Você está na página 1de 8

Aviso legal: Este é um modelo inicial que deve ser adaptado ao caso concreto por profissional habilitado.

Verifique sempre a vigência das leis


indicadas, a jurisprudência local e os riscos de improcedência. Limitações de uso: Você NÃO PODE revender, divulgar, distribuir ou publicar o
conteúdo abaixo, mesmo que gratuitamente, exceto para fins diretamente ligados ao processo do seu cliente final. Ao utilizar este documento
você concorda com os nossos Termos de uso.
REMOVA ESTE AVISO ANTES DO USO | Copyright ModeloInicial.com.br

EXCELENTÍSSIMO SENHOR CONSELHEIRO DA ________ CÂMARA DO


TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE ________

Ref. Processo ________

________ , ________ , ________ , inscrito no CPF sob nº


________ , RG nº ________ , ________ , residente e domiciliado
na ________ , ________ , ________ , na Cidade de ________ ,
________ , ________ , vem à presença de Vossa Excelência, por
meio do seu Advogado, infra assinado, ajuizar

DEFESA

em face do processo de Tomada de Contas Especial instaurado, e,


ao final requerer o que segue.

Breve Relato dos Fatos

Trata-se de processo de tomada de contas instaurado para apurar ________ , que deve ser
conduzido com os fatos que passa a dispor.

#4085407 Tue Apr 16 23:14:27 2024


DA REGULAR ACUMULAÇÃO DE CARGOS

A acumulação de cargos é medida excepcional perfeitamente amparada na


Constituição Federal, não existindo guarida legal o intuito de imposição de penalidade ao
administrado que exerce perfeitamente as atividades que lhe foram incumbidas.

Trata-se de previsão clara da redação constitucional:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,


exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
qualquer caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
saúde, com profissões regulamentadas;

Assim, considerando que o servidor enquadra-se no permissivo


constitucional da alínea ________ , tem-se por plenamente legal a acumulação.

No caso em cotejo, a incompatibilidade de horário trata-se de mera


formalidade, uma vez que os serviços foram efetivamente prestados, conforme relatórios e
________ que junta em anexo, não configurando qualquer dano ao erário público.

O serviço era efetivamente prestado ________

A vedação legal só existe para fins de evitar a remuneração ao servidor sem


que as atividades fossem executadas, conforme destaca a doutrina sobre o tema:

#4085407 Tue Apr 16 23:14:27 2024


"fundamento da proibição é impedir que o acúmulo de funções
públicas faça com que o servidor não execute qualquer delas com
a necessária eficiência. Além disso, porém, pode-se observar que o
Constituinte quis também impedir a acumulação de ganhos em
detrimento da boa execução das tarefas públicas."(CARVALHO
FILHO, José dos Santos in 'Manual de Direito Administrativo', 28ª
Edição, Editora Atlas, São Paulo, 2015, p. 689/690 destaques no
original)."

Portanto, não evidenciado qualquer lesão ao patrimônio, bem como,


demonstrado o pleno exercício das atividades, tem-se pelo necessário arquivamento do
presente processo, conforme precedentes sobre o tema:

MANDADO DE SEGURANÇA - SERVIDOR PÚBLICO.


ACUMULAÇÃO DE CARGOS. Professor da rede estadual e
municipal - Possibilidade - Art. 37, inc. XVI, a, da Constituição
Federal, art. 115, inc. XVIII da Constituição Estadual e art. 2º, inc.
I, do Decreto Estadual 41.915/97. Inexistente a incompatibilidade
de horários. Jornada de trabalho que não extrapola o limite de 64
horas semanais, previsto no artigo 12, § 2º da Lei Complementar nº
836/97. Irrelevante, no caso concreto, que o descanso semanal não
coincida nos cargos acumuláveis. Segurança concedida. Decisão
mantida. RECURSOS DESPROVIDOS. (TJ-SP
10375450620158260053 SP 1037545-06.2015.8.26.0053, Relator:
Souza Nery, Data de Julgamento: 28/08/2017, 12ª Câmara de
Direito Público, Data de Publicação: 28/08/2017, #685407) #4085407

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL.


ACUMULAÇÃO LEGÍTIMA DE CARGOS PÚBLICOS.
PROVENTOS. É possível a cumulação de proventos oriundos de
cargo de professor em regime de dedicação exclusiva com a
remuneração de novo cargo docente, porquanto exercidos em

#4085407 Tue Apr 16 23:14:27 2024


períodos distintos, restando observado o requisito da
compatibilidade de horários. (TRF-4 - REMESSA NECESSÁRIA
CÍVEL: 50491189520164047000 PR 5049118-95.2016.404.7000,
Relator: VIVIAN JOSETE PANTALEÃO CAMINHA, Data de
Julgamento: 10/05/2017, QUARTA TURMA, #985407)

ADMNISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. ACUMULAÇÃO


LÍCITA. CARGO PÚBLICO. PROFESSOR APOSENTADO.
DEDICAÇÃO EXCLUSIVA. MAGISTÉRIO. CARGO NOVO. A
PELAÇÃO DESPROVIDA. 1. Apelação cível interposta pela
UFES contra sentença que julgou procedente o pedido para
reconhecer a nulidade do ato administrativo que impediu a
contratação do apelado, Edson Pereira Cardoso, para a função de
Professor Substituto e, ainda, determinou que a referida
universidade, ora apelante, promova a contratação do mesmo,
abstendo-se de alegar a i mpossibilidade de acumulação de cargos.
2. Na hipótese, o apelado é professor aposentado e, após aprovação
para novo cargo de professor junto à apelante, UFES, foi
impossibilitado de tomar posse, tendo em vista o regime de
dedicação exclusiva exercido no cargo em que se aposentou, o que
geraria incompatibilidade p ara o exercício do novo cargo, segundo
a recorrente. 3. De acordo com o artigo 37, XVI, a, da nossa atual
Carta Magna, há a possibilidade de cumulação de dois cargos de
professor, desde que haja compatibilidade de horários, observada a
remuneração prevista no inciso XI da Carta Magna. A propósito, o
Superior Tribunal de Justiça já firmou entendimento no sentido de
ser permitida a cumulação de cargo de professor em regime de
dedicação exclusiva com proventos de aposentadoria de outro cargo
de p rofessor. Precedente: AgRg no Ag 1118050/RS. 4. Apelação
desprovida. ACÓR DÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em
que são partes as acima indicadas: Decidem os membros da 5ª
Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região,

#4085407 Tue Apr 16 23:14:27 2024


por u nanimidade, negar provimento ao recurso, na forma do voto
do Relator. (TRF-2 - AC: 01299178720154025001 ES 0129917-
87.2015.4.02.5001, Relator: ALCIDES MARTINS, Data de
Julgamento: 18/08/2017, 5ª TURMA ESPECIALIZADA, #285407)

Razões pelas quais, demonstrada a legalidade do ato do administrado é de


ser reconhecida a improcedência da denúncia e necessário arquivamento do processo.

DA DESPROPORCIONALIDADE

Ao tratarmos de processo sancionador no âmbito da Administração Pública,


não podemos deixar de lado o que dispõe a Lei n° 9.784/1999:

Art. 2° A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos


princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.

(...)
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados,
entre outros, os critérios de: (...)

VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de


obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público.

Ou seja, qualquer penalidade a ser aplicada requer uma proporcionalidade


adequada ao presente caso, com destaque:

a) Nenhum dano ou risco ao interesse público ficou evidenciado;

b) Não ficou evidenciado qualquer benefício ou lucro que


exorbitasse à legítima expectativa de sua atuação;

#4085407 Tue Apr 16 23:14:27 2024


c) O histórico do autor é irretocável, sem nenhum apontamento ao
longo de ________ .

