“Beta”, criada há mais de 10 anos sob a natureza de associação, liderou uma extensa campanha nacional buscando modificar a Constituição da República para nela incluir direitos sociais de cunho prestacional destinados a uma minoria étnica historicamente marginalizada no Brasil. Beta tem como associados exatamente integrantes desse grupo étnico minoritário e tem como missão assegurar os direitos fundamentais de 1ª e 2ª geração de seus membros, que, embora formalmente iguais, necessitavam de atenção especial dos poderes constituídos para alcançar efetivamente um nível de igualdade material. A omissão desses direitos compromete a própria subsistência dessas pessoas, colocando em risco sua existência ao não terem o mínimo para viverem de forma degradante. Em virtude do esforço e engajamento das lideranças partidárias, foi promulgada a Emenda Constitucional nº XYZ. Apesar das tentativas para que os direitos sociais fossem incluídos em normas de eficácia plena e aplicabilidade imediata, prevaleceu o entendimento, no âmbito do Poder Legislativo federal, de que deveriam ser previstos em normas programáticas, o que causou grande descontentamento para a organização Beta. Após 7 anos da promulgação da reforma constitucional, ainda não havia sido editada a lei ordinária que integraria seu conteúdo, detalhando cada um dos direitos a serem desfrutados. Devido a essa omissão, os associados da Beta não estão desfrutando dos direitos sociais, gerando grande insatisfação entre eles. Por outro lado, alguns membros da mesma minoria étnica desfrutam desses direitos, pois o Tribunal competente reconheceu a omissão do Poder Legislativo federal em várias ações constitucionais individuais, anteriormente ajuizadas com o objetivo de garantir seu gozo. Como o prazo estabelecido nos processos individuais para a regulamentação dos direitos sociais não foi cumprido, o próprio Tribunal delineou os contornos gerais dos direitos e impôs sua observância. Diante desse cenário, a organização não governamental Beta contratou os seus serviços de advogado(a) para ajuizar a ação cabível em benefício de seus associados. Assim, mesmo diante da omissão do Poder Legislativo federal em regulamentar a matéria, eles poderão desfrutar dos direitos sociais de natureza prestacional previstos em norma programática da Emenda Constitucional nº XYZ. Art. 5º, LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
Lei aplicável: Lei nº 13.300/2016, “Disciplina o processo e
o julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo e dá outras providências” Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido: [...] III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial; [...] Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria. Art. 3º São legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas referidos no art. 2º e, como impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora.
Neste caso, o Congresso Nacional (Art. 48, caput, da CR/88) e o
Presidente da República (Art. 66 da CR/88)
Art. 4º A petição inicial deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei
processual e indicará, além do órgão impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que está vinculado. CPC: Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. Mas pedir o que?
Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:
I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora; II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado. Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma. Competência: Art. 102, I, q, da Constituição
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: [...] q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; Fundamentos:
a) os direitos sociais assegurados pela
Emenda Constitucional são necessários para a concretização do princípio da igualdade
a) a ausência de oferta desses direitos
coloca em risco a vida (Art. 5º, caput, da CR) e a dignidade da pessoa humana (Art. 1º, inciso III, da CR) Lembretes: