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DIREITO CONSTITUCIONAL

Controle de Constitucionalidade
Aragonê Fernandes

O mestre José Afonso da Silva, inclusive, destaca que a norma infraconstitucional editada
no período de vacatio constitucionis deve ter sua constitucionalidade aferida de acordo com a
Constituição que vigorava à época (a quase-morta).5
Tem mais: se a lei editada no período de vacatio constitucionis for incompatível com a
nova Constituição, ela será revogada, por ausência de recepção.

5. Espécies de Inconstitucionalidade
Indo direto ao ponto, fala-se em inconstitucionalidade por ação e por omissão. Na primeira
(por ação), a norma existe e é inconstitucional, enquanto na segunda é exatamente na falta da
norma que reside a inconstitucionalidade.

5.1. Inconstitucionalidade por Omissão


A inconstitucionalidade por omissão decorre da inércia legislativa na regulamentação de
normas constitucionais de eficácia limitada.
Para corrigir esse vácuo normativo, são utilizadas duas ferramentas: a primeira é o man-
dado de injunção, remédio constitucional. Nesse caso, o controle de constitucionalidade é
difuso, podendo o julgamento caber ao STF, ao STJ ou mesmo à primeira instância. A deter-
minação da competência levará em consideração qual é a autoridade responsável pela elabo-
ração da norma, mas que se quedou inerte.
A outra ferramenta é a ADI por omissão. No âmbito federal, assim como acontece com a
ADI, a ADC, a ADPF e a ADI interventiva, ela só pode ser julgada pelo STF e tem nove legitima-
dos, previstos no artigo 103 da Constituição.

5 SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das normas constitucionais. 3ª ed. São Paulo: Malheiros, 1998, pág. 54.

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Veja algumas diferenças entre as duas ferramentas:

Diferenças entre Mandado de Injunção e Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão


Mandado de Injunção ADI por Omissão
Controle difuso de constitucionalidade. Controle concentrado de constitucionalidade.
A competência para julgamento dependerá da autoridade Para omissões na CF, a competência para jul-
que está sendo omissa. gamento será sempre do STF.

MI individual pode ser impetrado por qualquer pessoa, natu-


ral ou jurídica. Só pode ser ajuizada por entes previstos no
art. 103, incisos I a IX, da CF (mesmos da ADI).
MI coletivo pode ser impetrado pelos mesmos legitimados
do MS coletivo + Ministério Público e Defensoria Pública.

5.2. Inconstitucionalidade por Ação

A inconstitucionalidade por ação será verificada sempre que a norma for elaborada em
desrespeito à Constituição. O vício (defeito) pode ser de natureza formal (nomodinâmico) ou
material (nomoestático).
Vou detalhar cada um deles a seguir.

5.2.1. Vício Formal

Também chamado de vício no procedimento ou vício nomodinâmico, ele pode ser de três
ordens: inconstitucionalidade formal orgânica, formal propriamente dita e por violação a pres-
supostos objetivos do ato.
Vejamos cada uma delas:

5.2.1.1. Inconstitucionalidade Formal Orgânica

É a que decorre da inobservância da competência legislativa para a elaboração do ato.


Lá na repartição de competências, você aprende que há uma delimitação da esfera de
competência de cada um dos entes federados.
Assim, caso o Estado invada a competência da União para legislar sobre determinado
tema, teremos a inconstitucionalidade formal orgânica, na medida em que o órgão responsá-

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vel pela elaboração da norma (Assembleia Legislativa) não era o constitucionalmente previs-
to (Congresso Nacional).
Aliás, é importante lembrar que teremos a inconstitucionalidade mesmo que o conteúdo
da norma seja excelente.
Está aí uma excelente casca de banana para os candidatos. As bancas colocam normas
com conteúdo bom para a população e logo em seguida perguntam se a norma é constitucio-
nal. O(A) candidato(a), muitas vezes, olha só para o conteúdo, “ficando cego(a)” para o aspecto
formal. Em outras palavras, ele(a) acaba se esquecendo de olhar para o órgão responsável
pela elaboração da norma.

Quer um exemplo? Legislar sobre trânsito e transporte é competência da União. Então, leis
estaduais, distritais ou municipais sobre esse tema serão inconstitucionais, mesmo quando
tragam conteúdo como a determinação de instalação de cinto de segurança em veículos de
transporte coletivo (STF, ADI 874).
Mais um exemplo: nossa sociedade vem sendo bombardeada com notícias sobre crimes pra-
ticados por bandidos de dentro dos presídios, muitas vezes usando aparelhos de telefone
celular. Em razão disso, alguns estados acabaram editando leis determinando a instalação de
bloqueadores de sinal junto aos estabelecimentos prisionais.
Seria ótimo, desde que as Assembleias Legislativas pudessem tratar sobre “água, energia, informáti-
ca, telecomunicações e radiodifusão”, competência privativa da União (artigo 22, IV, da Constituição).
Resultado: o STF declarou a inconstitucionalidade de tais normas, por invasão de competên-
cia da União, ressaltando que lei nesse sentido tinha de ser editada pelo Congresso Nacional
(STF, ADI 5.356).

5.2.1.2. Inconstitucionalidade Formal Propriamente Dita

Na inconstitucionalidade formal propriamente dita, o vício decorre do processo legislativo,


podendo ser objetivo ou subjetivo.
a) Vício formal subjetivo: a palavra “subjetivo” já remete a sujeito, certo? Pois é, lembre-se
disso para memorizar que o vício está na fase de iniciativa. Nesse caso, quem propõe o pro-
jeto de lei não é a pessoa certa.

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Aqui, mais do que nunca, vale a máxima do “ema, ema, ema, cada um tem seu problema”.
Como assim? Ora, quem entende das necessidades do Judiciário? O próprio Judiciário.
Logo, projetos de lei que interessem a ele devem partir de dentro do Judiciário, seja na cria-
ção de cargos, seja mesmo na ampliação de despesas. Então, são inconstitucionais projetos
nascidos de iniciativa parlamentar sobre tais temas (STF, ADI n. 4.062).
O mesmo raciocínio se aplica ao Executivo, certo? Claro que sim! Mas muitas vezes o Le-
gislativo, em busca de agradar determinados setores (e garantir voto nas próximas eleições),
acaba apresentando projetos de lei que criem cargos efetivos ou que aumentem a remune-
ração para os órgãos e servidores do Executivo, em claro vício de iniciativa. Daí não há outro
jeito: a norma será declarada inconstitucional (STF, ADI n. 2.867).
b) Vício formal objetivo: o vício está nas demais fases do processo legislativo. Ou seja,
ocorre em um momento posterior à fase de iniciativa.

Novamente vou usar exemplo para facilitar a compreensão. A esta altura você já sabe que as
emendas à Constituição passam por rito especial, que é a necessidade de aprovação em dois
turnos de votação, por 3/5 de votos, de cada Casa do Congresso.

Pois bem. Se em uma das votações na Câmara (ou no Senado) a PEC for aprovada pelo
quórum de maioria absoluta – ao invés da maioria qualificada de 3/5 –, inevitavelmente esta-
remos diante de inconstitucionalidade formal, por vício objetivo (STF, ADI n. 2.135).

5.2.1.3. Inconstitucionalidade Formal por Violação a Pressupostos Objetivos


do Ato Normativo

Aqui, o defeito acontece porque não se respeita um pressuposto determinado pela Constituição.

É o que ocorre, por exemplo, nas medidas provisórias quando são editadas sem que estejam
presentes os requisitos constitucionais de urgência e relevância (STF, ADI 4.048).

Em igual sentido, estão as leis estaduais que criam municípios sem respeitar as etapas
exigidas no artigo 18, § 4º, da Constituição (STF, ADI n. 2.240).

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5.2.2. Vício Material

O vício material também recebe o nome de vício de conteúdo ou vício substancial ou vício
nomoestático. O que é analisado é o conteúdo, para saber se ele está ou não de acordo com
o texto constitucional. Aqui não se verifica o procedimento de elaboração do ato normativo.
Não tenho dúvida alguma em falar que a maioria esmagadora de hipóteses de inconstitu-
cionalidade se refere a vício formal, exatamente o mais difícil de ser detectado pelo candidato.

Vamos a um exemplo de vício material? Imagine a situação em que um deputado federal, após
grave delito noticiado pela imprensa, apresente proposta de emenda à Constituição (PEC),
prevendo pena de morte para crimes hediondos.
Suponha que essa PEC tramite regularmente, sendo aprovada em dois turnos de votação, em
cada Casa do Congresso Nacional, obtendo o quórum qualificado de 3/5 de votos. Em segui-
da, ela é promulgada e publicada.
Pergunto: há algum problema com a nova EC promulgada? Sem dúvida, sim! É que uma das
limitações materiais ao poder de emenda (cláusulas pétreas) se refere aos direitos e às garan-
tias individuais.

E, na visão do STF, a expressão “direitos e garantias individuais” engloba os artigos 5º


(direitos e deveres individuais e coletivos), 16 (princípio da anterioridade eleitoral) e 150 (limi-
tações ao poder de tributar).
Dentro desse cenário, não há dúvidas de que a proibição de pena de morte (salvo guerra
declarada, o que não era o caso) funciona como um obstáculo para a nova EC promulgada,
por estar inserida no artigo 5º da Constituição.
Em resumo, mais fácil de identificar e menos raro de acontecer, o vício material traz pou-
cos problemas para o candidato.

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5.2.3. Vício de Decoro Parlamentar

Na doutrina6, fala-se em vício de decoro parlamentar. A esse respeito, o noticiário tem des-
tacado muitos escândalos de corrupção, que muitas vezes envolvem o pagamento de propinas
pelo chefe do Executivo aos parlamentares.
A razão maior para o pagamento de verbas espúrias (“mensalão”, “mensalinho”) seria a
busca por aprovação de projetos de lei de interesse do Executivo.
Pois bem, mas daí eu pergunto: tais projetos de lei possuem vício formal ou material? É
aí que mora o X da questão. Os projetos não apresentam nenhum vício formal, respeitando a
Casa Legislativa, a iniciativa adequada e os trâmites procedimentais prescritos na Constitui-
ção. Eles também não ofendem a Constituição com seu conteúdo.
Contudo, não existe dúvida de que há alguma coisa errada, que é a razão que levou o par-
lamentar a aprovar essa ou aquela proposta. Como visto, a motivação era o recebimento de
propina. Ora, é evidente que não se espera isso do parlamentar. Daí se falar em vício por (falta
de) decoro parlamentar.

Obs.:
 O vício formal e o material são reconhecidos na jurisprudência e há várias decisões indi-
cando a inconstitucionalidade de diversas leis pela ocorrência deles.
 Já o vício de decoro parlamentar ainda está mais no campo doutrinário, embora tenha
sido citado na Ação Penal n. 470 (processo do Mensalão). Isso ocorreu em relação ao
capítulo VI da denúncia, pois se falou na “formação de base aliada ao governo federal”,
por meio do recebimento de propina.

Por sua vez, o vício de decoro parlamentar encontra guarida no campo doutrinário. Já
houve citação na Ação Penal n. 470 (processo do Mensalão). Isso ocorreu em relação ao ca-
pítulo VI da denúncia, pois se falou na “formação de base aliada ao governo federal”, por meio
do recebimento de propina.
Mais recentemente (ADIs n. 4887, n. 4888 e n. 48889), houve menção a “vício na formação
da vontade no processo legislativo” e a “vício de corrupção da vontade do parlamentar”, sendo

6
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015, págs. 300-303.

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reconhecida a possibilidade de o Judiciário verificar um vício que atingiria o processo legisla-


tivo, tornando-o fraudulento, a ensejar a inconstitucionalidade da norma. No fim das contas,
mesmo com a eventual retirada dos votos dos parlamentares condenados pelo Mensalão, o
resultado da votação da PEC não seria alterado. Usando essa fundamentação, afastou-se a
alegação de inconstitucionalidade da EC n. 41/2003 (penúltima Reforma da Previdência).
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos para ver se a tese será reconhecida pelo
Plenário e qual nome prevalecerá.

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Vamos resumir?

ESPÉCIE DE VÍCIO DETALHES


VÍCIO MATERIAL (nomoestático) O vício atinge o conteúdo da norma, que é contrário à
Constituição.
Exemplos:
1) PEC que viola cláusula pétrea ao prever pena de
morte para crimes hediondos.
2) Lei que viole separação de Poderes ao prever que
nome de PGJ deva ser submetido à aprovação da AL.
VÍCIO FORMAL (nomodinâmico) O vício está no procedimento, que se encontra em
descompasso com as regras de processo legislativo
ou de repartição de competência. É bem mais comum
que vício material. Subdivide-se em:
a) inconstitucionalidade formal orgânica: o problema
está na repartição de competências. A Casa Legisla-
tiva que edita a norma usurpa a competência da que
seria a responsável pela edição.
Ex.: norma estadual sobre trânsito e transporte,
assunto de competência privativa da União.
b) Inconstitucionalidade formal propriamente dita: o
vício pode ser subjetivo ou objetivo. No primeiro caso,
ocorre quando quem deflagra o processo legislativo
não era competente. Ex.: lei que reajusta vencimen-
tos dos servidores do Executivo apresentada por par-
lamentar. O vício objetivo, por sua vez, ocorre nas
demais fases do processo legislativo. Ex.: EC apro-
vada em um dos turnos sem passar pela aprovação
de 3/5 de votos.
c) Inconstitucionalidade formal por falta de pressu-
postos objetivos do ato normativo: não se respeita
um pressuposto determinado pela Constituição. Ex.:
norma de criação de formação de novo município sem
observar as etapas descritas no artigo 18, § 4º.
Observação por conta do escândalo de corrupção conhecido como Mensalão, Pedro Lenza defendeu a exis-
Observação:
tência de uma nova espécie de vício, chamado de VÍCIO DE DECORO PARLAMENTAR. Ele atingiria não o conte-
údo ou o procedimento, e sim a razão que levou o parlamentar a votar naquele sentido (propina).
A tese foi apreciada pelo STF em 2020, foram apresentadas ADIs nas quais se apontava “vício na formação
da vontade no processo legislativo”. O STF entendeu ser possível reconhecer o vício que atingiria o processo
legislativo, tornando-o fraudulento. Contudo, manteve a validade da EC n. 41/2003 (Reforma da Previdência)
ao concluir que, mesmo tirando os votos dos parlamentares do Mensalão, o resultado da PEC não seria alte-
rado.

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6. Momentos de Controle

Quanto aos momentos de controle, fala-se em controle preventivo ou repressivo.

6.1. Controle Preventivo

O controle preventivo é feito antes de o projeto entrar em vigor. Tratando-se de uma lei, por
exemplo, seria feito na fase de tramitação no Congresso ou ainda na deliberação executiva
(sanção/veto).
Ele visa impedir a inserção no ordenamento jurídico de uma norma inconstitucional e acon-
tece durante as fases do processo legislativo. No direito brasileiro, o controle preventivo é
exceção, pois a regra é o controle jurisdicional posterior/repressivo.
É bom você ter em mente que todos os Poderes fazem controle preventivo. Isso servirá
de alerta, mesmo que você não se lembre especificamente qual a forma em que esse con-
trole é materializado.
Começando pelo Legislativo, o controle preventivo é feito especialmente por meio da CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça), uma das comissões mais importantes de cada Casa
Legislativa. Em algumas situações, o próprio Plenário da Casa também pode fazer esse filtro.
No Executivo, o controle preventivo cabe ao chefe do Executivo, por ocasião da fase de
sanção/veto – mais especificamente no veto. É que a manifestação de contrariedade do presi-
dente (ou governador ou prefeito) pode ser o veto político ou o veto jurídico.
O veto político acontece quando o chefe do Executivo entende que o projeto é contrário ao
interesse público. Note que não se fala em inconstitucionalidade. É no veto jurídico que ocorre
o controle de constitucionalidade, na forma preventiva, pois a manifestação recai sobre o pro-
jeto de lei, e não sobre a lei.
Agora vou pedir para você redobrar a atenção! É o seguinte: a maior polêmica no controle
preventivo volta-se à atuação do Judiciário. É nesse ponto que estão concentrados as contro-
vérsias judiciais e o maior número de questões de prova. Então, mãos à obra!
O controle preventivo jurisdicional é feito somente por meio do mandado de segurança a
ser impetrado por parlamentares, os únicos legitimados.

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Mas por que o MS? É que os parlamentares possuem o direito líquido e certo ao devido
processo legislativo. Em outras palavras, eles têm que preservar a garantia de participarem de
um processo legislativo sem falhas, sem desrespeito à Constituição.
Outro ponto importante que você deve ter em mente é o que pode ser questionado nesse
MS. A importância dessa discussão é tamanha, que já foi objeto de provas discursivas. Então,
todo cuidado é pouco!
Sobre o tema, a jurisprudência do STF se consolidou no sentido de que o MS só pode ser
usado em duas situações:
a) para barrar a tramitação de PEC que viole cláusula pétrea: é que o artigo 60, § 4º,
da Constituição dispõe que determinadas matérias não podem ser objeto de proposta
tendente a aboli-las.
Ou seja, a proibição é maior do que permitir que uma matéria seja aprovada. O Constituin-
te, buscando “cortar o mal pela raiz”, determina que aqueles assuntos não podem ser sequer
deliberados, quanto mais aprovados.
b) Para frear a tramitação de projeto de lei por vício formal: aqui cabe ainda mais atenção. Re-
pare que eu sublinhei a palavra “formal”, exatamente para chamar sua atenção para esse ponto.
Mais uma vez, digo que a regra é o controle de constitucionalidade operar-se após a nor-
ma entrar em vigor. O controle preventivo é excepcional, pois, em virtude da separação de
Poderes, a lógica é deixar o legislador trabalhar.
Pois bem, o STF entende que, em relação a projetos de lei, o controle preventivo jurisdicio-
nal só pode atuar se houver a comprovação de vício formal no procedimento. Isso significa
que não caberá MS para barrar a tramitação de projeto de lei por vício material (conteúdo).
No STF, a questão foi enfrentada em um julgado muito rumoroso: foi o MS impetrado pelo
então senador Rodrigo Rollemberg (do DF). Ele pedia para o Tribunal barrar a tramitação do
projeto de lei “Anti-Marina”.
Como assim? É que àquela altura, Marina Silva destacava-se nas pesquisas de opinião de
votos para as eleições presidenciais de 2014. Então, os partidos da base do governo Dilma
(PT e PMDB, especialmente), querendo desarticular o movimento de criação do partido políti-
co Rede Sustentabilidade, apresentaram projeto de lei que sufocava as novas legendas.

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Na prática, ele permitia que os parlamentares insatisfeitos migrassem para o novo par-
tido. Contudo, eles não levariam consigo os recursos do fundo partidário ($$$) e o tempo de
rádio e TV de graça.
Em resumo, o partido nasceria pobre e praticamente sem aparecer nos meios de comunica-
ção. A ideia era deliberadamente desestimular o deslocamento de políticos para a nova legenda.
Quando impetrou o MS, o parlamentar alegava violação ao pluralismo político, fundamen-
to da República. O problema é que o vício sustentado era de natureza material, pois estava
ligado ao conteúdo da lei.
Resultado: embora reconhecessem informalmente a existência de vício material, os
ministros do STF entenderam pelo não cabimento do MS, ao argumento de que se tratava
de tentativa de frear a tramitação de projeto de lei por vício material, o que não é admitido
(STF, MS n. 32.033).
Esse raciocínio foi renovado em fevereiro de 2021, quando se indeferiu liminar em MS
impetrado por parlamentar para barrar a tramitação da chamada “PEC da Impunidade”, que
visa restringir a possibilidade de prisão de parlamentares. Prevaleceu a orientação de que
eventual vício deveria ser apreciado em controle posterior.

O controle preventivo jurisdicional só é cabível para barrar a tramitação de PEC que viole cláu-
sula pétrea ou quando o projeto de lei contiver vício formal. Ele não pode ser impetrado sob a
alegação de vício de conteúdo no projeto de lei.

