Você está na página 1de 10

INTRODUÇÃO

Este humilde trabalho vai de uma forma coerente e concisa espelhar as mais
diversas informações concernentes ao grupo etnolinguístico NYANEKA HUMBE.
O intento primordial deste trabalho é patentear as informações mais pertinentes no
que se refere ao povo NYANEKA HUMBE. Dentre estas informações a que se
referir com maior ênfase aos aspectos como:
A situação geográfica: nesse aspecto iremos fazer uma curta abordagem
sobre a localização geográfica desse mesmo povo, e veremos se o espaço
geográfico que eles hoje ocupam anteriormente foi eles, ou outros povos é que
foram os detentores desses espaços.
O termo Nhaneca-Humbe é utilizado para designar um conjunto de
etniasagropastoras do sudoeste de Angola.
Localizadas na sua maior parte na Província da Huíla, estas etnias combinam
a criação de gado bovino com uma agricultura geralmente destinada mais à
autossubsistência do que à comercialização. Cada etnia (muíla, handa,etc.) tem a
sua identidade social e suas características culturais e linguísticas próprias, e elas
não se consideram como fazendo parte de um conjunto abrangente.
A maior parte dos nhanecas e humbes aderiu ao cristianismo,
predominantemente à Igreja Católica, no decorrer do período colonial. A
escolarização fez progressos lentos e continua a baixo da média nacional. Uma
parte significativa passou a viver nas vilas e cidades, abandonando,
completamente ou em parte, o seu modo de vida tradicional.
O cortejo anual do Boi Sagrado praticado em partes mais tradicionais da
região, tem de acordo com algumas fontes a sua origem no culto ao boi Ápis da
mitologia egípcia.

1
Os Nyaneka-Humbi
Essencialmente criadores e pastores de gado mas também agricultores, os
Nyaneka-Humbi encontram-se confinados à província da Huíla. Embora ligados
aos Ovimbundu, contrariamente a estes, os Nyaneka-Humbi são fechados e
pouco flexíveis. O tipo de alimentação destas populações pastoris é a base do
leite e da farinha duma variedade de cereal designada massango. Tal como os
agricultores do norte do País, os terrenos de cultivo não constituem propriedade
individual. O mesmo, aliás, se observa nos restantes povos criadores. Também os
pastos são comuns. Averiguamos, no entanto, entre os Humbes, uma organização
do espaço verdadeiramente notável.
Segundo Fernando Neves, em1960, os Nyaneka-Humbi aproximavam-se dos
129 mil habitantes, dos quais 100 mil eram Nyaneka. Considera-se que os
Nyanekas sejam dos mais antigos ocupantes da região, seguindo-se os Humbi.
A região dos Humbes foi atingida pela invasão dos Hotentotes do Sudoeste
Africano (actual Namíbia), que levou as suas incursões até às margens do
Cunene, a partir do ano de 1881. O esquema sociopolítico dos Humbi apresenta
um tipo de autoridade difundida no grupo que é orientada pelos chefes simples ou
por alguns Seculos (mais velhos) e ainda por criadores de gado mais importantes,
segundo o princípio do primus inter pares.

CARACTERÍSTICAS DO POVO NYANEKA-HUMBI (MWILA)


Características físicas
Estatura:
Geralmente é um povo de estatura alto. Os homens atingem na maioria 1,80cm
de altura, os mais altos 1,85cm. As mulheres chegam aos1,60cm de altura. Tanto
o sexo masculino como o feminino, ambos são altos e estreitos.
Homens: Os homens são altos e estreitos, olhos pequenos com a esclerótica
bem branca, o nariz comprido e estreito, orelhas grandes para alguns redondas,
boca estreita com lábios finos dentes compridos e curtos. O cabelo longo e ruim, o
tórax elegante e não achatado, os membros superiores e inferiores longos. Na sua
maioria não cria abdómen grande.
Mulheres: As mulheres apresentam olhos grandes e arredondados coma
esclerótica branca, nariz estreito e curto, as orelhas são médias e não abauladas,
cabelo longo e rijo poucas vezes liso, com a excepção de mestiças, os dentes
curtos e branquinhos para muitas. Não criam ancas, raras vezes quase verifica
ancas largas, os pés são estreitos e curtos.

