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INTENSIVO I

Mônica Queiroz
Direito Civil
Aula 16

ROTEIRO DE AULA

Continuação: Direito das Obrigações

A taxa de juros nas atividades bancárias (Lei n° 4.595/64)

- A taxa de juros nas atividades bancárias é estabelecida na Lei n° 4.595/64 e na Súmula 596 do STF:

Súmula 596, STF: “As disposições do Decreto 22.626/1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados
nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o Sistema Financeiro Nacional”.

De acordo com o art. 1º da Lei da Usura (Decreto 22.626/1933), a convenção de juros pelas partes não pode ser superior
ao dobro da taxa legal, ou seja, não pode ser superior a 2% ao mês. Contudo, de acordo com a súmula 596 do STF, essa
lei não se aplica às instituições financeiras.

Decreto 22.626/1933, Art. 1º. “É vedado, e será punido nos termos desta lei, estipular em quaisquer contratos taxas de
juros superiores ao dobro da taxa legal (Código Civil, art. 1062).”

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- A Súmula 283 do STJ trata dos juros de cartão de crédito, afirmando que as administradoras de cartão de crédito são
instituições financeiras:

Súmula 283, STJ: “As empresas administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros
remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da Lei da Usura.”

- Por fim, a Súmula 519 do STJ trata da capitalização de juros/juros sobre juros/anatocismo por bancos: em regra, o
anatocismo é vedado no país, mas os bancos podem aplicá-lo.

Súmula 539, STJ: “É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior à anual em contratos celebrados com
instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional a partir de 31/3/2000 (MP n. 1.963-17/2000, reeditada como MP
n. 2.170-36/2001), desde que expressamente pactuada.”

A professora destaca ser possível que a defesa de consumidores em ações bancárias seja pautada na principiologia
contratual, como o princípio da função social e da justiça social, que estão previstos no CDC.

Além disso, afirma existir controvérsia no posicionamento dos tribunais pois existe de um lado a súmula 539 do STJ, que
autoriza o anatocismo, e de outro a súmula 297 do mesmo tribunal no sentido de que o CDC deve ser aplicado aos
contratos bancários.

Súmula 297, STJ: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras."

ARRAS (arts. 417/420)


Arras vem do grego “arra” que significa anel. No Direito Obrigacional, arras se traduz no “sinal” concedido na formalização
do negócio.

Exemplo: promessa de compra e venda de imóvel com sinal (arras) de cinquenta mil reais.

- Existem duas espécies de arras:


1) Arras Confirmatórias/Probatórias
2°) Arras Penitenciais

1) Arras Confirmatórias/Probatórias (arts. 417/419)


- Funções:
a) Confirmar o contrato;

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b) Antecipar o pagamento, também chamada de função de desconto.

Exemplo: o valor de cinquenta mil reais pago a título de arras não é devolvido pelo vendedor pois equivale a uma
antecipação de pagamento/desconto.

Obs.: A função de desconto será aplicada automaticamente apenas se aquilo que foi dado a título de arras possuir o
mesmo gênero que a prestação principal.

Exemplo: a função de desconto é automática se a prestação principal for em dinheiro (quinhentos mil reais) e sinal é pago
em dinheiro (cinquenta mil reais). A função de desconto não é automática se o sinal for um veículo avaliado em cinquenta
mil reais e a prestação principal for em dinheiro (quinhentos mil reais) , embora seja possível que as partes a
convencionem.

CC, Art. 417. “Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem
móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo gênero
da principal.”

c) Prefixar perdas e danos em caso de desistência culposa:


As arras confirmatórias/probatórias servem como uma prefixação das perdas e danos em caso de desistência culposa.

- Se o desistente foi quem deu: ele perderá as arras;


Exemplo: o valor de cinquenta mil reais pago a título de arras não será devolvido pelo vendedor caso o comprador desista
na negociação.

- Se o desistente foi quem recebeu: ele deverá devolvê-las em dobro.


Exemplo: o valor de cinquenta mil reais pago a título de arras será devolvido em dobro pelo vendedor caso ele desista da
alienação.

Obs.: A desistência sem culpa das partes não gera direito a perdas e danos.

CC, Art. 418. ‘Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a
inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais
o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de
advogado.”

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● Indenização suplementar (art. 419, CC)
É possível que a parte prejudicada requeira indenização complementar ainda que não exista previsão em contrato.
Contudo, o prejuízo excedente deve ser devidamente comprovado.

