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PSICOLOGIA

RESSENTIMENTO E NARCISISMO
l R
​ essentimento

Todas as correntes da psicologia fazem diversas abordagens sobre o sofrimento.


No sofrimento existe algo da realidade que precisa ser reinventada, pois se
perde algo da liberdade de querer, de poder, de fazer.

Normalmente queremos esquecer o que nos faz sofrer. Por isso precisamos
pensar sobre o ressentimento, uma pessoa ressentida não quer passar pelo
sofrimento e ultrapassá-lo, ela prefere manter ressentimento, uma mágoa sobre
o que aconteceu, alimentando-a de tal modo que sente prazer ao utilizá-la como
objeto de acusação.

O ressentimento possui diversas funções, sendo elas:

● Prazer de acusar
● Vingança embutida (ideia de ser moralmente superior)
● Preservar narcisismo
● A culpa é do outro (se deu errado)
● Isenção da responsabilidade

O ressentimento é um afeto característico da modernidade. A pessoa tomada


por esse sentimento, não quer soluções, quer ouvidos dispostos a escutar suas
reclamações. Com a atual sociedade narcísica, a falácia do individualismo é
predominante.

No ressentimento o indivíduo preserva o ideal individualista, mas se ele fracassa


a culpa é do outro. Por incrível que pareça, o ressentido não busca vingança. Por
ele não reagir e apenas reclamar, podemos perceber que ele ocupa uma posição
de passividade, vitimando-se perante a situação.

Os ressentidos estão presentes nos diversos segmentos da sociedade. Dentro


das Igrejas você poderá perceber que talvez há alguém que se sinta superior aos
outros, criticando por criticar as ações da igreja, sem nada a oferecer.

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l N
​ arcisismo

Narcisismo vem da palavra "​Narque"​, que significa narcótico, entorpecimento. O


narciso é alguém entorpecido por si mesmo, é a espetacularização de si mesmo.

Diversos mitos trazem o contexto do narcisismo, um deles é o mito grego da


ninfa ​Eco​, que gostava de ​Narciso. Por ser muito tagarela, foi amaldiçoada a
sempre repetir a última fala da pessoa com quem conversava. Narciso se
contemplava a beira de um lado e a ninfa, presa a sua maldição, ao tentar
conversar com ​Narciso, ​apenas repetia frases. O diálogo entre ​Narciso e ​Eco
“quem está aí” “quem está aí”.

Podemos tirar deste breve mito a ideia de que o narciso só recebe do outro seu
próprio eco, o que vem do outro é ele próprio. Tudo é espelho para o narciso,
algo que o possibilita de se auto contemplar. A maldição narcísica consiste em
se perder por se auto admirar de forma exacerbada. Outras versões do mito
grego trazem Narciso como alguém que a beira do lago se apaixona pelo seu
reflexo, pulando no lado e se afogando ou, de tanto se olhar, petrifica e morre.

A Imagem é referente a uma forma de se apresentar, de se ver, como me


apresento ao outro. Há uma dependência do olhar, de se agarrar a uma imagem
construída de beleza, de ruína, exaltação. O Investimento é o que exige de
energia, na sustentação dessa imagem criada. Na Identificação o sujeito se
apresenta, tem a sua imagem como cartão de apresentação.

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Exemplo: Uma menina que sempre foi a princesinha da família, queridinha do
papai, presencia o caso de traição do pai para com sua mãe. Aquela imagem de
princesinha dela, a traz novamente para esta situação de traição, logo ela
investe na construção de uma outra imagem que a desligue do rótulo de
princesinha. Manter esta nova imagem demandará muita energia e, ouvir que
novamente que ela é a princesinha do papai, poderia ser o fim.

Qual o problema dessas situações? Não temos controle de qual imagem o outro
tem sobre nós, como ele nos percebe. É uma ilusão acreditar que podemos
forçar o outro a enxergar a imagem que criamos para nós mesmos. O narcisista
é aquele que tem fascínio em se contemplar no alto de sua beleza ou ruína. O
fascínio prende nosso olhar para algumas dessas duas direções, nos tornando
servos dele.

Em nossas igrejas podemos encontrar diversos líderes narcisistas, fascinados


por si mesmos, com discursos que exaltam somente a ele “Porque eu fiz; porque
eu sofri; porque eu estou; etc”. Esse hiper foco nos impede que enxerguemos
coisas muito importantes, fechando as nossas portas para o Evangelho.
Podemos ajudar o narciso a desinflacionar o fascínio, para que ele gaste menos
tempo em se vangloriar de sua beleza ou ruína. É ajudá-lo a esvaziar-se e
perceber que o mundo não gira ao seu redor.

O narcisista se alimenta da reação dos outros, buscando sempre trazer a


atenção de todo o local para si. Para isso ele se utiliza de algumas ferramentas
para manipular, como por exemplo, a chamada Fumaça, que é a capacidade de
distorcer o que a pessoa falou, ao ponto que o próprio dono da fala desacredite
no que ele mesmo disse. Viemos de uma geração ensinada a confrontar tudo e
todos, mas cuidado ao confrontar um narcisista, sua habilidade de manipulação
e distorção da realidade é enorme.

Isso não lhe dá o direito de julgar um narciso, nós como cristãos devemos
ajudar. Não podemos falar qualquer coisa, caso seja uma situação que você não
possa intervir, ore e busque alguém preparado para que o faça.

O narciso também se utiliza muito do movimento em valorizar e desvalorizar


uma pessoa. Isso atrapalha no relacionamento pois, a pessoa que se relacionar
com o narcisista irá experimentar os extremos do valor como pessoa e a
ausência dele.

Teresa pinheiro, médica, diz que muitas vezes indenizamos narcisisticamente,


criando uma imagem para uma criança que acabou de nascer. Vai ser um herói
uma princesa, tem a testa de fulano, o humor de ciclano, o bebê é inventado,
tudo é subjetivo.

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O olhar do outro é importante. O questionamento é: Até que ponto esse olhar
me afeta? Não devemos ser dependentes do olhar do outro. Não devemos
esperar que a imagem criada por nós, para nós, seja perfeita e que o outro irá
enxergá-la tal qual imaginamos.

Prepare-se para receber essas pessoas com amor, paciência. Conheça a bíblia
para que sua fé atinja a quem necessita, não com frases prontas, mas sim de
maneira assertiva. Essas pessoas precisam de ajuda, procure saber como
ajudá-las ou encaminhá-las para quem as ajude. Esteja preparado e que Deus te
abençoe.

l​ Indicação de Leitura

● PALMER, Michael. ​Freud e Jung Sobre a Religião​. São Paulo, Editora Loyola.
2001.

Muito se encontra sobre o assunto na internet, aprenda a filtrar o que é bom e


ruim para não atrapalhar a sua aprendizagem.

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