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Tee ee Ce ae COORDENADOR Teer Crea) CONSTITUIGAO © & DIREITOS | | Estudos Contemporaneos para Pelt a Paes acc uy pee | UNS aKa) | Perec Per | cere fescue ‘Aline Rocha Muraro ‘Ana Flivia da sive Tana selma Morera Lucene Dali ‘Anna Kleine Neves Luis Octavio OuteralVetho runantorin Mocie! Pies lzCarlos Avila Junior rStuna ellipe dos Santos Makon Rodrigues Condics Morais Bentolda Siva sel Marcos Noboru Hashimoto ‘CauaSmon Marina Goncalves de Maykon Fagundes Machado Monies Goes de Andrade Mendes de Almeida Cynara Beatriz de ‘Daniela Soares Marasce David M. ML-Naseimento ‘Eduardo Jose Duarte one Maria de Senna do Nascimento Rogério stow ‘SNerta Marques Bruno Thaiara Nascimento dos Santos José César Nevesde Lima Junior Victor Antonio Cec” “jssoraFibas Avila Visite nossa piigina na web www editorialjurua.com internacional @juruanet ‘A presente obra foi aprovada pelo Conselho Editorial Cientifco da Jura Exitora, ‘adotando-se 0 sistema blind view (avalagdo as cegas). A avaliagdo inominada garante a isengdo e imparcalidade do corpo de pareceristas e a autonomia do CConselho Esltora, consoante as exigéncias das agéncias e instiuigdes de avalagé0, atestando a exceléncia do material que ora publicamos e apresentamos a sociedad. SJURUA EDITORIAL Europa Rua Genecal Torts, 1.220 Lojas 15 ¢ 16 ~ Tel: +381 225 710.600 ‘Ceo Comercial D Ouro - 4400-096 ~ Vila Nova de Gaia/Porto ~ Portugal Brasil Av. Munhoz da Rocha, 143 ~Juvevé ~ Tet +65 (1) 4008-3000 Fax: (4) 3252-1311 ~ CEP: 80,030-475 ~ Cuba - Parana ~ Brasil ISBN: 978-989-712-741-0 Deposit Legal: 47634020 iz Augusto de Oliveira Junior Francine Marie Carvalho de Oliv CONSTITUIGAO & DIRETTOS Constituigao & direitos : estudos contempordneos para uma melhor efetividade. do constitucionalismo / coord. Luiz Carlos Avila Junior, Maicon Rodrigues ISBN 978-989-712-741-0 I-JUNIOR, Luiz Carlos Avila, 1972- I RODRIGUES, Maicon, 1987- Luiz Carlos Avila Junior Coordenador Maicon Rodrigues Organizador CONSTITUICAO & DIREITOS Estudos Contemporaneos para uma Melhor Efetividade do Constitucionalismo Colaboradores Aline Rocha Muraro ‘Ana Fvia da Silveira ‘Ana Selma Moreira ‘Anna Kleine Neves Bruna Martin Maciel Pires Bruno Felipe dos Santos CCandird Maraia Bento daSilva Elise Catla Simon Carol Alves Cinta Vieira de Jesus Gomes Cynara Beatriz de Olvera Mesquita Daniela Soares Marasca David M. ML Nascimento Eduardo José Duarte Elana Maria de Senna do Nascimento Gilberto Marques Bruno José Césat Naves de Lima Jinior Jussara Ribas Avila Leandro Elsi Lucas André do Nascimento Luciene Dal Ri Luis Octivio Outeiral Velho Lue Carlos Avila Junior Malcon Rodrigues ‘Marcos Noboru Hashimoto Marina Goncalves de Oliveira Maykon Fagundes Machado [Mérica Goes de Andrade Mendes de Almeida Pamela Nascimento Rachel Lopes Queiroz Chacur Ricardo Artur Azevedo Roberta Espinha Corréa Rogétio Rstow Thainara Nascimento dos Santos Victor Antonio Cecyn Porto Editori 2020 Jurud a TIPOLOGIA E PATOLOGIA DA CONSTITUICAO BRASILEIRA Luiz Carlos Avila Junior’ Sui {de 1988, 3. Patologia da Const sideragbes Fina. S. Referéncias, iio: |. Intodugio. 2, Tipologia da Consttuigio da Repiblica Federativa do Brasil da Repibica Federativa do Brasil de 1988. 4. Con- Resumo: O enssio pretend contribuir para o conhecimento da Constituig’o B sraves do delineamento dos aspectos contundentes da formagao da tipologta consti hal notadamente fatose ideias que convergiram quando da sua pronrulgagio, cia 0 ensaio volta-se a identifiar algumas patolozias com o conccito de fo ensaio estabelece consideragdes finais no sentido de que essa anise colabora a0 au- tonto da cultura constitacional e das transformagdes da Constitnigao da Republica Fede- rativa do Brasil de 1988, Abstract: The essay intends to contribute tothe knowledge ofthe Brazilian Constitution by ‘outlining the striking aspects of the formation of the constitutional typology. notably facts tid ideas that converged when it was promulgated, then the essty tums (0 identify some pathologies withthe concept of enemy’. finally. the essay establishes final considerations in the sense that this analysis contributes tothe increase of the constitutional culture and of the ttansformations of the 1988 Constitution of the Federative Republic of Brazil Palaveas-chave: Consttuigio, Tipologia, Patologia. Meméria, Compromisso. Transformagio ‘Advegado, Doutorano em Cincins Juries pla Universidade Autsnoma de Lishoa, ea de ‘essa dieno consitiona, Mest cm Ciencia frida pela Universe do Vale do aa UNIVALT pela Universidad de Alicante (Espana) em reine do dupla lao}, Ps-Gradando ‘in Dario Peal Eeondmico e Europen pelo IDPEE em parceria com a Universidade de Coimbra BBocharl em Dict plo Cette Ensinn Saperior dos Campes Gerais ~CESCAGE: Presidente da (Convasto de Dito Conical ~OAB Tat SC. Esme junioraviannieradybr Cielo ates ht tes np be 381 5162026748956 Constituigao & £ 18 Liz Carlos Avila Janior | tendo em comum © compromisso do detentor de poder observar um ‘le comportamento, conferinde direitos ¢ liberdades 20s stiditos. A historia demonstra que essas Cartas eram resultados de revoltas, de elas dos saditos muitas violentas ¢ em outras decorrentes de egociagies ' [Nos altimos cem anos, 0 constitucionalismo sofreu grandes transfor- {que tem intrinseco relacionamento com movimentos sociais, ou ac vonsenso na doutrina que as duas grandes guerras mundiais modifi- mente o constitucionalismo, Keywords: Constitution. Typology. Pathology: Memory. Commitment. Transformation, 1 INTRODUCAO A sociedade brasileira vivencia tempos de crises, pairam fortes ame {gas em banir todo um aparato que vem servindo de bussola & construed da s dade brasileira desde 1988. As coordenadas do mapa politico, ec Fam e com isso frutificou, mais do que nun {que permitem ao mesmo tempo quebras e rupturas no presente, Pois bem. hii a0 menos dois momentos significativos no consti ‘mente trazem 0 isco de um futuro absurdamente fragmentado. # vonlemporingo, de forma histérica, e um terceiro momento que se faz ‘A complexidade aumenta quando se enxerga pretensdes de se f valer uma ditadura, pior uma ditadura com viés democritico, que ¢a ditadura joria, banindo os direitos fundamentais que slo 0s trunfos da minoria. Voltar-se a guiar pelas coordenadas magnéticas da bvissola, no n sentir, exige @ ampliagio da cultura constitucional, compreendendo a con: Go © 0 cousttucionalismo. ‘Para isso propomos a abordagem em através do estabelesimento da t potogi ¢ idenificam no momento, de Forma que se pos Stuar a Constituigdo Brasileira, suas memorias, bases, promessas, dif perspectivas que conferem ou podem conferir estabilidade e segura ‘mesmo com o passar do tempo. 0 momento é o constitucionalismo antes da segunda guerra “io era basicamente um documento formal, facilmente mani- Wel, © por dizer em verdadeiro cariter simbético. Muito do que levou a ocorrerem as atrocidades da segunda guerra foi lamente por uma manipulagao patoldgica das constituigdes. beirando os pre- do império romano no sentido de que embora o imperador devesse obedti- i bs Ici, detinha a autoridade maxima, e portanto nio havia qualquer autori- cima deste, razio pela qual ndo existiam institucionalmente possibilidades {ver-com o imperador em falta se dispusesse de motu préprio a cumprit a li, toridade maxima é muito bem reprisada nos regimes ditatori- de marca nesses casos da extingdo da efetividade da separagio dees. © desenvolver do holocaust, demonstra que nto houve wn plane Teo ov rorsiro especifico, em vez disso os acontecimentos foram se agravando MW peso outro, as ordens e lis aleradas para permit seus horroresalé cul Jnl monsirosidads. Anote-se que emborn possa ser sri tm principal Porpnsivel a culpa foi coleva,baseada muito na ditadura da maiora Import lembrar que para além dos impacios do. combate mit- Wwbelico,colhe-se que nos paises ocupados pela Alemanha Narita a Segunda fhicra Mundial constitu una experiencia primordialmente civil, deforma que Wh vorbaics militares efetivamente ocorreram no inicio © final do. confi- Wocupasto, esse lapso temporal a guerra foi evidenicinda pela repressto,explo- Higlo, pelo exterminio e pelo abuso de poder que dspunha o Estado ocupante 2 TIPOLOGIA DA CONSTITUIGAO DA REPUBLICA. FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 Desgracato o pais que tenha medo de livvar-se doe prépries erros, porque ‘para libertarse deles tenha de exib-los, Mil vezes exibé-lor, © expondo-ds Inspirar horror, para que munca mais voltem a repetinse, do que eMvergor hnhedanente ocultrlos ¢ acultando-os, protege, com risco ie voltarem ‘ananhi, conftadas na complacéncia que enseja, senda estinul 0s abusos. (PAULO BROSSARD em discurso proferido no Senado da Repiblica, 17 de ‘marco de 1981): © direito constitucional, exige uma anilise minimamente comparada que deve ser tomada sob dois prismas: o primeiro da histria, da tradigaio de pensamento ou melhor das ideias; 0 segundo da técnica ou pritica jurdica. Essa andlise comparada, nos termos que aqui nos referimos, nio bo ss rotinas e vidas de mithdes de pessoas. transformadas diretamente ou propriamente o metodo comparado, mas sim, porque hi uma base comum ay Iuetanente em prisincros fesse sab o aspeto fosse sob o aspecto da ‘lem institu, Constituigdes ocidentais, Por volta do ano 1200, surgem uma série? de documentos do tipo da Magna Carta, que a0 se desenvolverem resultam na Declaragio dos Diretos do 1215 Fo apenas um desses documents. tviea a0 direta constitucional ocidenta.Lisbos FA Magna Charza de Sod da Inglaterra e CAENEGEM, RC. Uma introduc Fonda Caloust Gulbenkian, 2008. p35. 