticadas


em concurso material, haja vista que a cada recebimento dever-se-ia efetuar o repasse de
propina, sob pena de suspender o esquema criminoso atual e futuro, articulado e planejado
pelo grupo".

Há de se distinguir a situação em que há um ajuste prévio decorrente do conluio


de agentes para obter vantagens ainda indeterminadas em detrimento da Administração
Pública e do ajuste da vantagem em detrimento do direcionamento de um contrato específico.
No primeiro caso, realmente, o ato de corrupção renovar-se-ia a cada solicitação e/ou
recebimento, mas, no segundo caso, os pagamentos feitos, de forma parcelada, caracterizam
mero exaurimento do crime, nada obstante sejam provas incontestes da materialidade e
autoria delitivas.

Nessa balada, entendo que os fatos sub judice caracterizam apenas um crime de
corrupção, e não seis, em concurso material, pois os recebimentos mensais ocorreram em
função de um acordo prévio de pagamento de 10% do valor bruto dos pagamentos feitos à
Bravix Medical em decorrência da Dispensa nº 46/2017.

Assim, presente a tipicidade objetiva. Também evidente que a conduta dos


acusados foi praticada com dolo, já que todos eles agiram com vontade e consciência.

As provas produzidas nos autos dão conta de que, realmente, ANDERSON


PEREIRA DOS SANTOS recebeu dádivas em contrapartida ao direcionamento da Dispensa
nº 46/2017, tudo em conluio com LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS
NETO. Houve, evidentemente, prática de ato de ofício com violação aos deveres funcionais
do primeiro, pois a ele cabia lealdade e probidade perante à Fundação Pública Municipal,
além de dever de sigilo quanto às propostas de concorrentes, de modo que incide a causa de
aumento prevista no art. 317, §1º, do CP.

Note-se que existe um dever específico de sigilo no âmbito da Lei nº 8.666/93, a


ponto de ser penalmente punível a conduta daquele que o viola quanto às propostas, nos
termos do art. 94 do referido diploma normativo ("Devassar o sigilo de proposta apresentada
em procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa").

d) Ilicitude e culpabilidade
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Não foram alegadas, tampouco estão presentes causas excludentes de ilicitude e
culpabilidade.

6. CORRUPÇÃO PASSIVA - REPASSE DE PROPINA DE LUIZ JOSÉ DE


BRITO A ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS. Fato 7 da denúncia.

O Ministério Público Federal denunciou ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS e DENISE SCHMITZ pela prática do crime de corrupção passiva, tipificado no art.
317 do Código Penal, e LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO pela
prática do crime de corrupção ativa, tipificado no art. 333 do Código Penal, em virtude da
solicitação, pelo primeiro, de vantagem financeira indevida no valor de R$ 2.000,00, em
razão do cargo de supervisor do setor de radiologia, a ser pago pelo segundo, em conluio com
o terceiro. As circunstâncias fáticas foram narradas nos seguintes termos:

Conforme já narrado alhures, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR. BRITO), JOSÉ DE
OLIVEIRA REIS NETO (CAZUZA) e ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, articularam-se
entre si, integrando organização criminosa, cuja finalidade consistia na prática de crimes
licitatórios, bem como a solicitação de vantagem financeira em razão de fraudes e
direcionamentos nos processos licitatórios junto a administração pública municipal.

Como já narrado anteriormente, um dos crimes licitatórios praticados pelos denunciados


resultou na contratação, em 04/05/2017, da empresa BRAVIX MEDICAL COMÉRCIO E
SERVIÇO DE MATERIAL CIRÚRGICO LTDA, CNPJ nº 10.296.468/0001-29, através do
processo de Dispensa nº 46/2017 (fraudado), mediante o conluio criminoso dos denunciados
LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR BRITO), JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO (CAZUZA) e
ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS.

Em razão de tal contratação e para se manter servindo os interesses do grupo criminoso, o


denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, em 08/05/2017, solicitou em seu favor e de
sua esposa (DENISE SCHMITZ DOS SANTOS), vantagem financeira de R$ 2.000,00 (dois mil
reais) mensais, em razão de sua função de técnico de radiologia – chefe do setor de radiologia
do Hospital Municipal Padre Germano Lauck, a ser pago pelo denunciado LUIZ JOSÉ DE
BRITO, em conluio com JOSÉ DOS REIS DE OLIVEIRA NETO, os quais, por seu turno, um
concorrendo para ação ilícita do outro, com unidade de desígnios, ofereceram tal vantagem
econômica, para que o denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, servidor público
municipal, chefe do setor de radiologia do Hospital Municipal, com infração de dever
funcional, praticasse atos de direcionamentos de licitações para o grupo criminoso, liderado
pelo denunciado LUIZ JOSÉ DE BRITO.

Tal tratativa criminosa foi convencionada em reunião realizada no dia 08/05/2017, às


15h00min, na sede da empresa MULTIMAGEM, situada na Rua Almirante barroso, 837, sala
02 – Centro, nesta cidade de Foz do Iguaçu, conforme relatório apresentado pelo colaborador
REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO:

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Ficou definido ainda que o Dr. Brito fará um repasse a título de propina para o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal, Anderson Pereira dos
Santos no valor inicial de R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS). Que este valor pode ser
dobrado, em caso de aumento do volume de Laudos (incluindo os internados). E
solicitou que o Supervisor do Setor de Diagnóstico, Anderson Pereira dos Santos,
solicite um aumento no valor do contrato da Multi Imagem. (Relatório juntado no
evento 19, OUT6, dos autos nº 5003221-04.2017.404.7002)

A reunião entre os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO, ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS e o colaborador REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO encontra-se
materializada através de gravação em áudio, encaminhado para o juízo (arquivo
nominado “audio brito anderson 08.05.17” – com 310.853 KB – no 55min40s).

Em reunião no dia 29/06/2017, por volta das 17h30 minutos, realizada na Panificadora
Trigo & Cia, situada na Avenida Paraná, esquina com a Avenida José Maria de Brito,
nesta cidade de Foz do Iguaçu, entre o denunciado ANDERSON PEREIRA DOS
SANTOS e o colaborador REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, o denunciado
ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS relatou que vem cobrando o denunciado LUIZ
JOSÉ DE BRITO o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) e este estaria “enrolando”,
querendo vincular o pagamento de tais valores ao recebimento da prestação de serviço
da sua empresa MULTIMAGEM junto a Fundação Municipal de Saúde (Hospital
Municipal), conforme relatório apresentado pelo colaborador REGINALDO DA
SILVEIRA SOBRINHO:

(14:40 minutos) Pergunto ao Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal


de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, se o Dr. Brito já havia repassado pra
ele o valor de R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS), conforme combinado na reunião do dia
08/05/17.

(14:54 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comenta que vem cobrando o Dr. Brito do
repasse do valor combinado, e que o Dr. Brito vem “enrolando” ele e que atrelou o
repasse da propina ao recebimento dos valores mensais do contrato da empresa Multi
Imagem, com a Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu, e como o Supervisor
do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos
Santos, tem conhecimento que o valor mensal foi pago semana passada irá reforçar a
cobrança. Eu comentei que tem que cobrar mesmo e que inclusive o Dr. Brito tinha me
perguntado se eu estava fazendo os repasses da propina dele. (RELATÓRIO juntado no
evento 55, INF7)

De fato, no dia 30/06/2017, em reunião realizada entre o colaborador REGINALDO DA


SILVEIRA SOBRINHO e o denunciado LUIZ JOSÉ DE BRITO, na sede da empresa
MULTIMAGEM, este admitiu que faria o pagamento do valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais)
ao denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, conforme relatório do colaborador
REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO (juntado no evento 58, INF6):

(26:40 minutos) Comento que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital


Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, está querendo cobrar do Dr.

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Brito pelo valor de R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS) combinado na reunião do dia
08/05/17. E comento novamente que já acertei com ele a minha parte com ele no dia
anterior, e o Dr. Brito comenta que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, é ambicioso, eu concordo e
digo que vejo como qualidade, pois como tem o interesse por receber do meu contrato,
ele defende os interesses da empresa por estar atrelado.

(27:29 minutos) O Dr. Brito comenta que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do


Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, não vai chegar em
pessoas estranhas e dizer que recebia os valores, e que acha que o salário dele lá não
deve ser muita coisa.

(27:42 minutos) O Dr. Brito comenta que vai passar os R$ 2.000,00 (DOIS MIL
REAIS), para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos. Que merece por ter resolvido a questão dos
equipamentos, comento que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos é um cara “esperto”, e o Dr.
Brito comenta que ele está mantendo o negócio lá, e tem a confiança da administração,
e poderá ter um papel importante no processo de credenciamento, e que é importante
“alimentar” ele e estimular.

De fato, no dia 05/07/2017, o denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, em reunião


com o colaborador REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, realizada na Panificadora Trigo
& Cia, por volta das 14H43min, confirmou o exaurimento do crime de corrupção, no dia
03/07/2017, pois o denunciado LUIZ JOSÉ DE BRITO teria realizado o pagamento da
“propina” de R$ 2.000,00 (dois mil reais) ao denunciado ANDERSON PEREIRA DOS
SANTOS, na padaria Trigo & Cia, nesta cidade, consoante materializado no relatório juntado
no evento 58 INF2[10]:

(00:39 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comentou que o Dr. Brito “abraçou” todo o
credenciamento de Radiologia do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Comentei que o
Dr. Brito tinha me falado (via mensagem WhasApp) que tinha uma boa notícia , mas não
tinha me falado o que era.

(...)

(01:48 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, disse que por volta das 11:30 da noite o Dr. Brito
enviou mensagem marcando um café para o domingo (dia 03/07/17) e que se
encontraram no domingo no mesmo local (padaria Trigo &Cia) e na segunda tiveram a
reunião no Hospital Municipal “caiu tudo no colo dele” inclusive ultrassom.

(…)

(02:46 minutos) Relato ao Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal


de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, que na sexta dia 30/06/17 eu estive com
o Dr Brito e que inclusive dei uma “cutucada’ sobre o valor que ele tinha que repassar

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para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos.

(02:50 minutos ) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, confirma que o Dr. Brito pagou os R$2.000,00
(DOIS MIL REAIS), para ele e comenta que o repasse foi feito na reunião de domingo
(dia 02/07/2017), e eu comento que tinha falado sobre a importância do trabalho do
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos, para manter os interesses do grupo.

Registre-se que a participação de denunciada DENISE SCHMDT DOS SANTOS resta


demonstrada, pois se trata de beneficiária dos valores recebidos por ANDERSON PEREIRA
DOS SANTOS, já narrada na denúncia, e a participação de JOSÉ DE OLIVEIRA DOS REIS
NETO, por seu o autor intelectual dos delitos praticados pelo denunciado LUIZ JOSÉ DE
BRITO, conforme igualmente já narrado na denúncia.

Dessa forma, o denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e DENISE SCHMITZ DOS
SANTOS incorreram na prática do crime previsto no artigo 317, c/c artigo 29 do Código
Penal e os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO (DR. BRITO), e JOSÉ OLIVEIRA DOS REIS
NETO (CAZUZA), incorreram na prática do crime previsto no artigo 333 do Código Penal c/c
com artigo 29 do mesmo diploma legal.

Passo à análise da materialidade e autoria delitivas.

a) Materialidade

Como salientado no tópico 2 da sentença, o acusado ANDERSON PEREIRA


DOS SANTOS, valendo-se da sua condição de supervisor do setor de radiologia do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu/PR, concorreu para o direcionamento da Dispensa nº 46/2017
para a Bravix Medical, pessoa jurídica vinculada ao Grupo E-people, de Euclides de Moraes
Barros Júnior, e representada por Reginaldo da Silveira Sobrinho.

A Bravix Medical foi, efetivamente, contratada pela locação de um equipamento


de Raio X e dois digitalizadores de imagem (CR), pelo valor mensal de R$ 20.500,00,
acrescido de uma taxa de instalação de R$ 12.000,00. O acordo tinha vigência inicial de 3
meses prorrogáveis por igual período.

Em contrapartida à atuação de ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS no


direcionamento da Dispensa nº 46/2017 ajustou-se, com LUIZ JOSÉ DE BRITO, que
Reginaldo da Silveira Sobrinho pagaria ao servidor municipal uma propina no valor de R$
2.000,00, a cada pagamento feito pelo Hospital Municipal Padre Germano Lauck à Bravix
Medical.

Por outro lado, por ter concorrido de forma decisiva para a contratação da
Bravix Medical na Dispensa nº 46/2017, e em razão das futuras probabilidades de
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contratação, LUIZ JOSÉ DE BRITO auferiu vantagem indevida, consistente na aquisição de
um equipamento de Raio X e uma impressora de filme - DRY para a Clínica Multi Imagem,
com desconto, o que foi viabilizado porque a proposta da Bravix foi superfaturada. Nesse
sentido, é o relatório do ev. 19, out6, AC:

"Comentei da agilidade da disponibilização do equipamento, mesmo com o contrato ainda em


tramitação de documentos. E que deixei a situação provisoriamente resolvida. E que o valor
do Contrato é de RS 20.500,00 e que estava incluso o valor para o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal. Anderson Pereira dos Santos".

Além de auferir a vantagem decorrente da aquisição de equipamento para a


Multi Imagem, LUIZ JOSÉ DE BRITO entendeu por bem corromper ANDERSON PEREIRA
DOS SANTOS para defender os interesses de sua pessoa jurídica dentro do Hospital
Municipal, quer para aumentar o número de plantões presenciais e de laudos médicos, quer
para receber os valores devidos.

Ainda, a título de gratificação em razão do sucesso do plano para direcionar a


Dispensa nº 46/2017 para os agentes criminosos, ficou ajustado que Reginaldo da Silveira
Sobrinho pagaria ao servidor municipal uma propina no valor de R$ 2.000,00 (o que
efetivamente se concretizou, conforme tópico anterior), ao passo em que caberia a LUIZ
JOSÉ DE BRITO pagar a ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS a mesma quantia de R$
2.000,00.

O acordo teve espaço na Clínica Multi Imagem, no dia 08/05/2017, e foi


minudenciado no Relatório de Atividades do ev. 19, out6, AC e gravado em áudio:

"E passamos a tratar de como seria a distribuição da propina para o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal, Anderson Pereira dos Santos, que relatou que já havia
combinado um valor, e eu especifiquei que o valor da propina para esta fase do negócio será
de R$ 2.000,00 ( DOIS MIL REAIS) sendo praticamente 10% do valor Bruto do contrato ( e
que a prática seria pagar propina sobre valor líquido). O Supervisor do Setor de Diagnóstico
do Hospital Municipal, Anderson Pereira dos Santos, afirmou que está de acordo por que seria
só um início. E que projetava para o futuro, e mostrou insegurança em relação a permanência
dele no Hospital Municipal no cargo que ocupa, após a transição para a prefeitura

[...]

parceria avance. Ficou definido ainda que o Dr. Brito fará um repasse a título de propina para
o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal, Anderson Pereira dos Santos no
valor inicial de R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS). Que este valor pode ser dobrado, em caso de
aumento do volume de Laudos (incluindo os internados). E solicitou que o Supervisor do Setor
de Diagnóstico, Anderson Pereira dos Santos, solicite um aumento no valor do contrato da
Multi imagem.".

Como se viu, a relação mantida entre ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS,


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LUIZ JOSÉ DE BRITO e Reginaldo da Silveira Sobrinho era imbricada: enquanto LUIZ
JOSÉ DE BRITO prometeu pagar vantagem indevida ao supervisor do setor de radiologia em
contrapartida ao direcionamento da Dispensa nº 46/2017, com a qual ele lucrou por meio da
compra e venda de equipamentos com desconto, e a fim de induzi-lo a intervir para aumentar
o faturamento da Multi Imagem no Hospital Municipal; Reginaldo da Silveira Sobrinho
também prometeu pagar a ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS vantagem indevida em
contrapartida à contratação direta da Bravix Medical resultante da Dispensa nº 46/2017.

Em junho, foi lançado o Edital de Credenciamento nº 001/2017, sendo certo que


LUIZ JOSÉ DE BRITO não queria repartir o serviço com outros médicos. ANDERSON
PEREIRA DOS SANTOS encorajou seu comparsa a participar de reunião, na qual a divisão
de trabalho seria tratada (ev. 55, inf7, AC):

"(14:40 minutos)Pergunto ao Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital


Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, se o Dr. Brito já havia
repassado pra ele o valor de R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS), conforme combinado na
reunião do dia 08/05/17.

(14:54 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comenta que vem cobrando o Dr. Brito do
repasse do valor combinado, e que o Dr. Brito vem "enrolando" ele e que atrelou o
repasse da propina ao recebimento dos valores mensais do contrato da empresa Multi
Imagem, com a Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu, e como o Supervisor
do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira
dos Santos, tem conhecimento que o valor mensal foi pago semana passada irá
reforçar a cobrança. Eu comentei que tem que cobrar mesmo e que inclusive o Dr.
Brito tinha me perguntado se eu estava fazendo os repasses da propina dele.

[...]

(18:50 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, afirma que estão agendando uma reunião entre os
médicos Dr. Allan Gurgel do Amaral, Dr. Renato Maroja Filho e Dr. Brito, em conjunto com
o atual Diretor Técnico do Hospital Municipal Dr. Fábio Marques, e que a intenção é dividir
entre os três médicos todo o serviço médico da área de radiologia, mas que esta ideia
encontra resistência do Dr. Brito que não quer dividir o serviço, para não diminuir seus
rendimentos. E que em represália o Dr. Brito entrou com requerimento na Câmara de
Vereadores pedindo todos os contratos do Hospital. Comentamos que o mais prudente seria
compor neste momento até ter força para brigar.

(19:59 minutos)Pergunto se a referida reunião já ocorreu e o Supervisor do Setor de


Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, afirma
que não ainda devido a dificuldades conciliar horários de agenda, mas que na semana
seguinte esta reunião deve ocorrer. E queo Dr. Wilson Marcelo Bertoli, ficará de fora por fazer
apenas ultrassom.

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(20:32 minutos) Levanto a possibilidade de aparecer outra empresa interessada, e o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos, comenta que pode ser um problema já que o Credenciamento é aberto,
mas acredita que as empresas não acompanham o Diário Oficial, e que não aparecem
interessados.

(21:09 minutos)Passamos a tratar dos valores do Credenciamento, eu afirmo que os valores


são interessantes tendo em vista que além dos valores de laudos de Raios- X R$ 6,50 (SEIS
REAIS E CINQUENTA CENTAVOS) e de Tomografia Computadorizada R$ 25.00 ( VINTE E
CINCO REAIS) o médico ganha o sobreaviso R$ 33.33 ( TRINTA E TRÊS REAIS E TRINTA E
TRÊS CENTAVOS) por hora de sobreaviso e a hora presencial de R$ 100,00 ( CEM REAIS).

(21:56 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comenta que o Dr. Brito chegou a faturar R4
92.000,00 ( NOVENTA E DOIS MIL REAIS) em um mês, e que sabe desta informação por
que ele é o responsável pelo fechamento das faturas do Dr. Brito.

Em diálogo gravado pelo agente em colaboração e resumido em no Relatório


de Atividades do dia 29/06/2017, ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS relatou que LUIZ
JOSÉ DE BRITO ainda não havia pago o valor acordado na reunião do dia 08/05/2017, pois
estava querendo condicionar o repasse da propina ao recebimento dos valores decorrentes dos
serviços prestados pela Multi Imagem (ev. 55, inf7, AC):

(14:40 minutos)Pergunto ao Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, se o Dr. Brito já havia repassado pra ele o valor de
R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS), conforme combinado na reunião do dia 08/05/17.
(14:54 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comenta que vem cobrando o Dr. Brito do repasse do
valor combinado, e que o Dr. Brito vem "enrolando" ele e que atrelou o repasse da propina ao
recebimento dos valores mensais do contrato da empresa Multi Imagem, com a Fundação
Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu, e como o Supervisor do Setor de Diagnóstico do
Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, tem conhecimento que o
valor mensal foi pago semana passada irá reforçar a cobrança. Eu comentei que tem que
cobrar mesmo e que inclusive o Dr. Brito tinha me perguntado se eu estava fazendo os
repasses da propina dele.

Inclusive, no dia 30/06/2017, LUIZ JOSÉ DE BRITO comentou com Reginaldo


da Silveira Sobrinho que faria o repasse do valor combinado, (ev. 58, inf4, AC), por entender
que ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS seria merecedor já que estaria "mantendo o
negócio lá", referindo-se, obviamente, à sua atuação convergente com os interesses do grupo:

(26:40 minutos) Comento que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de


Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, está querendo cobrar do Dr. Brito pelo valor de
R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS) combinado na reunião do dia 08/05/17. E comento
novamente que já acertei com ele a minha parte com ele no dia anterior, e o Dr. Brito
comenta que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,

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Anderson Pereira dos Santos, é ambicioso, eu concordo e digo que vejo como qualidade, pois
como tem o interesse por receber do meu contrato, ele defende os interesses da empresa por
estar atrelado.

(27:29 minutos)0 Dr. Brito comenta que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, não vai chegar em pessoas
estranhas e dizer que recebia os valores, e que acha que o salário dele lá não deve ser muita
coisa.

(27:42 minutos)0 Dr. Brito comenta que vai passar os R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS), para o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos. Que merece por ter resolvido a questão dos equipamentos, comento que o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos é um cara "esperto", e o Dr. Brito comenta que ele está mantendo o
negócio lá, e tem a confiança da administração, e poderá ter um papelimportante no processo
de credenciamento, e que é importante "alimentar" ele e estimular.

(28:22 minutos)Comento que não tinha pensado na hipótese mais que conforme comentado
pelo Dr. Brito o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, poderá atuar inclusive na manutenção de quantidades de
laudos, e o Dr Brito diz que sempre fortaleceu a imagem do Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, perante
a diretoria da Fundação Municipal de Saúde. Quena ultima reunião na diretoria teceu
diversos elogios, e que chamou ele de herói.

(29:00 minutos)Afirmo que somos um grupo, e que estamos trabalhando de forma organizada
um defendendo o outro.

Em julho de 2017, LUIZ JOSÉ DE BRITO foi contemplado com todo o


credenciamento de radiologia do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, inclusive o serviço de
ultrassom, o que poderia ser atribuído ao auxílio de ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS
ou mesmo a outras forças externas, nada obstante o servidor tenha dito a Reginaldo da
Silveira Sobrinho que atuou para que LUIZ JOSÉ DE BRITO obtivesse tal êxito (ev. 58, inf2,
AC):

"(00:39 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comentou que o Dr. Brito "abraçou" todo o
credenciamento de Radiologia do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Comentei que o Dr.
Brito tinha me falado (via mensagem WhasApp) que tinha uma boa notícia , mas não tinha me
falado o que era.

(00:48 minutos)0 Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,


Anderson Pereira dos Santos, disse que na sexta feira ia me ligar devido a resistência do Dr.
Brito em participar da reunião com os outro médicos sobre o Credenciamento de Radiologia.
Comentou de todas as ações que ele vez para conseguir que o Dr. Brito participasse da
reunião e conseguisse obter êxito na reunião.

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(01:32 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, relata que o Dr. Brito ligou para ele as 07:00 horas da
noite, e que apresentou resistência para participar de reunião que estava marcada para
segunda feira (03/07/2017).

(01:48 minutosJO Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, disse que por volta das 11:30 da noite o Dr. Brito enviou
mensagem marcando um café para o domingo (dia 03/07/17) e que se encontraram no
domingo no mesmo local (padaria Trigo &Cia) e na segunda tiveram a reunião no Hospital
Municipal "caiu tudo no colo dele" inclusive ultrassom.

(02:18 minutos) Eu comento que com isso a questão da licitação para serviços médicos não
irá ocorrer, e o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, diz que o Dr. Brito irá contratar um médico radiologista para
por no serviço do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu.

(02:36 minutos) Comento que na segunda o Dr. Brito tinha me falado (via WhatsApp) que
tinha boas notícias, mas que estaria ocupado na terça. E que como o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, tinha
comentado comigo (em mensagem e áudio no WhatsApp), eu imaginei que fosse sobre o
credenciamento a boa notícia".

Neste mesmo diálogo, ocorrido no dia 05/07/2017, ANDERSON PEREIRA


DOS SANTOS admitiu a Reginaldo da Silveira Sobrinho que LUIZ JOSÉ DE BRITO pagou
propina no valor de R$ 2.000,00 no dia 02/07/2017:

"(02:46 minutos)Relato ao Supervisor Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson do Setor de


Diagnóstico do Hospital Pereira dos Santos, que na sexta dia 30/06/17 eu estive com o Dr
Brito e que inclusive dei uma "cutucada' sobre o valor que ele tinha que repassar para o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos.

(02:50 minutos )0 Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, confirma que o Dr. Brito pagou os R$2.000,00 (DOIS
MIL REAIS), para ele e comenta que o repasse foi feito na reunião de domingo (dia
02/07/2017), e eu comento que tinha falado sobre a importância do trabalho do Supervisor do
Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
para manter os interesses do grupo".

Isso também é confirmado por LUIZ JOSÉ DE BRITO, na presença de JOSÉ


DE OLIVEIRA REIS NETO (ev. 58, inf4, AC):

(21:54 minutos) O Dr. Brito afirma que Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal, Anderson Pereira dos Santos, "é nosso", que deu uma força pra ele ( se referindo
aos dois mil reais de propina, repassados no domingo, dia 03 de julho de 2017). Comento que
ele está feliz, e que trabalhou direitinho para conduzir as coisas, no Hospital Municipal de Foz
do Iguaçu, em favor do Dr. Brito, e que tem que manter um cara destes sempre interessado, e o

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Dr, Brito diz que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal, Anderson
Pereira dos Santos, é um parceiro.

Tal diálogo pode ser esclarecido pelo relatório de análise feito pela Polícia
Federal e acostado ao ev. 201, inf1, do IPL, no qual ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS
afirma ter tentado convencer a direção a deixar o serviço hospitalar com LUIZ JOSÉ DE
BRITO, pois esse poderia ele [o médico] poderia contratar mais um médico para fazer o
serviço de laudo:

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Em que pese os acusados tenham evitado falar ao telefone sobre suas práticas
ilícitas, verifiquei a existência de um áudio interceptado, mantido entre LUIZ JOSÉ DE
BRITO e ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, nos quais eles conversam sobre uma
reunião com a Diretoria do Hospital para divisão do serviço de diagnóstico. Na oportunidade,
o supervisor do setor de radiologia propôs-se a investigar os concorrentes e, também, cobrou
o pagamento de sua propina (Relatório da Segunda Quinzena):

ID: 4785085
Data: 05/08/2017
Tipo: Áudio
Direção:
Hora: 09:45:01
Duração: 00:01:30
Alvo: brito (renitencia)
Nº : 45999173471
Nº Contato: 45998226762
Interlocutores: R2 BRITO x ANDERSON- qq probleminha ligo p o senhor
Arquivo: 02_4785085_20170805094501_20394375

Degravação:
ANDERSON- bom dia doutor.
BRITO- Anderson tudo bem?
ANDERSON- tudo bem.
BRITO- você não está aí no hospital?
ANDERSON- eu to no hospital.
BRITO- tá tudo tranquilo aí (inaudível)?
ANDERSON- tá tudo tranquilo.
BRITO- é que agora pouco me ligou aí o Alan, mas nem atendi, deve ser por causa de
ultrassom, esse negócio aí neh.
ANDERSON- eu acredito que seja, porque aqui, eu to aqui, fizemos uma (inaudível) de crânio,
normal, tá tudo tranquilo.
BRITO- tá, eu não vou nem atender esse cara aí.

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ANDERSON- ele quer, acho que provavelmente ficar na ultrassom.
BRITO- deixa ele, eu liguei pra saber se não tinha nada de, do hospital da nossa parte aí.
ANDERSON- não, eu to acompanhando, qualquer probleminha eu ligo para o senhor.

ID: 4799441
Data: 06/08/2017
Tipo: Áudio
Direção:
Hora: 12:12:13
Duração: 00:03:15
Alvo: anderson ( renitencia)
Nº : 45998226762
Nº Contato: 45999173471
Interlocutores: R2 ANDERSON x BRITO- pegar copia contrato
Arquivo: 02_4799441_20170806121213_20390623

Degravação:
BRITO- o Anderson tudo bem?
ANDERSON- bom doutor, tranquilo.
BRITO- conhece algum médico chamado "Dan Alvarez"?
ANDERSON- médico chamado, como que é o nome médico?
BRITO- "Dan Alvarez".
ANDERSON- "Dan Alvarez", não, não conheço.
BRITO- é o seguinte, o Alan criou um grupo aqui no facebook, diagnóstico tal neh, aí tá
convocando aí pra terça-feira, pra marcar, fazer uma reunião, pra dividir a escala e tal neh ...
aí eu vi que ele incluiu um tal de "Dan Alvarez", ele também vai na reunião e tal neh,
provavelmente é algum médico, algum radiologista ou ultrassonografista, talvez tenham feito
contato aí neh.
ANDERSON- não, não conheço, vou dar uma pesquisada nisso aí, procurar saber quem que é
esse cara, me dizer porque, se é que está trazendo mesmo ele.
BRITO- "Dan Alvarez", talvez seja até paraguaio. (inaudível) amanhã vou mandar minhas
(inaudível) lá, lá no hospital pra pegar cópia do contrato nosso.
ANDERSON- sim, tem que pegar.
BRITO- e essa semana, dia 10, está vindo aí o ROBERTO e o CAFU, estão vindo pra Foz, aí
vou dar um ultimato neles, ...
ANDERSON- é tem que chegar e dar uma conversada com eles, como é que vai ficar minha
situação aí, to ajudando e vocês nada.
BRITO- então, perigo é que já tenha até feito contrato com esse cara aí, provavelmente, que
merda.
ANDERSON- olha, eu acho que não hein, pelo menos até sexta-feira ontem não tinha nada,
falei com ele não tinha nada neh.
BRITO- "Dan Alvarez".
ANDERSON- "Dan Alvarez", mas vou dar, amanhã mesmo, logo cedo, já descubro isso aí, já
levanto isso aí.
BRITO- tava investigando aí, amanhã já vou mandar pegar o contrato, te entregar, você já
com o contrato, falar com os caras, olha to aqui com o contrato, só que tá acontecendo isso,
isso, isso, se não entregar, da mesma maneira, não, nem o contrato estão querendo me

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entregar, agora é hora do tudo ou nada, ou nós fechamos uma parceria, de repente vou até
mais longe aí, entendeu?
ANDERSON- sim, claro, claro.
BRITO- porque ... tá bom, hoje a tarde vou estar lá na clínica, depois ... se quiser dar uma
passada lá.
ANDERSON- se eu for pro Centro, do ... no whats ... senão qualquer coisa a gente conversa
durante a semana, sem problema.
BRITO- tá bom, senão conversa amanhã daí.

No entanto, segundo o Relatório de Atividades de Ação Controlada do dia


18/08/2017 (ev. 67, inf3, AC) LUIZ JOSÉ DE BRITO continuaria descumprindo o acordo
pactuado com ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, embora tenha pago certa quantia:

(25:39 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comenta que semana passada, o Dr. Brito falou que
tinha que repassar o valor dele. Eu pergunto se ele pagou efetivamente. E o Supervisor do
Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
diz queina repassar no sábado, depois desmarcou e na segunda quando o Dr. Brito disse que
teria que fazer o repasse, e pergunto se o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, tinha conhecimento de que ele
recebeu, o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos . comentou que sabia pois. Ele que assinava as notas fiscais, do
Dr. Brito e que para sair o pagamento dependia de passar por ele marcou para quarta e que
alegando probleminhas repassou apenas RS 1.400,00( HUM MIL E QUATROCENTOS REAIS)
e depois corrigindo afirmou que foi na verdade R$ 1.700,00 ( HUM MIL E SETECENTOS
REAIS) e que o Dr. Brito ficou de repassar o restante, mas até o momento não tinha cumprido,
que o Dr. Brito é muito enrolado. Eu comentei que comigo mesmo tendo contrato bem menor
eu cumpria o combinado que é o repasse de R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS) que comparando
o contrato da BRAVIX com o da Multi Imagem, o Dr. Brito já estava repassando um valor
percentual muito menor, e que se pudesse iria comentar com o Dr. Brito que ele está passando
vergonha devido a uma quantia de R$ 300,00 ( TREZENTOS REIAS), e que o Dr. Brito tinha
que pensar que a esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz
do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, Denise Schmitz dos Santos, está ocupa cargo dentro
da Secretaria de Saúde.

(27:26 minutos)0 Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,


Anderson Pereira dos Santos, relatou que o Dr. Brito solicitou o aumento do volume de exames
eletivos, para compensar a perda de horas plantão, e que a Aline funcionária do Dr. Brito,
comentou que a responsável pelos encaminhamentos é a esposa do Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, a
servidora pública municipal Denise Schmitz dos Santos. Eo Dr. Brito confirmou que sim., O
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos disse que falou que iria direcionar todas as Tomografias para o Hospital
Costa Cavalcanti, e que o Dr. Brito solicitou que direcionasse tudo para o Hospital Municipal,
inclusive exames contrastados, que não eram feitos anteriormente devido a falta de médico
radiologista presencial".

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Em mais uma oportunidade (18/10/2017), ANDERSON PEREIRA DOS
SANTOS e Reginaldo da Silveira Sobrinho trataram da propina devida por LUIZ JOSÉ DE
BRITO, notadamente da inadimplência do ajuste. Ainda, Reginaldo da Silveira Sobrinho
sugeriu que o então vereador deveria arcar com as consequências resultantes do
descumprimento (ev. 87, inf3, AC):

"(10:10 minutos) Comento que o Dr. Brito já recebeu 4 parcelas desde o acordo firmado, o Dr.
Brito deveria ter pago 4 parcelas de R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS) para o Supervisor do
Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos e
que totalizaria então R$8.000,00 (OITO MIL REAIS) e pergunto quanto foi repassado até o
momento e o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos afirma que foi uma parcela de R$2.000,00 (DOIS MIL REAIS) e
outra de R$ 1450,00 ( HUM MIL QUATROCENTOS E CINQUENTA REAIS).

(10:45 minutos) comento que mandei uma mensagem via Whatsapp para o Dr. Brito, dizendo
que estava preocupado com o contrato dele dentro do Hospital Municipal, mas que no dia
seguinte devo falar com o Dr. Brito pessoalmente. Mas que o Dr. Brito está agindo

(11:09 minutos) Comento que tenho uma verba destinada a ajudar o Dr. Brito, e que se for o
caso podemos combinar de que eu repasse o valor destinado ao Dr. Brito diretamente para o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos. E que irei comentar com Dr. Brito que o contrato dele está cheio de
problemas e que se nào cumprir com o acordado provavelmente o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos, vai deixar
ele "na mão". E Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, relata que vem defendendo os interesses do Dr. Brito, dentro do
Hospital Municipal. E eu comento que foi isto que foi combinado.

(13:15 minutos) Relembro o que foi combinado na reunião na Clínica Multi Imagem, o repasse
de R$ 4.000,00 (QUATRO MIL REAIS) para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, sendo que eu repassaria R$
2.000,00 (DOIS MIL REAIS) E O Dr. Brito R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS), e ressalto que
venho cumprindo com minha parte do acordo, e que isso não é nenhum favor, é o acordado.

(13:43 minutos) Comento que com tudo o que fizemos, conseguimos segura par o Dr Brito o
negócio, e colocar os equipamentos, e que tudo que planejamos deu certo, e que eu espero que
o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos, que defenda nossos interesses dentro da Fundação Municipal de Saúde.

[...]

{16:18 minutos) Afirmo que vou tentar falar com Dr. Brito para que se for o caso ele defina
com o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos, que nâo vai cumprir o acordo. E assuma as consequências deste ato.

(16:35 minutos) comento que o nosso líder é o Dr. Brito, até por que tem cargo mandato, mas
que ele precisa "se dar ao respeito" cumprindo o acordado

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(16:53 minutos) Comento que cada um de nós tem um papel no esquema montado Sendo que o
Dr Brito, junto com o Sr José Reis Cazuza, faz as articulações políticas, o Supervisor do Setor
de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, em
conjunto com sua esposa Denise Schimitz dos Santos, faz os "operacional" dentro do Poder
Público. E eu tenho a capacidade de investimento da empresa, e que é importante agente
cumprir o acordado. E que vou recomendar que o Dr. Brito converse e se acerte com o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos.

(17:48 minutos) Levanto a hipótese do Dr. Brito perder o contrato do Hospital Municipal e as
consequências. E que apesar de conseguir por os equipamentos, e que Dr Brito está iludido
que a Clínica dará muito retorno, mas que uma clínica sem o serviço do SUS, fica inviável.
Principalmente que o Dr. Brito tem que se dedicar ainda as atividades da Câmara de
Vereadores.