2
Principais atividades do Povo Nyaneka-Humbi (Mwila)
1. A criação de gado.
2. A caça.
3. A agricultura.
Criação de Gado: Os bens materiais que constituem a riqueza, consistem em
primeiro lugar, na criação de gado. Cada chefe de família possui ao menos
algumas vacas, algumas cabras ou carneiros.
A caça: tudo o que a natureza oferece espontaneamente, são bens de todos.
Limitam-se a caçar pequenos antílopes, lebres, aves, ratos, etc. A caça tem um
fim de dar um contributo à alimentação humana caseira(Estermann, 1960: 193).
A Agricultura: o cultivo dos cereais inicia-se logo que comecem a cair as
primeiras chuvas, isto é, princípios de Outubro. No princípio utilizavam enxadas
para cultivar grandes parcelas de terras atualmente usa-se a charruas puxadas
por bois. Na base de seu cultivo está o massango, massambala e o milho, porém
os produtos produzidos servem apenas para a subsistência e não para ao
comercializar

1
Festas de transição

REALIZAÇÃO DO EFIKO EM OMBELO


O EFIKO E SUAS CARACTERÍSTICAS NA CULTURA NYANEKA HUMBI

O Efiko, (puberdade) é o período inicial da adolescência, caracterizado pelo


processo de maturidade das características físicas e dos órgãos genitais
femininos. Tem uma grande importância na cultura Nyanekas-Humbi, em Angola,
particularmente na região sul, marca a transição das meninas da fase de
adolescente para a adulta. Aos cuidados e responsabilidade dos pais, as meninas
passam a ser responsáveis pelos seus actos quando atingem idades entre os 14 e
16 anos, altura em que os seios, por exemplo, já estão crescidos e

3
tradicionalmente devem passar pelo ritual de dar a conhecer à sociedade que já
são mulheres.
Da década de 40 à 60, a festa de Efuko era realizada em Ombelo, cubatas
culturais e históricas onde se realiza a festa de Efuko. Esta cubata, servirá de
velório do dono do quimbo ou da residência, o mesmo que efectuara ou realizara
as festas de Efuko. Este local (a cubata) de portas viradas para o nascente,
encontra-se dentro de um quintal de cerco de troncos cerne, de 1m à 2m de altura.
A porta principal e de entrada ao quintal esta sempre do lado direito. O pátio ou o
quintal do Ombelo (cercado) encontra-se dentro de outro quintal ou de um quimbo
geral também este cercado de troncos.
Nos tempos remotos, os donos de um Ombelo eram os Owamba (Sobas) de
uma localidade, zona ou mesmo de uma área administrativa. Mas tarde, nos anos
de 1980 a 1990 em cada clã ou autóctone (aquele que tinha o poder ou a
autonomia, com condições financeiras), respeitado pela sociedade, o seu povo
poderia elegê-lo para que este erguesse o Ombelo.
No recinto de um Ombelo, encontram-se alguns objectos importantes para a
cultura Nyanekas-Humbi nos factos de Efuko, encarados como símbolos de
procriação feminina.
Eis aqui alguns dos símbolos de procriação feminina utilizados pelos nossos
antepassados:
◈ Oluheke lwo mo lwy (areia do rio)
◈ Otyoto (a fogueira)
◈ Omaluhonge Omukekete no Omumbolembole (varas de alguns arbustos típico
do clima seco e frio)
◈ Ovity vyaongekwa vyomussululu (paus amontoados de uma espécie peculiar)

Seis meses muito antes da realização dos mesmos os tios e tias da menina
vão ao encontro da mãe da moça para falar a cerca do evento em véspera e
analisar o caso da menina. Assim combinar-se-á com a mãe o dia em que a
família trará bebidas típicas a pedido da filha em festa de Efuko. Os mesmos
dependerão do encarregado ou pai da menina caso aceite o mesmo.
Dois meses depois a família (paterna e materna) irá ao encontro do soba ou
dono do Ombelo para fazerem a devida inscrição para a festa e saberem quando
é que serão realizadas as mesmas. Em véspera todas as meninas têm moda
única, como:

