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QUANTIFICAÇÃO DO DANO MORAL

Conceito de Dano moral

Como afirma Carlos Roberto Gonçalves, “Dano moral é o que atinge o ofendido
como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra os
direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, a intimidade, a imagem,
o bom nome etc., como se infere dos arts. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição
Federal, e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e
humilhação”.

No intuito de evitar abusos e excessos, e melhor configurar o dano moral,


recomenda Sérgio Cavalieri:

[...] o dano moral não está necessariamente vinculado a


alguma reação psíquica da vítima. Pode haver ofensa à
dignidade da pessoa humana sem dor; vexame,
sofrimento, assim como pode haver dor; vexame e
sofrimento sem violação da dignidade. Dor; vexame,
sofrimento e humilhação podem ser consequências, e não
causas. Assim como a febre é o efeito de uma agressão
orgânica, a reação psíquica da vítima só pode ser
considerada dano moral quando tiver por causa uma
agressão à sua dignidade. (CAVALIERI, 2012, p.89).

Na configuração do dano, afirma Fatima Zanetti:

Há consenso na doutrina que a fixação do valor da


reparação por dano moral deve levar em conta os
seguintes requisitos: a gravidade do fato, a extensão do
dano, a compensação da vítima, o não favorecimento do
enriquecimento sem causa, o caráter pedagógico e a
capacidade econômica do ofensor. A jurisprudência, na
mesma trilha argumentativa, também menciona, no geral,
esses requisitos e, por vezes, chega a acrescentar como
fator restritivo na fixação do valor da reparação a vedação
do enriquecimento ilícito. (ZANETTI,2009, p.15).
Configurado o dano, outro ponto de discussão se forma: o caráter da reparação
do dano. A doutrina entende ser duas formas, compensatório e punitivo.
Segundo Carlos Roberto Gonçalves:

Tem prevalecido, no entanto, o entendimento de que a


reparação pecuniária do dano moral tem duplo caráter: 11
compensatório para a vítima e punitivo para o ofensor. Ao
mesmo tempo que serve de lenitivo, de consolo, de uma
espécie de compensação para atenuação do sofrimento
havido, atua como sanção ao lesante, como fator de
desestímulo, a fim de que não volte a praticar atos lesivos
à personalidade de outrem. (GONÇALVES, 2012, p.368).

Igualmente relevante a defesa de Fátima Zanetti quanto ao caráter de


reparação do dano:

Predomina, explícita ou implicitamente, a ideia de que


esse tipo de reparação deve ter apenas caráter
compensatório da vítima, negando o caráter pedagógico
sob o fundamento de que não se pode banalizar esse tipo
de direito, o que se daria com a fixação de valores
elevados e serviria de estímulo para a busca de
indenização milionárias pela via judicial. (ZANETTI, 2009,
p.15).

Ainda quanto à reparação do dano, evidencia-se os modos de reparação


segundo Maria Helena Diniz:

O modo de reparação do dano implicaria uma


determinação do conteúdo dessa reparação. É o dano
moral indenizável independentemente da maior ou menor
extensão do prejuízo econômico, embora deveria ser
proporcional a ele. A reparação do dano moral tem, sob
uma perspectiva funcional, um caráter satisfatório para a
vítima e lesados e punitivo para o ofensor. (DINIZ,2018,
p.132).

Diz Maria Helena Diniz, que:


Não se pode negar que a reparação pecuniária do dano
moral é um misto de pena e de satisfação compensatória,
tendo função: a) penal, ou punitiva, constituindo uma
sanção imposta ao ofensor, visando a diminuição de seu
patrimônio, pela indenização paga ao ofendido, visto que
o bem jurídico da pessoa — integridade física, moral e
intelectual — não poderá ser violado impunemente,
subtraindo-se o seu ofensor às consequências de seu ato
por não serem reparáveis; e b) satisfatória ou
compensatória, pois, como o dano moral constitui um
menoscabo a interesses jurídicos extrapatrimoniais,
provocando sentimentos que não têm preço, a reparação
pecuniária visa proporcionar ao prejudicado uma
satisfação que atenue a ofensa causada. (DINIZ,2018,
p.131).
E também que:

Não se trata, como vimos, de uma indenização de sua


dor, da perda de sua tranquilidade ou prazer de viver, mas
de uma 12 compensação pelo dano e injustiça que sofreu,
suscetível de proporcionar uma vantagem ao ofendido,
pois ele poderá, com a soma de dinheiro recebida,
procurar atender às satisfações materiais ou ideais que
repute convenientes, atenuando assim, em parte, seu
sofrimento. (DINIZ,2018, p.132).
Indiscutível é, na responsabilidade civil o dever de indenizar. A doutrina e os
tribunais acordam neste quesito. Aprecia-se a exemplo:

Indenizar significa reparar o dano causado à vítima,


integralmente. Se possível, restaurando o statu quo ante
isto é, devolvendo-a ao estado em que se encontrava
antes da ocorrência do ato ilícito. Todavia, como na
maioria dos casos se torna impossível tal desiderato,
busca-se uma compensação em forma de pagamento de
uma indenização monetária. (GONÇALVES, 2012, p.334).
A indenização por danos morais é uma compensação
pecuniária por sofrimentos de grande intensidade, pela
tormentosa dor experimentada pela vítima em alguns
eventos danosos. (COELHO, 2012, p. 826).
Configurado o dano, o artigo 944 do Código Civil determina que a indenização
se mede pela extensão do dano.

Diante disso questiona-se sob os critérios que os magistrados optam para a


quantificação da indenização por dano moral?

Fato firmado pelo Ministro Paulo Tarso Sanseverino:


A questão relativa à reparação dos danos
extrapatrimoniais, especialmente a quantificação da
indenização correspondente, constitui um dos problemas
mais delicados da prática forense na atualidade, em face
da dificuldade de fixação de critérios objetivos para o seu
arbitramento.
Natureza Jurídica e Finalidade Precípua do Dano Moral

A natureza jurídica da reparação do dano moral tem sido motivo de


discussões no nosso ordenamento jurídico, pois é notório que a reposição
natural na ofensa a direitos extrapatrimoniais da pessoa não é possível, pois
não há a possibilidade de ser restituída ao status quo ante.
Sobre o tema ensina o ilustre professor PABLO STOLZE GAGLIANO:

Na reparação do dano moral, o dinheiro não


desempenha função de equivalência, como no dano
material, mas, sim, função satisfatória. Quando a vítima
reclama a reparação pecuniária em virtude do dano
moral que recai, por exemplo, em sua honra, nome
profissional e família, não está definitivamente pedindo o
chamado pretium doloris, mas apenas que se lhe
propicie uma forma de atenuar, de modo razoável, as
consequências do prejuízo sofrido, ao mesmo tempo em
que pretende a punição do lesante. Dessa forma, resta
claro que a natureza jurídica da reparação do dano
moral é sancionadora (como consequência de um ato
ilícito), mas não se materializa através de uma “pena
civil”, e sim por meio de uma compensação material ao
lesado, sem prejuízo, obviamente, das outras funções
acessórias da reparação civil.

É importante salientar o fato de vários autores pontuarem que não existe


unanimidade sobre a natureza jurídica da indenização por danos morais,
surgindo 3 correntes doutrinárias e jurisprudenciais sobre a controvérsia,
sobre tais correntes ensina FLÁVIO TARTUCE em sua obra:

1º Corrente: A indenização por danos morais tem o mero


intuito reparatório ou compensatório, sem qualquer
caráter disciplinador ou pedagógico. Essa tese
encontrasse superada na jurisprudência, pois a
indenização deve ser encarada mais do que uma mera
reparação.
2º Corrente: A indenização tem um caráter punitivo ou
disciplinador, tese adotada nos Estados Unidos da
América, com o conceito de punitive damages. Essa
corrente não vinha sendo bem aceita pela nossa
jurisprudência, que identificava perigos na sua aplicação.
Porém, nos últimos tempos, tem crescido o número de
adeptos a essa teoria. Aqui estaria a teoria do
desestímulo, desenvolvida, no Brasil, por Carlos Alberto
Bittar (Reparação civil…, 1994, p. 219226).
3º Corrente: A indenização por dano moral está
revestida de um caráter principal reparatório e de um
caráter pedagógico ou disciplinador acessório, visando a
coibir novas condutas. Mas esse caráter acessório
somente existirá se estiver acompanhado do principal.

Essa última corrente tem prevalecido na jurisprudência nacional, pois no


ordenamento jurídico brasileiro seguindo a doutrina e jurisprudência atual,
vem-se visualizando a duplicidade da reparação do dano extrapatrimonial sob
o fundamento de que, na fixação do quantum  indenizatório, afora da
satisfação compensatória do ofendido, deve ser levado em conta um
sancionamento do ofensor, como meio de se punir a prática do ato ilícito,
tanto no sentido de retribuir danos passados quanto para evitar danos morais
futuros.
Seguindo a última corrente, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu:

Responsabilidade civil – Dano moral – Valor da


indenização. O valor do dano moral tem sido enfrentado
no STJ com o escopo de atender a sua dupla função:
reparar o dano buscando minimizar a dor da vítima e
punir o ofensor, para que não volte a reincidir. Fixação
de valor que não observa regra fixa, oscilando de acordo
com os contornos fáticos e circunstanciais. 4. Recurso
especial parcialmente provido” (STJ,  REsp 604.801/RS,
Recurso especial, 2003/01800314, Ministra Eliana
Calmon T2 – Segunda Turma 23.03.2004, DJ
07.03.2005, p. 214).

Não obstante a decisão acima citada, em alguns outros julgados recentes, o


mesmo Superior Tribunal de Justiça, vem usando outra expressão, qual seja
o caráter educativo. Partindo dessa ideia, segue a ementa:

Direito civil – Responsabilidade civil – Hospital – Ação de


indenização – Dano moral – Erro médico – Sequelas
estéticas e psicológicas permanentes – Conjunto
probatório – Montante indenizatório – Razoabilidade –
Súmula 7/STJ – Prequestionamento – Ausência –
Embargos de declaração – Omissão e contradição
inexistentes. Rejeitamse os embargos de declaração
quando inexistentes qualquer omissão, obscuridade ou
contradição na decisão embargada. O
prequestionamento dos dispositivos legais tidos como
violados constitui requisito de admissibilidade do recurso
especial. É defeso o reexame de provas em sede de
recurso especial. Na revisão do valor arbitrado a título de
dano moral não se mensura a dor, o sofrimento, mas tão
somente se avalia a proporcionalidade do valor fixado
ante as circunstâncias verificadas nos autos, o poder
econômico do ofensor e o caráter educativo da sanção.
Recurso especial não conhecido” (STJ,  REsp
665.425/AM, 3.ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j.
26.04.2005, DJ 16.05.2005, p. 348).

Nessa mesma linha, mas mencionando o caráter punitivo da indenização por


danos morais, pronunciou o Supremo Tribunal Federal:

“Responsabilidade civil objetiva do poder público –


Elementos estruturais. (…) – Teoria do risco
administrativo. Fato danoso para o ofendido, resultante
de atuação de servidor público no desempenho de
atividade médica. Procedimento executado em hospital
público. Dano moral. Ressarcibilidade. Dupla função da
indenização civil por dano moral (reparaçãosanção): a)
caráter punitivo ou inibitório (exemplara or punitive
damages) e b) natureza compensatória ou reparatória”
(STF,  AI 455.846, Rel. Min. Celso de Mello, Informativo
n. 364)

2.1.2 A Quantificação do Dano Moral

Na responsabilidade civil, quando se condena o ofensor ao pagamento de um


quantum indenizatório, de cunho eminentemente reparador ou satisfativo, o
que se busca é a reposição do bem perdido.

No caso dos danos morais, como já visto é indubitável que o valor da


indenização, representada em dinheiro, não tem função reparadora, própria
dos danos matérias. Até porque não há como se estabelecer equivalência entre
o dano moral e o ressarcimento.

O que se busca, no arbitramento do dano moral, não é atribuir um preço a dor


sofrida, mas sim uma forma de compensação pelos sofrimentos causados pelo
agente do ato ilícito.

Não há meios de se quantificar o prejuízo da dor, pois tal sentimento é


insuscetível de ser mensurado. A indenização do dano moral tem, na verdade
uma nítida função compensatória ou satisfatória, proporcionando ao lesado
uma satisfação que atenue a ofensa causada. Não se trata de uma indenização
que de sua dor, mas de uma compensação pelo dano e injustiça que sofreu,
uma soma em dinheiro que possa atenuar, ao menos em parte, o sofrimento
causado, uma forma de proporcionar uma vantagem ao ofendido.

Assim a lição de Guilherme couto de castro;

“O arbitramento não tem como objetivo pagar ou


indenizar, na feição etimológica (in + damnum), de retirar
o dano. Não se trata de aferir o preço da dor: o objetivo é
trazer algum bem a quem sofreu o mal já consumado, que
não se pode desfazer. Cuida-se de conceder benefício
apto a, de certo modo, permitir um alivio á vítima,
ajudando-a a desligar-se do sofrimento ou da ofensa á
dignidade e à honra.”