No dia 09/11/2017 (ev. 92, inf4, AC), LUIZ JOSÉ DE BRITO pediu a
Reginaldo da Silveira Sobrinho que assumisse os pagamentos devidos a ANDERSON
PEREIRA DOS SANTOS, com o que ele concordou:

"O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson


Pereira dos Santos, me informou que o Dr. Brito alegou que está com muitos compromissos
financeiros e que iria tratar deste assunto comigo, para ver a possibilidade que eu assumisse
estes pagamentos.

Eu argumentei que no novo contrato.o Dr. Brito, já havia combinado comigo que eu terei que
efetuar o repasse de R$ 6.000,00 (SEIS MIL REAIS) distribuídos em três partes de R$ 2.000,00
(DOIS MIL REAIS), uma parcela para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, outra para o Sr. José Reis Cazuza,
e a outra para o Dr. Brito repassar para o Sr. Amauri Castanho, que está fazendo trabalho de
montar as Comissões Provisórias do Partido PATRIOTAS, nas regiões Oeste e Sudoeste do
Paraná. Mas que conversaria sim com o Dr. Brito, para ver como solucionar esta questão.

[…]

O Dr. Brito já iniciou a conversa tratando da questão do Supervisor do Setor de Diagnóstico


do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, afirmando que devido
a altos custos de suas atividades políticas, ele não estava conseguindo honrar os pagamentos.
E me solicitou que o ajudasse nesta questão. Eu afirmei que como ainda não havia recebido
dos valores do novo contrato estou limitado para ter novos gastos.

Mas que quando tiver os valores para repassar para o Dr. Brito eu poderei repassar parte
deste valor para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos. E o Dr. Brito afirmou que prefere que eu faça isto
diretamente, para evitara exposição do seu nome. Embora o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, tenha
ciência que estarei repassando os valores em nome do Dr. Brito".

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Sobre o rearranjo feito, a pedido do ex-vereador, ANDERSON PEREIRA DOS
SANTOS foi comunicado em 20/11/2017 (ev. 93, inf2, AC):

(12:50 minutos) Pergunto se o Supervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital


Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, falou com o Dr. Brito que eu já
confirmei que vou acertar os valores atrasados da propina dele, referente a que deveria ter
sido repassada pelo Dr. Brito, e ele afirma que falou e que o Dr. Brito deu uma risada, e saiu
desconversando, que ele é bagre. Eu comento que pelo menos o Dr. Brito fica mais tranquilo.

(13:11 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital Municipal de


Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos. Comenta que dado umas "cutucadas" no Dr.
Brito referente aos laudos, que entende que ele está crescendo politicamente e que tem muitos
compromissos, mas que precisa laudar os exames, por que tem um contrato que tem que
cumprir. Eu comento quea Aline Castro fica laudando o tempo todo e mesmo assim o Dr. Brito
não consegue dar conta da demanda.

Em juízo, Reginaldo da Silveira Sobrinho declarou sobre este fato específico


(além do fato constante no item 10 da denúncia):

"Ministério Público Federal:- Gostaria que o senhor esclarecesse um pouco mais a respeito
desses supostos pagamentos, o Doutor Brito para o Anderson.

Testemunha:- Não, na verdade, ficou combinado nessa reunião que ele tinha mencionado, de
que ia ser feito esses repasses. Ocorre que segundo a informação do próprio Anderson, o
Doutor Brito repassou uma vez para ele, se eu não me engano, em torno de mil e quatrocentos
reais, e alegando que estava apertado e tal, começou na palavra do Anderson a enrolar ele, a
dificultar esse... E o Anderson inclusive estava preocupado, e nervoso, porque o Anderson era
quem assinava as notas para a gente receber, então ele sabia que o Doutor Brito tinha
recebido, foi pedido inclusive a minha interferência para que falasse com o Doutor Brito para
a gente ajeitar uma outra forma de o Anderson receber esses valores, porque o Doutor Brito
não estava pagando corretamente. Eu mesmo cheguei a comentar com o Doutor Brito dessa
dificuldade com o andar do processo todo, como a gente nesse período daí ganhou um espaço
maior, eles tinham uma promessa de... A gente deixou acertado de que eu iria retirar do valor
desse contrato que nós não chegamos a receber em espécie, que é setenta e cinco mil, eu ia
tirar em torno de dez por cento para fazer pagamentos da seguinte forma, ia tirar mais dois
mil para o Anderson, eu ia passar dois mil para o Doutor Brito, porque ele tinha que pagar a
despesa de um funcionário que ia fazer um trabalho para ele na região aí, junto com o que era
assessor de um deputado, se eu não me engano, o nome do rapaz era Amaury Castan, que o
rapaz ia vir fazer um trabalho para ele no partido, e ele tinha que pagar esse rapaz. Então ia
ajudar com isso também. Dois mil ia dar para o senhor Cazuza, tá, e os outros dois mil que
eram os originais que eu já dava para o Anderson. Então em princípio, daí ia ser resolvido
dessa forma, já que o Doutor Brito não tinha honrado com os demais pagamentos para o
Anderson. Nesse período, inclusive o Anderson comentou comigo que estava chateado porque
ele tinha aumentado através da esposa dele, o envio de tomografias para serem feitas no
hospital municipal de Foz, que a maioria eram feitas no Hospital Costa Cavalcante, e ele tinha
começado a mandar mais tomografias para lá a fim de melhorar para o Doutor Brito a renda,
porque ele laudava os exames de tomografia, e não estava tendo retorno. Então foi mais ou

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menos essa situação".

Judicialmente, ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS negou ter tratado de


qualquer assunto referente a dinheiro com LUIZ JOSÉ DE BRITO, mas a negativa não
enfraquece as provas que sustentam a materialidade e autoria delitivas:

Juíza Federal: - Alguma vez o senhor tratou, isso aqui eu já tou entrando no Fato 7, da
denúncia. Mas também está relacionado a esse, à Dispensa 46. O senhor tratou com o doutor
Brito alguma comissão a respeito de dinheiro?

Réu: - Não.

Juíza Federal: - Alguma vez o senhor insinuou, falou para doutor Brito, ou qualquer, quem
quer seja que sua esposa Denise teria condições de aumentar o número de laudos que seriam
repassados ao hospital municipal?

Réu: - Não mesmo.

Juíza Federal: - [ININTELIGÍVEL].

Réu: - Eu tinha que ver esse monte de coisa, pelo fato que não tem esse poder, né. Eu jamais
ia sujeitar a isso.

Juíza Federal: - Alguém, a reunião, os encontro que o senhor tinha com seu Reginaldo no
hospital, eram a, às portas fechadas...

Réu: - Não.

Juíza Federal: - Ou era na frente de todos?

Réu: - Não, era na minha sala, porta aberta.

Juíza Federal: - E alguém estranhada, um envolvido na Operação...

Réu: - A gente comentava muito porque eles, que ele sempre estava ali, não é? Sempre estava
ali. Tinha umas época ali, que ele ia três, quatro dias na semana, direto.

Juíza Federal: - Ah, mas alguém estranhava a presença dele ali? Que ele também era
servidor, não é?

Réu: - É. No começo sim. No começo sim. Pelo fato dele ser ligado a E-People. Como o cara
que é ligado a E-People é no, hospital e direção, recolhe para prestar serviço para o hospital,
não é? A gente, todo mundo estranhava, mas, o hospital que liberou, não é?

LUIZ JOSÉ DE BRITO também negou que tivesse repassado qualquer propina
ao corréu, tampouco que tenha acordado em fazê-lo:

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Juíza Federal: - Vamos ao fato sete. Esse fato sete da denúncia diz respeito a essa dispensa de
licitação, mas ela versa sobre a conduta de o senhor pessoalmente ter repassado propina ao
Anderson. Isso ocorreu?

Réu: - Jamais. Eu até quero, aproveitar, doutora, se é, pra mim não tem valor, né, a palavra
desse indivíduo, mas ele prestou aqui em juízo e inclusive informou que, supostamente, o
senhor Anderson teria reclamado com ele que eu não pagava.

Juíza Federal: - Sim.

Réu: - Então, eu já acho que isso aí corrobora o que eu estou falando, que jamais paguei e
pagaria alguma coisa para essas...

Juíza Federal: - Mas a pergunta é o senhor ajustou ou disse que pagaria a ele?

Réu: - Jamais, até porque não tinha motivação nenhuma pra fazer isso.

Juíza Federal: - Uhum. Tá, eu queria que o senhor comentasse sobre um trecho interrogatório
do seu Cazuza, ontem, no sentido de que ele, ele, Cazuza, acredita que o senhor teria um
contato, embora não possa dizer quem seria esse contato, dentro do Hospital Municipal que
forneceria ao senhor informações privilegiadas. O senhor tem algo a dizer a respeito disso?

Réu: - Não conheço qualquer pessoa, jamais tive algum contato lá dentro, somente relações de
trabalho legítimas.

Juíza Federal: - Só pra delimitar a conduta no espaço-tempo, é, o ajuste dessa propina que
supostamente o senhor passaria ao Anderson teria ocorrido no dia 8 de maio de 2017, o que o
senhor já negou aqui, teria existido qualquer diálogo nesse sentido. O senhor encontrou com o
seu Anderson em algum momento, fora do hospital?

Réu: - Acho possível que tenhamos nos encontrado, porém, não lembro exatamente quando,
onde, nem o que foi falado. Mais, somos homens públicos, trabalhamos, temos lazer, vamos a,
né, eventos. Então é possível que nós temos nos encontrado sim.

Juíza Federal: - O senhor circula na mesma roda que o senhor Anderson?

Réu: - Não exatamente, mais é uma relação só de trabalho, trabalho mesmo.

Juíza Federal: - Em algum, em algum momento encontrou com ele numa padaria?

Réu: - Não recordo de ter encontrado com ele nesse ambiente.

Juíza Federal: - O senhor acredita que se encontrou com ele, mas não, ou tem certeza...

Réu: - É possível, eu diria que é possível. É possível, mas não recordo qualquer evento desse.

Juíza Federal: - E nem a finalidade do encontro? Mas o senhor acredita que encontrou, ou

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melhor, que é possível que tenha encontrado, mas o senhor sabe dizer se encontrou com ele
sozinho ou na companhia de terceiros?

Réu: - Com certeza não foi na, com terceiros. Com certeza se isso aconteceu, teria sido
sozinho, porque jamais tive alguma agenda formal com o se, servidor.

Juíza Federal: - Mas o senhor acredita ser possível que encontrou com ele, de uma forma, é,
por coincidência ou porque previamente combinaram de se encontrar?

Réu: - Teria sido por mera coincidência.

A negativa, porém, não afasta a ilação de que o ex-vereador corrompeu


ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS. Assim, perfeitamente demonstrada a materialidade
delitiva.

b) Autoria

A autoria é certa e recai sobre os acusados ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS, beneficiário do ajuste e do efetivo recebimento de vantagem indevida pecuniária, e
LUIZ JOSÉ DE BRITO que a ofereceu, tanto como prêmio pelo direcionamento da Dispensa
nº 46/2017, como pela defesa dos interesses da Clínica Multi Imagem dentro do Hospital
Municipal Padre Germano Lauck. Nesse sentido, são as provas já acima referidas.

Importante ressaltar, ainda, o diálogo mantido entre LUIZ JOSÉ DE BRITO e


Reginaldo da Silveira Sobrinho em 30/06/2017, no qual este ressalta a importância estratégica
da união com ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS (ev. 58, inf4, AC):

"(23:09 minutos) O Dr. Brito disse não sabe dizer se esta falta de abertura, pode ser que
tenham medo do poder dele de fiscalização, ou se existem outros interesses, mas que de
qualquer forma estávamos lá.

(23:33 minutosJQuestiono sobre o contato a nível estadual, e o Dr. Brito afirma que até o
momento não rodou nada. e que entende a dificuldade dos pedidos, e que normalmente só se
mexem por interesses próprios, mas que pode ser que ainda renda, que tudo é uma questão de
tempo, e que cada dia pode acontecer um fato novo, e que já deu entrada nos requerimentos.

(24:15 minutos) O Dr. Brito acredita que a questão da Licitação aparentemente já está
superada e que no credenciamento na pior das hipótese ele segura metade do serviço. E que o
ideal seria uma composição com o Dr. Allan Gurgel do Amaral, mas que ele é muito instável.
E que a ideia seria largar o plantão presencial e ficar com o sobreaviso e os laudos. Eu
comento que desta forma ele já não precisa ir no Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. E que
abriria mão de uns R$ 8.000,00 (OITO MIL REAIS).

(25:56 MINUTOS) O Dr. Brito comenta que para compensar os R$ 8.000,00 (OITO MIL
REAIS), perdidos das horas plantão, ele pode pedir para o Supervisor do Setor de Diagnóstico
do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, liberar maior
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quantidades de laudos.

(26:06 minutos) Comento que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de


Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, está em posição de poder dentro da Fundação
Municipal de Saúde de foz do Iguaçu, que inclusive ele que assina a nota referente ao meu
contrato. E o Dr. Brito disse que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal
de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, ganhou a confiança da administração da
fundação Municipal de Saúde. E eu comento que novamente ele chegou a ir lá entregar o
cargo e o Diretor PresidenteRaymundo Marques Machado, nâo aceitou e que vai adequar os
horários para que ele possa continuar no cargo.

[..]

(28:22 minutos)Comento que não tinha pensado na hipótese mais que conforme comentado
pelo Dr. Brito o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos, poderá atuar inclusive na manutenção de quantidades de
laudos, e o Dr Brito diz que sempre fortaleceu a imagem do Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, perante a
diretoria da Fundação Municipal de Saúde. Quena ultima reunião na diretoria teceu diversos
elogios, e que chamou ele de herói".

[...]

(45:18 minutos) Comento que a ideia de sair candidato a Deputado Federal é boa. mas que
esbarra na questão dos recursos financeiros e o Dr. Brito comenta que se estiver sem recurso
ele nem sai candidato. Mas que hoje até uns RS 200.000.00 (DUZENTOS MIL REAIS) do jeito
que as coisas estão indo ele consegue de recursos próprios para investir na campanha aqui em
Foz do Iguaçu. E que coma s estratégias de midia que ele está montandonão é muito cara para
fazer campanha centrada em Foz do Iguaçu. Que ele já tem experiência e que com o nome
conhecido fica fácil. E que se conseguir 30 mil votos já sai cacifadoda próxima eleição.

A autoria delitiva também recai sobre JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO,


embora ele também tenha negado ser responsável pelo crime em comento:

Juíza Federal: - Por isso eu acrescento, a gente vai já para o Fato 7.

Réu: - Sim senhora.

Juíza Federal: - Tá. O Fato 7 diz respeito a suposto repasse de propina de Luís Brito a
Anderson, o primeiro fato dizia respeito ao Fato 6, a repasse de propina direto do senhor
Reginaldo para o senhor Anderson. Esse Fato 7, dentro do mesmo contexto, também em
decorrência, como uma contraprestação pelo favorecimento na dispensa de licitação lá em
abril, o senhor já falou que não tem conhecimento, isso aqui diria respeito ao repasse
diretamente do Doutor Brito para o Anderson, como forma de agradecer pela relação mantida
entre os dois. O senhor tem conhecimento a respeito disso?

Defesa: - A defesa técnica reitera o posicionamento para que o interrogado permaneça em

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silêncio.

Réu: - Agradeço mais uma vez. Não senhora, não me recordo de nada nesse sentido.

Juíza Federal: - Essa solicitação, segundo a denúncia, teria ocorrido no dia 08 de maio de
2017, antes da data importante...

Réu: - Do dia 13 de maio, exato.

Juíza Federal: - Teria sido o primeiro momento que o senhor teve contato com o Reginaldo.

Réu: - Essa minha afirmação inclusive é a mesma do Reginaldo.

Juíza Federal: - Perfeito. Tá, então o senhor não tem conhecimento sobre isso. Também seria
o valor de dois mil reais.

Réu: - Posso falar uma coisa aqui a respeito de dois mil reais, que eu me lembro?

Juíza Federal: - Sim.

Réu: - O senhor Reginaldo, em uma das coisas que foram omitidas na acusação e nos
depoimentos dele, deve tá nas gravações, porque eu suponho que ele gravou todas as reuniões
comigo, ele me ofereceu dois mil reais por mês, eu comentando, vai ser um outro fato que a
senhora vai falar lá na frente do tráfego de influência. Ele me ofereceu dois mil reais porque...

Juíza Federal: - Então vamos por partes.

Réu: - Sim senhora.

Juíza Federal: - E essa propina também, no caso da acusação do Item 7, teria também
ocorrido em mais de uma oportunidade. Novamente eu vou só reiterar, que o senhor já me
disse que não tem conhecimento sobre o assunto, então não vou indagá-lo mais a respeito
disso, para ela não prejudicar a sua própria defesa.

Réu: - Sim senhora.

O acusado, como já antes alinhavado, assumiu a função de mentor político do


acusado LUIZ JOSÉ DE BRITO. Isso foi, inclusive, comentado pelo supervisor de setor de
radiologia com Reginaldo da Silveira Sobrinho (ev. 93, inf2, AC - 20/11/2017):

"(14:39 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital Municipal de


Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, diz que comentou com a Aline Castro que vê que
hoje o Dr. Brito cresceu politicamente, que melhorou até o discurso, e eu comento que isto se
deve a articulação do Sr. José Reis Cazuza, que é "macaco velho", que agora Dr. Brito pegou
uma linha ideológica que vai seguir.

(15:07 minutos) Comento que vou pagar o Sr. José Reis Cazuza, por que ele é o cérebro, e que

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por isso tem que pagar ele, que por exemplo quem estava como metre de cerimônias do evento
de filiação do PATRIOTAS era o Sr. José Reis Cazuza.

(15:39 minutos) comento que o Sr. José Reis Cazuza que está pegando dinheiro com os
empresários para custear por exemplo a questão dos 20 outdoors, que serão colocados em
dezembro. E Cito o caso do empresário que estaria envolvido em irregularidades no
Transporte Escolar e que pagou R$ 5.000,00 para serem usados na colocação dos outdoors em
troca de nãos ser convocado para depor na CPIdo Transporte Escolar , da qual Dr. Brito é o
presidente. Ou seja que o Sr. José Reis Cazuza é útil. E que ele que deu todas as orientações
para o Dr. Brito, para se abraçar com o Deputado Jair Bolsonaro. E comento que realmente
percebi uma mudança no Dr. Brito, sendo que oSupervisor do Setor de Diagnóstico por
Imagem do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comenta que
até o discurso do Dr. Brito melhorou.

(17:24 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital Municipal de


Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comenta que cobrou para o Dr. Brito por os
laudos em dia, e eu disse que não sei como ele vai fazer, pois mesmo tendo a Aline Castro
laudando os exames ele não está dando conta, e que cada vez mais o Dr. Brito estará sem
tempo para laudar, devido a questão política.

(17:50 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital Municipal de


Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comenta que quando é para laudar exames da
Dra. Mônica, o Dr. Brito se preocupa e toma cuidado para laudar os exames rapidamente,
pois tem medo, já que a Dra. Mônica. Eu comento que a Dra. Mônica tem voz ativa dentro do
Hospital Municipal e o Supervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital Municipal
de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comenta que além de ter voz ativa em caso de
problemas ela fala direto com a direção do Hospital Municipal, antes de se reportar ao
profissional."

Mas não era apenas isso. Ainda que tenha negado interferir no trabalho de
médico exercido por LUIZ JOSÉ DE BRITO (o que não é verdade, como se viu nos tópicos
anteriores), em reunião do dia 24/05/2017, às 14h, JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO
afirmou que também interveio para o pagamento das notas fiscais da Multi Imagem (ev. 26,
inf3, IPL), sendo evidente que o trabalho empresarial desenvolvido como médico era
relevante, tanto para o ex-vereador como para seu assessor informal, para que LUIZ JOSÉ
DE BRITO conseguisse a projeção política que tanto desejava:

E que graças a articulação dele que a CPI não ocorreu, o Dr. Brito ponderou que a CPI não
iria dar em nada e eu e o senhor José Reis Cazuza ponderamos que iria dar um grande
desgaste político. O Dr. Brito reclamou que não estaria sendo atendido de maneira
diferenciada em relação a trâmites para pagamento de uma nota fiscal, momento em que o Sr.
José Reis Cazuza disse que o Whashington explicou os desentendimentos ocorridos e que a
missão do Whashington seria pagara nota da Multi Imagem na semana corrente.

A acusação fundamenta a autoria de DENISE SCHMITZ no fato de que, além


de esposa de ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, e beneficiária mediata da propina, a

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acusada, que é servidora pública municipal responsável por agendar exames, ocuparia a
função de direcionar exames para o Hospital Municipal de Foz do Iguaçu/PR, beneficiando
LUIZ JOSÉ DE BRITO. Nesse sentido, é o diálogo entre ANDERSON PEREIRA DOS
SANTOS e Reginaldo da Silveira Sobrinho, ocorrido no dia 18/08/2017, na Padaria Trigo &
Cia (áudio gravado) - ev. 67, inf3, AC:

(27:26 minutos)0 Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,


Anderson Pereira dos Santos, relatou que o Dr. Brito solicitou o aumento do volume de exames
eletivos, para compensar a perda de horas plantão, e que a Aline funcionária do Dr. Brito,
comentou que a responsável pelos encaminhamentos é a esposa do Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, a
servidora pública municipal Denise Schmitz dos Santos. Eo Dr. Brito confirmou que sim., O
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos disse que falou que iria direcionar todas as Tomografias para o Hospital
Costa Cavalcanti, e que o Dr. Brito solicitou que direcionasse tudo para o Hospital Municipal,
inclusive exames contrastados, que não eram feitos anteriormente devido a falta de médico
radiologista presencial,

(28:09 minutos) 0 Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, afirmou que já aumentou o volume de Tomografias
eletivas, para o Hospital Municipal que chegou a fazer apenas dois exames no mês, e que
agora pela intervenção dele junto a sua esposa Denise Schmitz dos Santos, jã estão fazendo
cerca de 05 â 07 exames por dia. Comento que a esposa doSupervisor do Setor de Diagnóstico
do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, Denise Schmitz dos
Santos, que manobra isso lá e que ele já vai poder deixar ela mais feliz este final de semana, e
o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos, afirma que o dinheiro que repassei para ele, vai direto para mão da sua
esposa Denise Schmitz dos Santos, para pagar umas contas. Que ele afirmou ó dinheiro
extra.

(28:53 minutos) Pergunto para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal


de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, se su esposa Denise Schmitz dos Santos,
sabia que os valores eram oriundos dos contratos, e ele disse que inicialmente , afirmou que
se a empresa fechasse o contrato com o Hospital Municipal iria receber por um mês e que
posteriormente, falou que devido a empresa estar contente com o trabalho dele iria pagar
novamente. Eu comentei que quando a operação pecúlio foi deflagrada o meu maior
problema, foi que minha esposa não sabia que eu estava envolvido em ilícitos. E que o
melhor é que realmente é melhor quea esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do
Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos tenha conhecimento dos
fatos, pois se der algo errado a ela não pode alegar desconhecimento. Que no meu caso
minha esposa só via que eu trabalhava e não sabia que estava envolvido em nada ilegal, que
foi um problemão explicar para ela. Mas ponderei que como a esposa do Supervisor do Setor
de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
estava dentro da Secretaria de Saúde, para ela isso deveria ser mais tranquilo.

(31:06 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, cita como exemplo o caso do oftalmologista ( Dr.

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Roberto Cacciari Filho), que devido a acordos que ele fez, que estaria recebendo um valores
por serviços que não foram prestados nem a metade, e que recebe valor integral"

Do diálogo acima transcrito, infere-se que, realmente, DENISE SCHMITZ


tomou conhecimento de que ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS solicitou vantagem
indevida para atuar no direcionamento de contratos em favor da Bravix Medical, em razão da
função ocupada pelo marido. Dos diálogos já transcritos no tópico anterior, também é
possível inferir que era de conhecimento de acusada que LUIZ JOSÉ DE BRITO havia
prometido o pagamento de propina no valor de R$ 2.000,00, bem como que o ex-médico
estaria descumprindo o acordado (chamou-o de "lazarento"). Também ficou demonstrado que
DENISE SCHMITZ usufruiu da propina efetivamente paga a seu esposo, eis que ela era
utilizada para o pagamento de despesas domésticas. Em que pese o comportamento altamente
reprovável, sob o aspecto moral e ético, certo é que a autoria delitiva não pode ser atribuída,
de forma inconteste, a DENISE SCHMITZ.

Segundo a teoria do domínio funcional do fato, é autor propriamente dito aquele


que pratica o núcleo do tipo penal. Por outro lado, o autor intelectual é aquele que planeja
mentalmente a empreitada criminosa e possui o domínio do fato, ainda que da parcela
criminosa que lhe cabe.

DENISE SCHMITZ não tomou qualquer parte nas tratativas que resultaram no
efetivo recebimento de propina. Não a solicitou, portanto. E, ainda que se considerasse que
ela tenha usufruído da vantagem indevida, não é certo atribuir a ela o recebimento da dádiva,
pois não guardava qualquer liame com sua função pública exercida na Prefeitura Municipal
de Foz do Iguaçu/PR. Assim, além de não praticar, pessoalmente, quaisquer dos verbos do
tipo penal, a acusada não detinha domínio do fato, já que ela somente veio a ter conhecimento
do crime na fase de exaurimento da infração penal.

DENISE SCHMITIZ foi citada pela primeira vez, nos relatórios de Reginaldo
da Silveira Sobrinho, no seguinte contexto (ev. 33, inf5):

"Continuou afirmando que nas reuniões em que participa sempre os membros da Intervenção
criticam a Administração Pública Municipal e que nas reuniões daSecretária de Saúde
Municipal Inês da Saúde, com a diretoria da secretaria Municipal de Saúde, com a
participação de Denise Schmitz dos Santos (esposa de Anderson), a Secretária sempre reclama
que "quer o Hospital de volta".

[...]

Ressaltei a posição privilegiada doSupervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal


de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, que conta com um Vereador Dr. Brito "na
mão", a esposa trabalhando junto com a Secretária Municipal de Saúde, momento em
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos reforçou a Secretária Municipal de Saúde, sempre pede orientação para
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sua esposa Denise Schmitz dos Santos, ressaltei a importância deste fato".

O nome de DENISE SCHMITIZ surgiu em outros Relatórios de Atividades,


adiante transcritos:

(31:17 minutos) Pergunto sobre a situação na Secretaria de Saúde e o Supervisor do Setor de


Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, começa
dizendo que a mulher dele Denise Schmitz Dos Santos, que é servidora pública municipal e
trabalha diretamente com a Secretária Municipal de Saúde, Inês da Saúde, está de "cabelo em
pé" que disse que lá na Secretaria os negócio "está graúdo".

(31:42 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comenta que sua mulher Denise Schmitz Dos Santos,
é a responsável pelos credenciamentos e agenda de médicos na Secretaria de Saúde. E
inclusive relata dificuldades que teve de pagamentos de uma médica Dra. Iara Neuropediatra,
teria feito escândalo devido a falta de pagamentos, e que as coisas não andam
administrativamente quando solicitadas pela Secretária de Saúde. (ev. 55, inf7, AC).

----------------------

Roberto Cacciari Filho disse que tem condições de conseguir que o prefeito Chico Brasileiro e
a Secretária de Saúde Inês Weiszmann dos Santos.direcionem os serviços da prefeitura para o
Poliambulatório. E o Dr. Brito lembrouque a responsável pelos encaminhamentos de pacientes
para exames e consultas, na prefeitura é a esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do
Hospital Municipal, Anderson Pereira dos Santos, e que ali "é nosso". O Dr, Roberto Cacciari
Filho disse que tem que alinhare que depois que o serviço estiver estabilizado, ninguém mais
tira de lá. (ev. 61, inf7, AC).

----------------------

(22:02 minutos) Pergunto ao Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de


Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos se a sua esposa Denise Schimitz dos Santos, está
recebendo alguma gratificação, tipo Função Gratificada. Ele responde que sim e que tinham
dado depois tirado e novamente concederam. E que todo semana ela diz que está largando.o
cargo e que ela é "muito correta".

(22:21 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comenta que no caso da Cristalink, a sua esposa Denise
Schimitz dos Santos, conversa com o Dr Roberto Cacciari Filho diariamente E que a sua
esposa Denise Schimitz dos Santos, comentou que eles realmente diminuíram muito a fila, mas
que não estão cumprindo com muita coisa prevista no contrato, porexemplo em relação aos
exames, que os médicos da Cristalimk. solicitam e a própria Cristalink teria que realizar e não
estão fazendo, e que tem um exame, que ele nâo sabe o nome que eles nem dispõe do
equipamento necessário para realizar

[…]

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(28:17 minutos) Comento que no caso da esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do
Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos, a servidora Denise
Schimitz dos Santos, que pega as 'buchas" da Secretaria Municipal, não sabia se valia a pena
O Supervisor do Setor de Diagnóstico doHospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos, relatou que a sua esposa. Denise Schimitz dos Santos, recebia uma
gratificação por chefia, e que o prefeito Chico Brasileiro, modificou a forma de pagamento,
unificando os valores e que a sua esposa Denise Schimitz dos Santos, avisou que ina
abandonar o cargo, mas foi orientada pela secretaria de saúde. Inês Weizemann dos Santos a
esperar e que voltaram a pagar a referida gratificação e que houve rumores que iriam cortar
novamente a gratificação, e que sua esposa Denise Schimitz dos Santos, afirmou que se isto
ocorrer não vai nem discutir, voltando apenas a fazer as marcações de consultas, que sena sua
função Eu cometo que as vezes o valor da gratificação nâo vale muito a pena E o Supervisor
do Setor de Diagnóstico doHospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos
afirma que realmente nâo vale. que inclusive comentou com a sua esposa Denise Schimitz dos
Santos, que estes dias chegou nervosa em casa (29:32 minutos) O Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, afirmou
que não é que ele esteja desprezando o valor da gratificação de RS 1.100.00 (HUM MIL E
CEM REAIS), mas que o cargo é importante por que ela "esta no meio" e que eles trocam
muitas informações Eu comento que estrategicamente vale mais que o valor da gratificação, e
cita o caso da informação de que a prefeitura vai assumir a gestão do Hospital Municipal já
em novembro de 2017. Que ele obteve a informação através da sua esposa Denise Schimitz dos
Santos, que participou de uma reunião coma equipe do Hospital Municipal e a Direção do
Hospital Municipal. (Ev. 77, inf2, AC – 11/09/2017).

----------------------

(15:19 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, diz que a sua esposa Denise Schimitz dos Santos, está
brava com a Olga Regina de Souza ( Olga da Saúde), pois terá que responder sobre a questão
do fura fila, e que a sua esposa Denise Schimitz dos Santos, disse quei"deixa a Olga da Saúde
vir pedir para ele trabalhar para ela pra eleições do Estado.

[...]

(16:20mintos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,


Anderson Pereira dos Santos, volta ao assunto da Olga da Saúde, que teria furado fila e que a
a sua esposa Denise Schimitz dos Santos, que terá que responde o processo para o Ministério
Público, eu pergunto se a Olga da Saúde, marcou foi com a Denise Schimitz dos Santos, e o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos, disse que nâo, que na verdade a Olga da Saúde, marcou no Posto de
Saúde, e que seguiu os trâmites, mas que conseguiu ser atendida muito mais rápido que o
normal E que se utilizou do fator idade, e que devido aquestão da idade de ter sido utilizado
diversas vezes o Sistema de Saúde, as consultas e procedimentos foram "agilizados" na
regulação Eu pergunto se a esposa do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos. Denise Schimitz dos Santos que é a
responsável pelo setor e ele afirma que sim Eu afirmo que as vezes foi fazer um "favor" e se
complica OSupervisor do Setor de D agnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu.
Anderson Pereira dos Santos relata que a sua esposa Denise Schimitz dos Santos, está com

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receio de ir no Ministério Público, pois tem vergonha de falar em público Eu comento que
sorte que o cargo dela é mais técnico, exigindo menor participação em reuniões, e o
OSupervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos, relata que sua esposa Denise Schimitz dos Santos, tem participado
constantemente de reuniões E que inclusive participou da reunião de hoje no COMUS. (ev. 77,
inf3).

----------------------

(27:47 minutos) Comento que importante que a prestação do carro do Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, está em
dia e ele comenta que a mulher dele até está mais feliz com ele, que ela está faceira com ele.

(29:46 minutos) Comento que a mulher do Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital


Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, está me posição estratégica, e que
mesmo ganhando mais ele deve estar sobre pressão. Devido a questão da anunciada redução
dos valores da hora plantão de médicos, e cometamos sobre a inviabilidade da prestação de
serviços de Raios _ X contrastados para prefeitura devido a pequena demanda e constantes
atrasos no pagamento. (ev. 58, inf2, AC).

----------------------

(20:38 minutos) O Dr. Brito comenta que a fatura mensal, lá no hospital Municipal, pelos
serviços previstos no contrato vai passar de R$100.000,00 (CEM MIL REAIS). Eu afirmo que
sim, que tinha comentado com o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de
Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos. E o Sr, José Reis Cazuza, comenta que um
pediatra vai pedir laudos de cem por cento dos exames de Raios-X. (Ev. 58, inf3, AC, em
07/07/2017).

----------------------

Administrativa Financeira Nelci Inês Mai Velasco. Eu pergunto sobre a situação da esposa
dele Denise Schimdt dos Santos, e oSupervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do
Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos, diz que não deve mudar
nada pra ela , e que a mesma seencontra em "pé de guerra" com a Secretária Municipal de
Saúde Inês Weizemann dos Santos por ter trocado alguns servidores da sua equipe, sem que
ela fosse consultada. E comentamos ainda que já vai pro segundo ano do mandato do prefeito
Chico Brasileiro e que ele tem que fazer alguma coisa para dar tempo de ter resultado (Ev. 93,
inf2, AC).

----------------------

(20:51 minutos) Pergunto para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de


Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos se o Dr Bnto comentou com ele. algo sobre o
serviço no Poliambulatóno E ele afirma que o Dr Brito comentousim E eu digo que
provavelmente, devido ao fato da esposa deleDenise Schmitz dos Santos trabalhar dentro da
secretana de Saúde ele já tena conhecimento que o será instalada uma Unidade de Pronto
Atendimento 24 horas (UPA) no Poliambulatório O Supervisor do Setor de Diagnóstico do

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Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos . diz que tem
conhecimento inclusive que virá verba do Estado para este serviço. Eu comento que a parte do
diagnóstico será nossa Que terá além dos equipamentos a parte de Técnicos em Radiologia e
que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson
Pereira dos Santos, estava dentro do projeto. ( conforme combinado em reunião antenor,
ocorrida entre nós e o Dr Bnto na Clinica Multi Imagem) e reforcei que somos um grupo que
se crescer ou diminuir vai junto, E o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos, comenta que está a disposição
para o que precisar(Ev. 67, inf3, AC).

Embora a acusada fosse responsável por agendamentos de consultas e exames,


não há provas incontestes de que ela tenha atuado para beneficiar LUIZ JOSÉ DE BRITO, no
âmbito da Prefeitura Municipal e Saúde. É até crível que LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE
OLIVEIRA REIS NETO tenham tido esse entendimento, pois ambos regozijavam-se do
poder que exerciam sobre outros, muitas vezes de forma até fantasiosa. Cito, por exemplo, o
caso de Ademir Ferreira, referido pelo então vereador como “parceiraço” e, logo em seguida,
quando notado que ele não iria atuar em favor do grupo criminoso, foi xingado por LUIZ
JOSÉ DE BRITO. Também não se descarta que ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS
tenha incentivado essa forma de pensar a respeito de sua esposa, pois certamente isso
incrementaria a sua própria importância dentro do grupo criminoso. Nesse sentido, é a minha
conclusão sobre o diálogo abaixo (ev. 85, inf3, AC, em 12/10/2017):

"(07:48 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital Municipal de


Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos, cometa que sua esposa Denise Schmitz Dos
Santos se desentendeu com a primeira dama do município Rosa Maria Jerônimo Que a
questão foi relativa a fila de pacientes esperando por mais de dois anos para realizar exames,
e que a primeira dama teria alegado que é má vontade dos funcionários, e que a sua esposa
Denise Schmitz Dos Santos, retrucou que nâo dão condições de trabalho que o outubro Rosa é
só enganação, pois ele só consegue agendar duas mamografias por semana, e que não
consegue marcar mais consultas por que não tem médico. Eu comento que se nâo dão meios
para a esposa dele trabalhar não tem como fazer.