6.2. Controle Repressivo


Vencido o controle preventivo, é hora de vermos o controle repressivo, que acontece quan-
do a norma já existe no mundo jurídico (foi promulgada e publicada). Ele pode ser feito pelo
Judiciário, pelo Executivo e pelo Legislativo.
Um questionamento: a norma em vacatio legis pode ser objeto de ADI?

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A resposta é sim, porque ela existe e é válida, ainda que lhe falte eficácia. Aliás, no Exame
nº XXXI da OAB, aplicado pela FGV, houve pergunta exatamente sobre esse ponto, tendo a ban-
ca indicado a possibilidade de ajuizamento de ADI.
Quer ver isso na prática?
O STF julgou duas ADIs (6.238 e 6.239) que foram ajuizadas contra a Lei do Abuso de Au-
toridade editada em 2019, com vacatio legis de 120 dias.
Caso se verifique a presença dos vícios formal ou material na norma, caberá aos órgãos
competentes pelo controle retirá-la do ordenamento.
Funciona assim: começando pelo mais importante, o controle repressivo jurisdicional é
feito pela via difusa ou concentrada – claro que o assunto será detalhado mais à frente.
De antemão, em respeito ao princípio da separação dos Poderes, quando não caracteriza-
do o desrespeito às normas constitucionais pertinentes ao processo legislativo, é vedado ao
Judiciário exercer o controle jurisdicional em relação à interpretação do sentido e do alcance
de normas meramente regimentais das Casas Legislativas. Isso porque as normas regimen-
tais, via de regra, tratam de matéria interna corporis (STF, RE n. 1.297.884).
Usando uma linguagem doutrinária (José Adércio Leite Sampaio), atos interna corporis
e a escolha própria da oportunidade e conveniência do administrador são conhecidos como
espaços vazios de jurisdição, ou seja, fora da esfera de atuação do Judiciário.
No âmbito do Executivo, poderia o presidente (ou governador ou prefeito) orientar os seus
subordinados para não aplicarem a norma que ele entende inconstitucional (STF, ADI n. 221).
Há polêmica nesse ponto, pois uma posição minoritária defende que essa possibilidade
não mais existiria após a Constituição de 1988. O raciocínio é o seguinte: antes de 1988, ape-
nas o PGR era legitimado para ingressar com uma ADI. Logo, como não podia ingressar com
ADI, permitia-se ao Chefe DO Executivo orientar a não aplicação da norma.
Contudo, atualmente essa corrente – minoritária, repito – defende que, se não concordar com
a lei, deve o presidente (ou os outros chefes de governo) recorrer ao Judiciário por meio da ADI.
Prevalece, todavia, a orientação de que se pode optar por um dos caminhos ou mesmo
segui-los concomitantemente, até mesmo porque costuma ser bastante demorado o tempo
de análise de uma ADI.
Dentro do Legislativo, surgem três possibilidades de controle repressivo: a primeira está
no artigo 49, V, da Constituição. Ele prevê que o Congresso Nacional pode sustar os atos nor-

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mativos editados pelo Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites
da delegação legislativa.
Abrindo um parêntese, a regra do artigo 49, V, deve ser seguida pelos estados sem amplia-
ção. Digo isso porque a Constituição do estado de Goiás atribuía à Assembleia Legislativa a
prerrogativa para sustar atos normativos do Poder Executivo ou dos Tribunais de Contas. A
extensão da possibilidade de sustação para os atos dos Tribunais de Contas foi considerada
inconstitucional, por ser uma afronta aos princípios da simetria, da separação de poderes,
além de violação das garantias da independência, autonomia funcional, administrativa e fi-
nanceira das Cortes de Contas (STF, ADI n. 5.290). Fecho o parêntese.
A segunda é encontrada no artigo 52, X, da Constituição, oportunidade em que se atribui
ao Senado Federal a prerrogativa de suspender, no todo ou em parte, norma declarada in-
constitucional pelo STF, dentro do controle difuso de constitucionalidade.
Por fim, a terceira você vê no artigo 62, § 5º, da Constituição, que permite ao Congresso
rejeitar medida provisória quando não estiverem presentes os requisitos constitucionais de
urgência e relevância.
Abrindo um parêntese, a Súmula n. 347 do STF prevê a possibilidade de os Tribunais de
Contas, no exercício de suas atribuições, apreciarem a constitucionalidade das leis e dos atos
do poder público.
Ou seja, esse entendimento permitiria ao TC fazer controle de constitucionalidade, diante
do caso concreto.
Porém, a súmula foi editada em 1963 e há algum tempo vinha sendo questionada.
Daí, em abril de 2021, o Plenário do STF definiu que não cabe à Corte de Contas, por não ter
função jurisdicional, exercer o controle de constitucionalidade nos processos sob sua análise. A
invocação da Súmula n. 347 estaria comprometida desde a promulgação da atual Constituição.
Na ocasião, pontuou-se que admitir a continuidade da possibilidade de o TC declarar inci-
dentalmente a inconstitucionalidade geraria desrespeito à função jurisdicional e à competên-
cia exclusiva do STF, além de afrontar as funções do Legislativo, responsável pela produção
das normas jurídicas.

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Controle de Constitucionalidade
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Assim, embora a Súmula n. 347 não tenha sido formalmente cancelada, o efeito prático
da decisão proferida pelo Plenário do STF é afastar a possibilidade de o TC fazer controle de
constitucionalidade dentro de sua atuação (STF, MS n. 35.410).
Fecho o parêntese.
Vou analisar os modelos de controle e, em seguida, compilar nossos dados até aqui em
uma tabela, para facilitar as coisas para você.

Executivo, Legislativo e Judiciário fazem controle preventivo e repressivo de constitucionalidade.

7. Modelos de Controle

Existem basicamente dois modelos de controle, a saber, o controle político – realizado


pelo Poderes Executivo e Legislativo – e o controle jurisdicional – feito pelo Poder Judiciário.
Como visto, há também a possibilidade de o TCU fazer controle (sempre repressivo) de
constitucionalidade dos atos. Ele terá natureza não jurisdicional.
Como visto, não há mais a possibilidade de o TCU fazer controle (sempre repressivo) de
constitucionalidade dos atos.

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8. Sistematizando os Momentos e os Modelos de Controle

Para melhor sistematizar os momentos e modelos de controle, vou utilizar uma ilustração:

MOMENTOS E MODELOS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

MOMENTOS
PODER
PREVENTIVO REPRESSIVO
É realizado em três hipóteses:
a sustação de atos normativos editados pelo
presidente da República que exorbitem os
limites de delegação legislativa – art. 49, V,
Apreciação de projetos, da CF;
feita pelas Comissões de b quando o Senado Federal suspender, no
Legislativo Constituição e Justiça todo ou em parte, norma declarada inconsti-
(CCJs) e pelo Plenário das tucional pelo STF no controle difuso – artigo
Casas. 52, X, da CF;
c no caso das medidas provisórias, quando o
Políticos
Congresso entender que não estão presentes
os requisitos constitucionais de urgência e
relevância – artigo 62, § 5º, da Constituição.
Possibilidade dada ao chefe
do Executivo – presidente
da República, governado- Orientação dada pelo chefe do Executivo para
Executivo res e prefeitos – de vetar o seus subordinados deixarem de cumprir a
projeto caso o considerar norma, pois a considera inconstitucional.
MODELOS
inconstitucional (veto jurí-
dico).
Quando se aprecia man- Feito por meio do controle difuso ou concen-
dado de segurança impe- trado de constitucionalidade. O primeiro é
Jurisdicional Judiciário trado por parlamentar para realizado por qualquer juiz ou tribunal do país,
garantir devido processo enquanto o segundo somente cabe ao STF
legislativo. (violação à CF) e ao TJ (ofensa à CE).
Não faz controle de constitucionalidade.
Embora a Súmula n. 347 não tenha sido for-
Tribunais malmente cancelada, em abril de 2021, o Ple-
de Contas nário do STF afastou a possibilidade de o TC
fazer controle de constitucionalidade dentro
Administrativo de sua atuação (STF, MS n. 35.410).
Não faz controle de constitucionalidade.
Pode deixar de aplicar norma que entenda ser
CNJ inconstitucional, o que configura exercício de
controle da validade dos atos administrativos
do Poder Judiciário (STF, PET 4656/PB).

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Avançando, o controle jurisdicional de constitucionalidade pode ser feito a partir de dois

sistemas, o difuso, originado nos Estados Unidos da América, e o concentrado, nascido no

continente europeu.

Para facilitar a visualização das características centrais de cada um desses sistemas –

também dos pontos que os diferenciam –, usarei o seguinte quadro esquemático:

QUADRO COMPARATIVO ENTRE O SISTEMA DIFUSO E CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE


CONTROLE DIFUSO CONTROLE CONCENTRADO
Modelo norte-americano. Modelo austríaco-alemão.
Surgido a partir do caso Marbury vs Madison. Idealizado por Hans Kelsen.
Controle incidental (incidenter tantum). Controle principal.
Via de exceção ou de defesa. Via de ação.
Inconstitucionalidade da norma é a razão de pedir, Inconstitucionalidade da norma é o pedido.
e não o pedido.
No Brasil, adotado desde a Constituição de 1891. No Brasil, adotado de forma mais robusta a partir da
EC n. 16/1965 – ADI, a ser proposta, perante o STF,
exclusivamente pelo PGR.
No entanto, na Constituição de 1934 já havia a previ-
são da ADI Interventiva.
A Constituição atual manteve a previsão de con- A CF/1988 trouxe as seguintes inovações:
trole difuso, introduzindo importantes ferramentas a) ampliação dos legitimados para a ADI (antes era
como o MI, o manejo do MI e do MS coletivos, a só o PGR);
delimitação do RE. b) criação do controle das omissões constitucionais
Quanto ao RE, a EC n. 45/2004 previu a filtro da (ADO);
repercussão geral, trazendo racionalidade ao sis- c) previsão da ADPF.
tema. * a ADC só foi introduzida pela EC n. 03/1993;
** a EC n. 45/2004 inseriu o governador do DF e a
CLDF como legitimados e equiparou os legitimados
da ADI, ADO, ADC e ADPF.
A inconstitucionalidade pode ser arguida em qual- A inconstitucionalidade só pode ser arguida por meio
quer tipo de ação (ações ordinárias, trabalhistas, de cinco ferramentas (cabem nos dedos de minha
cíveis, penais, ações civis públicas), por meio de mão):
recursos ou remédios constitucionais (HC, MS, MI, a) ação direta de inconstitucionalidade – ADI;
HD e ação popular). b) ação declaratória de constitucionalidade – ADC;
c) ação direta de inconstitucionalidade por omissão
– ADO;
d) arguição por descumprimento a preceito funda-
mental – ADPF; e
e) representação interventiva – ADI Interventiva.

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Pode ser utilizado por qualquer pessoa, no bojo do No plano federal, a ADI, ADO, ADC e ADPF somente
processo. podem ser ajuizadas por nove legitimados, previstos
no artigo 103 da Constituição: Presidente da Repú-
blica; Mesas da Câmara dos Deputados ou do Senado;
PGR; Governadores dos estados e do DF; Mesa das
Assembleias ou da Câmara Legislativa; partidos polí-
ticos com representação no Congresso; Conselho
Federal da OAB; e confederação sindical ou entidade
de classe de âmbito nacional.
No âmbito estadual, o artigo 125 da Constituição de
1988 previu a impossibilidade de existir somente um
legitimado, embora deixe para o Constituinte estadual
a tarefa de definir o rol.
Já a ADI Interventiva possui apenas um legitimado,
que é o PGR no cenário federal, e o PGJ perante o TJ.
Na origem, adoção da teoria da nulidade. Na origem, adota a teoria da anulabilidade.
No Brasil, ambos seguem a teoria da nulidade, com No Brasil, ambos seguem a teoria da nulidade, com
a declaração de inconstitucionalidade operando, a declaração de inconstitucionalidade operando, em
em regra, efeitos retroativos. regra, efeitos retroativos.
Pode ser feito por qualquer juízo ou Tribunal do Só pode ser feito pelo STF (guardião da CF) e pelos
País, inclusive o STF. TJs (guardião da CE ou da LODF).
Em regra, a decisão produz efeitos inter partes Decisão produz efeitos erga omnes (todo mundo).
(entre as partes).
Pela redação da Constituição (artigo 52, X), ao decla- Ao declarar a inconstitucionalidade, o STF não pre-
rar a inconstitucionalidade, o STF deveria comunicar cisa comunicar ao Senado, uma vez que a decisão já é
ao Senado, para possível suspensão, total ou par- dotada de efeitos erga omnes.
cial, da execução da lei. No entanto, a orientação
atual é de mutação constitucional desse disposi-
tivo, passando a decisão do Plenário do STF, mesmo
em controle difuso, a valer erga omnes. O papel do
Senado seria de dar publicidade à decisão.
Ao proferir a decisão, o julgador pode fazer modu- Ao proferir decisão, o julgador pode fazer modulação
lação temporal de efeitos. temporal de efeitos.
Cabe a participação de amicus curiae. Cabe a participação de amicus curiae.
É possível a realização de audiências públicas. É possível a realização de audiências públicas.

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Cláusula de Reserva de Plenário


QUEM precisa observar? QUEM não precisa observar?
- Turmas, câmaras e seções dos tribunais de 2º grau e - Turmas do STF.
de tribunais superiores. - Turmas recursais de juizados especiais.
- TCU, CNJ e CNMP. - Juízes de primeiro grau.
QUANDO não precisa ser observada QUANDO precisa ser observada
- Decisão de interpretação conforme à Constituição. - Afastamento, no todo ou em parte, de norma, mesmo
- Se já houver decisão do órgão especial ou plenário sem declaração expressa de inconstitucionalidade.
do Tribunal e do plenário do STF. - Declaração de inconstitucionalidade parcial sem
- No juízo de recepção/revogação de normas pré- redução de texto.
-constitucionais.
- No juízo de recepção/revogação de normas pré-
-constitucionais.

Para aplicar a interpretação conforme a Constituição, não há necessidade de o processo ser


remetido ao Órgão Especial do Tribunal, podendo a turma, câmara ou seção agir diretamente.

10.1.4. A Declaração de Inconstitucionalidade em Ação Civil Pública (ACP)

Em minha prova oral para o concurso de Juiz do TJDFT, o examinador me perguntou mais ou
menos assim: “Candidato, pode ser feito controle de constitucionalidade em uma ação civil pública?”
A minha reação foi quase que intuitiva (e soou até meio abusada, mesmo não tendo sido
a intenção): “Excelência, o controle de constitucionalidade pode ser feito em qualquer ação,
remédio ou recurso!”
É claro que a pergunta daquele examinador tinha uma razão especial: é que na ação civil
pública versando sobre direitos difusos, a decisão proferida terá eficácia erga omnes.
Ou seja, os efeitos da decisão serão equivalentes àqueles observados nas ferramentas do
controle concentrado de constitucionalidade (ADI, ADO, ADC, ADPF).
Então, há uma grande semelhança entre o alcance da decisão proferida na ADI e na ACP,
certo? Exato, pois em ambas pode se declarar a inconstitucionalidade e nas duas a decisão
gerará efeitos para todos.

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Assim como fiz lá no controle difuso, vou apresentar dois exemplos para que você possa

entender melhor. O primeiro diz respeito à controvérsia das cotas para negros em concursos

públicos. A Lei n. 12.990/2014 trouxe a previsão segundo a qual 20% das vagas nos concur-

sos do Executivo Federal deveriam ser providas por candidatos pretos ou pardos.

O Conselho Federal da OAB questionou a constitucionalidade e o alcance da norma no STF,

tendo o Tribunal decidido que ela é válida. A Corte foi além e disse que a cota deve ser aplica-

da em todo o Governo Federal, não se limitando ao Executivo (STF, ADC 41).

Desse modo, todos os concursos federais para o Executivo, Legislativo, Judiciário, MPU, TCU,

DPU devem reservar 20% das vagas nas cotas raciais. Fique de olho aberto, pois a lei não

incide nos estados, no DF e nos municípios, que podem editar norma própria.

Note que foi discutida a validade da lei em tese, não ligada a nenhum caso concreto, nenhum

candidato em nenhum concurso específico. Por isso se fala em controle abstrato.

Mais um exemplo: ADI ajuizada no STF discutia a validade de dispositivo constante na Cons-

tituição do estado do Acre, o qual previa a necessidade de autorização de 2/3 da Assembleia

Legislativa daquele estado para que fosse aberto processo contra o governador.

Na ocasião, o Tribunal entendeu que essa regra era inválida, pois somente em relação ao pre-

sidente da República se impõe a autorização da Casa Legislativa – 2/3 da Câmara dos Depu-

tados – para que o chefe do Executivo possa ser processado (STF, ADI 4.797).

Veja que não se discutia a situação de nenhuma pessoa específica, seja o governador

atual, sejam os anteriores. A discussão era objetiva, não relacionada a ninguém individu-

almente. É por essa razão que o controle concentrado também recebe o nome de controle

objetivo, e não subjetivo.

A primeira ferramenta do controle concentrado no direito brasileiro foi a ADI Interventiva, na

Constituição de 1934. A ADI genérica só entrou no ano de 1965, com a EC n. 16/1965.

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Desse modo, centrais sindicais (exemplo: CUT, Força Sindical), sindicatos e federações,
mesmo de abrangência nacional, não podem ajuizar as ações do controle concentrado peran-
te o STF (STF, ADI 4.224).
Prosseguindo, no tocante às “associações de associações”, o STF passou a reconhecer
a sua legitimidade para o ajuizamento das ações de controle concentrado (STF, ADI 3.153).
Um detalhe: a Mesa do Congresso Nacional não pode ajuizar as ações de controle con-
centrado, visto que essa legitimidade é conferida apenas às Mesas da Câmara e do Senado,
órgãos diversos.
Tem mais: a EC n. 45/2004 incluiu expressamente o governador e a Mesa da Câmara Le-
gislativa do DF como legitimados para o ingresso das ações de controle principal. Antes só
se falava em governadores dos estados e Mesa das Assembleias Legislativas. De todo modo,
mesmo antes dessa emenda, o STF já reconhecia a legitimidade de tais entes (STF, ADI 645).
Outra coisa: não é cabível a oposição de embargos de declaração por outra pessoa que
não aquela que tenha ajuizado a ação principal.

Exemplificando, suponha a situação na qual o PGR ingresse com uma ADI e que, contra a
decisão, sejam opostos embargos de declaração pelo Conselho Federal da OAB. Nesse caso,
o STF tem negado o conhecimento do recurso (STF, ADI 1.105).

Sistematizando:

Legitimados para ajuizamento de ADI, ADO, ADC e ADPF


3 pessoas 3 mesas 3 entidades
Presidente da República Mesa da CD Conselho Federal da OAB
PGR Mesa do SF Partido político com representa-
Governador de estado/DF Mesa da AL ou CLDF ção no CN**
Confederação sindical ou entidade
de classe de âmbito nacional**
Observações:
1) os legitimados que aparecem em vermelho são chamados de especiais, pois precisam demonstrar o inte-
resse no caso (pertinência temática). Os demais são chamados de universais.
2) Os legitimados que estão com asterisco verde precisam estar assistidos por advogado, com procuração
específica. Os demais possuem legitimidade ativa dada pela própria CF.
3) Para a ADI interventiva há somente um legitimado no STF (PGR) e um no TJ (PGJ).
4) Não se admite desistência nem o ajuizamento de ação rescisória nas ações de controle concentrado.

