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___/___/2019 INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E SABER

Conhecer mais é o que nos move

Leitura deleite nº1

BICICLETANDO

Numa tarde ensolarada, João e sua mãe saíram a passeio pelas alamedas da
vizinhança em direção à praça. João se divertia pedalando a nova bicicleta que ganhara de
Natal, enquanto sua mãe admirava-o com orgulho.
Lá chegando, a mãe acomodou-se em seu banco predileto enquanto João circulava
animadamente ao redor da praça. Por alguns instantes a mãe não o enxergava, oculto
pelas grandes árvores, mas ficava sossegada, pois conhecia a habilidade de João.
Cada vez que passava pelo banco da mãe, João acenava e ela olhava-o envaidecida.
Depois de passar várias vezes pela mãe, o menino resolveu demonstrar aquilo que
tinha aprendido.
- Olhe, mamãe, estou dirigindo a bicicleta sem uma das mãos!
- Muito bem!
Alguns minutos depois, o filho volta dizendo:
- Mamãe, sem as duas mãos!
E a mãe apreensiva, lhe diz:
- Cuidado, querido, não a deixe embalar na descida.
Mais alguns minutos e ela se vira à direita para vê-lo, vindo em sua direção. Agora,
equilibrando-se sobre a bicicleta:
- Veja, mãe, sem um pé!
E na volta seguinte:
- Mãããeee, sem os dentes!!
Pobre Joãozinho...  

Eduarda Borges
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Leitura deleite nº2

NARCISO

Mitologia grega

Há muito tempo, na floresta, passeava Narciso, o filho do sagrado rio Kiphissos. Era lindo,
porém tinha um modo frio e egoísta de ser. Era muito convencido de sua beleza e sabia que não
havia no mundo ninguém mais bonito que ele.
Vaidoso, a todos dizia que seu coração jamais seria ferido pelas flechas de Eros, filho de
Afrodite, pois não se apaixonava por ninguém.
As coisas foram assim até o dia em que a ninfa Eco o viu e imediatamente se apaixonou por
ele.
Ela era linda, mas não falava; o máximo que conseguia era repetir as últimas sílabas das
palavras que ouvia.
Narciso, fingindo-se de desentendido, perguntou:
– Quem está se escondendo aqui perto de mim?
–… de mim – repetiu a ninfa assustada.
– Vamos, apareça! – ordenou. – Quero ver você!
–… ver você! – repetiu a mesma voz em tom alegre.
Assim, Eco aproximou-se do rapaz. Mas nem a beleza e nem o misterioso brilho nos olhos da
ninfa conseguiram amolecer o coração de Narciso.
– Dê o fora! – gritou, de repente. – Por acaso pensa que eu nasci para ser um da sua
espécie? Sua tola!
– Tola! – repetiu Eco, fugindo de vergonha.
A deusa do amor não poderia deixar Narciso impune depois de fazer uma coisa daquelas.
Resolveu, pois, que ele deveria ser castigado pelo mal que havia feito.
Um dia, quando estava passeando pela floresta, Narciso sentiu sede e quis tomar água.
Ao debruçar-se num lago, viu seu próprio rosto refletido na água. Foi naquele momento que
Eros atirou uma flecha direto em seu coração.
Sem saber que o reflexo era de seu próprio rosto, Narciso imediatamente se apaixonou pela
imagem.
Quando se abaixou para beijá-la, seus lábios se encostaram na água e a imagem se desfez.
A cada nova tentativa, Narciso ia ficando cada vez mais desapontado e recusando-se a sair de
perto da lagoa. Passou dias e dias sem comer nem beber, ficando cada vez mais fraco.
Assim, acabou morrendo ali mesmo, com o rosto pálido voltado para as águas serenas do
lago.
Esse foi o castigo do belo Narciso, cujo destino foi amar a si próprio.
Eco ficou chorando ao lado do corpo dele, até
que a noite a envolveu. Ao despertar, Eco viu que
Narciso não estava mais ali, mas em seu lugar havia
uma bela flor perfumada. Hoje, ela é conhecida pelo
nome de “narciso”, a flor da noite.
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Leitura deleite nº 3