[…]

(18:48 minutos) Comento que o Supervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, está inclusive usando a esposa
Denise Schmitz Dos Santos para direcionar a demanda para o Dr. Brito, e que tem que ser
pago o valor combinado. E oSupervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comentou que parece que o Dr.
Brito parece que está fugindo dele, e eu comento que vamos acertar isso e que vamos tentar
marcar para por os pingos nos "is".

Em juízo, foram ouvidas testemunhas de defesa, que afirmaram não ser possível
o direcionamento de exames a um médico específico, o que, a meu ver, reforça a teste de que
DENISE SCHMITZ não agia em benefício de LUIZ JOSÉ DE BRITO.
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Em que pese o MPF tenha informado que os testemunhos da defesa
contrariavam o ofício já transcrito no tópico anterior, respondido pela própria Secretaria de
Saúde, o próprio Diretor do Hospital Municipal Padre Germano Lauck afirmou que, nos
exames de Raio-X, a solicitação é feita pelo médico, mas o agendamento é feito pelo próprio
paciente. Já nos casos de exames de tomografia e ultrassom, há maior interveniência da
Secretaria de Saúde (ev. 123, ofic1).

De fato, observa-se que, em agosto de 2017, LUIZ JOSÉ DE BRITO teve um


pico de remuneração em razão dos serviços médicos de Raio X, que são agendados pelos
pacientes sem interveniência da Secretaria de Saúde e, portanto, da ré (ev.132, ofic1):

Já em relação ao número de exames de tomografia, que dependem de


autorização da Secretaria Municipal de Saúde, o Ministério Público Federal não se
desincumbiu do ônus de demonstrar o efetivo aumento no número de laudos médicos para o
Hospital Municipal, prova que poderia ter sido produzida com razoável facilidade.

Inclusive, DENISE SCHMITZ encontrava entraves para marcar exames de


mamografia, pois não havia médicos (ev. 85, inf3, AC – 12/10/2017):

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(07:48 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital Municipal de
Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos, cometa que sua esposa Denise Schmitz Dos
Santos se desentendeu com a primeira dama do município Rosa Maria Jerônimo Que a
questão foi relativa a fila de pacientes esperando por mais de dois anos para realizar exames,
e que a primeira dama teria alegado que é má vontade dos funcionários, e que a sua esposa
Denise Schmitz Dos Santos, retrucou que nâo dão condições de trabalho que o outubro Rosa
é só enganação, pois ele só consegue agendar duas mamografias por semana, e que não
consegue marcar mais consultas por que não tem médico. Eu comento que se nâo dão meios
para a esposa dele trabalhar não tem como fazer".

Ainda que assim não fosse, é possível e provável que o eventual incremento do
número de laudos tenha decorrido de outros fatores que não o direcionamento feito por
DENISE SCHMITZ: novo credenciamento da Multi Imagem, dentro do Hospital Municipal; e
afastamento de outros médicos que antes executavam o serviço, férias de médicos
radiologistas etc. Por outro lado, o fator decisivo no aumento dos ganhos de LUIZ JOSÉ DE
BRITO foi o direcionamento de exames, dentro do próprio Hospital Municipal, pelo próprio
ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, que, inclusive, ludibriava a diretoria, argumentando
que o acréscimo de faturamento decorrida do também aumento do número de médicos na área
de ortopedia:

"(21:41 minutos ) Pergunto quanto está dando o faturamento do Dr. Brito no Hospital
Municipal já incluindo os exames a mais que o Supervisor do Setor de Diagnóstico por
Imagem do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, está
direcionando pra ele E oSupervisor do Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos, comenta que no mês passado o Dr
Bnto faturou algo em torno de R$66 000.00 (SESSENTA E SEIS MIL REAIS) e que ele
inclusive vem sendo questionado pela administração devido o aumento do volume de laudos do
Dr. Brito. E que ele usa como justificativa (falsa) o aumento de médicos na rede de saúde
Municipal. (ev. 85, inf3, AC, em 12/10/2017).

Inclusive, LUIZ JOSÉ DE BRITO vinha fazendo laudos de exames não


solicitados pelos médicos, tudo para aumentar seus rendimentos (ev. 85, inf5, AC):

"(29:14 minutos) Comento que no dia antenor falei com o Dr Bnto. sobre a impossibilidade de
laudar 11 mil laudos do Estado e fazer campanha politica

( 29:30 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu Anaersor Pere ra dos Saltos reiata que aumento o volme de laudos para o Dr Brito,
inclusive pacientes de retomo da ortopedia, e exames que nâo foram pedido laudos ele esta
mandando pra laudo, e relata que a quando foi levar a planilha para pagamento na
administração, foi questionado sobre este aumento no volume de laudos E que se justificou
dizendo que era devido ao aumento de médicos ortopedistas na rede municipal, e que vai
aumentar ainda mais o volume de laudos devido ainclusão de médicos reumatologistas na rede
munidpal E que os laudos estão atrasados, que no dia 25 de setembro ainda tinham exames do
dia 30 de agostopara laudo. E que ele direciona os exames de Raios -X para o Dr. Bnto. E
que fez uma ameaça de começar a repassar os exames atrasados para o Dr. Danilo laudar.

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( 31 00 minutos) Comento que o Dr Bnto me solicitou que encaminhasse dois mil laudos
para ele. e que como ele já nâo da contata da demanda atual, e quer ainda mais 11 mil laudos
do Estado, seria impossível ele laudar estes exames.

(31:24 minutos) Relato que o Dr. Brito confirmou que a sua funcionána Aline Castro está
laudando exames para ele

(31:28 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, cometa que a Aline Castro, está laudando os exames
mais simples, primeiro . que quando é uma coluna por exemplo ela demora mais. e que os
laudos de mâo. braço, entre outros é rapidinho, e que ele sabe que é a Aline Castro que esta
emitindo os laudos sendo que os exames de tórax por exemplo sâo todos iguais, como um
protocolo, mesmo vendo que os exames sâo totalmente diferentes, eu comento que isto é uma
loucura, que eu nâo teria coragem de fazer laudos de exames, que mesmo trocando opinião
quando solicitado pelo médico, e deixar o médico definir o diagnóstico.

(36:10 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, cometa que se fosse um exame de antebraço para ver
fratura, mesmo não sendo o certo ainda daria pra fazer, mas que a funcionária do Dr. Brito
Aline Castro, está laudando exames de tórax, e que mesmo assim estão com laudos atrasados.

(36:26 minutos) Comento que este atraso, é um argumento importante para negar os 2 mil
laudos para o Dr Brito, já que ele nâo está dando conta dos laudos do Hospital Municipal de
Foz do Iguaçu, e que nos locais onde temos contratos de laudos, nâo temos um "Anderson"
para 'segurar a bronca" as coisas e que laudos com mais de 10 dias de atraso, estão fora da
realidade do mercado de São Paulo. E o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, relata como está ajudando o Dr.
Brito avisando dos exames atrasados.

LUIZ JOSÉ DE BRITO reservava exames para laudar causando


descontentamento de outros médicos, mas atrasava a entrega dos resultados, chegando a ser
bloqueado no sistema, tudo com anuência de ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS (ev.
201, inf1, IPL):

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É até verdade que DENISE SCHMITZ repassava informações de que tinha


conhecimento em razão do cargo que ocupava na Secretaria de Saúde de Foz do Iguaç/PR. No
entanto, além de não verificar que seriam informações estratégicas para o grupo (nada
obsante, em se tratando de servidores públicos municipais vinculados ao executivo, muito
dependentes de funções gratificadas, seja natural que qualquer informação seja concebida
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como relevante), os diálogos tem espaço dentro de um contexto familiar, no qual uma esposa
desabafa acerca de seus problemas laborais para seu companheiro.

Assim, em que pese existissem fortes indícios de autoria para o recebimento da


denúncia, não há como, diante do cenário probatório até então colhido e das relevantes provas
trazidas pela defesa, acolher o pedido condenatório.

Com efeito, com exceção de DENISE SCHMITZ, a autoria delitiva encontra-se


demonstrada.Passo à qualificação jurídica dos fatos.

c) Tipicidade

A conduta dos réus LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS


NETO enquadra-se, perfeitamente, ao tipo penal prescrito no art. 333 do Código Penal:

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a
praticar, omitir ou retardar ato de ofício:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763,
de 12.11.2003)

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou


promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever
funcional.

Segundo Guilherme de Souza Nucci,“Oferecer (propor ou apresentar para


que seja aceito) ou prometer (obrigar-se a dar algo a alguém), cujo objeto é a vantagem,
conjuga-se com determinar (prescrever ou estabelecer) a praticar (executar ou levar a
efeito), omitir (não fazer) ou retardar (atrasar), cujo objeto é o ato de ofício. Portanto, se
alguém, exemplificando, propõe vantagem a um funcionário público, levando-o a executar
um ato que é sua obrigação, comete o delito previsto neste artigo” (p. 1214).

Importante salientar que o oferecimento ou a promessa de vantagem deve ser


anterior à prática do ato. Outrossim, o ato de ofício é aquele “inerente às atividades do
funcionário público. Portanto, o ato visado deve estar na esfera de atribuição do funcionário,
não necessitando ser ilícito” (idem, 1215).

In casu, LUIZ JOSÉ DE BRITO ofereceu vantagem indevida a ANDERSON


PEREIRA DOS SANTOS para determiná-lo a direcionar a Dispensa nº 46/2017 ao Grupo
E-people e favorecer os interesses da Clínica Multi Imagem dentro do Hospital Municipal de
Foz do Iguaçu/PR. O interesse do então vereador era ter tratamento privilegiado quanto ao
pagamento do serviço prestado e também aumentar seus rendimentos. Para tanto, solicitou
que ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS interviesse em seu favor. Registro que

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ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS era supervisor do setor de radiologia e tinha trânsito
junto à cúpula do Hospital Municipal, de modo que seria factível que ele interviesse para
enaltecer a imagem de LUIZ JOSÉ DE BRITO dentro do nosocômio.

Ademais, em dado momento, LUIZ JOSÉ DE BRITO condicionou o pagamento


da propina à liberação dos valores devidos à Multi Imagem. E, inequivocamente,
ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS era responsável por autorizar pagamentos de notas
fiscais para os médicos prestadores de serviços, ainda que o efetivo pagamento dependesse,
cumulativamente, de atos de outros servidores públicos.

Mas não é só. Ainda que LUIZ JOSE DE BRITO chegasse atrasado aos
plantões presenciais, ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS certificava que ele havia
cumprido toda a carga horária e, assim, recebia valores maiores do que aqueles efetivamente
devidos. ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS dava preferência para o ex-vereador para
laudar, em detrimento de outros médicos, mesmo sabendo que os laudos estavam muito
atrasados e que vários deles eram feitos por ALINE CRISTINA DOS SANTOS CASTRO.
Nesse sentido, é o relatório de atividades constante do ev. 85, inf5, AC:

"(29:14 minutos) Comento que no dia antenor falei com o Dr Bnto. sobre a impossibilidade de
laudar 11 mil laudos do Estado e fazer campanha politica

( 29:30 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu Anaersor Pere ra dos Saltos reiata que aumento o volme de laudos para o Dr Brito,
inclusive pacientes de retomo da ortopedia, e exames que nâo foram pedido laudos ele esta
mandando pra laudo, e relata que a quando foi levar a planilha para pagamento na
administração, foi questionado sobre este aumento no volume de laudos E que se justificou
dizendo que era devido ao aumento de médicos ortopedistas na rede municipal, e que vai
aumentar ainda mais o volume de laudos devido ainclusão de médicos reumatologistas na rede
munidpal E que os laudos estão atrasados, que no dia 25 de setembro ainda tinham exames do
dia 30 de agosto para laudo. E que ele direciona os exames de Raios -X para o Dr. Bnto. E
que fez uma ameaça de começar a repassar os exames atrasados para o Dr. Danilo laudar.

( 31 00 minutos) Comento que o Dr Bnto me solicitou que encaminhasse dois mil laudos
para ele. e que como ele já nâo da contata da demanda atual, e quer ainda mais 11 mil laudos
do Estado, seria impossível ele laudar estes exames.

(31:24 minutos) Relato que o Dr. Brito confirmou que a sua funcionána Aline Castro está
laudando exames para ele

(31:28 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, cometa que a Aline Castro, está laudando os exames
mais simples, primeiro . que quando é uma coluna por exemplo ela demora mais. e que os
laudos de mâo. braço, entre outros é rapidinho, e que ele sabe que é a Aline Castro que esta
emitindo os laudos sendo que os exames de tórax por exemplo sâo todos iguais, como um
protocolo, mesmo vendo que os exames sâo totalmente diferentes, eu comento que isto é uma

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loucura, que eu nâo teria coragem de fazer laudos de exames, que mesmo trocando opinião
quando solicitado pelo médico, e deixar o médico definir o diagnóstico.

(36:10 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, cometa que se fosse um exame de antebraço para ver
fratura, mesmo não sendo o certo ainda daria pra fazer, mas que a funcionária do Dr. Brito
Aline Castro, está laudando exames de tórax, e que mesmo assim estão com laudos
atrasados.

(36:26 minutos) Comento que este atraso, é um argumento importante para negar os 2 mil
laudos para o Dr Brito, já que ele nâo está dando conta dos laudos do Hospital Municipal de
Foz do Iguaçu, e que nos locais onde temos contratos de laudos, nâo temos um "Anderson"
para 'segurar a bronca" as coisas e que laudos com mais de 10 dias de atraso, estão fora da
realidade do mercado de São Paulo. E o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, relata como está ajudando o Dr.
Brito avisando dos exames atrasados".

Com efeito, demonstrada a tipicidade objetiva. Também se encontra provada a


tipicidade subjetiva, pois os réus agiram com dolo, isto é, com vontade e consciência, ao
ofereceram vantagem indevida para ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS.

Incide, no caso sub judice, a causa de aumento de pena prevista no parágrafo


único do art. 333, in verbis: "A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou
promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever
funcional". É que, evidentemente, os atos praticados por ANDERSON PEREIRA DOS
SANTOS, a pedido dos corréus, consistiram em graves infrações funcionais de lealdade,
probidade e de sigilo, além de protetor do erário, já que ele validava horas de plantões
presenciais que LUIZ JOSÉ DE BRITO sequer tinha feito.

Como cediço, está-se de diante de exceção à teoria monista. Com efeito,


ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, beneficiário da vantagem indevida, incorreu na
prática do crime de corrupção passiva (art. 317 do Código Penal):

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar
promessa de tal vantagem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763,
de 12.11.2003)

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa,


o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo
dever funcional.

§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de

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dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Segundo Guilherme de Souza Nucci (idem, p. 1175), o tipo penal do art. 317
do CP contempla o seguinte núcleo: “Solicitar significa pedir ou requerer; receber quer dizer
aceitar em pagamento ou simplesmente aceitar algo. A segunda parte do tipo penal prevê a
conduta de aceitar promessa, isto é, consentir em receber dádiva futura. Classifica a
doutrina como corrupção própria a solicitação, recebimento ou aceitação de promessa de
vantagem indevida para a prática de ato ilícito, contrários aos deveres funcionais, bem como
de corrupção imprópria, quando a prática se refere a ato lícito, inerente aos deveres
impostos pelo cargo ou função”.

O tipo penal pretende tutelar a Administração Pública, mormente na vertente da


moralidade, e é próprio de servidor público, sendo admitida a coautoria.

A vantagem referida no tipo penal pode ser de qualquer natureza, embora deva
ser certa e factível em relação ao agente, agredindo o senso de moralidade do servidor
público. A oferta deve, pois, ser crível, colocando o bem jurídico sob perigo.

Segundo o Superior Tribunal de Justiça, não se exige que o ato praticado pelo
funcionário público esteja dentro da sua esfera de competência, isto é, dentre as atribuições
normativamente previstas. Nesse sentido, é o trecho do voto-vista vencedor proferido pela
Ministra Laurita Vaz, no REsp nº 1745410 / SP, Sexta Turma, 02/10/2018, já transcrito no
tópico anterior.

Como cediço, o crime de corrupção é, em regra, formal, consumando-se com a


mera solicitação da vantagem ou promessa de vantagem indevida, pouco importando se a
benesse foi, de fato, entregue, caso em que se está diante do exaurimento do crime. Inclusive,
esse entendimento está pacificado no âmbito do Superior Tribunal:

RECURSO ESPECIAL. CORRUPÇÃO PASSIVA. DOSIMETRIA. PENA-BASE.


RECEBIMENTO DA VANTAGEM INDEVIDA. CONSEQUÊNCIAS DO DELITO.
EXASPERAÇÃO. POSSIBILIDADE. DESFAVORABILIDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS DO ART. 59 DO CÓDIGO PENAL. MODO PRISIONAL MAIS SEVERO.
CABIMENTO. NEGATIVA DE SUBSTITUIÇÃO DA SANÇÃO CORPORAL POR
RESTRITIVAS DE DIREITOS. POSSIBILIDADE.

1. Consoante entendimento deste Superior Tribunal de Justiça, o crime de corrupção passiva


possui natureza formal, consumando-se com a aceitação ou solicitação de vantagem indevida.
2. O efetivo recebimento da vantagem (valores referentes à parcela de benefício previdenciário
de segurado) caracteriza exaurimento do crime, o que autoriza a elevação da pena-base pelo
exame desfavorável do vetor consequências do delito […] (REsp 1757065/SP, Rel. Ministro
JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 11/12/2018, DJe 05/02/2019).

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Com efeito, havendo prévia solicitação de vantagem, o delito de corrupção
passiva já está consumado, de modo que o posterior recebimento da vantagem ajustada
configura exaurimento do crime, e não novo crime de corrupção.

No caso dos autos, ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, além de aceitar a


promessa de vantagem indevida, recebeu efetivamente valores prometidos por LUIZ JOSÉ
DE BRITO, como contrapartida à sua atuação em favor de seus interesses. Além de
sobejamente demonstrada a tipicidade objetiva, certo é que está presente o dolo na conduta do
acusado, pois ele agiu com vontade e consciência.

Incide, no caso sub judice, a causa de aumento de pena prevista no §1º do art.
317. É que, evidentemente, os atos praticados por ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, a
pedido dos corréus, consistiram em graves infrações funcionais de lealdade, probidade e de
sigilo, além de violação do erário, já que ele validava horas de plantões presenciais que LUIZ
JOSÉ DE BRITO sequer tinha feito.

d) Ilicitude e culpabilidade

Não foram alegadas tampouco estão presentes causas excludentes de ilicitude e


culpabilidade.

7. AUSÊNCIA DE CONTINUIDADE DELITIVA ENTRE OS FATOS 4, 6


E 7.

Como cediço, "Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,


pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do
primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços". Essa é a redação do art.
71 do Código Penal.

O dispositivo tem aplicabilidade quando várias condutas semelhantes e,


isoladamente típicas, podem vir a ser consideradas partes de um mesmo crime. Aqui, segundo
entendimento consolidado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, aplica-se a teoria
objetivo-subjetiva, segundo a qual é necessária a presença cumulativa de requisitos objetivos,
a saber, pluralidade de ações nas mesmas condições de tempo, lugar e modo de execução; e
requisitos de ordem subjetiva, in casu, a existência de unidade de desígnios entre um fato e
outro:

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ROUBO.

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UNIDADE DE DESÍGNIOS. MESMAS CONDIÇÕES DE TEMPO E LUGAR.
CONTINUIDADE DELITIVA ESPECÍFICA. RECONHECIMENTO. CONCURSO MATERIAL.
AFASTAMENTO. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Conforme entendimento
consolidado neste Superior Tribunal, para a caracterização do instituto do art. 71 do Código
Penal, é necessário que estejam preenchidos, cumulativamente, os requisitos de ordem objetiva
(pluralidade de ações, mesmas condições de tempo, lugar e modo de execução) e o de ordem
subjetiva, assim entendido como a unidade de desígnios ou o vínculo subjetivo havido entre os
eventos delituosos. Vale dizer, adotou-se, no sistema jurídico-penal brasileiro, a Teoria Mista
ou Objetivo-Subjetiva.
2. As circunstâncias fáticas do crime foram descritas no acórdão estadual, de modo que não
há necessidade de se buscarem documentos, depoimentos, laudos ou qualquer outro material
probatório acostado aos autos para que se aplique o direito ao caso. 3. Os delitos foram
perpetrados com unidade de desígnio, elemento que demonstra o preenchimento do requisito
subjetivo, indispensável ao reconhecimento da continuidade delitiva. Além disso, a reiteração
da conduta nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução (abordagem da
vítima sugerindo estar armado) caracteriza a continuidade específica.
4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 1148021/CE, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA,
julgado em 11/12/2018, DJe 01/02/2019)

Nos fatos narrados nos tópicos 4, 6 e 7 da exordial acusatória, houve crimes de


corrupção relacionado imediatamente ao direcionamento da Dispensa nº 46/2017. No
entanto, não verifico a existência de qualquer continuidade delitiva entre ele, tanto porque
ausentes os requisitos objetivos, como ausentes os requisitos subjetivos.

No fato 4, LUIZ JOSÉ DE BRITO foi o beneficiário da vantagem solicitada em


forma de desconto na compra e venda de aparelhos. No fato 6, ANDERSON PEREIRA DOS
SANTOS foi o beneficiário de propina solicitada e entregue por Reginaldo da Silveira
Sobrinho. No fato 7, ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS foi beneficiários da propina
prometida por LUIZ JOSÉ DE BRITO. De se ver que a forma de execução do crime é
totalmente distinta, impedindo o reconhecimento da continuidade delitiva. Tampouco verifico
que, entre os fatos, haja unidade de desígnio, mormente porque a corrupção de ANDERSON
PEREIRA DOS SANTOS por LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO
extrapolou a compensação quanto à Dispensa nº 46/2017, para também corresponder a atos
em favor da Clínica Multi Imagem.

Assim, deve incidir a regra do concurso material entre os crimes, nos termos do
art. 69 do Código Penal.

8. TRÁFICO DE INFLUÊNCIA - COBRANÇA DE DÍVIDAS DO GRUPO


E-PEOPLE. Fato 8 da denúncia.

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O Ministério Público Federal denunciou LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE
OLIVEIRA REIS NETO pela prática do crime de tráfico de influência, tipificado no art. 332,
parágrafo único, por duas vezes em concurso material, por terem os réus, no período de abril
a dezembro de 2017, solicitado para si e para terceiro não identificado, vantagem financeira
no percentual de 30% do montante recebido, a pretexto de influir junto a funcionários
públicos o pagamento de créditos das empresas do Grupo E-people, junto à Prefeitura de Foz
do Iguaçu/PR e Fundação Municipal de Saúde. Confira-se:

"Paralelamente aos crimes licitatórios e corrupção que já foram narrados, no período de abril
a dezembro de 2017, nesta cidade de Foz do Iguaçu, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO e
JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO, com vontade e consciência, previamente ajustados, um
concorrendo para ação ilícita do outro, ciente da reprovabilidade da conduta, solicitaram
para si e para terceiro ainda não identificado, vantagem financeira, a pretexto de influir junto
a funcionários públicos da administração pública municipal de Foz do Iguaçu (secretaria
Municipal de Saúde – Município de Foz do Iguaçu) e da Fundação Municipal de Saúde (sob a
intervenção do Estado do Paraná), o pagamento valores (crédito) que as empresas do grupo
E-PEOPLE possuem junto a administração pública municipal (Município de Foz do Iguaçu e
perante a Fundação Municipal de Saúde), no total aproximado de 5 (cinco) milhões de reais,
solicitando para tanto “vantagem econômica” no percentual de 30% do valor recebido.

A solicitação e evolução dos percentuais da vantagem econômica ocorreu em vários encontros


entre os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO, juntos e
separadamente, com o colaborador REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO.

No dia 24/05/2017, por volta das 14 horas, o colaborador REGINALDO DA SILVEIRA


SOBRINHO compareceu a CLÍNICA MULTIMAGEM para reunião com os denunciados LUIZ
JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO, oportunidade que o denunciado LUIZ
JOSÉ DE BRITO se propôs com a ajuda de JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO, usar de
influência junto a administração pública municipal para receber os valores que as empresas
do grupo E-PEOPLE possuíam com o Município de Foz do Iguaçu e com a Fundação
Municipal de Saúde:

Na sequencia o Dr. Brito solicitou que a sua funcionária se retirasse da sala pois tinha
um assunto comigo. E após a saída da sua funcionária e entrou na questão de valores
das notas ficais que eu teria para receber, e se eu estava tendo dificuldades para
receber os valores. Informei que estava tendo sim dificuldades e que o Sr. José Reis
Cazuza, já havia solicitado as notas fiscais, mas que eu só poderia emitir as notas após
a liberação dos empenhos.

O Dr. Brito me indagou relativo a quais serviços e valores eu teria a receber, da


Prefeitura de Foz do Iguaçu, informei que duas empresas tinham valores a receber uma
era a Cemedia, que tinha valores referentes a exames realizados através do
credenciamento de exames de Imagem, e outra a Bravix, que tinha valores referentes a
Locação de Equipamentos para as Unidades da UPA –João Samek e Pronto
Atendimento do Morumbi. E que eu acreditava que estes valores se aproximavam a R$
600.000,00 (SEISCENTOS MIL REAIS). E que não haviam irregularidade em receber
estes valores.

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O Dr. Brito me informou que o Sr. José Reis Cazuza foi conversar com ele e disse que
estava disponível para fazer este serviço de “assessoria”, e que ele Dr. Brito queria ver
comigo qual a proposta eu poderia fazer para que eles facilitarem este meu
recebimento. Eu informei que no Hospital Municipal de Foz do Iguaçu a dívida com
uma das empresas que represento era de mais R$ 2.000.000,00 (DOIS MILHÕES DE
REAIS). Mas que seria uma situação para médio prazo. E que trataríamos disso na
sequência, e que o mais exequível no momento seriam os valores referentes as empresas
Cemedia e Bravix a receber da Prefeitura Municipal.

O Dr. Brito me solicitou que informasse qual o retorno que eu poderia dar para ele
destes valores, eu propus 10% do valor que eu efetivamente receber. O Dr. Brito me
informou que eu ainda teria que pagar o Sr. José Reis Cazuza, eu afirmei que com
certeza o Sr. José Reis Cazuza teria que pagar para alguém dentro da Administração e
que normalmente isso iria custar mais 10% do valor a receber. O Dr. Brito me disse que
mais pra frente, quando mudasse o cenário no Hospital Municipal poderemos trabalhar
também o recebimento dos valores que estiverem pendentes.

Na sequência o denunciado JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO ingressa a sala e confirma


possuir influencia para efetivamente o poder público pague as dívidas junto as empresas do
grupo econômico do colaborador EUCLIDES DE MOARES BARROS JUNIOR:

Ele me informou que sobre a “consultoria” precisava das notas para fazer os
pagamentos. Passei a informar sobre como são os procedimentos para receber na
prefeitura seno que só se pode emitir a nota após a emissão do empenho, e que este é o
procedimento correto é assim. O Dr. Brito confirmou que o procedimento correto seria
conforme eu havia relatado.

O senhor José Reis Cazuza informou que o Sr. Whashington tem a função de resolver as
coisas dentro da administração pública, para evitar que o transito de pessoas dentro da
prefeitura. E que “eu não ouvi isso, eu afirmei que tinha “surdez” eu o Sr. José Reis
Cazuza disse que deveria misturar surdez com amnésia. Eu informei que havia ainda a
questão dos valores referentes aos Serviços prestados no Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu, cujo montante ultrapassava os R$ 2.000.000,00 (DOIS MILHÒES DE REAIS), o
Sr. José Reis Cazuza informou que o prefeito está com uma comissão para analisar
todos os contratos pois estimaram “no chutometro” que houve desvio de mais de R$
60.000.000 (SESSENTA MILHÕES DE REAIS), mas que ele acredita que este valor está
superestimado. Mas que o que foi efetivamente prestado terá que ser pago. Eu informei
que estes valores foram motivo de ação Judicial para recebimento e que a Fundação
Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu, tinha perdido o prazo de alegações no processo.
Já sobre a gestão do Estado, e o senhor José Reis Cazuza, afirmou que para receber
este valor irá usar a influência política no Estado, e o Dr. Brito disse que quando ele
achar que podemos já iremos dar o prosseguimento neste recebimento. Quando o Sr.
José Reis Cazuza disse que irá esperar o processo concluso para começar a atuar e e
salientou que por isso era importante nunca fechar uma porta, deixando sempre um bom
contato e portas abertas. E ainda que já iria informar para um assessor do Secretário
de Saúde do Estado, que o interventor havia perdido um prazo de uma ação de dois
milhões.

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No dia 02/06/2017, por volta das 08 horas, na sede da CLÍNICA MULTIMAGEM, situada
nesta cidade de Foz do Iguaçu, o denunciado LUIZ JOSÉ DE BRITO solicita vantagem
indevida, correspondente o percentual de 30% sobre o valor recebido, conforme registrado no
relatório e áudio:

Na sequência começamos a tratar da questão do recebimento de valores que as


empresas que represento tem a receber por serviços prestados junto a Prefeitura
Municipal de Foz do Iguaçu. Momento em que o Dr. Brito me informou que achava que
iria ficar pesado pra mim e não saberia se compensava, pois teria que pagar um valor
mais alto de propina. Eu informei que inicialmente iria tentar receber os valores dos
serviços prestados pela clinica Cemédia, oriundos de exames de ultrassom e
mamografia realizados através de Credenciamento, e que todos os serviços foram
efetivamente prestados, e entreguei para ele em mãos a tabela contendo os valores
pendentes.

Como seu motorista chegou na sala de exames fomos até a outra sala e após a saída do
motorista, voltamos ao assunto dos recebimentos. Eu questionei de quanto seria a
propina e ele me informou que devido ao momento delicado o Sr. José Reis Cazuza e ele
definiram que o valor teria que ser de 30% do recebimento. Eu concordei dizendo que se
não fosse desta forma eu teria dificuldades em receber e mencionei que como
inicialmente se tratava de um valor de aproximadamente R$130.000,00 (CENTO E
TRINTA MIL REAIS), a minha empresa receberia R$100.000,00 (CEM MIL). E que
para ele se ele fosse ficar apenas com os 10% originais já sobraria R$13.000,00
(TREZE MIL REAIS) que já pagaria o custo da manutenção do mamógrafo e ainda
sobraria troco. Com a minha concordância ele disse que irá acionar o Sr. José Reis
Cazuza para acelerar este recebimento.

(…)

Neste encontro o colaborador REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO deixou uma planilha


com os valores a receber da empresa CEMEDIA junto ao Município de Foz do Iguaçu.

(...)

No dia 09/06/2017, em encontro entre o denunciado JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO e o


colaborador REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, realizada na “Barbarela Sucos &
Lanches”, localizada na Avenida Brasil 1119, nesta cidade de Foz do Iguaçu, o denunciado
informou como estava tramitando o andamento da “cobrança” junto ao MUNICÍPIO DE FOZ
DO IGUAÇU, sugerindo ao colaborador o uso do aplicativo “CONFIDE”, como forma de
comunicação sem deixar vestígios, tudo registrado no relatório e áudio:

Inicialmente tratamos dos trâmites burocráticos necessários para o recebimento dos


valores relativos aos serviços prestados pela Clínica Cemédia. Sendo que o Sr. José Reis
Cazuza passou a fazer relato de como estava tramitando o recebimento de valores para
a Clínica Multi Imagem, e que precisaríamos de um atestado de realização dos
serviços. Relatei então que os serviços realizados na Clínica e que a produção tinha
sido inclusive auditada pela administração pública Municipal.

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Na sequência ele passou a me demonstrar como funciona o aplicativo Confide,
demonstrando as vantagens de não poder ser gravadas, pois apagam automaticamente.
Mostrou-me que usa para me identificar na agenda do celular o codinome Mineiro. E
ainda que apaga todas as mensagens do aplicativo WhatsApp, realizadas entre nós.

No dia 20/06/20117, de denunciado LUIZ JOSÉ DE BRITO solicita que o colaborador


REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO fosse até a CLÍNICA MULTIMAGEM, oportunidade
que “pressionou” o colaborador para apresentar a relação de todas as dívidas a receber, bem
como informou que haveria uma pessoa (ainda não identificada) que trabalharia junto a
administração pública municipal e que facilitaria o pagamento/recebimento dos valores do
grupo representado por REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, informando ainda que tal
servidor receberia 7,5% dos 30% da “propina” solicitada, tudo materializado no relatório e
áudio:

(05:11 minutos) Aproveitando que estávamos sozinhos o Dr. Brito me pressionou para
entregar a documentação para receber os valores pendentes na Prefeitura referente a
serviços prestados pela Clínica Cemedia, nos credenciamentos de Mamografia e
Ultrassom. Relatei que estava muito ocupado e que estava vendo a possibilidade de
“comprar” a empresa BRAVIX, mas que estava preparando a documentação, e que os
recursos destes contratos são meus, inclusive os valores pendentes referentes ao
contrato com a Fundação Municipal de Saúde.

(06:18 minutos) O Dr. Brito afirmou que estes valores da Fundação iremos ver mais
pra frente por que vamos precisar de mais força. Afirmei que eu entregaria até o dia
seguinte os documentos da produção da empresa Cemedia. E solicitei que ele
informasse isto ao Sr. José Reis Cazuza.

(06:41) O Dr. Brito informou que hoje mesmo o “nosso contato lá dentro” cobrou e que
o contato está animado. Comentei que não poderíamos desanimar o contato e que este
dinheiro cairá livre, e que dois dias depois de cair na conta da empresa eu já
providencio a entrega dos valores.

Passamos a tratar da questão da manutenção corretiva do mamógrafo da Clinica Multi


Imagem. Quando combinamos que eu irei interceder no sentido de conseguir um
desconto especial no serviço. E passamos a tratar de assuntos relativos a implantação
dos serviços na Clínica.

(10:05 minutos) Comentei que se recebermos os valores dos serviços já prestados eu


ganharei um fôlego, tendo em vista que todos os custos dos serviços já foram
absorvidos, o valor recebido seria valor limpo.

(10:30 minutos) Passei a detalhar os valores a receber e a propina a ser paga,


comentei que de aproximadamente R$139.000,00 (CENTO E TRINTA E NOVE MIL
REAIS), cerca de R$ 40.000,00 (QUARENTA MIL REAIS) será destinado para “acerto
do pessoal” e que não tinha comentado com o Sr. José Reis Cazuza que 10% ( DEZ
POR CENTO) será destinado para o Dr. Brito, e que não sabia se ele tinha informado o
Sr. José Reis sobre isto.

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(10:47 minutos) O Dr. Brito afirmou que na verdade a parte dele será 15% (QUINZE
POR CENTO), que ele combinou comigo 30% ( TRINTA POR CENTO) sendo que será
dividido da seguinte forma 15% para o Dr. Brito e !5% ( quinze por cento pros demais)
sendo 7,5% ( SETE E MEIO POR CENTO), para o Sr. José Reis Cazuza e 7,5% ( SETE
E MEIO POR CENTO) para o contato deles. O Dr. Brito afirmou ainda que não existe
segredo entre ele e o senhor José Reis Cazuza.

(11:06 minutos) Voltamos a tratar dos valores e da forma de divisão, sendo inclusive
comentado pelo Dr. Brito a possibilidade de a parte dele ser abatida nos
equipamentos, momento em que afirmei que iria entregar o valor pra ele, e ele
afirmou que ainda estávamos no começo mas que estes valores pequenos no começo
ajudam bastante

Diante da insistência dos denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS
NETO, o colaborador reunião a documentação que lastreia o crédito das empresas do grupo
econômico do colaborador EUCLIDES DE MORAIS BARROS JUNIOR junto à administração
pública de Foz do Iguaçu, que foi entregue em reunião realizada no dia 21/06/2017, na sede
da CLÍNICA MULTIMAGEM, por volta das 16h00min, com a presença dos denunciados e o
colaborador, conforme relatado e registrado por áudio:

(21:10 minutos) O Sr. José Reis Cazuza solicitou a cópia de todos os documentos, e o
Dr. Brito questionou a questão do alto valor e eu informei que os valores vem crescendo
devido a incompetência da comissão de Intervenção que perdeu o prazo de se
manifestar no processo, e todas as medidas tomadas pelo nosso jurídico, e que a divida
vai aumentando com o passar do tempo, uma vez que os equipamentos continuam de
posse da Fundação Municipal de Saúde. O Sr. José Reis Cazuza alertou sobre a
possibilidade da dívida se transformar em precatório. Comentei das vantagens de se
acelerar o recebimento, pois daria um fôlego para todo mundo, tendo em vista se tratar
de recursos financeiros consideráveis.

