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STOICORUM ADVOCACIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO PRESIDENTE DA


TURMA RECURSAL DO GRUPO JURISDICIONAL DA COMARCA DE
PARACATU/MG

TERESA ROSA ALMEIDA, já devidamente qualificada nos


autos da Ação de Obrigação de Fazer proposta em desfavor do ITAÚ
UNIBANCO S.A, pessoa jurídica de direito privado já qualificada, vem com o
devido respeito à presença de Vossa Excelência, via de sua advogada dativa,
em atendimento à intimação de ID 447927829, requerer a juntada de suas
CONTRARRAZÕES ao recurso inominado de ID 446557965, que já foi
devidamente encaminhado à Egrégia Turma Recursal do Grupo Jurisdicional
da Comarca de Paracatu/MG.

Termos em que, respeitosamente


Pede deferimento.

Paracatu/MG, 23 de janeiro de 2023

Advª. Náthaly Silva Pereira

216.042/MG

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Rua Lindolfo Garcia ADJUTO, 770 – sala 202 – bairro alto do córrego – CEP 38.606-026
Rua Major Gote, 1.901, sala 133, B: Cônego Getúlio – Patos de Minas-MG – CEP: 38.700-207
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CONTRARRAZÕES AO RECURSO INOMINADO

Recorrida : Teresa Rosa Almeida

Recorrente : Itaú Unibanco S.A


Processo : 5000314-97.2022.8.13.0470
Recurso : Resurso Inominado
Origem : Unidade Jurisdicional da Comarca de Paracatu/MG

Egrégio Colégio Recursal

Colenda Turma

Ínclitos Julgadores

Merece ser mantida a respeitosa sentença ora recorrida, em


razão da correta apreciação das questões de fato e de direito, conforme se
demonstrará no deslinde desta peça.

I. Breve síntese dos fatos

Em meados de 2021 a filha da recorrida solicitou o Histórico


de Créditos da aposentadoria de sua mãe junto ao INSS, momento em que se
surpreendeu negativamente ao analisar a referida documentação e constatar
uma série de empréstimos realizados em nome dela. Um dos empréstimos
tinha como credor o banco recorrente.
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Conforme verificado no extrato de empréstimo consignado


do INSS, anexo aos autos ao ID 446556647, o crédito de R$ 2.113,90 (dois mil,
cento e treze reais e noventa centavos), teve como condição de pagamento 84
(oitenta e quatro) parcelas fixas de R$ 52,16 (cinquenta e dois reais e quinze
centavos) e foi incluído no sistema em 02/11/2020. Desde então, o valor das
parcelas vem sendo debitadas da aposentadoria da recorrida.

Vale ressaltar que a recorrida nunca solicitou nenhum


crédito junto à instituição financeira em questão e sequer tinha conhecimento
do empréstimo que se discute nestes autos.

A recorrida é pessoa simples e não tinha o costume de


verificar seus extratos bancários periodicamente, visto que sequer suspeitava
de qualquer empréstimo realizado em seu nome, ainda mais por meio de
fraude, como ocorreu.

Em sede de contestação, o banco recorrente se limitou a


juntar uma cédula de crédito bancário (ID 556557925) de procedência
duvidosa, permanecendo inerte no momento em que o juiz o intimou para
manifestar interesse na realização de perícia grafotécnica para verificação da
assinatura do instrumento de crédito, se limitanto a alegar, preliminarmente,
incompetência do juízo e que a perícia técnica deveria ser realizada sob a
égide da justiça comum.

No curso da lide, o banco recorrente apresentou


documentação frágil e com valor probante insuficiente para comprovar que de
fato teria sido a recorrida quem contratou o empréstimo discutido nos autos.

Consubstanciado às provas documentais juntada aos autos,


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o juízo decidiu totalmente procedente a ação, in verbis:

“JULGO PROCEDENTES os pedidos formulados na


inicial, para: A) DECLARAR a inexistência dos
débitos discutidos nos autos, existente entre parte
requerente e requerida; B) DETERMINAR que o
requerido proceda com a restituição do valor inerente
às parcelas descontadas dobenefíciojunto aoINSS,
no montantede R$ 573,65 (quinhentos e setenta e
três reais e cinquenta e cinco centavos)à requerente,
corrigidos a partir da data de cada pagamento,
segundo índices da egrégia Corregedoria-Geral de
Justiça, e com juros de mora de 1% ao mês, a partir
da citação; C) CONDENAR a parte requerida a
efetuar o pagamento de R$ 3.000,00 (trêsmil reais) a
título de danos morais, em favor da recorrida [...]”

O banco, portanto, inconformado com a sentença,


apresentou Recurso Inominado ao ID 446557965, razão pela qual se faz
necessária a compleição das presentes contrarrazões.

II. Da necessidade de manutenção da Sentença

Meritíssimos Julgadores, a r. sentença de ID 446557961,


não merece qualquer tipo de retoque por parte desta Egrégia Turma Recursal,
por ter sido minuciosa quanto à descrição dos fatos ocorridos no negócio
reclamado pelo recorrente. O recurso inominado interpossto pelo banco não
merece acolhimento, conforme será demonstrado sem dificuldades.

É notável que não há amparo legal às pretensões do

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recurso em questão. Trata-se de contratação fraudulante, cuja reparação do
dano causado à recorrida incube ao banco recorrente.

Os argumentos do recorrente, desde a contestação, são


desamparados, reiterados por meio de documentação probante desprezível
que não corroboram com as alegações. Portanto, não merecem acolhimento,
pois restou evidente que a contratação do crédito se deu por meio de fraude.

