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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL

1. Considerações iniciais

Princípios são valores que direcionam o ordenamento jurídico como um


todo. Eles são o alicerce de determinado sistema. Servem tanto à
elaboração de uma lei quando à sua interpretação.

Grave:

- são ferramentas de interpretação da lei;


- exercem papel de destaque na elaboração das normas (conquistas
políticas, históricas e sociais);
- muitos têm previsão constitucional.

Papel dos princípios: auxiliar na compreensão e interpretação do


significado político, histórico e social do sistema jurídico

2. Princípios basilares do Direito Penal

2.1 PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL OU DA LEGALIDADE

- núcleo de qualquer sistema penal que tenha como fim a


racionalidade e a justiça - segurança jurídica
- previsão legal: CP, art. 1°, e CF, art. 5°, inciso XXXIX

Desdobramentos do princípio da legalidade:

a) princípio da anterioridade da lei penal: não há crime nem pena


sem lei prévia (CP, art. 2°)
b) crimes e penas devem estar previstos em lei - formalizados por
escrito - costume por si só não pode ensejar punição (pois não cria
crimes)
c) princípio da taxatividade: crime deve ser definido de forma clara
e precisa - a norma penal deve ser estrita e certa (a incriminação
não pode ser genérica, vaga, imprecisa ou indeterminada - sob pena de
afronta ao princípio da reserva legal) - ex.: é crime dar prejuízo ao
Estado

Princípio da reserva legal

- fundamento político: garantia constitucional de proteção dos


cidadãos contra os abusos e arbítrios da máquina penal

2.2 Princípio da intervenção mínima:

Direito Penal reservado a casos de grave ofensa ou ataque aos bens


jurídicos mais relevantes - deve ser a última medida adotada pelo
Estado para coibir a prática de atos delituosos e proteger os bens jurídicos
(ultima ratio) - apenas na impossibilidade de os demais ramos do
Direito protegerem o bem é que o Direito Penal deverá ser acionado.

Perturbações leves da ordem jurídica devem ser objeto de outros ramos


do direito - pois a pena é o meio mais extremo de intervenção na
liberdade do indivíduo.

Decorre da intervenção mínima

- subsidiariedade;
- fragmentariedade.
2.3 Princípio da lesividade ou ofensividade

Só poderá ser objeto de punição o comportamento que no mínimo coloque


em perigo bem jurídico relevante tutelado. Condutas internas ou
individuais, embora sejam pecaminosas, imorais, escandalosas ou
diferentes do senso comum, estão destituídas de lesividade e, portanto,
não estão aptas a legitimar a intervenção penal.

2.4 Princípio da humanidade

finalidade: racionalidade e proporcionalidade da pena aplicada

observado: na fase de cominação e aplicação da pena quanto na fase


de execução

Diz a CF (art. 5°, XLVII) que não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84,


inciso XIX
b) de caráter perpétuo
c) de trabalhos forçados
d) de banimento
e) cruéis

Princípio da humanidade: assegura aos presos o respeito à dignidade e


a integridade física e moral - pena seja cumprida em
estabelecimentos compatíveis com a natureza e gravidade do delito, idade,
sexo e antecedentes

Ex.: presidiárias têm direito de permanecer com seus filhos durante o


período de amamentação (CF, art. 5°, XLVIII, XLIX e L).
2.5 Princípio da Culpabilidade

Impõe uma análise subjetiva da responsabilidade penal - o resultado


criminoso advém de dolo ou culpa

É vedada à responsabilidade penal objetiva.

Exceção: rixa qualificada pela lesão grave ou morte

2.6 Princípio da intranscendência

A pena não pode passar da pessoa do acusado.

A responsabilidade penal é sempre pessoal (CF, art. 5°, XLV).

2.7 Princípio da individualização da pena

É a individualização judicial; a obrigatoriedade de que a pena aplicada


considere a pessoa individualmente e concretamente; leva em
consideração o comportamento, as experiências sociais e as
oportunidades do acusado ou condenado, quando em fase de
cumprimento da pena; a imposição da pena deve levar em consideração
critérios subjetivos (indivíduos praticam crimes imbuídos de sentimentos,
condições e características diversas, que devem ser ponderadas na
dosimetria da pena).

Obs.: ver art. 59 do CP.

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