1 Meroe letra: REES, Laurence. © Holoeausto- uma nova histéria So Palo: Vestgi, 2018 ‘Constante no voto do Ministro Celso de Mello na ADPF 153. 20 Luiz Carlos Avila Ju A fome ¢ a desnutrgao nos anos seguintes 20 témino do conflito também foram eruciais no desenvolvimento politico futuro, para se ter ideia em 1940 a ingestio didria de calorias era em média de 2.445; em 1946 no passava «de 840 calorias. Esse cenirio resulta com uma ruptura com 0 sistema ¢ pensamento an- terior, eulminando com uma mudanga dos nossos horizontes socials. do nosso estar no mundo, transformando as constituigdes, e dando nascimento no que hamamos de eonsttucionalismo contemporiieo. ‘A base do constitucionalismo contemporaneo, colocada de forma mui- to objetiva, se pauta em tr enfoques: [1] A discussto sobre 0 aleance do princi pio da lezalidade; [2] a dignidade da pessoa humana; [3] 0 rompimento com 0 autoritarismo, CContudo, para se afer com maior densidade atipologia da Constituigio brasileira, 6 preciso tragr sintticamente*algumas datas e acontecimentos © 1018: fim da Primeira Guerra Mundial; ‘© 1919: Conferéncia da Paz, tratado de Versalhes © Constituigio de Weimar; #1924: primeira Constcugdo soviética; #1924, 1926 e 1930: movimento revolucionsro brasileiro: + 1930: instalagdo da Ondem dos Advogados do Brasil: #1931: a constituigdo espanholacria um tribunal de garuntas const- : constitusionalista no Brasil (revolugdo paulist). ‘© 1933: consituigio portuguesa é submetida a plebiscito ¢ no me mo ano tem inicio em Portugal a ditadura do Estado Novo, que perdura até 1974; ‘© 1933: Hitler assume o poder de editar leis: 1934 segunda Consti- tuigdo da repiblica brasileira: 1935: Carta Polonesa do Marechal Pilsudskis 1936-1975: periodo franquista (comego da guerra civil espanhola até:a morte do ditador): + 1937: Vargas fecha o Congresso, suprime liberdades publica, edi- aa carta de 1937 (Carta do Estado Novo ou Polaca) ¢ inicia a di- tadura do Estado Novo que perdura até 1945; = 1938: modificagies da lei de seguranga nacional com forte base fascist: 1939 a 1945: Segunda Guerra Mundial ®Espocaiments om razio do espago que se disp Yer. CERQUEIRA, Marcelo. A constitnigfo ma histria da revolugdoinglesa de 1640 a crise olese europe, 2 ed. Rio de aneto:Revan, 2006. #1045: Criagio das Nagies Unidas: os Estados Unidos da América fangam bombas atémicas em Hiroshima e Nagasaki, Vargas eon- voca eleigdes gerais: ‘+1945 a 1949: funciona o Tribunal de Nuremberg: ‘+ 1946: terceira Constituigdo brasileira; ‘+ 1946 a 1948: funciona o Tribunal Militar Internacional para o Ex- tremo Oriente (tribunal de Toquio): #1947: EUA aprovam a lei de seguranga nacional, eriam o conselho de seguranga nacional e a agéncia central de inteligéncia (CIA): + 1947: 0 partido comunista brasileiro fem seu registro eassado: ‘+ 1948: constituigao italiana © Declaragao Universal dos Direitos do Homem pela ONU: 1949 Lei Fundamental de Bonn; ‘1954: revistio constitucional francesa, Suprema Corte Americana declara a incompatibilidade da separagao de escolas para negros, suicidio de Vargas e acordos de Genebra poe fim a guerra da Indo- china: ‘+ 1956: Nikita Kruchev demuncia crimes cometidos por Stalin; ©1957: Tratado de Roma: ‘© 1958: Conferéncia dos Povos da Ate: + 1959: reforma de direito canénico: + 1961: a 1963 vigora o regime parlamentarista no Brasi #1962: referendo restaura o sistema presidencialista no Brasil; ‘+ 1964: golpe de Estado no Brasil culminando com implementagio de atosinstitucionais e ditadura que vigora até 1985; ‘+ 1969; lei de seguranga brasileira com bases do fascismo: ‘+ 1974; eseandalo Watergate nos EUA € revolugio dos Cravos em Portugal: #1976. 1983: regime militar na Argentina, #1976: Consttuigio Portugues #1977: Constituigao Soviet 1978: Constituigio Espanhola: 1985: Diretas 1 no Brasil 1985: convocada a quarta consttuinte brasileira; 1986: acidente de Chernobyl: 1986 a 1990: viragem no Leste Europeu: 1988: promulgada a quarta Constituigo Brasileira, Nao podemos deixar de tecer algumas consideragdes relativas a0 Al-L {de 9 de abril de 1964 que permitiu ao Presidente da Republica enviar ao Congresso ppropostas de emendas consttucionais e projetos de lei de qualquer natureza os Luiz Carlos Avila Junior quais deveriam ser voiados em trinta dias ou seriam tidas como aprovades. Ainda determinou a suspensio de garantias como vitaliciedade ¢ estabilidade, que medi- ante processo sumtirio poderiam ser demitidos, aposentados, ransferidos, bastando {que tivessem tentado contra a seguranga do Pais, o regime democritico