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O Código Civil de 2002 trouxe como nova figura contratual o contrato de agência e distribuição.
Trata-se, a rigor, de contrato de representação comercial regulado pela Lei 4.886/1965, cuja nova
definição, com melhor enquadramento jurídico, é agora oferecida pelo Código Civil.
Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos de
dependência, a obrigação de promover, à conta de outrem e mediante retribuição, a realização de
certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à
sua disposição a coisa a ser negociada.
Interpretando o que consta da lei, ensina José Maria Trepat Cases: “Contrato de agência é contrato
pelo qual uma pessoa obriga-se, mediante retribuição, sem relação de emprego, a praticar negócios
jurídicos, à conta e ordem de outra pessoa, em caráter não eventual”. Ensina ainda que “a
distribuição é modalidade contratual recente, de concepção estrutural da economia moderna. A
distribuição é a contratação voltada para otimizar a produção e circulação de bens, aproximando o
produtor do consumidor, por intermédio do distribuidor. A distribuição engloba de forma orgânica e
coordenada a figura do colaborador-intermediário (distribuidor) e o produtor, numa integração
vertical”.
Art. 710, CC. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e
sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante
retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se
a distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada.
Parágrafo único. O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o
represente na conclusão dos contratos.
A representação comercial dá-se em zona territorial definida pelas partes, que pode ser uma rua, um bairro, uma
cidade, uma região, um Estado, todo o País, ou qualquer outra delimitação espacial.
O dispositivo determina que a exclusividade do agente e do proponente é presumida, isto é, se o contrato for omisso, o
representado não pode ter mais de um representante na mesma região e o representante não pode exercer sua
atividade para mais de uma empresa do mesmo ramo de negócio. Salvo ajuste em contrário, o representante tem direito
à comissão mesmo que não tenha participado da realização do negócio.
O agente tem o dever de agir com diligência ordinária, respondendo civilmente pelos danos que
causar culposamente ao proponente. Deve atuar segundo as regras do contrato e segundo as
instruções que o proponente estabelecer, dentro do escopo do contrato.
Conjugando-se o Código Civil e a Lei 4.886/95, são obrigações do agente: angariar negócios em
favor do representado; seguir as instruções do representado; informar ao representado o
andamento dos negócios; manter sigilo sobre as atividades da representação; prestar contas ao
representado.
O representado tem a obrigação legal de custear ou de reembolsar todas as despesas que realizar o representante para
a execução do contrato, mas a lei permite que o contrato modifique esta regra.
O dispositivo cuida de contratos em que o agente tenha exclusividade, o que pode ocorrer em virtude de cláusula
expressa ou pelo silencia do contrato, nos termos do artigo 713. Se a exclusividade for desrespeitada pelo representado
e a outra pessoa vier a realizar negócios, o agente faz jus a receber do representado o valor correspondente ao que
receberia a título de comissões se ele próprio tivesse intermediado o negócio.
Artigo 715 do Código Civil:
Art. 715, CC. O agente ou distribuidor tem direito à indenização se o proponente, sem
justa causa, cessar o atendimento das propostas ou reduzi-lo tanto que se torna
antieconômica a continuação do contrato.
O contrato pode estabelecer limites mínimos de negócios a serem obtidos pelo representante, bem
como volume mínimo de mercadorias que o representado porá à disposição do agente. Se nada
contiver quanto a este último aspecto, o representado estará obrigado a disponibilizar ao agente o
mínimo de mercadorias que assegure lucro para o agente. Se não o fizer, poderá o agente resolver
o contrato e requerer indenização pelos prejuízos a que o representado der causa.
Art. 716, CC. A remuneração será devida ao agente também quando o negócio deixar
de ser realizado por fato imputável ao proponente.
A parte que torna impossível o cumprimento do contrato comete inadimplemento antecipado e viola o princípio da boa-
fé objetiva. O descumprimento permite à parte prejudicada cobrar os prejuízos que lhe forem causados, inclusive o lucro
cessante, isto é, o que deixou razoavelmente de lucrar. Se a infração é grave ao ponto de levar a parte prejudicada a
perder o interesse no negócio, fica autorizada a requerer a resolução do contrato. O dispositivo concretiza essas noções
a respeito de inadimplemento antecipado do preponente.
Art. 717, CC. Ainda que dispensado por justa causa, terá o agente direito a ser
remunerado pelos serviços úteis prestados ao proponente, sem embargo de haver este
perdas e danos pelos prejuízos sofridos.
O contrato por prazo indeterminado pode ser resilido a qualquer tempo por qualquer das partes, mediante denúncia à
contraparte com antecedência de 90 dias, conforme o artigo 720 do Código Civil. A resilição não desobriga ao
pagamento dos créditos já constituídos. O dispositivo determina que seja paga, igualmente, a remuneração relativa aos
negócios pendentes, sem excluir indenizações, em homenagem ao princípio da não-surpresa e da confiança, que
decorrem da boa-fé objetiva.
No mesmo sentido, preconiza o §5 do artigo 35 da Lei 4.886/65 que a rescisão injusta do contrato pelo proponente (a
que não se fundamentar em nenhum dos motivos previstos no artigo) torna exigível, antecipadamente, na data da
rescisão, a comissão por pedidos em carteira ou em fase de cobrança.
Art. 719, CC. Se o agente não puder continuar o trabalho por motivo de força maior, terá
direito à remuneração correspondente aos serviços realizados, cabendo esse direito aos
herdeiros no caso de morte.
A remuneração pelos serviços concluídos é sempre devida ao agente e constituem direito adquirido, razão pela qual, em
caso de falecimento do agente, os referidos créditos incluem-se na sua herança.
Como ocorre ordinariamente nos contratos por prazo indeterminado, no contrato de agência e distribuição cada parte
tem o direito potestativo de resilir o vínculo mediante denúncia. Para o contrato de agência, o dispositivo estabelece que
a resilição seja precedida de aviso com 90 dias de antecedência.
O dispositivo repete o disposto no artigo 473 para exigir que seja respeitado prazo compatível com a natureza e o vulto
do investimento do agente, isto é, considerados tais valores, é de se assegurar ao agente prazo suficiente para que ele
tenha o retorno do investimento, o que inclui o lucro. O prazo pode ser arbitrado judicialmente.
Assim como o mandatário em relação ao mandante, tem o agente o dever de prestar contas ao proponente. Do mesmo
modo que no mandato, não pode delegar suas funções a terceiros, a menos que haja autorização do proponente.
A lei especial a que se refere o dispositivo é a Lei n. 4.886/65 com as alterações da Lei n. 8.420/92.