Logo, resta evidente a correta aplicação da justiça a partir


da leitura da sentença prolatada pelo magistrado de primeiro grau, não
havendo necessidade, nem amparo legal para modificação.

III. Da alegação de necessidade de perícia


grafotécnica e inaplicabilidade do procedimento
dos juizados especiais

O recorrente alega que o Juizado Especial não é


competente para julgar a presente demanda, em razão da necessidade de
realização de perícia grafotécnica para verificação da autenticidade do
instrumento contratual apresentado, pugnando pela extinção do processo sem
resolução do mérito.

Conforme entendimento do STJ, o fato de ser necessária a


produção de prova pericial não é determinante para que seja declinada a
competência para a justiça comum. Nada impede que o Magistrado ouça
especialistas na área.

O recorrente permaneceu inerte quanto à produção da


referida prova, e ao final, o Magistrado entendeu que imcubiria ao recorrente
comprovar a veracidade da assinatura contida no instrumento de crédito, mas
não o fez.

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No presente caso, a prova em comento apenas


confirmariam os princípios norteadores da criação dos Juizados Especiais
Cíveis, e entregaria aos jurisdicionados uma prestação mais justa e célere, pois
seria apenas um exame técnico simplificado.

Não há que se falar em incompetência, portanto.

IV. Da fraude do negócio jurídico e consequente


responsabilização civil

O recorrente alega que a recorrida diz desconhecer o


instrumento de crédito apresentado, mas não comprovou a veracidade da
alegação.

Ora, imcumbia ao reú comprovar a existência e veracidade


do negócio jurídico, tanto quanto se a assinatura da cédula era de fato da
recorrida, mas isso não ocorreu.

É de importância ressaçtar que a recorrida obtém proteção


especial concedida pelo Código de Defesa do Consumidor.

Dada a natureza da relação jurídica que o recorrente


pretende fazer prevalever, incidem as disposições do referido Código e, nesse
sentido, incumbia ao recorrente o ônus da prova, para comprovar que a
requerida firmou contrato, até porque a ela não se poderia impor a obrigação
de provar fato negativo.

A inércia do recorrente em comprovar suas alegações no


momento em que lhe era oportuno, por conseguinte, resultou em presunção de
fraude do negócio jurídico em comento.

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Em sentença, o Juízo a quo expressou:

“Assim, restando comprovado que a contratação tenha


sido efetuada por meio de fraude, cumpre ressaltar
que a proteção à segurança é direito básico do
consumidor, inclusive o equiparado (CDC, art. 6º, I), o
que obriga o fornecedor a munir-se de diligências que
salvaguardem a si mesmo e ao consumidor dos “riscos
que razoavelmente dele se esperam” (CDC, art.14, §
1º, inciso II).”

Noutro giro, fato incontroverso é a fraude na contratação e a


responsabilidade do recorrente em reparar o dano causado à recorrida.

Imprescindível ainda salientar sobre a responsabilidade


objetiva das instituições financeiras a que se ater ao que diz a súmula nº 479 do
STJ, in verbis:

“Súmula 479 - As instituições financeiras respondem


objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no
âmbito de operações bancárias.”

Os débitos das parcelas indevidas da aposentadoria da


recorrida, totalizando a quantia de R$ 573,65 (quinhentos e setenta e três reais e
sessenta e cinco centavos), acarretaram em dano material a ela, bem como dano
moral, no que se refere aos transtornos gerados em decorrência da tentativa de
solução do problema junto ao recorrente.

A recorrida teve de tomar diversas providências para se


livrar de produto que não solicitou e dívida que não contraiu. Como se não

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bastasse, parte de seu benefício previdenciário foi retido para o pagamento
dessa dívida inexistente, o que lhe prejudicou o sustento, além de transtornos.

A determinação do juízo a quo em declarar a inexistência de


débito e ordenar que o recorrente proceda com a restituição das parcelas
debitadas da aposentadoria da recorrida, bem como à condenação em danos
morais em favor dela é medida justa e efetiva.

O valor arbitrado a título de indenização por danos morais


perfaz a quantia de R$ 3.000,00 (três mil reais) e está em consonância com a
gravidade dos fatos averiguados, com as consequências deles decorrentes e de
forma alguma causará desfalque no vultoso patrimônio do recorrente. Noutro
giro, poderá ser até insuficiente para inibi-lo de novamente praticar condutas
semelhantes à esta, mas neste ponto não há nada a ser feito, visto que o
julgador está adstrito ao pedido inicial.

A sentença não merece qualquer tipo de reapreciação, pois


o mérito foi analisado na medida certa, de forma a condenar o recorrido ao
pagamento de indenização em danos morais em favor da recorrida, em razão da
fraude na contratação, sendo o valor da indenização justo e equivalente, de
maneira tal que servirá de lição ao recorrente e não ocasionará o enriquecimento
ilícito da parte beneficiada.

Assim sendo, não há que se falar em reanálise da decisão


que julgou procedente a demanda, sendo que a sentença deve ser mantida em
sua integralidade, por seus próprios fundamentos.

V. Conclusão

Pelos fatos e fundamentos acima expendidos, requer que


seja negado provimento ao recurso inominado interposto pelo banco recorrente
e que seja mantida a r. Sentença do juiz de primeiro grau em todos os seus

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termos e fundamentos, de forma a garantir a justiça e inibir a prática de
condutas lesivas.

Termos em que, respeitosamente


Pede deferimento.

Paracatu/MG, 23 de janeiro de 2023

Advª. Náthaly Silva Pereira

OAB/MG 216.042

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