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Sobre os decretos, cabe um alerta: caberá ADI para questionar os decretos legislativos
(editados exclusivamente pelo Congresso Nacional) e os decretos autônomos, que foram in-
seridos pela EC n. 32/2001 e estão previstos no artigo 84, VI, da Constituição (STF, ADI 2.950).
Já os decretos regulamentares (regulamentam as leis), por serem atos normativos secun-
dários, estarão sujeitos a controle de legalidade, e não de constitucionalidade (STF, ADI 264).
Deixe-me sistematizar para não haver nenhuma dúvida:

Decreto Autônomo Decreto Regulamentar


Natureza Jurídica Ato normativo primário Ato normativo secundário
Submissão Diretamente à Constituição Diretamente à lei e indiretamente à Constituição
Controle Realizado Controle de constitucionalidade Controle de legalidade
Cabimento de ADI Sim Não

Vou abrir um parêntese. Não se esqueça de um ponto: em razão da declaração de in-


constitucionalidade de uma lei, o decreto que a regulamenta pode ser atingido. É a chamada
inconstitucionalidade por arrastamento, por ricochete, reverberação, consequência ou decor-
rência (ainda tem um monte de nomes para complicar...). A propósito, a inconstitucionalidade
por arrastamento incide não apenas na relação lei x decreto regulamentar.

Exemplificando: o STF declarou a inconstitucionalidade da LC n. 78/1993, na parte em que o


Congresso Nacional delegou ao TSE a tarefa de determinar o número de cadeiras que cada
estado/DF teria direito na Câmara dos Deputados. Segundo a referida LC, caberia ao TSE
editar uma resolução dizendo a quantos deputados federais cada estado teria direito.
Ao julgar a ADI ajuizada contra a LC n. 78/1993, o STF acabou declarando a sua inconstitu-
cionalidade, por entender que não era devida a delegação, devendo a tarefa ficar a cargo do
Congresso Nacional. Em consequência, caiu também a resolução do TSE (STF, ADI 4.963).
Fecho o parêntese e volto ao cabimento (ou não) de ADI.

Todas as normas constitucionais editadas pelo Poder Constituinte Derivado (PCD) estão
sujeitas a controle de constitucionalidade via ADI.

Como assim?

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c) outra providência a ser fixada pelo Tribunal – aqui, sem dúvida, abre-se espaço para
um papel mais ativo do STF, em harmonia com a adoção da teoria concretista no MI.

Ah, é possível a aplicação do princípio da fungibilidade entre a ADO e a ADI (STF, ADI
2.727). Isso significa que, na prática, se a parte ajuizar uma ADO, seu pedido pode ser conhe-
cido como se fosse uma ADI. A medida ganha mais importância principalmente depois que
passou a existir a classe própria da ADO.

10.5.2. Quadro Comparativo entre ADO e MI

Hora de deixar claras algumas diferenças centrais entre o Mandado de Injunção e a ADI por
Omissão:

Diferenças entre Mandado de Injunção e Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão


Mandado de injunção ADI por omissão
Controle difuso de constitucionalidade Controle concentrado de constitucionalidade.
A competência para julgamento dependerá Para omissões na CF, a competência para julga-
da autoridade que está sendo omissa. mento será sempre do STF.
MI individual pode ser impetrado por qual- Só pode ser ajuizada por entes previstos no art.
quer pessoa, natural ou jurídica 103, incisos I a IX, da CF (mesmos da ADI).

MI coletivo pode ser impetrado pelos mesmos


legitimados do MS coletivo +
Ministério Público e Defensoria Pública.

Tanto a ADO quanto o MI combatem as omissões constitucionais, mas um pertence ao con-


trole concentrado (ADO), enquanto outro integra o controle difuso (MI).

10.6. Arguição por Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF

O nosso negócio é passar em provas, certo? Então, fique de olhos bem abertos, pois a
ADPF é a queridinha dos examinadores. E isso não importa qual é a banca, viu?!

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Que tal esquematizarmos as hipóteses pelas quais uma lei municipal pode ser questiona-
da perante o TJ e o STF, dentro do controle difuso e do concentrado?
Vamos lá:

Sistema de
Controle realizado pelo TJ Controle realizado pelo STF
controle
Será possível pelas vias
Lei municipal Lei municipal É possível via recurso extra-
ordinárias. Ex.: ação de
x CF x CF ordinário (RE).
conhecimento.
Controle Pode ser feito contra deci-
difuso Será possível pelas vias são proferida em ADI Esta-
Lei municipal Lei municipal
ordinárias. Ex.: ação de dual, desde que a norma da
x CE x CE
conhecimento. CE seja repetição de texto
previsto na CF.
Cabe ADI Estadual,
Lei municipal desde que se trate de Lei municipal Só é possível por meio da
Controle x CF norma de repetição x CF ADPF, nunca da ADI.
concentrado obrigatória.
Lei municipal Lei municipal
Cabe ADI Estadual. ------
x CE x CE

Dentro do controle concentrado, as normas municipais podem ser questionadas no TJ, seja
diante da CE, seja perante a CF (apenas normas de repetição obrigatória). Contra essa decisão
caberá RE para o STF.

10.8.3. Existência de outras Ações do Controle Concentrado na Esfera Estadual

Se você reparou bem, a todo momento eu citei apenas a ADI quando falei da represen-
tação de inconstitucionalidade. Contudo, a doutrina defende que as outras ferramentas do
controle concentrado (ADO, ADC e ADPF) poderiam ser usadas, recorrendo-se ao princípio
da simetria.14

14
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 3ª ed. São Paulo: Método. 2008, pág. 329.

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Vamos lá:

HIPÓTESES DE CABIMENTO DO CONTROLE CONCENTRADO


Ato
normativo ADI ADC ADO ADPF ADI no TJ
questionado
Lei ou ato
Cabe Cabe Cabe Cabe ----
Federal x CF
Lei ou ato
Cabe ---- Cabe Cabe ----
Estadual x CF
Lei ou ato
---- ---- ---- Cabe Cabe*4
Municipal x CF
Lei ou ato
Cabe*1 ---- Cabe*1 Cabe ----
Distrital x CF
Norma anterior à CF ---- ---- ---- Cabe ----
Lei ou ato
---- ---- ---- ---- ----
Federal x CE
Lei ou ato
---- ---- ---- ---- Cabe*2
Estadual x CE
Lei ou ato
---- ---- ---- ---- Cabe*3
Estadual x CE
Lei Distrital x LODF ---- ---- ---- ---- Cabe*2
Lei Municipal x LOM É controle de legalidade, e não de constitucionalidade.
Obs1: se a norma distrital possuir natureza estadual, caberá ADI para o STF; ao contrário, se ela
possuir natureza municipal, a ação não será cabível, devendo ser ajuizada ADI para o TJDFT
(Súmula n. 642 do STF).
Obs2: se a norma da CF for de repetição obrigatória, caberá ao mesmo tempo ADI para o TJ (LE
x CE) e para o STF (LE x CF). Nesse caso, havendo o ajuizamento simultâneo das duas ações, a
ADI Estadual ficará suspensa, aguardando o julgamento pelo STF.
Obs3: se a norma da CF for de repetição obrigatória, caberá ADI para o TJ (LM x CE), mas não ADI
para o STF (LM x CF). Contra essa decisão, seja lá qual for (constitucionalidade x inconstitucio-
nalidade), caberá RE para o STF.
Obs4: é a única hipótese em que o TJ pode fazer controle concentrado tendo como parâmetro a
CF. A norma da CF deve ser repetição obrigatória. Contra a decisão do TJ na ADI que questiona
lei estadual ou municipal frente a CF, seja lá qual for (constitucionalidade x inconstitucionali-
dade), caberá RE para o STF.

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10.10. Quadro Comparativo do Cabimento da Medida Cautelar (ou


Liminar) nas Ações de Controle Concentrado

Medida cautelar nas ações de controle concentrado


Ação Efeito produzido Quem defere Efeitos
Suspender, no todo ou em
parte, a aplicação da norma
Maioria absoluta dos Erga omnes e vin-
questionada, tornando aplicá-
ADI membros do STF ou o culante, em caso de
vel a legislação anterior, caso
presidente (nas férias). deferimento.
existente, salvo manifestação
contrária do STF.
Suspender o julgamento de
Maioria absoluta dos Erga omnes e vin-
processos que envolvam a
ADC membros do STF ou o culante, em caso de
norma questionada (prazo de
presidente (no recesso). deferimento.
180 dias).
Três possíveis efeitos:
a) suspender a aplicação da lei
ou do ato normativo questio-
nado, no caso de omissão par-
cial – mas sem a limitação do Maioria absoluta dos Erga omnes e vin-
ADO prazo de 180 dias; membros do STF ou o culante, em caso de
b) suspender os processos presidente (nas férias). deferimento.
judiciais ou de procedimentos
administrativos;
c) outra providência a ser fixada
pelo Tribunal.
Suspender o julgamento de pro-
cessos, de efeitos de decisões Maioria absoluta dos
Erga omnes e vin-
judiciais ou de qualquer outra membros do STF ou
ADPF culante, em caso de
medida relacionada à maté- o Relator (em caso de
deferimento.
ria discutida na ADPF, salvo se extrema urgência).
houver coisa julgada.
Suspender andamento de pro-
cesso ou os efeitos de decisões
Erga omnes e vin-
judiciais e administrativas, ou Maioria absoluta dos
ADI Interventiva culante, em caso de
qualquer outra medida relacio- membros do STF.
deferimento.
nada à matéria objeto da repre-
sentação interventiva.

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QUESTÕES DE CONCURSO
Lista I – Cespe

Questão 1 (MP-CE/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2020) Conforme a jurisprudência do STF,


a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconsti-
tucionalidade de lei, afaste sua incidência, no todo ou em parte, viola, especificamente,
a) a cláusula de reserva de plenário.
b) a presunção de constitucionalidade da lei.
c) a sistemática do controle difuso de constitucionalidade.
d) o princípio da motivação adequada das decisões judiciais.
e) o princípio da segurança jurídica.

Questão 2 (TCE-RO/PROCURADOR/2019) A respeito de arguição de descumprimento de


preceito fundamental (ADPF), assinale a opção correta.
a) ADPF é cabível para o questionamento de atos normativos, administrativos e políticos do
poder público.
b) A jurisprudência do STF admite o conhecimento de ADPF como ação direta de inconstitu-
cionalidade genérica, em razão de seu caráter subsidiário.
c) É vedada a possibilidade de os estados-membros instituírem ADPF em suas respectivas
constituições estaduais.
d) São legitimados para propor ADPF o Tribunal de Contas da União e os tribunais de contas
estaduais.
e) Não se admite modulação dos efeitos de decisão originada no âmbito de ADPF.

Questão 3 (TCE-RO/PROCURADOR/2019) Assinale a opção que apresenta modalidade de


controle repressivo de constitucionalidade.
a) controle exercido pelas comissões de constituição e justiça da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal
b) controle exercido pelo presidente da República mediante veto jurídico

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c) rejeição, por uma das casas do Poder Legislativo federal, de proposta de emenda à Consti-
tuição já aprovada pela outra casa
d) decreto legislativo com a finalidade de sustar atos do Poder Executivo que exorbitem do
poder regulamentar
e) devolução aos autores, pelas Mesas das casas legislativas, de projetos de lei com vícios
manifestos de inconstitucionalidade

Questão 4 (TCE-RO/PROCURADOR/2019) Caso determinada lei municipal esteja em des-


conformidade com a Constituição Federal de 1988 (CF), a via adequada para exercer o con-
trole de constitucionalidade da referida norma no STF é o(a)
a) ADPF.
b) ação direta de inconstitucionalidade genérica.
c) ação declaratória de constitucionalidade.
d) mandado de segurança.
e) ação direta de inconstitucionalidade interventiva.

Questão 5 (MPC-PA/PROCURADOR/2019) Determinado município editou lei que violava


disposição da respectiva Constituição estadual, de reprodução obrigatória e redação idêntica
à norma da CF.
Nessa situação hipotética, a  ação cabível e o órgão judicial competente para julgá-la são,
respectivamente,
a) a ação direta de inconstitucionalidade e o tribunal de justiça local.
b) a ação civil pública e o tribunal regional federal que tenha jurisdição sobre o município.
c) a arguição de preceito fundamental e o juízo da primeira instância.
d) o mandado de segurança e o STF.
e) a ação direta de inconstitucionalidade e o juízo da fazenda pública da capital do estado do
município.

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Questão 6 (MPC-PA/PROCURADOR/2019) De acordo com o entendimento doutrinário


e a jurisprudência do STF, tem legitimidade para o ajuizamento de ação direta de incons-
titucionalidade
a) entidade de classe formada por associados de categorias diversas, desde que haja unidade
de interesses.
b) entidade de classe que represente fração de categoria funcional, desde que atue em âmbito
nacional.
c) associação de caráter nacional, desde que esteja presente em pelo menos dois terços das
unidades da federação.
d) conselho de fiscalização profissional, que equivale a entidade de classe de âmbito nacional.
e) associação de associações que possua o mesmo objetivo de defesa dos interesses de de-
terminada classe.

Questão 7 (MP-PI/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019) No curso de uma ação de ressarcimen-


to por dano material, uma das partes suscitou a inconstitucionalidade de um dispositivo legal.
Nesse caso, a sentença que julgar procedente o pedido de declaração de inconstitucionali-
dade
a) não fará coisa julgada nem no caso, nem entre as partes, até que o STF se pronuncie.
b) fará coisa julgada no caso e entre as partes, bem como surtirá efeitos ex tunc.
c) surtirá efeitos ex tunc quando, posteriormente à prolação da sentença, for suspensa a exe-
cutoriedade do dispositivo pelo Senado Federal.
d) fará coisa julgada com efeitos ex nunc caso a inconstitucionalidade também seja suscita-
da junto ao STF
e) gerará a ineficácia e a inaplicabilidade imediata do dispositivo legal, que será declara-
do nulo.

Questão 8 (PREFEITURA DE BOA VISTA/PROCURADOR MUNICIPAL/2019) A respeito de


controle de constitucionalidade, julgue o próximo item.
Os tribunais de justiça possuem competência para julgar ação direta de inconstitucionalidade
movida em desfavor de lei orgânica municipal, desde que o parâmetro para a fundamentação
dessa ação seja a Constituição Federal.

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Questão 9 (TJPR/JUIZ DE DIREITO/2019) Um órgão fracionário de determinado tribunal


afastou a incidência de parte de ato normativo do poder público, sem declarar expressamente
a inconstitucionalidade do ato.
Nessa situação hipotética, segundo a Constituição Federal de 1988 e o entendimento sumu-
lado do STF, a decisão desse órgão fracionário
a) não violou a cláusula de reserva do plenário, o que ocorreria somente se tivesse sido decla-
rada a inconstitucionalidade do ato normativo.
b) não violou a cláusula de reserva do plenário, uma vez que afastou a incidência apenas de
parte do ato normativo.
c) violou a cláusula de reserva do plenário, uma vez que o afastamento da incidência do refe-
rido ato só poderia ocorrer concomitantemente à declaração de inconstitucionalidade deste.
d) violou a cláusula de reserva do plenário, uma vez que afastou a incidência, ainda que em
parte, de ato normativo do poder público.

Questão 10 (TJPR/JUIZ DE DIREITO/2019) O STF pode, por decisão da maioria absoluta de


seus membros, deferir pedido de medida cautelar em ação declaratória de constitucionalida-
de, determinando que juízes e tribunais suspendam o julgamento de processos que envolvam
a aplicação de lei ou de ato normativo objeto da referida ação até o seu julgamento definitivo.
Nesse sentido, a medida cautelar em ação declaratória de constitucionalidade, até o julga-
mento final da ação, produzirá efeito
a) vinculante e eficácia ex nunc.
b) vinculante e eficácia ex tunc.
c) repristinatório e eficácia ex nunc.
d) repristinatório e eficácia ex tunc.

Questão 11 (PGM-JOÃO PESSOA/PROCURADOR MUNICIPAL/2018) Acerca da arguição de


descumprimento de preceito fundamental (ADPF), que consiste em instrumento constitucio-
nal que intensifica o poder de controle de constitucionalidade do STF, julgue os itens a seguir.
I – A ADPF tem como objeto exclusivo a proteção dos direitos e das garantias fundamentais
previstos na CF, sendo admitida somente quando não houver outro meio de sanar a lesividade.

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II – A ADPF pode ser proposta pelos entes legitimados para a propositura de ação direta de incons-
titucionalidade, bem como por qualquer pessoa lesada ou ameaçada por ato do poder público.
III  – A  ADPF é admitida quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional
sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, ainda que anteriores à CF.
IV – Embora seja viável a utilização da ADPF para tratar de violação a preceito fundamental
decorrente de decisões judiciais do próprio Poder Judiciário, esse instrumento constitucional
não é a via adequada para a obtenção de interpretação, revisão ou cancelamento de súmula
vinculante.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.

Questão 12 (PF/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) A respeito dos direitos fundamentais e do


controle de constitucionalidade, julgue o item que se segue.
Regulamento que disponha sobre o licenciamento ambiental de cemitérios tem caráter autô-
nomo e abstrato, razão por que o STF admite ação direta de inconstitucionalidade contra esse
tipo de norma.

Questão 13 (PF/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) A respeito dos direitos fundamentais e do


controle de constitucionalidade, julgue o item que se segue.
Dada a concretude regulamentar de decreto do Poder Executivo que verse sobre a liberdade
de reunião em manifestação pública, sua suspensão não pode ser pleiteada mediante ação
direta de inconstitucionalidade.

Questão 14 (TJCE/JUIZ DE DIREITO/2018) A respeito da organização, das funções e das


decisões do CNJ, assinale a opção correta.
a) Cabe ao CNJ zelar pela legalidade dos atos administrativos do Poder Judiciário, o que ex-
clui a competência do TCU para fiscalizá-los.

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b) Compete aos juízes estaduais e federais o julgamento de ações ordinárias ajuizadas contra
decisões do CNJ.
c) Segundo o STF, pode o CNJ realizar controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo,
desde que no exame de ato concreto e no exercício de sua competência.
d) O prévio ajuizamento de ação que questione ato de concurso público para a magistratura
não impede o conhecimento de pedido de providências sobre o tema pelo CNJ.
e) É concorrente a competência da corregedoria do CNJ para o exercício do poder correicional
e disciplinar.

Questão 15 (PGM-MANAUS/PROCURADOR MUNICIPAL/2018) No tocante às técnicas


de decisão em sede de controle abstrato, julgue o item que se segue.
Ao afirmar que a aplicação de uma norma a determinada hipótese fática é inconstitucional,
o  STF se utiliza da técnica de decisão denominada declaração de inconstitucionalidade
sem redução do texto.

Questão 16 (PGM-MANAUS/PROCURADOR MUNICIPAL/2018) No tocante às técnicas


de decisão em sede de controle abstrato, julgue o item que se segue.
Se a inconstitucionalidade de uma norma atinge outra, tem-se a denominada inconstitucio-
nalidade consequencial ou por arrastamento.

Questão 17 (PGE-PE/PROCURADOR DO ESTADO/2018) Duas ações diretas de inconsti-


tucionalidade foram julgadas procedentes: a primeira, porque a lei continha vício de inicia-
tiva; a segunda, porque um tributo por ela criado não respeitou o princípio da anterioridade
tributária, razão por que o tribunal declarou inconstitucional sua cobrança no exercício fi-
nanceiro de sua criação, e a redação desta lei não precisou ser alterada.
Nessa situação, a(s) técnica(s) de decisão de inconstitucionalidade aplicada(s) foi(foram)
a) declaração de nulidade total e declaração de nulidade parcial sem redução de texto, res-
pectivamente.
b) declaração de nulidade total por arrastamento e a interpretação conforme a CF, sem re-
dução de texto, respectivamente.

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c) declaração de nulidade parcial com redução de texto e a interpretação conforme a CF,


sem redução de texto, respectivamente.
d) declaração de nulidade parcial em ambos os casos: no primeiro, com redução de texto;
no segundo, sem redução de texto.
e) declaração de nulidade total em ambos os casos: no segundo, em razão da dependência
entre as partes constitucionais e inconstitucionais da lei.

