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AULA 1

ITER CRIMINIS

CONSUMAÇÃO,
TENTATIVA, DESISTÊNCIA e
ARREPENDIMENT
O
ROTEIRO DA AULA 1

 Iter criminis;

 Consumação;

 Tentativa;

 Arrependimento;

 Desistência.
ITER CRIMINIS

Conceito:

O iter criminis, ou caminho do crime, “é o itinerário percorrido pelo crime,


desde o momento da concepção até aquele em que ocorre a consumação”.
(BITENCOURT, 2013)

É composto por duas grandes fases:

1. Fase interna ou intelectiva;

2. Fase externa.
ITER CRIMINIS

Caminho do crime

FASE INTERNA FASE EXTERNA


OU
INTELECTIVA ATOS PREPARATÓRIOS
(Preparação)
COGITAÇÃO ATOS EXECUTÓRIOS
(Execução)
CONSUMAÇÃO

Em regra o direito somente pune a partir da fase de execução, salvo quando a


preparação já constitui crime.
ITER CRIMINIS

Caminho do crime

CONSUMAÇÃO
EXECUÇÃO
PREPARAÇÃO
COGITAÇÃO

DECISÃO EXAURIMENTO
CRIME
CONSUMADO
e
CRIME TENTADO
(art. 14, I e II, CP)
CRIME CONSUMADO
(CONCEITO)

Segundo Bitencourt (2013) consuma-se o crime quando o tipo penal está


inteiramente realizado, ou seja, quando o fato concreto se subsume no tipo penal
abstrato da lei penal.

O Código Penal, no art. 14, inciso I, traz a definição do que considera crime
consumado:

Art. 14 - Diz-se o crime:

Crime consumado

I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos


de sua definição legal;

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CRIME CONSUMADO

O delito está formalmente consumado quando o tipo penal


está

plenamente realizado, ou seja, quando toda a conduta descrita no tipo foi

integralmente satisfeita.

Em alguns casos, quando o tipo exigir, é necessário que ocorra o

resultado naturalístico, a exemplo dos crimes materiais. Já no caso dos

crimes formais e de mera conduta a consumação ocorre no momento da

ação típica, visto que nesses casos não se exige o resultado material,

mas apenas o resultado jurídico.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
RESULTADO MATERIAL
X
RESULTADO JURÍDICO

Segundo Luiz Flávio Gomes (2012), não se pode confundir em Direito Penal o

dano com a lesão, o resultado naturalístico com o resultado jurídico. Uma coisa é

causar um dano a um bem existencial. Outra distinta é saber se esse dano,

juridicamente enfocado, constitui uma lesão ao bem jurídico protegido.

O dano e o resultado naturalístico encontram-se no plano naturalístico, da

realidade (ou seja, no plano daquilo que é perceptível pelos sentidos). A lesão e o

resultado jurídico pertencem ao plano jurídico, valorativo (normativo). Dependem de

um juízo de valor que é feito pelo juiz.

MOBRETE
MOMENTO DE CONSUMAÇÃO DOS CRIMES

- MATERIAL - descreve a ação típica, a conduta e o resultado


naturalístico, sendo este indispensável para a consumação.

- FORMAL – também chamado de crime de consumação antecipada, ocorre a


descrição do tipo, da conduta e do resultado naturalístico, porém este apesar
de descrito não é exigido, considerando-se mero exaurimento.

- MERA CONDUTA – conhecido como “delito sem resultado”, ocorre quando a


lei descreve apenas a ação ou conduta típica, estando o crime consumado no
momento da realização da mesma, ou seja, não há qualquer indicação de um
possível resultado, seja ele material ou potencial.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
MOMENTO DE CONSUMAÇÃO DOS CRIMES

- HABITUAL – os crimes habituais são aqueles que necessitam da reiteração de


condutas (habitualidade) para que possa ocorrer a consumação do delito, logo
caso ocorra um fato isolado e/ou esporádico, a ação será um indiferente penal.
Segundo Capez (2012) o crime habitual representa a reiteração de atos que
revelam um estilo de vida do agente.

- PERMANENTE – é aquele onde a consumação se protrai, ou seja, se prolonga


no tempo, podendo cessar quando o agente desejar ou quando for impedido
de continuar com a empreitada criminosa. A consumação neste tipo de delito
se dá quando cessa a permanência ,ou seja, quando cessa o comportamento
criminoso do agente.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
MOMENTO DE CONSUMAÇÃO DOS CRIMES

- OMISSIVOS PRÓPRIOS OU PUROS – os crimes omissivos próprios ou puros,


se perfazem no momento da conduta omissiva do agente, ou seja, quando o
sujeito deveria agir e não o fez.

- OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU IMPUROS / COMISSIVOS POR OMISSÃO – neste


tipo de delito a omissão é o caminho ou a forma utilizada para que o agente
alcance o resultado pretendido, logo, a consumação ocorre no momento em
que se verifica o dano ou o perigo, a lesão ou a ameaça de lesão ao bem
jurídico protegido, oriundos da conduta inerte do agente.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
EXEMPLOS
(Crimes materiais)

Exemplos:

Art 121. Matar alguém.

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem.

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
EXEMPLOS
(Crimes formais)

O crime já está consumado no momento da conduta,


Exemplos: independente da motivação ou objetivo do agente
(por que ou para quê).

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave


ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem
indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou
deixar fazer alguma coisa.

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de
tal vantagem.

Com relação a este segundo núcleo (receber), existe


a necessidade de demonstração do resultado, logo
O crime já está consumado no momento da conduta, trata-se de um crime material.
independente da motivação ou objetivo do agente
(por que ou para quê).

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
EXEMPLOS
(Crimes de mera conduta)

- Exemplos:

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo


sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e
iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da
autoridade pública:

Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou


astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de
quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
EXEMPLOS
(Crimes habituais)

Observe que os verbos exprimem a idéia de


Exemplos: habitualidade.

Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de


médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou
excedendo-lhe os limites.

Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro,


estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou
não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou
gerente.

Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando


diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo
ou em parte, por quem a exerça:

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
EXEMPLOS
(Crimes permanentes)

Exemplos:

Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro


ou cárcere privado.

Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou


para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do
resgate.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
EXEMPLOS
(Crimes omissivos próprios)

Exemplos:

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo


sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e
iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da
autoridade pública.

Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução


primária de filho em idade escolar.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CRIME CONSUMADO
(MOBRETE)

O delito está formalmente consumado quando o tipo penal está plenamente


realizado, ou seja quando toda a conduta descrita no tipo foi integralmente
satisfeita, provocando em alguns casos, quando o tipo exigir, o resultado
material (naturalístico) ou, em outros, apenas o resultado jurídico.

Não confunda consumação formal, consumação material e exaurimento. Este


último, ocorre quando o autor pratica uma conduta que vai além do resultado
consumativo (consumação formal ou material). Existem crimes que a
consumação e o exaurimento ocorrem num mesmo momento, ou seja,
simultaneamente, em outros casos este fato não se verifica.

Segundo Bitencourt (2013) o exaurimento se dá quando, após a consumação,


outros resultados lesivos ocorrem.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CRIME TENTADO

A tentativa é a realização incompleta da figura típica descrita


abstratamente na lei. Não existe nenhuma descrição típica (figura típica) que
incrimine a tentativa, ou seja, não há tipo penal que descreva, por exemplo, “tentar
matar”, “tentar roubar”, “tentar subtrair”, “tentar estuprar”.

O crime tentado é a realização incompleta do tipo objetivo, que não se perfaz por
circunstâncias alheias à vontade do autor. É uma regra de extensão prevista no
art. 14, II, do Código Penal.

A tentativa não é punida como um delito autônomo devendo estar


vinculada à figura típica que deveria ser alcançada, ou seja, aquela
desejada e buscada pelo autor.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CRIME TENTADO

O art. 14, inciso II e seu parágrafo único, ambos do Código Penal tratam,
respectivamente, da definição de crime tentado e sobre o modo de aplicação da pena
correspondente.

Art. 14 - Diz-se o crime:

II - tentado, quando, iniciada a não se consuma


execução, circunstâncias alheias à vontade por
do agente.
Pena da tentativa

Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa


com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a
dois terços.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CRIME TENTADO
(Requisitos)

É necessário para configurar a tentativa, a verificação de 3 requisitos


ou condições:

INÍCIO DA EXECUÇÃO.