CACHINHOS DOURADOS

Era uma vez uma família de ursinhos: o papai urso, a mamãe urso e o bebê urso. Eles
moravam em uma linda casinha, no meio da floresta.
O papai urso era o maior de todos e tinha uma voz muito grossa. A mamãe urso era um pouco
menor e tinha uma vozinha meiga. O bebê urso era o menorzinho e sua voz era bem fininha.
Um dia, pela manhã, quando se levantaram, iam tomar mingau, mas a mamãe ursa disse:
- Este mingau está muito quente para ser tomado agora. Vamos dar uma voltinha na floresta
enquanto ele esfria e na volta nós tomamos.
Deixaram o mingau nas suas tigelinhas e saíram. Enquanto eles estavam fora, apareceu uma
menina chamada cachinhos dourados, que morava do outro lado da floresta e tinha o mau
costume de fugir de casa.
Quando ela viu a casa dos ursinhos, achou-a muito bonitinha e foi logo entrando.
Logo que entrou, avistou as tigelinhas de mingau na mesa da cozinha, olhou em volta e disse:
- Oba, acho que alguém estava me esperando. Esse mingau parece delicioso.
Provou do mingau da tigela maior e achou-o muito quente. Provou o da tigela do meio e
achou-o muito frio. Provou o da tigelinha menor e achou-o tão bom que acabou comendo todo o
mingau que havia nela.
Depois, foi até a sala e encontrou três cadeiras. Achou a cadeira grande muito dura. Sentou
na do meio e achou-a muito macia. Sentou-se na menor e achou-a confortável, mas como tinha
poucos modos, acabou quebrando-a em pedaços.
Cachinho dourados foi então ao quarto dos ursinhos e encontrou três camas: uma grande, uma
menor e uma menorzinha. Deitou-se na cama maior e achou-a muito dura. Deitou-se na do meio
e achou-a macia demais. Deitou-se na pequenininha e achou-a muito boa. Ali ficou quietinha e
acabou pegando no sono.
Enquanto ela dormia, os ursinhos voltaram do passeio e foram logo à cozinha para tomar o
mingau. Logo notaram que alguém tinha estado ali e foram até a sala. Perceberam que havia
algo errado. Foram até o quarto e encontraram uma menina dormindo na cama do bebê urso.
Cachinho dourados acordou com o barulho e ficou assustadíssima quando viu os ursos no
quarto.
Saltou da cama, correu pelo quarto, pulou a janela e continuou correndo pela floresta tão
depressa quanto podia.
A partir desse dia, cachinhos dourados nunca mais fugiu de casa.
(Adaptada por Christiane Araújo Angelotti)
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Leitura deleite nº 4

O SAPO E O COELHO

O Coelho vivia zombando do Sapo. Achava-o preguiçoso e lerdo, incapaz de


qualquer agilidade. O sapo ficou zangado:
- Quer apostar corrida comigo?
- Com você? - assombrou-se o coelho.
- Justamente! Vamos correr amanhã, você na estrada e eu pelo mato, até a
beira do rio...
O coelho riu muito e aceitou o desafio. O sapo reuniu todos os seus parentes e
distribuiu-os na margem do caminho, com ordem de responder aos gritos do coelho.
Na manhã seguinte os dois enfileiraram-se e o coelho disparou como um
raio, perdendo de vista o sapo que saíra aos pulos. Correu, correu, correu, parou e
perguntou:
- Camarada Sapo?
Outro sapo respondia dentro do mato:
- Oi?
O coelho recomeçou a correr. Quando julgou que seu adversário estivesse bem
longe, gritou:
- Camarada Sapo?
- Oi? - coaxava um sapo.
Inutilmente, o coelho corria e perguntava, sempre ouvindo o sinal dos sapos
escondidos. Chegou à margem do rio exausto, mas já encontrou o sapo, sossegado e
sereno, esperando-o. O coelho declarou-se vencido.
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Leitura deleite nº5