Questão 18 (DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO/2018) A respeito do procedimento da arguição


de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), assinale a opção correta.
a) A concessão de medida liminar em sede de ADPF será limitada à suspensão dos feitos e
julgamentos que versem sobre a mesma matéria.
b) A decisão final em sede de ADPF terá, em regra, efeito ex nunc, salvo decisão de dois terços
do plenário do STF para a modulação dos efeitos.
c) O ajuizamento da ADPF deve atender à subsidiariedade, sendo proposta quando inexistir ou-
tro meio idôneo para instrumentalização da pretensão de sanar lesão a preceito fundamental.
d) O objeto da ADPF restringe-se às leis federais e estaduais.
e) O objeto da ADPF deve restringir-se à legislação posterior à promulgação da Constituição
Federal de 1988.

Questão 19 (DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO/2018) No procedimento da ação direta de in-


constitucionalidade, é cabível
a) o objeto da ação ser um ato administrativo de efeito concreto emanado da Presidência da
República.
b) o parâmetro da ação constituir-se do preâmbulo da Constituição Federal de 1988.
c) a oposição de embargos de declaração, com o objetivo de obter a modulação dos efeitos
da decisão.
d) a ação rescisória, por se tratar de controle difuso.
e) o objeto da ação ser um enunciado de súmula do STJ.

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Questão 20 (PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) Acerca da doutrina e da jurisprudência


do STF a respeito das técnicas de interpretação constitucional, julgue os itens a seguir.
I – A técnica da interpretação conforme pode ser utilizada tanto no controle de constituciona-
lidade difuso quanto no abstrato.
II – Como técnica de exegese, a interpretação conforme impõe a decretação da inconstitucio-
nalidade da norma, atendendo à vontade do legislador.
III – A interpretação constitucional segue os mesmos cânones hermenêuticos da interpreta-
ção das demais normas jurídicas.
IV – A declaração de nulidade sem redução de texto gera o vício de inconstitucionalidade da
norma e o seu afastamento do mundo jurídico.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.

Questão 21 (DPE-AL/DEFENSOR PÚBLICO/2017) Caracterizará exercício do controle abs-


trato de constitucionalidade
a) decisão do STF que julgue procedente mandado de injunção no caso de omissão legislativa
que torne inviável o exercício do direito de greve.
b) incidente de inconstitucionalidade julgado pelo órgão especial dos tribunais de justiça me-
diante a observância da cláusula de reserva de plenário.
c) a suspensão, pelo Senado Federal, da execução de lei declarada inconstitucional pelo STF.
d) a concessão de medida liminar pelo STF, no âmbito de arguição de descumprimento de
preceito fundamental, para suspender os efeitos de lei federal já revogada, em razão da veri-
ficação de lesão a preceito fundamental.
e) a apreciação da constitucionalidade das leis e atos normativos do poder público pelos tri-
bunais de contas, desde que no exercício de suas atribuições.

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Questão 22 (DPE-AL/DEFENSOR PÚBLICO/2017) Após o devido processo legislativo, o pre-


feito de um município promulgou lei reduzindo direitos fundamentais trabalhistas, com o obje-
tivo de aumentar o número de empregos na localidade.
Considerando-se essa situação hipotética e tomando-se como parâmetro do controle de
constitucionalidade a Constituição Federal de 1988, é possível questionar a referida lei muni-
cipal por meio de
a) ação declaratória de constitucionalidade ajuizada no tribunal de justiça, desde que haja
previsão na constituição estadual.
b) arguição de descumprimento de preceito fundamental ajuizada no STF.
c) ação direta de inconstitucionalidade ajuizada no STF.
d) mandado de segurança impetrado no juízo de primeira instância.
e) ação direta de inconstitucionalidade ajuizada no tribunal de justiça respectivo, indepen-
dentemente de a matéria ser de reprodução obrigatória na constituição estadual.

Questão 23 (TRF 5ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL/2017) Foi proposta, por um terço das assem-
bleias legislativas das unidades da Federação, emenda constitucional com o objetivo de al-
terar dispositivo referente à Defensoria Pública, visando-se aprimorar a estrutura orgânico-
-institucional desse órgão. Votada em dois turnos nas duas casas do Congresso Nacional,
a emenda foi aprovada mediante três quintos dos votos dos membros de cada uma delas.
Nesta situação hipotética, a referida proposta deve ser considerada
a) constitucional, pois o tema tratado na emenda respeita as limitações formais e materiais
ao poder constituinte derivado reformador.
b) inconstitucional, já que a emenda fere limitação formal ao poder constituinte derivado re-
formador.
c) inconstitucional, pois a emenda fere cláusula pétrea da separação dos poderes.
d) inconstitucional, uma vez que a emenda fere cláusula de reserva de iniciativa do chefe do
Poder Executivo.
e) constitucional, porquanto o poder constituinte derivado é ilimitado.

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Questão 24 (TRF 5ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL/2017) À luz do entendimento do Supremo


Tribunal Federal (STF), julgue os seguintes itens, acerca do controle incidental de cons-
titucionalidade.
I – Admite-se o controle difuso de constitucionalidade em ação civil pública, desde que a ale-
gação de inconstitucionalidade não se confunda com o pedido principal da causa.
II – Não se admite a modulação temporal de efeitos em controle difuso de constitucionalidade.
III – A cláusula de reserva de plenário se aplica às turmas recursais dos juizados especiais.
IV – A regra da reserva de plenário não se aplica a julgamento de competência singular, po-
dendo o juiz, mesmo de ofício, deixar de aplicar preceitos normativos que considere contrá-
rios ao texto constitucional.
Estão certos apenas os itens
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e IV.
e) I, III e IV.

Questão 25 (DPE-AC/DEFENSOR PÚBLICO/2017) O controle abstrato de constitucionalida-


de de determinado dispositivo da lei orgânica de Rio Branco em face da CF deverá ser provo-
cado pela
a) propositura de ADI junto ao TJ/AC.
b) interposição de recurso extraordinário para julgamento pelo STF.
c) impetração de mandado de segurança para julgamento pelo TJ/AC.
d) propositura de ADPF junto ao STF.
e) propositura de ADI junto ao STF.

Questão 26 (PGE-SE/PROCURADOR DO ESTADO/2017) Embora o sistema brasileiro não


admita o controle jurisdicional da constitucionalidade material dos projetos de lei, a jurispru-

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dência do STF reconhece, excepcionalmente, que tem legitimidade para impetrar mandado de
segurança
a) o parlamentar ou o MP, em se tratando de proposta de emenda à CF ou projeto de lei tenden-
te a abolir cláusula pétrea.
b) qualquer cidadão ou o MP, se o projeto de lei tender a abolir cláusula pétrea.
c) apenas o MP, caso se trate exclusivamente de proposta de emenda à CF tendente a abolir
cláusula pétrea.
d) o parlamentar, para impugnar inconstitucionalidade formal no processo legislativo ou propo-
sição tendente a abolir cláusulas pétreas.
e) a mesa de qualquer uma das casas legislativas, para impugnar inconstitucionalidade formal
no processo legislativo ou proposta de emenda à CF tendente a abolir cláusulas pétreas.

Questão 27 (PGE-SE/PROCURADOR DO ESTADO/2017) Determinado estado da Federação


promulgou sua lei orçamentária anual, a qual teve sua constitucionalidade contestada em sede
de controle abstrato de constitucionalidade, sob o argumento de que ela não teria dado opor-
tunidade, na fase de elaboração do seu texto, de participação aos cidadãos, bem como que
teria desrespeitado os marcos temporais do ciclo orçamentário estabelecidos pela lei estadual
a que deu aplicação.
Quanto à situação hipotética apresentada, assinale a opção correta.
a) É admissível, segundo entendimento do STF, o controle abstrato de constitucionalidade de
lei orçamentária anual, independentemente do caráter abstrato ou concreto do seu objeto.
b) A constitucionalidade da lei em questão não poderia ter sido questionada, uma vez que o
orçamento participativo não tem previsão legal.
c) A constitucionalidade da lei em apreço foi corretamente questionada, pois os estados de-
vem cumprir o prazo de envio e devolução do projeto de lei orçamentária, sendo impedidos de
fixar outros marcos temporais.
d) A participação popular é prevista apenas na fase de discussão do projeto de lei orçamentá-
ria, não sendo extensiva à fase de elaboração do texto legal.
e) A declaração de inconstitucionalidade da lei possibilitará a aplicação de lei municipal suple-
mentar que verse sobre direito financeiro, mesmo que inexista interesse local.

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Questão 28 (DPU/DEFENSOR PÚBLICO/2017) A respeito da evolução histórica do constitu-


cionalismo no Brasil, das concepções e teorias sobre a Constituição e do sistema constitucio-
nal brasileiro, julgue o item a seguir.
Em relação ao exercício do controle de constitucionalidade pelo Poder Judiciário, o rol de ór-
gãos competentes para o exercício do controle abstrato é mais restrito que o de órgãos aptos
ao exercício do controle difuso.

Questão 29 (MP-RR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2017) Se um município de determinado es-


tado da Federação editasse lei que restringisse a competência investigativa do MP ao âmbito
daquele estado, e se, em consequência, os membros do parquet resolvessem questionar a lei
em sede de controle concentrado, então, nesse caso hipotético, seria cabível
a) o procurador-geral da República ajuizar intervenção federal no STF, alegando violação a prin-
cípio constitucional sensível.
b) o governador do estado ajuizar ADI no STF, alegando violação à CF.
c) a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público propor ADPF no STF, alegando
violação de prerrogativas constitucionais do MP pela lei municipal.
d) o procurador-geral de justiça ajuizar representação de inconstitucionalidade no âmbito do
tribunal de justiça estadual, alegando violação à CF.

Questão 30 (MP-RR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2017) Tendo em vista que, em grande medi-


da, o sistema de controle de constitucionalidade norte-americano serviu de inspiração inicial
ao modelo brasileiro, assinale a opção correta.
a) Depois do caso Marbury versus Madison, estabeleceu-se que a Suprema Corte norte-ameri-
cana é o único órgão judicial competente para apreciar a inconstitucionalidade de leis.
b) O modelo norte-americano de controle de constitucionalidade é classificado em concreto,
incidental e preventivo.
c) A Constituição norte-americana prevê expressamente ser competência do Poder Judiciário
declarar a inconstitucionalidade de leis.
d) Para o relator do caso norte-americano conhecido como Marbury versus Madison, lei in-
compatível com a Constituição deve ser considerada nula.

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Questão 31 (MP-RR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2017) A respeito do poder constituinte, assi-


nale a opção correta.
a) É possível a realização de controle de constitucionalidade das normas constitucionais origi-
nárias em razão de princípios de justiça substantiva subjacentes ao texto constitucional.
b) Propostas de emenda à CF não podem sofrer controle de constitucionalidade preventivo em
razão de seu conteúdo.
c) Uma nova Constituição não pode ter eficácia retroativa média e máxima, ainda que assim
nela esteja expresso.
d) O poder constituinte originário pode limitar os proventos de aposentadoria que sejam perce-
bidos em desacordo com a CF, não sendo oponível, nesse caso, a alegação de direito adquirido.

Questão 32 (PREFEITURA DE BELO HORIZONTE/PROCURADOR MUNICIPAL/2017) À


luz do entendimento do STF, assinale a opção correta, a respeito do controle de constitu-
cionalidade.
a) Admite-se reclamação para o STF contra decisão relativa à ação direta que, proposta em
tribunal estadual, reconheça a inconstitucionalidade do parâmetro de controle estadual em
face da CF.
b) Lei municipal poderá ser objeto de pedido de representação de inconstitucionalidade, mas
não de arguição de descumprimento de preceito fundamental.
c) Ato normativo editado por governo de estado da Federação que proíba algum tipo de ser-
viço de transporte poderá ser questionado mediante ação declaratória de constitucionalidade
no STF.
d) Súmula vinculante poderá ser cancelada ou revista se demonstradas modificação substan-
tiva do contexto político, econômico ou social, alteração evidente da jurisprudência do STF ou
alteração legislativa sobre o tema.

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Questão 33 (PREFEITURA DE BELO HORIZONTE/PROCURADOR MUNICIPAL/2017) De


acordo com o previsto na CF e considerando a jurisprudência do STF, assinale a opção correta,
a respeito do controle de constitucionalidade.
a) Em relação à ADI interventiva, a intervenção estadual em município será possível quando o
Poder Judiciário verificar que ato normativo municipal viola princípio constitucional sensível
previsto na Constituição estadual.
b) Turma do STF poderá deliberar sobre revisão de súmula vinculante pelo quórum qualificado
de dois terços de seus membros.
c) O CNJ, como órgão do Poder Judiciário, tem competência para apreciar a constitucionali-
dade de atos administrativos.
d) O ingresso como amicus curiae em ADI independe da demonstração da pertinência temá-
tica entre os objetivos estatutários da entidade requerente e o conteúdo material da norma
questionada.

Questão 34 (PC-MT/DELEGADO DE POLÍCIA/2017) Uma proposta de emenda constitucional


tramita em uma das casas do Congresso Nacional, mas determinados atos do seu proces-
so de tramitação estão incompatíveis com as disposições constitucionais que disciplinam o
processo legislativo.
Nessa situação hipotética, segundo o entendimento do STF, terá legitimidade para impetrar
mandado de segurança a fim de coibir os referidos atos
a) partido político.
b) governador de qualquer estado da Federação, desde que este seja afetado pela matéria da
referida emenda.
c) o Conselho Federal da OAB.
d) o procurador-geral da República.
e) parlamentar federal.

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Questão 35 (PREFEITURA DE BELO HORIZONTE/PROCURADOR MUNICIPAL/2017) Acer-


ca dos direitos fundamentais, do regime jurídico aplicável aos prefeitos e do modelo federal
brasileiro, julgue o item que se segue.
Não se admite o manejo de reclamação constitucional contra ato administrativo contrário a
enunciado de súmula vinculante durante a pendência de recurso interposto na esfera adminis-
trativa. Todavia, esgotada a via administrativa e judicializada a matéria, a reclamação consti-
tucional não obstará a interposição dos recursos eventualmente cabíveis e a apresentação de
outros meios admissíveis de impugnação.

Questão 36 (PREFEITURA DE BELO HORIZONTE/PROCURADOR MUNICIPAL/2017) A res-


peito do poder constituinte, julgue o item a seguir.
De acordo com o STF, cabe ação direta de inconstitucionalidade para sustentar incompatibili-
dade de diploma infraconstitucional anterior em relação à Constituição superveniente.

Questão 37 (PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA/2017) Tendo em vista que a petição inicial de


arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) dirigida ao STF deverá conter,
entre outros requisitos, a indicação do ato questionado, assinale a opção correta acerca do
cabimento dessa ação constitucional.
a) Não cabe ADPF sobre atos normativos já revogados.
b) Cabe ADPF sobre decisão judicial transitada em julgado.
c) Se uma norma pré-constitucional já fosse inconstitucional no regime constitucional anterior
e existisse um precedente do STF que reconhecesse essa inconstitucionalidade, caberia ADPF
contra essa norma pré-constitucional.
d) Não cabe ADPF sobre ato normativo municipal.
e) Cabe ADPF sobre ato de efeitos concretos como decisões judiciais.

Questão 38 (PGE-AM/PROCURADOR DO ESTADO/2016) Com relação aos mecanismos de


defesa da CF e das Constituições estaduais, julgue o item a seguir.
Ante a constatação de que determinada lei municipal contraria princípio de intervenção (prin-
cípio sensível) presente tanto na CF como na Constituição estadual, o governador do estado

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poderá ajuizar ação de controle abstrato de normas tanto em relação à CF, perante o STF, como
em relação à Constituição estadual, perante o respectivo tribunal de justiça.

Questão 39 (PGE-AM/PROCURADOR DO ESTADO/2016) Com relação aos mecanismos de


defesa da CF e das Constituições estaduais, julgue o item a seguir.
Decreto legislativo editado pelo Poder Legislativo para sustar ato normativo do Poder Exe-
cutivo por exorbitância do poder regulamentar pode ser apreciado em controle abstrato de
normas, oportunidade em que o tribunal competente deverá analisar se tal ato normativo
efetivamente extrapolou a lei objeto de regulamentação para, somente depois disso, decidir
sobre a constitucionalidade do referido decreto legislativo.

Questão 40 (PGE-AM/PROCURADOR DO ESTADO/2016) Julgue o item que se segue, acerca


do poder de auto-organização atribuído aos estados-membros no âmbito da Federação bra-
sileira.
Ao instituir sistema estadual de controle abstrato de normas, o estado não estará obrigado a
prever em sua Constituição um rol de legitimados para a ação necessariamente equivalente
àquele previsto para o controle abstrato de normas no STF.

Questão 41 (TJDFT/JUIZ DE DIREITO/2015) A respeito do Poder Judiciário e considerando o


entendimento do STF, assinale a opção correta.
a) Por meio de emenda constitucional, passou-se a admitir o fracionamento da execução
para requisição de pequeno valor, a fim de facilitar o pagamento de dívidas pelo poder público.
b) No julgamento de deputado federal por crime doloso contra a vida, prevalece a competên-
cia do STF sobre a do tribunal do júri por força de norma constitucional especial.
c) Em local onde não houver vara da justiça do trabalho, os processos de matérias trabalhistas
deverão ser julgados pelo juiz federal da respectiva região, com recurso para o respectivo TRF.
d) Caso o governo do DF edite lei, derivada de sua competência legislativa municipal, que
afronte determinado dispositivo da CF, caberá, contra tal lei, ADI perante o STF.
e) A garantia de inamovibilidade, prevista na CF, alcança juízes e desembargadores titulares,
mas não se estende a juízes substitutos.

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Questão 42 (TJDFT/JUIZ DE DIREITO/2015) A respeito do Poder Judiciário, do controle de


constitucionalidade e das funções essenciais à justiça, assinale a opção correta considerando
a CF e a jurisprudência do STF.
a) Se o resultado de uma eleição para a presidência de um tribunal de justiça estadual for
questionado judicialmente, competirá à procuradoria-geral do estado a representação do tri-
bunal de justiça para defender o ato impugnado.
b) O CNJ, além de suas atribuições de natureza administrativa, detém competência para apre-
ciar a constitucionalidade de atos administrativos, por estar incluído entre os órgãos do Poder
Judiciário brasileiro.
c) A ADPF é instrumento adequado para pedir interpretação, revisão e cancelamento de sú-
mula vinculante.
d) Os efeitos de súmula vinculante editada pelo STF em razão de pacificação de controvérsia
judicial transcendem o Poder Judiciário e alcançam os Poderes Legislativo e Executivo.
e) O MP junto ao TCU integra o MPU e detém os mesmos direitos e prerrogativas concedidos
ao MPF.

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Que tal esquematizarmos as hipóteses pelas quais uma lei municipal pode ser questionada
perante o TJ e o STF, dentro do controle difuso e do concentrado?
Vamos lá:

Sistema de controle Controle realizado pelo TJ Controle realizado pelo STF


Será possível pelas vias É possível via
Lei munici-
Lei municipal x CF ordinárias. Ex.: ação de recurso extraordi-
pal x CF
conhecimento. nário (RE).
Pode ser feito
contra decisão pro-
Controle difuso
Será possível pelas vias ferida em ADI Esta-
Lei munici-
Lei municipal x CE ordinárias. Ex.: ação de dual, desde que a
pal x CE
conhecimento. norma da CE seja
repetição de texto
previsto na CF.
Cabe ADI Estadual,
Só é possível por
desde que se trate de Lei munici-
Lei municipal x CF meio da ADPF,
norma de repetição pal x CF
Controle concentrado nunca da ADI.
obrigatória.
Lei munici-
Lei municipal x CE Cabe ADI Estadual. ------
pal x CE

Voltando à questão, sim, a situação narrada autoriza o controle concentrado diretamente no


STF (por meio da ADPF) ou perante o TJ (ADI Estadual).
Desse modo, o item está certo.