Ademais, não há qualquer evidência de má fé do autor , exigindo por


parte da Administração Pública uma avaliação razoável conforme doutrina de Maria
Silvia Zanella Di Pietro:

"Mesmo quando o ilegal seja praticado, é preciso verificar se houve


culpa ou dolo, se houve um mínimo de má fé que revele realmente
a presença de um comportamento desonesto." (in Direito
Administrativo, 12ª ed., p.675)

Desta forma, mesmo que se demonstrasse comprovada alguma


irregularidade, é crucial que seja observada a inexistência de má fé para fins de adequação
da penalidade a ser imposta em observância aos princípios da proporcionalidade e
razoabilidade.

Nesse sentido, para Joel de Menezes Niebuhr, a sanção deve estar


intimamente atrelada às circunstancias do ato, em observância ao principio da
proporcionalidade:

"O princípio da proporcionalidade aplica-se sobre todo o Direito


Administrativo e, com bastante ênfase, em relação às sanções
administrativas. [...]. Ao fixar a penalidade, a Administração deve
analisar os antecedentes, os prejuízos causados, a boa ou má-fé, os
meios utilizados, etc. Se a pessoa sujeita à penalidade sempre se
comportou adequadamente, nunca cometeu qualquer falta, a
penalidade já não deve ser a mais grave. A penalidade mais grave,
nesse caso, é sintoma de violação ao princípio da
proporcionalidade." (Licitação Pública e Contrato Administrativo.
Ed. Fórum: 2011, p. 992);

#4085407 Tue Apr 16 23:14:27 2024


Em sintonia com este entendimento, Eduardo Arruda Alvim esboça a
relevância da conjuntura entre razoabilidade e proporcionalidade dos atos administrativos,
em especial nos que refletem em penalidades:

"Na fixação da pena (que se dará mediante processo


administrativo, para o qual a Constituição Federal assegura o
contraditório e a ampla defesa, sob pena de nulidade do processo
respectivo - art.5º, LV) de multa, assim, tomar-se ao por base três
verdadeiros conceitos vagos (gravidade da infração, vantagem
auferida, e condição econômica do fornecedor), que se inter-
relacionam, e devem ser preenchidos diante do caso concreto, pela
autoridade competente, que poderá ser federal, estadual, do
Distrito Federal, ou municipal, conforme a infração específica e
seu âmbito (parágrafo primeiro do art. 55 deste Código)." (in
Código do Consumidor Comentado, 2ª ed., Biblioteca de Direito do
Consumidor, Editora RT, p. 274:)

Portanto, demonstrada a boa-fé do autor , a ausência de dano, a atuação


imediata para solucionar a irregularidade, bem como, o seu histórico favorável, não há que
se cogitar uma penalidade tão gravosa, devendo existir a ponderação dos princípios
aplicáveis ao processo administrativo, conforme precedentes sobre o tema:

MULTA GRADUADA EM CONFORMIDADE COM OS


PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E
RAZOABILIDADE. REDUÇÃO. CABIMENTO. "No caso sub
judice, a multa não respeita os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade assegurados constitucionalmente, na medida
em que não considera a gravidade da infração, tampouco a
vantagem auferida pelo fornecedor faltoso. Na verdade, a multa
se ajusta tão-somente à condição econômica do fornecedor.
Portanto, merece redução para o patamar de R$ 7.000,00, em
atenção às peculiaridades do caso concreto." (trecho da ementa do

#4085407 Tue Apr 16 23:14:27 2024


Acórdão da Apelação Cível Nº 70074061672). RECURSO
ACLARATÓRIO CONHECIDO E ACOLHIDO COM EFEITO
INFRINGENTE. APELO... PROVIDO EM PARTE. (Embargos de
Declaração Nº 70075058479, Vigésima Segunda Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Miguel Ângelo da Silva,
Julgado em 23/11/2017).

Razões pelas quais requer a graduação razoável da pena, para fins de que
sejam observados os princípios da proporcionalidade e boa fé.

DOS PEDIDOS

ISTO POSTO, requer o recebimento desta defesa para fins de que seja
arquivado o presente processo por manifesta regularidade das contas do Requerido.

Nestes termos, pede deferimento.

________ , ________ .

________

#4085407 Tue Apr 16 23:14:27 2024

Você também pode gostar