INOCORRÊNCIA DO RESULTADO POR


CIRCUNSTÂNCIAS ALHEIAS À VONTADE DO
AGENTE.

DOLO EM RELAÇÃO A TODOS OS ELEMENTOS


DO TIPO OBJETIVO.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
TENTATIVA, DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA,
ARREPENDIMENTO EFICAZ e POSTERIOR

Não se deve confundir tentativa com desistência


voluntária, arrependimento posterior e arrependimento eficaz.

TENTATIVA O crime tem início, porém não se consuma por circunstâncias


alheias à vontade do agente.

É uma hipótese de tentativa abandonada ou qualificada, porque o


DESISTÊNCIA
agente parte para o início da execução porém voluntariamente
VOLUNTÁRIA desiste de continuar com a ação, ou seja, o resultado não será
produzido por vontade do próprio agente .

TENTATIVA x DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA

Segundo Frank, na tentativa o agente diz: “eu quero, mas não consigo”, enquanto na tentativa
abandonada ou desistência voluntária ele diz: “eu consigo, mas não quero”.
TENTATIVA, DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA,
ARREPENDIMENTO EFICAZ e POSTERIOR

É uma hipótese em que o agente executa a ação típica, ou


seja o crime, porém, voluntariamente, impede a produção
ARREPENDIMENTO do resultado.
EFICAZ
Afasta-se a tentativa, e o agente só responde pelos atos até
então praticados.

Não traz qualquer consequência, devendo o agente

ARREPENDIMENTO responder pelo crime praticado, podendo vir a servir como


INEFICAZ forma de atenuante genérica (art. 65, III, b, do CP).

Ocorre, em regra, nos crimes em que não há violência ou


grave ameaça à pessoa. O agente, voluntariamente, repara o

ARREPENDIMENTO dano ou restitui a coisa até o recebimento da denúncia ou


POSTERIOR queixa, acarretando, obrigatoriamente, uma redução de
pena.
CRIME DE ATENTADO OU DE
EMPREENDIMENTO

Segundo Rogério Sanches, “para a fixação da pena do crime tentado,


considera-se a maior ou menor aproximação do iter criminis da fase
de consumação.

Em alguns momentos a punição da tentativa é igual ao do crime


consumado. Esse fenômeno chamamos de crime de atentado ou
crime de empreendimento (exemplo: art. 352, CP).

“Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo


submetido a medida de segurança detentiva, usando de
violência contra a pessoa.”

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CRIME TENTADO

A tentativa, quanto ao iter criminis, pode ser:

- Imperfeita ou inacabada – o agente é impedido de


prosseguir com seu intento, interrompendo os atos
executórios que culminariam na consumação do
delito. Não há o exaurimento de toda a
potencialidade lesiva.

- Perfeita, acabada ou crime falho – o agente apesar


de praticar todos os atos executórios, não consuma
o crime por circunstâncias alheias a sua vontade.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
TENTATIVA
(CLASSIFICAÇÃO
)

A tentativa, quanto ao resultado produzido, pode ser:

- Branca - o agente não consegue atingir o bem jurídico.

- Cruenta – o agente atinge o bem jurídico, mas não alcança o resultado.

- Idônea – o resultado apesar de poder ser alcançado não se verifica


por circunstãncias alheias à vontade do agente.

- Inidônea – o crime é impossível, ou seja, não pode se consumar por ineficácia


do meio ou absoluta impropriedade do objeto.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CRIME TENTADO

Não se admite tentativa em:

- Crimes culposos;

- Crimes preterdolosos;

- Crimes omissivos próprios;

- Contravenções penais (conforme art. 4º, da LCP);

- Crimes de atentado ou empreendimento;

- Crimes (salvo quando comprovada a efetiva


reiteração de condutas, ou seja, a habitualidade).
habituais

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
OBSERVAÇÕE
S

TENTATIVA x DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA

Segundo Frank, na tentativa o agente diz: “eu quero, mas não

consigo”, enquanto na tentativa abandonada ou desistência

voluntária ele diz: “eu consigo, mas não quero”.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

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