(24:55 minutos) O Dr. Brito diz que temos que ver o que conseguem com os contatos e
que tem que ser contato forte. Levantou ainda a questão de que o Estado não esta
pagando dívidas do Município, e eu afirmei que existe um período da dívida que é do
Estado, e o Sr. José Reis Cazuza complementou dizendo ser indiscutível que a partir do
momento que o Estado assumiu a gestão a dívida é do Estado desde a intervenção.
Comentei ainda que de qualquer forma que se receba o período que esta sobre
responsabilidade do Estado, mas que tudo isso depende da articulação e do contato,
que se tiver um contato “la em cima , roda” e se rodar “é nosso”.

(26:04 minutos) Voltamos a tratar da questão dos equipamentos, relatei as tratativas


sobre a manutenção do mamógrafo, e sobre as questões relativas a precariedade da rede
elétrica do pavilhão anexo ao hospital onde está o centro de diagnóstico, e que esta
precariedade pode inclusive danificar os equipamentos. E que na negociação sobre a
questão do mamógrafo eu irei interceder para beneficiar o Dr. Brito.

(29:05 minutos) O Sr. José Reis Cazuza voltou a comentar sobre a documentação
relativa aos recebimentos e me pediu para manter sigilo, não informando ao meu
advogado Mauricio Defassi da identidade e procedimentos para receber.

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Na mesma reunião, o denunciado JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO, possivelmente
preocupado com a origem ilícita do negócio proposto e das consequências jurídicas, cogita
constituir uma empresa para “assessorar” a cobrança da dívida, para dar um “ar” de
legalidade para tal intermediação

O denunciado JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO revela, em tom de ameça velada, que seria
necessário constituir a empresa de cobrança para evitar “dar um tiro”, no futuro, no
colaborador REGINALDO DA SILVEIRA NETO, possivelmente visando inibir eventual
denúncia futura, revelando ainda que utilizou o mesmo modus operandi numa relação de
negócio que teve com TULIO BANDEIRA, conforme relatório do colaborador REGINALDO
DA SILVEIRA SOBRINHO, também registrado em áudio:

(06:04 minutos) O Sr. José Reis Cazuza me perguntou se eu havia levado os


documentos referentes as dívidas da prefeitura com a empresa Cemedia. Afirmei que sim
e ele pediu para verificar. Passei a explicar a questão dos débitos, quando o Sr. José
Reis Cazuza afirmou que achava que eram dois valores, e eu expliquei que existem
outros valores de outras empresas, e o Sr. José Reis Cazuza afirmou que achava que era
mais e que somou errado na tabela. Informei ainda todas as questões relativas a
prestação de serviços de exames e como poderia comprovar a efetiva realização dos
exames.

(08:32 minutos) Comentei que entramos com um processo administrativo para receber
os valores referentes aos serviços prestados pela empresa BRAVIX, e que este daria um
maior trabalho. E que estes valores estariam em algo próximo a R$ 300.000,00
(TREZENTOS MIL REAIS). E passamos a conversar sobre os detalhes do serviço
prestado, no período sem contrato.

E combinamos que eu entregaria estes documentos em mãos para o Sr. José Reis
Cazuza, e ele disse que eu poderia entregar no Gabinete do Dr. Brito na Câmara de
Vereadores para a esposa dele, advertindo que somete poderia entregar para ela e mais
ninguém.

(12:23 minutos) O Sr. José Reis cazuza me indagou sobre a documentação referente
aos valores pendentes do contrato com a Fundação Municipal de Saúde. Perguntei para
que dia ele precisava desta documentação e ele informou que o contato deles no estado
estará em Foz do Iguaçu, no primeiro dia da Realização do Festival Internacional de
Turismo, sendo assim combinamos de que eu entregarei esta documentação na segunda
feira dia 26 de junho de 2017. Informei que iria pedir para o Advogado e o Sr. José
Reis Cazuza me indagou quem era o advogado e quais os clientes que ele tinha na
Operação Pecúlio.

(13:37 minutos) O Sr. José Reis Cazuza informou que está com a intenção de montar
um empresa de Cobrança. E ter um Termo para colocar esta cobrança da empresa e
documentar, para que ele tenha garantia e não precise me dar um tiro, e eu afirmei que
nem podia fazer isso e ele disse que a exemplo se o cara vier dar o Chapéu por isso ele
gosta de tudo documentado.

(14:09 minutos) O Sr. José Reis Cazuza, cita o caso do Túlio Bandeira, que queria ele

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exigiu que documentasse os valores, inclusive com a colocação de um Banner no site
dele. E que não estávamos tratando de bolinho. E eu concordei que tínhamos que
bolar um jeito para movimentar os recursos. E o Sr. José Reis Cazuza disse que depois
não estaria em minhas mãos o poder de pagamento e que poderia o valor ser
questionado. Informei que estes valores estão sobre minha responsabilidade e que tenho
autonomia para esta movimentação. E o Sr. José Reis Cazuza combinou então de
fazermos uma documentação para “formalizar” isso.

Conquanto até o pressente momento não tenha sido efetivamente recebido os valores pelas
empresas do colaborador EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR, observa-se que os
denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO incorreram, por
duas vezes, nos crimes previstos no artigo 332, parágrafo único, combinado com artigo 29,
ambos do Código Penal".

Passo à análise da materialidade e autoria delitivas.

a) Materialidade

A partir de todos os elementos de informação angariados na fase investigativa e


as provas colhidas em juízo, entendo demonstrada a materialidade delitiva. Senão vejamos.

Em 22/05/2017 (ev. 25, inf2, AC), JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO tomou
conhecimento de que havia débitos das empresas representadas por Reginaldo da Silveira
Sobrinho:

O Sr. José Reis Cazuza, informou que o prefeito informou que vai começar a pagar os
fornecedores para recuperar a credibilidade da prefeitura.
Comentei que tinha valores para receber de empresas que eu represento e o sr. José Reis
Cazuza, disse que vai tentar ver isso, por que ele tem um bom contato lá na prefeitura.

De fato, em reunião privada ocorrida no dia 24/05/2017, às 14h, na Clínica


Multi Imagem, LUIZ JOSÉ DE BRITO indagou Reginaldo da Silveira Sobrinho acerca dos
pagamentos das notas fiscais que tinha para receber, devidas às pessoas jurídicas vinculadas
ao Grupo E-people, tanto pela Fundação Municipal de Saúde e Prefeitura Municipal de Foz
do Iguaçu, tendo o agente em colaboração informado que havia cerca de R$ 600.000,00 a
receber por credenciamento de exame por imagens, por meio da Cemedia, e por locação de
equipamentos para a UPA João Samek e Pronto Atendimento do Morumbi, por meio da
Bravix Medical. Ainda, Reginaldo da Silveira Sobrinho informou que uma pessoa jurídica
que representava possuía um crédito de R$ 2.000.000,00 junto à Fundação Municipal de
Saúde (Hospital Municipal), e, embora não tenha declinado a razão, o montante não era
exequível de pronto.

Ciente do débito da Prefeitura Municipal com as empresas vinculadas ao Grupo


E-people e que não havia irregularidades no recebimento dos valores, LUIZ JOSÉ DE BRITO

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propôs que JOSÉ DE OLIVEIRA REIS intervisse para viabilizar o pagamento do serviço
prestado. Em seguida, o então vereador o indagou qual percentual poderia ser repassado em
contrapartida pela intermediação, nominada de "assessoria" (ev. 26, inf3, AC):

"Na sequencia o Dr. Brito solicitou que a sua funcionária se retirasse da sala pois tinha um
assunto comigo. E após a saída da sua funcionária e entrou na questão de valores das notas
ficais que eu teria para receber, e se eu estava tendo dificuldades para receber os valores.
Informei que estava tendo sim dificuldades e que o Sr. José Reis Cazuza, já havia solicitado as
notas fiscais, mas que eu só poderia emitir as notas após a liberação dos empenhos.

O Dr. Brito me indagou relativo a quais serviços e valores eu teria a receber, da Prefeitura de
Foz do Iguaçu, informei que duas empresas tinham valores a receber uma era a Cemedia, que
tinha valores referentes a exames realizados através do credenciamento de exames de Imagem,
e outra a Bravix, que tinha valores referentes a Locação de Equipamentos para as Unidades
da UPA -João Samek e Pronto Atendimento do Morumbi. E que eu acreditava que estes
valores se aproximavam a R$ 600.000,00 (SEISCENTOS MIL REAIS). E que não haviam
irregularidade em receber estes valores.

O Dr. Brito me informou que o Sr. José Reis Cazuza foi conversar com ele e disse que estava
disponível para fazer este serviço de "assessoria", e que ele Dr. Brito queria ver comigo qual
a proposta eu poderia fazer para que eles facilitarem este meu recebimento. Eu informei que
no Hospital Municipal de Foz do Iguaçu a dívida com uma das empresas que represento era
de mais R$ 2.000.000,00 (DOIS MILHÕES DE REAIS). Mas que seria uma situação para
médio prazo. E que trataríamos disso na sequência, e que o mais exequível no momento
seriam os valores referentes as empresas Cemedia e Bravix a receber da Prefeitura
Municipal.

O Dr. Brito me solicitou que informasse qual o retorno que eu poderia dar para ele destes
valores, eu propus 10% do valor que eu efetivamente receber. O Dr. Brito me informou que
eu ainda teria que pagar o Sr. José Reis Cazuza, eu afirmei que com certeza o Sr. José Reis
Cazuza teria que pagar para alguém dentro da Administração e que normalmente isso iria
custar mais 10% do valor a receber. O Dr. Brito me disse que mais pra frente, quando
mudasse o cenário no Hospital Municipal poderemos trabalhar também o recebimento dos
valores que estiverem pendentes.

Logo em seguida, JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO, demonstrando


conhecimento sobre o tópico que havia sido iniciado por LUIZ JOSÉ DE BRITO, começou a
participar da referida reunião e, visivelmente orgulhoso, demonstrou a Reginaldo da Silveira
Sobrinho possuir contatos com poderosos da Administração Pública Municipal e com
membros do Poder Legislativo Municipal, com isso querendo demonstrar que era capaz de
exercer influência no recebimento de créditos do Grupo E-people, devidos pelo Município de
Foz do Iguaçu e pela Fundação Municipal de Saúde (ev. 26, inf3, AC):

Neste momento adentrou na sala o Sr. José Reis Cazuza, que de pronto já informou que uma
comissão de sindicância estava no Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, mandada pelo
secretário de Saúde do Estado, devido aos questionamentos da Comissão de Saúde da Câmara

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de Vereadores. Parabenizei ele pela força política, e passamos a tratar do Pregão Eletrônico,
para travarmos o Pregão Eletrônico e protelar o máximo de tempo possível. O Sr. José Reis
Cazuza passou a relatar o caso da bomba que estourou da Secretária Municipal de Saúde, e
demonstrando grande trânsito político, mostrou que estava sendo procurado por Roberto dono
da Crystal Link, Ademir Ferreira Diretor da Nona Regional de Saúde, Cristiane Ortega atual
gestora do Poliambulatório. Na sequência mostrou troca de mensagens com a Secretária
Municipal de Saúde onde ele passava instruções de como ela deveria proceder, e que ele
insistia que deveriam agilizar o Alvará do Poliambulatório, que esta é a irregularidade do
contrato, e que ela deveria tomar cuidado com o "fogo camarada" numa clara alusão ao
Vice-prefeito Nilton Bobato. Ele informou ainda que acredita que pode haver
superfaturamento na questão da grande quantidade de procedimentos (5 mil). E que no áudio
do ex secretário de saúde Joel de Lima fala sobre licitação seria a na questão do serviço de
laboratório, que realmente tinha urgência e que ele (Joel de Lima) estaria dificultando os
trâmites e teria afirmado na reunião que ele tinha um laboratório de Curitiba tocar este
serviço, e que esta seria a verdadeira razão do seu pedido de exoneração. E que houve
confusão entre laboratório e oftalmologia. Eu voltei a afirmar que a falta de Alvará era algo
grave, e o Sr. José Reis Cazuza concordou. E que houve um clima ruim com o pessoal do
Poliambulatório, e que por isso fecharam as portas para eles. O Sr. José Reis Cazuza relatou
que na noite anterior houve uma reunião do partido do LuizinhoPTN que agora chamasse
PODEMOS, onde queriam abrir uma CPI sobre esta questão na Câmara De Vereadores e que
ele já havia feito chegar esta informação a administração Municipal (acredito que ao
prefeito), e que quem foi levar a denúncia na Polícia Federal foi um assessor do PTN, que ele
não iria nominar por ser seu amigo.

Ainda, JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO pediu as notas fiscais dos débitos
com a Prefeitura Municipal para que ele providenciasse os pagamentos, afirmando que
possuía um contato (Sr. Whashington) que teria a função de resolver as coisas dentro da
Administração Pública.

Ainda, quanto aos valores devidos pela Fundação Municipal de Saúde, no valor
de R$ 2.000.000,00, JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO afirmou que se valeria de sua
influência política junto a um servidor da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná para
também garantir o recebimento desses valores (ev. 26, inf3, AC):

Ele me informou que sobre a "consultoria" precisava das notas para fazer os pagamentos.
Passei a informar sobre como são os procedimentos para receber na prefeitura seno que só se
pode emitir a nota após a emissão do empenho, e que este é o procedimento correto é assim. O
Dr. Brito confirmou que o procedimento correto seria conforme eu havia relatado.

O senhor José Reis Cazuza informou que o Sr. Whashington tem a função de resolver as
coisas dentro da administração pública, para evitar que o transito de pessoas dentro da
prefeitura. E que "eu não ouvi isso, eu afirmei que tinha "surdez" eu o Sr. José Reis Cazuza
disse que deveria misturar surdez com amnésia. Eu informei que havia ainda a questão dos
valores referentes aos Serviços prestados no Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, cujo
montante ultrapassava os R$ 2.000.000,00 (DOIS MILHÕES DE REAIS), o Sr. José Reis
Cazuza informou que o prefeito está com uma comissão para analisar todos os contratos pois
estimaram "no chutometro" que houve desvio de mais de R$ 60.000.000 (SESSENTA

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MILHÕES DE REAIS), mas que ele acredita que este valor está superestimado. Mas que o que
foi efetivamente prestado terá que ser pago. Eu informei que estes valores foram motivo de
ação Judicial para recebimento e que a Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu, tinha
perdido o prazo de alegações no processo. Já sobre a gestão do Estado, e o senhor José Reis
Cazuza, afirmou que para receber este valor irá usar a influência política no Estado, e o Dr.
Brito disse que quando ele achar que podemos já iremos dar o prosseguimento neste
recebimento. Quando o Sr. José Reis Cazuza disse que irá esperar o processo concluso para
começar a atuar e e salientou que por isso era importante nunca fechar uma porta, deixando
sempre um bom contato e portas abertas. E ainda que já iria informar para um assessor do
Secretário de Saúde do Estado, que o interventor havia perdido um prazo de uma ação de dois
milhões.

Tratamos ainda da questão do período que as empresas trabalharam sem contrato e sem poder
retirar os equipamentos devido a questão da saúde pública, e o senhor José Reis Cazuza fez
uma analogia com o caso das empresas de Transporte Coletivo, que não poderão paralisar o
serviço".

No dia 02/06/2017 (gravado em áudio), em encontro na Clínica Multi Imagem,


às 8h, LUIZ JOSÉ DE BRITO solicitou, para si e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO,
vantagem de 30% dos valores recebidos, em razão de interveniência ajustada. Inicialmente,
considerando que o valor a ser recebido pela Cemedia era de R$ 130.000,00, caberia aos réus
a quantia de R$ 30.000,00 (ev. 33, inf. 33, AC):

"Fui até a Clínica Multi Imagem, para reunião com o Dr. Brito. Inicialmente fomos até a sala
onde será instalado o equipamento de Raios-X e tratamos de assuntos relativos a instalação de
equipamentos de diagnóstico na clínica, sendo relatado que o mamógrafo esta com problemas
no gerador. E que o custo para a manutenção giraria em torno de R$ 8.500,00 (OITO MIL E
QUINHENTOS REAIS). O Dr. Brito novamente me questionou sobre a data de instalação
dos equipamentos.

Na sequência começamos a tratar da questão do recebimento de valores que as empresas que


represento tem a receber por serviços prestados junto a Prefeitura Municipal de Foz do
Iguaçu. Momento em que o Dr. Brito me informou que achava que iria ficar pesado pra mim
e não saberia se compensava, pois teria que pagar um valor mais alto de propina. Eu
informei que inicialmente iria tentar receber os valores dos serviços prestados pela clinica
Cemédia, oriundos de exames de ultrassom e mamografia realizados através de
Credenciamento, e que todos os serviços foram efetivamente prestados, e entreguei para ele em
mãos a tabela contendo os valores pendentes.

Como seu motorista chegou na saia de exames fomos até a outra sala e após a saída do
motorista, voltamos ao assunto dos recebimentos. Eu questionei de quanto seria a propina e
ele me informou que devido ao momento delicado o Sr. José Reis Cazuza e ele definiram que
o valor teria que ser de 30% do recebimento. Eu concordei dizendo que se não fosse desta
forma eu teria dificuldades em receber e mencionei que como inicialmente se tratava de um
valor de aproximadamente R$130.000,00 (CENTO E TRINTA MIL REAIS), a minha
empresa receberia R$100.000,00 (CEM MIL). E que para ele se ele fosse ficar apenas com
os 10% originais já sobraria R$13.000,00.(TREZE MIL REAIS) que já pagaria o custo da

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manutenção do mamógrafo e ainda sobraria troco. Com a minha concordância ele disse que
irá acionar o Sr. José Reis Cazuza para acelerar este recebimento".

Na oportunidade, Reginaldo da Silveira Sobrinho apresentou uma planilha


contendo as informações do crédito da Cemedia, ao que foi orientado, por LUIZ JOSÉ DE
BRITO, a colocar o arquivo em um "pendrive".:

"Passamos a tratar da questão do credenciamento delaudos e sobreaviso na UPA - João Samek


e Pronto Atendimento do Morumbi. Momento que relatei que elaborei uma tabela para colocar
nos anexos do credenciamento ondeconstará sobreaviso de médico radiologista e laudos de
exames para as duas unidades. E que não enviei por email devido orientação do Sr. José Reis
Cazuza, que solicitou que os documentos deveriam ser entregues via pendrive. E que eu não
tinha nenhum disponível no momento.

O Dr. Brito me disse para colocar o arquivo em um pendrive e entregar para uma de suas
funcionárias na Clinica Multi Imagem".

Tal encontro foi acompanhado pela Polícia Federal, consoante Informação de


Polícia Judiciária nº 81/2017 (ev. 45). Na foto, percebe-se que Reginaldo da Silveira Sobrinha
portava documentos, e a primeira folha aparenta ser, de fato, uma planilha. No entanto, ao
deixar o local, o agente em colaboração não tinha nada em mãos, significando que foram
deixados na Clínica Multi Imagem:

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A planilha que aparece no acompanhamento tático da Polícia Federal foi
acostada ao Relatório de Atividades do ev. 33, inf3, AC:

No dia 08/06/2017, Reginaldo da Silveira Sobrinho e JOSÉ DE OLIVEIRA


REIS NETO combinaram um encontro para o dia seguinte (ev. 49, inf3, AC):

Em 09/06/2017, Reginaldo da Silveira Sobrinho e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS


NETO encontraram-se na Barbarela Sucos & Lanches1, tal com combinado. Na oportunidade,
o acusado informou que a cobrança dos valores da Cemedia estava encaminhada.
Recomendou que o agente em colaboração utilizasse o aplicativo de comunicação "Confide"
a fim de garantir que os diálogos não deixassem vestígios. Ainda, informou que utilizava, em
seu telefone, o codinome "Mineiro" para identificar Reginaldo da Silveira Sobrinho (ev. 49,
inf3, AC). O diálogo foi gravado em áudio:
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"Inicialmente tratamos dos trâmites burocráticos necessários para o recebimento dos valores
relativos aos serviços prestados pela Clínica Cemédia. Sendo que o Sr. José Reis Cazuza
passou a fazer relato de como estava tramitando o recebimento de valores para a Clínica Multi
Imagem.e que precisaríamos de um atestado de realização dos serviços Relatei então que os
serviços realizados na Clínica e que a produção tinha sido inclusive auditada pela
administração pública Municipal.

Na sequência ele passou a me demonstrar como funciona o aplicativo Confide, demonstrando


as vantagens de não poder ser gravadas, pois apagam automaticamente. Mostrou-me que usa
para me identificar na agenda do celular o codinome Mineiro. E ainda que apaga todas as
mensagens do aplicativo WhatsApp, realizadas entre nós".

No mesmo diálogo, JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO voltou a afirmar que


teria um "contato forte" no Governo do Estado do Paraná, ainda que se referindo ao poder de
manter um contrato no Hospital Municipal:

"Falei da questão da intenção de realizar um contrato para implantar o sistema de PACS


WEB, que seria um contrato mensalde R$ 15.000,00 (QUINZE MIL REAIS). E que conforme
solicitado por ele em reuniões anteriores já estava previsto neste valor a "assessoria" dele. Ele
me pediu para mandar a proposta pra ele. ( enviei via email as 15:33 horas).

Na Sequência ele pleiteou uma vaga de emprego para o filho dele em algumas das vagas que
devem surgir, nas empresas que represento.

Já de saída o Sr. José Reis Cazuza informou que agora tem um contato forte lá no governo
do Estado e que inclusive este contato já estaria atuando para resolver o problema (manter
contrato no Hospital)".

No dia 14/06/2017, Reginaldo da Silveira Sobrinho informou que os créditos


recebíveis chegariam ao patamar de R$ 5.000.000,00:

O Sr. José Reis Cazuza entrou na questão dos valores pendentes que minha empresa na
administração Municipal, e me relatou que o contato dele na prefeitura estava cobrando os
documentos para viabilizar os recebimentos dos valores pendentes. Einformei que a tinha
consolidado a minha posição de centralizar todos as negociações das empresas do grupo,
inclusiverecebimentos e pagamentos. O Sr. José Reis Cazuza ligou então (acredito que via
WhatsApp) para o seu contato e pediu prazo para entrega dos referidos documentos.

Afirmei que tinha mais interesse que ele no recebimento e ele me disse que o interesse era
igual, relatei que existem mais recebimentos e o Sr. José Reis Cazuza referindo- se aos
valores pendentes na Fundação Municipal de Saúde, disse que irá precisar do contato de
Curitiba para resolver a situação, ressaltei que se trata de R$ 5.000.000,00 (CINCO
MILHÕES DE REAIS), e o Sr. José Reis Cazuza, disse que provavelmente este valor terá
que ser parcelado nos moldes do que foi feito com o Hospital Costa Cavalcanti. Afirmei que
não haveria problema de receber parcelado e que enquanto isso iria trabalhando os
recebimentos menores.

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O Sr. José Reis Cazuza me indagou sobre a questão dos equipamentos e na sequência tratamos
da questão de uma vaga de emprego para o filho dele" (ev. 49, inf3, AC).

JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO informou a Reginaldo da Silveira Sobrinho


que já havia acionado seu contato no Governo do Paraná (ev. 58, inf3, AC - dia 07/07/2017).

(00:55 minutos) OSr, José Reis Cazuza interrompe a conversa para dizer que tem a primeira
noticia boa pra mim, antes de seguir a pauta com Dr.Brito. Que o pessoal de Curitiba se
interessou pelo valor grande ( se referindo a dívida da Fundação Municipal de saúde relativa
aos equipamentos) que gira em torno de R$ 5.000.000,00 (CINCO MILHÕES). Eu digo que
isso não é uma boa notícia e sim uma ótima notícia.

Em mais uma reunião na Clínica Multi Imagem, no dia 20/06/2017, LUIZ JOSÉ
DE BRITO solicitou que Reginaldo da Silveira Sobrinho apresentasse todos os valores que as
empresas do Grupo E-people tinha para receber, pois o pagamento seria providenciado por
um "contato" inserido na administração pública municipal. Ainda, esse terceiro cobraria 7,5%
do percentual de 30% ajustado na reunião do dia 02/06/2017 (ev. 55, inf3, AC):

(05:11 minutos) Aproveitando que estávamos sozinhos o Dr. Brito me pressionou para
entregar a documentação para receber os valores pendentes na Prefeitura referente a serviços
prestados pela Clínica Cemedia, nos credenciamentos de Mamografia e Ultrassom. Relatei
que estava muito ocupado e que estava vendo a possibilidade de “comprar” a empresa
BRAVIX, mas que estava preparando a documentação, e que os recursos destes contratos são
meus, inclusive os valores pendentes referentes ao contrato com a Fundação Municipal de
Saúde.

(06:18 minutos) O Dr. Brito afirmou que estes valores da Fundação iremos ver mais pra frente
por que vamos precisar de mais força. Afirmei que eu entregaria até o dia seguinte os
documentos da produção da empresa Cemedia. E solicitei que ele informasse isto ao Sr. José
Reis Cazuza.

(06:41) O Dr. Brito informou que hoje mesmo o “nosso contato lá dentro” cobrou e que o
contato está animado. Comentei que não poderíamos desanimar o contato e que este dinheiro
cairá livre, e que dois dias depois de cair na conta da empresa eu já providencio a entrega dos
valores. Passamos a tratar da questão da manutenção corretiva do mamógrafo da Clinica
Multi Imagem. Quando combinamos que eu irei interceder no sentido de conseguir um
desconto especial no serviço. E passamos a tratar de assuntos relativos a implantação dos
serviços na Clínica.

(10:05 minutos) Comentei que se recebermos os valores dos serviços já prestados eu ganharei
um fôlego, tendo em vista que todos os custos dos serviços já foram absorvidos, o valor
recebido seria valor limpo.

(10:30 minutos) Passei a detalhar os valores a receber e a propina a ser paga, comentei que
de aproximadamente R$139.000,00 (CENTO E TRINTA E NOVE MIL REAIS), cerca de R$
40.000,00 (QUARENTA MIL REAIS) será destinado para “acerto do pessoal” e que não tinha
comentado com o Sr. José Reis Cazuza que 10% ( DEZ POR CENTO) será destinado para o

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Dr. Brito, e que não sabia se ele tinha informado o Sr. José Reis sobre isto.

(10:47 minutos) O Dr. Brito afirmou que na verdade a parte dele será 15% (QUINZE POR
CENTO), que ele combinou comigo 30% ( TRINTA POR CENTO) sendo que será dividido
da seguinte forma 15% para o Dr. Brito e !5% ( quinze por cento pros demais) sendo 7,5% (
SETE E MEIO POR CENTO), para o Sr. José Reis Cazuza e 7,5% ( SETE E MEIO POR
CENTO) para o contato deles. O Dr. Brito afirmou ainda que não existe segredo entre ele e
o senhor José Reis Cazuza.

(11:06 minutos) Voltamos a tratar dos valores e da forma de divisão, sendo inclusive
comentado pelo Dr. Brito a possibilidade de a parte dele ser abatida nos equipamentos,
momento em que afirmei que iria entregar o valor pra ele, e ele afirmou que ainda estávamos
no começo mas que estes valores pequenos no começo ajudam bastante"

[...]

(19:01 minutos) solicitei que o Dr. Brito pedisse para o contato deles na Secretaria de Saúde
ter um pouco de paciência, que logo providenciaria a documentação das dívidas da Prefeitura
para possibilitar os recebimentos, e o Dr. Brito se comprometeu a explicar a situação".

No dia seguinte (21/06/2017), foi ajustado um encontro para a entrega da


documentação requestada (ev. 55, inf4, AC):

Reginaldo da Silveira Sobrinho entregou documentos referentes às dívidas da


Administração Pública Municipal com o grupo E-people, aos réus LUIZ JOSÉ DE BRITO E
JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO (ev. 55, inf4, AC):

"(06:04 minutos) O Sr. José Reis Cazuza me perguntou se eu havia levado os documentos
referentes as dívidas da prefeitura com a empresa Cemedia. Afirmei que sim e ele pediu para
verificar. Passei a explicar a questão dos débitos, quando o Sr. José Reis Cazuzaafirmou que
achava que eram dois valores, e eu expliquei que existem outros valores de outras empresas, e

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o Sr. José Reis Cazuza afirmou que achava que era mais e que somou errado na tabela.
Informei ainda todas as questões relativas a prestação de serviços de exames e como poderia
comprovar a efetiva realização dos exames.

(08:32 minutos) Comentei que entramos com um processo administrativo para receber os
valores referentes aos serviços prestados pela empresa BRAVIX, e que este daria um maior
trabalho. E que estes valores estariam em algo próximo a R$ 300 000.00 (TREZENTOS MIL
REAIS). E passamos a conversar sobre os detalhes do serviço prestado, no período sem
contrato

E combinamos que eu entregaria estes documentos em mãos para o Sr. José Reis Cazuza, e
ele disse que eu poderia entregar no Gabinete do Dr. Brito na Câmara de Vereadores para a
esposa dele, advertindo que somete poderia entregar para ela e mais ninguém.

[...]

(21:10 minutos) O Sr. José Reis Cazuza solicitou a cópia de todos os documentos, e o Dr. Brito
questionou a questão do alto valor e eu informei que os valores vem crescendo devido a
incompetência da comissão de Intervenção que perdeu o prazo de se manifestar no processo, e
todas as medidas tomadas pelo nosso jurídico, e que a divida vai aumentando com o passar do
tempo, uma vez que os equipamentos continuam de posse da Fundação Municipal de Saúde. O
Sr. José Reis Cazuza alertou sobre a possibilidade da dívida se transformar em precatório.
Comentei das vantagens de se acelerar o recebimento, pois daria um fôlego para todo mundo,
tendo em vista se tratar de recursos financeiros consideráveis.

(24:55 minutos) O Dr. Brito diz que temos que ver o que conseguem com os contatos e que
tem que ser contato forte. Levantou ainda a questão de que o Estado não esta pagando dívidas
do Município, e eu afirmei que existe um período da dívida que é do Estado, e o Sr. José Reis
Cazuza complementou dizendo ser indiscutível que a partir do momento que o Estado
assumiu a gestão a dívida é do Estado desde a intervenção. Comentei ainda que de qualquer
forma que se receba o período que esta sobre responsabilidade do Estado, mas que tudo isso
depende da articulaçãoe do contato, que se tiver um contato "la em cima , roda" e se rodar "é
nosso".

(26:04 minutos) Voltamos a tratar da questão dos equipamentos, relatei as tratativas sobre a
manutenção do mamógrafo, e sobre as questões relativas a precariedade da rede elétrica do
pavilhão anexo ao hospital onde está o centro de diagnóstico, e que esta precariedade pode
inclusive danificar os equipamentos. E que na negociação sobre a questão do mamógrafo eu
ireiinterceder para beneficiar o Dr. Brito.

(29:05 minutos) O Sr. José Reis Cazuza voltou a comentar sobre a documentação relativa
aos recebimentos e me pediu para manter sigilo, não informando ao meu advogado
Mauricio Defassi da identidade e procedimentos para receber".

JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO solicitou, ainda, documentos dos créditos da


Bravix Medical junto à Prefeitura Municipal, informando que ela deveria ser entregue em
mãos de sua esposa, evitando que terceiros viessem a ter conhecimento sobre suas operações:

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"(08:32 minutos) Comentei que entramos com um processo administrativo para receber os
valores referentes aos serviços prestados pela empresa BRAVIX, e que este daria um maior
trabalho. E que estes valores estariam em algo próximo a R$ 300 000.00 (TREZENTOS MIL
REAIS). E passamos a conversar sobre os detalhes do serviço prestado, no período sem
contrato

E combinamos que eu entregaria estes documentos em mãos para o Sr. José Reis Cazuza, e ele
disse que eu poderia entregar no Gabinete do Dr. Brito na Câmara de Vereadores para a
esposa dele, advertindo que somete poderia entregar para ela e mais ninguém".

Mais tarde, Reginaldo da Silveira Sobrinho descobriu que a quantia devida à


Bravix Medical chegava ao patamar de quase 1 milhão de reais (ev. 55, inf5, AC):

"(25:55 minutos) Comento sobre os valores a receber da Prefeitura Municipal de Foz do


Iguaçu,referentes aos períodos que os serviços forma prestados sem contrato pela empresa
BRAVIX, o Sr. José Reis Cazuza fala se é odos 300 mil, e eu informo que descobri que na
verdade após levantamento que solicitei estes valores estariam em algo em torno de
novecentos mil reais. Que se referem a dois períodos. Momento em que Dr. Brito afirma
intenção de entrar neste ramo devido aos altos valores envolvidos,e o Sr. José Resi Cazuza
afirma que para tanto precisa ter muito capital, devido aos atrasos de pagamentos, e cita que
a empresa Cristalink Serviços Médicos do Dr. Roberto que estaria com 600 mil reais e que
mesmo assim estaria dando risada pois possui caixa para bancar a operação".

Ainda, após questionar Reginaldo da Silveira Sobrinho sobre os créditos com a


Fundação Municipal de Saúde que, recorde-se, estava sob intervenção do Estado do Paraná,
voltou a dizer que possuía um "contato" no Governo do Estado do Paraná:

"(12:23 minutos) O Sr José Reis cazuza me indagou sobre a documentação referente aos
valores pendentes do contrato com a Fundação Municipal de Saúde Perguntei para que dia ele
precisava desta documentação e ele informou que o contato deles no estado estará em Foz do
Iguaçu, no primeiro dia da Realização do Festival Internacional de Turismo, sendo assim
combinamos de que eu entregarei esta documentação na segunda feira dia 26 de junho de
2017. Informei que iriapedir para o Advogado e o Sr. José Reis Cazuza me indagou quem era o
advogado e quais os clientes que ele tinha na Operação Pecúlio.

[...]

(24:55 minutos) O Dr. Brito diz que temos que ver o que conseguem com os contatos e que tem
que ser contato forte. Levantou ainda a questão de que o Estado não esta pagando dívidas do
Município, e eu afirmei que existe um período da dívida que é do Estado, e o Sr. José Reis
Cazuza complementou dizendo ser indiscutível que a partir do momento que o Estado assumiu
a gestão a dívida é do Estado desde a intervenção. Comentei ainda que de qualquer forma que
se receba o período que esta sobre responsabilidade do Estado, mas que tudo isso depende da
articulaçãoe do contato, que se tiver um contato "la em cima , roda" e se rodar "é nosso".

Inclusive, com o objetivo de formalizar a assessoria de cobrança de dívidas


públicas, JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO cogitou criar uma pessoa jurídica. A meu ver, o
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acusado tanto queria dar ares de legalidade à cobrança, como temia que sua comissão não
fosse adimplida pelo contratante do serviço. Tanto é assim que, ainda que em tom jocoso,
afirmou que isso se fazia necessário para que ele (JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO) não
precisasse "dar um tiro" em Reginaldo da Silveira Sobrinho:

"(13:37 minutos) O Sr José Reis Cazuza informou que está com a intenção de montar um
empresa de Cobrança. E ter um Termo para colocar esta cobrança da empresa e documentar,
para que ele tenha garantia e não precise me dar um tiro, e eu afirmei que nem podia fazer
isso e ele disse que a exemplo se o cara vier dar o Chapéu por isso ele gosta de tudo
documentado.

(14:09 minutos) O Sr. José Reis Cazuza, cita o caso do Túlio Bandeira, que queria ele exigiu
que documentasse os valores, inclusive com a colocação de um Banner no site dele. E que não
estávamos tratando de bolinho. E eu concordei que tinhamos que bolarum jeito para
movimentar os recursos. E o Sr. José Reis Cazuza disse que depois não estaria em minhas
mãos o poder de pagamento e que poderia o valor ser questionado. Informei que estes valores
estão sobre minha responsabilidade e que tenho autonomia para esta movimentação E o Sr.
José Reis Cazuza combinou então defazermos uma documentação para "formalizar" isso".

Ressalto que o encontro entre os réus e Reginaldo da Silveira Sobrinho foi


acompanhado pela Polícia Federal, que filmou e fotografou o agente entrando com uma pasta
na Clínica Multi Imagem e saindo de mãos vazias (Informação nº 97/2017, ev. 53 da AC):

Em 26/06/2017, Reginaldo da Silveira Sobrinho entregou a JOSÉ DE


OLIVEIRA REIS NETO documento referente ao processo judicial movido contra a Fundação
Municipal de Saúde, para cobrança de créditos por serviços prestados no Hospital Municipal
(ev.55, inf5, AC). Além disso deveria ser enviada ao e-mail oiguassu@gmail.com, utilizado

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por JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO para, caso violado, ser considerada uma violação ao
direito de imprensa, o que foi feito, conforme Relatório de Atividades do dia 13/07/2017 (ev.
61, inf5, AC).

JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO salientou que já havia entregue a


documentação pertinente ao seu "contato" na Prefeitura, no dia 23/06/2017, ao tempo em que
reforçou sua intenção de constituir uma pessoa jurídica para dar ar de legalidade à cobrança
(ev. 55, inf5, AC):

(32:16 minutos) Questiono o Sr. José Reis Cazuza sobre o recebimento dos valores da clínica
Cemédia e ele afirma que já entregou a documentação no mesmo dia para o contato dele na
prefeitura, na sexta feira 23/06/2017.

(32:30 minutos) Pergunto se o Sr. José Reis Cazuza já providenciou a empresa de cobrança
que ele comentou que ira montar, para dar aspecto de legalidade nos recebimentos, e ele
comenta que está esperando o pagamento do dia primeiro para poder arcar com os custos da
montagem da empresa. E que assim deixaríamos tudo certinho, que seria bom pra mim
também.

Ao que tudo indica, LUIZ JOSÉ DE BRITO não sabia a identidade do "contato"
que iria efetivar os pagamentos, o que seria de conhecimento apenas de JOSÉ DE OLIVEIRA
REIS NETO (ev. 58, inf4, AC - 30/06/2017):

(06:07 minutos)Questionei sobre a identidade do contato que está sendo responsável pelo
recebimento dos valores pendentes da empresa Cemédia , na prefeitura municipal e o Dr. Brito
me disse que não sabia quem era, e eu justifiquei minha preocupação por questão de sigilo, e o
Dr. Brito disse que o Sr. José Reis Cazuza é quem tem o contato, e comentei que o Sr. José Reis
Cazuza é "ponta firme" e o Dr. Brito comentou que não acreditava em risco de vazamento pois
o Sr. José Reis Cazuza é um cara "safo".

Em 02/08/2017, LUIZ JOSÉ DE BRITO afirmou que indagaria JOSÉ DE


OLIVEIRA REIS NETO sobre o andamento das cobranças (ev. 66, inf2, AC):

"(07:49 minutos) Comento que tenho que ver com o Sr. José Reis Cazuza, se andou a questão
do recebimento dos valores da CEMEDIA. na prefeitura. O Dr. Brito diz que nunca mais falou
sobre isso. mas que irá aproveitar e falarcom o Sr José Reis Cazuza, sobre este caso em
reunião que terão as 16 horas Que nâo sabe como ficou mas vai ver com o Sr. José Reis
Cazuza".

Os relatórios de informação foram corroborados por Reginaldo da Silveira


Sobrinho em juízo:

Ministério Público Federal:- Os denunciados, ora acusados, Luís José de Brito e José Reis
Cazuza, propuseram ao senhor ajudar a receber créditos das empresas do Grupo Epico do
senhor Euclides, tinha referente à Prefeitura e a Fundação Municipal?

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Testemunha:- Sim.

Ministério Público Federal:- Já emendo a seguinte pergunta, pediram algo em troca?

Testemunha:- Sim, na verdade, ocorreu o seguinte, as empresas do Grupo do Euclides, vamos


dizer assim, nós tínhamos a CEMED, que era uma clínica que tinha o credenciamento com a
Prefeitura, que tinha em torno de cento e trinta mil reais para receber de serviços já prestados
à Prefeitura, em um credenciamento de mamografia e ultrassom. Nós tínhamos também a
Bravix, que tinha o contrato que era da UPA e do Morumbi, de equipamentos, que não tinha
recebido também. E nós tínhamos um maior ainda, que era um maior ainda, que era de uma
ação que a empresa tinha entrado contra a Fundação Municipal de Saúde, que na época
estava gerando em torno a ação de cinco milhões para receber. E foi proposto pelo senhor
José Reis e pelo Doutor Brito, que eles intermediariam esse recebimento, e foi pedido uma
contrapartida. Inicialmente tinham me falado em vinte por cento, depois com o andar do
processo todo, um dia o Doutor Brito chegou para mim e falou que não, que não sabia nem se
ia compensar, mas eles queriam trinta por cento, inclusive me detalhou que quinze por cento ia
ficar para o Doutor Brito, sete e meio para o senhor José Reis Cazuza, e sete e meio para a
pessoa que seria o contato deles dentro da Secretaria Municipal de Saúde, para fazer os
recebimentos. E o senhor José Reis Cazuza também, diversas vezes me disse que o grande, que
era o de cinco milhões, tinha interesse do pessoal do Estado, porque como a fundação estava
no poder do Estado, ia ter que ser através do Estado, porque ele estava vendo o caminho para
conseguir, ia ser nessa faixa também de propina.

Ministério Público Federal:- O senhor José Reis Cazuza, ele chegou a sugerir um modo de ele
simular, de ele lavar o dinheiro que ele receberia de propina?

Testemunha:- Não, na verdade, ele falou para mim que ele iria montar uma empresa de
cobrança, para poder como se ele tivesse me assessorando na cobrança, ou vender
publicidade dentro de um blog que ele tem lá, o Iguaçu, uma coisa assim, mas que inicialmente
ele queria fazer no papel um documento de que ele tivesse uma empresa de cobrança que
estaria lhe assessorando nisso, vamos dizer assim.

Ministério Público Federal:- Eles alegaram ao senhor que teria influência sobre outros
servidores públicos, para cobrar esse valor?

Testemunha:- Então, na verdade, o que eu percebi é, na época, o Doutor Brito citava que eles
tinham uma ligação muito estreita com a Inez, da saúde, a secretária municipal de saúde da
época, o senhor José Reis também, inclusive algumas vezes ele me mostrava mensagens que
ele tinha trocado com a secretária de saúde, sobre problemas da Cristalink, de outras coisas,
dando conselhos para ela e tudo mais, marcava reunião com uma certa facilidade, eu via que
ele também conversava muito com o assessor lá da Prefeitura que eu não sei exatamente ser o
Washington o nome dele, Washington Sena, se eu não me engano, que ele conversava bastante,
e às vezes, por telefone ele falava, oh, isso aqui vamos ver depois e tal. E o Doutor Brito
inclusive me disse que o pessoal deles lá da Prefeitura, estavam ansiosos para resolver o
problema, então não entregava os documentos relativos às cobranças que eu tinha que fazer
para eles e tal, era assim que eles estavam trabalhando lá dentro.

Ministério Público Federal:- E esses documentos, o senhor entregou?

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Testemunha:- Entreguei efetivamente as planilhas com os débitos, que existiam das empresas
do Euclides, entreguei, coloquei na pasta, entreguei para o senhor Cazuza lá na Vita Imagem,
na Multimagem, levei para ele, estava o Doutor Brito junto, inclusive no princípio ele olhou,
achou que era mais o primeiro valor, que tinha para ser cobrado, que depois ele viu que
somando dava trezentos e poucos mil só aquele, que o outro aí ser mais difícil, foi entregue
para ele ali na clínica do Doutor Brito.

O acusado LUIZ JOSÉ DE BRITO negou as acusações. Confira-se o teor de


suas declarações ao juízo:

Juíza Federal: - Ok. Vamos ao item 8 da denúncia, que diz respeito ao suposto tráfico de
influência praticado por Luiz José de Brito e José de Oliveira Reis Neto, em favor do grupo
E-People. Diz aqui a denúncia do Ministério Público Federal que no período de abril a
dezembro de 2017, os senhores que acabei de mencionar, os dois réus aqui da ação,
solicitaram para si e para terceiro ainda não identificado, uma vantagem financeira a pretexto
de influir junto a funcionários da administração pública municipal de Foz do Iguaçu e da
Fundação Municipal de Saúde, um pagamento de créditos que as empresas do grupo E-People
possuíam junto à administração pública municipal, no valor de cinco milhões de reais. E, para
tanto, teriam solicitado uma vantagem, uma espécie de comissão, uma vantagem econômica no
percentual de 30% do valor recebido. Posteriormente logo, mais à frente da denúncia, o
percentual de divisão desses 30% dessa comissão seria: 15% para o senhor, 7,5% pro seu
Cazuza, e 7,5% para o servidor que atuaria, o servidor a quem os senhores influenciariam.
Essa, é esse o contexto da denúncia. Eu queria saber se essa acusação aqui ela é verdadeira
ou é falsa?

Réu: - Falsa.

Juíza Federal: - Em algum momento o senhor tratou, pessoalmente, e eu gostaria de saber


mais especificamente, se em conjunto com o senhor Cazuza, a respeito de dívidas já, de dívidas
portanto pretéritas, né. Créditos a receber do grupo E-People?

Réu: - Vamos contextualizar? Eu lembro, de forma até nebulosa também, que naquelas
tratativas que eu tive com o informante sobre questões de equipamentos, ele me abordou
sobre cobrança de dívidas. Realmente aconteceu isso, ele me abordou. E naquela ocasião ele
relatou que a E-People tinha uns valores astronômicos para receber. Cinco, dois. Porque essas
empresas sempre tem valores altos, né, elas trabalham de uma forma muito maliciosa, né. Tem
o juro, tem a isso, tem aquilo. E me abordou sobre essa questão. E eu imediatamente falei que
não tinha condições de fazer nada e nem deveria. Em partes, aqui já está respondido pelo
Ministério Público, por que eu não poderia fazer isso. Nesse confuso relatório, que foi
transferido do informante para o Ministério Público, que aqui o próprio Ministério Público
afirma que eu não tinha qualquer influência sobre a direção estadualizada do hospital.
Aqui, em certos trechos, eles chegam a afirmar que eu queria levar a licitação pra final do
ano, porque daí ia voltar pra o município, que aí eu teria maior poder e influência, que eu
não tinha também, porque eu era oposição ferrenha ao Prefeito. Então o próprio Ministério
Público já respondeu parcialmente. Mas eu quero complementar, eu quero complementar, né.
Ele, imediatamente questionei sobre a legalidade desse recebimento. E ele teve que reconhecer,
porque eu já antes de perguntar, eu já sabia que ele estava envolvido na questão da pecúlio, e
automaticamente já descartei isso. E aí ele veio com uma outra história. Realmente ele é um

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cara inteligente. Aí ele veio com um documento lá da tal de Vebmed, nem sei o quê que é isso
aí. “Não, esse aqui é legal. Esse aqui é um serviço que nós prestamos mesmo e foi feito,
ultrassão e não sei que lá, você me ajuda nesse?”. E aí, me recordo vagamente, houve até
alguns aconselhamentos mas nunca ocorreu cobrança alguma.

Juíza Federal: - Tá, a pergunta é: ainda que não tenha havido, é, o contato com algum
servidor público municipal, ou mesmo estadual, diante da intervenção estadual na área da
saúde do Município. O senhor falou ao seu Reginaldo que teria condições de influenciar ou
mesmo de solicitar algum tipo, algum servidor público municipal ou estadual o pagamento, é,
mais acelerado dessas dívidas?

Réu: - Jamais e aqui no relatório do Ministério Público ainda me reforça essa minha resposta
de que eu não tinha qualquer influência para fazer isso.

Juíza Federal: - Tá, o senhor ainda não, acho que o senhor talvez não tenha entendido a
minha pergunta. O senhor disse, não, eu não pergunto se o senhor tinha influência ou não
tinha influência, certo? Isso é uma outra, é um outro aspecto. Eu pergunto se o senhor disse a
seu Reginaldo que tinha influência, mesmo sem ter influência efetiva.

Réu: - Jamais, porque eu imediatamente descartei essa possibilidade.

Juíza Federal: - O senhor, o senhor sabe dizer se o senhor Cazuza chegou a tratar com seu
Reginaldo sobre a abertura de uma empresa de cobrança?

Réu: - Desconheço, doutora.

Juíza Federal: - Desconhece? O senhor sabe dizer se o José Reis iria exercer algum tipo de
influência em algum servidor público municipal ou estadual para fins de viabilizar, ou pelo
menos disse ao seu Reginaldo que o faria para fins de viabilizar o recebimento desse crédito?

Réu: - Jamais.

Juíza Federal: - Não aconteceu ou o senhor não sabe?

Réu: - Jamais aconteceu, da minha parte, qualquer interferência nesse assunto de cobrança.

Juíza Federal: - O senhor sabe dizer se o seu Cazuza atuou nesse...

Réu: - Desconheço qualquer atuação do Cazuza a respeito disso, mas não descarto a
possibilidade do indivíduo ter abordado-o também, né, dentro do seu plano.

Juíza Federal: - Qual a sua relação com a senhora Inês da Saúde.

Réu: - Marinês Weissmann. Pena que eu não tô com o meu celular ainda, doutora, porque eu
poderia até mostrar aqui, eu acho que até a minha, minha defesa fica cer, certamente cerceada
por isso, mas, eu poderia mostrar no meu celular que eu conversei duas vezes com ela, não só
no período que eu fui Vereador, mas na minha vida, por telefone. E pessoalmente nunca tive

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qualquer tratativa com ela.

Juíza Federal: - Em algum momento o senhor chegou a dizer para quem quer que seja,
especialmente para o senhor Reginaldo, que a senhora Inês seria sua parceira ou parceirona,
ou um termo desse tipo?

Réu: - Como eu falei, uma pessoa com a qual você conversou duas vezes para tratar de
assuntos médicos, com a qual você nunca fez uma reunião, essa pessoa jamais poderia ser uma
parceira. Então, completamente absurda mais essa afirmação do informante.

Segundo a exordial a acusatória, não havendo notícias de fato superveniente, os valores


devidos ao Grupo E-people não foram pagos. Ao meu juízo, a materialidade dos fatos
criminosos imputados aos réus está sobejamente demonstrada.

Na fase inquisitorial, JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO afirmou que foi


procurado por Reginaldo da Silveira Sobrinho para que prestasse auxílio no recebimento de
valores devidos ao grupo que ele representava (ev. 12, autocircuns2, IPL):

questionado se o interrogado mantém algum tipo de relacionamento com REGINALDO, foi


dito: "REGINALDO, meses atrás, fez contato comigo e apresentou uma denúncia de que uma
empresa que ele trabalhava ou representava teria valores para receber da Prefeitura e que
esses valores não estariam sendo pagos. Não sendo eu aliado politico do atual governo
municipal e nem do anterior, não tive como orientá-lo ou ajudá-lo. Por eu nâo estar em
atividade como jornalista, em razão do meu problema de saúde, eu não preparei nenhuma
matéria jornalística sobre isso. Creio que o REGINALDO deva ter constituído advogado para
a cobrança desses valores, assunto esse sobre o qual eu não soube mais nada. Minhas
conversas com REGINALDO foram poucas, por meio de e-mail e whatssap Eu estive algumas
pouca vezes pessoalmente com ele também, para tratar desses assuntos que eu falei";

Já, em seu interrogatório judicial, mudou levemente sua versão:

Juíza Federal: - Assim, agora vamos ao tráfico de influência, Item 8 da denúncia. Além desses
crimes licitatórios, e de corrupção que já foram narrados, no período de abril de dezembro de
2017, os denunciados Doutor Brito e José Reis, teriam solicitado para si e para terceiro ainda
não identificado, imagem financeira a pretexto de incluir junto a funcionários públicos de
administração pública municipal de Foz de Iguaçu, e da Fundação Municipal de Saúde, o
pagamento de valores, no caso créditos, que as empresas do Grupo E-People possuíam junto
à administração pública municipal, entre município e Fundação, num total aproximado de
cinco milhões de reais, solicitando para tanto, vantagem econômica no percentual de trinta
por cento do valor recebido. Narra aqui a denúncia, que no dia 24 de maio de 2017, Reginaldo
compareceu à Clínica Multimagem, para reunião com o Doutor Brito e com o senhor. E nessa
oportunidade, o Doutor Brito se propôs com a sua ajuda, a influ... a exercer essa influência
para que o Grupo E-People recebesse os valores que de fato eram devidos à empresa, em
função da prestação do serviço da administração pública municipal. Então, mas
especificamente pela CEMED, também era uma pessoa jurídica que integrava esse grupo
aqui. Tá, sobre esses fatos, o que o senhor tem a dizer?

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Defesa: - A defesa técnica reitera o posicionamento para que o interrogado permaneça em
silêncio.

Réu: - Agradeço à defesa, quero responder. Doutora, especificamente, tráfico de influência,


pelo o que eu li, eu entendo tráfico de influência, logo pressupõe a aproximação de duas
partes, no caso seria... Só para ver se eu tenho o entendimento correto, quem tem a receber e
quem tem a pagar, o tráfico de influência. Essa afirmação é áudio gravado, ou é o Reginaldo
falando?

Juíza Federal: - Segundo consta aqui da denúncia, essa afirmativa consta no relatório do dia
24, que está juntado no Evento 26, e também foi apontado um áudio contendo a gravação.

Réu: - Veja bem, então essa reunião teve, mas eu acredito que o início da conversa não foi
nesse dia, foi um dos assuntos, eu não consigo, quase certeza, houve essa reunião, não posso
precisar se é nesse dia, é aquela história do áudio aqui, não sei em que contexto e não sei o
dia porque não tem a perícia. Mas eu tratei de assunto de cobrança sim, da seguinte maneira,
quando eu tive aquela reunião no dia 13 de maio, quase que certeza, se não foi nela foi em
outro, que ele tinha créditos a receber, perguntou se eu poderia fazer alguma coisa, eu falei,
sim, vamos constituir uma empresa de cobrança, de cobrança, e em cima dela fazer a
cobrança em cima disso.

Juíza Federal: - Sim, isso o senhor já disse.

Réu: - Tráfico de influência. Quem deve para essas empresas é o Município, a minha relação
com o hospital municipal acho que ficou claro nos depoimentos, não ficou claro, ficou clara a
minha relação também que eu tinha ou tenho com o depoimento da ex-secretária Inês, que foi
prefeita do dia 01 de janeiro a 01 de maio, onde ela diz que jamais eu pedi emprego, sou
dirigente partidário, poderia ter feito indicação em um partido para ela, não fiz, podia ter
pedido verba de publicidade como jornalista, não fiz. E que eu não fiz, segundo a Inês, tráfico
de influência no governo dela. Dia 01 de maio assume senhor Chico Brasileiro. Não é de hoje,
aqui no Iguaçu, o jornal que eu escrevo, para ter uma ideia da minha relação e a minha
influência para fazer tráfico no Município, e vou deixar isso aqui para constar uma cópia nos
Autos, dia 26 de abril a 03 de maio de 2010, o senhor Chico Brasileiro era vice-Prefeito de
Foz de Iguaçu, estouramos o depósito da Cobal com remédios estocados na validade
estragado, material, tem as fotos, tudo material de pediatria, tudo estragado lá dentro,
primeira denúncia. Depois, no dia 30 de setembro de 2012, o médico aponta governo dos
metralhadas, políticos na administração e Vereador de Foz, Chico Brasileiro, inclusive. Olha
como eu sou amigão dele para fazer tráfico. E 2012 ainda, outubro, MPF, lotérica da esposa
de Chico Brasileiro denunciada por agiotagem. Todas as matérias minhas, inclusive isso daqui
foi uma denúncia que eu levei a acusadora a fazer um depoimento, uma declaração e uma
denúncia ao Doutor Porciúncula, no Ministério Público, que ele declinou da competência para
o Ministério Público Estadual, não sei no que deu, mas há pouco tempo eu soube que ela
vendeu a lotérica, porque ela era sócia-gerente da lotérica e sendo servidora pública e tal.
Então eu não tenho relação nenhuma com o governo do Chico Brasileiro que possibilita... E
quem assina pagamento é Prefeito, não tinha... E a Secretária de Saúde agora, do governo
Chico Brasileiro, até então, ou já não é mais, mas até o começo desse ano, era a Inês, a
assinatura que seria para um pagamento, no mínimo levaria o atesto da ex-prefeita Inês, e o
pagamento Secretário de Fazenda e Prefeito. Como é que um Prefeito vai assinar qualquer

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coisa ou laudo que eu esteja fazendo tráfego de influência no meio disso aqui? Além disso, o
Doutor Brito possui uns créditos, não me lembro exato, cinquenta mil reais referente a 2016,
eu acho que é 2016, de um contrato da... O Doutor Brito não, a Multimagem tem duzentos e
cinquenta mil, e ele comentou comigo, se o Doutor Brito que é um grande, me desculpe, que
ele é um grande, o próprio advogado dele disse aqui, é bravateiro, tivesse alguma relação com
a Inês, que ele não tinha, ou eu, ele, com a dívida dele, seria pago para ele, e não eu
aconselhado ele a pegar o advogado que já defendia ele para o Doutor Loureiro, e cobrar o
cinquenta mil na justiça como de fato fez. Então, a minha intenção, e deve tá nos áudios
gravado, era... Eu acho que não foi essa reunião, teve uma outra também além dessa tratando
desse assunto, era montar uma empresa que eu traria o meu filho para trabalhar, que estava
fazendo radiologia em Curitiba, técnico em radiologia, para fazer Medicina no Paraguai.
Quando ele ouviu isso na frente do Doutor Brito, eu chamo de testemunha aqui, ele fala,
“não esquenta a cabeça com isso”, eu acho que ele é deletar pé de chinelo ainda. Veio e
falou o seguinte, “eu vou dar dois mil reais para você no mês, para você rejeitar o trabalho
para o seu filho”, eu falei, “eu não aceito dinheiro, eu trabalho, o que eu faço é contrato, e
filho meu não vai viver de propina, nada disso”, eu refutei imediatamente. Mas lógico, essa
parte da gravação não tá aí, não interessou para a acusação também transcrever. Eu refutei
a única tentativa de oferta de dinheiro que me foi feita nesse rolo todo.

Juíza Federal: - Esses dois mil reais...?

Réu: - Esses dois mil reais que eu ia falar lá. Eu refutei, nunca mais ele teve coragem de me
oferecer nada, e era para montar uma empresa. Aí eu falo, e a empresa não foi montada, por
quê? Se a senhora me permite...

Juíza Federal: - Uhm.

Réu: - Porque como eu disse, eu suspendi... Que dia foi a reunião, por favor, 24...?

Juíza Federal: - 24 de maio.

Réu: - 24 de maio. A partir do momento que ele falou que tinha crédito a receber, a primeira
coisa que eu pedi para ele, e isso tá nos Autos, não sei aonde eu li, eu peço para ele uma
prestação de conta desses valores, peço a cópia da nota fiscal, peço a cópia da liquidação de
empenho, o atestado dos serviços feitos, para ver que realmente procedia o crédito, que são os
procedimentos normais. Fico de abrir a empresa, e eu esperava receber um dinheiro meu de
fim de mês, para poder arcar com os custos da empresa, que eu não queria que ninguém
pagasse nada, eu ia arcar com esses cursos, quinhentos reais para abrir uma empresa, mil
reais, no máximo. E aí o que acontece, eu pego aquela relação e começo a cobrar a nota
fiscal, falo, como é que tá pronto, atestado e não tem nota fiscal da execução do serviço?

Juíza Federal: - É a relação que consta da P127 da denúncia?

Réu: - Não lembro não, mas de qualquer maneira, como é que a nota fiscal, como é que não
tem? E eu apertando, cadê a nota fiscal, queria o documento, não foi, o que eu fiz? Pego uma
fonte jornalística minha, da Secretaria de Fazenda, lembrando sempre, sou inimigo político e
hoje pessoal do Vereador do... Pessoal não, inimigo político, que eu sou adversário político
do atual Prefeito e da atual gestão, do vice também, e pego aquele documento, passo para

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uma fonte minha na Secretaria de Fazenda, funcionário de carreira e pego, escuta, checa
isso aqui para mim, porque aí começou a feder o Reginaldo. E eu achei esquisito não ter
nota fiscal. Eu falei, dá uma olhada se isso aqui existe. A pessoa foi, checou e falou o
seguinte, “Cazuza, esses créditos aqui são alvo de investigação e foram parados, não foi
pago, porque isso aqui é uma fraude, tá envolvido pecúlio nisso aqui”. Eu falei, “você tem
certeza disso?”, falou, “tenho certeza, eu não tenho acesso ao processo e nem nada disso
aqui. Isso aqui não vai ser pago nunca”. Eu falei, “olha, então tudo bem, o caminho é o
Judiciário mesmo, é o caminho, porque eu vou abrir para abrir empresa”. Volto a ter uma
reunião com o Reginaldo, não sei se é nesse que eu falo, Reginaldo, porque o que acontece,
quando o caixa da Prefeitura, eu sei que tá baixo, não tem disponibilidade orçamentária, é
devedor, eu falei, “vocês estão preparados para receber pracatório? Porque o final de uma
execução judicial no poder público, é você receber precatório. Ok?”, “ok”. Então foi. “Então
eu vou ver”. E comecei a embarrigar o Reginaldo a partir dali, não abri a empresa, e aquele
negócio, “não, vamos ver, mas vamos esperar um resultado...”, e comecei a dar uma barriga
no Reginaldo, e avisei para o Doutor Brito, “Doutor Brito, cai fora do Reginaldo porque isso é
coisa da Pecúlio, esse valor, não quero mais tratar disso”. E dali, desse dia 24 aí, até o dia 15
de julho, eu interrompo todo e qualquer contato com o Reginaldo, ou assuntos referentes ao
Reginaldo com o Doutor Brito, inclusive, porque já tinha dado a instrução para o Doutor
Brito, não queria mais envolvimento com eles, e não existe em todos esses requerimentos,
relatório telefônico, nenhuma reunião que eu tenha participado, nenhum áudio que tinha sido
gravado por mim, e nenhum WhatsApp, ainda que fraudado ou montado, ninguém diz que eu
me encontrei com qualquer pessoas dessa. Mas eu sou citado na minha ausência a respeito
disso tudo, mas eu jamais soube do que aconteceu com essa suposta ORCRIM, depois do dia
15, a única informação que eu troquei com o Reginaldo, depois do dia 15 de julho, é o mesmo
relise que eu manda inclusive para o Doutor Porciúncula e para diversas autoridades, que era
a clipagem do Iguaçu, nunca mais tratei de assunto nenhum com ele, nem de Fundação, nem
nada, pelo o que eu me lembro.

Juíza Federal: - Tá. O senhor já mostrou que é opositor político da atua gestão.

Réu: - Sou.

Juíza Federal: - Certo. E, portanto, na sua...

Réu: - Só não expliquei porquê. Não precisa?

Juíza Federal: - Não precisa.

Réu: - Não tem influência nenhuma?

Juíza Federal: - Se o senhor acha que vai contribuir com alguma coisa, obviamente eu vou
colhê-lo, mas não vejo muita relevância para...

Réu: - Eu quero um testemunho forte disso.

Juíza Federal: - Tá. Deixa eu só fazer a minha pergunta, aí o senhor continua.

Réu: - Para não perder o raciocínio, sim senhora. Desculpa a minha ansiosidade.

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Juíza Federal: - Tá bom. O senhor já disse que não teria poderes efetivos para influenciar
na decisão de ninguém da administração municipal, foi isso que o senhor falou, e o senhor
trouxe e mostrou esses jornais, tá, perfeito.

Réu: - E que essa cobrança seria a empresa.

Juíza Federal: - O senhor disse em algum momento para o senhor Reginaldo, que o senhor
teria condições de fazê-lo, mesmo sem ter de fato essa condição de influenciar na atuação de
algum servidor público para viabilizar o pagamento das dívidas dos créditos recebidos?

Réu: - Não. Dos ex-servidores públicos sim, para levantar de maneira... As mesmas fontes, eu
tenho fonte jornalística, tanto que o áudio que eu tenho, que eu vou falar depois, vem do
gabinete do Prefeito, tenho na Secretaria de Fazenda, e acompanho político, aquela coisa
toda. Eu usei essas fontes para saber se o crédito do Reginaldo existia, não o lobby, e desde a
primeira reunião que eu tive com ele para tratar desse assunto, eu sempre deixei claro que era
contra a montagem de uma empresa, que a empresa faria cobrança do judicial, nunca por
lobby ou tráfico de influência. Inclusive citei até questão do precatório, isso ele mesmo cita no
depoimento. Ué, se vai ser precatório, que influência é essa?

Juíza Federal: - Nessa época aqui desses fatos, a senhora Inês era Secretária de Saúde?

Réu: - 24 de junho, né?

Juíza Federal: - Maio.

Réu: - Secretária de Saúde, quando ela saiu da função de Prefeita, ela foi na Câmara,
entregou a Previdência e assumiu no dia seguinte, com certeza era Secretária de Saúde.

Juíza Federal: - A relação do Doutor Brito com ela era boa?

Réu: - Sim. Outra bravata do Doutor Brito quando ele estava preso comigo, inclusive falei
com ele, “Doutor Brito, o senhor tem que pedir perdão pelas coisas que o senhor falou com a
secretária Inês”. O Doutor Brito por pouco não colocou mais gente presa, como a dona Inês.
O contato do Doutor Brito com a secretária Inês era bom dia, boa tarde e boa noite, eu acho
que se o Doutor Brito teve duas vezes com a secretária Inês, foi demais.

Juíza Federal: - Ela não era parceirona dele, não poderia assim, não poderia adjetivar dessa
forma? Não, isso não existe não.

Réu: - Doutora, o Doutor Brito não queria nem... Doutora, não queria nem que a dona Inês
fosse convocada como testemunha, para mim encarar ela aqui? Bravateiro.

Juíza Federal: - Falou mais do que existiu?

Réu: - Não, vou ser sincero, para mim o Doutor Brito contava vantagem como essa, para
parecer mais do que era, porque ele como Vereador, ele é um Vereador, a bancada do
Prefeito são doze, e tem doze independentes, que é o Celino Fertrin e o Vereador Eliseu, o
vereador Doutor Brito, ele não tem influência nem na Câmara, nós tínhamos que agir, a
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prova é o requerimento que nós tiramos do plenário por fora como estratégia política, que eu
sugeria aí...

Juíza Federal: - Tá, e o senhor, como é que o senhor se classificaria?

Réu: - Em relação a Inês?

Juíza Federal: - Sim, em relação ao seu poder de influência, o senhor dizia que
(ININTELIGÍVEL)?

Réu: - Vou dizer a minha relação com ela. Não, eu cheguei em janeiro, não, quando ela era
prefeita, ela deu uma entrevista para mim na rádio, marcada, que eu vi o nome dele sendo
citado, o secretário de imprensa dela era Washington Sena. Então eu entrevistava os
secretários municipais das pastas, de cada uma das pastas sob governo, e todo esse
agendamento com o Washington Sena, era a respeito da pauta que quem era o secretário que
ia lá, e a própria secretária Inês, e depois tive uma reunião com ela, que é um objeto mais à
frente também, que eu fui em uma reunião na Secretaria em janeiro desse ano como ela, que
ela depois aqui, lembro, estava o pessoal do CCZ, a tratar a respeito de emendas
parlamentares, esse era o meu contato. Eu nunca recebi, reitero o que a dona Inês falou, verba
publicitária tinha direito a pedir cargo como espaço político no meu partido nunca fiz, nunca
indiquei ninguém na administração, nunca usei de influência quando ela era prefeita nem
secretária para qualquer tipo de vantagem ou pagamento indevido.

Juíza Federal: - O senhor reitera que não só não usou, como não disse que o faria? Porque a
pergunta é, o senhor tá sendo acusado de tráfico de influência, que não necessariamente exige
que o senhor tenha de fato exercido influência, mas que o senhor tenha agido a pretexto de
influir em ato praticado por funcionário público. Então eu pergunto...

Réu: - Jamais pratiquei qualquer ato de influência com servidor público no Município de Foz
de Iguaçu, ou do governo do Estado.

Juíza Federal: - Era outra pergunta que eu ia fazer. Então do Estado também o senhor não...?

Réu: - Mas eu quero falar da minha relação com o poder do Governo do Estado.

Juíza Federal: - Ahm, sim.

Réu: - Doutor, fique tranquilo.

Defesa: - Não...

Réu: - A atual Governadora do Estado chama Cida Borghetti, se fizer uma pesquisa e colocar
assim, no Google, José Reis Cazuza, Fábio Campana, que é o blog mais lido de política no
Estado do Paraná, colocar Cazuza pró Cida Borghetti, e Toninho Ranch, que é aqueles
WhatsApp que em tese, teria sido havido a troca comigo. Vai aparecer a notícia que eu estava
me desvinculando do partido no Estado e no Município para apoiar a candidatura do Doutor
Brito, e que eu me sentia satisfeito em ter tirado a Governadora do Estado da presidência
estadual e colocado o Toninho Ranch no lugar dela. Ou seja, eu tirei ela do partido, tirei ela
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da presidência do partido por questões políticas. Então nem no governo do Estado eu tenho
esse tipo de relação, é ruim.

Juíza Federal: - É ruim, tá. Mas o senhor disse em algum momento, para fins de... Para
convencer Reginaldo, eventualmente a dar uma comissão para o senhor, ou o Doutor Brito
falou isso também, a pergunta é essa, se o senhor...?

Réu: - Faríamos o tráfego de influência, ou eu ou ele?

Juíza Federal: - Isso, ahm. Se o senhor alegou que tinha o poder de influência mesmo sem ter
esse poder de influência?

Réu: - Não aleguei e contei pelo menos, uma mentira para o Reginaldo, o Reginaldo era muito
preocupado em saber quem eram os meus contatos, as minhas fontes, e o próprio Doutor Brito
também. Então o que eu disse ao... E nem foi de política, eu falei que uma pessoa que
entregaria a empresa, especificamente no objeto da denúncia do tráfico de influência, seria,
como de fato eu tenho alguns, o próprio Daledone que eu citei aqui, é um, o advogado de
Curitiba, que eu gostaria de compor na empresa. Por quê? Porque eu queria tirar ele do foco
de Foz de Iguaçu, que ele era muito interessado, isso me chamava atenção, “mas quem te
disse, com quem você vai ver na Secretaria de Fazenda, a respeito dos meus créditos ou
não?”, ele sempre quis ter esse tipo de coisa. E o próprio Doutor Brito, nem para o Doutor
Brito eu... Porque para ninguém, o sigilo da fonte é a alma do jornalismo.

Juíza Federal: - Tá. O senhor até desconfiou então, da curiosidade do Reginaldo?

Réu: - Eu desconfiei pelo seguinte o cara fica curioso porque se ele ver a hipótese de ser um
agente, e ter conhecimento de todos os fatos, eu não imaginei que ele estava armando
qualquer coisa nesse sentido não.

Juíza Federal: - Só para constar, narra aqui a denúncia que o percentual ajustado teria sido
trinta por cento do valor recebido, a ser recebido pelo Grupo E-People, né?

Réu: - Esses trinta por cento, Excelência, do pagamento, seria a participação do que a
empresa a ser montada cobraria sobre as ações dessa empresa, né, para tocar a questão
jurídica e fazer todas as cobranças também a respeito.

Juíza Federal: - Então esse percentual, de fato, foi tratado, só que...

Réu: - Foi tratado o percentual, não posso afirmar de trinta por cento, mas a empresa, em
relação ao que fosse de crédito lícito, inclusive isso, crédito lícito, seria um percentual X
para a empresa distribuído conforme as participações acionárias.

Juíza Federal: - Tá. O senhor era usuário do aplicativo Confid?

Réu: - Eu uso do o Confid sim, recomendei ao Reginaldo com o seguinte objetivo... Quando
ele comentou sobre isso ele faz um relatório ou mostrou a gravação? Só para mim saber do
inteiro teor.

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Juíza Federal: - Relatório e gravação.

Réu: - O Confid, o que eu faço? E a mesma coisa, já vou responder uma outra, que também
pedi em determinado momento que ele mandasse o material que ele fosse mandar no e-mail
Iguaçu. Por que eu faço isso? O sigilo da fonte, o Confid não deixa, quando a pessoa manda,
não sei se a senhora já viu como ele funciona, a pessoa me manda uma mensagem, ela vem
com um monte de janelinha escondida, aí eu vou lendo e vou passando o dedo, e me vai lendo,
quando eu tirar o dedo ele já apagou aquela letra, ele não deixa rastro. O meu objetivo em
relação, quando eu vi a mutretagem que estavam fazendo no hospital municipal, dentro de uma
série de coisas que eu venho investigando ao longo dos anos, que eu não coloquei no papel
ainda, por esse meu problema de saúde, quero escrever um livro sobre isso, era também
utilizar esses argumentos dentro de uma matéria jornalística que eu teria. Então não só o
Reginaldo, eu tenho alguns contatos que são usuários do Confid, que eu recomendo. Por quê?
Para que se preserve, por exemplo, no dia que a Polícia Federal foi na minha casa, que ela
apreendeu os bens, um dos meus celulares estava guardado em um dispositivo que eu tenho
sempre, eu uso mais de uma linha telefônica, foram presos os meus dois aparelhos, tem seis em
meu nome, já falo sobre elas, se depois os senhores quiserem saber. O que eu faço, quando eu
vou tratar alguma coisa de jornalismo, alguma coisa, eu uso naquele celular, eu tenho várias
pessoas no meu WhatsApp, tenho uns que usam o convite, então uso o WhatsApp. Quando eu
vi, eu já tenho por método meu, que esse aparelho quando eu vou usar, eu deixo ele sempre
guardado naquele lugar, da mesma maneira, quando eu vou tratar com a fonte, eu tenho que
preservar, porque senão perco toda a credibilidade, senão não teria esse acesso a esse monte
de informação. Eu faço todas as medidas possíveis, uma delas é o Confid, e o meu e-mail de
jornalismo, porque se alguma coisa cair no futuro, eu vou dizer, isso é da minha profissão, é
sigilo fonte, jornalista, e eu aproveitei (ININTELIGÍVEL), eu não pensava no Reginaldo e
essas coisas do hospital, Doutor Porciúncula, o senhor que conhece bem a minha trajetória
jornalística, somente em relação à licitação, e eu sabia que isso era um estouro de matéria,
esse era meu intuito e também um estouro, e falei isso em uma reunião com o Reginaldo, que
deve tá gravado, ou Doutor Brito. Eu falei, inclusive essa Licitação nº 005, eu tô com vontade
de denunciar ela na matéria, entendeu, vou fazer uma matéria a respeito desse negócio. Esse
foi o objetivo.