E é essa função compensatória que afasta a tese da impossibilidade de


reparação do dano moral
É indiscutível que na reparação por danos morais vesa-se a compensação ou
reparação satisfativa a ser dada aquilo que o agente fez ao prejudicado,
diferentemente da reparação danos patrimoniais, em que se tem a reposição
em espécie ou em dinheiro pelo valor equivalente.
E ao lado da função compensatória, a doutrina e jurisprudência pátrias em sua
maioria, também reconhecem a função punitiva do ressarcimento do dano
moral.
Assim é que tem prevalecido o entendimento de que a reparação do dano
moral tem duplo caráter: compensatório para a vitima e punitivo para ofensor.
Ao mesmo tempo que serve de compensação para atenuação do sofrimento
havido, atua como sanção ao causador do dano, tendo esta sanção uma
finalidade preventiva, de evitar que o agente volte a praticar atos lesivos e uma
finalidade repressiva, de evitar que a conduta indevida compense.

Tem prevalecido, no entanto, o entendimento de que a reparação


pecuniária do dano moral tem duplo caráter: compensatório para a
vítima e punitivo para o ofensor. Ao mesmo tempo que serve de
lenitivo, de consolo, de uma espécie de compensação para atenuação
do sofrimento havido, atua como sanção ao lesante, como fator de
desestímulo, a fim de que não volte a praticar atos lesivos à
personalidade de outrem. (GONÇALVES, 2012, p.368).

No entando, a questão do caráter punitivo da reparação do dano moral não é pacifica na


doutrina, sendo levantadas criticas à adoção da função expiatória no valor fixado pelo juiz.
A maior crítica que se faz é a de que não há pena sem prévia fixação de lei, sob pena de
ofender a garantia constitucional do nulla poena sine legede(art. 5° XXXIX). Cabe ao direito
penal e não ao direito privado reprimir as condutas que, na ordem geral, se tornam nocivas ao
interesse coletivo.
Portanto, a nosso ver é certo que a finalidade precípua do ressarcimento dos danos não é
punir o responsável, mas sim compensar a vitima da lesão sofrida. Mas é inegável que o
quantum indenizatório arbitrado, que implicará na diminuição do patrimônio do ofensor,
acarreta um resultado educativo a este, levando-o à elaboração da ideia de que será punido a
cada dano que perpetrar,
Assim, ao lado do caráter compensatório, a reparação pecuniária do dano moral possui
igualmente um sentido punitivo, contendo uma ideia de função preventiva, exercendo
importante papel na pedagogia da aprendizagem social.
Mas é certo também que o julgador deve observar tal caráter punitivo com ressalvas, tendo
sempre em conta que a função precípua da indenização é compensar a lesão e não castigar o
causador do dano e propiciar ao ofendido um enriquecimento sem causa.

Critérios objetivos para Fixação do Quantum Indenizatório

Por se tratar de lesão ao direito da personalidade, o dano moral recebe um


meio de atenuação do sofrimento do ofendido e não um preço. O que torna a
sua quantificação mais complexa, pois requer a aplicação do principio da
satisfação compensatória que por sua vez envolve o princípio da
proporcionalidade.

Assim, na ausência de padrões e critérios definidos para a quantificação do


dano moral, cabe o juiz o arbitramento da indenização. Competindo ao
magistrado, com prudência e moderação, fixar o quantum debeatur do dano
moral, valor este que deve ser especificamente fundamentado, de modo a
afastar qual quer nodoa de puro arbítrio do juiz. Ou seja, com base na
gravidade do dano e na situação econômica do ofensor. Sendo este analisado
pelas cortes de justiça, órgão responsável pela missão de uniformizar a
aplicação do direito infraconstitucional.

Primeiramente, na fixação do dano moral, deve estar sempre presente a


razoabilidade. Razoável é aquilo que é sensato, moderador que guarda uma
certa proporcionalidade. Como ensina Sérgio Cavalieri, “razoabilidade é o
critério que permite cotejar meios e fins, causas e consequências de modo a
aferir a lógica da decisão” bem como o ilustre doutrinar informa

“Para que a decisão seja razoável é necessário que a


conclusão nela estabelecida seja adequada aos motivos
que a determinaram; que os meios escolhidos sejam
compatíveis com os fins visados; que a sanção seja
proporcional ao dano”
Assim é que a indenização deve ser proporcional ao dano. A quantia
estabelecida deve ser suficiente para reparar o dano, não podendo importar em
enriquecimento sem causa para o ofendido. Também não pode o quantum ser
fixado em valor vil, inexpressivo, não atendendo ao fim compensatório.

Enfim o valor da indenização não deve ser nem tão grande que se converta em
fonte de enriquecimento sem causa, nem tão pequeno que se torne
inexpressivo.