Exemplo: compra da casa para realização de um congresso e o valor das arras não é suficiente para cobrir os prejuízos por
ter sido necessário a locação de um espaço que atendesse as necessidades do evento.

CC, Art. 419. “A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa
mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o
mínimo da indenização.”

2°) Arras Penitenciais (art. 420)


- Direito de arrependimento: as arras penitenciais somente têm cabimento nos contratos que prevejam o direito de
arrependimento.

Exemplo: cláusula contratual permita a desistência do negócio por qualquer das partes.

Obs.: O direito de arrependimento (arras penitenciais) não se confunde com o direito de arrependimento de sete dias
previsto no art. 49 do CDC1, que trata das aquisições realizadas pelo consumidor fora do estabelecimento comercial.

- Função: a única função das arras penitenciais é prefixação das perdas e danos em caso de desistência culposa:
- Se o desistente foi quem deu: ele perderá as arras;
- Se o desistente foi quem recebeu: ele deverá devolvê-las em dobro.

Atenção: A cláusula de direito de arrependimento em questão afasta apenas o direito de ser pleiteado indenização
suplementar. Assim, ela não afasta a desistência culposa.

● Indenização suplementar: não tem cabimento nas arras penitenciais.


CC, Art. 420. “Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão
função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu
devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.”

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CDC, Art. 49. “O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do
produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial,
especialmente por telefone ou a domicílio.
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a
qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.”

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Exemplo: promessa de compra e venda de imóvel no valor de quinhentos mil reais, sem direito de arrependimento, em
que o comprador paga arras no valor de duzentos mil reais e em seguida desiste do contrato. Em casos como esse, os
tribunais entendem pela redução da penalidade para 10% do valor do contrato, que nesse exemplo equivaleria a
cinquenta mil reais.

Enunciado 165, CJF: “Em caso de penalidade, aplica-se a regra do art. 413 ao sinal, sejam as arras confirmatórias ou
penitenciais.” (Resp 1513259-MS)

O art. 413 do CC trata da redução equitativa da cláusula penal (multa), possibilitando que o magistrado do caso concreto
realize sua redução a depender das circunstâncias. Por não existir artigo semelhante que trate das arras no Código Civil,
a doutrina o aplica por analogia em se tratando de arras confirmatórias ou penitenciais.

CC, Art. 413. “A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em
parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do
negócio.”

TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES


Em sede de Direito Obrigacional, a transmissão das obrigações analisa os institutos da cessão de crédito e da assunção de
dívida.

CESSÃO DE CRÉDITO (arts. 286/298, CC)


A cessão de crédito ocorre quando um credor, chamado de cedente, cede seu crédito a um terceiro, chamado de
cessionário. Nesse caso, o devedor será chamado de cedido.

● Conceito: cessão de crédito é a modalidade de transmissão de obrigação em que o credor transfere a um terceiro, a
título gratuito ou oneroso, os seus direitos na relação jurídica obrigacional.

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- A cessão de crédito se trata de negócio jurídico bilateral e pode ser:
- Gratuita: “A” é credor de “B” e cede seu crédito a “C” sem realizar qualquer cobrança.

- Onerosa: “A” é credor de “B” e cede seu crédito a “C” mediante algo em troca.

A cessão de crédito é realizada entre cedente e cessionário e o devedor dela não participa.

Objeto de cessão (art. 286 do CC):

CC, Art. 286. “O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção
com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do
instrumento da obrigação.”

Em regra, qualquer crédito pode ser cedido, salvo se a isso se opuser:


- A natureza da obrigação (exemplo: crédito oriundo de pensão alimentícia ou salário).

- A lei (exemplo: o art. 298 do CC2 prescreve que crédito já penhorado não pode ser cedido).

- O contrato (exemplo: cláusula contratual que proíbe o credor de realizar cessão de crédito).

Obs.: Os acessórios do crédito o acompanham na cessão (exemplo: juros, multa etc.).

Observações importantes:
1º) Não é necessária a anuência do devedor.

2º) É imprescindível a notificação ao devedor para que a cessão produza efeitos em relação a ele.

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CC, Art. 298. “O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o
devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.”

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Desta forma, o cessionário deve notificar o devedor, informando ser o novo credor, para que a cessão passe a produzir
efeitos em relação ao devedor.

Se não houver notificação e o devedor realizar o pagamento ao credor primitivo, o pagamento será válido já que a cessão
de crédito não produziu efeitos em relação ao devedor.

