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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA AMAZÔNIA – UNAMA SANTARÉM

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

CÁSSIA CRISTINA VIEIRA BARROS BRASIL

DANO MORAL

Resenha apresentada para obtenção de nota parcial na


disciplina de Responsabilidade Civil ministrada pela
professora Elienei Costa dos Reis.

SANTARÉM
2023
O dano moral

No âmbito jurídico, o dano moral refere-se à lesão que atinge a pessoa


diretamente, sem afetar seu patrimônio. Isso abrange violações aos direitos fundamentais,
como honra, dignidade e imagem, causando ao ofendido dor, sofrimento e humilhação,
conforme preceitua os artigos 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal.

Doutrinariamente, “a expressão ‘dano moral’ deve ser reservada


exclusivamente para designar o agravo que não produz qualquer efeito patrimonial, Se há
consequências de ordem patrimonial, ainda que mediante repercussão, o dano deixa de
ser extrapatrimonial” . (Paulo Gomes, p. 355)

No que tange aos bens lesados e à configuração do dano moral, a doutrina


majoritária entende que as hipóteses previstas na Constituição Federal são meramente
exemplificativos, entre eles, os direitos como resposta, intimidade e imagem, delineado na
Constituição Federal, devem ser obeservados a extensão do dano moral, nos contornos
dispostos no art. 5º, inciso V, da Carta Magna, que assegura que “direito de resposta,
proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”. Vale
destacar que, segundo Sérgio Cavalieri, que compreende-se como dano moral:

“a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira


intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições,
angústia e desequilíbrio em seu bemestar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa,
irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral,
porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia a dia, no trabalho,
no trânsito, entre os amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são
intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo”

Por sua vez, a gravidade do dano moral somente o dano moral


razoavelmente grave deve ser indenizado, nos termos do art.496 do Código civil, in
verbis: “Na fixação da indenização deve atender-se aos danos não patrimoniais que, pela
sua gravidade, mereçam tutela do direito”

Quanto aos titulares da ação de reparação, além do próprio ofendido,


cônjuge, companheiro e membros da família também podem buscar reparação. Contudo,
há controvérsias sobre a possibilidade de incapazes, como o nascituro e amentais, serem
vítimas de dano moral. Alguns argumentam que a incapacidade de sentir dor espiritual
não impede a reparação, considerando-a uma indenização objetiva de um bem jurídico
violado.
O texto discute diversos aspectos relacionados ao dano moral no contexto
jurídico. Destacam-se considerações sobre a legitimidade ativa do nascituro para pleitear
reparação de danos morais decorrentes do homicídio de seu genitor, independentemente
de ter nascido após o falecimento. A jurisprudência reforça a ideia de que a dor de nunca
ter conhecido o pai constitui um dano moral, e o valor da compensação pode variar com
base nesse critério. Nos termos do julgado do Superior Tribunal de Justiça, inferere-se
que:

“Morte de genitor. Nascituro. Direito à reparação do dano moral. Possibilidade. O


nascituro também tem direito à reparação dos danos morais pela morte do pai, mas
a circunstância de não tê-lo conhecido em vida tem influência na fixação do
quantum”

Quanto à pessoa jurídica, o texto aborda a possibilidade de sofrer dano


moral, reconhecendo sua legitimidade para buscar reparação, inteligência da Súmula 227
do STF. Embora não possua capacidade afetiva, a pessoa jurídica pode sofrer dano moral
objetivo relacionado a atributos sujeitos à valoração extrapatrimonial da sociedade, como
conceito, bom nome e probidade comercial.

A discussão sobre os direitos da personalidade destaca sua inviolabilidade,


conforme a Constituição Federal, e ressalta a imprescritibilidade desses direitos (art. 5º, X
da CF). Vale destacar ainda o disposto no art 11 do CC, conforme in verbis: “Com
exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.”

Nesta feita, pesar de admitir a transmissão da pretensão de exigir reparação


pecuniária aos sucessores, observando os prazos prescricionais estabelecidos em lei. A
intransmissibilidade desses direitos é enfatizada pelo Código Civil, que os considera
intransmissíveis e irrenunciáveis, com exceções previstas em lei.

No tocante à prova do dano moral, o autor explora a dispensa de prova em


concreto em muitos casos, destacando a presunção absoluta do dano moral, que ocorre
no interior da personalidade e é in re ipsa. Contudo, a realização de perícia psicológica
para a constatação do dano moral é mencionada como uma questão controversa na
jurisprudência, merecendo destaque o acórdão peoferido pelo Tribunal de Justiça de São
Paulo que assim dispõe:
“Não são os psicólogos profissionais dotados de técnica de avaliação de danos
morais, razão pela qual não se pode alegar que o fato exposto na inicial dependa
de prova técnica. Não houve cerceamento de defesa, porque ao juiz é facultado
indeferir prova inútil e impertinente”

A evolução na abordagem do dano moral e sua reparação ao longo das


legislações, desde o Código Civil de 1916 até o de 2002, é brevemente analisada,
destacando a atual compreensão do dano moral no contexto mais amplo do ato ilícito. O
texto fornece uma visão abrangente desses aspectos, refletindo a complexidade e a
variedade de considerações que envolvem o tema do dano moral no cenário jurídico.