CONTO DE AVENTURA: AVENTURA ESPAÇO-ESPECIAL

O inimigo estava distraído. Ufa! Lucas respirou aliviado. Agora, se tivesse sorte, escaparia do monstro
sem ser visto. Neutralizou o hipercondutor sob o braço, deslizou pelo espaço-cósmico vagarosamente...
Um meteorito solto! O barulho atraiu o inimigo, que disparou o ataque de rugidos monstruosos! Ainda
bem que a fera estava presa. Pois bem, agora que Lucas fora descoberto, não precisava mais agir
silenciosamente: respondeu com gritos e pancadas na superjaula do monstro e depois fugiu rindo, feliz por
sua escapada...
Mas a tarefa ainda lhe oferecia perigos. Muitos perigos. Afinal, era uma trajetória complicada...
deveria seguir da nave mãe até o comboio-abastecedor e esse caminho passava pelos mais arriscados
esconderijos de feras cósmicas e bandoleiros das Forças do Mal.
Será que o Guerreiro Maligno já retornara a sua própria nave central? E se ele o emboscasse,
traiçoeiro, atrás daquela dobra espacial? Debaixo do capacete, Lucas sentia o suor escorrendo da testa.
Resolveu mudar de tática. Subiu corajosamente em sua prancha cósmica e impulsionou jatos com força
total! Vrrrruuuuuuuummmmmmmm!
Ainda ouvia os rugidos da fera distante, acrescidos agora dos berros do atarantado Guerreiro Maligno:
─ Pode deixar, Lucas, eu pego você na volta!
Era isso, como pode esquecer? Haveria a volta e no retorno os perigos continuariam... Chegou à
nave-abastecedora, dirigiu-se rapidamente ao atendente e solicitou os suprimentos encomendados.
─ Depressa! Quanto é? ─ Lucas passou o valor necessário para quitar sua despesa e voltou a
impulsionar seus jatos, sem se despedir do atendente.
E agora, como retornar à nave mãe? Podia ser um caminho mais longo, mas optou por outro
quadrante cósmico. Assim, escaparia de feras ruidosas ou guerreiros do mal, mas...
Passaria próximo às tocas das Bruxas Faladeiras! Eram terríveis, lançavam horrendos feitiços do sono,
com suas perguntas torturantes sobre sua vida aventurosa ou comentários minuciosos sobre os planetas
vizinhos... E quem estava ali, esperando por ele? A pior de todas! Ela, a Mega-Estratosférica-Fofoqueira-
Espacial! E já o havia visto.
Então Lucas ajeitou o capacete para o lado, experimentou seus jatos com as solas dos pés, agarrou a
encomenda de suprimentos nos braços e partiu. Habilmente, conseguiu ser mais rápido que o som e escapou
da inimiga! Ouvia seus resmungos e reclamações às costas, mas agora ela não poderia lançar qualquer
feitiço. Faltava pouco para alcançar a segurança da nave mãe. Apenas milissegundos para chegar ao seu
espaço cósmico familiar. Dez, nove, oito, sete, seis...
─ ...cinco, quatro, três, dois, um! CHEGUEEEEEEEEEIIIIIIIIIII! Estou a salvo! ─ jogou o boné para
um lado e o pacote de encomenda para o outro.
─ Nossa, Lucas, quanta bagunça só para trazer o pão! E que sujeirada é essa? Não me diga que você
foi de skate até a padaria?! Vê se pode menino!
“Por que as mães gostam de estragar as aventuras?”, pensou. “É a minha prancha cósmica e eu sou o
Skatista Metalizado”.
E a mãe reclamava:
─ Pensa que não ouvi os latidos do cachorro da dona Alberta? Mania que você tem de provocar esse
bicho! Onde está o troco? Daqui a pouco você vai buscar leite, resolvi fazer um bolo.
Lucas suspirou fundo, antes de ligar a televisão. “Uma nova missão”, pensou, “logo terei de enfrentar
mais perigos na rua... e aí?” O programa de TV lhe deu uma ideia e logo a sua criatividade o levava a
cavalgar como um cavaleiro medieval, usando um guarda-chuva como espada e uma velha cortina como
capa mágica da invisibilidade.
A vida pode ser bem aventurosa quando se tem imaginação!
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Leitura deleite nº 6

A BELA ADORMECIDA
Em um grande reino, ao nascer um novo dia, nasceu também uma bela princesa, a quem puseram o
nome de Diana.
Para o batizado, foram convidadas três fadas madrinhas: Flora, Fauna e Primavera.
Durante os festejos, Flora concedeu à princesa o dom da beleza; Fauna, o da música. E quando a fada
Primavera se acercava do berço, para também fazer a sua oferta, foi, subitamente, ultrapassada pela bruxa
Maléfica, que ninguém tinha convidado. Então, a bruxa lançou um feitiço:
- Quando fizeres dezesseis anos, vais picar-te no fuso de uma roca e morrerás!
E, dando uma enorme gargalhada, desapareceu no ar.
Estarrecidos, os reis suplicaram a Primavera que rompesse o feitiço.
- Não tenho poderes para isso, apenas posso torná-lo mais suave - respondeu a fada.
E, aproximando-se da princesa, disse-lhe:
- Não morrerás... Adormecerás profundamente, até que um beijo de amor te desperte!
Os anos passaram, e Diana cresceu e transformou-se numa linda jovem, vivendo no bosque, sempre
sob os cuidados atentos das três fadas. Ao completar dezesseis anos, as fadas levaram-na para o castelo,
para junto dos pais.
Ficou deslumbrada! Percorreu todas as alas e, numa delas, encontrou uma velha (a bruxa Maléfica
disfarçada!), que estava fiando numa roca e lhe pediu ajuda. Diana, boa como era, não foi capaz de dizer
não. Mas mal tocou na roca, picou-se, e caiu no chão, profundamente, adormecida.
Quando as três fadas, que já haviam regressado ao bosque, souberam do sucedido, resolveram
encantar o castelo. Todos adormeceram nos lugares onde estavam, o rei, os músicos, os cortesãos, os
criados, até o bobo da corte, as aias e os cavaleiros! O tempo parecia que havia parado.
Decorridos cerca de cem anos; um dia, um belo príncipe, que estava caçando, calhou passar na
floresta e viu o castelo. Intrigado por não avistar ninguém, resolveu entrar.
Na torre mais alta, a linda princesa dormia.
Quando encontrou Diana, o príncipe, maravilhado com tanta beleza e com o ar bondoso da jovem,
beijou-a com todo o amor.
Imediatamente, encerrou-se o feitiço da bruxa Maléfica, e Diana acordou! Assim como o rei a rainha e
toda a corte. A alegria voltou ao castelo, com grandes festejos, música e danças por todo o lado.
O príncipe pediu Diana em casamento. Foi o maior casamento de todos os tempos. O príncipe e a
princesa foram muito felizes. Felizes para sempre.
Irmãos Grimm
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Leitura deleite nº 7