ou a probi dade da administragdo piiblica, 0 recurso cabivel limitavarse a questdes de formal dade, no analisando a conveniéncia e oportunidade da decisio, Fruto do AF-S de 13.12.1968, trés ministros do Supremo foram apo sentados compulsoriamente apés decistio do Conselho Nacional de Seguranga: Hermes Lima, Evandro Lins e Silva e Victor Nunes Leal. Os ministros Ant6nio Carlos Lafayette de Andrada e Antonio Gongalves de Oliveira renunciaram em protesto contra as cassagdes e acabaram oficialmente aposentados por decreto no Em 1971, Adaucto Lucio Cardoso, entio ministro do Supremo Tribu- nal Federal, abandonou © plenrio, renunciando em seguida ao cargo, ao ser 0 ririo lei da censura prévia, editada pelo governo Médici, a medida permitia que censores escolhidos pelo governo ocupassem as redagdes dos jor- nis vetassem a publicagio de textos. AS limitagdes impostas @ liberdade dos cidadiios e a restrig0 a0 Poder Judicidrio sio bem destacadas no voto do Ministro do Supremo Tribunal Federal: Celso de Mello, na ADPF 133. ocorrido em 2010: E preciso resaliar que a esperineta concreta aque se submeten o Brasil, no periet le vigencta do regime de excegao (1964 1983), conse. para esta € para as prdximas geragies, marcante advertencia que ni pe ser ignore fs inervengdes pretrianas ow miltares no dominio politce-nsitacional tim representado momentos de grave inflexdo no processo de desenvolvimento e de consolidagdo das lberdades findamentas. Prommetamentos militares, ‘quando efeados ¢ tornados vitorovos,tendem, necessariamente, na ligica dio regine supressr ds iberdades que se Tes segue, adiminur (quando no 1 eliminar) 0 espaso insitucional reserva ao dissenso, imitando, desse mad, com dens trreversives ao sistema democritico. a possbiidade de Ie Ore espana aide pica eda peti da etdatani (0 “hil!” de indenidate, estabelecido pela legislacdo de exceco, verdadero ‘narto protetor das snigiades cometidas com fandamento mos tas tte? ‘nals, impadia que o Judiciéra reviese a: atosexcepeionatse, desse moo, omivesse a prética expansive do abuso do poder. Oregine de excegdo, buscando a sua prépria preservacdo institucional ¢ so breviveneia politica, vedow o controle jurisdicional das ates praticados com Jfurdiamento nas estautes revoluciondries fo) Essa proibicio, que incidiu sobre o principio da inafastabilidade da “judicial review", constitu a propria amitese do preceitoassegurador das liberdades iiblicas inserito na Carta Federal enido vigente, na medida em que afastou ‘0s limites de contencdo do poder, viahilizando, assim, prticas eriminasas & ‘abustvas por parte dos agentes que serviam aa regime. Consttuigio & Direitos 23 Com 0 intuito de empregar um pouco mais de clareza nas ideias e so- {io para abreviar a formataga0 ou ideario da tipologia, tomamos em compa- 4 CFB/1988 com a Constituigio da Repiiblica Portuguesa de 1976, 0 que uma vez nos socorremos da objetividade. e que a Constituigo portuguesa de 1933 foi nstituigto de 1911, revolugio de 1910, Consti- 0 de 1836, Constituigdo de 1822. revolugao de 1820. A sua origem na revolu- ‘ysndia da revolug Wilgto de 1838, revol {onsituigo Portuguesa de 1976, atualmente vigente. te ilo de 1974, E relevante que a Constituigao portuguesa de 1976 surgi lo da revolugdo de 25 de abril de 1974, sendo que até ser aprovada para além do trabalho da Assembleia Constituint ugime constitucional provisério, com trés objetivos primordiais: (i) descoloni- 4a (ii) democratizar: (ii) desenvolver 0 Pais’. foi ges- s, com ampla participagao democrat 14 populagao” que gozava de maturidade ccontragolpe conservador de D. Pedro I, que dissolveu autoritariamente a Assem- bleia Constituinte em, 12 de novembro de 1823, outorgando a Constituiga0 em 25 ide margo de 1824”. E considerada uma constituiedo seminrigida. ja que parte de seul texto poderia ser alterado por meio de leis ordinérias". Proclamada a Repiblica em 15 de novembro de 1889, dando azo 30 surgimento de um vasto movimento de ideias que acompanhou toda a crise polf= tica do Segundo Reinado'’, tendo sido em sua exterioridade ¢ ritual um golpe de Estado, por tris do golpe a revolugio jt estava feita”. Em 083 de dezembro de 1889, Marechal Deodoro da Fonseca, chefe do ‘2ovemo provisorio, sendo vice Rui Barbosa, nomeou uma comissdo de cinco mem- GOUVEIA, Jowge Bacelr AS const de Hagen portuguesa, Coimbro ‘Aimed, 2014p, 21 Crea de 87% da popula dina 0 primeio cil de exudes. Disponivel em: Aces. 14 ul 2018, PEDRA, Adkano San’Ana A consituicio viva: Poder Constituinte Permanente € Clasulas Pteas na Demoeraca Pariciatva ed Ro de faneio: Lumen Juris, 2016. p. 8S. © BARCELLOS, Ana Paula de. Curse de dirite constitaconal. Rio de Jairo: Foense, 2018 8 "PEDRA, Adriano Saat’Ana. A constitu viva: Poder Consiuinte Permanente © Clusulas Petes na Democraca Patina. 