Questão 39 (PGE-AM/PROCURADOR DO ESTADO/2016) Com relação aos mecanismos de


defesa da CF e das Constituições estaduais, julgue o item a seguir.
Decreto legislativo editado pelo Poder Legislativo para sustar ato normativo do Poder Exe-
cutivo por exorbitância do poder regulamentar pode ser apreciado em controle abstrato de
normas, oportunidade em que o tribunal competente deverá analisar se tal ato normativo
efetivamente extrapolou a lei objeto de regulamentação para, somente depois disso, decidir
sobre a constitucionalidade do referido decreto legislativo.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO TOCANTINS
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL II
Prof. Fabian Serejo Santana
NOÇÕES PRELIMINARES

Ideia de controle Ideia de controle


mecanismos mecanismos que controlam os atos normativos
verificando sua adequação aos preceitos previstos na “Lei
Maior”.
Requisitos essencias
Requisitos essenciais:
- Contituição rígida:1) processo mais ou menos dificultoso;
2) escalonamento normativo – CF é o grau máximo, uma
norma de validade para as demais.
- Órgão de controle: competência para resolver os problemas
de constitucionalidade.

Princípio da supremacia Princípio da supremacia da Constituição


da Constituição • Constituição é “pedra angular” (Pinto Ferreira
• a lei suprema do Estado.
• Compatibilidade vertical das normas da ordenação
jurídica de um pais.
• Normas incompatíveis são inválidas

Espécies de 2. Espécies de inconstituicionalidade


insconstitucionalidade

2.1 Inconstitucionalidade por ação e por omissão


- Por ação e omissão
• saber se uma norma infraconstitucional padece de
vício de inconstitucionalidade.
• Por ação (positiva ou por atuação):
-- Por ação incompatibilidade vertical dos atos inferiores;
o Formal ou nomodinâmica (processo legislativo)
o Material ou nomoestática (vício da matéria,
conteúdo, substância)
• Por omissão: decorrente da inércia legislativa na
regulamentação de normas constitucionais de eficácia
-- Por omissão limitada.
• Para Canotilho: inconstitucionalidade por ação
pressupõe a existência de normas inconstitucionais; a
-- Canotilho: inconstitucionalidade por omissão pressupõe a
existência e silêncio “violação da lei constitucional pelo silêncio legislativo
(violação por omissão)”.

2
- Vicio formal 2.2 - Vício formal
• a lei ou ato normativo infraconstitucional contém algum
vício em sua “forma”, ou seja, no processo de
formação.
• Canotilho: viciado é o ato nos seus pressupostos, no
seu procedimento de formação, na sua forma final.

2.2.1 inconstitucionalidade orgânica: inobservância da


inconstitucionalidade competência legislativa para a elaboração do ato.
orgânica Ex.: é inconstitucional lei municipal que discipline o uso do
cinto de segurança, já que se trata de competência da União,
nos termos do art. 22, XI, legislar sobre trânsito e transporte.

2.2.2 inconstitucionalidade formal propriamente dita:


inobservância do devido processo legislativo.
inconstitucionalidade
formal propriamente • Vicio subjetivo: na fase de iniciativa: ex.: leis de
dita iniciativa exclusiva (reservada) do Presidente da
República, como as que fixam ou modificam os
- Vicio subjetivo: na efetivos das Forças Armadas, conforme o art. 61, §
fase de iniciativa 1.º, I, da CF/88, proposta por deputado federal /
inconstitucional – vicio formal subjetivo insanával.
• Vício formal objetivo: verificado nas demais fases do
- Vício objetivo: nas processo legislativo. Ex. 1: lei complementar sendo
outras fases do votada por um quorum de maioria relativa. Ex.2 : PEC
processo votada com quorum diferente do previsto no art. 60, §
2º (3/5 em cada Casa e em 2 turnos de votação).

2.2.3 inconstitucionalidade formal por violação a


pressupostos objetivos do ato normativo: para Canotilho
elementos determinantes de competência dos órgãos
inconstitucionalidade legislativos em relação a certas matérias:
formal por violação a
pressupostos Ex.: 1 - edição de medida provisória sem a observância
objetivos do ato dos requisitos da relevância e urgência (art. 62, caput) ou
normativo a criação de Municípios por lei estadual sem a observância
dos requisitos do art. 18, § 4º; 2 - ADI 2.240, na qual se
Exemplos: MP sem discutia a constitucionalidade da lei baiana n. 7.619/2000,
observância dos que criou o Município de Luís Eduardo Magalhães, sem a
requisitos de urgência total observância dos pressupostos fixados no art. 18, § 4º.
e relevância

2.2 Vício material (de conteúdo, substancial ou


doutrinário): quando ato normativo afrontar qualquer
preceito ou princípio da Lei Maior deverá ser declarado
inconstitucional, por possuir um vício material.
- Vício material (de
3
conteúdo, substancial
ou doutrinário) Também conhecida como nomoestática.

Ex. O confronto de uma regra constitucional. Fixação


Tb conhecida: da remuneração de uma categoria de servidores
nomoestática públicos acima do limite constitucional (art. 37, XI).

Obsevação: uma lei pode padecer somente de vício formal,


somente de vício material, ou ser duplamente inconstitucional
por apresentar tanto o vício formal como o material.

3 - MOMENTOS DE CONTROLE

3. Momentos de
controle

- prévio ou preventivo

- posterior ou
repressivo

MOMENTOS DE CONTROLE
3.1 Controle prévio 3.1 - Controle prévio ou preventivo
ou preventivo • Controle realizado durante o processo legislativo de
- Legislativo, formação do ato normativo
Excutivo e Judiciário • Quem faz? Legislativo, Executivo e Judiciário.

3.1.1 - Legislativo 3.1.1 Legislativo


• Comissões de constituição e justiça: verifica se projeto
- Câmara e Senado: de lei, que poderá virar lei, contém algum vício a ensejar
comissão de a inconstitucionalidade .
constituição e justiça • Art. 32, IV, do Regimento Interno da Câmara dos
Deputados – pela CCJ e Cidadania).
- verifica existência • No Senado: art. 101 do Regimento Interno: CCJ.
de vicio de • Importante: Regimento Interno do Senado: art. 101, § 2º
inconstitucionalidade - inconstitucionalidade parcial – possível oferecer
emenda corrigindo o vício; mas, regra geral, §1º -
- do parecer caberá comissão pode emitir parece pela inconstitucionalidade e
4
recurso injuridicidade, que será arquivada definitivamente, se o
parecer for unânime, não sendo, caberá recurso (Art.
254 RI). Na Câmara, art. 54, RI, o parecer é terminativo,
mas cabe recurso para o plenário da Casa (art. 132, §
2º, § 2º; e 164, § 2º, do RI).
3.1.2 Executivo

3.1.2 – Executivo • Pelo Presidente – sancionar ou vetar;


- veto do presidente • Se vetar, ocorre o controle de constitucionalidade prévio
ou preventivo
3.1.3 Judiciário
3.1.3 - Legislativo
• Entendimento do STF: pode ocorrer quando existir
vedação na própria Constituição ao trâmite da espécie
- por parlamentar normativa.
- direto-função • Trata-se de um‘direito-função’ do parlamentar de
participar de um processo legislativo juridicamente hígido
(devido processo legislativo).
• Cláusulas pétreas: § 4º do art. 60 da Constituição
- CF veda deliberação Federal veda a deliberação de emenda tendente a abolir
sobre cláusula os bens protegidos em seus incisos.
pétreas • controle exercido, no caso concreto, pela via de exceção
ou defesa – exclusivo de parlamentar.
• STF negou a legitimidade ativa ad causam a terceiros,
que não ostentem a condição de parlamentar.

3.2 Controle posterior ou repressivo


• Será realizado sobre a lei, e não mais sobre o projeto de
Controle posterior lei, como ocorre no controle preventivo;
- realizado sobre a lei • os órgãos de controle verificarão se a lei, ou ato
normativo, ou qualquer ato com indiscutível caráter
- exercido por órgãos normativo, possuem um vício formal, ou em seu
de controle conteúdo (vício material).

- - Político – • Os órgãos podem: político, jurisdicional ou híbrido


jurisdicional ou 3.2.1 Controle político: exercido por um órgão distinto dos
híbrido três Poderes, órgão esse garantidor da supremacia da
Constituição – comum em países da Europa (Cortes ou
3.2.1 Controle político
Tribunais Constitucionais).
Observação: Barroso entende que o veto do Executivo
a projeto de lei por entendê-lo inconstitucional (veto
jurídico) bem como a rejeição de projeto de lei na CCJ
seriam exemplos de controle político.
3.2.2 Controle jurisdicional: exercido pelo Poder Judiciário,
tanto através de um único órgão (controle concentrado)
3.2.2 – controle como por qualquer juiz ou tribunal (controle difuso).
jurisdicional - O Brasil adotou o sistema jurisdicional misto,
porque realizado pelo Poder Judiciário – na forma
5
concentrada (STF) ou por qualquer juíz (controle3
difuso).
3.2.3 Híbrido: quando ocorrer uma mistura dos outros dois
- adotado pelo Brasil sistemas acima noticiados.
3.3 Exceção à regra geral do controle jurisdicional
posterior ou repressivo: em regra, é exercido pelo poder
judiciário, mas há hipóteses de controle posterior ou
- exceções ao repressivo pelo Poder Legislativo e pelo Poder Executivo.
controle jurisdicional
3.3.1 Pelo poder Legislativo

- Legislativo

• art. 49, V, da CF/88, estabelece ser competência


exclusiva do Congresso Nacional sustar os atos
normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.
• Art. 84, IV: competência exclusiva do Presidente da
República expedir decretos e regulamentos para a fiel
execução da lei;
• Obs: trata-se de controle de legalidade e não de
inconstitucionalidade, como apontado por parte da
doutrina, pois o que se verifica é em que medida o
decreto regulamentar extrapolou os limites da lei;
• Quando presidente extrapolar limites estabelecidos
pelo Congresso para elaboração de lei delegada (art.
68, CF)
• Art. 62 da CF/88: competência do presidente para
editar medidas provisórias em caso de relevência e
urgência, devendo submetê-las ao Congresso, que
poderá derrubá-la se entender pela
inconstitucionalidade.

3.3.2 Pelo poder Executivo


• Importante: quando a lei é inconstitucional, devem os
Poderes necessariamente aplicá-la, ou podem, sem
qualquer formalidade, deixar de cumpri-la sob o
fundamento de violação da Constituição?
• Antes da CF88, a doutrina e jurisprudência consolidaram
- Executivo o entendimento de que o Chefe do Executivo poderia
deixar de aplicar uma lei por entende-la inconstitucional,
cabendo-lhe, ainda, baixar determinação, enquanto
superior hierárquico, para que os seus subordinados
também não cumprissem a lei.
6
• Com a CF 88 entende-se que a tese a ser adotada é a
da possibilidade de descumprimento da lei
inconstitucional pelo Chefe do Executivo:
• 1) entre os efeitos do controle concentrado está a
vinculação dos demais órgãos do Poder Judiciário e
do Executivo (art. 28, parágrafo único, da Lei n.
9.868/99 e art. 102, § 2º, da CF/88 — EC n. 45/2004).
• 2) decorre dos efeitos da súmula vinculante (Reforma
do Judiciário), que, uma vez editada, vinculará a
Administração Pública, sob pena de responsabilidade
civil, administrativa e penal (art. 64-B da Lei n. 9.784/99,
introduzido pela Lei n. 11.417/2006).

3.3.3 Controle posterior ou repressivo exercido pelo TCU
• art. 71 da CF/88, o TCU auxilia o Congresso
Nacional no controle externo.
• ao exercer as suas atividades poderá, sempre no
caso concreto e de modo incidental, apreciar a
constitucionalidade de uma lei e, se for o caso,
- pelo TCU deixar de aplicá-la.
• Súmula 347/STF: “o Tribunal de Contas, no
exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do Poder
Público”.

4. SISTEMAS E VIAS DE CONTROLE JUDICIAL

• verifica-se que, regra geral, o sistema difuso é exercido


pela via incidental, destacando-se, aqui, a experiência
norte-americana, que, inclusive, influenciou o surgimento
do controle difuso no Brasil.
• por regra, o sistema concentrado é exercido pela via
principal, como decorre da experiência austríaca e se
verifica no sistema brasileiro.
• No direito brasileiro, como exceção à regra do controle

7
concentrado e abstrato de constitucionalidade, podemos
pensar em situação na qual o controle será concentrado
(em órgão de cúpula, com competência originária), mas
incidental, discutindo-se a questão de constitucionalidade
como questão prejudicial ao objeto principal da lide.
• Ex. 1) o controle concentrado e incidental, então,
destacamos o art. 102, I, “d”, que estabelece ser
competência originária do STF processar e julgar o
habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas
referidas nas alíneas anteriores;
• Ex. 2) controle prévio ou preventivo exercido pelo
parlamentar, mediante impetração de mandado de
segurança para ver respeitado o devido processo
legislativo.

5. CONTROLE DIFUSO

• O controle difuso, repressivo, ou posterior, é também


chamado de controle pela via de exceção ou defesa,
ou controle aberto, sendo realizado por qualquer juízo
ou tribunal do Poder Judiciário.
• verifica-se em um caso concreto
• a declaração de inconstitucionalidade dá-se de forma
incidental (incidenter tantum), prejudicialmente ao exame
do mérito.

5.1 Controle difuso nos tribunais e a cláusula de reserva de


plenário (art. 97, CF/88)
• Observadas as regras do processo civil, a parte
sucumbente poderá devolver a análise da matéria ao
tribunal ad quem;
• No tribunal competente o processo é distribuído para
uma turma, câmara ou seção (depende da organização
interna do tribunal a ser estabelecida em seu regimento
interno);
• Existindo questionamento incidental sobre a
constitucionalidade de lei ou ato normativo, suscita-se
uma questão de ordem e a análise da
constitucionalidade da lei é remetida ao pleno, ou órgão
especial do tribunal, para resolver aquela questão
suscitada.
• Reserva de plenário: o art. 97 da CF/88 estabelece
que somente pelo voto da maioria absoluta de seus
membros ou dos membros do respectivo órgão
especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público. Esta regra é chamada cláusula de reserva de
plenário.
8
• A regra do art. 97 destaca-se como verdadeira condição
de eficácia jurídica da própria declaração de
inconstitucionalidade dos atos do Poder Público.
• Importante: Súmula 10/STF: “Viola a cláusula de
reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão
fracionário de tribunal que, embora não declare
expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do poder público, afasta sua incidência, no
todo ou em parte”.
• Fundamentado no princípio da economia processual e
da segurança jurídica, entendimento de que a dispensa
do procedimento do art. 97 toda vez que já haja decisão
do órgão especial ou pleno do tribunal, ou do STF, o
guardião da Constituição sobre a matéria.

6. EFEITOS DA DECISÃO

6.1 Para as partes


• produz efeitos pretéritos, atingindo a lei desde a sua
edição, tornando-a nula de pleno direito. Produz,
portanto, efeitos retroativos.
• No controle difuso, para as partes os efeitos serão: a)
inter partes e b) ex tunc.
• STF já entendeu que, mesmo no controle difuso,
poder-se-á dar efeito ex nunc ou pro futuro.
• O leading case foi o julgamento do RE 197.917, pelo
qual o STF reduziu o número de vereadores do
Município de Mira Estrela de 11 para 9 e determinou
que a aludida decisão só atingisse a próxima
legislatura (cf. íntegra do voto em Inf. 341/STF, Rel.
Min. Maurício Corrêa).
• Para Gilmar Mendes, o sistema difuso ou incidental
de controle de constitucionalidade admite a
mitigação dos efeitos da declaração de
inconstitucionalidade e, em casos determinados,
acolheu até mesmo a pura declaração de
inconstitucionalidade com efeito exclusivamente pro
futuro.

6.2 - Para terceiros (art. 52, X)


• Declarada inconstitucional a lei pelo STF, no controle
difuso, desde que tal decisão seja definitiva e
deliberada pela maioria absoluta do pleno do tribunal
(art. 97 da CF/88), o art. 178 do Regimento Interno do
STF (RISTF) estabelece que será feita a comunicação,
logo após a decisão, à autoridade ou órgão
9
interessado, bem como, depois do trânsito em julgado,
ao Senado Federal, para os efeitos do art. 52, X, da
CF/88.
• O art. 52, X, da CF/88, por sua vez, estabelece ser
competência privativa do Senado Federal,
mediante o instrumento da resolução, suspender a
execução, no todo ou em parte, de lei declarada
inconstitucional por decisão definitiva do STF.
• art. 386 do Regimento Interno do Senado Federal: o
Senado conhecerá da declaração, proferida em
decisão definitiva pelo STF, de inconstitucionalidade,
total ou parcial, de lei mediante: a) comunicação do
Presidente do Tribunal; b) representação do
Procurador-Geral da República; c) projeto de resolução
de iniciativa da Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania.
6.2. Amplitude do art. 52, X
• A suspensão pelo Senado Federal poderá dar-se em
relação a leis federais, estaduais, distritais ou mesmo
municipais que forem declaradas inconstitucionais pelo
STF, de modo incidental, no controle difuso de
constitucionalidade.
• No caso de lei municipal ou lei estadual confrontadas
perante a Constituição Estadual, deve o Tribunal de
Justiça ou Tribunal de Alçada, após declarar a
inconstitucionalidade, remeter essa declaração à
Assembleia Legislativa para que esta suspenda a
execução da lei;
6.3 - A expressão “no todo ou em parte”
• A expressão “no todo ou em parte” deve ser
interpretada como sendo impossível o Senado
Federal ampliar, interpretar ou restringir a extensão
da decisão do STF.
• Se toda a lei foi declarada inconstitucional pelo STF,
em controle difuso, de modo incidental, se entender o
Senado Federal pela conveniência da suspensão da
lei, deverá fazê-lo “no todo”, vale dizer, em relação a
toda a lei que já havia sido declarada inconstitucional,
não podendo suspender menos do que o decidido
pela Excelsa Corte.
6.4 Efeitos propriamente ditos

• Desde que o Senado Federal suspenda a


execução, no todo ou em parte, da lei levada a
controle de constitucionalidade de maneira
incidental e não principal, a referida suspensão
atingirá a todos, porém valerá a partir do momento
10
que a resolução do Senado for publicada na Imprensa
Oficial.
• suspender a execução de algo que vinha
produzindo efeitos significa dizer que se suspende a
partir de um momento, não fazendo retroagir para
atingir efeitos passados.
• os efeitos serão erga omnes, porém ex nunc, não
retroagindo.
• Destaca-se o art. 1º, § 2º, do Decreto n. 2.346/97,
que, expressamente, fixa a produção de efeitos ex
tunc para a Resolução do Senado Federal em
relação, exclusivamente, à Administração Pública
Federal direta e indireta.

3. CONTROLE CONCENTRADO
• O controle concentrado de constitucionalidade de lei
ou ato normativo recebe tal denominação pelo fato de
“concentrar-se” em um único tribunal.

ADI GENÉRICA
- Nome • Nome: Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica
- Objetivo • Obejtivo da ADI genérica: o controle de constitucionalidade de ato
normativo em tese, abstrato, marcado pela generalidade,
- Objeto impessoalidade e abstração.
• Finalidade:
o saber se a lei (lato sensu) é inconstitucional ou não,
manifestando-se o Judiciário de forma específica sobre o
aludido objeto.
o expurgar do sistema lei ou ato normativo viciado (material ou
formalmente), buscando-se, por conseguinte, a invalidação da
lei ou ato normativo.
• Objeto: no controle concentrado a representação de
inconstitucionalidade, em virtude de ser em relação a um ato
normativo em tese, tem por objeto principal a declaração de
inconstitucionalidade da lei ou ato normativo impugnado.

Leis
• Que lei? todas as espécies normativas do art. 59 da CF/88,

11
quais sejam: emendas à Constituição, leis complementares, leis
ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos
legislativos e resoluções.

