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Acórdão TRIBUNAL DA RELAÇÃO DO PORTO

Processo n.° 355/15.2 GAFLG.P1


Recurso penal Relator: Neto de Moura
A tutela punitiva abrange as medidas que visam infligir um castigo ao infrator que
desrespeitou a norma jurídica. Implicando, simultaneamente, a privação de um bem (ex:
liberdade, valores patrimoniais, etc.) e a reprovação da conduta. O que está em causa na
tutela punitiva não é reconstituir a situação eu existiria se o facto se não tivesse verificado,
mas antes aplicar um castigo ao infrator. Ainda que k Direito Penal seja o ramo por
excelência das sanções punitivas, existem exemplos de tutela punitiva também pelo direito
civil (ex: art. 2034) e também o direito administrativo (ex: penas disciplinares). Esta
modalidade de tutela assenta na maior gravidade das condutas lesivas. Exemplos do
acórdão: a condenação de X à pena de 1 ano e 3 meses de prisão. E a pena de 250 dias de
muita à taxa diária de 7€, num total de 1750€. A condenação de y a uma pena de um ano
de prisão e à pena de 580 dias de multa à taxa diária de 6€, num total de 3480€.
A tutela preventiva abrange as medidas destinadas a impedir (?) a relação da ordem
jurídica, a prevenir ou a evitar a inobservância das normas. Atua através da fiscalização, da
fixação de condições e da sujeitado a autorização de determinadas atividades dos
particulares com vista a evitar os danos sociais que delas poderiam evidentemente
resultar. Exemplo do nosso acórdão: sujeição da suspensão de execução da pena de prisão
ao cumprimento por ambos os arguidos X e Y, da regra de conduta de proibição de
qualquer contacto ou de qualquer aproximação com a vítima numa lógica de prevenção de
conflito e proteção da vítima do risco de reincidência.
Tutela reconstituição. Abrange as medidas que se destinam a reconstituir a situação que
existiria caso não tivesse ocorrido a inobservância da norma ou da conduta juridicamente
devida. Existem 3 tipos de reconstituição:
1. Reconstituição natural que é o modo de reconstituição regra, aplicando se, sempre
que possível e adequada a reparação dos danos. Desde que não seja
excessivamente onerosa para o devedor (art.°566). Neste tipo de reconstituição, a
parte lesada é colocado materialmente na situação em que estaria caso não tivesse
ocorrido a inobservância da norma.
2. Reintegração por equivalente: utiliza-se quando a reconstituição natural não é
possível, não é equitativa ou não é suficiente para dar resposta à violação havida.
Neste caso, não se procura chegar a uma solução idêntica à que haveria se a norma
não tivesse sido violada, mas antes se visa constituir uma situação que, embora
diferente, seja (valor igual … mente) equivalente à situação que existiria, em caso
de não violação da norma. Isto é, a parte lesada é indemnizada através da entrega
de uma soma pecuniária, que tem como o objetivo colocar o lesado na situação
patrimonial em que estaria caso não tivesse ocorrido a inobservância da norma.
Assim, diz se que existe uma desintegração, mas não uma reconstituição. Processa
se através de uma soma pecuniária pega pelo lesante ao lesado.
3. Compensação: corresponde a atribuição ao lesado de uma soma pecuniária a título
de reparação por danos morais. Não se trata de indemnização, pois não existe
possibilidade de ajuste pecuniário dos danos morais. Por exemplo, nenhum valor
torna indemne o sofrimento por uma deformação física ou falecimento de um ente
querido. Mas, a lógica subjacente a esta reparação é de que, o lesado, pode utilizar
o valor em causa para fazer coisas que lhe dão prazer, atenuando, assim, as
consequências nefastas do dano.
O facto que implica responsabilidade penal, implica também responsabilidade civil. Temos
pessoas que são condenadas, mas também tem de se compensar a vítima. A
responsabilidade civil reporta se aos danos acusados a vítima do crime e visa proceder à
reconstituição da situação anterior ao ato, na medida do possível.
O exemplo neste acórdão e a condenação de Y no pagamento da quantia de 3500€, a título
de danos não patrimoniais (compensação). Ou seja, o tribunal atribui à vítima uma
compensação. Neste caso, os danos resultantes dos delitos não têm natureza patrimonial,
isto e, não são suscetíveis de avaliação pecuniária são danos morais ou não patrimoniais.
Não é possível apagar o mal produzido, mas é possível conceder a lesada uma vantagem
material que, de algum modo, atenue aquele mal proporcionando lhe satisfações que, de
outro modo, não poderia obter. Não há aqui uma indemnização no sentido clássico, pois
indemnizar significa tornar indemne (remover o dano), o que não é possível,
proporcionado à vitima prazeres que, de outro modo, esta não poderia obter. O que se
pretende é atribuir a lesada uma compensação material que, em alguma medida,
contrabalance o prejuízo causado em bens de natureza imaterial. Atribui-se
conscientemente um bem de outra espécie por se considerar que, mais vale está
reparação, do que coisa nenhuma.

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