89 "© RONAVIDES, Paulo. ANDRADE, Annio Paes de. Historia Constiucion Brasilia, OAB, 2004p. 213, es dos lo Bras Se 24 Luiz Carlos Avila Junior bros para apresentarem um projeto, Rui Barbosa foi 0 lider dessa comissao,e voltan- do-se ao consttucionalismo americano apresentou 0 projeto em 15 de setembro de 1890, eleta a Asscmbleia Constituinte em 15 de setembro de 189, instalada em 15 ‘de novembro de 1890", restando aprovada apis trés meses de trabalho, com poucas alleragies no projeto do Poder Executivo'*, a Constituigdo de 1891. Quatro anos aps a revolusio de 1930, foi elaborada e promulgada a igo de 1934, sendo contemporinca de um periodo particularmente con- turbado na historia do Brasil e do mundo” inclusive com 0 crash da Bolsa de Nova York, com ideais da Consttuigio Mexicana de 1917 e Alem de 1919, representou 60 ingresso do constitucionalismo brasileiro na era dos direitos econémicos e soci- ais, implement 6 6 voto diretoe feminino, a protegio ao trabalhador. ‘A Constituisio de 1937 foi outorgada por Getilio Vargas com ideais de Benito Mussolini e Adolf Hitler, marco vo, contando inclusive com a vedagio de apreciagao de questdes politicas [va- gamente definidas} prevendo a possibilidade de superagio pelo le pelo executivo de decisées judiciais. Sob at égide dessa Constituigo ¢ que 0 Brasil pressionado pelos Esta- jos, jé na Fase final da Segunda Grande Guerra Mundial, em compensa- iberagio de empréstimo de vinte bilhOes de délares ingressa na guerra nviando a Forga Expedicionaria aos campos de batalha na Iulia, nota-se grande contradigao pois: “derramar 0 sangue de seus soldados pela restauragiio univer sal dos principios de liberdade e democracia da Carta do Atléntico e, no entan- to, vivia 0 Pais internameme debaixo de um sistema de poder que era a negacao mesma daqueles principios”™ ‘A constiluigio de 1946 contou com uma assembléia constituinte etita por apenas 15% da populagio implementando o mito de que as conquistas, como ‘ legislagdo, eram divas do poder executive e do seu chete. A constituigio de 1967 foi “aprovada” pelo poder constituinte que nite fora escothido democraticamente para esse fim, sem qualquer debate e sob forte press20 militar inclusive com uso de armas ¢ forga, em 1968 sucedeu-se o rom: pimento da ordem constitucional com o famigerado AI-5, em 1969 foi outorgada or ministros militares a emenda mimero 1 que reestabeleceu a constituigao de 1967 sendo controvertido afirmar que foi uma nova consttuigio. igio Vigente no Brasil, de 1988, contou com a eli de novembro de 1986, de uma Assembleia Nacional Constituinte encarregada de © PEDRA, Adriano Sant"Ana A coasting viva: Poder Consituinte Peomanente © Clusulas Pareas ia Democraca Parcipativa. OL ' SILVA. Jose Afonso a Curso de dreito constitucional positive, 20, ed. So Paulo Mathes 10s, 2003. p78 BARCELLOS, Ana Paula de Curso de direito coustituciona. 83, "© PEDRA, Adriano Sant"Ana A constitu viva: Poder Consiuinte Permanente © Clusulss Patreas na Democracia Patcipativa. p99 BONAVIDES, Paulo; ANDRAADE, Antnio Paes de. Historia Consitcional do rasp. 355, Consttuigdo & Direitos 25 10 de congressistas até o final de seus mandados'*"”. Foi antecedida por ‘uma abertura lenta e gradual do regime militar que durou 12 anos. A participa popular é complexa e controvertida, foram propostas 122 Emendas Populares, triadas 24 comissBes ou subcomissbes, que estiveram fortemente sujeitas a pres- silo de grupos de interesse formados por igrejas, partidos politicos e sind Pontue-se que a ideia vigente naquele momento era de que o direito & ssunto para juristas, Miguel Reale defendeu que: Nai & segredo para ninguém que a elaboragéo de um texto constitucional re- presema una tarefa eminentemente técnica, no $6 por evolver 0 cone: Inento de miltiplascominias da experiéneta humana, como por exigit harino- Iioso senso unitério de equilibrio, inseparéve! do valor “arquiteionico' que dristteles considerava a nota essencial da politica”. E de ser considerado, contudo, que a sociedade brasileira & época de 1985/1988 contava com menos de 40% com ensino fundamental, menos de 20% Jo médio concluio, e menos de 10% com ensino superior Some-se que 0 “medo”implantado pelo regime militar € as vozes que yn em restringi tal eluborago™.certamente traduziram em grande parte da poputlagdo minimamente o receio da efetiva participagio, sendo plausivel afiemar ‘que a Constituigdo Cidada de 1988 nao foi fruto de uma revolugdo, e conirover- tido se a populaglo naquela época gozava da maturidade © culty nal” para uma efetiva participagio. apresentando portant cendrio bastante \etso da Constituigdo da Repiblica Portuguesa de 1976, A