O código civil não estabelece critérios fixos para sua quantificação ficando o
magistrado incumbido de arbitrá-la. Um dos meios mais eficientes de
quantificar o dano moral é o arbitramento pelo juiz feito conforme seu prudente
arbítrio com base é analisado pelas cortes de justiça, órgão responsável pela
missão de uniformizar a aplicação do direto infraconstitucional.

Esse arbitramento, conforme Maria Helena Diniz, se deve pautar em dois


critérios: um de ordem subjetiva, pelo qual o juiz deverá examinar a posição
social ou politica do ofendido e do ofensor, a intensidade do ânimos
leadere(anomo de ofender) determinado pela culpa ou dolo; e outro de ordem
objetiva, como a situação econômica do ofensor e do ofendido, o risco criado
com a ação ou omissão, a gravidade e a repercussão da ofensa.

O Novo Codigo Civil, em seu artigo 944, estabelece que “a indenização mede-
se pela extensão do dano”. E, no parágrafo único do citado dispositivo dano
poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. “verifica-se, da análise do
dispositivo, a adoção pelo legislador dos princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade na valoração da indenização.

Como já visto, após a constituição de1988 não há mais nenhum valor legal
prefixado, nenhuma tabela ou tarifa a ser observado pelo juiz na tarefa de fixar
da indenização pelo dano moral.

Sempre com a ideia da proporcionalidade, da razoabilidade e do bom senso,


doutrina e jurisprudência buscam traçar alguns parâmetros para a difícil e
importante tarefa da quantificação do dano moral.
São utilizados como parâmertros pela doutrina e jurisprudência, na
generalidade dos casos, algumas recomendações da lei de imprensa (Artigo
53) e do código Brasileiro de Telecomunicações(artigo 84), como a situação
repercussão da ofensa; o grau de culpa e a situação econômica do ofensor e
as circunstâncias que envolvem os fatos.

A Aplicação dos Princípios da Proporcionalidade e Razoabilidade.

Segundo Pedro Lenza, trata-se de principio extremamente importante


especialmente na situação de colisão entre valorese constitucionalizados.
Como parâmetros, podemos destacar a necessidade de preenchimento de três
importantes elementos:

a) Necessidade: por alguns denominada exigibilidade, a


adoção da medida que possa restringir direitos só se
legitima se indispensá vel para o caso concreto e não
se puder substituí-la por outra menos gravosa
b) Adequação: também chamado de pertinência ou
idoneidade, quer significar que o meio escolhido deve
atingir o objetivo perquirido;
c) Proporcionalidade em sentido estrito: sendo a medida
necessária a adequada, deve-se investigar se o ato
praticado, em termos de realização do objetivo
pretendido, supera a restrição a outros valores
constitucionalizados. Podemos falar em máxima
efetividade e mínima restrição. (LENZA, 2012.P.159)
Este principio constitucional apresenta-se como sustentação no superior
tribunal de justiça, quanto aos julgados conclusivos no tocante aos danos
morais.
O principio da razoabilidade pauta-se nos princípios gerais da justiça e
liberdade, almejando o equilíbrio entre o exercício do poder e a preservação
dos direitos dos cidadãos, promovendo harmonia social e evitando atos
arbitrários isolados. Contribui para que no ordenamento jurídico haja razão,
moderação, equilíbrio e harmonia, ideais para o bem comum.
Principio da proporcionalidade aciona, em casos de conflito entre princípios
constitucionais, que haja ponderação de valores fundamentados na
proporcionalidade e razoabilidade, objetivando a preservação da diginidade da
pessoa humana.
Referências:
tópico 2 GAGLIANO, Pablo Stolze, Manual de direito civil;
volume único, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona
Filho. – São Paulo: Saraiva, 2017, P 894.
[2] TARTUCE, Flávio. Direito Civil- Direito das Obrigações e
Responsabilidade Civil, Vol 2, 12ª Ed. Rio de Janeiro:Forense,
2017, P 516.
[3]REsphttp://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?
processo=604801&&tipo_visualizacao=RESUMO&b=ACOR&t
hesaurus=JURÍDICO&p=true acesso em 15 de fevereiro de
2018.
[4]REsp665425<http://www.stj.jus.br/SCON/
jurisprudencia/toc.jsp?
processo=665425&&tipo_visualizacao=RESUMO&...; acesso
em 18 de fevereiro de 2018.
[5]AI455.846<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/
listarJurisprudencia.asp?s1=
%28RESPONSABILIDADE+CIVIL+OB... > acesso em 20 de
fevereiro de 2018.

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