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AO JUÍZO DA xxª VARA CÍVEL DA COMARCA DE MACAÉ, ESTADO DO RIO DE

JANEIRO.

GERSON, brasileiro, solteiro, médico, portador da Carteira de Identidade nº (xxx),


inscrito no CPF sob o nº (xxx), residente e domiciliado na Rua (xxx), nº (xxx), Bairro
(xxx), Cidade de Vitória/ES, Cep. (xxx), por seu procurador infra-assinado, mandato
anexo (doc. 1), com escritório profissional situado na Rua nº (xxx), Bairro (xxx),
Cidade (xxx), Cep. (xxx), no Estado de (xxx), onde recebe intimações, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência propor a seguinte

AÇÃO PAULIANA

Nos termos dos Arts.158 c/c 161 do Código Civil, em face de BERNARDO,
brasileiro, viúvo, portador da Carteira de Identidade nº (xxx), inscrito no CPF sob o
nº (xxx), residente e domiciliado na Rua (xxx), nº (xxx), Bairro (xxx), Cidade de
Salvador/BA, Cep. (xxx), e JANAINA, residente em Macaé/RJ, menor impúbere,
neste ato representado pela sua genitora, pelos fatos e fundamentos que passa a
expor:

I - DOS FATOS

1. Preliminarmente, necessário se faz elucidar, que o GERSON é credor do


BERNARDO, da importância de R$ R$80.000,00 (oitenta mil reais), estando a dívida
vencida desde 10/10/2016, conforme se verifica mediante documentação anexa
(docs. x e x), acompanhada de memorial descritivo de débito (docs. x/x).

2. Entretanto, após o vencimento da dívida no dia (xxx) do mês (xxx) do ano (xxx),
data estabelecida como definitiva para o pagamento da dívida, BERNARDO
manteve-se inerte, fez uma doação, de seus dois imóveis, um localizado na cidade
Aracruz e outro localizado em Linhares, ambos localizados no Espírito Santo, no
valor de R$300.000,00 (trezentos mil reais), dias após o vencimento da dívida, o
que revela a má-fé dos Requeridos para com o credor.
Ocorre que as dívidas de BERNARDO ultrapassam a quantia de R$400.000,00
(quatrocentos mil reais).

3. Outro aspecto relevante refere-se à data (xxx) em que foi lavrada a escritura de
doação dos imóveis, situados na cidade de Aracruz/ES e outro na cidade de
Linhares/ES, à Rua (xxx), nº (xxx), Bairro (xxx), Cep. (xxx), com cláusula de usufruto
vitalício em seu favor, do próprio BERNARDO, além da cláusula de
incomunicabilidade, conforme Certidão de Ônus Reais, nos termos da cópia da
certidão do Cartório do (xxx) Ofício de Registro de Imóveis anexo (doc. x), em favor
de sua filha JANAÍNA, menor impúbere, residente em Macaé/RJ, com sua genitora.
4. Desse modo, resta de sobejo comprovado, a caracterização de uma manobra
fraudulenta, com a existência de todos os seus elementos constitutivos, quais
sejam, Consilium Fraudis, Eventus damni, Scienta Fraudis, por parte dos
Requeridos contra quaisquer tentativas de recebimento do referido crédito.

5. Destarte, não se poderia olvidar o entendimento doutrinário segundo o qual


configura-se a fraude pauliana quando o devedor, consciente do possível prejuízo
que acarretará à seus credores, aliena ou onera determinado bem, frise-se, único
capaz de garantir a satisfação de suas obrigações.

II - FUNDAMENTOS

Consoante ao descrito no código civil os negócios jurídicos devem respeitar ao


princípio da boa-fé objetiva e essa pode ser encontrada de forma explícita nos
artigos 113 e 422.

Temos jurisprudências sobre esse assunto:

TJ-RS – Apelação Cívil AC 70057142119 RS (TJ-RS)


Data da publicação: 02/03/2016
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL, AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO.
DOAÇÃO DE ASCENDENTE PARA DESCENDENTE. FRAUDE CONTRA
CREDORES. CARACTERIZADA. Demonstrada a pré-existência da dívida quando
da doação realizada ao filho dos doadores em prejuízo ao credor e de forma a
conduzir aminsolvência dos devedores. Fraude contra credoresm configurada.
Inteligência do art. 158 do CCB. Sentença confirmada. NEGARAM
PROVIMENTO AO RECURSO. UNANIME. (Apelação Civil Nº 700571421119,
Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Nelson José
Gonzaga, Julgado em 25/02/2016).

III - DOS DIREITOS

1. Resta evidente, que os fatos narrados anteriormente estão em perfeita


consonância com as previsões legais que regem o instituto da ação pauliana em
questão, criado para o resguardo de direitos como os do REQUERENTE, posto que
o Código Civil em seu artigo 158, caput, reza, in verbis:

Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os


praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o
ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus
direitos.

2. Ora, ao que se vislumbra, quando o REQUERIDO 1 procedeu à transferência de


seu imóvel ao REQUERIDO 2, já era patente o estado de insolvência que lhe
adviria, e em lógica decorrência, a lesão aos direitos do REQUERENTE, na
condição de credor. Neste ínterim, cumpre salientar, que os bens transferidos eram
os únicos capazes de garantir o cumprimento, pelo REQUERIDO 1, das obrigações
assumidas perante o REQUERENTE, eis que até o momento, não saldou suas
dívidas, e outrossim, encontra-se sem condições de fazê-lo, senão por meio da
venda dos referidos bens.

4. Ademais, sendo de má-fé (art 104, I, II, cc) do réu em esvaziar o patrimônio para
tentar defraudar, para o não pagamento da dívida com o autor, (art 159 CC), pauta-
se aqui, em outro preceito normativo, que reforça a defesa dos direitos lesados
perante o co-autor da ação fraudulenta. Trata-se do artigo 161 do Código Civil que
dispõe:

“Art. 161. A ação, nos casos dos artigos 158 e 159, poderá ser intentada contra o
devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada
fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.”

5. Desta feita, é imperioso concluir-se pela má-fé dos REQUERIDOS, bem como
pela artimanha e ação fraudulenta engendradas pelos mesmos, no intuito de se
esquivar do cumprimento de suas obrigações, tornando-se de extrema pertinência a
presente ação, proposta no intuito de se fazer prosperar os direitos do
REQUERENTE.

6. Sendo assim peço a anulação do negócio jurídico (doação), art 171, I, II CC, pela
violação do vício da boa-fé objetiva (art 113, cc), visando de má-fé enganar a parte
autora (art 161, cc).

IV - DOS PEDIDOS

Diante de todos os fatos e fundamentos anteriormente dispostos, REQUER:

I – Seja julgado procedente o pedido para o fim específico de se declarar nula e de


nenhum efeito a doação efetuada pelo REQUERIDO 1 ao REQUERIDO 2, relativa
aos imóveis objeto da escritura supra indicada, consoante disposição do art. 158 do
Código Civil.

II – Sejam os REQUERIDOS condenados ao pagamento de despesas, custas


processuais e honorários advocatícios.
Pretende provar o alegado mediante prova documental, testemunhal, depoimento
pessoal dos REQUERIDOS, e demais meios de prova em Direito admitidos,
consoante o disposto no art. 332 do Código de Processo Civil.

V - PROVAS

Todos os meios de provas no direito admitido segundo o art. 369 CPC.

VI - VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$300.000,00 (trezentos mil reais).

Termos que,
Pede deferimento.

Macaé, RJ, xx/xx/xx

XXXXXXXX XXX XXX


OAB/xxxxx

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