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:


I – emendas à Constituição;
II – leis complementares;
III – leis ordinárias;
IV – leis delegadas;
V – medidas provisórias;
VI – decretos legislativos;
VII – resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração,
redação, alteração e consolidação das leis.

Atos normativos
• Segundo Alexandre de Moraes, podem ser: a) resoluções
administrativas dos tribunais; b) atos estatais de conteúdo
meramente derrogatório, como as resoluções administrativas, desde
que incidam sobre atos de caráter normativo.
• Castanheira A. Neves: observa que poderá ser objeto de controle
qualquer “ato revestido de indiscutível caráter normativo”
• Podem, também, ser objeto de controle de constitucionalidade:
➢ Deliberações administrativas dos órgãos judiciários;
➢ As deliberações dos Tribunais Regionais do Trabalho judiciários
que determinam o pagamento a magistrados e servidores das
diferenças de plano econômico (precedente: STF, ADI 681/DF,
Rel. Min. Néri da Silveira, reconhecendo o seu caráter
normativo), salvo as convenções coletivas de trabalho;
➢ Resolução do Conselho Interministerial de Preços — CIP (STF,
Pleno, ADI 8- 0/DF, Rel. Min. Carlos Velloso), que concedeu
aumento de preço aos produtos farmacêuticos, permitindo,
portanto, a verificação de sua compatibilidade com a Constituição
Federal.
8.3 Súmulas
• ADI 594-DF: só podem ser objeto de controle perante o STF
leis e atos normativos federais ou estaduais.
• Súmula de jurisprudência não possui o grau de normatividade
qualificada, não podendo, portanto, ser questionada perante o
STF através do controle concentrado.
• Súmula vinculante, pode ser objeto de ADI? A EC n.
45/2004 fixou a possibilidade de o STF, de ofício ou por
provocação, mediante decisão de 2/3 dos seus membros,
após reiteradas decisões sobre matéria constitucional,
aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa
oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos
do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (art. 103 -
A).
• CF, art. 103-A, § 2º: possibilidade de, sem prejuízo do que vier
a ser estabelecido em lei, proceder-se à aprovação, revisão
ou cancelamento de súmula, mediante provocação daqueles
que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.
• Assim, tendo em vista o fato de a súmula não ser marcada

12
pela generalidade e abstração, diferentemente do que
acontece com as leis, não se pode aceitar a técnica do
“controle de constitucionalidade” de súmula, mesmo no
caso da súmula vinculante.
• O que existe é um procedimento de revisão pelo qual se
poderá cancelar a súmula. O cancelamento desta significará
a não mais aplicação do entendimento que vigorava.
• Procedimento de aprovação, revisão ou cancelamento de
súmula vinculante é disciplinado pela Lei n. 11.417/2006.

Emendas constitucionais
• Podem ser objeto de controle, embora introduzam no
ordenamento normas de caráter constitucional.
• O processo de emendas é a manifestação do poder constituinte
derivado reformador, que deve observar os limites impostos e
estabelecidos pelo porder constituinte originário, como
decorre da observância às regras do art. 60 da CF/88. Assim,
desobedecendo aos referidos limites, inevitável declarar
inconstitucional a emenda que introduziu uma alteração no texto
constitucional.
• O poder constituinte derivado revisor (art. 3º, ADCT) assim
como o reformador (art. 60, CF/88) e o decorrente (art. 25,
CF/88 — Constituições estaduais), é fruto do trabalho de
criação do originário, estando, portanto, a ele vinculado. É,
ainda, um “poder” condicionado e limitado às regras instituídas
pelo originário, sendo, assim, um poder jurídico.

Medidas provisórias
• Em regra, somente o ato estatal de conteúdo normativo, em plena
vigência, pode ser objeto do controle concentrado de
constitucionalidade.
• Medida provisória tem força de lei, portanto, poderá ser objeto de
controle, já que ato estatal, em plena vigência.
• Caso tenha sido proposta ADI e antes de ser julgada venha a MP
perder sua validade? convertida em lei, ou tendo perdido a sua
eficácia por decurso de prazo, nos termos do art. 62, § 3º, da CF/88
(vd. EC n. 32/2001 sobre tramitação das MPs) considerar-se- á
prejudicada a ADI pela perda do objeto da ação.

O fenômeno da recepção
• Conforme RI do STF, não cabe ADI para questionar validade de
lei revogada na vigência de regime constitucional anterior.
• Então, como deverá ser a verificação da constitucionalidade
de lei ou ato normativo anterior à Constituição?
• Todo ato normativo anterior à Constituição (“AC”) não pode ser
objeto de controle. O que se verifica é se foi ou não
recepcionado pelo novo ordenamento jurídico.
• Quando for compatível, será recebido, recepcionado. Quando
não, não será recepcionado e, portanto, será revogado pela nova
ordem, não se podendo falar em inconstitucionalidade
superveniente.
• Assim, somente os atos editados depois da Constituição (“DC”) é
que poderão ser questionados perante o STF, através do
13
controle de constitucionalidade (ação direta de
inconstitucionalidade).
• Confrontar o exposto sobre o fenômeno da recepção com a
arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF),
estabelecida no art. 102, § 1º, da CF/88, regulamentada pela
Lei n. 9.882/99, que permitiu o controle de atos normativos
anteriores à Constituição (AC).
• OBSERCAÇÃO: Qual será o entendimento do STF sobre a
possibilidade de modulação dos efeitos da decisão em sede de
declaração de não recepção da lei pré-constitucional pela norma
constitucional superveniente, aplicando-se, por analogia, o art.
27 da Lei n. 9.868/99. Em alguns julgados que encontramos, na
relatoria do Min. Celso de Mello, não vem sendo admitida a
modulação dos efeitos (cf. RE-AgR 353.508, j. 15.07.2007).
Contudo, em divergência, o Min. Gilmar Mendes consignou a sua
posição como sendo perfeitamente possível. Nesse caso, cf. AI
582.280 AgR, voto do Min. Celso de Mello, j. 12.09.2006, DJ de
06.11.2006 — íntegra do voto no Inf. 442 /STF.

Competência e legitimidade
definida em conformidade com a natureza do objeto da ação, qual seja,
lei ou ato normativo: federal, estadual, municipal ou distrital. Vejamos as
hipóteses:
• Lei ou ato normativo federal ou estadual em face da CF. O
art. 102, I, “a”, da CF/88 - compete ao STF, precipuamente, a
guarda da Constituição, cabendo-lhe processar e julgar,
originariamente, a ação direta de inconstitucionalidade (ADI)
de lei ou ato normativo federal ou estadual. Trata-se de controle
concentrado, sendo a ação proposta diretamente no STF, de
forma originária.
• Lei ou ato normativo estadual ou municipal em face da CE:
art. 125, § 2º, da CF/88 - caberá aos Estados a instituição de
representação de inconstitucionalidade de leis ou atos
normativos estaduais ou municipais em face da CE, vedada a
atribuição da legitimação para agir a um único órgão. Ou seja,
cada Estado criará o seu sistema de controle concentrado de
constitucionalidade, mas agora de lei ou ato normativo estadual
ou municipal que contrariarem a Constituição do aludido Estado-
membro. Quem terá competência para o julgamento será o
Tribunal de Justiça do Estado (TJ). Vejamos o esquema: Lei
ou ato normativo estadual/municipal que contrariar a CE TJ
local.
• Lei ou ato normativo municipal em face da CF: nesse caso,
por falta de expressa previsão constitucional, seja no art. 102,
I, “a”, seja no art. 125, § 2º, inexistirá controle concentrado
por ADI. O máximo que pode ser feito é o controle via sistema
difuso, podendo a questão levada ao Judiciário, através do
recurso extraordinário, de forma incidental, ser apreciada pelo
STF e ter a sua eficácia suspensa, pelo Senado Federal, nos
exatos termos do art. 52, X.
• Nesse sentido, o STF, pela ADI 347-SP, corroborando o
entendimento acima exposto, suspendeu a eficácia do art. 74, XI,
da CE/SP, que dizia que o controle das leis municipais que
contrariassem a CF seria feito pelo TJ local.
• Em caso de haver repetição da norma da CF pela CE (normas
repetidas), o entendimento é o de que, apesar de incabível o
controle de constitucionalidade concentrado perante o STF (da
14
lei ou ato normativo municipal tendo por paradigma de confronto
a CF), será perfeitamente possível a realização do controle
concentrado perante o TJ local, confrontando-se a lei municipal
em face da CE que repetiu norma da CF, mesmo em caso de
norma da CE de repetição obrigatória e redação idêntica à norma
da CF (cf. STF, Rcl 383-SP, REMC 16.390-AL e Rcl 386-8/SC,
Rel. Min. Octavio Gallotti). Nesse caso destacamos a
possibilidade de cabimento de recurso extraordinário a ser
julgado pelo STF quando a norma que serviu de parâmetro
de controle da CE for norma de reprodução obrigatória,
repetida e copiada da CF.
• Confrontar, por fim, a discussão exposta acima com a arguição
de descumprimento de preceito fundamental, estabelecida no art.
102, § 1º, da CF/88, regulamentada pela Lei n. 9.882/99, que
admite referida ação tendo por objeto lei municipal perante a
CF/88!
• Resumo: Lei ou ato normativo municipal que contrariar a CF
.......não há controle concentrado através de ADI, só difuso. Há,
contudo, a possibilidade de ajuizamento da arguição de
descumprimento de preceito fundamental (ADPF) tendo por
objeto lei municipal confrontada perante a CF.

• Lei ou ato normativo distrital em face da CF/88: o poder


constituinte originário de 1988 deixou de fazer qualquer previsão
expressa ao controle de constitucionalidade das leis emanadas
do Legislativo do Distrito Federal.
• Apesar disso, o art. 32, § 1º, estabelece que ao Distrito Federal
são atribuídas as competências legislativas reservadas aos
Estados e Municípios. Assim, o controle concentrado a ser
exercido pelo STF será possível ou não, de acordo com a
natureza da norma constitucional elaborada pelo Distrito Federal.
• Esquema: Lei ou ato normativo distrital de natureza estadual
que contrariar a CF - STF; Lei ou ato normativo distrital de
natureza municipal que contrariar a CF - não há controle
concentrado através de ADI, só difuso. Há, contudo, a
possibilidade do ajuizamento da ADPF tendo por objeto lei ou ato
normativo distrital, de natureza municipal, confrontada perante a
CF.

• Lei ou ato normativo distrital em face da Lei Orgânica


Distrital: art. 32, caput, da CF/88, ao Distrito Federal é vedado
a sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica.
Indagamos, então: seria possível o controle concentrado de
lei ou ato normativo distrital, em face da Lei Orgânica
Distrital?
• Jurisprudência do TJDF: há julgados permitindo o referido
controle, corroborados pelo Regimento Interno do TJDF (arts.
206 a 209). Esse entendimento jurisprudencial passou a
encontrar expresso amparo legal. A Lei n. 9.868/99, que dispõe
sobre o processo e julgamento da ADI e da ADC perante o STF,
alterou a Lei de Organização Judiciária do Distrito Federal
(Lei n. 8.185/91), acrescentando a alínea “n” ao inciso I do art.
8º, que atribui competência ao TJ local para processar e
julgar, originariamente, a ADI de lei ou ato normativo do DF
em face da sua Lei Orgânica. A Lei n. 11.697/2008 (lei federal
que dispõe sobre a organização judiciária do Distrito Federal e
dos Territórios), revogou a lei 9.868/99 e manteve a competência

15
no art. 8º, I, “n” e, ainda, estabeleceu, na alínea “o”, a
atribuição para processar e julgar, originariamente, a ação
declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo
do Distrito Federal em face de sua Lei Orgânica.
• Nos termos do art. 8º, § 5º, da Lei n. 9.868/99, ficou mantida a
regra no sentido de se aplicar, no que couber, ao processo e
julgamento da ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Distrito Federal, em face da sua Lei Orgânica, as
normas sobre o processo e o julgamento da ação direta de
inconstitucionalidade perante o STF.
• Lei municipal em face da Lei Orgânica do Município: Nesse
caso não estaremos diante de controle de constitucionalidade,
mas de simples controle de legalidade, cujas regras deverão
ser explicitamente previstas na Lei Orgânica de cada
Município.
QUANTO À LEGITIMIDADE
• As partes legítimas para propositura da ação de
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou
municipais, contestados em face da CE, serão especificadas em
cada Constituição Estadual.
• CF/88, art. 103, que a ADI genérica, para questionar a
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual
contestados em face da própria CF, poderá ser proposta:
I - pelo Presidente da República;
II - pela Mesa do Senado Federal;
III - pela Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - pela Mesa de Assembleia Legislativa de Estado ou pela
Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V - pelo Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - pelo Procurador-Geral da República;
VII - pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - por partido político com representação no Congresso
Nacional;
IX - por confederação sindical ou entidade de classe de âmbito
nacional.
• STF prescreve que alguns legitimados devem demonstrar
interesse na aludida representação, em relação à sua finalidade
institucional. Todos os membros acima citados são neutros
ou universais, possuidores de legitimação ativa universal, ou
seja, não precisam demonstrar a pertinência temática,
exceto:
o Os dos incisos IV — Mesa de Assembleia Legislativa de
Estado (e, como vimos, também a Mesa da Câmara
Legislativa); V — Governador de Estado (também o
Governador do DF) e IX — confederação sindical ou
entidade de classe de âmbito nacional, que são autores
interessados ou especiais, ou seja, devem
demonstrar o interesse na propositura da ação
relacionado à sua finalidade institucional.

16
QUANTO AO PROCEDIMENTO
• O procedimento vem delimitado nos §§ 1º e 3º do art. 103 da
CF/88, explicitado nos arts. 169 a 178 do RISTF, bem como nas
regras trazidas pela Lei n. 9.868, de 10.11.1999, que dispõe
sobre o processo e julgamento da ação direta de
inconstitucionalidade e da ação declaratória de
constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal.
• A ação será proposta por um dos legitimados do art. 103 da
CF/88, que deverá indicar na petição inicial o dispositivo da lei ou
do ato normativo impugnado e os fundamentos jurídicos do
pedido em relação a cada uma das impugnações, bem como o
pedido, com suas especificações.

QUANTO AOS EFEITOS DA DECISÃO


• A ADI tem caráter dúplice ou ambivalente, pois, conforme
estabelece o art. 24 da Lei n. 9.868/99, proclamada a
constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou
procedente eventual ação declaratória e, no mesmo passo,
proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a
ação direta ou improcedente eventual ação declaratória.
• De modo geral, a decisão no controle concentrado produzirá
efeitos contra todos, ou seja, erga omnes, e também terá
efeito retroativo, ex tunc, retirando do ordenamento jurídico o
ato normativo ou lei incompatível com a Constituição. Trata- se,
portanto, de ato nulo.
• No entanto, acompanhando o direito alemão e o português, entre
outros, a Lei n. 9.868/99, em seu art. 27, introduziu a técnica da
declaração de inconstitucionalidade sem a pronúncia de
nulidade. Nesse sentido, ao declarar a inconstitucionalidade de
lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança
jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o STF,
por maioria qualificada de 2/3 de seus membros, restringir
os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha
eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento
que venha a ser fixado. Ou seja, diante de tais requisitos, o STF
poderá dar efeito ex nunc.
• Além da eficácia contra todos (erga omnes), já comentada, o
parágrafo único do art. 28 da Lei n. 9.868/99 estabelece que a
decisão também terá efeito vinculante.
• Para as provas de concurso, adotar o entendimento de que a
declaração de inconstitucionalidade no controle
concentrado, em abstrato, em tese, marcada pela
generalidade, impessoalidade e abstração, faz instaurar um
processo objetivo, sem partes, no qual inexiste litígio
referente a situações concretas ou individuais (RTJ 147/31,
Rel. Min. Celso de Mello), tornando os atos inconstitucionais
nulos e, por consequência, destituídos de qualquer carga de
eficácia jurídica, com alcance, de modo vinculado e para todos,
sobre os atos pretéritos, fazendo com que, para se ter uma ideia
da amplitude desses efeitos, por exemplo, a declaração de
inconstitucionalidade do referido ato normativo que tenha
“revogado” outro ato normativo (nossa análise neste ponto
refere-se à ADI perante o STF, de lei ou ato normativo federal ou
estadual, ou distrital, desde que no exercício da competência
estadual) provoque o restabelecimento do ato normativo anterior.

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ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF)
• Fundamento: art. 102, § 1º, da CF/88, de acordo
com a EC n. 3/93, estabelece que a arguição de
descumprimento de preceito fundamental,
decorrente da CF/88, será apreciada pelo STF,
na forma da lei.
• Regulamentada pela lei 9.882/99
• Antes dessa lei, o STF decidiu que o art. 102, § 1º,
da CF/88 materializava norma constitucional de
eficácia limitada, ou seja, enquanto não
houvesse lei descrevendo a forma da nova
ação constitucional, a Suprema Corte não
poderia apreciá-la.
• O art. 1º, caput, da Lei n. 9.882/99 disciplinou a
hipótese de arguição autônoma, tendo por objeto
evitar (caráter preventivo) ou reparar
(repressivo) lesão a preceito fundamental,
resultante de ato do Poder Público.
• Arguição incidental: o parágrafo único do art.
1º prevê a possibilidade de arguição quando for
relevante o fundamento da controvérsia
constitucional sobre lei ou ato normativo federal,
estadual, municipal (e por consequência o distrital,
acrescente-se), incluídos os anteriores à
Constituição. Neste caso, deve-se demonstradar
a divergência jurisdicional (comprovação da
controvérsia judicial) relevante na aplicação do ato
normativo, violador do preceito fundamental. Neste
sentido, pressupõe a existência de uma
demanda concreta, tanto é que o art. 6º, § 2º, da
Lei n. 9.882/99.
• A ADPF pode ter por objeto ato editado antes
da Constituição, sendo importante sua utilização
como instrumento de análise em abstrato de
recepção de lei ou ato normativo.
• Tanto a Constituição como a lei
infraconstitucional deixaram de conceituar
preceito fundamental, cabendo essa tarefa à
doutrina e, em última instância, ao STF.
• Prof. Cássio Juvenal Faria, preceitos
fundamentais seriam aquelas “normas
qualificadas, que veiculam princípios e servem
de vetores de interpretação das demais normas
constitucionais, por exemplo, os ‘princípios
fundamentais’ do Título I (arts. 1º ao 4º); os
integrantes da cláusula pétrea (art. 60, § 4º); os
chamados princípios constitucionais sensíveis
(art. 34, VII); os que integram a enunciação dos
18
direitos e garantias fundamentais (Título II); os
princípios gerais da atividade econômica (art. 170);
etc.”.
• de acordo com o art. 4º, § 1º, da Lei n. 9.882/99,
não será admitida arguição de descumprimento de
preceito fundamental quando houver qualquer
outro meio eficaz capaz de sanar a lesividade.
Trata-se do princípio da subsidiariedade (caráter
residual), que, segundo o Ministro Celso de Mello,
condiciona o ajuizamento da ação à “... ausência
de qualquer outro meio processual apto a sanar,
de modo eficaz, a lesividade indicada pelo autor”
(ADPF-6/RJ, DJ de 19.09.2000.

COMPETÊNCIA E LEGITIMIDADE
• Legitimados conforme art. 102, § 1º, da CF: os
mesmos da ADI genérica, previstos no art. 103, I
a IX, da CF/88 e no art. 2º, I a IX, da Lei n.
9.868/99, com as observações sobre a
pertinência temática.
PROCEDIMENTO
• Proposta a ação diretamente no STF, por um
dos legitimados, deverá o relator sorteado
analisar a regularidade formal da petição
inicial, que deverá conter, além dos requisitos
do art. 319 do CPC e observância das regras
regimentais: a) a indicação do preceito
fundamental que se considera violado; b) a
indicação do ato questionado; c) a prova da
violação do preceito fundamental; d) o pedido, com
suas especificações; e) se for o caso, a
comprovação da existência de controvérsia judicial
relevante sobre a aplicação do preceito
fundamental que se considera violado.
• Poderão ser autorizadas, a critério do relator,
sustentação oral e juntada de memoriais, por
requerimento dos interessados no processo.
• Possível pedido de liminar
• Possível, a critério do relator, sustentação oral e
juntada de memoriais, por requerimento dos
interessados no processo.
• STF, excepcionalmente, vem admitindo amicus
curiae na ADPF, aplicando, por analogia, o art. 7º,
§ 2º, da Lei n. 9.868/99, desde que se
demonstrem a relevância da matéria e a
representatividade dos postulantes (cf. ADPFs
33, 46, 73, 132, 183, 205 etc.).