Constituigio Brasileira tem absoluto cariter de uma concepgao so- cioligica, isto porque: [1] apresenta forma de ser ¢ no deve ser: [2] Construgao de Insttuigbes do Presente através de relagdes econdmicas & po lidade permanente na sociedade e no encapsulada na normativ cia suscetivel a mudangas ou transformagdes. Essa concepedo. sociolégica, & uma grande marca da CFBI88. pois permite que a Consttuigdo passe de conformadora da sociedade para transfor nadora® da sociedade. [BARCELLOS, Ana Paula de: Cursa de direitoconstituional p88 Sto fortes as ertiens quanto 20 constituie Ser o mesmo legiladorondino. A. Assembla Constante confon, aia, com os chara senadores “bioncos” que foram nomads ccm ‘manda de nto anos sem quer elev hea, ou Sea sab o esime malta. RFALE, Miguel Comm devers sera nova Contigo, Res. Bras. Estudos Politicos, Belo Flrizonian 0/6 924. jon ja TRS Disponivel em: , Acesso em 03 ago. 2019 °° Tome-se a exemplo: “ADI 196-1 Ploirio do STE, alge em 24 MAR 1999 dectarow a Inconatinelonalidade de dereto que inpmsera proba d ns de carro de som, apart & ‘hjetos sonoros nan mumifstagex na Praga don Tris Paderes, por ofena i iberda de et idee manifesogta.” “ADPE 187 STE, jlgada em 18 JUN 2011 em que @ Corte com feomento es dives i Berke de reuni ede manifesta. afeton guatgner imerpretacd do Cixtica Peal pi dese inportn ne eriminaizaga0 ta Yeulza0 ck ehamada Marcha da Macon que de fad a legolcao ca refer droga.” CANOTILHO, 11. Gomes. Comentarios 4 Constiaighe {do Brasil So Pao: Soravn Aled 2013p. 254, E ainda: ADPF $48 Plenitio do STF, julgada cm 27 out 2018 prob as buseas¢ apreensdes em Insiuigbes de ensino de material publicitcio de canho eleteral ou ideolosico, Merece transrigo o segue tesho: “Ons ce formas Tica de divulge le ales, export le ‘pines, ideas. ideologies on ocesempenta decisis ce docénca & exerci a Tiberdade furan da imegridade inva dana e hive. no exesso bud idea ou voluntarsmo sem ‘esp fandamentat em fe “Libera de pensamema ni &concessdo do Esto. dire fxkanerl do video gue a ‘ne até mesma contrapor ao Estado. Por ssa nd pode ser tnd oh pede sts ‘amir peto ene estar ge se wae bem on vd.” Dispanivel em “ww tf js be ‘Rcesso em jl 2019, 30 Luiz, Carlos Avila Junior bolicos ou de agdes que possam refletir em enfrentamento com emogdes ¢ senti= rmentos mais del o8 {que na c6lera ha tum tipo especi ‘que se discute nao se conforma no mbito da e6lera, isto por- ama raz especifica, um fato, ji no ddio [discurso de dio] & co de aversio que se dirige a um grupo de pessoas, no espeei “eamente por essas pessoas, muito menos por delas ter sofrido algum dano, mas Simplesmente por fazerem parte daqucle grupo. Dai que quem profere o discurso de Gdio ni se preocupa com as pes- soas em gonereto, mas si com @ grupo que esta forma, de forma nd apresen tar qualquer sentimento direto a pessoa, exceto 0 desprezo, ‘Uma das correntes que toleram o discurso de édio argumenta que 0 debate promovido pela ampla e irrestrta liberdade de expressdo converge para a busca da verdade, sendo que sempre boas ideias venceram, nesse sentido ¢ odle- bre o posicionamento do Juiz norte-americano Oliver Wendell Holmes, no caso “Abraham vs, United States: “o melhor teste para a verdade ¢ 0 poder do pen- samento de se fazer aceito na competigiio do mercado” Esse posicionamento dew origem a0 que a doutrina chama de “merea- diode ideias” apresenta dois problemas erueiais, primeiro o tempo que levar~ , Aceso emt 31 ago, 2019 1 Drapontel en cpr w-conjur com be/2019.der-7tffecha-2019-306-mil-provessos20- Bs text-Confurss20%2D% 20ST 202019". 20com %20menos%2Oque"s 206m Liz Carlos Avila Jun Para se ter uma vomparagao, O Tribunal Constitucional Portugués no mesmo periodo produziu 1711 Decisdes (785 Acérdios e 898 Decisdes Sumirias 28 Decisdes Finais-Despachos) com 13 Ministros. ‘© Supremo Tribunal Federal desempenka tm papel primor VILLALON, Peso Cru La euros del jursta pers, y otros estudio yobre la Comstew- ‘én 2. ed Maid: Centro de Estudios Plticosy Consttutonaes, 2008p. 377 vas de uma construgao mais digna e recebe diretivas das fontes de direito or 3 Compreendida a tipologia da Constituigao da Repiiblica Federativa do ull de 1988, ¢ salutartragarreflexdes quanto as ameagas da ordem constituci- ‘ial, © que nominamos de patologias. i.c.. dos inimigos externas e intimos (ou eros) que ameagam 0 compromisso de assegurar 0 9s humanitiias ¢ civilizatrias cunhadas pela Const A existéncia de patologias revelam por um fngulo que a Constituigao ily Repiblica Federativa do Brasil de 1988 & uma constituigio viva, perspicaz a ‘Wumpri suas promessas mesmo no transcorrer do tempo ¢ as mudangas advindas Mi cambiante realidade que se soma a uma sociedade de riseo. Ha que se reconhecer que