A Princesa Raposinha
Esta é uma história de uma Raposinha mentirosa, mentirosinha. Quanto mais vivia
mais mentia:
-Eu sou uma princesinha encantada. Minha fada madrinha vai me desencantar um
dia!
Os outros bichinhos faziam tudo o que ela queria. Princesa encantada não pede _
Manda.
E as mentiras cresciam todos os dias:
- Quando eu era princesa meus pais tinham um castelo nas nuvens!
-Nas nuvens? E como você chegou lá?
- Ora, meu pai tinha um pássaro encantado, enorme. A gente voava em cima dele.
Eu já fui até a lua, visitei São Jorge e o dragão! E se contrariavam a princesinha Raposinha
ela dizia:
- Vou chamar a minha fada madrinha para virar vocês todos em pedra! E todo
mundo ficava quieto.
Quem é que queria ser pedra? Eu não! Entra dia, sai dia. Até que chegou o dia em
que a Raposinha caiu dentro da armadilha de onça.
Foi um Deus-nos-acuda! Ficou lá pedindo socorro. Mas os outros bichinhos
(bem ruinzinhos) diziam:
- Chame a sua fada madrinha!
Agora eu quero ver!
E lá ficou a Raposinha chorando, com uma noite escura chagando.
E ela tanto gritou que o senhor Jabuti tirou a Raposinha da armadilha.
Ela saiu aos prantos:
- Pronto! Agora eu não posso mais ser princesa encantada!
Mas o senhor Jabuti falou!
- Pode sim, sua boba, princesa da historinha.
E agora, todas as tardes a Raposinha conta suas histórias fantásticas, e todos os
bichinhos são personagens, fazem parte da corte.
Você não quer fazer parte também?
(Autor desconhecido)
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Leitura deleite nº 10