Havendo a notificação da cessão, se o devedor pagar ao credor primitivo esse pagamento não será válido e o devedor
deverá pagar novamente.

RESPONSABILIDADE DO CEDENTE
- Na cessão onerosa: o cedente garante a existência do crédito, mas não a solvência do devedor, ou seja, não garante que
o devedor realizará o pagamento. É a chamada cessão “pro soluto”, que é a regra no ordenamento jurídico.

- Na cessão gratuita: o cedente responde pela existência do crédito somente se tiver agido de má-fé.

● Excepcionalmente é possível que o cedente responda pela existência do crédito e pela solvência do devedor. Para que
isso ocorra, uma cláusula específica deve ser inserida no instrumento de cessão. Essa cessão é chamada de “pro-
solvendo”.

Assunção de dívida (arts. 299/303, CC)


A assunção de dívida, também chamada de cessão de débito, é a modalidade de transmissão da obrigação em que um
terceiro assume a responsabilidade pelo cumprimento da obrigação.

Na assunção de dívida, o terceiro passa a ser chamado de terceiro assuntor e a ocupar o lugar do credor primitivo.

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Modalidades de Assunção:
a) Por expromissão: decorre de negócio feito entre o credor e o terceiro assuntor.

b) Por delegação: é aquela em que o devedor (delegante) transfere sua dívida ao terceiro assuntor (delegatário).
Na assunção de dívida por delegação é necessária a autorização do credor para que não configure fraude.

Obs.: Na assunção por expromissão não se exige a autorização do devedor, pois ela é realizada diretamente entre o credor
e o terceiro assuntor. Assim, apenas a assunção por delegação depende de autorização do credor.

Efeitos da assunção:
a) Liberatório: O devedor primitivo é liberado da obrigação (art. 299 do CC3);

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CC, Art. 299. “É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o
devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu
silêncio como recusa.”

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b) Cumulativo: a doutrina admite o efeito cumulativo da assunção:

Enunciado 16, CJF: “O art. 299 do Código Civil não exclui a possibilidade da assunção cumulativa da dívida quando dois ou
mais devedores se tornam responsáveis pelo débito com a concordância do credor.”

Obs.: O efeito cumulativo não presume a solidariedade, pois ela decorre da lei ou das vontades das partes. Assim, deve
ser analisado o instrumento realizado pelas partes.

- Diferença entre fiador e terceiro assuntor: o terceiro assuntor responde por dívida própria, ao passo que o fiador
responde por dívida alheia.

- A novação subjetiva ativa equivale à cessão de crédito e a novação subjetiva equivale à assunção de dívida?
A resposta é negativa.

Como já analisado, na novação objetiva, que possui previsão no art. 360, I, CC4, há a alteração do objeto. Por outro lado,
a novação subjetiva pode ser passiva (alteração do devedor) ou ativa (alteração do devedor), possuindo previsão no art.
360, II e III, CC5.

A novação subjetiva ativa ou passiva é uma forma especial de cumprimento da obrigação e nela a obrigação primitiva é
extinta, surgindo uma nova obrigação. Por outro lado, a cessão de crédito e a assunção de dívida são modalidades de
transmissão da obrigação.

DOS ATOS UNILATERAIS


● São os atos jurídicos unilaterais ou as declarações unilaterais de vontade.

Obs.: Os atos unilaterais também são fontes de obrigações embora exista apenas uma manifestação da vontade.

● São eles:
- Promessa de recompensa;
- Gestão de negócios;

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CC, Art. 360. Dá-se a novação:
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;”
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CC, Art. 360. Dá-se a novação:
(...)
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este.”

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- Pagamento indevido

Princípio da vedação ao enriquecimento sem causa


Os atos unilaterais geram obrigações em razão do princípio da vedação ao enriquecimento sem causa/ilícito/indevido.

CC, Art. 884. “Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente
auferido, feita a atualização dos valores monetários.”

PROMESSA DE RECOMPENSA
● Conceito: a promessa de recompensa ocorre quando uma pessoa por meio de anúncios públicos promete gratificar
recompensar a outrem que cumpra uma determinada condição ou desempenhe um serviço.

Exemplo: gratificação fixada na esquina de uma casa, prometendo cinco mil reais a quem encontrar um cachorro de
estimação. Também tem direito de receber a gratificação a pessoa que encontra o animal e o entrega sem conhecer a
promessa .