Juíza Federal: - Tá. O senhor usava um codinome para ele, no seu WhatsApp?

Réu: - Eu conheci três ou quatro Reginaldo’s, conheço o Reginaldo da Secretaria de Fazenda,


funcionário de carreira, conheço o Reginaldo ele... Então cada um deles eu ponho assim,
Reginaldo Prefeitura... Aí ele, no caso, uma característica dele muito forte, porque até esses
Autos todos aqui, eu nunca soube o sobrenome dele, que acho que é sobrinho, para fazer a
correlação dele eu colocava Mineiro. Vários dos meus contatos do WhatsApp, isso deve ter
visto na Polícia Federal, tem, mas não era oculto, tinha a foto dele, tinha o nome, tudo
certinho.

Juíza Federal: - Tá. Só para deixar claro, desses trinta por cento, o percentual, segundo a
acusação, que seria quinze por cento para o Doutor Brito, sete e meio para o senhor, e sete e
meio para o suposto contato que iria eventualmente agilizar.

Réu: - O advogado que faria o trâmite judicial da cobrança, e outra, não é da propina, reitero,
esse percentual ajustado eu não fiz, quando nós discutimos, e tem gravação com o Reginaldo

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dizendo da abertura da empresa, seria o percentual para a empresa. E não posso confirmar se
era exatamente essa distribuição, mas houve sim essa conversa dele de percentual, senhora.

A tese defensiva de ambos os acusados repousa no fato de que, sendo oposição


do prefeito Chico Brasileiro, não teriam condições de exercer qualquer influência, tanto na
gestão municipal, como estadual. No entanto, as teses defensivas não possuem o condão de
afastar a materialidade delitiva, conforme será abordado no tópico da tipicidade.

b) Autoria

A autoria é certa e recai sobre LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE OLIVEIRA


REIS NETO, pois ambos praticaram o verbo nuclear do tipo penal, já que, no período de abril
a dezembro de 2017, solicitaram para si e para terceiro não identificado, vantagem financeira
no percentual de 30% do montante eventualmente recebido, a pretexto de influir junto a
funcionários públicos municipais e estaduais, para o pagamento de créditos das empresas do
Grupo E-people, junto à Prefeitura de Foz do Iguaçu/PR e Fundação Municipal de Saúde.
Nesse sentido, são todas as provas referidas alhures.

Com efeito, provados os fatos, passo à respectiva qualificação jurídica.

c) Tipicidade

Os eventos narrados e provados pelo Ministério Público Federal amoldam-se,


perfeitamente, ao art. 332, parágrafo único, do Código Penal, in verbis:

Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de
vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da
função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de
1995)

Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a


vantagem é também destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995).

Sobre o núcleo do tipo penal, Guilherme de Souza Nucci verbera (in Código
Penal Comentado, 12ª ed., RT, p. 1213):

“Solicitar(pedir ou rogar); exigir (ordenar ou reclamar); cobrar (exigir o cumprimento de


algo); obter (alcançar ou conseguir). Conjugam-se com outra conduta: influir (inspirar ou
incutir). O objeto das ações é a vantagem com relação ao ato praticado por funcionário
público. É o que se chama de jactância enganosa, gabolice mendaz ou bazófia ilusória”.

O sujeito ativo do crime é qualquer pessoa, ao passo em que o sujeito passivo é

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o Estado. O tipo penal protege a Administração Pública, especialmente no aspecto da
moralidade.

Da análise do tipo penal, verifica-se que devem estar envolvidos (ainda que
virtualmente) no evento, no mínimo, três agentes distintos: um sujeito que solicita, exige,
cobra ou obtém de outra pessoa uma vantagem ou promessa de vantagem de outro sujeito;
sob o pretexto de exercer influência em um funcionário público no exercício da função.
Considerando que os verbos nucleares do tipo penal são praticados somente a pretexto de
influir em ato de funcionário público, sequer é necessário que o sujeito ativo do crime tenha,
de fato, poder de influência em funcionário público, bastando que ele afirme possuí-lo de
forma crível; ou mesmo que haja a concretização do contato com o servidor público, tal como
prometido. Nesse sentido, colaciono julgado do Eg. TRF4:

EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. OPERAÇÃO HIPÓCRATES. PRELIMINAR: NÃO


CONHECIMENTO DE RECURSO DE APELAÇÃO NO PONTO EM QUE VIOLA O
PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. MÉRITO: ESTELIONATO, TRÁFICO DE INFLUÊNCIA,
QUADRILHA; SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. DOSIMETRIA: CULPABILIDADE,
CIRCUNSTÂNCIAS E CONSEQUÊNCIAS DA PENA-BASE; SUBSTITUIÇÃO DA PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO; EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA EM VIRTUDE DA PENA
APLICADA.

[…] 3. O delito de tráfico de influência é formal, sendo que, para sua consumação, basta a
prática de quaisquer dos verbos núcleos do tipo (solicitar, exigir, cobrar ou obter vantagem ou
promessa de vantagem), a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no
exercício da função, não dependendo, portanto, da efetiva prática da conduta prometida [...]
(TRF4, ACR 0000947-69.2005.4.04.7101, SÉTIMA TURMA, Relator DANILO PEREIRA
JUNIOR, D.E. 03/03/2015)

Segundo o autor (idem), a vantagem referida no tipo penal refere-se a “qualquer


ganho ou lucro para o agente, lícito ou ilícito, que pode servir para configurar o tipo”. Já a
promessa de vantagem corresponderia à obrigação de, “no futuro, entregar algum ganho a
alguém”.

De mais a mais, está-se diante de um crime formal, sendo certo que, para a
perfectibilização da tipicidade objetiva, “o resultado concreto da influência não é necessário,
bastando que o agente solicite, exija, cobre ou obtenha a vantagem a pretexto (sob a
desculpa ou justificativa) de exercer ascendência sobre funcionário público. É o que a
doutrina chama de ‘venda de fumaça’” (idem).

O Ministério Público Federal imputou aos acusados dois crimes de tráfico de


influência: o primeiro deles, cometido contra a Administração Pública Municipal, pois a
influência seria exercida junto a servidor municipal para pagamento dos valores devidos ao
Grupo E-people pela Prefeitura de Foz do Iguaçu/PR; o segundo deles, cometido contra a
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Administração Pública do Estado, onde se alegava poder de influência junto a servidor da
Secretaria Estadual de Saúde, para adimplemento dos valores devidos pela Fundação
Municipal de Saúde, à época sob intervenção estadual.

No caso concreto, as provas produzidas revelaram que LUIZ JOSÉ DE BRITO


e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO solicitaram a Reginaldo da Silveira Sobrinho promessa
de vantagem pecuniária a fim de influir em servidor da administração direta municipal para
que este promovesse ou facilitasse os pagamentos de dívidas vinculadas ao Grupo-Epeople,
notadamente a Cemédia e a Bravix Medical, que haviam prestado serviço ao Município de
Foz do Iguaçu/PR (Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR). A promessa de vantagem
consistia no pagamento do percentual de 30% dos valores recebidos pelo Grupo E-people, a
partir da intermediação dos acusados.

As defesas de LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO


querem fazer crer, a partir do testemunho de Inês Weizemann dos Santos, bem como da
apresentação de matérias jornalísticas contrárias aos interesses do atual prefeito e publicadas
pelo jornalista, que eles não teriam o poder de influência nas decisões municipais, do qual se
gabaram por diversas oportunidades. No entanto, como já alinhavado acima, o tipo penal não
exige que o agente ativo do crime tenha, realmente, o poder de influência que afirma possuir,
bastando que seja crível ao agente para quem pediu a vantagem ou promessa de vantagem que
ele tenha tal aptidão.

In casu, LUIZ JOSÉ DE BRITO era vereador à época dos fatos e vinha
ganhando notoriedade em virtude do cargo eletivo que ocupava. Já JOSÉ DE OLIVEIRA
REIS NETO era um jornalista bem informado e conhecedor dos meandros da política, além
de braço direito de LUIZ JOSÉ DE BRITO à época, de modo que era plenamente factível a
Reginaldo da Silveira Sobrinho que ambos pudessem influir em ato de servidor da
administração pública municipal. Note-se que foram várias as vezes em que os acusados
disseram que tinham várias ligações políticas. Ainda, no exato dia em que solicitada a
promessa de vantagem JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO fez questão de mostrar que
conversou com Inês Weizemann dos Santos, obviamente, com isso, querendo demonstrar
poder de influência.

Os réus, em quase todas as oportunidades em que estiveram reunidos, gabaram-


se de suas forças políticas decorrentes das relações que tinham com poderosos. Em que pese o
réu JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO tenha tachado o corréu de "bravateiro" (o que não
exclui, mas reforça a tese acusatória), tudo leva a crer que os réus acreditavam,
genuinamente, que possuíam tal poder de influência. Tanto é assim que o acordo avençado
consistia em mera promessa de vantagem, de modo que somente aufeririam o dinheiro
acordado (imprescindível à concretização de seus planos de poder - falaram em "momento
delicado”) quando o resultado da intermediação fosse bem sucedido.

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Noutro giro, consigno que, segundo Reginaldo da Silveira Sobrinho, os valores
cujo pagamento seria intermediado pelos acusados, era efetivamente devido, pois o serviço
havia sido prestado. No entanto, não afasta a tipicidade delitiva se o resultado da ação do
servidor público fosse lícito, pois o bem jurídico tutelado é a moralidade pública, não sendo
moral e ético que um sujeito aufira vantagem ou promessa de vantagem para induzir servidor
público a praticar ato que é de sua própria atribuição, mormente quando inobservada a
isonomia. De qualquer modo, forçoso reconhecer que diversos créditos de pessoas jurídicas
privadas não estavam sendo pagos – com a Cemédia e Bravix não seria diferente – pois o
Prefeito Municipal estaria auditando todos os contratos. Considerando que não havia qualquer
empeço ao recebimento dos créditos, exceto pelo sobrestamento resultante da auditoria, a
conduta dos acusados, de influir em ato de servidor público municipal, seria imprescindível
ao pagamento dos valores devidos ao Grupo-Epeople, residindo, aí, a violação do bem
jurídico tutelado pela norma.

E nem se diga que a cobrança seria feita dentro da legalidade, pois JOSÉ DE
OLIVEIRA REIS NETO objetivava constituir uma empresa de cobrança. A uma porque ele
afirmou ter feito contato com o servidor público municipal sem constituir a referida pessoa
jurídica; a duas porque ele pretendeu manter em sigilo a identidade do servidor público
municipal, revelando que sua conduta não era transparente; a três porque JOSÉ DE
OLIVEIRA REIS NETO, ciente da ilegalidade de sua conduta, orientou que os diálogos
mantidos com Reginaldo da Silveira Sobrinho não deixassem vestígios, com a utilização do
aplicativo de mensagens “Confide” e mesmo que o Dr. Maurício Defassi não fosse
comunicado das tratativas.

Veja que o réu JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO afirmou que chegou a falar
com um servidor da Secretaria da Fazenda Municipal para saber se os valores devidos seriam,
realmente, procedentes e o fez por desconfiar das informações passadas por Reginaldo da
Silveira Sobrinho. O que se percebe, contudo, é uma tentativa de travestir o tráfico de
influência pelo exercício da função de jornalista, inclusive com omissão do nome do tal
servidor, por ser supostamente sua fonte jornalística. Ora, em mais de uma oportunidade, o
réu vale-se de sua profissão de jornalista para justificar condutas evidentemente ilícitas, como
o exercício de tráfico de influência; para justificar a utilização do "Confide" e para esclarecer
o motivo pelo qual um de seus celulares foi encontrado oculto sobre a banheira de sua
residência. Há evidente utilização do direito do sigilo da fonte, encartado no art. 5º, XIV, da
Constituição Federal, em uma tentativa vã de salvaguardá-lo da responsabilização criminal
por suas condutas.

Por derradeiro, consigno que, ainda que não tenha havido o pagamento dos
valores devidos à Cemédia ou Bravix, e, portanto, não se tenha adimplido a promessa de
vantagem, certo é que, como também já pontuado, isso é irrelevante para a caracterização do
tráfico de influência, que se consumou no momento em que solicitada a promessa de

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vantagem.

Assim, presente a tipicidade objetiva.

Quanto à tipicidade subjetiva, entendo que se encontra evidenciado o dolo, pois


LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO, de forma livre e consciente,
solicitaram promessa de vantagem a Reginaldo da Silveira Sobrinho a pretexto de influir em
servidor público municipal para que este promovesse pagamentos do Grupo E-people.

No tocante à causa de aumento de pena “eleva-se a pena em metade, caso o


agente afirme ou dê a entender de modo sutil que o ganho destina-se, também, ao
funcionário que vai praticar o ato. Caso realmente se destine, trata-se de corrupção (ativa
para quem oferta e passiva para quem recebe)” (idem, p. 1214). A referida causa de
aumento é aplicável, pois foi dito, inclusive com a fixação de um percentual de 7,5%, que o
ganho também se destinaria ao servidor municipal que praticaria o ato.

A par de solicitar vantagem para influir em ato praticado por servidor público
municipal, ambos os acusados também solicitaram promessa de vantagem a pretexto de
influir em ato de servidor público estadual. Com efeito, demonstrada tanto a tipicidade
objetiva, como subjetiva.

No ponto, reitero que a tipicidade da conduta não é afastada pelo fato de que os
réus não tinham, realmente, poder de influência em servidor público estadual, bastando que
digam que possuem condições de influir.

Quanto à alegação de que pretendeu enganar Reginaldo da Silveira Sobrinho


referindo-se a um contato fictício no Estado do Paraná, pois o agente mostrava uma
curiosidade exagerada em saber sua identidade, tal versão não apresentou qualquer
verossimilhança. Em verdade, seria de rigor a afirmação de que havia um "contato" vinculado
ao Governo do Estado para viabilizar o recebimento de créditos devidos pela Fundação
Municipal de Saúde, pois, à época, a entidade estada sob intervenção estadual, de modo que
os créditos, àquela altura, somente seriam recebidos com autorização estadual.

Ademais, ainda que a questão estivesse judicializada, a intenção dos acusados


era atuar para que os créditos fossem recebidos de forma mais ágil, já que a expedição e
pagamento de precatórios é algo demorado. Por essa razão, também fazia sentido a proposta
de "assessoria" feita pelos corréus.

No tocante à causa de aumento de pena “eleva-se a pena em metade, caso o


agente afirme ou dê a entender de modo sutil que o ganho destina-se, também, ao
funcionário que vai praticar o ato. Caso realmente se destine, trata-se de corrupção (ativa
para quem oferta e passiva para quem recebe)” (idem, p. 1214). No entanto, não verifiquei
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existir, extreme de dúvidas, a afirmação específica ou mesmo mera sugestão de que a
comissão também se destinaria ao servidor público estadual, ainda que Reginaldo da Silveira
Sobrinho possa ter feito essa presunção. Assim, no segundo crime de tráfico de influência,
não incide a majorante.

d) Ilicitude e culpabilidade

Não foram alegadas tampouco estão presentes causas excludentes de ilicitude e


culpabilidade.

9. FRAUDE À LICITAÇÃO - PREGÃO ELETRÔNICO Nº 006/2017. Fato


9 da denúncia.

O Ministério Público Federal denunciou LUIZ JOSÉ DE BRITO, JOSÉ DE


OLIVEIRA REIS NETO e ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS pela prática, em concurso
de agentes, de crime de fraude à licitação, tipificado no art. 90 da Lei nº 8.666/93, pois teriam
eles fraudado o Pregão nº 006/2017 com o objetivo de obter, para si e para outrem, vantagem
decorrente da adjudicação do objeto licitatório, culminando na contratação da Bravix Serviço
e Comércio de Material de Informática Ltda:

"No período de junho a setembro de 2017, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO, JOSÉ
DE OLIVEIRA REIS NETO e ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, fraudaram e
frustraram, mediante ajuste, combinação e utilização de mecanismos públicos, o caráter
competitivo do procedimento licitatório Pregão 006/2017, da Fundação Municipal de Saúde
(gestora do Hospital Municipal Padre Germano Lauck), com intuito de obter, para si ou para
outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação, bem como impediram,
perturbaram e fraudaram a realização do referido procedimento licitatório, que culminou com
a contratação (contrato nº 141/2017) da empresa BRAVIX SERVIÇO E COMÉRCIO DE
MATERIAL DE INFORMÁTICA LTDA (CNPJ nº 10.296.468/0001-29), pelo período de 12
(doze) meses, prorrogáveis por 60 (sessenta) meses, pelo valor de R$ 909.120,00 (novecentos e
nove mil, cento e vinte reais), isto é, R$ 75.760,00 (setenta e cinco mil, setecentos e sessenta
reais) por mês.

Explica-se.

Somente a título de recapitulação, neste momento, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO,


JOSÉ DE OLIVEIRA DOS REIS NETO e ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS,
conseguiram frustrar o pregão 005/2017, porque eventual andamento e entrada de outro
grupo, geraria prejuízo ao denunciado LUIZ JOSÉ DE BRITO, pois o mesmo tinha interesse
de se recredenciar para continuar prestando serviço médico de emissão de laudos, que, no
pregão 005/2017, já estaria contido no objeto da contratação a ser licitada.

O denunciado LUIZ JOSÉ DE BRITO, usando de sua influência política, em conluio com

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JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO e ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, conseguiu ser
recredenciado junto à Fundação Municipal de Saúde, isto é, retirando do objeto da licitação
006/2017, a contratação de prestação de serviços de laudos e, além disso, direcionando o
processo licitatório a empresa dos colaboradores EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR
e REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO (fato que será objeto de denúncia futura).

Assim, paralelamente à contratação emergencial por Dispensa nº 46/2017 e diante do


cancelamento do Pregão nº 005/2017 (cópia juntada nos autos nº 5003221-04.2017.404.7002,
evento 22, INF2 e INF7), a Fundação Municipal de saúde lançou o edital de licitação através
de Pregão Eletrônico nº 006/2017, cuja minuta foi fornecida antecipadamente pelos
denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO, JOSÉ DE OLIVEIRA DOS REIS NETO e
ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS ao colaborador REGINALDO DA SILVEIRA
SOBRINHO, com passou a ter vantagem competitiva a outras empresas, pois teve mais tempo
para adequação de proposta pelo grupo econômico de EUCLIDES DE MORAES BARROS
JUNIOR e de REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, além de ser informado que era a
única empresa habilitada e, por conseguinte, teve condições de ofertar lance maior.

As tratativas para a fraude do processo licitatório nº006/2017, encontram-se sobejamente


demonstradas e começam mesmo antes do lançamento do edital licitatório, publicado em
15/08/2017 (Diário nº 3.138, pág. 31), o que demonstra que o grupo contava com informações
privilegiadas.

Em 07/06/2017, 2 (dois meses) antes do efetivo lançamento do edital, o denunciado


ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS confidencia ao colaborador REGINALDO DA
SILVEIRA SOBRINHO[24] que o procedimento licitatório (para locação de equipamentos de
radiologia voltará a ser conduzido) e que a responsável pelo setor de compras, SALETE
TONELLO, o procurou para começarem a montar o edital:

Passei a perguntar sobre a questão do Edital da possível Licitação dos serviços de


Radiologia do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, se tinha ficado parado. O
Supervisor do Setor de Diagnóstico de Foz do Iguaçu, me informou que estava tudo
parado e que a Sra. Salete Tonello do Setor de Compras, que irá ser responsável por
esta Licitação e que já o procurou para começarem a alinhar o Edital. Questionei sobre
qual a forma de vínculo da Sra. Salete Tonello e ele me informou que ela estava apenas
de licença, e que retornou agora, para o Setor de Compras. E que ele disse que esta
semana não teria tempo para se dedicar ao Edital, e que ela disse que sabe que isso vai
ser um processo longo. Afirmei que ficou bom a Salette como responsável pela Licitação
e ele concordou.

(…)

Voltamos a tratar do Edital da possível Licitação do Serviço de Radiologia do Hospital


Municipal, quando comentei que o fato de passar a Licitação para a Salete Tonello
facilitava a atuação dele. Ele concordou. Relatou ainda que estão enfrentando
dificuldades relativas a questões relativas a falta de manutenção preventiva do
tomógrafo, e ainda que o Arco Cirúrgico esta fora de operação, sendo que na opinião
dele existe uma certa falta de interesse da administração em resolver estes problemas.
Comentei que o serviço de Engenharia clínica esta sendo utilizado de forma

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equivocada, tendo em vista que a principal função deste setor é a gestão dos
equipamentos.

No dia 09/06/2017, o colaborador em conversa pelo aplicativo Whatsapp enviou mensagem


para o denunciado JOSÉ DE OLIVEIRA DOS REIS NETO, comunicando-o que o
denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS o teria avisado que seria lançado edital
para fornecimento de equipamentos de RAIO X, tendo o mesmo manifestado concordância:

(...)

No dia 14/06/2017, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE OLIVEIRA REIS


NETO já se encontram de posse do termo de referência, que teriam conseguido junto ao
denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, fornecendo tal documento ao
colaborador REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO para que pudesse ir se preparando para
participar do certame (quando viesse a ser lançado) em evidente vantagem competitiva com
eventuais outros interessados, que somente teriam ciência do conteúdo do termo de referência
quando houvesse o lançamento do edital (que no caso, somente foi lançado em 15/08/2017).

O Dr. Brito me perguntou então se o Sr. José Reis Cazuza teria me repassado um
documento, como disse que não falei com ele, o Dr. Brito me entregou uma cópia
impressa do Edital para Licitação dos equipamentos de radiologia do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, que segundo ele foi elaborado pelo Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, e
que este Edital estaria sendo levado a Curitiba para aprovação, pelo diretor do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Sr. Raymundo Marques Machado. Mas que ele (Dr. Brito)
já estava com um contato no Governo do Estado e que esperava que este contato
atuasse lá (no sentido de barrar a licitação), e que poderia voltar com novidade, pediu
ainda para não deixar o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de
Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, saber que ele tinha me entregado o edital,
tinha sido pedido confidencialidade, informei que já tinha sido informado pelo próprio
Anderson Pereira dos Santos da questão do edital, mas que não iria comentar com ele
que já tinha cópia. O Dr. Brito relatou que em uma rápida análise tratava-se apenas dos
equipamentos, e pediu para que analisasse com calma o edital. E que se a licitação for
lançada poderíamos armar alguma coisa no sentido de que alguma empresa teve acesso
antecipado ao edital, para com isso novamente anular o certame, mesmo que isso
colocasse em risco a fonte. Mas que quem sabe seguraria “lá em cima” esta semana
mesmo, já que o contato lá é forte (Reunião entre denunciado LUIZ JOSÉ DE BRITO e
o colaborador REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO).

Além da via impressa, o termo de referência foi encaminhado pelo denunciado JOSÉ DE
OLIVEIRA REIS NETO ao colaborador REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, por
arquivo digital, via aplicativo whatsapp.

Durante a minha reunião com o Dr. Brito novamente o Sr.José Reis Cazuza tentou
contato comigo por ligação via WhatsApp, mas a ligação caiu. Após diversas tentativas
de contato o Sr. José Reis Cazuza me enviou via WhatsApp o arquivo em PDF do edital
que dos Equipamentos de Radiologia do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, para a
possível licitação. Informei que o Dr. Brito tinha me fornecido cópia impressa e

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marcamos reunião na Barbarela Sucos & Lanches naturais, as 14 horas.

(...)

A cópia do termo de referência foi apresentada pelo colaborador REGINALDO DA SILVEIRA


SOBRINHO e juntado, em 22/06/2017, nos autos de ação controlada nº
5003221-04.2017.404.7002, no evento 49, INF2.

No mesmo dia 14/06/2017, o denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS entrou em


contato com o colaborador REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, dando detalhes sobre o
processo licitatório:

Entrei em contato via WhatsApp com o Supervisor do Setor de Diagnóstico, Anderson


Pereira dos Santos, para saber sobre questão da manutenção do equipamento de Raios-
X, ele me relatou as dificuldades devido a falha no equipamento. Na sequência passou a
relatar sobre a Licitação do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal, relatando que
seria tudo licitado mas de forma separada, inclusive me solicitou apoio para elaborar o
edital de Licitação do sistema de PACS. Respondi a questão da ausência do Técnico
que alegou doença e informei que ele se comprometeu a comparecer em meia hora no
Hospital para solucionar o problema do equipamento.

(...)

No dia 30/06/2017, o denunciado LUIZ JOSÉ DE BRITO informa o colaborador


REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, que a licitação global de todo o serviço
(equipamento e laudos) já estaria superada e que o serviço de laudo seria através de
credenciamento (o que lhe garantiria a continuidade de prestação de serviço através da
empresa MULTIMAGEM) – vide relatório juntado no evento 58, INF 4 dos autos de ação
controlada nº 5003221-04.2017.404.7002. O credenciamento da empresa do denunciado LUIZ
JOSÉ DE BRITO, será objeto de denúncia separadamente, após realização de diligências
pendentes.

Após o denunciado LUIZ JOSÉ DE BRITO lograr proveito com a contratação irregular de
sua clínica MULTI IMAGEM DISGNÓSTICOS LTDA – EPP e frustrar processo licitatório dos
serviços de laudos, em 02/08/2017, informou o colaborador REGINALDO DA SILVEIRA
SOBRINHO que a Fundação Municipal de Saúde estaria preparando a licitação de
equipamentos do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu (conforme relatório juntado no evento
66, INF2, dos autos nº 5003331-04.2017.404.7002 – cuja gravação foi enviada ao juízo em
arquivo, com o nome “ DR. BRITO 02.08.2017”, com 35.185 KB, a partir do minuto 17).

De fato, no dia 15/08/2017 foi lançado o aviso de licitação no diário oficial nº Diário nº
3.138, pág. 31:

(...)

Ao consultar o Edital (juntado no evento 5003221-04.2017.404.7002), pôde-se constatar que o


termo de referência enviado antecipadamente (2 meses antes), de fato corresponde ao termo de
referência utilizado no processo licitatório, caracterizando-se, portanto, o acesso privilegiado

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de informação violando-se o caráter competitivo e isonômico da licitação.

No dia 18/08/2017, o denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS passa detalhes


técnicos sobre o edital, informando o colaborador REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO,
de que até o momento ninguém havia procurado, bem como que o edital foi montado pensando
em equipamentos da marca AGFA (os quais o colaborador é representante e já os possuía), o
que o colocou em vantagem competitiva.

(04:14 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz


do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, me perguntou se eu tinha visto o Edital, eu
comentei que sim e tratamos sobre alguns detalhes técnicos da licitação e comentei que
só em acessórios exigirá um investimento de 80 mil reais, só em acessórios e Cassetes
Receivers. E perguntei quem seria o responsável pelo contrato se é a Engenharia
Clínica e o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, e se três Cassetes Receivers monocassetes atende
as necessidades, do setor, e que devido ao alto custo dos cassetes da marca Konica, eu
teria que colocar equipamentos da Agfa, que eu tenho a vantagem de já ter 02 CR e 01
Raios- X instalados no Hospital. O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos , diz que sim que foi feito o
edital pensando em equipamentos da Agfa, e salientou queque tudo no edital é com ele.
Inclusive marcar a Vistoria Técnica, E que até agora ninguém se manifestou.

(07:54 minutos) Comento que na segunda feira dia 21/08 irei marcar a vistoria, e o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos comente que ira controlar ao uso dos cassestes.

A reunião se encontra materializada através de relatório apresentado pelo colaborador


REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, juntado no evento 67, INF3, dos autos nº
50033221-04.2017.404.7002 e gravada em áudio, enviado ao juízo em arquivo, com o nome
“anderson18.08.2017, com 204.537 KB.

No dia 23/08/2017, observa-se que ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS alinhava com o
colaborador REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, estratégia para eliminar eventuais
interessados, em razão de prazo para realização de vistoria técnica, que é um requisito
indispensável para habilitação conforme cláusula 9.1.3.1.13 do edital:

Perguntei se apareceu algum concorrente, e o Supervisor do Setor de Diagnóstico do


Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, me disse que
apareceu a empresa de São Paulo, perguntei se fizeram a visita técnica no prazo, e o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
pereira dos Santos, disse que mandaram e-mail a noite e que iriam realizar a Vistoria
na quinta dia 25/08. Comentei que na minha visão o prazo para realizar a Vistoria
terminava na quarta dia 24/08. E que teriam que agendar com o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
mas que tudo bem.

O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,


Anderson Pereira dos Santos, disse que ficou surpreso e que a pregoeira Amanda

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Regina Nunes Meller comentou que talvez prorrogassem o prazo para a realização da
vistoria técnica até o dia 24/08. E que ele questionou se isso era possível, e que na
sequência foi informado que uma pessoa de nome José, de São Paulo, queria falar com
ele e que mandou um advogado como representante. Comentei que tudo bem, mas que se
não publicaram esta prorrogação no Portal Publinexo, estava errado, mas que vamos
ver no que vai dar.

No dia 24/08/2017 (véspera do certame), o colaborador obteve informação privilegiada


fornecida pelo denunciado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, de que seria a única
empresa a realizar vistoria técnica (e portanto a única em condições de ser habilitada), o que
serviu para definição da proposta da empresa BRAVIX, conforme relatório juntada no evento
71 INF4, dos autos nº 5003221-04.2017.404.7002.

Fui o responsável pela definição dos valores da proposta, e estes valores foram
definidos ,tendo em vista que eu tinha pleno conhecimento que só a nossa empresa
estava habilitada para fase de lances, devido a informação privilegiada que o
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos, me repassou de que as outras duas empresas interessadas, perderam
o prazo de realização da Vistoria Técnica.

Assim, a empresa BRAVIX SERVIÇO E COMÉRCIO DE MATERIAL DE INFORMÁTICA


LTDA se tornou vencedora do certame foi contratada para o fornecimento dos equipamentos
descritos no edital, através do contrato nº 141/2017 (assinado em 11/09/2017), juntado no
evento 85, INF6 e INF7 dos autos nº 5003221-04.2017.404.7002, cujo termo de homologação
foi publicado no Diário Oficial nº 3155, de 11 de setembro de 2017 (evento 77 INF7).

Os equipamentos foram instalados e em pleno uso no Hospital Municipal de Foz do Iguaçu até
a presente data, conforme “Declaração de Instalação de Equipamentos”, juntado no evento
96, INF7, dos autos nº 5003221-04.2017.404.7002.

Diante do exposto, os denunciados LUIZ JOSÉ DE BRITO, JOSÉ DE OLIVEIRA REIS


NETO e ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS incorreram no crime previsto no artigo 90
c/c artigo 99, §1º, da lei 8.666/1993.

Passo à análise da materialidade e autoria delitivas.

a) Materialidade

As provas coligidas ao inquérito policial nº 5004054-22.2017.4.04.7002


revelam que, em junho de 2017, foi deflagrado o procedimento de licitação nº 70/2017, na
modalidade pregão, com a finalidade de contratar serviços de radiologia para o Hospital
Municipal Padre Germano Lauck. O certame foi tombado sob o número Pregão nº 006/2017
e elaborado por Márcio Medeiros.

Segundo o preâmbulo do Edital do Pregão nº 006/2017 (fl. 19, ev. 15, out 4,
IPL), o objeto do certame era a: "Contratação de Empresa Especializada em locação de

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equipamentos de Raio-X e ultrassom, incluindo materiais de radioproteção individual com
manutenção preventiva, corretiva e fornecimento de peças de reposição".

Como se vê, o Pregão nº 006/2017, diferentemente do Pregão nº 005/2017,


revogado em junho de 2017, somente iria contemplar a locação de equipamentos de raio-x e
ultrassom, o que atendia aos interesses do grupo criminoso, notadamente de LUIZ JOSÉ DE
BRITO, que já prestava serviços de diagnósticos em virtude do credenciamento da Multi
Imagem Diagnóstico Ltda pelo Hospital Municipal de Foz do Iguaçu/PR.

A abertura do procedimento foi devidamente autorizada pelo Diretor Presidente


do nosocômio, e precedida de solicitação de compra, datada de 08/06/2017 (fls. 3/4, ev. 15,
out3, IPL).

Ainda, com vistas a demonstrar a necessidade administrativa, ANDERSON


PEREIRA DOS SANTOS, na condição de supervisor do setor de radiologia, subscreveu o
memorando interno nº 794-B08/2017, de 30/05/2017, no qual comunicava a situação dos
equipamentos do setor de radiologia. Ademais, sugeriu que a continuidade do serviços
dependia da aquisição de 3 equipamentos de Raio x completos, 3 sistemas CR - leitores de
imagens, 10 cassetes tamanho 14x17cm, 6 cassetes tamanho 10x12cm, 6 cassetes tamanho
8x10cm, além de 2 equipamentos de ultrassonografia. Do documento, constaram todas as
especificações técnicas dos equipamentos. Confira-se (fls. 6/11, out3, ev.15, IPL):

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No mais, o rito tem seguimento com a juntada das pesquisas de preços para
balizar o valor a ser licitado (ev. 15, out. 3, fls. 12/41).

A Solução Médica, com sede em São Paulo/SP, apresentou sua proposta em


09/06/2017, dirigida a Salete Tonello, na qual propôs a locação de 1 equipamento de raio X
(marca tecno design), 1 digitalizador de imagens (marca Agfa) e promover a manutenção
preventiva e corretiva dos equipamentos, pelo valor mensal de R$ 12.790,00. Foi a única
proposta assinada pelo representante legal da pessoa jurídica e condicionada ao prazo mínimo
contratual de 12 meses. A pessoa jurídica também ofertou 01 equipamento de ultrassom pelo
valor mensal de R$ 10.552,00, incluso no valor a taxa de instalação.

A Pro Imagem, com sede em São Paulo/SP, apresentou sua proposta em


30/05/2017, dirigida a Salete Tonello, na qual propôs a locação de 01 equipamento de
ultrassom pelo valor mensal de R$ 3.500,00.

A SC Medical, com sede em Curitiba/PR, ofereceu proposta datada de


09/06/2017, no valor mensal de R$ 42.000,00 pelo primeiro lote licitado. A pessoa jurídica
também ofertou 02 equipamentos de ultrassom pelo valor mensal de R$ 15.000,00, isto é, R$
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7.500,00 cada. Ambas as propostas foram condicionadas à contratação pelo período mínino
de 180 dias.

A Penta Medical, com sede em São Paulo/SP, apresentou proposta em


08/06/2017, de locação de 02 Raio-X, pelo valor mensal de R$ 28.600,00, além de 2 CR´s
pelo valor mensal de R$ 28.700,00.

Com base nas propostas apresentadas, foi elaborada uma planilha de custos pela
gerência de compras (fl. 48, out3, ev15, IPL):

Na sequência, foi elaborado termo de referência ao qual foi incorporada a


referida planilha de custos (fls. 45/61, out 3, ev. 15, IPL). Do item 18 do documento, extrai-se
que as empresas licitantes deveriam realizar visita técnica, previamente agendada com
ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, via e-mail funcional.

O valor estimado máximo do procedimento licitatório era de R$ 921.695,88


anuais, sendo o valor mensal máximo de R$ 76.807,99. Ainda, as despesas decorrentes da
execução e o pagamento do presente objeto foram previstas pelo Fundo Estadual de Saúde
oriundos do Contrato de Cooperação Técnica-Financeira n° 123/20162 firmado entre a
Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu e Governo do Estado do Paraná, pelo Fundo
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Municipal de Saúde (Secretaria Municipal de Saúde) e juntamente com o Ministério da Saúde
(fl. 68, out 3, ev. 15, IPL).