A HISTÓRIA DO DRAGÃO
Era uma vez um cavalheirinho medieval. Era uma vez uma princesinha levadinha.
Era uma vez um dragão bárbaro. Sete vidas, sete cabeças, sete caretas.
Era uma vez um reino cheio de gente medrosa. Todos tremiam de medo do dragão.
Até que um dia a princesinha fugiu de casa de madrugada e deixou uma carta
(corajosíssima):
- Senhor rei, meu pai, pode sossegar o seu coração, eu vou matar o dragão.
O rei não sossegou, desesperou. A rainha muito louca ficou. Mas ninguém fazia
nada. Nadinha. Até que apareceu aquele cavalheirinho. E deu o seu grito de guerra:
- Pelo meu brasão, vou matar o dragão!
Ninguém prestou muita atenção nele. Ficaram lá falando, parados. O cavalheirinho
lá se foi pela estrada. Andou, andou, andou. Viajou, viajou, até que chegou. Chegou na
casa daquele terrível dragão! E quase morreu de emoção. Mas gritou com um vozeirão:
- Devolva a princesa seu Dragão, senão eu arranco o seu coração!
As sete cabeças do dragão apareceram na torre daquele enorme castelo dando sete
risadas, sete gargalhadas.
- Pois não valentão!
E apareceu uma princesinha, vivinha. Falando com sua linda vozinha:
- Meu herói, eu agradeço, mas seus cuidados por hora não careço! Encontrei as
chaves do coração do senhor Dragão! Ele é feio por fora, mas tem bom coração!
E as sete cabeças do dragão sorriram então. E o cavalheirinho medieval,
sensacional voltou para casa no seu cavalinho com a princesinha.
Houve grandes festas no reino. O senhor Dragão foi convidado. E veio de coração
mudado. E virou dragão de estimação. E tudo acabou bem, como convém. Que bom, não
é, meu irmão?
(Autor desconhecido)
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Leitura deleite nº 11
A LENDA DA VITÓRIA-RÉGIA
A enorme folha boiava nas águas do rio. Era tão grande que, se quisesse, o curumim que a
contemplava poderia fazer dela um barco. Ele era miudinho, nascera numa noite de grande temporal. A
primeira luz que seus pequeninos olhos contemplaram foi o clarão azul de um forte raio, aquele que
derrubara a grande seringueira, cujo tronco dilacerado até hoje ainda lá estava.
- Se alguém deve cortá-la, então será meu filho, que nasceu hoje, falou o cacique ao vê-la tombada
depois da procela. Ele será forte e veloz como o raio e, como este, ele deverá cortá-la para fazer o ubá com
que lutará e vencerá a torrente dos grandes rios...
Talvez, por isso, aquele curumim tão pequenino já se sentisse tão corajoso e capaz de enfrentar,
sozinho, os perigos da selva amazônica. Ele caminhava horas, ao léu, cortando cipós, caçando pequenos
mamíferos e aves; porém, até hoje, nos seus sete anos, ainda não enfrentara a torrente do grande rio, que
agora contemplava.
Observando bem aquelas grandes folhas, imaginou navegar sobre uma delas, e não perdeu tempo.
Pisou com muito cuidado – os índios são sempre muito cautelosos – e, sentindo que ela suportava o seu
peso, sentou-se devagar, e com as mãozinhas improvisou um remo. Desceu rio abaixo.
É verdade que a correnteza favorecia, mas, contudo, por duas vezes quase caiu. Nem por isso se
intimidou. Navegou no seu barco vegetal até chegar a uma pequena enseada onde avistou a mãe e outras
índias que, ao sol, acariciavam os curumins quase recém-nascidos embalando-os com suas canções, que
falam da lua, da mãe-d’água do sol e de certas forças naturais que muitos temem.
Saltando em terra, correu para junto da mãe, muito feliz com a façanha que praticara:
- Mãe,tenho o barco. Já posso pescar no grande rio?
- Um barco? Mas aquilo é apenas um uapê; é uma formosa índia que Tupã transformou em planta.
- Como, mãe? Então não é o meu barco? Você sempre me disse que eu um dia haveria de ter meu
ubá...
- Meu filho, o teu barco, tu o farás; este é apenas uma folha. É Naia, que se apaixonou pela lua...
- Quem é Naia? Perguntou curioso o indiozinho.
- Vou contar-te... Um dia, uma formosa índia, chamada Naia, apaixonou-se pela lua. Sentia-se
atraída por ela e, como quisesse alcançá-la, correu, correu, por vales e montanhas atrás dela. Porém,
quanto mais corriam, mais longe e alta ela ficava. Desistiu de alcançá-la e voltou para a taba.
- A lua aparecia e fugia sempre, e Naia cada vez mais a desejava.
- Uma noite, andando pelas matas ao clarão do luar, Naia se aproximou de um lago e viu, nele
refletida, a imagem da lua.
- Sentiu-se feliz; julgou poder agora alcançá-la e, atirando-se nas águas calmas do lago, afundou.
- Nunca mais ninguém a viu, mas Tupã, com pena dela, transformou-a nesta linda planta, que
floresce em todas as luas. Entretanto uapê só abre suas pétalas à noite, para poder abraçar a lua, que se
vem refletir na sua aveludada corola.
- Vês? Não queiras, pois, tomá-la para teu barco. Nela irás, por certo, para o fundo das águas.
- Meu filho, se te sentes bastante forte, toma o machado e vai cortar aquele tronco que foi vencido
pelo raio. Ele é teu desde que nasceste.
- Dele farás o teu ubá; então, navegarás sem perigo. Deixa em paz a grande flor das águas...
Eis aí, como nasceu a história da vitória-régia, ou uapê, ou iapunaque-uapê, a maior flor do mundo.
(Machado, Irene. Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994. p. 105-106.)
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Leitura deleite nº 12
CINDERELA
 Irmãos Grimm

Era uma vez, um homem viúvo que vivia com sua filha que amava muito.
Um dia ele se casou com uma viúva que tinha duas filhas.
Depois de um tempo ele morreu, sua filha ficou muito triste.
A madrasta e as duas meninas invejavam a beleza e a bondade da Cinderela.
Todas elas maltratavam e obrigavam Cinderela a fazer todo o serviço de casa.
Cinderela ficava muito triste e chorava muito.
Um dia, o rei resolver dar um baile no palácio e convidou todas as jovens do reino.
Nesta festa o príncipe teria que escolher uma esposa.
As filhas da madrasta passaram o dia provando vestidos para o baile.
Cinderela também queria ir ao baile, porém sua madrasta não deixou.
Todos foram para o baile e Cinderela ficou sozinha e triste
Então apareceu a fada madrinha e disse:
-Não chore!
- Você irá ao baile.
Com sua varinha mágica a fada transformou suas roupas em um vestido
maravilhoso.
Depois a fada fez uma abóbora virar uma carruagem, o gato um cocheiro e o rato um belo
cavalo.
Por último a fada disse a Cinderela:
- Mas não esqueça, o encanto termina à meia-noite.
Cinderela entrou no palácio e todos ficaram encantados com sua beleza.
O príncipe dançou só com ela, a noite toda.
Ao dar meia-noite, antes que terminasse o encanto,
Cinderela foi embora correndo.
Ao descer a escada correndo ela perdeu um pé do seu
sapato de cristal.
O príncipe mandou que provassem o sapatinho em
todas as jovens do reino, ele prometeu que se casaria com
a dona do sapato.
Todas as mulheres do reino provaram, mas não serviu em
ninguém.
Mas quando Cinderela calçou o sapatinho, surpresa! Serviu!
Cinderela e o príncipe casaram e foram felizes para
sempre.
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Leitura deleite nº 13

