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SANÇÃO

A SANÇÃO JURÍDICA

Etimologicamente o vocabulo sanção deriva de sanction ( acção de sancionar) que se


liga ao verbo sancire: tornar sagrado, inviolável.
Em sentido lato a sanção pode definer-se como uma consequencia ou efeito imposto
pela ordem juridical.
Na definição de sanção, há duas acepções;
1. Fala-se de consequência negativa ou reacção desfavorável da ordem jurídica ao
incumprimento duma norma jurídica. Trata-se da sanção dita negativa, que se
traduz na privação de um bem;
2. Menos corrente, refere-se como sanção uma reacção favorável ao cumprimento
duma norma jurídica. É a sanção positiva ou premial, que se traduz na atribuição
de prémios ou recompensa.
A sanção nem sempre está presente nas normas juridicas:
Ex: As obrigações naturais, porque não são juridicamente exigiveis, não admitem ( art. 402º
CC);
As normas em que as sanções juridicas são estabelecidas denominam-se normas
sancionatórias ( ou secundárias) em oposição às normas ordenadoras ( ou primárias) que
definem o modelo de comportamento a observar.
Pode aparecer que os dois aspectos ( ordenador e o sancionatório) surjam unidos na mesma
disposição, mas não raro aparecem separados ( o dever de prestar alimentos é disciplinado
pelo Código Civil – art. 2003º a 2020; e sancionado pelo Código Penal) e algumas vezes , a
norma ordenadora está implicita na norma sancionatória ( Ex: a norma sancionatória que
estabelece a sanção para o crime de homicidio, contem implicita a norma ordenadora que
proíbe o homicidio – art. 147º CP)
CLASSIFICAÇÃO DAS SANÇÕES

1. Reconstitutivas: restabelecem a situação que existiria se a norma juridica não tivesse sido violada.
A sanção reconstitutiva reveste-se de seguintes aspectos:
a) Reconstituição em espécie ou in natura: repoe a situação anterior à violaçao da norma, sem recurso a algum bem
inexistente nesse momento. É a sanção que o direito privilegia ( art. 562º e 566º, nº 1 do CC).
Constituem exemplos a construção, de má fé, duma obra em terreno alheio: o dono do terreno pode exigir que seja desfeita e
o terreno restituido ao seu primitivo estado à custa do seu autor ( art. 1341º CC);
b) Execução especifica: aplica-se ao Direito das Obrigações e traduz –se na realização da prestação imposta pela norma
ofendida.
Ex; A entrega judicial de coisa determinada que o devedor se obrigou a entregar ao credor ( art. 827º CC); o contrato
promessa em que a sentença produz os efeitos do contrato-prometido ( art. 830º CC);
c) Indemnização especifica: repoe a situação com um bem que, não sendo o que foi danificado, permite desempenhar a
mesma função.
Ex; O caso de alguem que é obrigado a restituir um objecto igual ao que destruiu
2. COMPENSATÓRIAS OU RESSARCITÓRIAS: estabelecem uma situação que, embora diferente, se considera
valorativamente equivalente à situação que existia antes da violação da norma juridica.
Tal situação obtem-se através da indemnização dos danos causados a que o transgressor fica obrigado.
A indemnização pode cobrir os danos emergentes e também os lucros cessantes, ou seja, a frustração do ganho ( art. 564º
CC).
Tratando –se de danos não patrimoniais ou pessoais, a indemnização tão somente permite compensar o lesado e, por isso, é
preferivel falar de reparação ou de compensação da dor ou do desgosto sofrido 9 art. 496º CC;
3. PUNITIVAS: aplicam um mal ao infrator como castigo da violação duma norma juridica.
Trata-se de punições graves que funcionam quando os valores fundamentais da ordem juridica são desrespeitados.
Estas sanções que implicam a privação de um bem ( a vida, a liberdade, bens patrimoniais) e a reprovação da com duta do
infractor, podem ser:
a) CRIMINAIS: são as mais graves, porque correspondem a violações que a ordem juridica
considera criminosas.
No entanto, importa observar que, em muitos casos, o acto que implica responsabilidade
penal também produz responsabilidade civil;
b) CIVIS: são estabelecidas pelo Direito Civil em relação a condutas indignas.
Ex: o casamento contraido por menor sem autorização dos pais ou tutor não suprida pelo
Conservador do Registo Civil;
c) DISCIPLINARES: aplicam-se à infração de deveres de determinadas categorias
profissionais no exercicio da respectiva actividade laboral.
Ex: a repreensão, a suspensão e o despedimento ;
d) CONTRA-ORDENACIONAIS: são geralmente dimanadas da Administração Pública e
punem, com coimas, certas condutas susceptiveis de lesarem interesses fundamentais
4. PREVENTIVAS: visam afastar futuras violações, cujo receio é justificado pela prática
dum determinado ilicito.
Ex; liberdade condicional que pode aplicar-se a quem condenado a prisão, cumpriu a metade
da pena no minimo de seis meses, teve bom comportamento prisional e mostrou capacidade
para se readaptar á vida social; do internamento dos inimputaveis;
5. COMPULSÓRIAS: procuram que, embora tardiamente , o infractor adopte a conduta
devida e, portanto, que a violaçao não se prolongue;
Ex: A prisão em que incorre quem não cumprir a sua obrigação de prestar alimentos, embora
esteja em condições de os prestar; a sanção traduzida no pagamento de uma quantia
pecuniária por cada dia de atraso no cumprimento da obrigação aplicavel ao devedor
inadimplente; a obrigação de pagar juros de 5% desde a data em que transite em julgado a
sentença de condenação no pagamento em dinheiro ( art. 829º CC)

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