quando se compreende que mesmo diante Alo avango dos tempos, das mudangas ocorridas e principalmente das crises. a Consttuigdo subsiste € porque hit sezuranga juridica, permitindo-se dizer que hi ‘tabilidade, endo petrficagdo da ordem constitucional Nao se olvide que a superag20 ou redugao de toda e qualquer patolo- {1n, assim como das realidades que o tempo traz, Sio atacadas atraves da: Aspi- ‘ncional Judicial — isto é, por transformagdes oriundas do Judicidrio. E pela Aspi- ‘ncional Politica ~ que sto as transformagtes oriundas do Legislative (maiorias politcas). Tanto em uma via quanto em outra, ha um elemento determinante que $ acultura constitucional! No inicio do ensaio nos referimos que foram tr8s momentos com im {picto significative a0 constitucionalismo contemporinco: o primeiro & 0 pés- guerra: o segundo momento culmina com as crises econémicas ou com a neces dade do Estado readequar seus gastos; €o terceiro momento é 0 tual das trans- formagdes socias, Em que pese 0 reconhecimento de que varias constituigdes de outros paises tratam do costume dos povos como fonte do direito infraconstitucional, hi ar se esto limitadas as normas infraconstitucionais ou se aplicam-se {também as normas constitucionais. Note-se que 0 Brasil detém cliusula de abertura [CF/1988 “Art. $2.$ 2° Os direitos € garantias expressos nesta Constitnigao ndo exclnem outros dlecorremes do regime e das principios por ela adorados, ow dos tratados inter- nacionais em que a Repiblica Federativa de Brasil seja parte”, O que permite a existéncia de direitos fundamentais atipicos. AAs fontes informais, tem nas suas eategorias © costume que se compa em fontes fiticas espontineas: priticas vinculativas ow ordenadoras, tal qual 0 solt law: principios ¢ regras em desuso, omissdes constitucionais que podem ser upridas pela integragio, legistador. administragao ou tribunais. Nio se descuida que as aquisigdes modific dda sociedade ocorrem paulatinamente [de maneira continua] ¢ embora recebam tum influxo ori modificagdes tem inicio na ordem e vivéncia intema, podendo projetar-se a pos- {criori em plano internacional ndo de ordens externas [internacionais} as transformagbes ou Jue compreender a Constituigio é ter em mente que Constituigio envia a sociedde diret u Luiz.Carlos Avila Junior onstitucional ou de natureza constitucional, ‘ou to somente rnadas na sociedade como o costume que pode ter sido originado ou decorrente de movimentos soci de priticas soca, E preciso distinguir sistema e entomo, possiblitando a observacie [daquelas presses exteriores} em um espécie de auto-organizagéo, de modo ha iar claro que a Consttuigdo alarga ou diminui seus limites a partir dessa relax 0 simbidtica entre o intemo [operative ~ formal/material da, Consttuigao} quanto extemo [cognitive ~ categorizagio das fontes}, tomando-se em conta’ ainda que as idcias ¢ os fundamentos metaéticos da Constituigdo vaio para além ddaquelas pensadas pelo poder constituinte originério, com énfase no carater vivo dda Consttuigao. Por isso a propriedade de transformago contrapde-se, inclusive, @ condigies rigidas e programiticas, quer seja pela vedagdio de se observar 0 futuro como o futuro do passade ou priritariamente pela esséneia democritica dda Consttuigdo, que acreditamos acolher a ideia de que havendo evoluglo social, ainda que em incremento de complexidade, € que resulte em formagao estivel, ou seja, traduzindo-se em costume, hi fundadas razdes [ou minimamente estimu- Jos} para modi 'Nio se olvide que os costumes constitucionais podem ser tpificados ‘em trés grupos: secundum constitutionem, praeter constitutionem e contra consti- tutionem. E nas fungdes que apresentam primordialmente se destaca a funglo interpretativa supletiva e complementar. lo que o costume constitucional pode verter-se através da inter- pretagao dada acerto dispositive constitu 2 interpretagio Constitucional é amplamente relevante na coneretizago, {ena aplicago efetiva da norma ¢ isso exige a conformagdo da norma a realidade social que 0 texto intentar dar coneretizay [Nese caminhar as transformagaes ou moditicagdes da Constituigdo po- dem cmanar de Poderes Insttuidos ou ndo, ji que a interpretagio dada a certo dispositive no pode estar fechada aos Poderes Insituidos, sendo mais wma reali- dade da sociedade aberta © que impe critérios de interpretaydes consttucionai ‘mais amplos, sendo que o nivel de pluralismo tem implicagdo direta nessa abertura. ime constitucional [na interpretagao dada a certo dispositive constitucional] ou ainda sob o viés do influxo, pode ser cfetivado através de Participantes nao necessariamente dos Poderes Instituides.tais como: [1] Douti= na; [2] Audineias Piblicas; [3] Consultas Publicas; [4] Outros