JOÃO E MARIA

João e Maria eram filhos de lenhadores muito pobres. Só comiam pão duro e por isso
seus pais resolveram abandoná-los no bosque.
Naquela noite, João esperou que todos se deitassem e, sem fazer barulho, se
levantou e encheu o bolso com muitas pedrinhas.
Na manhã seguinte todos foram ao bosque. João caminhava atrás e ia jogando as
pedrinhas no chão. Assim voltaram seguindo o rastro. Passados alguns dias, os pais
resolveram novamente abandonar as crianças e João teve que deixar migalhas de seu
pedaço de pão.
À tarde, quando quiseram voltar para casa, não conseguiram porque os passarinhos
haviam comido todas as migalhas de pão.
João e Maria ficaram muito assustados e, mortos de medo, foram seguindo por um
caminho que os levou a uma casinha lá longe.
Quando chegaram a ela, descobriram que não era igual às outras casas. Era uma
casinha toda feita de doces.
- Que delícia! Hum! – disseram.
Logo apareceu na porta uma velinha meio esquisita. Seu nariz era grande e pontudo.
Convidou-os para entrar, prometendo
surpresas.
A surpresa foi muito triste. A
velhinha era uma bruxa e colocou João
dentro de uma jaula e fez Maria limpar a
casa.
A bruxa estava preparando um caldo
onde iria cozinhar João. Quando foi ver se
o caldo estava bom, se debruçou sobre o
caldeirão e Maria a empurrou.
Maria tirou João da jaula e juntos
encontraram um grande tesouro na casa
da bruxa e ricos voltaram para casa onde
seus pais arrependidos os receberam
muito felizes.

LÓPEZ, Francesc. (adaptação). João e


Maria. São Paulo: Editora Siciliano, 1993.
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Leitura deleite nº 14
O NEGRINHO DO PASTOREIO
No tempo dos escravos, havia um estancieiro muito ruim, que levava tudo por
diante, a grito e a relho. Naqueles fins de mundo, fazia o que bem entendia, sem dar
satisfação a ninguém.
Entre os escravos da estância havia um negrinho, encarregado do pastoreio de
alguns animais, coisa muito comum nos tempos em que os campos de estância não
conheciam cerca de arame; quando muito, havia apenas alguma cerca de pedra erguida
pelos próprios escravos, que não podiam ficar parados, para não pensar bobagem... No
mais, os limites dos campos eram aqueles colocados por Deus nosso Senhor: rios, cerros,
lagoas.
Pois de uma feita, o pobre negrinho, que já vivia as maiores judiarias nas mãos do
patrão, perdeu um animal no pastoreio. Pra quê! Apanhou uma barbaridade atado a um
palanque e, depois, cai-caindo, ainda foi mandado procurar o animal extraviado. Como a
noite vinha chegando, ele agarrou um toquinho de vela e uns avios de fogo, com fumo e
tudo, e saiu campeando. Mas nada! O toquinho acabou, o dia veio chegando e ele teve que
voltar para a estância.
Então, foi outra vez atado ao palanque e dessa vez apanhou tanto que morreu, ou
pareceu morrer. Vai daí, o patrão mandou abrir a “panela” de um formigueiro e o atirarem
lá dentro, de qualquer jeito, o pequeno corpo do negrinho, todo lanhado de laçaço e
banhando em sangue.
No outro dia, o patrão foi com a peonada e os escravos ver o formigueiro.
Qual não é a sua surpresa ao ver o Negrinho do Pastoreio: ele estava lá, mas de pé,
com a pele lisa, sem nenhuma marca das
chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa
Senhora, e mais adiante o baio e os outros
cavalos.
O estancieiro se jogou no chão pedindo
perdão, mas o negrinho nada respondeu.
Apenas beijou a mão da santa, montou no
baio e partiu conduzindo a tropilha.
Desde aí, o Negrinho do Pastoreio ficou
sendo o achador das coisas extraviadas. E não
cobra muito: basta acender um toquinho de vela,
ou atirar num canto qualquer naco de fumo.