Em 12/06/2017, foi autorizada a licitação, do tipo menor preço por item. No


aspecto formal, o procedimento correu normalmente, tendo sido comunicado aos
interessados, edital com os imprescindíveis anexos, além termo de referência. A minuta do
termo de referência do certame continha o nome de ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS,
Supervisor de Radiologia, e Salete Tonello, Gerente de Compras (fl. 54, out4, ev. 15, IPL).

Por meio da Portaria nº 026/2017, o Diretor Presidente da Fundação Municipal


de Saúde nomeou Márcio Medeiros como Pregoeiro Oficial, e os servidores Amanda Regina
Nunes Meller e Adriano Pavan Rodrigues de Barros como equipe de apoio. (fls. 10, out5, ev.
15, IPL).

Houve parecer jurídico que opiniou pela regularidade do procedimento (fls.


13/16, out5, ev. 5, IPL).

Ainda, houve a submissão do certame à Secretaria de Saúde do Estado do


Paraná. De início, o parecer jurídico constatou deficiências no procedimento administrativo,
motivo pelo qual se ordenou a readequação (fls. 17/20, out5, ev. 15, IPL):

"1. Falha na indicação da Dotação Orçamentária, uma vez que, é de conhecimento desta
Assessoria Jurídica que o Termo de Cooperação Técnica-Financeira n° 123/2016 teve sua
vigência expirada em 23/06/2017;
2. Justificativa para disponibilidade financeira com relação aos recursos do Município e
União não trazem a reserva orçamentária prevista na artigo 167, II da Constituição Federal e
inciso V do, do artigo 55 da Lei Federal n° 8666/1993, ou seja, as contratações no âmbito da
Administração não podem ser efetuadas sem prévia dotação orçamentária;
3. Ausência de Justificativa para a não separação das locações em lotes para cada tipo de bem
a ser locado, tendo em vista que conforme demonstra a planilha de cotações, apenas uma
empresa consultada cotou todos os itens;
4. Na Minuta de contrato verrficou-se as seguintes carências (artigo 55 da Lei Federal n°
8.666/1993):

4.1. Identificação precisa do crédito pelo qual correrá a despesa (inciso v);

4.2. Os critérios, forma e periodicidade do reajuste do contrato bem como hipótese de


atualização monetária (inciso Hl);
4.3. A obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em
compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e
qualificação exigidas na licitação (inciso XIII).
4.4. A redação da minuta se torna dúbia ao passo que não deixa claro se o licitante vencedor
será aquele que apresentar o melhor preço para todos os itens".

Em seguida, o setor competente esclareceu que, considerando que a Fundação


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Municipal de Saúde não possuía dotação orçamentária própria, as despesas decorrentes da
execução do contrato seriam previstas no Contrato de Gestão nº 001/2014, assinado entre
Município de Foz do Iguaçu e Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu. Também
foram retificadas as demais incorreções. Aliás, os convênios e incentivos advindos do
Ministério da Saúde e Secretaria Estadual de Saúde podiam ser destinados ao Hospital, por
meio do Fundo Municipal de Saúde, conforme cláusula 23 do referido contrato de gestão (fls.
21/69, out5, ev. 15, IPL).

Mais adiante, sugeriu-se novas duas readequações, embora se tenha autorizado


o seguimento do certame sem nova submissão à SESA (fls. 70/71, out5, ev.15, IPL):

"- readequação da Minuta de Contrato para o fim de limitar a quantidade de serviços ao


tempo estimado da intervenção e apresentação de justificativa para não separação do lote 02;

- demonstração de disponibilidade financeira, tendo em vista que o contrato de gestão juntado


(fls. 155-164) não encontra-se vigente".

Não há notícias, contudo, de que o gestor providenciou a correção do


procedimento, nos moldes sugeridos.

Em 15/08/2017, foi publicado Aviso de Licitação no Diário Oficial, desta feita


por Amanda Regina Nunes Meller, que assumiu a função de pregoeira:

Da ata de sessão pública do Pregão nº 006/2017, no dia 25/08/2017, verifica-se


que a Bravix Serviço e Comércio de Material de Informática Ltda sagrou-se vencedora no

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certame, pois ofereceu o melhor preço nos dois lotes licitados. Na sequência, o objeto da
licitação foi adjudicado à referida pessoa jurídica, pelo valor de R$ 75.760,00, sendo R$
61.560,00 pela locação de 3 equipamentos de Raio X; e, R$ 7.100,00 pela locação de 2
equipamentos de ultrassom (fls. 2/6, out6, ev.15, IPL).

Às fls. 7/83, out6, ev. 15, foi acostada a proposta de preço da Bravix, assinada
pelo colaborador Luiz André Penzin, bem como os outros documentos pertinentes à
habilitação da pessoa jurídica. Aqui, chama a atenção o fato de que não foi cobrada taxa de
instalação e que a manutenção preventiva e corretiva seria feita pela Amedical Sul Assistência
Técnica, configurando subcontratação vedada pelo edital. Rememore-se, ademais, que o
objeto social da Bravix Medical não era compatível com o objeto do certame.

ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS assinou atestado de capacidade técnica


da Bravix Medical e também da visita técnica em 22/08/2017 (fl. 44 e 67, out6, ev. 15, IPL).
Ainda, Reginaldo da Silveira Sobrinho solicitou o documento via e-mail, para dar ar de
legalidade ao certame (ev. 71, inf2 e inf9, AC).

A Fundação Municipal de Saúde firmou o termo de contrato nº 141/2017 com a


Bravix Serviço e Comércio de Material de Informática Ltda. O prazo de vigência do contrato
iniciar-se-ia em 11/09/2017, pelo prazo de 12 meses, sendo certo que a remuneração da
contratada era de R$ 909.120,00 (fls. 84/92, out13, ev. 15, IPL).

O certame foi homologado no dia 11/09/2017 (ev. 77, inf7, AC) e os


equipamentos foram instalados, conforme "Declaração de Instalação de Equipamentos" (ev.
96, inf7, AC).

No entanto, ainda que aparentemente tenha seguido os procedimentos formais,


houve fraude no procedimento licitatório.

De fato, na linha consignada na exordial acusatória, LUIZ JOSÉ DE BRITO


usou de sua influência política e, mediante ajuste com JOSÉ DE OLIVEIRA REIS e
ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, logrou êxito em excluir do objeto do Pregão nº
006/2017 a prestação de serviço de diagnóstico e de PACS, de modo que o certame cingiu-se
à locação de equipamentos. Paralelamente, LUIZ JOSÉ DE BRITO obteve o credenciamento
de todo o serviço de diagnóstico do hospital, inclusive de ultrassonografia, e estava sendo
gestado o edital para contratação de serviço de imagens, que poderia ser ganho pelo grupo
E-people, que, de fato, aparenta ter o melhor produto.

O acervo probatório revela que os acusados detinham informações privilegiadas


acerca do edital a ser lançado. É que ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, supervisor do
setor de radiologia, foi procurado por Salete Tonello para a elaboração do documento, sendo
certo que o servidor repassava as informações obtidas em razão do posto funcional que
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ocupava aos demais acusados. Nesse sentido, é o diálogo ocorrido entre ANDERSON
PEREIRA DOS SANTOS e Reginaldo da Silveira Sobrinho, em 07/06/2017, 2 meses antes,
portanto, da publicação do Aviso de Licitação no Diário Oficial (ev. 33, inf5, AC):

"Passei a perguntar sobre a questão do Edital da possível Licitação dos serviços de


Radiologia do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, se tinha ficado parado. O Supervisor do
Setor de Diagnóstico de Foz do Iguaçu, me informou que estava tudo parado e que a Sra.
Salete Tonello do Setor de Compras, que irá ser responsável por esta Licitação e que já o
procurou para começarem a alinhar o Edital. Questionei sobre qual a forma de vínculo da Sra.
Salete Tonello e ele me informou que ela estava apenas de licença, e que retornou agora, para
o Setor de Compras. E que ele disse que esta semana não teria tempo para se dedicar ao
Edital, e que ela disse que sabe que isso vai ser um processo longo. Afirmei que ficou bom a
Salette como responsável pela Licitação e ele concordou.

(…)

Voltamos a tratar do Edital da possível Licitação do Serviço de Radiologia do Hospital


Municipal, quando comentei que o fato de passar a Licitação para a Salete Tonello facilitava
a atuação dele. Ele concordou. Relatou ainda que estão enfrentando dificuldades relativas a
questões relativas a falta de manutenção preventiva do tomógrafo, e ainda que o Arco
Cirúrgico esta fora de operação, sendo que na opinião dele existe uma certa falta de interesse
da administração em resolver estes problemas. Comentei que o serviço de Engenharia clínica
esta sendo utilizado de forma equivocada, tendo em vista que a principal função deste setor é
a gestão dos equipamentos".

Isso também foi informado por LUIZ JOSÉ DE BRITO a Reginaldo da Silveira
Sobrinho (ev. 33, inf3, AC) - dia 02/06/2017:

"Sobre a Licitação do serviço de Diagnóstico do hospital Municipal o Dr. Brito me informou


que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal ficará responsável pela
elaboração do novo Edital e que parece que a coisa ficou meio enrolada, tendo em vista que
não houve que já havia sido marcada para dia quinta-feira passada (01/06/2017), e que
acreditava que estavam meio enrolados por lá.

Informei que embora já faça um mês que comecei a implantação dos equipamentos, eu ainda
não tinha recebido o valor da implantação e que isso deixava meu grupo temeroso, tendo em
vista o histórico ruim com a Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu, e que meu custo
para instalar e manter os equipamentos em operação era alto. Além do alto investimento já
realizado, ele disse acreditar que deva ser efetuado o pagamento nos próximos dias e que
inclusive da empresa Dicomtix os pagamentos estão em dia.

Me informou ainda que todos os médicos querem a substituição do sistema de PACS da


DicomTix, pelo sistema EPACS, devido a sua qualidade, e que ele precisa que os exames
fiquem disponíveis na web para laudar, que ele inclusive está deixando de faturar por isso.
Mas que quer se livrar do parceiro que ele trouxe para implantar o PACS, adverti que como
ele tem conhecimento é crime usar um sistema de PACS sem registro na Anvisa, para
transmissão de exames e para laudos. Ele disse que irá pressionara Administração para

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implantar logo o meu sistema (EPACS). Que nessa administração do Hospital Municipal de
Foz do Iguaçu, ele não possui muita força, mas que vai se mexer e que quando ele se
consolidar no poder de primeiro escalão as coisas vão melhorar.

Informei que conforme solicitado pelo Sr. José Reis Cazuza, eu irei colocar nos novos
contratos um valor para pagamento da "assessoria" do mesmo, o Dr. Brito concordou e
disse que isso era apenas o começo".

Tal encontro foi acompanhado pela Polícia Federal, consoante Informação de


Polícia Judiciária nº 81/2017 (ev. 45, AC).

Em 09/06/2017, Reginaldo da Silveira Sobrinho comunicou JOSÉ DE


OLIVEIRA REIS NETO sobre a informação restrita que recebera de ANDERSON PEREIRA
DOS SANTOS (ev. 49, inf3, fl. 4, IPL):

No mesmo dia, Reginaldo da Silveira Sobrinho dispôs-se a auxiliar


ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS na descrição dos equipamentos (ev. 49, inf3, AC):

"O supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson


Pereira dos Santos, entrou em contato comigo via WhatsApp para tratar de assuntos
pertinentes ao equipamento de Raios-X, sendo que posteriormente as 13:26 ele envio
mensagem de áudio me perguntando se eu tinha entrado em contato com a Sra. Salete Tonello,
pois a mesma solicitou via memorando a descrição dos equipamentos para fazer o Edital de

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Licitação, referente aos equipamentos. Informei que meu único contato no Hospital referente
aos nossos projetos era com ele, pois eu estava "em off" tratamos de assuntos relativos ao
pregão e me coloquei a disposição para ajudar no que ele precisasse".

No dia 14/06/2017, LUIZ JOSÉ DE BRITO entregou a Reginaldo da Silveira


Sobrinho cópia do edital de abertura do vindouro Pregão nº 006/2017, a fim de que o agente
elaborasse a proposta da Bravix Medical, e demonstrou que JOSÉ DE OLIVEIRA REIS
NETO também sabia do vazamento da informação (ev. 49, inf3, AC):

"O Dr. Brito me perguntou então se o Sr. José Reis Cazuza teria me repassado um
documento, como disse que não falei com ele, o Dr. Brito me entregou uma cópia impressa
do Edital para Licitação dos equipamentos de radiologia do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu, que segundo ele foi elaborado pelo Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital
Municipalde Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, e que este Edital estaria sendo
levado a Curitiba para aprovação, pelo diretor do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Sr.
Raymundo Marques Machado. Mas que ele (Dr. Brito) já estava com um contato no Governo
do Estado e que esperava que este contato atuasse lá (no sentido de barrar a licitação), e que
poderia voltar com novidade, pediu ainda para não deixar o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, saber que
ele tinha me entregado o edital, tinha sido pedido confidencialidade, informei que já tinha sido
informado pelo próprio Anderson Pereira dos Santos da questão do edital, mas que não iria
comentar com ele que já tinha cópia. O Dr. Brito relatou que em uma rápida análise tratava-se
apenas dos equipamentos, e pediu para que analisasse com calma o edital. E que se a licitação
for lançada poderíamos armar alguma coisa no sentido de que alguma empresa teve acesso
antecipado ao edital, para com isso novamente anular o certame, mesmo que isso colocasse
em risco a fonte. Mas que quem sabe seguraria "lá em cima" esta semana mesmo, já que o
contato lá é forte".

Tanto é assim que, concomitantemente à reunião pessoal que teve com LUIZ
JOSÉ DE BRITO, JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO tentou contato com Reginaldo da
Silveira Sobrinho, via ligações por meio do whatssap e enviou o termo de referência do
certame, também por meio do referido aplicativo de mensagens:

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Foram inúmeras as ligações identificadas pelo aplicativo de "whatssap", sem


êxito na comunicação. Considerando que é comum a falha em caso de falta de internet, seria
natural que, diante da pressa evidenciada, JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO quisesse ligar
para o agente pela via regular. Mas, obviamente, não fez isso pois sua intenção era não deixar
registros da ligação, para o caso de quebra de seu sigilo telefônico ou em caso de
interceptação telefônica.

Neste dia 14/06/2017, Reginaldo da Silveira Sobrinho foi às dependências da


Câmara de Vereadores e foi levado por JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO para o gabinete de
LUIZ JOSÉ DE BRITO, onde também estava presente a esposa do primeiro (ev. 49, inf3,
AC):

As 14:01 horas informei que estava no local combinado e o Sr. José Reis Cazuza me solicitou
que fosse até as dependências da Câmara de Vereadores, e entrasse pelo acesso da garagem
que ele me esperaria lá.
Desta forma me dirigi até o local e fui recebi por ele e fomos juntos até o gabinete do Vereador
Dr. Brito , onde estava também presente a esposa do Sr. José Reis Cazuza.

[...]

Passamos a tratar do edita! de licitação dos equipamentos, e se iria ser apenas de


equipamentos, eu alertei que segundo informações do Supervisor do Setor de Diagnóstico do
Hospital Municipal, Anderson dos Santos Pereira, que o Edital seria dividido em três partes
uma pra parte de equipamentos, uma para softwares ( PACS) e outra de serviços de laudos, e
que eu passaria no Hospital Municipal para confirmar esta informação. O Sr. José Reis
Cazuza me pediu para sondar e na sequencia me mostrou em seu celular as mensagens que
vem trocando com o Deputado [omissis], com solicitação de manutenção dos serviços no
Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, para o nosso grupo. Me questionou se eu sabia quem
era o deputado, eu afirmei que sim e que sabia que se tratava do vice líder do Governo do

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Estado na Assembleia Legislativa do Paraná. Ele confirmou e disse que tiveram reunião [...]".

Ressalto a mera troca de mensagens com agente detentor de prerrogativa de foro


não caracteriza indícios de seu envolvimento no delito, mormente quando isso exsurja no
contexto em que o réu queira gabar-se de sua influência política.

No dia 22/06/2017, o Ministério Público Federal acostou aos autos da ação


controlada nº 50032210420174047002 (ev. 49, inf2, AC) a minuta do termo de referência que
balizou todo o Pregão nº 006/2017, entregue por Reginaldo da Silveira Sobrinho, revelando
que os réus tinham acesso às informações técnicas necessárias à elaboração de uma proposta
muito antes da publicação do aviso de licitação no Diário Oficial, o que somente ocorreu em
15/08/2017.

Também no dia 14/06/2017, ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS entrou em


contato com Reginaldo da Silveira Sobrinho, questionando-o se ele teria recebido a
informação de que somente seriam licitados equipamentos, revelando claramente sintonia
entre os acusados (ev. 49, inf3, AC):

"Entrei em contato via WhatsApp com o Supervisor do Setor de Diagnóstico, Anderson Pereira
dos Santos, para saber sobre questão da manutenção do equipamento de Raios-X, ele me
relatou as dificuldades devido a falha no equipamento Na sequência passou a relatar sobre a
Licitação do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal, relatando que seria tudo licitado
mas de forma separada, inclusive me solicitou apoio para elaborar o edital de Licitação do
sistema de PACS. Respondi a questão da ausência do Técnico que alegou doença e informei
que ele se comprometeu a comparecer em meia hora no Hospital para solucionar o problema
do equipamento.

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Por outro lado, no dia 30/06/2017, LUIZ JOSÉ DE BRITO informou que o
serviço de laudos continuará a ser prestado por meio de credenciamento, o que garantiu que a
Multi Imagem Diagnóstico Ltda perpertuasse a prestação de serviços na Fundação Municipal
de Saúde (ev. 58, inf4, AC):

(17:01 minutos) O Dr. Brito, comenta que a prioridade dele no momento é se estabilizar no
mandato e por a clinica para funcionar, para diminuir a dependência dele do contrato com o
Hospital Municipal de Foz do Iguaçu.
(17:10 minutos)0 Dr. Brito afirma que vai continuar trabalhando lá no Hospital Municipal e
que está trabalhando para deixar o serviço em dia e evitar reclamações.
(17:27 minutos)0 Dr. Brito comenta que na pior das hipóteses ele abre mais algum serviço no
Hospital Municipal e que o perigo seria alguma empresa do porte da Vita Imagem entrar
"peitando" tudo.
(17:50 minutos) Cometo da necessidade do Dr. Promover o credenciamento da empresa dele e
já resolver o problema no contrato da Multi Imagem que ele relatou, e que se credenciar agora
consegue seguir até a gestão voltar para o domínio da prefeitura.

[...]

(22:26 minutos)0 Dr. Brito diz que precisa de uma fonte de renda que não dependa do trabalho
dele. Eu digo que conforme conversa nossa como Sr. José Reis Cazuza a ideia faz todo sentido.
O Dr. Brito comenta que se a situação no Hospital estivesse tranquila ele podia trazer um
médico radiologista para trabalhar pra ele, mas que as coisas ainda estão conturbadas, e
critica a forma de atuação da gestão estadual que não estaria dando abertura para ele.

[...]

(24:15 minutos) O Dr. Brito acredita que a questão da Licitação aparentemente já está
superada e que no credenciamento na pior das hipótese ele segura metade do serviço. E que o
ideal seria uma composição com o Dr. Allan Gurgel do Amaral, mas que ele é muito instável.
E que a ideia seria largar o plantão presencial e ficar com o sobreaviso e os laudos, Eu
comento que desta forma ele já não precisa ir no Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. E que
abriria mão de uns R$ 8.000,00 (OITO MIL REAIS).

Inclusive, em 02/08/2017, LUIZ JOSÉ DE BRITO informou ao agente em


colaboração que havia assinado um novo contrato (ev. 66, inf2, AC) e que sabia que estava
sendo preparada a licitação para equipamentos do hospital:

"(04:43 minutos) O Dr. Brito afirma que no Hospital Municipal está tranquilo que já assinou
novo contrato, que o único entrave que está tendo é que ele quer trazer mais um radiologista, e
a administração da Fundação Municipal de Saúde não quer que seja pela Multi Imagem, que
querem um médico por empresa, credenciada, que isso gerou um impas que ficaram de ver mas
que até agora não viram mais nada. Que por enquanto ele continua no mesmo sistema. Eu
pergunto se o contrato está assinado, e o Dr. Brito que sim.

[...]

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(17:41 minutos)Comento que no Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, resolvemos o problema
que já não vão mais licitar os serviços de médico.
(17:49 minutos) O Dr. Brito comenta que parece que estão preparando uma licitação de
equipamentos no Hospital Municipal [...]".

No dia 18/08/2017, ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e Reginaldo da


Silveira Sobrinho trataram de detalhes técnicos da licitação, salientando que o contrato
exigiria elevado investimento. Ainda, o servidor informou que as especificações técnicas dos
equipamentos foram cogitadas para atender à marca Agfa, representada por Reginaldo da
Silveira Sobrinho e já instalada no Hospital Municipal por força da Dispensa nº 46/2017, o
que garantiu extrema vantagem competitiva, em detrimento de possíveis outros interessados
(ev. 67, inf3, da AC) - áudio gravado:

(04:14 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, me perguntou se eu tinha visto o Edital, eu comentei que
sim e tratamos sobre alguns detalhes técnicos da licitação e comentei que só em acessórios
exigirá um investimento de 80 mil reais, só em acessórios e Cassetes Receivers. E perguntei
quemseria o responsável pelo contrato se é a Engenharia Clínica e o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, e se três
Cassetes Receiversmonocassetes atende as necessidades, do setor, e que devido ao alto custo
dos cassetes da marca Konica, eu teria que colocar equipamentos da Agfa,que eu tenho a
vantagem de já ter 02 CR e 01 Raios- X instalados no Hospital.O Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos ,diz que
sim que foi feito o edital pensando em equipamentos da Agfa, e salientou queque tudo no edital
é com ele. Inclusive marcar a Vistoria Técnica, E que até agora ninguém se manifestou.

(07:54 minutos) Comento que na segunda feira dia 21/08 irei marcar a vistoria, e o Supervisor
do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos
Santos comente que ira controlar ao uso dos cassestes.

(08:21 minutos)lnformo que em princípio minha ideia é participar do pregão, mas que
dependo ainda de uma conversa com o Dr. Brito, e o Supervisor do Setor de Diagnóstico do
Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, diz que o Dr. Brito não
terá interesse neste pregão e concordamos que das empresa que mostraram interesse no
pregão anterior não devem concorrer agora devido ao foco principal ser o serviço de laudos.
E como agora o investimento é alto, desestimula a participação de outras empresas, eu
comentei que pode aparecer alguém, mas que realmente a questão do investimento alto é um
problema. E que depois de conversar com o Dr. Brito definirei a participação daempresa
BRAVIX que já está dentro do Hospital e lembrei que vou precisar de Atestado de Capacidade
Técnica, e que vou solicitar um para o próprio hospital. E que vou concorrer, masque tenho
que ver em que preço que irã chegar, por que tem os repasses que tenho que fazer ( propina).
Então não adianta fazer loucura.

(11:41 minutos)o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,


Anderson Pereira dos Santos, passa a tratar da questão do sistema de PACS, que na visão dele
vai ser mais fácil, e que inclusive os médicos estão preocupados com a hipótese de trocar o
sistema da BRAVIX (EPACS) , devido a sua qualidade. Eu comento que do sistema PACS

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dificilmente eu perderiauma disputa.

(12:12 minutos) O o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, comenta que ele está intervindo e que a Salete Tonello ,
"se mata de rir" que ele está dando palpites em tudo. E que normalmente se fecha o contrato
de locação de equipamentos e já vem o PACS. Para evitar problemas de compatibilidade, e
que se a empresa que está com os equipamentos (BRAVIX) ganhar o pregão é mais fácil só
incluir o serviço, no contrato ehabilitar o backup na nuvem epronto, e que os médicos estão
satisfeitos. E que mesmo que venha outro melhor sempre na troca de sistema ocorrem
problemas de perdas de imagens. E que ele está com problemas para resgatar imagens de
2016, que tem uma ordem judicial pra cumprir, e não está conseguindo. Eu comento que
também concordo que deveria tersido incluído o PACS , na licitação e recordo que na
operação pecúlio fui questionado sobre isto, mas que só que está no dia a dia
entende do assunto.

(14:29 minutos) Pergunto se vão "largar" a licitação do sistema de PACS., e o o Supervisor do


Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
afirma que acertou com a Salete Tonello que oque eles querem é deixar tudo pronto e esperar
ver quem vai ganhar a licitação de locação dos equipamentos, e que de qualquer forma dos
equipamentos ainda temos uns dois meses de contrato até implantar o outro serviço, (em caso
de perdermos a licitação). E eu comento que se forganhador da licitação vou fazer as coisas
com calma e que teria que ver a questão de equipamentos que estão lá no Hospital e se vão me
deixar ter o acesso, para utilizá-los. Tendo em vista que já terão outro contrato vigente.
Comento ainda que a sala de emergência onde está o equipamento do contrato antigo tem uma
parte elétrica excelente que por isso os equipamentos que estão instalados lá não apresentam
problemas, comento ainda que a eu fui quem trabalhei para a construção da referida sala. E
que se liberarem os equipamentos do contrato antigo, eu vou provavelmente usá-los para
reposição de peças. Mas que tem que ver se vamos ganhar o certame.

(16:04 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, diz que temos uma semaninha para rodar. Eu comento
que como tem a visita técnica, e que tem que ver se o entendimento sobre a obrigatoriedade da
Visita Técnica, e o o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, informou que o entendimento é que quem não realizar a
visita não poderá participar do Pregão. Eu comento que isso deixou ele com o controle para
ver o nível de concorrência. E o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de
Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, afirma que a gente já vai saber quem é quem.

Mas não é só. A exigência de visita técnica era uma forma de diminuir a
existência de possíveis interessados, bem como identificá-los, de pronto, permitindo que os
réus tivessem ciência dos concorrentes. Ainda, especificamente quanto ao Pregão nº
006/2017, ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e Reginaldo da Silveira Sobrinho
valeram-se do prazo da visita técnica para eliminar interessados em agendá-la (ev. 71, inf4,
AC):

"Perguntei se apareceu algum concorrente, e o Supervisor do Setor de Diagnóstico do


Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, me disse que apareceu a

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empresa de São Paulo, perguntei se fizeram a visita técnica no prazo, e o Supervisor do Setor
de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson pereira dos Santos, disse
que mandaram e-mail a noite e que iriam realizar a Vistoria na quinta dia 25/08. Comentei
que na minha visão o prazo para realizar a Vistoria terminava na quarta dia 24/08. E que
teriam que agendar com o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz
do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, mas que tudo bem.

O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson


Pereira dos Santos, disse que ficou surpreso e que a pregoeira Amanda Regina Nunes Meller
comentou que talvez prorrogassem o prazo para a realização da vistoria técnica até o dia
24/08. E que ele questionou se isso era possível, e que na sequência foi informado que uma
pessoa de nome José, de São Paulo, queria falar com ele e que mandou uma dvogado como
representante. Comentei que tudo bem, mas que se não publicaram esta prorrogação no Portal
Publinexo, estava errado, mas que vamos ver no que vai dar.

O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson


Pereira dos Santos, concordou e disse que no dia seguinte iria ter uma conversa séria com a
pregoeira Amanda Regina Nunes Meller.

Falei que tranquilo, que ele precisava me mandar o atestado de realização da Vistoria
Técnica e perguntei qual o nome da empresa que veio. E o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos,
informou que no dia seguinte mandaria o Atestado e o nome da empresa.".

De todo modo, Salete Tonello afirmou à autoridade policial que, no seu


entender, a visita técnica não seria condição de habilitação da pessoa jurídica, mas sim forma
de viabilizar a criação de uma proposta adequada (ev. 16, depoim_testemunha3):

[…] QUE se recorda que no edital do Pregão Eletrônico n. 005/2017 havia previsão de que a
visita técnica era obrigatória, implicando desclassificação a não realização conforme
previsto; QUE como disse anteriormente, entende que a visita técnica não deve ser
imprescindível para a habilitação da empresa licitante; QUE chegou a realizar algumas
pesquisas livres na internet, bem como a contatar fornecedores dos materiais pretendidos pelo
Setor de Radiologia com o Pregão Eletrônico n. 006/2017; QUE não se recorda dos nomes das
empresas que consultou; QUE as respectivas estimativas constam nos autos do pregão
Eletrônico n. 006/2017: QUE nesse pregào eletrônico em específico, o esboço do termo de
referência foi elaborado pelo médico ALAN ANTÔNIO GURGEL; QUE recebeu a minuta
desse documento inicial por e-mail; QUE se compromete em pesquisar junto a sua caixa de
e-mails para tentar obter esse esboço do termo de referência elaborado pelo médico; QUE
ALAN elaborou o esboço do termo de referência por ser médico radiologista que presta
serviços no HMFI: QUE repassou o esboço do termo de referência para ANDERSON, que o
finalizou; QUE o termo de referência foi assinado por ANDERSON, pela declarante e pelo
entào diretor-presidente do HMFI; QUE não sabe dizer quais foram as alterações do termo de
referência que foram promovidas por ANDERSON: QUE cm nenhum momento ANDERSON a
procurou para tratar da elaboração do edital do Pregão Eletrônico n. 006/2017; QUE em
nenhum momento conversou com ANDERSON sobre a questão da visita técnica relacionada a
esse pregão eletrônico; […] QUE nada sabe sobre eventual exclusão de empresa interessada
no objeto do Pregão Eletrônico n. 006/2017 em razão da perda de prazo para a realização da
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visita técnica; QUE como disse anteriormente, entende que a falta de visita técnica não
caracterizaria motivo para a exclusão de qualquer empresa interessada; QUE não
acompanhou o processo de credenciamento dos serviços médicos promovido pelo HMFI em
2017, no periodo da intervenção do Estado".

Na véspera da sessão pública de pregão, Reginaldo da Silveira Sobrinho


recebeu a informação de que a Bravix Medical teria sido a única habilitada no certame, pois
foi a única pessoa jurídica a realizar a visita técnica no prazo do edital, o que certamente
balizou o valor da proposta da empresa (somente um pouco inferior à pesquisa de preços
feitas na fase interna do certame), já que ela sabia que não havia competidores. Nesse sentido,
é o relatório de atividades do dia 24/08/2017 (ev. 71, inf6, AC):

(00:21 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, diz que vai ver a mensagem que mandaram pra ele no
Whatsapp e coloca um áudio onde aparentemente um representante de empresa tenta
confirmar a possibilidade de realizar hoje a Vistoria Técnica, prevista no Edital do Pregão
Eletrônico 006/2017, e me informa que o áudio é do "cara de São Paulo" e que ele está bravo.
Eu questionei o motivo e o Supervisordo Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz
do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, ele informa que a empresa queria realizar a Vistoria
e alegando que tinha conversado com a diretoria, mas que ele informou que o prazo "já foi". E
respondeupara a empresa que o prazo estava previsto no item 18 do Edital.

(01:20 minutos)0 Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,


Anderson Pereira dos Santos, relatou que a empresa de Francisco Beltrão, apareceu aos 45
minutos do segundo tempo, e que ele falou não e segundo ele o representante da empresa
solicitou que ele fizesse o documento de Vistoria com data retroativa. Eeu comento que tinha
expirado também o prazo para a impugnação do Edital. Neste momento o Supervisordo Setor
de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos passa a
assinar o relatório de implantação dos equipamentos relativos ao contrato emergencial. E
comenta que como tinham falado com a direção ele desceu lá na administração.

(02:59 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, relata que ao indagar a pregoeira Amanda Regina
Nunes Meller, está se mostrou indecisa, ele avisou que não iria reconhecer a Vistoria da
empresa de São Paulo, e que deixaria a responsabilidade da assinatura para a Pregoeira.

(03:17 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, relata que deu um "migue" de que não estava
preocupado com a empresa A, B, ou C. E sim com a possibilidade da licitação ser
impugnada, e que a decisão da Diretora Administrativa Financeira Nelci Inês Mai Velasco
decidiu que seria então só a Bravix que poderia continuar no certame. E que após esta
conversa todas as reclamações ele destinava a administração, e argumentava ser apenas um
subordinado. Eu comento que as realmente da raiva por que as vezes se perde uma licitação
nos detalhes. E o Supervisordo Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos comenta que realmente por bobeira. E passamos a tratar do
preenchimento da Certidão de Vistoria e do Atestado de Capacidade Técnica. E comentar
sobre detalhes do procedimento licitatório. Edo preenchimento dos documentos, sendo

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relatado pelo Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu,
Anderson Pereira dos Santos que o sistema de impressão do Hospital é "um lixo". Eapós a
impressão conferimos os detalhes do documento e eu deixo ainda um pen drive de presente
para o Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson
Pereira dos Santos, e continuamos a tratar da impressão e assinatura dos documentos.

[...]

Fui oresponsável pela definição dos valores da proposta, e estes valores foram definidos ,tendo
em vista que eu tinha pleno conhecimento que só a nossa empresa estava habilitada para fase
de lances, devido a informação privilegiada que o Supervisor do Setor de Diagnóstico do
Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, me repassou de que as
outras duas empresas interessadas, perderam o prazo de realização da Vistoria Técnica.

O termo de referência, segundo se infere do art. 8º, III, "a", do Decreto nº


3.555/2000 balizará a definição do objeto do certame pela autoridade competente, exigido na
Lei do Pregão. Se ele foi elaborado para beneficiar determinada empresa (lembre-se que
ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS elaborou o termo de referência pensando em
equipamentos da Bravix Medical), certamente houve grave impacto no caráter competitivo do
certame. E tal ilação é certa mesmo que não tenha havido outros licitantes habilitados, já o
próprio direcionamento do termo de referência poderia ter impacto no interesse das demais
empresas, mormente quando seria necessário fazer relevantes investimentos para cumprir o
contrato. Nesse sentido, é o relatório de atividades do ev. 67, inf3, da AC, ocorrido em
18/08/2017, na Padaria Trigo e Cia (gravado):

"(04:14 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do


Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, me perguntou se eu tinha visto o Edital, eu comentei que
sim e tratamos sobre alguns detalhes técnicos da licitação e comentei que só em acessórios
exigirá um investimento de 80 mil reais, só em acessórios e Cassetes Receivers. E perguntei
quemseria o responsável pelo contrato se é a Engenharia Clínica e o Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos, e se três
Cassetes Receiversmonocassetes atende as necessidades, do setor, e que devido ao alto custo
dos cassetes da marca Konica, eu teria que colocar equipamentos da Agfa,que eu tenho a
vantagem de já ter 02 CR e 01 Raios- X instalados no Hospital.O Supervisor do Setor de
Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Anderson Pereira dos Santos ,diz que
sim que foi feito o edital pensando em equipamentos da Agfa, e salientou queque tudo no edital
é com ele. Inclusive marcar a Vistoria Técnica, E que até agora ninguém se manifestou".

Ainda, o fato de a Bravix Medical possuir alguns dos equipamentos já instalados


no Hospital Municipal, em decorrência da Dispensa nº 46/2017 a colocaria em posição de
vantagem, na hipótese em que tivesse havido efetiva concorrência, sem contar que esse dado
foi considerado no custo de ambos os contratos. Nesse sentido, é o diálogo travado entre
ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS e Reginaldo da Silveira Sobrinho, no dia 22/08/2017
(ev. 71, inf3, AC):

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(00:47 minutos) O Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do
Iguaçu. Anderson Pereira dos Santos, relatou existir por parte da pregoeira Amanda Regina
Nunes Meller. de que a licitação desse deserta, mas que ele informou que achava que a Bravix.
já havia entrado em contato e provavelmente ina participar do certame Eu comentei que o
preço não era muito atrativo, mas que tinha voltado a situação onde a vantagem competitiva é
fato de já ter equipamentos instalados no Hospital Municipal e contar com a "articulação" do
Supervisor do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal deFoz do Iguaçu. Anderson Pereira
dos Santos dentro da Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu Sendo que o Supervisor
do Setor de Diagnóstico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Anderson Pereira dos
Santos comenta que acredita que não vai aparecer concorrente na licitação.

(01:15 minutos) Comento que se não aparecer concorrentes, fica fácil por que da para
trabalhar com um preço bom".

Isso também, em certa medida, constou das declarações de Nelci Ines Mai
Velasco (ev. 107, depoim_testemunha5, IPL):

"QUE instada a explicar o porquê de não terem sido realizadas as adequações sugeridas pelo
jurídico da SESA/PR. vez que o próprio diretor-geral SEZ1FREDO PAULO ALVES PAZ
condicionou o prosseguimento do certame à observância das orientações do último parecer da
SESA/PR. respondeu que não se recorda do motivo de ter sido dado seguimento sem o
atendimento: QUE tomou conhecimento de que a BRAVIX tinha relação com a E-PEOPLE
quando AMANDA comentou que a primeira queria aproveitar os equipamentos da segunda
que estavam na posse do HMFI, para cumprir o contrato n. 141/2017. decorrente do Pregão
Eletrônico n. 006/2017: QUE na ocasião informou AMANDA de que isso não seria correto,
vez que a licitação foi realizada para a locação de equipamentos novos, e que os pagamentos
não seriam efetuados enquanto a BRAVIX não cumprisse com sua parte no contrato; QUE em
nenhum momento ANDERSON ou DR. BRITO a procurou para solicitar a devolução dos
equipamentos da E-PEOPLE que estão em poder do HMFI; [...]"