4
▷ Penteado Ondongo e Hewala;
▷ Pulseiras de cascas de troncos;
▷ Missangas ovikekwas.
No dia em que as moças fazem o Efuko depois do almoço cada pai orienta a
filha a passear ou mandam-nas em casa dum familiar distante em que a mandada
deve voltar à casa ao pôr-do-sol. No regresso a mesma será surpreendida com
rapazes e meninas que já firam o Efuko e levada até ao Ombelo. Aquelas que vão
fazer o Efuko e seus acompanhantes devem ter uma única entrada chamada de
Epandavelo () por cima do mesmo tem um chifre com uma brasa a fomentar.
Depois de todas elas entrarem no pátio ou quintal do Ombelo, o soba e sua
esposa, devem entrar também pelo mesmo Epandavelo, mastigando ervas e a
sua esposa gritando alto e dizendo «hoje vocês fizeram Efuko».
As moças ficam no Ombelo três à quatro meses recebendo aulas social,
cultural, tradicional, praticas familiares e agrícolas, como confeccionar os
alimentos, como arrumar a sua cama quando tiver casada, como auxiliar seu
parceiro, acolhimento familiar ou das visitas quando tiver em sua própria casa e
não só. Tudo isso elas aprende com a mulher do soba ou do dono do Ombelo.
Elas escolherão um sobra por baixo de uma arvore aos arredor do Ombelo e que
o mesmo é protegido por elas para que ninguém possa danifica-lo ou corta-lo caso
alguém se atreva pagará uma multa.
Depois de vários dias no Ombelo o dono, reine com os familiares das moças
para acertarem o dia do encerramento. Cada pai oferece um animal para a sua
filha. As moças ficam cobertas de panos e tranças feitas de missangas e linhas,
acompanhada de suas tias que avaliarão o animal a altura e a corpulência. Depois
a moça bate nas pernas do animal com um chicote muito fino (homuti
womohondjiolo).
O pai o encarregado que não tem gado bovino a sua filha bate no tyiphaco
(saco que serve para coar os ingredientes de Macau, bebida típica de Angola).
São praticamente dois dias de festas com batuques, bebidas quentes e típicas,
muita carne asada e como cozida. O penteado que simboliza as omuficos
(aportuguesado) deve durar no máximo seis semanas.
Hoje esses ritos são mais modernizados e perdem a qualidade, o valor e o
devido respeito social e cultural. Mais com tudo entendesse que desde os tempos
remotos as mulheres sempre tiveram considerações úteis dentro de uma
sociedade.
A partir daqui todo um mundo de possibilidades se cria, a jovem pode ser
pretendida e casar-se tradicionalmente bastando à família do rapaz pagar três bois

5
que significam: Kowina (da parte da mãe) Thuinha ( o boi que é abatido e a carne
é consumida pelas comunidades) e “ Namatuka”, retorno da família.
Durante a festa da puberdade os pais ou tios matam um ou dois bois
simbolizando o poderio da família nesta festa onde haverá igualmente bebidas de
todo o género. Nesta festa não se emitem convites, está aberta a qualquer pessoa
do bem. Come-se, bebe-se ( a bebida mais predominante é o Macau, que é uma
bebida feita a base da massambala e fermentada por processo alcoólico) dança-
se “ovindjomba” ao som do batuque. Não há “civilizados ou calcinhas”, quem se
identifica com esta cultura sabe que não há cerimónia, não há formalidades.
Quanto mais pessoas participam na festa mais fama ganha a família. Três dias
antes, as famílias sacrificam ou matam um cabrito, altura em que os pais
percebem que a filha já é uma mulher. O cabrito em causa simboliza o fim de dura
responsabilidade pela filha ou agradecimentos pelo facto de a filha ter cumprido os
princípios doutrinais da cultura que é de não engravidar antes do “Efiko”. Durante
os três dias, em que as meninas ficam fora de casa, que terminam sob custódia de
uma outra rapariga que já fez Efiko, a chamada mãe.
Esta tem como missão cuidá-la, dando-lhe banho e protegê-la de eventuais
actos de violação sexual, porque durante as cerimónias ela esta proibida falar ou
gritar – ainda que a serpente ou lacrau lhe venha morder.
Os rapazes da mesma cultura entendem que este é o momento de seduzir as
miúdas. Exibem todo trajo possível ou imaginário para provocar interesse na
menina que agora tem caminho livre para namorar. Na tradição dos povos do sul
de Angola, a jovem que se casa ou engravida sem passar por Efiko ou festa da
puberdade é uma pessoa sem valor, igual a um bolo ser fermento, não pode ter
filhos vivos, azarada, podendo ser mordida por cobras ou vitima de vultos,
assombrações e muita coisa má até a sua morte.

REALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS EKWENDJE (CIRCUNCISÃO)


Não fugindo da lógica o Ekwendje (circuncisão), acto ou acção de cortar o
prepúcio. Na cultura Nyaneca em geral esta actividade tem como objectivo a
capacitação do género masculino para os costumes do dia-a-dia.
As actividades ou festas de Ekwendje antigamente, os nossos antepassados
encaravam-nas como um estudo ou o que hoje chamamos de ensino e
aprendizagem. Os rapazes quando voltavam para as suas casas sentiam-se
homens, valia-se e tinham atitude de auto-defender-se, tornavam-se um guerreiro
mas as meninas tem uma formação mais rica que os rapazes mesmo nos nossos
dias.

6
Quanto ao tema, bastante pertinente, devo dizer que no passado, para se fazer
o Ekwendje, era necessário uma preparação prévia OKULALEKELWA. A primeira
noite da iniciação era passada no OMBELO. Ombelo diferente de Ombala, local
onde o Ohamba vive, em vésperas de Ekwendje todo aquele que queira que seu
educado seja circuncidado deve fazer o pedido neste mesmo lugar. Aquele que
faz o corte ou acção da circuncisão chamamos de Ehongwe.
O local onde os Ovakwendje acampavam durante quatro à cinco meses
chamamos de Echumbo.
No dia seguinte, os rapazes eram transferidos para um acampamento no meio da
mata, lugar pouco acessível para os demais membros da comunidade e aí eram
circuncisados.
A idade para a iniciação não era tida em conta, sendo bastante abrangente. Da
criança de alguns meses ao adulto de até 20 Anos aproximadamente. A razão é
muito simples:
A circuncisão não era realizada todos os Anos, os intervalos entre uma
cerimônia e a outra podiam variar entre 10 á 15 Anos. Não existiam muitos
segredos, pois aos rapazes podia dizer-se que iam à circuncisão.
No acto da circuncisão, estes eram encostados a uma árvore ou sentados sobre
uma pedra, tendo por baixo das pernas, Étahi “ fezes de boi” ardentes, sobre as
quais vai caindo o sangue do circuncisado. Nos primeiros dias o cirurgião
tradicional passava a noite no acampamento com os rapazes, para acudir a
qualquer situação anormal e acompanhá-los o melhor possível.
Nos primeiros 03 dias, muito cedo, todos se deslocavam para “ Omuhamba”
uma árvore escavada, onde os circuncisos molhavam o PÊNIS na resina, para
desinfetar a ferida e fazer o curativo de seguida. O tratamento era feito com uma
composição de fezes de coelho e um pó, preparado com folhas secas da mesma
árvore.
Cumpria-se uma dieta rigorosa até que as feridas ficassem curadas, estes
passavam por certas interdições, como, por exemplo, não comer alimentos com
SAL.Os tratamentos eram precários, motivo que levava o prolongado tempo de
cura. As ervas e fezes de coelho serviam de fármacos e não tinham condições de
higiene.

Havia um facto muito triste no Echumbo, aquele tempo todo que lá ficavam, se
por acaso acontece uma infelicidade, os pais não tomavam conhecimento até que
chegue o dia do encerramento. Os pais levam as duas refeições diárias, mas sem
ter contacto com os filhos. Caso o inesperado aconteça, todos os encarregados se
apercebem da situação mas sem saber quem. Quando isto acontece os