(Domínio público)
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Leitura deleite nº 15

A PRINCESA E A ERVILHA

Adaptado do conto de Hans Christian Andersen

Era uma vez um príncipe que queria casar com uma princesa, mas uma princesa de
verdade, de sangue azul real meeeeesmo. Viajou pelo mundo inteiro, à procura da princesa de
seus sonhos, mas todas às que encontrava tinham algum defeito. Não é que faltassem princesas,
não: havia de sobra, mas a dificuldade era saber se realmente eram de sangue real. E o príncipe
retornou ao seu castelo muito triste e desiludido, pois queria muito casar com uma princesa de
verdade.
Uma noite desabou uma tempestade medonha. Chovia desabaladamente, com
trovoadas, raios, relâmpagos. Um espetáculo tremendo!
De repente bateram à porta do castelo e o rei em pessoa foi atender, pois os criados
estavam ocupados enxugando as salas cujas janelas foram abertas pela tempestade.
Era uma moça, que dizia ser uma princesa. Mas estava encharcada de tal maneira, os
cabelos escorrendo, as roupas grudadas ao corpo, os sapatos quase desmanchando... Que era
difícil acreditar que fosse realmente uma princesa real.
A moça tanto afirmou que era uma
princesa que a rainha pensou numa forma de provar
se o que ela dizia era verdade.
Ordenou que sua criada de confiança
empilhasse vinte colchões no quarto de hóspedes e
colocou sob eles uma ervilha. Aquela seria a cama da
“princesa”.
A moça estranhou a altura da cama, mas
conseguiu, com a ajuda de uma escada, se deitar.
No dia seguinte, a rainha perguntou
como ela havia dormido.
- Oh! Ao consegui dormir - respondeu a
moça – havia algo duro na minha cama, e me deixou
até manchas roxas no corpo!
O rei, a rainha e o príncipe se olharam
com surpresa. A moça era realmente uma princesa!
Só mesmo uma princesa verdadeira teria pele tão
sensível para sentir um grão de ervilha sob vinte
colchões!!!
O príncipe casou com a princesa, feliz da
vida, e a ervilha foi enviada para um museu, e ainda
deve estar pó lá...
Acredite se quiser, mas esta história
realmente aconteceu!
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Leitura deleite nº 16

RAPUNZEL

Era uma vez um casal que morava em uma casa modesta, junto a um palácio. Perto do
palácio, havia um maravilhoso pomar, cercado por um muro muito alto. Dentro dele, havia um
pomar de maçãs.
Certo dia, a esposa pediu ao marido que lhe trouxesse uma das maçãs do pomar. Mesmo
com receio, pois sabia que a dona do castelo era uma feiticeira, resolveu atender ao pedido da
esposa. Foi à noite até o jardim e escolheu uma maçã. Bem nesse momento, apareceu a feiticeira
do castelo:
- Ah! Está roubando uma maçã do meu pomar? Vou castigá-lo!
- Por favor, não me castigue!
- Está bem – a feiticeira pensou melhor e continuou – como você é pobre e não pode me dar
riquezas, me prometa seu primeiro filho em troca da maçã.
Como o homem era casado há muito tempo e não tinha filhos, aceitou a proposta da bruxa.
Meses depois, sua esposa ficou grávida e deu à luz uma filhinha linda, de nome Rapunzel.
Mesmo muito tristes, cumpriram a promessa e entregaram a menina à feiticeira.
Os anos se passaram e Rapunzel vivia em uma torre do castelo. Tinha os cabelos muito
compridos, pois nunca tinham sido cortados. Então, a feiticeira fez deles uma longa trança e, por
elas, subia e descia da alta torre.
Certo dia, um príncipe passava por ali e percebeu Rapunzel à janela. Falou-lhe, sem
perceber a bruxa por perto. Feliz com a nova companhia, Rapunzel lhe jogou as tranças e ele subiu
à torre. Falou para a menina sobre todas as maravilhas do mundo e ela quis que ele retornasse.
Ao descer pelas tranças, a malvada bruxa pegou uma tesoura e cortou-lhe as tranças. O
príncipe caiu da enorme altura e foi parar desmaiado em
cima de plantas espinhentas.
Rapunzel implorou à bruxa que a deixasse socorrer o
príncipe, que estava muito ferido. A feiticeira negou seus
pedidos.
Mais tarde, ao acordar, o príncipe começou a andar
sem rumo, pois as plantas haviam ferido seus olhos, e
então desapareceu.
Desde aquele dia, a moça só pensava em sair dali,
mas fingia que nada acontecia, para que a feiticeira não
desconfiasse. Todos os dias, Rapunzel media o tamanho
dos cabelos e, quando chegou o tempo em que as tranças
atingiram o mesmo comprimento de antes, ela prendeu as
tranças às barras da janela e desceu. Lá embaixo, cortou
seu cabelo.
Rapunzel começou a caminhar pelo mundo em busca
de seu príncipe. Achou-o num deserto, cansado de andar. A
menina chorou de felicidade e suas lágrimas foram caindo
nos olhos do príncipe. Com isso, o rapaz voltou a enxergar.
Os dois se casaram e foram felizes para sempre.
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Leitura deleite nº 17