Nesta feita, tem-se uma abordagem da temática da reparação do dano


moral no contexto jurídico, notadamente à luz da Constituição Federal de 1988. No
âmbito dos direitos fundamentais, a Carta Magna assegura o direito à resposta
proporcional ao agravo, bem como à indenização por dano material, moral ou à imagem,
evidenciando uma postura favorável à reparação diante de ofensas a direitos
personalíssimos como intimidade, vida privada, honra e imagem.

Destaca-se a possibilidade de cumulação da reparação do dano moral com


o dano material, apoiada pela jurisprudência, e há uma análise sobre a natureza jurídica
da reparação. Prevalece a visão de que a compensação pecuniária do dano moral
possui caráter duplo, atuando como compensação para a vítima e como sanção punitiva
para o ofensor.

A complexidade na quantificação do dano moral é explorada, considerando


a ausência de critérios uniformes. Discute-se a tarifação versus arbitramento, sendo que
o critério predominante no Brasil é o do arbitramento pelo juiz. O texto ressalta a falta de
padrões objetivos e destaca alguns critérios utilizados na fixação do valor indenizatório,
incluindo a situação econômica do lesado, a intensidade do sofrimento, a gravidade da
ofensa e a condição do ofensor.

Em suma, o desafio da quantificação do dano moral demanda sensibilidade


do juiz, que deve agir com bom senso e moderação, considerando as circunstâncias
específicas de cada caso. A conclusão aponta para a inexistência de um critério objetivo
e uniforme, deixando a responsabilidade ao julgador para determinar um valor justo e
razoável para a indenização em cada situação particular. Destaca-se a Súmula 490 do
Supremo Tribunal Federal determina que a indenização deve ser automaticamente
reajustada, quando fixada em forma de pensão, temporária ou vitalícia, nestes termos: “A
pensão, correspondente à indenização oriunda da responsabilidade civil, deve ser
calculada com base no salário mínimo vigente ao tempo da sentença e ajustar-se-á às
variações ulteriores”

Por conseguinte, o valor da causa na ação de reparação do dano moral


deve ser fixada na petição inicial, ou seja, o valor da causa para que não fique ao arbítrio
do julgador. Ressalta-se que o Novo Código de Processo Civi, nos termos do art. 292,
inciso V, passou a preceituar que , “na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano
moral, o valor pretendido” deve ser alçado. O autor deverá, portanto, estimar na inicial o
valor do dano moral, sendo inadmimíssevel formular pedido genérico.

A discussão sobre a quantificação do dano moral revela a complexidade do


tema, com a inexistência de critérios uniformes. Enquanto a tarifação, método pelo qual
o valor das indenizações é pré-fixado, não encontra aplicação no Brasil, o critério
predominante é o arbitramento pelo juiz. O desafio é encontrar um valor razoável e justo.
No entanto, o autor frisa que:

“O montante não poderá, pois, ser exagerado, uma vez que, ocorrendo
sucumbência parcial ou total, os honorários advocatícios serão fixados entre o
mínimo de dez e o máximo de 20% sobre o valor atualizado da causa (CPC/2015,
art. 85, § 2º). do ofensor.”

Ao seu turno, o texto destaca o método bifásico na aferição do valor da


indenização, utilizado pelo Superior Tribunal de Justiça, que consiste em fixar inicialmente
um valor básico, levando em conta precedentes jurisprudenciais, e, em seguida, ajustar
esse valor conforme as peculiaridades do caso. Também é abordada a vinculação ao
salário mínimo em casos de pensão, ressaltando a necessidade de conversão para reais
para possibilitar a correção monetária.

Além disso, são explorados temas como a antecipação da tutela nas ações
de reparação do dano moral, evidenciando a possibilidade de concessão de medidas
preventivas diante de situações urgentes., possibilidade prevista no art. 303 do Código de
Processo Civil de 2015.

Outro aspecto importante ventilado pelo autor, são as súmulas do Superior


Tribunal de Justiça relacionadas ao dano moral, oferecendo uma visão panorâmica sobre
as orientações jurisprudenciais consolidadas, destacando-se as súmulas 37, 54, 277, 326
e 387.

Em suma, o texto apresenta uma análise acurada e abrangente do dano


moral, desde sua conceituação até questões práticas como sua quantificação, vinculação
ao salário mínimo e aplicação de medidas antecipatórias, enriquecendo a compreensão
sobre a temática no âmbito jurídico, trazendo jurisprudências imprescindíveis para
corroborarem com as questões atinentes a trativa proposta, o dano moral.

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