CC, Art. 855. “Quem quer que, nos termos do artigo antecedente, fizer o serviço, ou satisfizer a condição, ainda que não
pelo interesse da promessa, poderá exigir a recompensa estipulada.”

- A revogação da promessa seria possível?


Não é possível a revogação de promessa já cumprida. Contudo, com o preenchimento concomitante dos requisitos abaixo
é possível que a revogação ocorra.

- Requisitos para que ocorra a revogação:


1. Que a promessa não tenha sido prestado o serviço ou preenchida a condição;

2. Que não tenha sido estipulada dentro de um prazo determinado;

3. Que a revogação seja feita pelo mesmo meio de publicidade que divulgou a promessa.
Obs.: Ao estipular um prazo para a promessa, tem-se a renúncia do direito de revogá-la.

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De acordo com o art. 856, p.ú., o candidato de boa-fé que teve despesas possui direito de reembolso em caso de
revogação da promessa.

CC, Art. 856. “Antes de prestado o serviço ou preenchida a condição, pode o promitente revogar a promessa, contanto
que o faça com a mesma publicidade; se houver assinado prazo à execução da tarefa, entender-se-á que renuncia o
arbítrio de retirar, durante ele, a oferta.
Parágrafo único. O candidato de boa-fé, que houver feito despesas, terá direito a reembolso.”

- E se o ato for desempenhado por várias pessoas?


1. Fará jus à recompensa aquele que primeiro tiver desempenhado;
2. Em caso de execução simultânea: a recompensa será dividida em partes iguais;
3. Se não for possível a divisão: sorteio.

Exemplo: se a recompensa for indivisível e duas pessoas realizarem a execução, será realizado sorteio e aquele que ganhar
passa a ser devedor de metade do valor do bem em relação ao outro.

CC, Art. 857. “Se o ato contemplado na promessa for praticado por mais de um indivíduo, terá direito à recompensa o
que primeiro o executou.”

CC, Art. 858. “Sendo simultânea a execução, a cada um tocará quinhão igual na recompensa; se esta não for divisível,
conferir-se-á por sorteio, e o que obtiver a coisa dará ao outro o valor de seu quinhão.”

GESTÃO DE NEGÓCIOS
● Conceito: é a administração oficiosa de interesses alheios.
Exemplo: pessoa que contrata um jardineiro para cuidar de um jardim ou que reforma uma casa que não é sua sem prévio
acordo com o dono; pagamento de uma conta do vizinho que está viajando.

● Partes:

O gestor deve agir de acordo com a vontade presumível do dono. Caso contrário, não terá direito ao ressarcimento e
responderá pelo que fez, inclusive pelos casos fortuitos.

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CC, Art. 861. “Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o
interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando responsável a este e às pessoas com que tratar.”

CC, Art. 862. “Se a gestão foi iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do interessado, responderá o gestor até
pelos casos fortuitos, não provando que teriam sobrevindo, ainda quando se houvesse abatido.”

CC, Art. 863. “No caso do artigo antecedente, se os prejuízos da gestão excederem o seu proveito, poderá o dono do
negócio exigir que o gestor restitua as coisas ao estado anterior, ou o indenize da diferença.”

Exemplo (art. 863): além de cuidar do jardim, o gestor constrói uma fonte.

● Havendo vários gestores: responsabilidade solidária (art. 867, p.ú., CC)

CC, Art. 867. “Se o gestor se fizer substituir por outrem, responderá pelas faltas do substituto, ainda que seja pessoa
idônea, sem prejuízo da ação que a ele, ou ao dono do negócio, contra ela possa caber.
Parágrafo único. Havendo mais de um gestor, solidária será a sua responsabilidade.”

- Com o retorno do dono do negócio: é possível que ele aprove ou desaprove a gestão.

- Em caso de aprovação: é devido o ressarcimento dos gastos pelas despesas realizadas pelo gestor, possuindo efeito “ex
tunc” por retroagir a data de início da gestão (equivale a um contrato de mandato) .

CC, Art. 873. “A ratificação pura e simples do dono do negócio retroage ao dia do começo da gestão, e produz todos os
efeitos do mandato.”

- Em caso de desaprovação: o dono poderá exigir indenização e a restituição ao estado anterior.

CC, Art. 874. “Se o dono do negócio, ou da coisa, desaprovar a gestão, considerando-a contrária aos seus interesses,
vigorará o disposto nos arts. 862 e 863, salvo o estabelecido nos arts. 869 e 870.”

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