19
• Da mesma forma que ocorre no julgamento da
ADI, a decisão (julgamento) sobre a arguição
será proferida pelo quorum da maioria absoluta
(art. 97 da CF/88), desde que presente o quorum
de instalação da sessão de julgamento, previsto no
art. 8º da Lei n. 9.882/99, qual seja, a exigência de
estarem presentes pelo menos 2/3 dos Ministros,
ou seja, pelo menos 8 dos 11 Ministros.
• Conforme se verifica no processo de ADI, a
decisão que julgar procedente ou
improcedente o pedido em arguição de
descumprimento de preceito fundamental é
irrecorrível, não podendo ser objeto de ação
rescisória (art. 12 da Lei n. 9.882/99), cabendo,
contudo, contra o descumprimento da decisão
proferida pelo STF, na forma de seu Regimento
Interno, reclamação.

Efeitos da decisão
• Julgada a ação, far-se-á comunicação às
autoridades ou órgãos responsáveis pela prática
dos atos questionados, fixando-se as condições e o
modo de interpretação e aplicação do preceito
fundamental.
• A decisão terá eficácia contra todos (erga omnes) e
efeito vinculante relativamente aos demais órgãos
do Poder Público, além de efeitos retroativos (ex
tunc).
• Da mesma forma como acontece na ADI, como
exceção à regra geral do princípio da nulidade.
• poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria
qualificada de 2/3 de seus membros, restringir os
efeitos daquela declaração ou decidir que ela só
tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado
(ex nunc) ou de outro momento que venha a ser
fixado.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO (ADO)


• Trata-se de inovação da CF/88, inspirada no art. 283
da Constituição portuguesa.
• Fundamento: O art. 103, § 2.º, da CF/88 estabelece
que, declarada a inconstitucionalidade por omissão
de medida para tornar efetiva norma constitucional,
será dada ciência ao poder competente para a adoção
das providências necessárias e, em se tratando de
órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

20
• Objetivo: busca-se através da ADO é combater uma
“doença”, chamada pela doutrina de “síndrome de
inefetividade das normas constitucionais”.
• O que se busca é tornar efetiva norma
constitucional destituída de efetividade, ou seja,
somente as normas constitucionais de eficácia limitada!
Nesse sentido, devendo o Poder Público ou órgão
administrativo regulamentar norma constitucional
de eficácia limitada e não o fazendo, surge a
“doença”, a omissão, que poderá ser “combatida”
através de um “remédio” chamado ADO, de forma
concentrada no STF.
• ADO / MANDATO DE INJUNÇÃO: o mandado de
injunção, que também se caracteriza como um
“remédio constitucional” cujo objetivo é combater a
“síndrome de inefetividade das normas constitucionais”,
de eficácia limitada. Na ADO temos o controle
concentrado; através do mandado de injunção, o
controle difuso, pela via de exceção ou defesa.
• A Lei n. 12.063, de 27.10.2009, passou a estabelecer
a disciplina processual da ADO e será apresentada nos
itens seguintes.
• Espécies de omissões:

• A omissão poderá ser total ou parcial: total, quando


não houver o cumprimento constitucional do dever de
legislar; parcial, quando houver lei integrativa
infraconstitucional, porém de forma insuficiente.
Exemplo de ADO total ou absoluta: o art. 37, VII, que
prevê o direito de greve para os servidores
públicos, ainda não regulamentado por lei. Ou seja, a
lei ainda não existe. Outro exemplo é o revogado art.
192, § 3.º, que dependia de lei (limitação da taxa de
juros a 12% ao ano — cf. S. 648/STF e SV n. 7/2008).
• A inconstitucionalidade por omissão parcial, por seu
turno, poderá ser parcial propriamente dita ou
parcial relativa.
• Por omissão parcial propriamente dita: a lei existe
mas regula de forma deficiente o texto. Exemplo: o art.
7º, IV, que estabelece o direito ao salário mínimo. A

21
lei fixando o seu valor existe, contudo o regulamenta de
forma deficiente, pois o valor fixado é muito inferior ao
razoável para cumprir toda a garantia da referida
norma.
• A omissão parcial relativa surge quando a lei existe
e outorga determinado benefício a certa categoria
mas deixa de concedê-lo a outra, que deveria ter sido
contemplada. Nesse caso, tem prevalecido o
conteúdo da Súmula 339/STF: “não cabe ao Poder
Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob fundamento de
isonomia”.
OBJETO
• O art. 103, § 2º, fala em “omissão de medida” para
tornar efetiva norma constitucional em razão de
omissão de qualquer dos Poderes ou de órgão
administrativo.
• Barroso: a omissão é de cunho normativo, que é
mais ampla do que a omissão de cunho legislativo.
Assim, engloba “... atos gerais, abstratos e obrigatórios
de outros Poderes e não apenas daquele ao qual cabe,
precipuamente, a criação do direito positivo”.
• A omissão, então, pode ser do Poder Legislativo, do
Poder Executivo (atos secundários de caráter geral,
como regulamentos, instruções, resoluções etc.), ou do
próprio Judiciário (por exemplo, a omissão em
regulamentar algum aspecto processual em seu
Regimento Interno). Portanto, “... são impugnáveis, no
controle abstrato da omissão, a inércia legislativa em
editar quaisquer dos atos normativos primários
suscetíveis de impugnação em ação direta de
inconstitucionalidade... O objeto aqui, porém, é mais
amplo: também caberá a fiscalização da omissão
inconstitucional em se tratando de atos normativos
secundários, como regulamentos ou instruções, de
competência do Executivo, e até mesmo,
eventualmente, de atos próprios dos órgãos
judiciários”.
• STF: entendeu que, pendente julgamento de ADO, se
a norma que não tinha sido regulamentada é revogada,
a ação deverá ser extinta por perda de objeto. O
mesmo entendimento, qual seja, perda de objeto,
também foi estabelecido pelo STF para a hipótese de
encaminhamento de projeto de lei sobre a matéria ao
Congresso Nacional (cf. ADI 130-2/DF), ou, ainda, o
não cabimento da ação se, no momento de sua
propositura, o processo legislativo já havia sido
desencadeado (ADI 2.495, Rel. Ilmar Galvão, j.
02.05.2002, DJ de 02.08.2002).
22
• Contudo, este último posicionamento foi repensado
no julgamento da ADO 3.682, entendendo o STF não
se justificar a demora na apreciação de projetos já
propostos (inertia deliberandi das Casas Legislativas),
passível de se caracterizar uma desautorizada
“conduta manifestamente negligente ou desidiosa das
Casas Legislativas”, colocando em risco a própria
ordem constitucional (voto do Min. Gilmar Mendes).
• Por derradeiro, adotando entendimento bastante
formalista, sobre o qual deixamos a nossa crítica, o
STF entendeu como inexistente a fungibilidade da ADO
com o mandado de injunção, tendo em vista a
diversidade de pedidos: “Impossibilidade jurídica do
pedido de conversão do mandado de injunção em ação
direta de inconstitucionalidade por omissão” (MI 395-
QO, Rel. Min. Moreira Alves, DJ de 11.09.1992).

COMPETÊNCIA E LEGITIMIDADE
• O STF é o órgão competente para julgar forma
originária (art. 103, § 2º, c/c, analogicamente, o art.
102, I, “a”).
• Legitimados para a propositura da ADO: os mesmos
da ADI genérica, ou seja, o rol previsto no art. 103,
com as peculiaridades já apontadas em relação à
pertinência temática.
• Aplicação: entendimento confirmar na pelo STF no
julgamento da ADO 3.682 (Rel. Min. Gilmar Mendes, j.
09.05.2007, DJ de 06.09.2007), na qual se discutiu a
problemática da inexistência de LC federal,
disciplinando as regras sobre a criação de Municípios
(ADI 2.240).
Natureza jurídica dos legitimados e procedimento
• Min. Gilmar Mendes: o processo de controle na ADO
tem por escopo a “defesa da ordem fundamental contra
condutas com ela incompatíveis. Não se destina, pela
própria índole, à proteção de situações individuais ou
de relações subjetivadas, mas visa precipuamente à
defesa da ordem jurídica.
• O procedimento da ação direta de inconstitucionalidade
por omissão (ADO) é praticamente o mesmo da ADI
genérica, com algumas peculiaridades. O art. 12-B, da
Lei n. 9.868/99, a petição inicial, acompanhada de
instrumento de procuração, se for o caso, será
apresentada em duas vias, devendo conter cópias dos
documentos necessários para comprovar a alegação
de omissão e indicará:
o A omissão inconstitucional total ou parcial
23
quanto ao cumprimento de dever constitucional
de legislar ou quanto à adoção de providência
de índole administrativa;
o O pedido, com suas especificações.
• A petição inicial inepta, não fundamentada, e a
manifestamente improcedente serão liminarmente
indeferidas pelo relator, cabendo agravo da referida
decisão.
• Proposta a ação, não se admitirá desistência.
• Os legitimados poderão manifestar-se, por escrito, e
pedir a juntada de documentos.
• O relator poderá solicitar a manifestação do AGU, cujo
encaminhamento deverá ser feito no prazo de 15 dias.
• Não há prazo para propositura da ação.

EFEITOS DA DECISÃO
• A sentença proferida em sede de ADO, contudo, tem
caráter mandamental, constituindo em mora o poder
competente que deveria elaborar a lei e não o fez.
• O art. 103, § 2º, estabelece efeitos diversos para o
poder competente e para o órgão administrativo: 1)
ciência ao poder competente, sem prazo definido; 2)
Órgão administrativo: deverá suprir a omissão da
medida no prazo de 30 dias, sob pena de
responsabilidade, ou, nos termos do art. 12-H, § 1º, da
Lei n. 9.868/99

REPRESENTAÇÃO INTERVENTIVA

Visão geral: O art. 18, caput, da CF/88 estabelece que a


organização político-administrativa da República Federativa
do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios, todos autônomos. Vale dizer, como regra
geral, nenhum ente federativo deverá intervir em qualquer
outro.
• Excepcionalmente, a CF estabelece situações (de
anormalidade) em que poderá haver a intervenção:
o União nos Estados, Distrito Federal (hipóteses
do art. 34)
o Municípios localizados em Território Federal
(hipótese do art. 35);
o Estados em seus Municípios (art. 35).

24
• A representação interventiva, surgiu com a Constituição
de 1934, apresenta-se como um dos pressupostos
para a decretação da intervenção federal, ou
estadual, pelos Chefes do Executivo, nas hipóteses
previstas na CF/88.
• Importante: quem decreta a intervenção não é o
Judiciário, mas o Chefe do Poder Executivo.
• O Judiciário não nulifica o ato, mas apenas verifica
se estão presentes os pressupostos para a futura
decretação da intervenção pelo Chefe do Executivo.

ADI Interventiva Federal


• Art. 36, III, da CF/88: primeira parte, estabelece que a
decretação da intervenção dependerá de provimento,
pelo STF, de representação do Procurador-Geral da
República, na hipótese do art. 34, VII, quais sejam, os
princípios sensíveis da Constituição.
Objeto da Intervenção
• entendimento atual do STF é o mais amplo possível,
sendo considerado como objeto a violar princípio
sensível:
o Lei ou ato normativo que viole princípios
sensíveis;
o Omissão ou incapacidade das autoridades
locais para se assegurar o cumprimento e
preservação dos princípios sensíveis, como,
por exemplo, os direitos da pessoa humana.
o Ato governamental estadual que desrespeite os
princípios sensíveis da CF;
o Ato administrativo, que afronte os princípios
sensíveis;
o Ato concreto que viole os princípios sensíveis.

Competência e legitimidade
• Art. 36, III, na hipótese de representação interventiva
federal, a competência é originária do STF;
• O único e exclusivo legitimado ativo para a
propositura da representação interventiva federal é o
Procurador-Geral da República, que tem total
autonomia e discricionariedade para formar o seu
convencimento de ajuizamento.
• Lembrar que, a ideia de representação da União, em
razão da regra constante no art. 129, IX, veda
expressamente, por parte do Ministério Público, a

25
representação judicial e a consultoria jurídica de
entidades públicas, nem mesmo a transferência dessa
atribuição para o AGU.
• O PGR atua em defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis, destacando-se, no caso, a defesa do
equilíbrio federativo.
• Legitimado passivo: o ente federativo no qual se
verifica a violação ao princípio sensível da CF/88,
devendo ser solicitadas informações às autoridades ou
aos órgãos estaduais ou distritais responsáveis, como
a Assembleia Legislativa local ou o Governador, nesse
último caso representado pelo Procurador- Geral do
Estado ou do DF (art. 132, CF/ 88).
Procedimento
• Previsto na Lei n. 4.337, de 1.º.06.1964, assim como
nos arts. 20 e 21 da Lei n. 8.038/90 e nos arts. 350 a
354 do RISTF.
• Publicada a Lei n. 12.562, de 23.12.2011,
regulamentando o inciso III do art. 36 da Constituição
Federal, para dispor sobre o processo e julgamento da
representação interventiva perante o STF.
• Proposta a ação pelo Procurador-Geral da República,
no STF, a petição inicial deverá conter:
o Indicação do princípio constitucional sensível
(art. 34, VII, CF/88) que se considera violado ou,
se for o caso de recusa à aplicação de lei federal,
das disposições questionadas;
o Indicação do ato normativo, do ato administrativo, do
ato concreto ou da omissão questionados;
o A prova da violação do princípio constitucional ou
da recusa de execução de lei federal;
o O pedido, com suas especificações.
o A petição inicial será apresentada em 2 vias,
devendo conter, se for o caso, cópia do ato
questionado (estadual ou distrital) e dos documentos
necessários para comprovar a impugnação.
• Cabe ao relator indeferir liminarmente a petição
inicial quando:
o Não for o caso de representação interventiva;
o Faltar algum dos requisitos estabelecidos na lei;
o For inepta.
• Da decisão de indeferimento da petição inicial
caberá agravo, no prazo de 5 dias.
• Poderão ser autorizadas, ainda, a critério do relator, a
26
manifestação e a juntada de documentos por parte de
interessados no processo, reconhecendo-se, assim,
nos termos do art. 7º, parágrafo único da Lei n.
12.562/2011, a manifestação de amicus curiae.

AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE


• Visão geral: introduzida no ordenamento jurídico
brasileiro pela EC n. 3, de 17.03.1993, com a alteração
da redação do art. 102, I, “a”, e acréscimo do § 2.º ao
art. 102, bem como do § 4º ao art. 103, tendo sido
regulamentado o seu processo e julgamento pela Lei n.
9.868/99.
• Finalidade: esta ação visa declarar a
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal.
• Indaga-se: mas toda lei não se presume
constitucional? Sim, no entanto, o que existe é uma
presunção relativa (juris tantum) de toda lei ser
constitucional. Em se tratando de presunção relativa,
admite-se prova em contrário, declarando-se, quando
necessário, através dos mecanismos da ADI genérica
ou do controle difuso, a inconstitucionalidade da lei ou
ato normativo.
• Objetivo: O objetivo da ADC é transformar uma
presunção relativa de constitucionalidade em
absoluta (jure et de jure), não mais se admitindo prova
em contrário. Ou seja, julgada procedente a ADC, tal
decisão vinculará os órgãos do Poder Judiciário e a
Administração Pública, que não mais poderão declarar
a inconstitucionalidade da aludida lei, ou agir em
desconformidade com a decisão do STF. Não
estaremos mais, repita-se, diante de uma presunção
relativa de constitucionalidade da lei, mas absoluta.
• ADC busca, portanto, afastar o nefasto quadro de
insegurança jurídica ou incerteza sobre a validade
ou aplicação de lei ou ato normativo federal,
preservando a ordem jurídica constitucional.

Objeto
• Somente lei ou ato normativo federal. Frise-se:
somente lei ou ato normativo federal, diferentemente do
que ocorre com a ADI genérica, cujo objeto engloba,
também, a lei ou ato normativo estadual (cf. art. 102, §
2º).
Legitimidade
• O órgão competente para apreciar a ADC é o STF,
conforme estabelece o art.102, I, “a”, da CF/88, de

27
forma originária.
• Antes da EC n. 45/2004, os legitimados para a
propositura da referida ação eram apenas quatro, de
acordo com o art. 103, § 4º, da CF/88, quais sejam: a)
Presidente da República; b) Mesa do Senado Federal;
c) Mesa da Câmara dos Deputados; d) Procurador-
Geral da República.
• Com a revogação do § 4º e a nova redação do caput
do art. 103, pela aludida emenda, os legitimados para
a propositura da ADC passaram a ser os mesmos
da ADI genérica.
Procediemento
• O procedimento na ADC é praticamente o mesmo
seguido na ADI genérica, com algumas observações a
serem feitas.
• Observação: Não existe lógica em determinar a citação
do Advogado-Geral da União na medida em que
inexiste ato ou texto impugnado, já que se afirma a
constitucionalidade na inicial.
• Discussão sobre a ambivalência da ADI/ADC: em
sendo ADI e ADC ações dúplices ou ambivalentes,
ações com sinais trocados, em caso de indeferimento
do pedido na ADC, os efeitos, se assim decidido pelo
STF, seriam os mesmos da hipótese de deferimento da
ADI, qual seja, a inconstitucionalidade da lei. Por esse
motivo, parece razoável afirmar que o AGU tenha de
ser sempre citado na ADC para não se desrespeitar o
art. 103, § 3º (matéria pendente).
• O Procurador-Geral da República, por força do art.
103, § 1º, da CF/88, deverá ser previamente ouvido,
emitindo o seu parecer.
Requisitos necessários:
Dois requisitos que o STF vinha exigindo
jurisprudencialmente foram expressamente previstos na Lei
n. 9.868, de 10.11.1999, que, em seu art. 14, estabelece que
a petição inicial indicará:
• o dispositivo da lei ou do ato normativo
questionado e os fundamentos jurídicos do pedido;
• o pedido, com suas especificações;
• a existência de controvérsia judicial relevante sobre
a aplicação da disposição objeto da ação declaratória.
Diz ainda que a petição inicial deverá conter cópias
do ato normativo questionado e dos documentos
necessários para comprovar a procedência do pedido
de declaração de constitucionalidade.
• A petição inicial inepta, não fundamentada, e a
28
manifestamente improcedente serão liminarmente
indeferidas pelo relator, cabendo agravo dessa
decisão (art. 15 da Lei).
• Após a indispensável manifestação do PGR, o relator
lançará o relatório, com cópia a todos os Ministros, e
pedirá dia para julgamento.
• Convém notar, seguindo a linha procedimental adotada
na ADI, que, em caso de necessidade de
esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou
de notória insuficiência das informações existentes nos
autos, poderá o relator requisitar informações
adicionais, designar perito ou comissão de peritos para
que emita parecer sobre a questão ou fixar data para,
em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas
com experiência e autoridade na matéria.
• Pode, ainda, o relator solicitar informações aos
Tribunais Superiores, aos Tribunais federais e aos
Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma
questionada no âmbito de sua jurisdição.
• De acordo com a Lei, as informações, perícias e
audiências serão realizadas no prazo de 30 dias,
contado da solicitação do relator.
• As regras sobre votação e quorum são as mesmas
expostas na ADI genérica, quais sejam, desde que
presente o quorum de instalação da sessão de
julgamento de 8 Ministros, a declaração de
constitucionalidade dar-se-á pelo quorum da maioria
absoluta dos 11 Ministros do STF, qual seja, pelo
menos 6 deverão posicionar-se favoráveis à
procedência da ação.
• Por fim, é vedada a intervenção de terceiros (muito
embora cabível amicus curiae) e a desistência da ação
após a sua propositura.
• A decisão é irrecorrível, ressalvada a interposição de
embargos declaratórios, não podendo ser objeto de
ação rescisória.
Efeitos da decisão
• O art. 102, § 2º, criado pela EC n. 3/93, estabelece que
as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo
STF, nas ações declaratórias de constitucionalidade de
lei ou ato normativo federal, produzirão eficácia
contra todos e efeito vinculante, relativamente aos
demais órgãos do Poder Judiciário e ao Poder
Executivo.
• Erga omnes (eficácia contra todos);
• Ex tunc;

29
• o Vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário
e à Administração Pública federal, estadual, municipal e
distrital.