participantes do processo como 0 Amicus Curiae; [5] Movimentos sociais. [No se pode esquecer que 0s movimentos socias, sio alertas, ou visto de outro singulo, sonhos e frustragdes. Sonhos esses, que sempre estiveram nos objetivos da sociedade, como cidades mais humanas, redugao da violéncia, de- senvvolvimento sustentavel, redugao da desigualdade econémica, social ¢ cultural, 6 respeito as diferengas. Frustragdes com a atual politica, com a aplicaga dos recursos piblicos, com as dificuldades de acesso as instituigdes. Que podem Con: 35 ltr-se em costume que envolve a Constituigio ou no costume dos poderes Wiuidos promoverem alteragdes na Constituigho por pressio soci Contudo 0s movimentos sociais tem limites, eis que sendo a Consti- “Wigho o vertedouro de limites quer 0 sejam ao Estado ou aos cidadios, também JWicontra justa medida em limitar quaisquer movimentos sociais. Em termos de realidade so muitos os movimentos sociais que apre- entaram implicagdes nos ordenamentos constitu historicamente os mo- Vinentos contra a escravatura tiveram grande impacto no ordenamento constitu- ional, também os movimentos feministas [nesse merece mencionar 0 de 1975 forrido na Iskindia) que culminaram inclusive com cliusulas expressas de Iyualdade entre homens e mulheres ¢ o proprio diteito a voto, movimentos como irénero inclusive de casamento homoafetivo resultaram em alteragBes con: IWeionais [no caso do Brasil informal, ou seja, via mutagio} ‘Na atualidade Iii uma onda de movimenios a exemple: vcupagdes da raga Sintagma nia Grécia [2008}, indignads na Isindia [2008-2011], movimento Nerdle no Ii (2009). revolugio da dignidade na Tunisia {2010}, movimentos contra 4 crises democraticas e econémicas em Portugal e Fspanha [2011], movimentos dds estudantes no Chile, Colimbia e Quebec [2011], movimentos estudantes no México {2012}, Y’en a marre em Senegal [2012]. Parque Gezi em Istambul [2013} Jusse livre no Brasil [2013], movimentos Sul-Coreanos [2016], Fiidpia [2018} ‘oletes amarelos na Franga [2018], Nicardeua [2018], Poldnia [2018 Em verdade, dese ao menos 2011 até a presente data no se passa um ' Sem profestos ou movimentos sociais em algum pais, em 2019 vivenciam-se mmovimentos no Chile, Brasil, Colombia, Equador, Coreia do Sul, Polonia, Hi tia, Nicaragua, Argentina. Espanha, Portugal, Itilia, Reino Unido. Em comum nesses movimentos conseguimos identificar que a demo- cracia é o maior de todos os temas dos movimentos que denunciam democracias ‘parentes, onde a soberania popular tem pouco impacto nas principais decisdes Nao se trata mais do que os movimentos apregoam, de proporcionar cleigdes para que se passa considerar democritico, mas sim de buscar outras formas complementares, dito de outra forma, © que observa-se & uma democracia além do Parlamento, para uma participagio efetiva nos ramos da sociedade, 0 qe inclu a vigitincia dos atores das instituigbes que a compd jam orientados ao bem-estar. paz ¢ justiga Em miltiplos casos ox movimentos nfo se enfocam unicamente nos protestos, mas sim, em movimentos sociais que questionam desde a cultura do- minante o sistema econdmico, sistema de justga e a administragdo pablica quan- to propde valores e visdes de mundo alternativ i compartilham da visio de uma mudanga social i popular nos debates piblicos Hii ainda uma peculiaridade nesses movimentos, que nio se volta sua maioria com pretenstio de tomada de poder e expressam-se muito n cotidiano local fexperigncia vivida e/ou experimentagiio] do que em utopias slobais, ou seja, propsem mudangas Tocais, que sob o vigs de wna nova modali- Liz Carlos Avila Junior dade de participagdo politica propdem uma transformagdo ou mudanga como um processo, sem contudo haver uma ruptura. Anota-se, por cautela, que a toda evidéncia nos movimentos sociais ou ida, dito de outra forma, as comunicagdes ou diretivas sociais necessitam ser filtradas de acordo com sua propria recursividade, sob pena de corrupy30 da gd. Em apertada sintese, a hipOtese que consideramos € que conhecendo a tipologia da Constituigio da Repiblica Federativa de Brasil de 1988 ¢ refletindo ‘quanto a patologias, verfica-se a presenga de transformagdes da constituigaio (For mais ou informais). sendo que os movimentos socials, as transformagdes sociais ‘a participagio da sociedadle podem ter reflexos na criago de costumes consttucio- nais e na delineago por costume na interpretago a certo dispositive constitucional ‘que juridicamente adequado e respeitando a metaética constitucional é meio legi- {imo de transformago da constituigdo ¢ superagao das patologias. s REFERENCIAS ASH, Teethy Garon. Liberdsde de expressio: Dez pncipios para um minoiefigada. 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