Mas não é só. A própria relação espúria construída entre os réus caracterizou
imensa vantagem competitiva a seus aliados. É que é fato notório nesta região que a
Fundação Municipal de Saúde foi palco de um grande escândalo de corrupção publicizado
com as Operações Pecúlio/Nipoti, o que certamente gerou descrédito da entidade junto aos
fornecedores. Com efeito, é possível que as dificuldades no trato com o poder público,
inclusive no recebimento de créditos por serviços já prestados, pode também influenciado no
afastamento de interessados, notadamente quando, novamente o Grupo E-people, era quem
vinha fornecendo os equipamentos para locação.

Sobre o Pregão Eletrônico nº 006/2017, declarou Amanda Regina Nunes


Meller à autoridade policial:

"QUE não participou doPregão Eletrônico n. 005/2017. Assim, não tem como discorrer sobre
esse certame; QUE não sabe quem foi o pregoeiro que atuou nesse processo: QUE foi a
pregoeira do Pregão Eletrônico n. 006/2017. cujo objeto era a locação de 01 (um)
equipamento de raio-x, 01 (um) ultrassom móvel e 01 (um) ultrassom fixo: QUE o HMFI

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utiliza a plataforma PUBLINEXO para os pregões eletrônicos; QUE o edital desse pregão foi
elaborado por SALETE TONELO; QUE nesse pregão foi estipulado que os licitantes deveriam
realizar uma visita técnica no HMF1; QUE esse requisito é comum nos processos de locação e
aquisição de materiais; QUE salvo engano da sua parte, 2 (duas) empresas foram habilitadas
a participar desse pregão. No entanto, tem certeza de que ninguém apresentou qualquer lance;
QUE então o objeto da licitação foi adjudicado pela empresa que apresentou a menor
proposta inicial, no caso a BRAVIX; QUE se recorda que passado o prazo para a realização
da visita técnica, recebeu ligações de representantes de 2 (duas) empresas interessadas em
participar do pregão; QUE informou os interlocutores que o prazo para a visita havia
decorrido e não poderia fazer nada; QUE as visitas técnicas seriam realizadas com
ANDERSON, supervisor do SADT; QUE questionada se recebeu pressão de ANDERSON para
desclassificar qualquer empresa no Pregão Eletrônico n. 006/2017 ou outro processo
licitatório. respondeu que não; QUE já viu LUIZ JOSE DE BRITO algumas vezes no HMFI.
No entanto, nunca foi apresentada a ele; QUE nunca ouviu falar no nome JOSÉ DE
OLIVEIRA REIS NETO e não conhece nenhum CAZUZA; QUE alega que no período em que
trabalhou para a FMS nunca direcionou qualquer processo licitatório em benefício ou prejuízo
de qualquer empresa: QUE não atuou nos processos de credenciamento médico. Apenas
elaborou alguns dos contratos: QUE não se recorda da empresa MULTI IMAGEM: QUE
nunca recebeu qualquer benefício ilegal pelos serviços prestados. Inclusive nem mesmo
recebeu nada por sua designação como pregoeira, sendo que teria direito a uma função
gratificada; QUE pediu demissão em razão de mudança para Curitiba/PR para acompanhar
seu noivo; QUE seu último criminalmente".

O diretor presidente da FMS, Sérgio Moacir Fabriz (evento 212, vídeo 5)


afirmou que, quando assumiu o hospital instituiu um sistema de controle interno no hospital,
e fez uma análise dos contratos de maior vulto antes de efetuar os pagamentos. Em relação ao
contrato da Bravix Medical, chamou a atenção seu valor em torno de R$ 78.000,00,
notadamente pela natureza da contratação que seria de locação de equipamentos. Ao analisar
melhor o caso, percebeu que Bravix Medical tinha como objeto social a venda, o que lhe
pareceu estranho. Daí fez uma pesquisa e percebeu que um dos membros da Bravix Medical
era da empresa E-Epeople, envolvido na operação pecúlio, o que motivou uma denúncia junto
ao Dr. Marcos Cristiano, Promotor do Patrimônio público. Que, num momento posterior,
verificou que não havia um parecer jurídico conclusivo no processo licitatório.

Em juízo, o agente em colaboração Reginaldo da Silveira Sobrinho ratificou os


elementos colhidos na fase investigativa:

Ministério Público Federal:- Vamos agora ao Pregão Eletrônico nº 006/2017, da Fundação


Municipal. Eu pergunto, houve direcionamento, houve favorecimento à empresa Bravix nesse
pregão?

Testemunha:- Total.

Ministério Público Federal:- Por favor, esclareça.

Testemunha:- Primeiro, o Doutor Brito e o senhor José Reis Cazuza me passaram o edital

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antes de ser publicado, disse que tinham conseguido com o Anderson, tanto o Doutor Brito
como o Doutor Brito fisicamente inclusive, e o Cazuza também me mandou, mandou até
eletronicamente também, anterior à publicação, para que eu desse uma olhada e visse se dava
para a gente trabalhar naqueles moldes daquele pregão ali. E se por um acaso eu achasse que
não desse para a gente já trabalhar uma impugnação, eu lembro na época, falar que tinha tido
um vazamento do pregão, alguma coisa nesse sentido, para frustrar novamente o certame.
Posterior a isso, eu tinha contato com o Anderson, direto com o grupo, e durante o pregão o
Anderson me informava quais empresas tinham sido interessadas, inclusive eu tive um dia
antes do pregão com ele, ele me informou que não tinha nenhuma empresa habilitada, porque
tinha uma vistoria técnica que tinha que ser feita e elas tinham perdido o prazo, que na
verdade, já foi feito de uma forma que dificultou para as outras empresas, porque teve umas
oito dias normais, de publicação até a licitação, mas nesse período a empresa tinha que fazer
uma visita técnica, ela tinha que marcar com vinte e quatro horas de antecedência, e antes de
vinte e quatro horas do pregão. Então deixava um tempo muito curto para uma empresa de
fora se agilizar, para vir, marcar. Tanto que tentaram marcar as visitas e já tinha expirado o
prazo, conversei com o Anderson e ele bateu o pé de que não podiam realizar as visitas. Então
de modo que quando eu fui participar do pregão, eu sabia que não tinha nenhum concorrente,
era só a gente, podia pôr o preço lá e pronto, estava ganho. Então foi totalmente direcionado
para nós aquilo ali.

Com efeito, demonstrada a materialidade delitiva.

b) Autoria

A autoria é certa e recai sobre o acusado ANDERSON PEREIRA DOS


SANTOS que repassou informações privilegiadas a LUIZ JOSÉ DE BRITO, JOSÉ DE
OLIVEIRA REIS NETO e Reginaldo da Silveira Sobrinho acerca do edital de Pregão nº
006/2017, dois meses antes de sua publicação, além de ter elaborado o próprio termo de
referência do certame pensando em equipamentos pertencentes ao Grupo E-people.

Além de influir na competitividade na fase interna do certame, o acusado


ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS agiu para influenciar a decisão da pregoeira Amanda
Regina Nunes Meller, para não prorrogar o prazo de vistoria técnica, tudo com vistas a
atender os interesses do grupo. Note-se que, de fato, a posição adotada por ANDERSON
PEREIRA DOS SANTOS, tanto em negar subscrever o termo de vistoria técnica com data
retroativa, quanto em argumentar que o prazo editalícito deveria ser observado, era acertada e
não é, por si só, ilícita. No entanto, diante do contexto criminoso, e de seu interesse em que a
Bravix Medical ganhasse o certame, sua conduta foi determinante para afastar outros
interessados, valendo-se justamente da regra.

O acusado ANDERSON PEREIRA DOS SANTOS negou ter atuado para


beneficiar o Grupo E-people:

Juíza Federal: - Só retomando aqui. Nós tratamos, eu perguntei ao senhor se o senhor tem,
teria mandado o termo de referência dois meses antes do lançamento do, da publicação, não

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é?

Réu: - Hum.

Juíza Federal: - O senhor falou que não. Aí eu queria saber também sobre o, sobre o
equipamento específico. É de marca AGPA?

Réu: - Acho que é o AGFA. AGFA.

Juíza Federal: - AGFA. Isso aí. Esse equipamento foi de algum maneira, foi feito constar,
especificações no edital que favorecesse a, o fornecimento desse equipamento propriamente
dito?

Réu: - Não pelo fato que a, a comissão de licitação ela, é sabido isso que é, que não pode
direcionar equipamento, por mais que ser, é uma marca, não é? A AGFA é uma marca. AGFA,
a Toshiba, Philips. E eles, a comissão já cortava. Fala não ó, isso aqui não pode, é desse jeito
que faz, não sei o quê. Então não, não tem como direcionar isso aí.

Juíza Federal: - E foi contratada essa?

Réu: - Não. Foi, foi contratado. Contrato com a empresa. Qual equipamento que a, a empresa
ia, ia, ia trazer, isso a direção que tratou com a, com a Bravix, não é? Ela tinha que trazer um
aparelho, um CR, não é? São digitais, é Raio-X digital. Aí poderia ser Philips, AGFA, Cônica,
tem hoje por exemplo, então...

Juíza Federal: - Agora essa, essas afirmativa aqui do senhor Reginaldo no relatório dele que
o supervisor de diagnósticos, Anderson Pereira dos Santos, página 142 da denúncia. Disse que
sim, que foi feito manutenção nos equipamentos da AGFA, atentou todo detalhe com ele e
conseguiu marcar a vistoria técnica. Que até agora ninguém se manifestou.

Réu: - Visita técnica não era comigo. Porque, daí, um eu levava, o representante da empresa
para conhecer o hospital, as salas de Raio-X, mas agora aí direcionar lá, quem assinava lá,
quem fazia tudo era a comissão de licitação. Eu não tinha esse poder de ó, quero aparelho
xis. Não é?

Juíza Federal: - Algum, alguma empresa visitou, fez vistoria técnica no hospital fora do
prazo?

Réu: - Teve uma que solicitou, pediu, que não é ela so... ela fez fora do prazo, ela fez no prazo
da anterior, quando foi é, devia ter sido, foi falado, pregão anterior, foi suspenso digamos ou
cancelado. Ai quando teve o outro, ele queria usar aquela mesma vistoria técnica. Informei a
direção, comissão ó, empresa xis e o senhor aqui quer, lógico, a dona Neuci falou, de maneira
alguma. Como já era de fora acabaram nem vindo.

Juíza Federal: - E essa, esse pedido aí de vistoria, foi feito por e-mail?

Réu: - Pediram para pelo Whats, para mim.

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Juíza Federal: - A empresa?

Réu: - Empresa. O responsável lá na empresa que teve aqui na anterior, ele mandou, ah, vai
ter, eu falei agora vai sair, ah e pode, pelo, com não pode, eu vou conversar com a direção, na
verdade no hospital. Aí conversei com ele, só mandei para ele no outro dia, e falei ah, não
pode. Ele assim, mas o que ah, mas o, pode usar, não sei o quê, falei não, não pode.

Juíza Federal: - O senhor costuma dá seu telefone para, paras as empresas?

Réu: - Meu telefone ah, inclusive da minha sala, está no edital lá, para mim fazer é, vistoria
técnica, eu Anderson, vamos para o hospital.

Juíza Federal: - Tinha trocado o celular?

Réu: - Colocava. Entrar em contato com Anderson e tal.

Juíza Federal: - Por isso sabe algum ajuste na proposta da empresa Bravix? A, atendeu muito,
muito então?

Réu: - Hum, não sei porque eu, aí a, acredito que sim. Se a direção, junto comissão aprovou.

Juíza Federal: - Certame, pré-instalados?

Réu: - Todos instalados. Isso é uma, não no mesmo prazo. Foi uma briga até, até por isso.
Mas, tanto é que eu até solicitei uma época para eles, falei ó, para direção, falei assim ó, ou
vocês fazem alguma, passei para o jurídico inclusive, para ver, porque eles estavam
demorando para até instalar umas, alguns equipamentos. Mas segundo a direção eles tinham,
até tinham um prazo.

A autoria também recai sobre os acusados LUIZ JOSÉ DE BRITO e JOSÉ DE


OLIVEIRA REIS NETO, pois estes determinaram a conduta do acusado ANDERSON
PEREIRA DOS SANTOS, no compartilhamento de informações sigilosas, tudo com vistas a
direcionar o Pregão nº 006/2017 ao Grupo E-people, o que lhes garantiria o pagamento de
vantagem indevida (vide tópico seguinte).

LUIZ JOSÉ DE BRITO negou ter qualquer conhecimento nas fraudes de


procedimentos licitatórios:

Juíza Federal: - Vamos ao Pregão. Depois é, nós retomamos pra o fato dois, lá, que eu quero
minudenciar algumas coisas, depois que eu terminar o, até o fato onze, tá? O fato nove,
Pregão, fraude licitação, Pregão 006. Visa aqui a denúncia do Ministério Público Federal que
essa, esse Pregão foi lançado. Mas, desta vez, sem incluir aquele objeto de, da empresa
contratada já laudar, a empresa fornecedora dos equipamentos já laudar o, os exames, e esse
Pregão combinou na contratação da Bravix pelo contrato 141 de 2017, no valor de quase
quase um milhão de reais tá. Novecentos e noventa, e, novecentos e nove mil e, reais. E, narra
aqui a denúncia que o seu Reginaldo, né, e também o senhor, o senhor juntamente com seu

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José Reis, tiveram conhecimento prévio, dois meses antes da própria, do próprio lançamento,
da própria publicação desse edital de Pregão. E, portanto, tiveram conhecimento privilegiado
acerca dos termos do edital, do edital, viabilizando a confecção da melhor proposta possível
pela empresa Bravix e, portanto, garantiu uma maior vantagem em detrimento de outras
empresas que por ventura, que por ventura queriam participar desse Pregão. Eu queria saber,
isso é verdadeiro ou isso é falso?

Réu: - Totalmente falso.

Juíza Federal: - O senhor sabe dizer se o senhor Cazuza recebeu mensagem, pelo WhatsApp,
do Seu Reginaldo noticiando que o Anderson teria comunicado a ele, Reginaldo, sobre as
tratativas preliminares para o lançamento desse Pregão?

Réu: - Desconheço, doutora.

Juíza Federal: - O senhor sabe dizer se houve o envio do arquivo digital de um meio de PDF
de algum documento relativo a, a esse Pregão 006?

Réu: - Desconheço, senhora.

Juíza Federal: - Novamente no ato desse Pregão, o senhor não teve nenhum contato com o
Anderson?

Réu: - Desconheço qualquer coisa relacionada a esse Pregão, até porque não dizia respeito as
minhas funções, em nenhum aspecto, e não tinha qualquer interesse nesse assunto.

JOSÉ DE OLIVEIRA REIS NETO também negou as acusações de fraude


licitatória:

Juíza Federal: - O Pregão nº 006, há aqui uma alegação do Ministério Público Federal, no
Fato 9 da denúncia, que culminou na contratação da empresa Bravix, pelo Contrato nº
141/2017, no valor total de novecentos e nove mil, cento e vinte reais, e no valor mensal de
setenta e cinco mil e poucos reais. Segundo a acusação, os senhores teriam acesso antecipado
ao termo de referência do referido edital, e por consequência tiveram mais tempo para
preparar a proposta, a fim de viabilizar que a Bravix fosse vencedora nesse certame. O que o
senhor tem a dizer sobre isso?

Defesa: - A defesa técnica reitera o posicionamento para que o interrogado permaneça em


silêncio.

Réu: - Por mais uma vez, eu agradeço, porque quero responder. Doutora, qual foi a data? Por
favor, em que é alegado que eu teria participação.

Juíza Federal: - Narra aqui que no dia 07/06/2017, o Anderson teria confidenciado ao
Reginaldo que o procedimento licitatório sairia.

Réu: - Especificamente...

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Juíza Federal: - No dia 09/06 o senhor teria travado conversa de Whatsapp com o senhor
Anderson...

Réu: - Anderson? Não.

Juíza Federal: - Ahm.

Réu: - Nunca conversei por WhatsApp com o Anderson, jamais.

Defesa: - Pela ordem, que na denúncia diz respeito ao Reginaldo, Excelência, é a página 139?

Juíza Federal: - 137.

Réu: - Jamais conversei com o Anderson de WhatsApp, telefone, nada, o único contato que eu
fiz com o Anderson foi na prisão e na Polícia Federal, jamais tive contato...

Juíza Federal: - Não, desculpe, com o senhor Reginaldo, sim.

Réu: - Que dia? Por favor.

Juíza Federal: - 09/06/2017, aí tem o trecho do diálogo do WhatsApp. E aí nesse diálogo, aí


sim, há uma referência ao que o Anderson teria falado ao Reginaldo, que o edital do pregão
sairia.

Réu: - Eu falo para o Reginaldo que o Anderson...?

Juíza Federal: - Não, o Reginaldo fala.

Réu: - Fala para mim?

Juíza Federal: - Ahm.

Réu: - Anderson...

Juíza Federal: - Página 137 da denúncia.

Réu: - Aí ele cita aqui, o Anderson falou isso para ele, e fala o nome do Anderson.

Juíza Federal: - Ahm.

Defesa: - Excelência, queria mostrar o WhatsApp...

Réu: - Mostra aqui só para mim ver.

Defesa: - Não, é que aqui tem legível na impressão, vou mostrar agora.

Réu: - Eu posso ler, Doutora? Tem visível? A senhora me permite eu chegar aí, a senhora me

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vira?

Defesa: - Não, não, pode ficar aqui, a Doutora vai se virar e você vai poder ver como.

Juíza Federal: - Eu não tô conseguindo achar exatamente esse...

Defesa: - É página 137, Excelência, e 139.

Juíza Federal: - Mas a informação mais legível aqui, para ele poder na... Isso no...

Defesa: - Bom, aí é só se abrir esse...

Juíza Federal: - No Auto de cópia de Ação-Tribunal.

Réu: - Doutora, eu não sei se adiantaria.

Juíza Federal: - A pergunta é, o senhor gravou alguma...

Réu: - Era isso que eu ia falar. Em relação, aí foi dito o Edital 06?

Juíza Federal: - Isso.

Réu: - Pregão 06, aí ele foi subsequente ao 05, que veio a ser cancelado.

Juíza Federal: - Sim, ahm.

Réu: - Depois desse Pregão 05, que acabou sendo cancelado, não pelas minhas gestões,
orientações ao Doutor Brito, e ao Reginaldo, referente a desdobramento de interesse deles de
participação e a prestação de serviços que eu fiz para eles, no 05, depois disso, o Doutor Brito
um dia me liga e fala, “eu preciso que você veja um negócio para mim”. “O que é?”. “O
Edital nº 05 cancelou, e a informação, o zum zum zum, é que vai ter uma nova fraude, eu
recebi esse envelope aqui, esses papéis, eu quero que você dê uma olhada e passe para o
Reginaldo esse envelope aqui, que possivelmente vai ser uma nova fraude”. Ali não se falou
que era edital, esse que a senhora falou, né, nem nada.

Juíza Federal: - Ahm, certo.

Réu: - E depois ele ficou de me mandar também arquivo em PDF. Como eu não estava em
condição, problema de saúde, já na quis ler nem o Edital nº 005. O que eu fiz? Chamei o
Reginaldo, entreguei o envelope para o Reginaldo, sobre uma licitação que ocorreria, eu não
chequei em detalhes, se estava fraudada, se ela estava publicada, se não tinha sido publicada,
se era uma minuta, se era um projeto técnico, eu não fiz a análise daquilo sozinho e nem com o
Reginaldo. E depois, sim, me lembro que houve um arquivo em PDF, mas não passado por
Anderson, qualquer coisa que eu passasse por Reginaldo, e eu passei, confirmo, esse envelope,
se eu não me engano, foi na Câmara que ele encontrou comigo, eu estava lá, ele pegou o
envelope comigo com documentos dentro, que seria de uma outra licitação fraudada, só que
aquele trabalho que eu fiz em relação ao 05, como eu não tinha sido contratado conforme eu

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tinha pedido contrato, não fui remunerado em nada, eu... E não tinha condição de saúde, eu
não me envolvi nesse edital, passou por mim, eu não soube se efetivamente ele foi executado,
eu não soube que a Bravix tinha ganho, eu jamais pedi um centavo, não tenho nessa grava...
Não li, mas não tem gravação, não tem afirmação do Reginaldo que eu pedi alguma coisa dele
ou recebi, porque eu agi de qualquer maneira. E nem me apresentei como preposto para tratar
desse edital também. Mas acredito... Agora, eu não posso afirmar se esses WhatsApps, essas
gravações são originais, porque eu não tenho o contexto e nem sei se elas são autênticas.
Mas eu confirmo sim, que houve sim uma entrega outra, de um outro processo licitatório,
que eu não sei qual era, não sei qual era o objeto, se estava publicado ou não, para o
Reginaldo, imediatamente após o 05, Edital nº 05, senhora.

Juíza Federal: - Sim. No recebimento de arquivo pelo PDF, em PDF aqui, na página 139.
Então o senhor confirma que recebeu arquivo em PDF, mas não...?

Réu: - Não confirmo arquivo de PDF, confirmo apenas que todo e qualquer documento que
eu recebi e entreguei para o Reginaldo, eu recebi do Doutor Brito, e todo e qualquer
documento que eu recebi depois do Edital nº 05, lá em maio, e que houve todo esse
desdobramento dele, eu nunca analisei, nunca dei parecer, nunca interferi, nunca participei,
nem fui remunerado por nada que tenha acontecido dessa suposta quadrilha, tanto referente
a abril, até o encerramento da operação em janeiro.

Juíza Federal: - Então o senhor não sabe nada sobre uma suposta fraude no Pregão nº 006?

Réu: - O que eu li é o que eu vi nos Autos, Excelência, eu tô dizendo...

Juíza Federal: - Não, eu quero saber...

Réu: - A minha parte... Não é que eu não sei, eu sei sim senhora, do que tá nos Autos, da
minha participação eu nego veementemente qualquer participação direta ou indireta nisso, e
nem se esses documentos hoje, não posso precisar se esses documentos, como eu não fiz a
análise, Doutora, que eu entreguei para o Reginaldo um envelope, ou se realmente foi em PDF,
eram alusivos à essa licitação fraudada, a 005, porque eu considero particularmente todas as
licitações que a Bravix ganhou, fraudadas, agora, por quem, de que jeito... Eu sei que é sem a
minha participação.

De se ver que as alegações dos três acusados não são aptas a desconstituir o
acervo probatório, que é farto no sentido de que concorreram para o direcionamento do
certame.

Demonstrada tanto a materialidade quanto a autoria delitiva, passo à


qualificação jurídica da conduta dos acusados.

c) Tipicidade

A conduta dos acusados, narrada e provada ao longo da persecução criminal,


enquadra-se no art. 90 da Lei nº 8.666/93, in verbis:

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Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o
caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para
outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação:

Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Segundo o magistério de José Paulo Baltazar Júnior:

“Frustrar é enganar, iludir, defraudar ou obter vantagem por meio de fraude ou engano.

A frustração ou fraude poderão ocorrer por meio de ajuste, combinação ou qualquer outro
expediente.

Ajuste tem aqui o sentido de acordo, trato, ou pacto, sendo, na verdade, sinônimo de
combinação.

O exemplo poderá ser o ajuste de preços previamente à licitação, de modo a favorecer uma
determinada empresa, ou ainda a combinação de modo que uma empresa seja vencedora em
determinada licitação, mas perca em outra, sendo em ambas combinados os preços ou outras
condições previamente.

Admite-se a interpretação analógica pois qualquer outro expediente, ou seja, qualquer outro
recurso ou meio assemelhado ao ajuste ou combinação, poderá dar ensejo à incidência do
tipo.

Exige-se, no entanto, que a combinação ou o expediente adotados representem frustração do


caráter competitivo do procedimento, ou seja, da possibilidade de que seja buscada a proposta
mais vantajosa para o poder público, de forma isonômica entre os participantes, o que é da
essência da própria ideia de procedimento licitatório. Se a fraude não atenta contra o caráter
competitivo do procedimento, o delito será o do art. 93 e não o do art. 90”.

Segundo o entendimento das duas Turmas Criminais do Eg. TRF4, está-se


diante de crime formal, cuja consumação ocorre com a frustração ou fraude ao caráter
competitivo do procedimento licitatório, ainda que não se aufira a vantagem pretendida:

EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. LICITAÇÕES. FRAUDE AO CARÁTER


COMPETITIVO DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. ARTIGO 90 DA LEI Nº 8.666/1993.
NÃO CONFIGURAÇÃO. 1. O art. 90 da Lei nº 8.666/1993 é delito formal, cuja consumação
se dá com a frustração ou fraude ao caráter competitivo do procedimento licitatório. 2.
Inexiste vedação legal à participação de empresas de irmãos ou mesmo grupo familiar em
licitação, tampouco é proibido que as empresas participantes do certame tenham um sócio em
comum. 3. Hipótese em que não restou demonstrada a fraude ao caráter competitivo da
licitação, não se configurando o crime descrito no art. 90 da Lei de Licitações. 4. Apelação
criminal improvida. (TRF4, ACR 5020066-56.2013.4.04.7001, OITAVA TURMA, Relator
JOÃO PEDRO GEBRAN NETO, juntado aos autos em 05/12/2018)

EMENTA: DIREITO PENAL. DIREITO PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL.

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OPERAÇÃO SAÚDE. CRIMES CONTRA A LEI DE LICITAÇÕES. ART. 90 DA LEI Nº 8.666.
FORMAÇÃO DE QUADRILHA. ART. 288 DO CP. LITISPENDÊNCIA. ACOLHIMENTO.
SOBRESTAMENTO. PREJUDICADO. MÉRITO. MATERIALIDADE, AUTORIA E
ELEMENTO SUBJETIVO DEMONSTRADOS. APLICAÇÃO DA PENA. […] O
direcionamento da licitação reflete a falta de competitividade do certame, concluindo-se que
não houve licitação no estrito termo da legislação aplicável, em evidente prejuízo ao Erário; O
delito previsto no art. 90 da Lei 8.666/93 se consuma com a frustração ou fraude ao caráter
competitivo do certame, sendo o prejuízo econômico à Fazenda Pública mero exaurimento do
tipo. O fato de os itens terem sido efetivamente entregues ou de terem sido adjudicados por
valor de mercado, não descaracteriza o tipo penal em questão, cujo objeto material da
previsão legal é a proteção ao caráter competitivo dos procedimentos licitatórios, efetivo e
definitivamente comprometido na espécie; [...] (TRF4, ACR 5001432-85.2014.4.04.7127,
SÉTIMA TURMA, Relatora para Acórdão SALISE MONTEIRO SANCHOTENE, juntado aos
autos em 07/11/2018).

Adjudicação é o ato pelo qual a Administração atribui ao licitante vencedor o


objeto da licitação. Assim, sequer é necessário que haja a efetiva contratação ou mesmo
homologação do certame.

No caso dos autos, ficou demonstrado que os acusados frustraram o caráter


competitivo do Pregão nº 006/2017, com vistas a garantir a adjudicação do objeto do certame
em favor da Bravix Medical, por meio da elaboração de termo de referência que, diante das
descrições dos equipamentos, beneficiariam, desde já, a referida pessoa jurídica. Além disso,
houve conhecimento do edital, pelo representante da empresa vencedora, dois meses antes da
publicação do aviso de licitação no diário oficial, garantindo vantagem não extensiva aos
demais interessados. Sobre a configuração do crime na hipótese de participação da licitante
na fase interna do certame, colaciono recentíssimo julgado do Eg. TRF4:

EMENTA: DIREITO PENAL. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CRIME


LICITATÓRIO. ART. 90 DA LEI 8.666/93. PRESCRIÇÃO RETROATIVA. CORRUPÇÃO
ATIVA. CORRUPÇÃO PASSIVA. SUPOSIÇÕES. INFIRMAÇÃO. ABSOLVIÇÃO. 1. O crime
tipificado no art. 90 da Lei nº 8.666/93 pressupõe que o agente frustre ou fraude o caráter
competitivo de procedimento licitatório, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro
expediente, com o objetivo de lograr, em seu próprio favor ou em favor de outrem, vantagem
decorrente da adjudicação do objeto da licitação. 2. O tipo penal visa proteger a lisura,
moralidade e a honestidade da competição. A norma permite, na expressão qualquer outro
expediente, o combate a todo tipo de engodo, subversão ou conduta lesiva à competividade dos
certames licitatórios. 3. Caracteriza o crime licitatório a participação irregular de particular
em fase interna da Concorrência Pública, pois concede vantagem extremada a esse licitante
e desnatura, por completo, o caráter competitivo do certame. [...] (TRF4, ACR
5023886-23.2012.4.04.7000, OITAVA TURMA, Relator LEANDRO PAULSEN, juntado aos
autos em 14/02/2019).

Além de ter sido beneficiado na fase interna do certame, Reginaldo da Silveira


Sobrinho recebeu informações privilegiadas na fase externa do pregão, de modo que a
proposta foi elaborada com o prévio conhecimento de que ele sagrar-se-ia vencedor, o que
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caracterizou grave prejuízo ao erário e desnatura o próprio sentido da licitação. Além de o
preço não ter sido competitivo, é sabido que havia uma "taxa de gordura", no valor de ao
menos R$ 6.000,00 para pagamento de propina aos acusados. Presente, portanto, a tipicidade
objetiva.

O tipo subjetivo é o dolo, acrescido da finalidade específica de obter, para si ou


para terceiro, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação, o que está
plenamente demonstrado nos autos em relação a todos os acusados.

Há, inclusive, um diálogo no qual LUIZ JOSÉ DE BRITO foi devidamente


cientificado na incorreção de sua conduta:

(15:32 minutos) O Dr. Brito afirma que o que da tranquilidade é que na visão dele não
estamos fazendo nada de ilícito, que não somos igual ao Túlio Bandeira, que estamos
trabalhando e que eu ganhei a licitação la no Hospital Municipal de Foz do Iguaçu.

(15:40 minutos) O Dr Brito pergunta se houve alguma irregularidade lá. e eu comento que é
irregular o fato dele e o Sr. José Reis Cazuza terem me dado acesso ao Edital antes de sua
publicação, mas que não foi dado publicidade sobre este fato, que por isso eu já estava
preparado para a licitação.

(15:57 minutos) O Dr. Brito comenta que só se alguém for no Promotor e fazer uma confissão,
ficar com remorso, e eu desconverso, e falo que na minha opinião na questão da Pecúlio foi
que não cumpriram acordos firmados entre eles, e que não quero que o Sr José Reis Cazuza,
pense que ganhei o contrato no Hospital Municipal usando da influência dele e depois não
repassei a parte dele, e o Dr Brito cometa que isso seria deslealdade, que pra mim foi isso que
aconteceu na Operação Pecúlio e por isso começaram a se matar. (Ev. 85, inf2, AC).

Ainda que se possa interpretar que o acusado não tivesse dolo ou consciência de
ilicitude, certo é que o diálogo acima relatado somente demonstra a grave crise ética do
acusado que, nada obstante pretendesse demonstrar à sociedade iguassuence que ele era um
símbolo de moralidade, usava de expedientes ilícitos para atingir seus objetivos de poder.

Impõe-se, contudo, verificar se o crime de dispensa irregular de licitação deve


ser absorvido pelos crimes de corrupção.

Assim como a especialidade, alternatividade e subsidiariedade, a consunção


nada mais é do que um critério para definir a norma aplicável ao caso concreto, na hipótese
de conflito aparente de normas. Segundo Guilherme de Souza Nucci, há consunção ou
absorção quando “o fato previsto por uma lei está previsto em outra de maior amplitude,
aplica-se somente esta última (lex consumens derogat legi consumptae). Em outras palavras,
quando a infração prevista na primeira norma constituir simples fase de realização da
segunda fase da infração, prevista em dispositivo diverso, deve-se aplicar apenas a última.
Trata-se da hipótese de crime-meio e crime-fim. Conforme esclarece Nicás, ocorre a
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consunção quando determinado tipo penal absorve o desvalor de outro, excluindo-se este de
sua função punitiva. A consunção provoca o esvaziamento de uma das normas, que
desaparece subsumida pela outra. […] A consunção envolve fatos que absorvem fatos,
enquanto a subsidiariedade abrange tipos que, de algum modo, contêm outros” (in Código
Penal Comentado, p. 124).

Segundo o entendimento sufragado na súmula 17 do Superior Tribunal de


Justiça: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido”. É possível aplicar o referido entendimento, mutatis mutandis, ao presente caso.

Note-se que a dispensa irregular de licitação não teve sua potencialidade


exaurida pelos crimes de corrupção, pois o contrato foi superfaturado, para permitir os
pagamentos das vantagens. Com efeito, ainda que não tivesse havido o pagamento da
vantagem indevida (como não ocorreu em virtude da deflagração da Operação Renitência), o
termo de contrato firmado com a Bravix Medical era extremamente lesivo ao erário. Daí a
impossibilidade de aplicar, na espécie, o princípio da consunção. Nos termos utilizados pelo
autor citado, o desvalor da dispensa irregular de licitação não é absorvido pelo desvalor da
corrupção perpetrada.

De todo modo, o Superior Tribunal de Justiça já rejeitou a incidência do


princípio da consunção em casos de crimes de licitação, por entender que não são etapa
necessária ao crime de desvio de recursos públicos:

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. FRAUDE À LICITAÇÃO E DESVIO DE


VERBAS PÚBLICAS. RECONHECIMENTO DE BIS IN IDEM OU APLICAÇÃO DOS
PRINCÍPIOS DA ESPECIALIDADE OU DA CONSUNÇÃO ENTRE ESSES CRIMES.
INVIABILIDADE. CONDUTAS DIVERSAS E DELITOS DISTINTOS E AUTÔNOMOS.
IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. DOSIMETRIA. PENA-BASE.
EXASPERAÇÃO COM BASE NA LIDERANÇA EXERCIDA PELO AGRAVANTE.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA PARA O INCREMENTO. SOMATÓRIO DAS PENAS DE
RECLUSÃO E DE DETENÇÃO PARA O ESTABELECIMENTO DO REGIME PRISIONAL E
PARA O EXAME DOS REQUISITOS PARA A SUBSTITUIÇÃO DAS PENAS.
POSSIBILIDADE. ILEGALIDADE NÃO CONFIGURADA. AGRAVO REGIMENTAL
IMPROVIDO. 1. Hipótese em que o agravante foi condenado pela prática de condutas
diversas, configuradoras de crimes distintos - fraude à licitação e desvio de valores públicos -,
não havendo falar em bis in idem ou em aplicação do princípio da especialidade. 2. O delito
de fraude à licitação não é meio necessário ou fase preparatória ou de execução do delito de
desvio de verbas públicas, na medida em que aquele é delito formal e se consuma
independentemente da obtenção de vantagem ou da anulação do procedimento licitatório. É
inviável desconstituir as premissas fáticas assentadas na origem ante a impossibilidade de
reexame do conjunto probatório na via estreita do habeas corpus. Precedentes. (AgRg no HC
448.057/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
06/12/2018, DJe 18/12/2018).

Assim, não há falar em consunção.


5002007-41.2018.4.04.7002 700006288273 .V129

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:: 700006288273 - eproc - :: https://eproc.jfpr.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=minuta_imprimi...

Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu
d) Ilicitude e culpabilidade

Não estão presentes causas excludentes de ilicitude e culpabilidade.

Documento eletrônico assinado por FLAVIA HORA OLIVEIRA DE MENDONÇA, Juíza Federal Substituta, na
forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de
março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 700006288273v129 e
do código CRC 4cda15b7.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): FLAVIA HORA OLIVEIRA DE MENDONÇA
Data e Hora: 18/3/2019, às 7:7:8

1. Estabelecimento comercial situado na Avenida Brasil, 1119, Foz do Iguaçu


2. Segundo cláusula segunda da avença: Transferir recursos financeiros do Fundo Estadual de Saúde do Paraná para o
Fundo Municipal de Saúde do Município de Foz do Iguaçu, para despesas de custeio - folha de pagamento dos
funcionários, serviços de terceiros - pessoa jurídica e materiais de consumo para o Hospital Municipal Germano Lauck,
observada a sua disponibilidade financeira (fl. 4/9, out 4, ev. 15, IPL)
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