A VELHA CONTRABANDISTA

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira
montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega – tudo
malandro velho – começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega a mandou parar.
A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
─ Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo
a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no
odontólogo e respondeu:
─ É areia! Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha
saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só
tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e
foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro
com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com
o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela
respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal
interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
─ Olha vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de
contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
─ Mas no saco só tem areia! – insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal
propôs:
─ Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo não conto
nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando
por aqui todos os dias?
─ O senhor promete que não “espaia”? – quis saber a velhinha.
─ Juro – respondeu o fiscal.
─ É lambreta.

(Stanislaw Ponte Preta)


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Leitura deleite nº 18

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da
noite. E logo sentava-se ao tear.
Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os
fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.
Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que
nunca acabava.
Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na
lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida
pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido.
Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.
Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os
pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a
acalmar a natureza.
Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do
tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.
Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis
que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de
leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia
tranquila.
Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.
Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela
primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.
Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida,
começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos
seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato
engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio do ponto dos sapatos,
quando bateram à porta.
Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi
entrando em sua vida.
Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para
aumentar ainda mais a sua felicidade.
E feliz foi, durante algum tempo.
Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o
poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.
— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que
eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os
batentes, e pressa para a casa acontecer.
Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente. — Para que ter casa, se podemos ter
palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra
com arremates em prata.
Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e
escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A
noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto
sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.
Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu
tear o mais alto quarto da mais alta torre.
— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave,
advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!
Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os
cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo que fazia. Tecer era tudo que queria
fazer.
E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o
palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar
sozinha de novo.
Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas
exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se
ao tear.
Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e
jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os
cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e
todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para
o jardim além da janela.
A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura acordou, e, espantado,
olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos
sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe
pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.
Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi
passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do
horizonte.

(Marina Colasanti)
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Leitura deleite nº 19
Branca de Neve e os Sete Anões
Irmãos Grimm

  Branca de Neve, assim chamada por ter a pele muito branca, os lábios vermelhos
como o sangue e os cabelos negros como o ébano, vivia num lindo castelo com seu pai e
sua mãe. Passado algum tempo, o rei ficou viúvo e voltou a casar com uma mulher
belíssima, mas extremamente cruel e, além disso, feiticeira que desde o primeiro dia
tratou muito mal a menina. 
Quando o rei morreu, a feiticeira, vendo que a Branca de Neve ficaria mais bonita do
que ela, obrigou-a a fazer todo o trabalho no castelo. A rainha tinha um espelho mágico e
todos os dias lhe perguntava quem era a mulher mais bonita do mundo, o espelho
respondia que era ela. Um dia, ao fazer a pergunta, o espelho respondeu que a rainha era
bela, mas aquela que morava em sua casa, Branca de neve, era sem dúvida, amais bela
do que ela. A inveja da malvada rainha a fez mandar um caçador levar Branca de Neve, ao
bosque, e lá matá-la e como prova ordenou-lhe que trouxesse o coração de Branca de
Neve.
Mas o caçador teve pena da princesa e poupou-lhe a vida. Para provar que havia
obedecido às ordens entregou o coração de um veado. Branca de Neve andou pelo bosque
e encontrou pequenos animais, que a levaram até uma casinha. Dentro encontrou tudo
pequeno: mesa, cadeiras, sete caminhas. A casa estava suja. Com os animaizinhos,
arrumou toda a casa, limpando, varrendo.
Ao anoitecer, chegaram os sete anõezinhos, voltando da mina onde trabalhavam.
Quando a princesinha acordou, eles se apresentaram: Soneca, Dengoso, Dunga, Feliz,
Atchim, Mestre e Zangado. Ao saberem dos problemas da princesa, eles resolveram tomar
conta dela. A malvada rainha por meio do seu espelho
mágico, ao saber que Branca de Neve estava viva,
decidiu acabar pessoalmente com a vida da princesinha.
Disfarçou-se de velhinha, envenenou uma maçã e
ofereceu a Branca de Neve que caiu adormecida. 
Quando os anõezinhos regressaram, pensaram
que Branca de Neve tivesse morrido. Então fizeram um
caixão de diamantes. Estavam junto da princesa
adormecida, quando passou um príncipe que ao ver a
bela Branca de Neve aproximou-se dela e deu-lhe um
beijo de amor. Este beijo quebrou o feitiço e a princesa
despertou. E o feliz casal encaminhou-se para o palácio
do príncipe e foram felizes para sempre.

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