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ROTEIRO – AULA

TEORIA DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES – ARRAS - parte 5 FINAL

1. ARRAS (sinal)

De acordo com Clóvis Beviláqua, é tudo que uma parte entrega a outra, como
antecipação do pagamento, garantia da solidez da obrigação contraída.

Trata-se de uma disposição convencional, pela qual uma das partes entrega
determinado bem a outra (em geral dinheiro), como garantia da obrigação pactuada.

Existem duas espécies: arras confirmatórias e arras penitenciais.

Previsão legal: Art. 417 e seguintes.

Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra,
a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de
execução, ser restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo
gênero da principal.

Existem duas espécies de arras:

1) Arras confirmatórias: As arras confirmatórias, popularmente denominadas de


sinal, marcam o início da execução do contrato, não garantindo direito de
arrependimento. O momento do sinal é o momento do início do pagamento, do início
da execução do contrato.

No caso das arras confirmatórias, que não conferem direito de arrependimento, em


caso de descumprimento do contrato o valor do sinal é perdido nos termos do art.
418. Se quem deu arras descumpre, perde o valor. Se quem descumpre é a outra
parte, deve devolver o sinal dado, e pagar mais o equivalente (é uma espécie de

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taxa mínima de indenização pelo descumprimento). Quem descumpre é considerado
inadimplente.

Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra
tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras,
poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução
mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado.

O que fazer se o prejuízo sofrido pela parte for superior ao valor do sinal? Pode
a parte pedir indenização suplementar, nos termos do art. 419.

Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar


maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte
inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as
arras como o mínimo da indenização.

Perceber a diferença para a cláusula penal compensatória: nesta, a indenização


suplementar só pode ser cobrada se assim pactuado e a parte não pode pedir a
cláusula penal compensatória mais a execução do contrato, deve escolher uma ou
outra, não tendo direito a perdas e danos, porque já há a pré-fixação da pena
convencional.

2) Arras penitenciais: As arras penitenciais, reguladas no art. 420, posto tenham


natureza indenizatória, garantem o direito de arrependimento. São hipóteses de
arras mais raras.

OBS: Embora o exercício do direito de arrependimento opere a perda das arras


penitenciais (como ocorre nas confirmatórias), a parte que se arrependeu não é

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considerada inadimplente. Vale acrescentar ainda que, pactuadas arras
penitenciais, não há direito à indenização suplementar.

Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para


qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória.
Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as
recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá
direito a indenização suplementar

1.1. Arras x Cláusula penal

A cláusula penal impede, salvo previsão contratual, o pagamento de indenização


suplementar em sede de perdas e danos. Já as arras somente impedirão tal
indenização na modalidade penitencial. Somente a cláusula penal pode sofrer redução
judicial quando excede o valor da prestação principal, ou tiver havido cumprimento
parcial da obrigação.

Dentre outras diferenças, a cláusula penal é sempre paga a posteriori, após a


ocorrência de inadimplemento. Já as arras, são sempre pagas antecipadamente e
podem garantir direito de arrependimento (se forem penitenciais).

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2. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA

A comissão de permanência é um valor cobrado pelas instituições financeiras no


caso de inadimplemento contratual enquanto o devedor não quitar sua obrigação. Em
outras palavras, é um encargo cobrado por dia de atraso no pagamento de débitos
junto a instituições financeiras. É cobrado após o vencimento e incide sobre os
dias de atraso.

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Fundamento: A comissão de permanência foi instituída por meio da Resolução n.°
15/1966, do Conselho Monetário Nacional. Atualmente, rege o tema a Resolução n.°
1.129/1986 do CMN.

STJ Súmula 472 A cobrança de comissão de permanência – cujo valor não pode
ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no
contrato – exclui a exigibilidade dos juros remuneratórios, moratórios e da
multa contratual.

Duas conclusões da súmula:

1) O valor cobrado de comissão de permanência não pode ultrapassar a soma dos


encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato.

2) A comissão de permanência exclui a exigibilidade dos juros remuneratórios,


moratórios e da multa contratual.

Portanto, ou se cobra a comissão de permanência, ou se cobra os demais encargos


previstos no contrato.

Encargos inacumuláveis:

A comissão de permanência não pode ser cumulada com:

1) Juros remuneratórios;

2) Correção monetária;

3) Juros moratórios;

4) Ou multa moratória (cláusula penal moratória?).

Em suma, não pode cumular com nada.


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Veja as outras súmulas do STJ que tratam sobre o tema:

Súmula 30-STJ: A comissão de permanência e a correção monetária são


inacumuláveis.

Súmula 294-STJ: Não é potestativa a cláusula contratual que prevê a comissão


de permanência, calculada pela taxa média de mercado apurada pelo Banco
Central do Brasil, limitada à taxa do contrato.

Súmula 296-STJ: Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a comissão de


permanência, são devidos no período de inadimplência, à taxa média de mercado
estipulada pelo Banco Central do Brasil, limitada ao percentual contratado.

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