30
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS1
Especificidades HC HD MS Ind. MS Col. MI (ind./col) AP ACP
Fundamento art. 5º, LVIII, CF art. 5º, LXXII, CF Artigo 5º, LXIX da CF Art. 5º, LXX, CF Art. 5º, LXXI, CF Art. 5º, LXXIII, CF Art. 129, I da CF
constitucional
Legislação específica art. 647 a 667 CPP Lei 9507/97 Lei 12.016/09 Lei 12.016/09 Lei 13.300/16 Lei 4.717/6 Lei 7347/85

Objeto direito de ir e vir acesso à informação, defesa de direito defesa de direito líquido Inviabilidade do patrimônio Mais abrangente que a AP.
“liberdade ambulatorial” retificação ou líquido e certo (prova e certo (prova exercício de público, meio defesa de interesses
complementação de documental). documental). direitos por falta de ambiente e do metaindividuais. São os
dados norma patrimônio chamados direitos difusos e
regulamentadora histórico e coletivos e individuais
(parcial/total, art. 2º cultural homogêneos (Art. 1º da lei
Lei 13300/16) 7347/85.
Termos Impetrante, impetrado, Impetrante, coator, Impetrante, coator, Impetrante, coator, Impetrante, Autor, Réu e Autor, Réu e propor
Paciente - impetrar impetrar impetrar impetrar impetrado propor

Legitimidade Ativa: qualquer pessoa Ativa: Somente pessoa Interesse próprio do ativa: Art. 5º, LXX, “a” e Individual: qualquer Ativa: qualquer Art. 5º, I – V da lei 7.347/85.
Passiva: autoridade interessada; admite-se impetrante. “b: 1) partido político pessoa PF ou PJ. cidadão - direitos Ativa: MP (inc. I); DP (inc. II);
pública 3º em caso de morte Ativa: qualquer pessoa com representação no (art. 3º, Lei políticos regular. União, Estados, DF e
Passiva: autoridade Passiva: autoridade Congresso Nacional; 2) 13.300/16). (art. 1º, § 3º, da Município (inc. III); Autarquia,
pública / privada pública Organização sindical; 3) Coletivo: os Lei 4717/65). EP, Fundação ou Soc. de
entidade de classe; 4) mesmos do MS Passiva: todos os Economia Mista (inc. IV) e
Associação que esteja Coletivo (art. 12, envolvidos (art. 6º Associação (V, “a” e “b”) - a)
constituída a pelo Lei 13.300/16) da lei 4717/665). pré-constituição; b)
menos 1 ano. pertinência temática.
Competência Definido pela Considerando o Ação proposta no
autoridade coatora e Art. 20, Lei 9507/97 Art. 20, Lei 9507/97 Art. 20, Lei 9507/97 órgão, a autoridade juízo de primeiro O foro do local do dano (art.
qualidade do paciente ou entidade grau (entenda-se, 2º, Lei 7347/85)
omissa. STF (Art. juiz de direito ou
102, I, “q”;102, II, juiz federal).
“c”; III, “a”; 105, III, Não há foro de
“a” e “c” da CF. prerrogativa
STJ – art. 105, I,
“h”.
Característica Não necessita de prévio requerimento É um remédio É um remédio MI x ADO: 1) Necessário, Definição de direitos difusos,
advogado; ação administrativo; subsidiário; não subsidiário; não admite MI - exercício de comprovação por coletivos e individual
gratuita esgotamento da via admite dilação dilação probatória; um direito, meio do título de homogêneo consultar (ver
administrativa probatória; Não é cabível após 120 enquanto. ADO - eleitor; 2) MP Art. 81, p. único do CDC). Se
Não é cabível após dias regulamentação do prossegue ação, MP não propuser a ACP,
120 dias direito para todos se autor desistir atuará como fiscal da lei –
(art. 9º, Lei art. 5º, § 1º da Lei 7347/85;
4717/65)
Tipos Preventivo e Individual ou coletivo Individual ou coletivo Individual ou ** **
Repressivo ** coletivo

1
Disciplina: Tópicos Emergentes em Direito II – Prof.º Fabian Serejo Santana, outubro de 2019.
Universidade do Tocantins
Disciplina: Direito Constitucional II
Prof.º Me. Fabian Serejo Santana

Unidade V – Defesa do Estado e das Instituições Democráticas


1. Estado de defesa
2. Estado de Sítio
3. Forças Armadas
4. Segurança Pública

1 ESPÉCIES DE ESTADOS DE EXCEÇÃO

Inicialmente, precisamos definir em que sentido se aplica o termo “estado de


exceção”. Para Godoy1 ( 2020), identifica um período de anormalidade
constitucional que se pretende recorrentemente regrar, limitar e nomear, com
objetivos de normalização, em termos constitucionais e, no limite, também
com balizas legais e regulamentares.
Para Agra (2018, p. 139) compõe o chamado “sistema constitucional de
crises”, só podendo ser concretizados em situações de anormalidade. Isso acarreta,
na esfera jurídica, a supressão de determinadas garantias, a maioria delas de âmbito
constitucional, para fazer frente a essas anormalidades. A atual Constituição admite
duas formas de legalidade especial ou extraordinária, o estado de defesa e o estado
de sítio. São graduações do estado de exceção. Como observa Manoel Gonçalves
Ferreira Filho, o estado de defesa “consiste numa forma mais branda do estado de
sítio”.
É importante destacar que essas medidas não anulam o Estado
Democrático de Direito. Elas são tomadas na sua vigência, e continuam a ser
regidas pelos padrões democráticos, só que por uma legislação normativa
extraordinária, temporária e excepcional, mas que sofre controle dos poderes
estabelecidos

1Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-mar-29/embargos-culturais-estado-excecao-


anormalidade-constitucional
1
1.1 Estado de defesa (CF, ART. 136)

O estado de defesa pode ser decretado, pelo Presidente da República, em


locais restritos, por tempo determinado, para preservar ou prontamente restabelecer
a “ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade
institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza”.
O estado de defesa é sempre em local determinado e por prazo não superior a
trinta dias, prorrogáveis, uma única vez, por igual período, se persistirem as razões
que justificaram a sua decretação.

Pressupostos formais:

i. Prévia oitiva dos Conselhos da República e de Defesa Nacional, cujas


manifestações não são vinculantes;
ii. Decreto do Presidente da República determinando o tempo de duração, as
áreas abrangidas e as medidas coercitivas a serem adotadas; e

iii. Submissão do decreto, com sua justificação, ao Congresso Nacional, que


deverá deliberar, no prazo de dez dias, por maioria absoluta, aprovando ou
rejeitando o estado de defesa. Se o Congresso Nacional estiver em recesso,
será convocado extraordinariamente no prazo de cinco dias. Aprovado o
decreto, o Congresso não poderá entrar em recesso parlamentar. As medidas de
restrição de direitos individuais que podem vir a ser adotadas estão enumeradas no art.
136, §§ 1º e 3º. Em caso de eventual rejeição do decreto pelo Congresso Nacional,
cessa de imediato o estado de defesa.

2
1.2 Estado de sítio (CF, ART. 137)

É a forma mais grave de legalidade especial ou extraordinária. São duas as


modalidades de estado de sítio previstas em nossa Constituição: repressivo e
defensivo.
a) Estado de sítio repressivo é o que tem como pressuposto material
“comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a
ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa” (CF, art. 137, I).
b) Estado de sítio defensivo é o que tem como pressuposto material a
“declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira” (CF,
art. 137, II).
No estado de sítio repressivo podem ser adotadas medidas coercitivas
previstas no art. 139 da Constituição. O estado de sítio repressivo poderá ser
decretado por períodos sucessivos de trinta dias.
No estado de sítio defensivo, considerando a agressão armada realizada por
Estado estrangeiro, pois o estado de guerra só é admitido nessa hipótese (CF, art. 84,
XIX), a situação de legalidade extraordinária poderá ser decretada pelo tempo que
perdurar a guerra ou a agressão estrangeira, não encontrando na Constituição
qualquer restrição à medida coercitiva que possa vir a ser adotada pelo decreto do
Presidente da República editado após autorização do Congresso Nacional.

Pressupostos formais:

i. Prévia oitiva dos Conselhos da República e de Defesa Nacional, cujas


manifestações não são vinculantes;
ii. Decreto do Presidente da República, indicando, no caso de estado de
sítio repressivo, a duração, as garantias constitucionais suspensas e o
executor das medidas específicas e das áreas abrangidas; e
iii. Autorização concedida por maioria absoluta do Congresso Nacional,
após exposição pelo Presidente da República dos motivos
determinantes do pedido. No estado de sítio, por sua maior gravidade
e consequências, a manifestação do Congresso Nacional é anterior ao
decreto do Presidente da República, autorizando ou não a medida.
No caso do estado de defesa, o decreto do Presidente da República,

3
já expedido, é que será submetido à aprovação ou rejeição do
Congresso.

2 CONTROLE POLÍTICO

O decreto de estado de defesa ou estado de sítio está sujeito a um duplo


controle: político e jurisdicional. O controle político é exercido pelo Congresso
Nacional em três momentos distintos.

a) Controle prévio. O estado de sítio somente poderá ser decretado pelo


Presidente da República após autorização concedida pelo Congresso Nacional
por maioria absoluta (CF, arts. 49, IV, e 137, parágrafo único). Já o estado de
defesa poderá ser decretado pelo Presidente da República, mas a medida
excepcional deverá ser submetida de imediato ao exame do Poder Legislativo,
para aprovação por maioria absoluta ou rejeição (CF, arts. 49, IV, e 136, § 4º).

b) Controle concomitante. Para cada prorrogação do estado de defesa ou do


estado de sítio, haverá necessidade de uma nova aprovação por maioria
absoluta do Poder Legislativo. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os
líderes partidários, designa uma comissão composta de cinco de seus
membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas coercitivas
referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio (CF, art. 140). O Congresso
Nacional poderá sustar qualquer uma das medidas adotadas (CF, art. 49, IV,
última parte).
c) Controle sucessivo. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, o
Presidente da República deverá relatar ao Congresso Nacional as medidas
aplicadas, com especificação e justificação das providências adotadas (CF, art.
141).

3 CONTROLE JURISDICIONAL

O controle jurisdicional é exercido pelo Poder Judiciário, pois as medidas


coercitivas adotadas, mesmo em um regime de legalidade especial ou extraordinária,
estão submetidas ao poder hierárquico da Constituição Federal.
O Poder Judiciário não é atingido em sua independência funcional pelas

4
restrições de direitos individuais impostas durante o estado de defesa ou o estado de
sítio. Ele pode apreciar os aspectos formais das medidas coercitivas adotadas durante
o estado de exceção.
Medidas abusivas, impostas fora das previsões constitucionais ou além das
medidas coercitivas previstas no decreto presidencial, podem ser obstadas em juízo.
Por se tratar de atos de natureza eminentemente política, só é vedado ao Poder
Judiciário examinar os critérios de oportunidade e conveniência, a existência ou não
de motivos para a decretação do estado de legalidade extraordinária.

BIBLIOGRAFIA

BARROSO, Luis Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição:


fundamentos de uma dogmática constitucional transformadora. 7. ed. rev., atual.
e ampl. São Paulo: Saraiva, 2009.

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 33. ed. São Paulo: Malheiros,
2018.

BRANCO, Paulo Gustavo; MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito


Constitucional. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal anotada. 12. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.

FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 40.ed. São


Paulo: Saraiva, 2015.

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 22. ed. São Paulo: Saraiva,
2018.

MENDES, Gilmar; BRANCO, Paulo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 13.ed.


São Paulo: Saraiva, 2018.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 34. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

NOVELINO, Marcelo. Manual de Direito Constitucional. 9. ed. São Paulo: Método,


2014.

5
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 41. ed. São
Paulo: Malheiros, 2018.

TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 15. ed. São Paulo:
Saraiva, 2017.

SARAIVA. Vade Mecum Saraiva. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

6
Universidade do Tocantins
Disciplina: Direito Constitucional II
Prof.º Me. Fabian Serejo Santana

Resumo da aula : Unidade VI – Ordem econômica


Unid. I – Direito Constitucional II
Data: 26.05.2021

Ordem Econômica e Financeira


O estudo da ordem econômica nos permite concluir que a atual Constituição Federal de 1988, quanto à
ideologia, é, de fato, eclética, haja vista que adotou um modelo de Estado capitalista fundado na economia de
mercado, no entanto, dotou as instituições de ferramentas capazes de intervir no domínio econômico com a
finalidade de assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social. Há, pois, traços
de um Estado Liberal imerso num modelo de Estado Social Democrático.

CF 88
ideologia = Eclética

FINALIDADE DA
Ordem art. 170, caput,
Econômicas ORDEM
da CF
ECONÔMICA

valorização do
Livre iniciativa Dignidade da
trabalho humano
pessoa humana
art. 1º, III, da CF
Capítalismo Instituições
(Economia de c/poder de Justiça social
mercado) intervenção
Favorecimento às
micro e pequenas?
Estado Liberal empresas?

Estado Social

Tratamento
diferenciado

Iniciamos o nosso estudo a partir dos princípios gerais da atividade econômica.


1. Princípios gerais da atividade econômica
A parte inicial do caput do art. 170 estabelece os fundamentos da ordem econômica ao afirmar que se
funda na valorização do trabalho humano e na livre-iniciativa. Logo em seguida, o mesmo art. 170, caput,
consigna a finalidade da ordem econômica, qual seja, assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social. A finalidade da ordem econômica ao fim e ao cabo buscará o atingimento de um dos
fundamentos do próprio Estado brasileiro previsto no art. 1º, III: a dignidade da pessoa humana.
Os incisos deste art. 170 consagram os demais princípios gerais da atividade econômica brasileira, são
eles:
I – soberania nacional;
II – propriedade privada;
III – função social da propriedade;
IV – livre concorrência;
V – defesa do consumidor;
VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental
dos produtos
e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;
VII – redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII – busca do pleno emprego;
IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que
tenham sua sede e administração no País.

Ademais, segundo o parágrafo único do art. 170, é assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade
econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
Com relação ao tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras
e que tenham sua sede e administração no País, o art. 179 determina que os entes federativos dispensem
às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico
diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias,
previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.

2. A intervenção do Estado na atividade econômica

Muito embora a Constituição tenha adotado um modelo capitalista fundado na livre-iniciativa, há uma
autorização para que o Estado intervenha na atividade econômica para fiscalizar, incentivar e planejar, ou
até mesmo, em algumas situações, atuar diretamente na condição de Estado-empresário.

Estado •Pode explorar


atividade econômica
empresário

Caráter •critários: segurança nacional e relevante interesse


coletivo
subsidiário

•Empresa Pública e
Descentralização Sociedade de
administrativa Economia Mista
•Não podem gozar de
privilégios fiscais /
art. 173, §3º, CF relação às privadas.

Estado-empresa:
fiscalização e regulação
Atuar: petróleo, •Flexibilidade:
gás natural e contratar empresas
(art. 174) •Tem
minérios (art. responsabilidade
177) (art. 173, §5º

O Estado-empresário pode explorar diretamente a atividade econômica, desde que observe o postulado da
subsidiariedade, vale dizer, só será permitida a exploração direta da atividade econômica quando necessária
aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

Vale-se, para tanto, da descentralização administrativa, criando empresas públicas e sociedades de


economia mista, devendo a lei estabelecer o estatuto jurídico destas entidades, dispondo sobre (art. 173,
§ 1º): I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; II – a sujeição ao regime
jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,
trabalhistas e tributários; III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados
os princípios da administração pública; IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de
administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; V – os mandatos, a avaliação de
desempenho e a responsabilidade dos administradores.

Nesse contexto, importante que se diga que as empresas públicas e as sociedades de economia mista
destinadas à exploração da atividade econômica não podem gozar de privilégios fiscais, não extensivos às
empresas do setor privado, conforme comando expresso no § 2º do art. 173.

Ademais, a Constituição determina que a lei: a) regulamentará as relações da empresa pública com o Estado
e a sociedade (art. 173, § 3º); b) reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados,
à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros (art. 173, § 4º); c) sem prejuízo da
responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta,
sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e
financeira e contra a economia popular (art. 173, § 5º).

A Constituição admite que o Estado-empresário atue nas atividades de petróleo, gás natural e minérios em
regime de monopólio da União, vale dizer, em caráter de exclusividade, somente podendo ser realizadas por
empresas estatais. É o que se extrai do art. 177, a saber:

Art. 177. Constituem monopólio da União:


I – a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;
II – a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;
III – a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas
nos incisos anteriores;
IV – o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo
produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados
e gás natural de qualquer origem;
V – a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de
minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção,
comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b
e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal.

No entanto, o próprio art. 177, § 1º, flexibiliza o monopólio da União ao permitir que este ente federativo
contrate com empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste
artigo observadas as condições estabelecidas em lei. Esta lei deverá dispor sobre: I – a garantia do
fornecimento dos derivados de petróleo em todo o território nacional; II – as condições de contratação; III –
a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União.

Não é demais lembrar que a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o


comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, presentes no inciso V do art. 177, são de
monopólio da União, não admitindo a flexibilização retro. No entanto, no que tange aos radioisótopos, a
produção, a comercialização e a utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as
alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 da Constituição Federal.

O Estado poderá atuar também como agente normativo e regular da atividade econômica, exercendo as
funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo
para o setor privado (art. 174).

A fiscalização decorre do poder de regulamentação, apuração de responsabilidades e punição.

O incentivo, por seu turno, exige que o Estado atue como promotor da economia, exercendo as atividades
de fomento, prevendo a Constituição que:
Art. 174. (…)
§ 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.
§ 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a
proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros.
§ 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão
para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando,
e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.

A Constituição prevê uma espécie de incentivo direcionado exclusivamente às microempresas e empresas


de pequeno porte previsto no art. 179, para quem a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os
Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei,
tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações
administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de
lei.

Ademais, o art. 180 determina que a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios
promovam e incentivem o turismo como fator de desenvolvimento social e econômico.

Por fim, o planejamento busca organizar a atividade econômica na busca de resultados preestabelecidos,
sendo este planejamento, frise-se, determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
Nesse contexto, o § 1º do art. 174 estabelece que a lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento
do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e
regionais de desenvolvimento.

Importante destacar que o art. 175 estabelece que o Estado poderá atuar, ainda, como prestador de serviço
público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre por meio de
licitação.

Por seu turno, o art. 176 prevê que as jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais
de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou
aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.
Estas atividades somente poderão ser efetuadas mediante autorização ou concessão da União, no
interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e
administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades
se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas (art. 176, § 1º). No entanto, reza o art. 176, § 4º,
que não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável de
capacidade reduzida.

Cabe à lei dispor sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à
ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da
reciprocidade. No que tange especificamente à ordenação do transporte aquático, a lei estabelecerá as
condições em que o transporte de mercadorias na cabotagem e a navegação interior poderão ser feitos por
embarcações estrangeiras (art. 178).

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