7
circuncidados passam toda noite a cantar isto e o sinal com os de mais que o
inesperado aconteceu mas sem saberem filho de quem morreu.
Os rapazes devem ser bem vestidos para a festa, com muitos panos e
adornados com penachos de galinhas ou de outras aves e são levados para o
OMBELO, exibindo cânticos e danças. Ali permanecem entre 02 á 03 dias.
Depois, os familiares recolhem-nos e a festa continua, passando cada um em
casa dos seus OVOTAVA “ Companheiros”. Estas visitas designam-se por “
Okuyambechua”, manifestando alegria de júbilo pela nova etapa alcançada.
Durante a cerimônia, as crianças permanecem junto das suas famílias, onde
terão a assistência médica e medicamentosa e não há rigor na dieta alimentar
nem das cerimônias religiosas, assim como das respectivas festividades.
Penteados
As mulheres usam penteados de demorada e difícil execução, as de grande
duração, horas vezes artisticamente ornamentados de missangas. O formato
desses penteados é variável, estando em conformidade com a fase da vida que a
mulher atravessa. Podem assim, distinguir-se pelo menos seis formatos, que
correspondem as seguintes fases: até a idade dos doze anos; dos treze aos
catorze; sendo este um autêntico monumento; quando está prestes a a casar;
quando casa, passando algum tempo depois de casar e , finalmente, depois de ter
filhos. Nesta última fase, a mulher usa pedaços de caniço no penteado, consoante
o número de filhos, pois cada pedaço de caniço representa um.
Pelo penteado pode, pois, distinguir-se se a rapariga é impúbere , pivete, se está
para casar ou se já casou e, neste último caso, se tem filhos e quantos tem. Nas
cerimônias tradicionais as mulheres deve apresentar-se com os penteados
próprios e devidamente compostos. Por vezes a arte dos penteados é melhorada
através do uso de ornamento perucas.

Variantes linguísticas
Vatomene Kukanda refere-se a nove variantes linguísticas, que abrangem,
sobretudo,na província da Huíla e também uma parte do Cunene. Na província da
Huíla o Leila. O Ngambo, o Humbi, o Handa (Mula), o Handa (Cipungu), o
Cipungu, Cilenge-Humbi, Cilenge- Muso. Na província do Cunene: o Humbi, o
Ndongwela, o Hinga e o Konkwa.

As multas
Na cultura local, o boi é também uma mercadoria que serve para pagar
determinadas multas pela violação de certas normas tradicionais ou por

8
determinados crimes cometidos. Por exemplo, quem tira a vida de outra pessoa
deve pagar a família da vítima entre seis a doze cabeças. Quem tira uma vista a
outrem lhe são cobradas duas a três cabeças. Já quem tira o dentefestividade
sujeita-se a pagar igualmente dois a três bovinos, não importando o tamanho do
animal. O pagamento é de cumprimento obrigatório, ainda que passem alguns
anos.
Quando se trata de adultério cometido por uma mulher, o homem com quem
esta se envolveu é submetido a uma multa que vai de uma a duas cabeças.
Engravidar uma jovem que ainda não fez puberdade dá também boas multas, mas
somente na hora de ir efectuar o pedido do casamento, pois considera-se que o
homem violou a tradição. Nestas condições, o “infractor” é obrigado a pagar a
cabeça que serviria para o efundula da moça e arcar com todas as despesas da
festa, para além de pagar os artigos pedidos na carta.
A festa do gado
Entre os diferentes rituais dos ambó está também o edano leengobe (festa do
gado), uma festa tradicional, que tal como outras não deixa de arrastar gente, que
consiste numa competição do gado bovino vindo de diferentes localidades, onde é
classificado o melhor animal quanto a qualidade e ao peso. Esta cerimónia,
normalmente realizada entre os meses de Junho e Agosto de cada ano, tem como
grande finalidade a demonstração de ostentação por parte dos criadores.
Normalmente participam aqueles criadores com um verdadeiro potencial
ganadeiro, e durante o evento são abatidas várias cabeças para o consumo dos
participantes.
O vencedor da competição, segundo João Haimbodi, não recebe qualquer
prémio material, pelo contrário ele tem a obrigação de recompensar o pastor do
seu gado com algum bem, por ter sido o responsável pela qualidade apresentada
pelos animais.

9
Conclusão
A Cultura dos povos Nyaneka Humbi fazem parte do vasto mosaico cultural do
povo Bantu, que evolui durante a sua expansão ao longo do Sul de Africa, mas
conservando a sua cultura apesar das influências externas como as dos antigos
colonos. As actividades culturais como o efico e ekwendje no passado tempo eram
identificadas como ensino e aprendizagem isto porque tanto as Ovafucos (moças)
como os Ovakwendje (rapazes) voltavam para as suas casas bem-educados.

10

Você também pode gostar